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FÍSICA ESCOLAR
Caro(a) aluno(a),
Dispensem tempo específico para a leitura deste material, produzido com muita
dedicação pelos Doutores, Mestres e Especialistas que compõem a equipe docente
da Faculdade Anísio Teixeira (FAT).
Leia com atenção os conteúdos aqui abordados, pois eles nortearão o princípio de
suas ideias, que se iniciam com um intenso processo de reflexão, análise e síntese
dos saberes.
Atenciosamente,
Setor Pedagógico
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ............................................................................................................................. 4
UNIDADE I - QUESTÕES FUNDAMENTAIS À COMPREENSÃO DA .............................. 5
UNIDADE II – HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO FÍSICA À ......................................................... 9
EDUCAÇÃO FÍSICA ESCOLAR BRASILEIRA ..................................................................... 9
UNIDADE III – CONCEPÇÕES DIDÁTICO-PEDAGÓGICAS DA .................................... 12
EDUCAÇÃO FÍSICA BRASILEIRA ........................................................................................ 12
1. PSICOMOTRICIDADE ........................................................................................................12
2. ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA .......................................................................13
3. ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA-INTERACIONISTA ................................................14
4. ABORDAGEM CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA ..................................................................15
5. SAÚDE RENOVADA ...........................................................................................................17
6. ABORDAGEM CRÍTICO-SUPERADORA .........................................................................19
7. PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS (PCN’s) ................................................21
8. AULAS ABERTAS ...............................................................................................................23
9. ABORDAGEM CULTURAL OU PLURAL ........................................................................23
10. JOGOS COOPERATIVOS ..................................................................................................24
UNIDADE IV – DO PLANEJAMENTO ESCOLAR .............................................................. 26
1. ESTRUTURA E AVALIAÇÃO DE PLANO DE CURSO ..................................................27
2. OS OBJETIVOS DE ENSINO ..............................................................................................28
3. CONTEÚDOS DE ENSINO .................................................................................................29
4. PROCEDIMENTOS DE ENSINO ........................................................................................31
5. RECURSOS DIDÁTICOS ....................................................................................................32
6. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM ................................................................................33
UNIDADE V - A FORMAÇÃO DO PROFESSOR DE EDUCAÇÃO FÍSICA .................... 39
1. GERANDO BOAS AÇÕES DOCENTES ............................................................................43
REFERÊNCIAS........................................................................................................................... 46
Este módulo deverá ser utilizado apenas como base para estudos. Os créditos da autoria dos conteúdos aqui apresentados são dados aos seus respectivos autores. 3
Pode-se perceber que o movimento corporal apresenta-se ligado à vida humana desde o
início de sua existência, iniciando-se como meio de sobrevivência, associados as tarefas diárias
(coleta de alimento, caça e busca de abrigo), com as pessoas passando parte importante de seu
tempo movimentando-se sem algumas das intenções contemporâneas (melhoria da aptidão física,
expressão cultural e aprendizagem).
Cerca de 3 mil anos a.C. os chineses já haviam desenvolvido a caça, a luta, o arco e a
flecha, a esgrima, danças e um jogo com bola; além de exercitarem-se com finalidades higiênicas
e terapêuticas. Na Grécia antiga as atividades físicas representavam preocupação puramente
estética, enquanto para os romanos a finalidade era militar, com os primeiros chegando a
organizar as Olimpíadas e os outros jogos circenses. Já a Idade Média postula-se como obscura a
Educação Física, somente retomando sua força com a Renascença. (LEANDRO, 2002).
Quanto ao âmbito escolar, a Educação Física, valendo-se de jogos, ginástica, dança e
equitação surge na Europa do século XVIII e início do XIX. Juntamente com a constituição dos
sistemas de ensino. Com uma Educação Física escolar propondo-se a construir um homem forte
(força de trabalho), ágil e empreendedor. Sendo o exercício percebido segundo a visão
medicalizada (higienista), capaz de promover o aperfeiçoamento físico das pessoas (base
biologicista), com a Educação Física representando uma questão somente prática. É nesse
contexto que são estruturados diversos Métodos Ginásticos, contando com militares, enquanto
ministrantes das aulas, e por isso, o seu conteúdo procedimental é fortemente pautado nas
questões disciplinadoras e hierarquizadas, demonstrando uma nas ações de ensino-aprendizagem
do professor-instrutor e aluno-recruta. (SOARES et al, 1992).
No século XIX ocorre a inserção formal da Educação Física na escola brasileira, em
1851, com a reforma Couto Ferraz. Mais adiante, com a reforma de Rui Barbosa, em 1882,
recomendou-se a ginástica como obrigatória para ambos os sexos nas Escolas Normais. No
entanto apenas em 1920, os Estados realizam suas reformas estaduais de educação incluindo a
Educação Física (então, ginástica) em suas propostas. (DARIDO, 2003).
Ao se tratar da atuação docente no campo da Educação Física escolar cabe apontar que
as metodologias de ensino a partir das discussões travadas entre os educadores,
contemporaneamente propõem a superação da mera justificação do sistema vigente, a serviço da
ideologia dominante, dificultando o desenvolvimento crítico e a capacidade de modificar a
realidade estudantil. Nesse sentido, inicialmente importaram-se modelos pedagógicos europeus,
e a partir da década de 1980 organizaram-se teorias de uma Educação Física escolar brasileira,
contemplando discussão contextualizada quanto aos seus conteúdos, objetivos, prática
pedagógica e demais fatores. (XAVIER FILHO & ASSUNÇÃO, 2005)
Sendo importante entender que atualmente varias concepções de ensino de Educação
Física coexistem, todas desejosas na ruptura com os modelos anteriores, sendo resultantes da
articulação de teorias psicológicas, sociológicas e filosóficas (DARIDO, 2003)
Considerando essa teorização brasileira da Educação Física escolar, podem ser
apontadas diversas tendências ou abordagens, tais como: a Psicomotricidade, a
Desenvolvimentista, a Construtivista-interacionista, a Crítico-Emancipatória, a Saúde Renovada,
a Crítico-Superadora, a baseada nos PCN’s, a baseada nas Aulas Abertas, a Culturalista ou
Plural, a baseada nos Jogos Cooperativos, entre outras.
1. PSICOMOTRICIDADE
2. ABORDAGEM DESENVOLVIMENTISTA
3. ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA-INTERACIONISTA
4. ABORDAGEM CRÍTICO-EMANCIPATÓRIA
5. SAÚDE RENOVADA
Cabe ressaltar que as aulas de Educação Física escolar devem ser desenvolvidas no
horário regular do curso de matrícula e frequência estudantil. Já quanto aos procedimentos
avaliativos da relação ensino-aprendizagem deve-se superar o caráter tradicional, pautada na
seleção e/ou classificação dos escolares, buscando o estabelecimento de quesitos que
contemplem a realidade, a reflexão sobre a formação humana. (XAVIER FILHO &
ASSUNÇÃO, 2005).
As principais críticas que recaem a essa abordagem tratam da pouca implementação das
suas ideias iniciais e principalmente ausência propositiva referente a ação pedagógica de fato,
tratando muito de questões abstratas e macroscópicas sociais e pouco das questões específicas da
As décadas de 1980 e 1990 são marcadas pelo forte embate político para a construção
de políticas educacionais brasileira, resultando a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional
(LDBEN)1 e seus desdobramentos. Podendo-se indicar os Parâmetros curriculares Nacionais
como um de seus resultados, incluindo o que trata da Educação Física escolar. Considerando que
sua redação foi pautada na pretensão de sintetizar a proposição da inserção da Educação Física
no currículo escolar, sendo guiado pelos questionamentos quanto ao entendimento do que seja
Educação Física e os entendimentos de corpo, movimento, seus conteúdos e objetivos.
(CAPARROZ, 2003).
Assim, em 1994, baseando-se em modelo educacional europeu, o Ministério da
Educação e do Desporto, mobilizou grupo de pesquisadores e professores para elaboração dos
Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN’s). Sendo lançados nos anos de 1997 (1º e 2º ciclos, ou
séries iniciais do Ensino Fundamental) e 1998 (3º e 4º ciclos, referentes às últimas séries do
Ensino fundamental), contando com um documento específico à Educação Física. (BRASIL,
1998).
Segundo os PCN’s (1998), a Educação Física escolar representa o componente
responsável por introduzir e integrar o estudante à cultura corporal de movimento, atuando na
formação do cidadão responsável por produzi-la, reproduzi-la e transformá-la, via sua
instrumentalização para utilização dos jogos, esportes, danças, lutas e ginásticas para o exercício
crítico da cidadania e melhoria da qualidade de vida, baseando seus valores na ética,
solidariedade, cooperação, diálogo, respeito mútuo, dignidade e justiça.
Inicialmente os PCN’s pretendem contribuir para a elaboração ou reformulação
curricular dos Estados e Municípios, debatendo com propostas e experiências pré-existentes,
incentivando a diálogo pedagógico nas escolas e a elaboração de projetos educativos, além de
prestar-se a reflexão para a prática docente. Considerando-se a possibilidade de avanços às
1
Criada em 1996, sob número 9394/96, para nortear e normatizar a Educação no Brasil.
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propostas metodológicas já presentes na literatura brasileira para a área, fomentando debates
acadêmicos e em certo ponto contribuindo para a organização desses conhecimentos e sua
articulação com suas variadas dimensões. (DARIDO, 2001)
Tendo como eixo norteador a cidadania, a Educação Física na escola seria responsável
por tornar os estudantes capazes de:
- Participar de atividades corporais considerando o respeito mútuo, dignidade e
solidariedade;
- Conhecer, valorizar, respeitar e desfrutar da diversidade presente na cultura corporal;
- Reconhecer-se como integrado ao ambiente, adotando hábitos saudáveis e
relacionando-os com a melhoria da própria saúde e saúde coletiva;
- Conhecer a diversidade de padrões de saúde, beleza e desempenho presentes nos
diversos grupos sociais, compreendendo a cultura em que são produzidos e
criticando os padrões apontados pela mídia;
- Organizar e interferir autonomamente no espaço, reivindicando locais adequados para
desenvolvimento das práticas de lazer.
Propõe oposição e crítica as visões biológicas presentes na Educação Física escolar, que
consideram o corpo humano apenas pela perspectiva de sua naturalização e universalização,
percebendo-o como um agrupamento de vísceras (ossos, músculos, entre outras), e que por esse
motivo seriam todos iguais, e, consequentemente, as aulas deveriam ser uniformizadas para
todos os estudantes, locais e época. Então, o professor Daólio, no ano de 1993, propõe a
abordagem cultural, indicando que o professor deva considerar que os corpos são diferentes, ao
ser considerada a contextualização do homem e sua cultura. (DARIDO, 2003)
Essa abordagem, resultante das investigações de Daólio no campo da Antropologia
Social, também conhecida como Plural, baseia a diferença dos corpos pela análise cultural.
Esta pode ser considerada uma nova perspectiva para se trabalhar a Educação Física
escolar, pautando sua ação na valorização da cooperação, contrapondo-se a exacerbação da
competição. Seu precursor no Brasil foi Brotto, que também baseia seus estudos na antropologia,
indicando que a estrutura social determina se seus componentes vão competir ou cooperar uns
com os outros. O autor ainda aponta para um condicionamento na escola, família e mídia, no
sentido da induzir a ausência de alternativa à competição, tornado-a a opção natural. Então o
jogo cooperativo é sugerido como possibilidade transformadora para a Educação Física escolar
(DARIDO, 2003).
Nesse sentido, o jogo cooperativo é concebido como instrumento do processo
educativo, caracterizado pela alegria e inclusão, com todos participando, ganhando e se
divertindo. Em seu desenvolvimento são consideradas as condições, qualidades e características
individuais dos participantes, valorizando o somatório de esforços para o cumprimento ou
solução das tarefas. A sua missão é compartilhar alegrias, perdas e realizações com todos os
Planejar parece uma ação inerente à vida humana, seja de empírica ou cientificamente o
homem acaba por desenvolver essa ação. Ao analisar o seu caráter formal pode-se dizer o
planejamento possui uma teoria, exigindo uma tomada de decisão, inseri-se em um processo, e
pretende em última instância a transformação da realidade. (DALMÁS, 2010)
Ao pretender planejar as aulas de Educação Física, é sugerido que o professor, em uma
perspectiva crítica, proponha ações práticas que potencializem a apreensão da realidade,
aproximando o estudante da percepção da totalidade de suas atividades (SOARES et al, 1992).
Concordando-se que “planejar não é, pois, apenas algo que faz antes de agir, mas
também agir em função daquilo que se pensou” (VASCONCELLOS, 2002, p.79), a partir do
momento que integra a vida, também deve apresentar-se na atuação profissional, permitindo
pensar, planejar e prever o será ensinado, ainda considerando porque, para que, como e onde será
ensinado (SCARPATO, 2007). Dessa maneira, é possível verificar uma aproximação crítica dos
docentes e discentes com os conteúdos referentes à educação, no caso desse material da
Educação Física.
Então, o planejamento de ensino caracterizar-se-ia por um documento desenvolvido
pelo docente(s) referente ao componente curricular de sua condução, podendo apresentar-se
referente ao semestre ou ano letivo, dividindo-se em objetivos (geral e específicos), conteúdos e
procedimentos de ensino, recursos didáticos e proposta avaliativa. Enquanto o planejamento de
aula exige conhecimento prévio do professor quanto ao objetivo da aula, os procedimentos a
serem propostos ao desenvolvimento do conteúdo no sentido da sua obtenção, contextualizando
segundo a turma (seu nível e ritmo), horário, a individualidade estudantil, além da
disponibilidade de recursos e metodologia avaliativa quanto a aprendizagem. (SCARPATO,
2007)
O planejamento deve orientar o docente e ser capaz de responder aos seguintes
questionamentos (SCARPATO, 2007):
- Para que ensinar? Representando os objetivos de ensino;
- O que ensinar? Indicando os conteúdos a serem trabalhados;
- Como ensinar? Determinado pelos procedimentos de ensino;
Destarte, o planejamento serve para ordenar a ação docente, sempre focando os fins
desejados, a partir de conhecimentos que embasem dos objetivos à ação, permitindo a segurança
na tomada de decisão e direcionamento da ação. (LUCKESI, 1993)
O plano curso, ou plano da disciplina, é o documento que por natureza deve conter os
registros, iniciais, considerados essenciais, com o propósito fundamental de permitir o ótimo
desenvolvimento do componente curricular. Então este deve possuir os seguintes tópicos
(VILELA, 1999)
a) Identificação ou Descrição;
b) Ementa;
c) Objetivos gerais e específicos;
d) Conteúdos e cronograma preliminar;
e) Diretrizes metodológicas, incluindo as estratégias que se pretende adotar;
f) Recursos disponíveis;
g) Riscos presentes na disciplina e métodos para lidar com eles;
h) Bibliografia.
2. OS OBJETIVOS DE ENSINO
De maneira técnica conteúdo pode ser entendido como resultado de uma gama de
escolhas, capaz de gerar assimilações determinadas importantes para o desenvolvimento e
socialização ideal do estudante (COLL et al, 2000), sendo exigida a seleção apenas daqueles
temas suscetíveis de integrarem os conteúdos curriculares (LIBÂNEO, 1994).
O conteúdo da Educação Física como atividade inclui um conjunto de atividades
corporais e motrizes efetivadas em diferentes âmbitos institucionais: educação, esporte, saúde,
lazer e tempo livre e outras que se ampliam segundo a dinâmica social, as demandas do mercado
e do Estado. (ROSENGARDT, 2005)
Nesse sentido, indica-se que os conteúdos da Educação Física representam-se por
atividades corporais e motrizes de diferentes setores, como: educação, esporte, saúde, lazer entre
outras, variando segundo a dinâmica social, mercado e Estado. Esses conteúdos modificam-se
por influência de diversas instituições (militar, médica, esporte, escola), além das abordagens
educativas e valores sociais. Nesse mesmo sentido, os conteúdos designados para ensino,
resultam de ações políticas da interação das diversas categorias profissionais envolvidas,
contemporaneamente considerando-se a cultura corporal como principal norteadora de seu
estabelecimento na Educação física escolar, apesar da diversidade cultural de uma sociedade
heterogênea e contraditória. Cabe ressaltar que o conteúdo escolar da Educação Física,
atividades corporais, deve apresentar-se considerando sua extensão conceitual, procedimental e
atitudinal, além das habilidades e valores ou conhecimentos e regras de atuação.
(ROSENGARDT, 2005)
Historicamente a Educação Física vem pautando suas opções de conteúdos
prioritariamente focadas na questão procedimental, ou seja, no SABER FAZER,
desconsiderando o SABER SOBRE ou COMO SE DEVE, com a última categoria aparecendo no
currículo oculto (DARIDO, 2005).
Reforça-se que mesmo quando a proposta curricular e o livro didático apresentam
sugestões de conteúdos, cabe ao professor decidir quais se adéquam ao grupo, organizando
sequencialmente sua distribuição a partir do encaminhamento lógico e coerente com os objetivos
estabelecidos (SCARPATO, 2007). Uma vez representa equívoco o entendimento que todas as
Informando que, mesmo contando com suas especificidades, estes blocos acabam se
articulando e relacionando durante a prática ensino-aprendizagem.
Entendendo inclusive que a Educação Física deve ultrapassar a questão do ensinar
esporte, ginástica, dança, jogos, atividades rítmicas, expressivas e conhecimento sobre o próprio
corpo, em seus fundamentos e técnicas (dimensão procedimental), devendo incluir discussões
sobre seus valores, entendendo quais atitudes devem ser adotadas nas e para as atividades
corporais (dimensão atitudinal). Além disso, deve buscar garantir o direito em conhecer os
porquês da realização do movimento, percebendo os conceitos ligados aos procedimentos
(dimensão conceitual). (DARIDO, 2001b)
Um dos pontos de maior relevância na escolha dos conteúdos versa sobre a questão
referente à sua avaliação de validade, pretendendo estabelecer a perspectiva quanto a sua
continuidade, retirada ou adequação ao programa curricular. Assim, é sugerido que o docente
elenque diversas reflexões frente aos conteúdos trabalhados, ou até mesmo a trabalhar durante as
aulas, que ao apresentarem respostas coerentes e contextualizadas, indicam a pertinência quanto
a sua permanência no programa, apenas devendo considerar sua relevância, densidade e
distribuição.
Então, propõe-se que o docente realize as seguintes perguntas analíticas à proposição do
conteúdo (adaptado de VILELA, 2002)
4. PROCEDIMENTOS DE ENSINO
5. RECURSOS DIDÁTICOS
6. AVALIAÇÃO DA APRENDIZAGEM
Dentro do que foi exposto, parece importante apresentar sugestões para estruturação e
desenvolvimento de verificação de aprendizagem, valorizando questões qualitativas e
Outro problema posto à formação em nível superior para a Educação Física ocorre em
2002, com a legislação fragmentando a graduação em cursos formadores de profissionais
capazes de atuar na área formal (espaço escolar) e não-formal (demais espaços), ou seja,
licenciados, professores para atuação na educação formal, e bacharéis, para atuarem nos demais
espaços. Ainda indica-se que cada uma dessas modalidades formadoras deva apresentar perfil
profissiográfico, objetivos e finalidades distintos, compatíveis com seus espaços de futura
atuação. (GONÇALVES, 2010).
Nesse sentido o licenciado deverá possuir formação generalista, humanista, crítica e
reflexiva, qualificada segundo o rigor científico e intelectual, considerando os princípios éticos.
Devendo ser capacitado à atuar na Educação Física Básica, promovendo educação de qualidade,
tomando decisões, lendo a realidade, elencando hipóteses sobre métodos para atingir os
objetivos, deter conhecimento, relacionar a Educação Física com outras áreas, valorar a relação
teoria e prática, saber e fazer, ensino e pesquisa, trabalhar interdisciplinar e coletivamente,
articulando conhecimento e reconhecimento da teoria com realidade escolar, pretendendo
superar seus distanciamentos. (GONÇALVES, 2010).
Cabendo aqui levantar o seguinte questionamento: Um professor de educação física que
participa de jogos escolares fora dos limites físicos da escola está atuando como professor?
(SADI, 2004).
Já quanto à formação continuada, necessária para a qualificação e atualização do
professorado, a partir da continuidade dos estudos ou mesmo contato com novas informações,
O professor deveria então, em sua ação profissional, tomar iniciativas que proporcionem
situações, pré-programadas, para permitir a educação, formação e desenvolvimento de valores e
atitudes desejáveis (GUIMARÃES, 2001) transcendendo o mero conteúdo formal.
Cabendo ao professor intervir, coerentemente, nas situações em que as crianças queiram
ou não participar, desejando integrá-las ao grupo, discutindo os porquês desses posicionamentos,
acolhendo-os. (COLL, POZO & SARAIBA, 1997, p. 155 apud GUIMARÃES et al, 2001)
A primeira questão para o sucesso da ação profissional docente trata de como esta é
concebida, uma vez que apesar de já ter sido tratado nesse modulo, não parece demais ressaltar
que todo e qualquer trabalho pedagógico e educacional necessita se planejado, evitando
problemas decorrentes da ausência dessa ação, o que pode atrapalhar a condução das aulas e
atividades, devidas até mesmo da falta de direcionamento das práticas, gerando a perda do
objetivo pretendido. (ALMEIDA, 2006)
Como em qualquer atividade relacional humana, são diversos os fatores que contribuem
ou atrapalham o desenvolvimento do trabalho educacional. No entanto, fazendo a alusão à Paulo
Freire (1996) ensinar vem carregado de uma infinidade de exigências teóricas e práticas, que ao
serem reconhecidas pelo docente podem ser potencializadas ou contornadas para que seja
atingida uma boa ação laboral em educação.
Assim, o educador que pretende o sucesso da educação deve compreender que ensinar
exige (FREIRE, 1996):
Rigorosidade metódica;
Pesquisa;
Respeito aos saberes do educando;
Criticidade;
Estética e Ética;
Corporeificação das palavras pelo exemplo;
Risco, aceitação do novo e rejeição a discriminação;
Reflexão crítica sobre a prática;
Reconhecimento e assunção da identidade cultural;
Consciência do inacabamento;
Reconhecimento de ser condicionado;
Respeito à autonomia do ser do educando;
Bom senso;
Humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores;
Apreensão da realidade;
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Alegria e esperança;
Convicção de que a mudança é possível;
Curiosidade;
Segurança, competência profissional e generosidade;
Comprometimento;
Compreender a educação como maneira de intervir no mundo;
Liberdade e autoridade;
Tomada consciente de decisão;
Saber escutar;
Reconhecer que a educação é ideológica;
Disponibilidade para o diálogo;
Querer bem aos educandos.
Nesse mesmo sentido alguns fatores básicos devem ser considerados para a obtenção
dos mais elevados índices de aprendizagem, tais como (COSTA, 1995 apud AZEVEDO &
SHIGUNOV, 2001):
- utilização de linguagem simples e clara, inseridas em diversas estratégias de ensino;
- interessar-se pela profissão, dedicando-se e empenhando-se à docência;
- dedicar-se prioritariamente aos conteúdos relacionados aos objetivos de
aprendizagem;
Nesse mesmo sentido o docente poderia roteirizar a avaliação da sua ação profissional
da seguinte maneira (adaptado de VILELA, 2002):
Como ser um docente melhor?
Enquanto professor, quais ações estão adequados e quais devem ser mais
desenvolvidos durante sua prática profissional?
Qual o sal relação com o a disciplina?
Quanto há de direcionamento para seu aperfeiçoamento?
Questões negativas podem estar sendo nutridas quanto ao componente e ao
professor?
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Como esta presente a crença da possibilidade em transformar a sociedade?
O quanto compreende criticamente a realidade?
Quão qualificado esta o seu trabalho?
Como pode ser melhorado o comprometimento docente quanto: ao interesse,
responsabilidade, empenho e participação?
Esta ocorrendo aproveitamento de experiências de outros professores?
Como diferenciar melhorias de "problemas"?
BETTI, M. Educação Física escolar: do idealismo à pesquisa-ação. 2002. 336f. Bauru: Faculdade
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