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IDEIAS

PEDAGÓGICAS
PARA O ENSINO
DO BOXE

TAINÃ GRAEFF CAMPOLI


2021
PRÓLOGO

Em 2009 quando cheguei a Cuba, precisamente no dia 23 de setembro, com


apenas 20 (vinte) anos de idade comecei minha jornada acadêmica como estudante
de Educação Física pela: “Escuela Internacional de Educacíon Física y Deporte” onde
me formei em Licenciatura e Bacharelado em Educação Física, além de me
especializar em Boxe Olímpico em agosto de 2016.

Por haver praticado por 4 (quatro) anos Kick Boxing (dos 16 (dezesseis) aos 20
(vinte) anos), optei por me especializar em Boxe Olímpico já que era obrigatório
escolher um esporte.

Nunca me considerei um atleta de boxe pois nunca participei de uma


competição oficial, porém, SIM, posso dizer sem sombra de dúvidas que fui um bom
estudante. Sempre perguntando, sempre duvidando, sempre polêmico, participativo,
nunca colei, nunca passei cola e me dediquei muito as matérias que me serviriam
futuramente.

Nestes 7 (sete) longos anos de muitas amizades, estudos e convivência com


muitas pessoas de mais de 90 (noventa) países, seria impossível fazer, mesmo que
um breve agradecimento da minha passagem acadêmica em Cuba, sem agradecer a
2 (duas) pessoas que foram essenciais não só em minha formação acadêmica, mas
também para o ser humano que me ensinaram a ser.

Primeiro ao meu professor de biomecânica, o Master em Ciência Luis LeIva,


uma pessoa de um carácter inquebrável, de moral e ética profissional exemplar, que
muito mais que biomecânica me ensinou muito sobre a vida. Lembro de suas
brilhantes histórias sobre seu pai e seu avô, que contava sempre relacionando com
os temas de biomecânica, as quais serviram de exemplo para ser o profissional que
sou hoje.

Segundo ao meu eterno professor de boxe, Dr Michel Alvarez, uma pessoa,


com toda certeza, singular no meio desse caos que chamamos de mundo. Ele me
ensinou a estudar, a gostar de estudar, a entender a ciência do
boxe, a gostar da ciência do boxe. Um professor com uma didática excelente, uma
pedagogia de dar inveja. Me lembro que mesmo quando eu e meus colegas não
estávamos muito interessados em um determinado tema, ele nos convencia da
importância deste e, sem nem perceber, já estávamos fissurados em saber cada vez
mais. Um exemplo total de profissional a ser seguido, um verdadeiro “homem novo”.

Quero poder um dia render olhares como os que tenho hoje por eles e me
dedico a cada dia mais para possuir as qualidades profissionais e pessoais que admiro
em profissionais como eles.

Minhas mais sinceras GRACIAS!

O objetivo principal deste folheto e dos próximos é inovar e revolucionar os


meios de ensino e capacitação para auxiliar na formação de novos treinadores de
boxe no Brasil.
MENSAGEM DO AUTOR

Antes de começar com o conteúdo deste folheto, é necessário enfatizar sobre


a importância de ser um humano íntegro e diferente. É sabido por todos os problemas
que o boxe brasileiro enfrenta, não só pela falta de organização, investimento na base,
falta de metodólogos e cientistas brasileiros que se dedicam a uma evolução do boxe
no Brasil em grande escala, mas também pela corrupção que já existiu, e que talvez
ainda exista, ou possa existir.

Sempre foi um sonho para este que vos escreve ser um professor. E o papel
fundamental de um bom professor é de construir uma formação para que os alunos,
no futuro, possam superar seus formadores e para que seus alunos tenham
autonomia para seguir evoluindo em suas carreiras.

É possível sim, através do boxe e de um bom exemplo com atletas, treinadores


e seres humanos íntegros, com moral e ética inquebráveis, ajudar na formação não
somente de boxeadores, mas também de seres humanos que possam transformar e
influenciar outras pessoas para uma sociedade mais justa.

A mudança tem que começar internamente. Não é ético querer qualquer coisa
dentro do cenário do boxe nacional e não ter uma postura sempre íntegra mediante
qualquer situação. Todos precisam ser exemplos de solução e não exemplo de
problemas.
SUMÁRIO

1 PROTAGONISMO ............................................................................................................................... 6
2 PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS NA SESSÃO DE TREINAMENTO .................................................... 7
2.1 PRINCÍPIO DA CONSCIÊNCIA DA ATIVIDADE (GLOBAL E FRAGMENTADO) ........................ 7
2.1.1 Global .................................................................................................................................... 7
2.1.2 Fragmentado ......................................................................................................................... 8
2.2 PRINCÍPIO DA ATIVIDADE SENSO PERCEPTUAL .................................................................... 8
2.2.1 Audição .................................................................................................................................. 8
2.2.2 Visão ...................................................................................................................................... 8
2.2.3 Tato ........................................................................................................................................ 9
2.3 PRINCÍPIO DA ACESSIBILIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO .......................................................... 9
2.3.1 Acessibilidade ........................................................................................................................ 9
2.3.2 Individualização ..................................................................................................................... 9
2.4 PRINCÍPIO DA SISTEMATIZAÇÃO ............................................................................................ 10
2.5 PRINCÍPIO DO AUMENTO DINÂMICO E GRADUAL DAS EXIGÊNCIAS ................................. 10
2.6 PRINCÍPIO DA DOSIFICAÇÃO ADEQUADA ............................................................................. 11
3 PROGRAMA DE ENSINO ................................................................................................................. 11
4 EFEITO BOLA DE NEVE .................................................................................................................. 12
5 CORREÇÃO DE ERROS ................................................................................................................... 13
5.1 CHAMAR PELO NOME ............................................................................................................... 13
5.2 ENTENDIMENTO DO ERRO ...................................................................................................... 14
5.3 EXPLIQUE E DEMONSTRE ....................................................................................................... 14
5.4 MOTIVAÇÃO ............................................................................................................................... 15
6 APLICAÇÃO DE JOGOS .................................................................................................................. 16
BIBLIOGRAFIA ............................................................................................................................................18
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1 PROTAGONISMO

Existem muitos estudos sobre doutrinas e escolas pedagógicas, porém hoje já


está mais do que comprovado que para um ensino mais significativo é importante dar
protagonismo ao aluno e criar maiores condições de participação do mesmo no
processo de ensino e aprendizagem.

Isso pode ser feito através de perguntas, atividades onde o professor dá tarefas
de liderança aos alunos, feedback no fim das sessões de treinamento, entre outras
atividades em que o aluno tenha maior protagonismo e independência durante este
processo.

O professor será sempre a fonte maior de conhecimento e ele é quem irá


conduzir seus alunos, porém é importante criar um ambiente onde os alunos e atletas
se sintam cômodos sempre em perguntar e discordar.

Por isso é tão importante o professor estar sempre buscando se atualizar e se


capacitar, pois ele é quem deve convencer o aluno quando surgirem dúvidas ou
discordâncias.

A imposição do famoso “é assim porque eu sou o professor e eu estou


mandando”, cria o aluno “vou dizer que sim porque ele está mandando”.

Na preparação do atleta é muito importante que ele esteja convicto e crente


sobre o que ele está aprendendo. Isso cria confiança no processo de ensino e
aprendizagem, além de enraizar profundamente esse ensino. Esta independência
guiada pelo professor é a chave do ensino e aprendizagem significativos.

A pedagogia aplicada nas aulas de boxe deve ter sentido. O foco deve estar
em produzir bons atletas com menos tempo. Ou seja, aplicar melhores condições para
que o processo de ensino e aprendizagem tenha melhor resultado economizando
tempo e de forma mais significativa, por isso aplicar uma pedagogia que permita ao
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professor guiar o caminho sem cortar o protagonismo do aluno é fundamental para tal
logro.

2 PRINCÍPIOS PEDAGÓGICOS NA SESSÃO DE TREINAMENTO

Devido aos avanços em diversas esferas sobre a educação física aplicada ao


esporte, como por exemplo na psicologia e pedagogia, foram desenvolvidas
metodologias para um processo de ensino e aprendizagem mais significativos. Graças
a estes avanços foram criados alguns princípios metodológicos e pedagógicos para o
cumprimento dos mesmos.

Estes são:

2.1 PRINCÍPIO DA CONSCIÊNCIA DA ATIVIDADE (GLOBAL E FRAGMENTADO)

Quando falamos em ensino estamos falando em educação. Portanto, quanto


maior consciência criamos no aluno sobre a técnica na qual vamos ensinar, mais
experiências lhes estamos brindando. Dessa forma, devido a visualização mental que
ele cria, mais fácil ele aprenderá uma técnica da forma correta. Por isso é fundamental
explicar o máximo possível, e repetir constantemente tudo sobre determinada técnica,
quando vamos ensiná-la.

2.1.1 Global

Para contribuir a esse nível de consciência é necessário demonstrar a técnica


de forma global, ou seja, seu movimento completo de 4 (quatro) ângulos diferentes.

Exemplo: No momento que o treinador ensina ao aluno


como usar o Reto da Mão Adiantada Na Cara com os Passos
Planos, além de demonstrar o movimento completo de frente,
ele terá que demonstrar se posicionando de frente para direita,
de frente para a esquerda e de frente para trás, tendo como
ponto de referência os alunos. Isso permitirá uma maior
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consciência do movimento no plano mental do aluno, graças a


visualização do mesmo em diferentes ângulos.

2.1.2 Fragmentado

Como é algo muito difícil para iniciantes estarem colocando todos os


segmentos corporais exigidos no momento de realizar os movimentos de determinada
técnica do boxe, principalmente em conjunto. É necessário fragmentar esse
movimento em fases.

Exemplo: No mesmo exemplo anterior, ao invés dos


alunos simplesmente começarem a realizar o movimento do
Reto da Mão Adiantada Na Cara com Passos Planos completo,
o treinador o fragmentará em duas ou mais fases. Quanto mais
fases, mais simples será de realiza-lo. Então isto sempre estará
como uma consequência do nível de dificuldade dos alunos em
aprender.

2.2 PRINCÍPIO DA ATIVIDADE SENSO PERCEPTUAL

Como o próprio nome já aponta, para contribuir a uma aprendizagem


significativa de uma técnica determinada é necessário explorar os sentidos da
audição, da visão e do tato.

2.2.1 Audição

Todas as explicações necessárias para contribuir a uma melhor aprendizagem.

2.2.2 Visão

Todas as demonstrações necessárias para contribuir a uma melhor


aprendizagem.
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Neste caso é muito importante o professor saber organizar seus alunos dentro
do espaço de treino para que seja mais fácil a visualização tanto do professor para
com seus alunos, como dos alunos para com seu professor. Por isso é necessário
conhecer sobre formas organizativas e saber se localizar durante as aulas para
demonstração dos movimentos, logrando assim que todos os alunos consigam ter um
bom campo de visão.

2.2.3 Tato

Toda sensibilidade do sentir as posições e toques do aluno com os pés no chão


e mesmo do seu próprio corpo, para contribuir a uma melhor aprendizagem.

Exemplo: Ao ensinar a parada de combate em Longa


Distância, explicar tudo sobre a parada de combate, demonstra-
la de forma global, e fazer o aluno sentir o apoio do metatarso
no chão, a mão atrasada entre o queixo e a orelha, etc...

2.3 PRINCÍPIO DA ACESSIBILIDADE E INDIVIDUALIZAÇÃO

Quando vamos trabalhar com um grupo devemos entender o ser humano como
um ser psicologicamente único, irrepetível e individual, porém com muitos aspectos
em comum. Por isso é necessário tarefas individuais, coletivas e acessíveis.

2.3.1 Acessibilidade

Observar e interpretar o nível de aprendizagem, as individualidades, as


habilidades motoras dos alunos para aplicar exercícios, criar formas e condições para
que o ensino não seja nem muito difícil, nem muito fácil e sim adequado para todos.

2.3.2 Individualização

Apesar de trabalhar com um grupo, mesmo treinando juntos muitas vezes com
a mesma idade, mesmo tempo de treino, entre outras coisas em comum, alguns
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alunos desenvolvem mais do que outros, ou tem potencialidades diferentes dos


demais, portanto é necessário para contribuir a uma melhor aprendizagem e
desenvolvimento, criar tarefas individuais tanto para os mais avançados, como para
os mais atrasados.

2.4 PRINCÍPIO DA SISTEMATIZAÇÃO

Como o nome já diz ser sistemático. Trabalhar a longo prazo sistematizando as


técnicas ensinadas, dando continuidade e repetindo-as. De nada adianta ensinar hoje
e não voltar a ensinar amanhã e depois. Para se adquirir um hábito motor é necessário
repetir muitas vezes ao longo do treinamento, por isso esse princípio é fundamental.

A EB será sempre o guia para todos os formatos de ensino e aperfeiçoamento


técnico. Conforme o treinador vai ensinando e incorporando novos elementos técnicos
para os iniciantes na EB, assim deverá ser feito também com a ECD, ECL e Sombra.

É importante destacar que de preferência nenhum elemento técnico deve ser


deixado de lado por muito tempo, por isso é necessário ser sistemático e estar em
trabalho constante dos mesmos.

2.5 PRINCÍPIO DO AUMENTO DINÂMICO E GRADUAL DAS EXIGÊNCIAS

Para se ter uma boa evolução no ensino da técnica e na sua aprendizagem é


necessário criar condições e exercícios diferenciados. Além disso é importante ir
aumentando a dificuldade dos exercícios e condições com o tempo, para garantir uma
evolução constante.

Outro ponto sobre este princípio pedagógico é o de sempre partir do mais


simples ao mais complexo. Para ensinar com significado é necessário começar com
os movimentos e tarefas mais fáceis de serem executadas. Além disso é fundamental
o controle da intensidade na hora de estar executando estes movimentos, pois em
fase de aprendizagem, quanto mais força e velocidade, menor controle da técnica os
alunos terão, logo deve-se fazer em um ritmo de movimento cômodo e moderado.
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2.6 PRINCÍPIO DA DOSIFICAÇÃO ADEQUADA

Dedicar o tempo necessário ao ensino e aperfeiçoamento técnico é


fundamental para ter bons resultados, no caso específico da técnica de boxe para
cada sessão de treinamento é necessário dedicar em média um mínimo de 40%
(quarenta por cento) do tempo total da sessão. Além disso as vezes pode ser
necessário repetir o ensino de algum elemento técnico por mais de uma sessão de
treinamento. Então cada treinador deverá usar o bom senso, e de preferência guias
de observações, para dosificar os exercícios e o tempo de acordo a demanda do
grupo, ou do aluno.

3 PROGRAMA DE ENSINO

Para construir a preparação técnica em um atleta, é necessário um trabalho


longo, árduo e persistente, pois cada aluno sempre precisará de muitas sessões de
treinamento, para que o treinador consiga ver um melhor polimento da técnica.

Para que todo esse processo de ensino e aperfeiçoamento técnico se dê de


forma organizada é necessário um programa de ensino.

O Programa de Ensino é o plano dentro do calendário que os treinadores


devem fazer para saber quando, o que, e por quanto tempo irá ensinar cada elemento
técnico dentro de um espaço de tempo, ou seja, é toda a planificação ordenada do
ponto de vista pedagógico e metodológico.

Por isso é possível afirmar que o programa de ensino otimiza o tempo e todo o
processo de construção da preparação técnica no boxe.

Para exemplificar o que é e como criar um programa de ensino, imagine que o


treinador determina que durante os 6 primeiros meses de treinamento, os alunos terão
6 (seis) aulas por semana (de segunda a sábado), e nesses 6 (seis) meses irão
aprender os elementos técnicos mais utilizados por boxeadores de longa distância.
Então o treinador deverá ir no calendário e calcular quantas semanas terão
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exatamente dentro desses 6 (seis) meses. Digamos que por exemplo sejam 25 (vinte
e cinco) semanas. Se cada semana tem 6 (seis) sessões de treinamento,
multiplicando 25 (vinte e cinco) x 6 (seis), teremos um total 150 (cento e cinquenta)
sessões de treinamento.

Conhecendo o número exato de sessões, com o bom senso e experiência do


treinador, ele irá determinar dentro dessas 150 (cento e cinquenta) sessões, quantas
sessões ele irá utilizar para o ensino e aperfeiçoamento técnico de cada elemento
técnico, ou seja, digamos que ele assuma

Exemplo: Das 150 (cento e cinquenta) sessões as 2


(duas) primeiras serão com o objetivo de ensinar e aperfeiçoar o
elemento técnico “Parada de Combate em Longa Distância”.
Então o treinador já sabe que sobram 148 (cento e quarenta e
oito) pra ensinar todo o resto que ele quer ensinar, dentro do
tempo de 6 (seis) meses. Assim deve ser sucessivamente para
todos os outros elementos técnicos, até fechar as 150 (cento e
cinquenta) sessões.

Pode parecer trabalhoso, mas na realidade é muito simples e faz com que o
treinador tenha um melhor controle de tudo que está sendo ensinado e aperfeiçoado
na preparação técnica dos boxeadores e alunos.

4 EFEITO BOLA DE NEVE

Além do Programa de Ensino, existe algo muito importante para cumprir melhor
com o objetivo de construir a preparação técnica, e otimizar o processo de ensino e
aperfeiçoamento técnico no boxe, que este que vos escreve gosta de chamar de
“Efeito Bola de Neve”. Ora pois, se um dos princípios básicos para se desenvolver
qualquer componente da preparação completa de um atleta é a sistematicidade, então
é fundamental, que o atleta ou aluno esteja sempre retocando o que já foi ensinado.
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Utilizando o mesmo exemplo anterior do programa de ensino, digamos que o


treinador dedicou 2 (duas) primeiras sessões, das 150 (cento e cinquenta) no total,
para ensinar e aperfeiçoar o elemento técnico “Parada de Combate em Longa
Distância”. Na terceira sessão imagine que o treinador, terá como objetivo principal
ensinar e aperfeiçoar o elemento técnico “Passos Planos”. Apesar do objetivo ser
outro, ele continuará aplicando, cobrando e corrigindo os elementos técnicos
anteriormente ensinados, pois o polimento não se dá em apenas 2 (duas) sessões.

Seguindo a lógica do exemplo dado acima, é possível entender que esse efeito
é como uma bola de neve, pois à medida que as sessões vão avançando com o
tempo, novos elementos técnicos vão sendo ensinados, mas ao mesmo tempo todos
aqueles que o treinador já ensinou continuarão sendo exercitados, repetidos,
aplicados, cobrados e corrigidos, aumentando o número de elementos técnicos ao
longo das sessões, como se fosse uma bola de neve. Justamente para cumprir com
o princípio da sistematicidade de forma ordenada e pedagógica (do mais simples ao
mais complexo).

É muito importante enfatizar e entender que todo boxeador deve treinar técnica
sempre enquanto for atleta, como foi dito anteriormente na “Apostila CiênciaDOBoxe
Módulo 1”.

5 CORREÇÃO DE ERROS

Tendo em vista que é impossível construir uma preparação técnica em um


aluno sem corrigir os erros, é muito importante que todo professor saiba qual a melhor
forma de corrigir os alunos. Para isso existem 4 (quatro) princípios que devem ser
respeitados, estes são:

5.1 CHAMAR PELO NOME

Pode até parecer bobo, mas devemos nos dirigir aos alunos pelo seu nome. O
ideal é sempre independente de quantos alunos o professor tiver, chama-los sempre
pelos seus respectivos nomes.
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Exemplo: O professor está ensinando um elemento


técnico a seus 10 (dez) alunos, porém somente 1 (um) está
cometendo um erro. De nada adianta o professor se dirigir ao
grupo inteiro, pois na grande maioria das vezes o aluno não sabe
que está cometendo o erro, logo se o professor se dirige ao
grupo de forma geral, os alunos estarão se perguntando: “Será
que sou eu”?

Então o primeiro passo pra corrigir qualquer aluno ou atleta é fazer com que
ele saiba que o professor está se referindo a ele. Como?

R: Sempre chame sua atenção através de algo que o define entre os demais,
ou seja, seu nome.

5.2 ENTENDIMENTO DO ERRO

Na grande maioria das vezes o aluno não sabe que está errando. Por isso é
fundamental o professor descrever o erro e de qual elemento técnico esse erro
pertence.

Exemplo: “Fulano, ao desferir o Reto da Mão Atrasada


na Cara você está abrindo o cotovelo.”
“Fulano, ao se deslocar com o Passo Plano pra Frente
você está andando mais com a perna de trás do que com a da
frente.”

5.3 EXPLIQUE E DEMONSTRE

Se o aluno está errando, isso significa que ele está em uma fase de iniciação
da aprendizagem, ou ele realmente aprendeu errado, como foi citado na “Apostila
CiênciaDoBoxe Módulo 1” sobre Os Níveis e As Fases da Técnica. Então após chamar
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o aluno pelo nome, descrever qual o erro e de qual elemento técnico é, o professor
deve explicar o correto e demonstrar o correto.

Exemplo: “Fulano, ao desferir o Reto da Mão Atrasada


na Cara você está abrindo o cotovelo. Não há abdução do braço
nos golpes retos, pois isso aumenta o recorrido do golpe fazendo
com que demore mais até atingir o adversário”.

Em seguida, então, o professor faz a demonstração correta em diferentes


ângulos como também foi citado anteriormente nos princípios pedagógicos:
Consciência da Atividade e Atividade Senso Perceptual.

5.4 MOTIVAÇÃO

É a alma de uma sessão de treinamento, ajuda os alunos a aliviarem o estresse,


principalmente se for no alto rendimento. Faz com que os alunos ganhem mais
confiança. Faz com que o aluno tenha um maior sentimento de pertencimento para
com o grupo e ajuda a vencer maiores desafios tanto a curto prazo com a longo prazo.
Ou seja, um prato cheio para auxiliar na parte psicológica no dia a dia dos alunos e/ou
atletas.

A melhor forma de chamar a atenção de um aluno para corrigir erros e ao


mesmo tempo motiva-lo é saber usar as palavras certas.

Exemplo: “Fulano, seu Reto da Mão Adiantada na Cara


está muito bom, mas dá pra melhorar ainda mais, nisso...
nisso... e nisso)
“Fulano, você está errando aqui... ao fazer isso... mas
está melhorando, parabéns!”

Frases como “falta pouco, você vai conseguir”, “está quase, já, já sai” , “está
melhorando”, “você vai chegar lá, dá pra melhorar”, entre outras, são a chave pra
manter o aluno no foco mesmo tendo que chamar a tenção dele constantemente.
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Utilizando um exemplo de forma estrutural utilizando os 4 princípios pra corrigir


os alunos ficaria.

Exemplo: “Fulano, ao desferir o Reto da Mão Atrasada


na Cara você está abrindo o cotovelo. Não há abdução do braço
nos golpes retos, pois isso aumenta o recorrido do golpe fazendo
com que demore mais até atingir o adversário, mas falta pouco,
já, já sai, você está de parabéns.
Olha como deve ser” - (demonstração).

NUNCA DEMONSTRE O ERRO!!!

O ser humano é completamente diferente, algumas pessoas tem mais


condições de estar absorvendo e aprendendo mais através da audição, outras através
da visão, porém estudos mostram que principalmente em crianças a visão tem maior
relevância na aprendizagem. Então na hora de fazer a demonstração, demonstre
sempre o correto, pois a representação visual ficará na mente do aluno principalmente
através do que ele viu.

6 APLICAÇÃO DE JOGOS

Algo que deve estar presente sempre nas sessões de treinamento são meios
para aliviar o stress sem precisar perder totalmente o foco na construção do atleta.
Um excelente meio pra isso são os jogos. Existem inúmeros tipos de jogos, em duplas,
em grupo, competitivos, cooperativos, etc.

Os jogos também ajudam a tornar a sessão de treinamento mais divertida. Uma


forma de ter muitos alunos nas suas aulas é incorporando-os.

É importante estabelecer sempre bem as regras, principalmente para evitar


acidentes, pois quando terá um vencedor entre equipes, ou mesmo em dupla, um
tentará vencer o outro com muito ímpeto e iniciativa.
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Jogos em equipes também são ótimos para o entrosamento do grupo e


consolidação da equipe.

A consolidação e união da equipe é fundamental pra a preparação psicológica


e auto estima dos atletas. O sentimento de pertencimento também é importante para
a motivação, além de ser desafiador, contribuindo para o desenvolvimento de
qualidades volitivas nos alunos.

Jogos são atividades motivadoras e divertidas por natureza. É obrigação do


treinador saber incluí-los dentro do planejamento das aulas.

Toda e qualquer dúvida sobre qualquer conteúdo desta apostila entre em


contato:
Instagram: @tainangraef
Email: boxenmt@hotmail.com
Whats app: 54 996605364

Muito obrigado pela confiança e sigam estudando. Tmj!


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BIBLIOGRAFIA

MOSSTON M. Y Ashworth S.(1993) La enseñanza de la educación física. La


reforma de Los estilos de enseñanza. Editorial Hispano Europea, Barcelona.
España.

Colectivo de autores INDER MINED. Programas y orientaciones


metodológicas de Educación Física Secundaria básica. Dirección nacional de
Educación Física. Editorial Deportes. La Habana. Cuba. 2001.

Delgado, M.A. (1992). Los estilos de enseñanza en la educación física. Granada:


ICE.

Sánchez Bañuelos, F. (1992). Bases para una didáctica de la Educación Física y


el deporte. Madrid: Gymnos.

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