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INSTITUTO DE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO FÍSICA E DESPORTOS
Seropédica
2021
INTRODUÇÃO
Diante dessa perspectiva, surge a problemática deste estudo: como as questões das
relações étnico-raciais podem ser abordadas nas aulas de Educação Física?
Este trabalho tem como objetivo analisar e compreender como o conteúdo das relações
étnico raciais vêm sendo trabalhado pedagogicamente, no âmbito da educação física
escolar, sob vista da lei 10.639/03, através dos artigos publicados no CONBRACE nos
anos de 2015, 2017 e 2019.
METODOLOGIA
Para este estudo, utilizamos como método a revisão bibliográfica narrativa, uma
vez que a revisão narrativa tem a preocupação primária de fornecer "sínteses narrativas",
que permitem compilar conteúdos de diferentes obras, apresentando-as para o leitor de
forma compreensiva (RIBEIRO, 2014).
Assim, foi analisada a produção teórica presente nos anais dos congressos
Conbrace dos anos de 2015, 2017 e 2019 como base para a revisão bibliográfica, sendo
que o critério de inclusão se deu a partir de artigos que tiveram como foco a temática a
ser estudada, ou seja, relação com o tema relações étnico-raciais na Educação Física
escolar. Artigos em que a educação física escolar era discutida, porém relacionada a
outros temas e que não abordavam as relações étnico-raciais foram excluídos.
Com isso, 11 artigos foram selecionados através dos anais do Conbrace, sendo 2
artigos do Conbrace XIX - VI Conice (2015) e 2 artigos do Conbrace XXI - VIII Conice
(2019), e, seguindo os critérios de inclusão e exclusão, foi descartado apenas 1 artigo que
apresentava ênfase na temática de gênero, além da abordada.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Bins e Neto (2015), trazem um artigo no qual faz parte de uma dissertação de
mestrado, retratando uma experiência de quase quinze anos como docente em escolas
públicas, onde foi contatado que o dispositivo escolar inviabiliza a reflexão sobre as
questões étnico-raciais onde seus alunos negros estão envolvidos. Onde o mesmo afirma
que estudar as relações étnico-raciais na escola é algo complexo, pois a escola refle e
contribui com a estrutura racista e discriminatória da sociedade.
Ainda no artigo de Bins e Neto (2015), traz o relato do professor Baobá, que tem
como a intenção pedagógica ensinar a filosofia aos alunos, desde a forma que os alunos
saem da sala de aula. Os alunos, por exemplo, não fazem filas separados por gênero, como
é comum entre as escolas, eles saem em grupos misturados. E quando é preciso fazer uma
fileira, essa fileira não é dividida por gênero.
Em uma aula do professor Baobá pode-se notar, através das atividades de “pique
pega” feitas, que alguns alunos corriam para salvar os colegas de classe, já outros
pensavam bastante antes de descolar algum, até mesmo selecionava aqueles que iram
descolar. Por final, havia uma atividade que para descolar os alunos deveriam beijar a
bochecha do colega de classe, nessa hora, as crianças não pararam de brincar, entretanto,
quase ninguém salvou alguém.
Por fim, pode-se observar que a escola introduziu a relação étnico-racial não
porque seja obrigatória, mas porque o professor passa um valor muito importante para
seus alunos.
Silva e Viana (2019), apresentam um artigo com um projeto, que ainda está em
andamento, que tem como objetivo contribuir para as análises e reflexões das ações da
política educacional no Estado do Maranhão, quanto à aplicação da Lei nº10. 639/03.
Este projeto vem sendo desenvolvido e aplicado por meio da interação com
pesquisadores/extensionistas (alunos de graduação e professores) através de jogos, danças
e lutas, originados da cultura africana que contribuíram para a formação da cultura
brasileira. Esse grupo é constituído por alunos e professores da UEB Mário Andreazza,
em São Luiz do Maranhão.
Reis (2019), através de seu artigo, trouxe um levantamento bibliográfico feito com
vinte e dois trabalhos, que apontaram para uma necessidade de ampliação e produção de
trabalhos nas escolas com a tematização e problematização de práticas corporais de
matrizes afro-brasileiras nas aulas.
Para Bins (2014 e 2015) e Bins e Molina Neto (2017), o foco estabelecido foram às aulas
de Educação Física, com o objetivo de identificar e compreender como os professores
abordam as questões das relações étnico-raciais em suas aulas.
Moreira (2008), desenvolveu sua pesquisa balizando-se em pilares como a questão étnico-
racial, a ancestralidade e a cultura, sobretudo presente em documentos oficiais e formas
de aplicabilidade de leis instituídas em vários Estados brasileiros, como o objetivo de
propiciar outras discussões e novos horizontes.
Pereira, Gonçalves Junior e Silva (2009) fizeram uma coleta de informações por meio de
registros de um diário de campo, com objetivo de levantar jogos, danças e contos de
origem afro-brasileira, afim de introduzi-los em suas intervenções.
Para finalizar, em seu último tópico, Reis destaca artigos que trazem questões
como preconceito racial, bullying e sexualidade.
Batista (2013) analisou o bullying. Para isso, ouviu estudantes, buscando saber sobre as
suas experiências e vivências no cotidiano escolar, definindo o bullying também como
uma questão racial
Lins Rodrigues (2013) pode identificar onde ocorrem as separações dos estudantes, ao
analisar as diferenças produzidas a partir de cor da pele, cabelo, forma e estatura do corpo,
entre outras características físicas ou intelectuais nos anos iniciais do ensino fundamental.
Corsino e Auad (2014) observaram que nas salas de aula e em outras situações escolares,
nas escolas onde realizaram as pesquisas, que as diferenças são inerentemente
estratificadas, relacionadas aos conflitos raciais e à forma como professores e professores
tratam alunos de forma desigual.
Reis finaliza seu levantamento a mostrando que, dos vinte e dois estudos
analisados, apenas em quatro deles os abordaram diretamente os estudantes, onde os
professores tiveram muito mais espaço e abertura para falarem.
Proposta Pedagógica
Dança
Com isso, optaram pela proposta de utilizar a dança afro-brasileira como uma
ferramenta para aproximação do alunado com a cultura negra. Dessa forma, de acordo
com o que propõe a sua inserção, a dança no âmbito pedagógico pode contribuir para o
processo de desenvolvimento emocional e na estruturação da identidade individual do
aluno, promovendo assim a sua formação singular no intuito de que o aluno possa
construir de forma crítica, suas capacidades e maneiras próprias de ser, pensar e agir.
(RIOS et. al, 2015)
Lima, Silva e Brasileiro (2017) conclui que, partir de seu estudo, percebe-se que
a Educação Física pode contribuir com o trato das relações étnico-raciais na escola. Sendo
assim, há a necessidade de estabelecer aproximações com a referida lei. Compreendendo
as danças afro-brasileiras como um conteúdo que pode vir a ser problematizado
criticamente, considerando a importância do povo africano na constituição da identidade
brasileira, apontando para a necessidade de estudarmos essa temática dentro da escola, e
mais especificamente nas aulas de Educação Física.
Lima, Silva e Brasileiro (2017), analisaram como a capoeira se destaca na
produção de conhecimento sobre os conteúdos de matriz afro-brasileira na área de
Educação Física Escolar.
Nesse estudo não teve como a finalidade de dissertar sobre planos de aula e
abordagens a serem seguidas. O objetivo dele foi trazer alguns elementos que possm
nortear cada professor/professora, com suas particularidades, e que consigam estruturar
suas aulas a partir das diversas abordagens, como dimensão histórica, social, econômica,
religiosa e cultural.
Em suma, entende-se que a educação física escolar leva a capoeira como principal
patrimônio da cultura afro-brasileira da escola. O que entra em conflito com a falta de
outro conteúdo (como dança, jogos, etc.). Apesar disso, não diminuiu a riqueza da
Capoeira, mas a realidade nos convida a sair de uma possível zona de conforto. Mesmo
em áreas não amparadas pela Lei nº 10.639, existem relações raça-raça na educação física
escolar. Não apenas aponta para a educação antiracista, mas também aponta para a visão
histórica de uma sociedade igualitária.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Nesta pesquisa não podemos deixar de pontuar que, apesar de ser um tema muito
pertinente dentro da educação física, ainda encontramos poucos estudos a respeito das
relações étnico-raciais, principalmente em um lugar de suma importância como o
CONBRACE.
Podemos identificar que a educação física tem uma ampla forma de abordar e
inserir o tema no dia-a-dia escolar e ainda assim é pouco trabalhado, deixando para que
outras disciplinas abordem em suas aulas.
REFERÊNCIAS
RIOS, Vandélma Silva Oliveira; Ramos MICHAEL, Daian Pacheco; DA SILVA Geisa
Alves. DANÇA AFRO-BRASILEIRA NAS OFICINAS DO ENSINO MÉDIO
INOVADOR: PRIMEIRAS VIVÊNCIAS. CONBRACE XIX- VI Conice, 2015.
LIMA Isabela Talita Gonçalves; SILVA, Samara Rúbia; BRASILEIRO, Lívia Tenorio.
AS DANÇAS AFRO-BRASILEIRAS EM PROPOSTAS CURRICULARES DA
REDE ESTADUAL DE PERNAMBUCO. CONBRACE XIX- VII Conice, 2017
DA SILVA Élen Laura Figueirôa André; LIMA Isabela Talita Gonçalves; BRASILEIRO
Lívia Tenorio. OS CONTEÚDOS AFRO-BRASILEIROS NA EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR: ANALISANDO ARTIGOS CÍENTIFICOS. CONBRACE XIX- VII
Conice, 2017
DA SILVA Élen Laura Figueirôa André; LIMA Isabela Talita Gonçalves; BRASILEIRO
Lívia Tenorio. CONTEÚDOS AFRO-BRASILEIROS E A EDUCAÇÃO FÍSICA
ESCOLAR: ESTUDOS SOBRE A CAPOEIRA. CONBRACE XIX- VII Conice,
2017.