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1 INTRODUÇÃO

Ao realizar esta monografia, o principal objetivo é o de aprofundamento no


ensino basquetebol para alunos do Ensino Fundamental – pré-adolescentes entre 12
e 14 anos. É neste período que as crianças iniciam seus grupos sociais e o esporte
serve como um esteio onde meninos e meninas promovem a difusão da amizade.
Outrossim, o basquete colabora na formação física do praticante, além de
servir como fator de prevenção em alguns casos comuns de vícios posturais, como a
escoliose.
O trabalho a seguir mostra que todas as modalidades esportivas têm suas
particularidades, mas o basquetebol é constituído por uma norma de habilidades
que, unidas, compõe o jogo e cada uma dessas habilidades, isoladamente, constitui
uma unidade que podemos determinar que os objetivos diretamente ligados ao
praticante o seu desenvolvimento, físico, técnico, tático, psicológico, moral e social.
Sabe-se que as crianças, pré-adolescentes, ao iniciarem o ensino
fundamental, trazem de sua experiência pessoal uma série de conhecimentos
relativos ao corpo, ao movimento e à cultura corporal. Partindo disso, a escola deve
promover a ampliação desses conhecimentos, permitindo sua realização em
situações sociais. O professor deve criar situações que coloquem esses
conhecimentos em questão, ou seja, situações que solicitem da criança a resolução
de um problema, seja no plano motor, na organização do espaço e do tempo, na
utilização de uma estratégia ou na elaboração de uma regra.
A partir do que foi relatado acima, é que alunos, seja ele da rede municipal,
estadual ou particular, em grande defasagem nas suas habilidades, motoras,
sociais, intelectuais, ao atingirem a maturidade, não conseguem distinguir direita/
esquerda, não tem uma coordenação motora fina e grossa aguçada e não sabem
tomar decisões quando necessário, por este motivo, entre todos os esportes, o
basquete irá ajudar crianças a serem adultos mais responsáveis, mais social e
desenvolvidos em áreas que atuarem ao atingir a idade adulta.
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Esta monografia foi elaborada com o fito de demonstrar que o basquetebol


não só é um esporte competitivo, mas sim, visa ajudar as crianças na faixa pré-
puberal – meninos 12 -14 anos e meninas 10 – 12 anos, a serem adultos mais
desenvolvidos.
O referido esporte é constituído por uma soma de habilidades que, unidas
compõem o jogo. Cada uma dessas habilidades, isoladamente, constitui uma
unidade significativa e total em si mesma.
De acordo com Daiuto (1983, p. 21), o basquetebol é: ”[...] uma sucessão de
esforços intensos e breves, realizados em ritmos diferentes. È o conjunto de
corridas, saltos e lançamentos”.
No plano físico podemos desenvolver as capacidades físicas básicas
envolvidas na execução dos fundamentos a saber: coordenação, ritmo, equilíbrio,
agilidade, força, velocidade, flexibilidade e resistência cardiorrespiratória.
Em nível de aspectos psicológicos e aos valores morais envolvidos na prática
do basquetebol, podemos afirmar que o praticante desse esporte desenvolve a
confiança em si mesmo, o espírito de cooperação, o espírito de luta, o
reconhecimento da vitória, da derrota e agressividade criativa, que é a determinação
e a coragem para tomar decisões e realizar tarefas durante o jogo.
Cratty (1984, p. 31) “[...] considera como tarefas motoras simples as que
incluem ações simples e não necessitam de ajustamentos complexos, envolvem
apenas uma parte do corpo, sendo que as demais atuam como estabilizadoras.”
Em se tratando de trabalho com alunos e alunas dessa idade, cuidados
especiais deverão ser observados pelo professor, pois é a idade oscilante, a idade
da poesia, do amor à natureza, dos excessos, do desinteresse, das contradições,
dos entusiasmos, da confiança cega e arrogante, é a idade do amor à atividade, a
idade dos desportos.”
É nessa idade que são despertados e devem ser adequadamente cultivadas
as qualidades físicas, intelectuais e morais da criança. É a chamada “idade de ouro”,
da elasticidade do corpo e do espírito, em que se esboça o temperamento, o caráter
e a personalidade do futuro adulto; é ainda o período em que ela adquire o hábito e
o prazer por determinadas atividades, das quais sentirá desejo e necessidade por
muito tempo, mesmo depois de terminado o seu período escolar.
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Sendo o homem, produto de um processo constante de transformação, torna-


se fundamental que nas escolas e clubes, seja trabalhado o esporte e mais
propriamente o basquetebol para que haja uma real transformação social do mesmo.
Para tanto, se faz necessário que os alunos sejam trabalhados em seus aspectos
físicos, cognitivos e afetivos, dando-se prioridade ao aspecto físico mas nunca
postergando os demais aspectos.
Da mesma maneira é de vital importância o aconselhamento aos alunos a
respeitar os adversários, tanto os fortes ou vencedores, como os fracos ou vencidos,
de modo a aprenderem a ganhar ou perder com elevado espírito esportivo.
O basquetebol é hoje mais do que um esporte. É uma opção de lazer e uma
sedutora perspectiva profissional para uma demanda reprimida de mão-de-obra que
pode ser absorvida pela indústria do esporte, um dos segmentos econômicos que
mais crescem nos dias de hoje.
É de suma importância atrair crianças e jovens para as quadras como meio
de Educação. Além de ser ferramenta fundamental para se tirar as crianças da
ociosidade, se diminuir a evasão escolar e diminuir a violência nas escolas.
Entre as questões específicas decorrentes do problema de pesquisa, destacam-se:
- Durante o treino de basquetebol, os professores preocupam-se efetivamente
com o desenvolvimento físico-motor dos alunos?
- A teoria e a prática do basquetebol estão sendo ensinadas paralelamente?
- No desporto em questão o aluno é trabalhado em seus aspectos
essenciais?
- A escola (equipe técnica) e o professor trabalham em consonância
fornecendo atendimento adequado ao aluno para seu completo
desenvolvimento?
- Os professores se mantém atualizados sobre os últimos acontecimentos
esportivos e científicos aprimorando dessa forma, sua cultura geral e
profissional?
A presente pesquisa, de cunho bibliográfico, busca subsídios para que
professores adquiram mais conhecimento e possam reciclar para realizar o
desenvolvimento dos pré-adolescentes.
A pesquisa foi desenvolvida levando-se em consideração a abordagem
qualitativa através de pesquisa bibliográfica relativa ao tema em questão que
favorece a elaboração de um quadro compreensivo da temática sobre o basquetebol
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e suas implicações para a atividade física do pré-adolescente. Assim, pesquisa é


bibliográfica, ou seja, a que tem por fonte primária o livro. “Pesquisa bibliográfica
envolve sob seu campo de ação toda informação escrita...” (BEBBER, 1997: 22).
Portanto, o campo de ação serão as fontes de informações escritas, donde
pretendemos redescobrir e aprofundar nosso conhecimento, buscando o novo a
partir do já escrito.
Adotou-se os métodos de pesquisa bibliográfica; pois considera-se de
acordo com Fachin (1993, p. 103), que a “[...] pesquisa bibliográfica é a base para as
demais pesquisas, e pode-se dizer que é uma constante na onda de quem se
propõe a estudar”.
Constitui parte da pesquisa descritiva ou experimental, enquanto é feita
como intuito de recolher informações e conhecimentos prévios acusa de um
problema para a qual se procura resposta acerca de uma hipótese que se quer
experimentar.
A pesquisa bibliográfica é meio de formação por excelência como trabalho
científico original, constitua pesquisa propriamente dita na área das Ciências
Humanas.
No desenvolvimento desta monografia, a partir dos procedimentos
metodológicos presentes no título da introdução, optou-se pela seqüência abaixo:
- no título dois, procurou-se um histórico do basquetebol, a partir de
estudos teóricos;
- no título três, discute-se a importância do basquetebol na escola como um
esporte que atenda pré e adolescentes no ensino fundamental e médio;
- no título quatro, o basquetebol é analisado à luz da competitividade;
- no título cinco, por suas vez, focaliza-se sob o prisma da Psicologia as
representações de mundo na fase da adolescência e sua relação com a prática do
esporte, com ênfase no basquetebol;
- posteriormente, as considerações finais contemplam uma análise
confrontativa entre os itens da introdução e o marco referencial teórico.
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2 HISTÓRICO DO BASQUETEBOL

O basquetebol é uma modalidade esportiva coletiva, que foi idealizada nos


Estados Unidos da América pelo canadense James Naismith no ano de 1891 na
cidade de Springfield no estado de Massachusetts.
Figura 1 – Foto de James Naismith

Fonte: BASQUETEBOL: histórico. Disponível em: www. revistavirtualef.com.br>.


Acesso em: 12 set. 2005

2.1 INFLUÊNCIA NORTE-AMERICANA NO BASQUETEBOL BRASILEIRO

O basquetebol surge nos Estados Unidos (EUA) no ano de 1891, sendo seu
idealizador o professor de Educação Física, James Naismith, que foi encarregado de
criar uma atividade para ser realizada em ambientes fechados, devido ao frio da
região, além de outros fins como: substituir os métodos ginásticos vigentes na época
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que, não fosse violento, de fácil aprendizado e tivesse um cunho científico para
despertar os interesses dos adultos.
Esse esporte tem uma rápida difusão, tendo como principal propagadora a
ACM (Associação Cristã de Moços), que tinha colégios - 71 - por todo o continente,
crescendo, com isso, bruscamente, o número de praticantes, entretanto é na década
de 30 que o basquetebol toma lugar de destaque nos EUA, com a decadência do
Boxe, que ocupava o primeiro lugar no “gosto” dos americanos. Começa-se, então, a
se organizar competições de basquetebol com a ajuda de rádios do país, tendo
excelente resposta do público. A criação da FIBA (Federação Internacional de
Basquete Amador) e a unificação das regras ajudam na difusão desse desporto pelo
mundo, mas é com o advento da televisão, na década de 50, que o basquetebol
começa sua fase de espetacularização, com a mudança nas regras, visando a uma
maior adequação a esse novo veículo, em um processo contínuo e gradativo.
É a partir de 1970 que...

[...] há um investimento maciço da televisão nesse esporte e, nessa


temporada, o número de espectadores é estimado em 150 milhões de
americanos. Para que tal feito ocorresse, o esporte passou por
transformações profundas, para além da mudança de regras como acima
exemplificado. Novos gestos esportivos, novas características corporais e
novos padrões de desempenho foram instalados, buscando uma melhor
aceitação por parte do público (SOUZA, 1991).

É assim, com o advento da comunicação de massa, que ocorre a crescente


mercadorização do basquetebol. Necessário se faz ressaltar que às transformações
ocorridas nesse esporte seguiram também as mudanças ocorridas no cenário
nacional, quando os EUA se transformaram, no início deste século, na maior
potência mundial da sociedade capitalista.
Voltando a falar sobre a mercadorização do esporte, Souza nos diz que esse
processo.
[...] atinge não apenas sua forma externa e a categoria de seus praticantes.
Atinge, também, o gesto esportivo, o movimento humano que é realizado
em seu interior. O esporte, produto deste período histórico, está situado em
um contexto onde ocorrem, simultaneamente, a subsunção formal e a
subsunção real do trabalho ao capital com o predomínio desta última forma
(SOUZA, 1991, p. 30).

O basquetebol, então, adéqua-se às regras capitalistas, tornando-se um


produto, o mais vendável possível, perdendo de vistas ou em nada - 72 - lembrando
aquele esporte que começou com cestas de pêssego. É nesse sentido
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desportivizante e de rendimento que o Basquetebol (como os demais esportes)


adentra na escola, atrelado à Educação Física. Sobre essa junção do basquetebol à
Educação Física e seu tratamento no âmbito escolar, Paes nos diz:

A Educação Física deveria ter como prioridade a atividade lúdica, contudo,


em função de um pragmatismo que valorizou o produto, foi buscar nele (o
esporte competição) uma metodologia cujo objetivo é a perfeição de
exercícios e o rendimento, causando assim sérios problemas na formação
dos seres humanos, tornando-os uma máquina submissa às leis do
rendimento (PAES, 2002, p. 67)

Nesse sentido, no caso específico do basquetebol, chegamos à conclusão de


que este responde a uma ótica capitalista, corroborando com a - 78 - idéia de
Ribeiro (1999; 28), afirmando que “... o Basquetebol, em se enquadrando como um
esporte, assume postura no mundo da comercialização, da cibernética, da
informática, dos satélites, nos meios de comunicação de massa, para transcender os
valores humanos, materializados no movimento corporal, em uma mercadoria
produzida para a venda, possuindo um valor-de-uso e um valor de troca!”, sendo
demonstrado aí o caráter de mercadoria que alcança o desporto basquetebol.
Para Comas (1991) citado por Paes (2002, p. 49):

o basketball é um esporte em que se deve conjugar fundamentalmente três


qualidades físicas para alcançar um ótimo rendimento (qualidades
principais): velocidade, força e coordenação. E as qualidades secundárias,
que não influem de forma decisiva no rendimento do atleta durante a prática
do basketball, mas que não se pode esquecer de trabalhar durante o
treinamento físico: flexibilidade, habilidade e agilidade. E o trabalho de
resistência específica no basketball se realiza de acordo com uma
metodologia adequada que implicará a adaptação dos sistemas de
treinamento as necessidades de espaço, dinâmica de cargas e intervalos de
esforço próprios do jogo.

Foram inicialmente os pedagogos Guths Muths (1759 – 1839) e Pestalozzi


(1746 – 1827) que introduziram as atividades corporais (o esporte, a dança, os
jogos, a ginástica etc.) no currículo escolar, sendo que aqui no Brasil essa influência
foi superada pela introdução dos modos ginásticos de inspiração militar
desenvolvidos por P. H. Ling na Suécia, ou o Regulamento Geral da Educação
Física, que ficou conhecido como método francês.
O basquetebol nacional há muito tempo vem sofrendo consideráveis
influências dos norte-americanos, como por exemplo, a mudança de regras, a
divisão do jogo em quatro quartos, entre outras. Mas entre as principais alterações
destaca-se o aspecto defensivo, no qual os atletas se encontram mais agressivos no
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seu estilo de jogo, pois realizam um estudo da equipe adversária e fazem a


movimentação de acordo com as suas características. Essa situação pode estar
relacionada à influência do sistema defensivo aplicado pelo basquetebol norte-
americano. Para estudar esse fenômeno, foi traçado um paralelo histórico-cultural da
origem do basquetebol nos Estados Unidos da América (EUA), suas regras e seu
desenvolvimento, relacionado com a introdução e implantação do esporte no Brasil,
observando-se, assim, um enorme abismo cultural entre os países que tratam essa
mesma modalidade, valorizando-a muito pouco se comparada às atitudes dos norte-
americanos. Elabora-se, também, um estudo sobre os diversos esquemas
defensivos regulamentados pela Federação Internacional de Basquetebol (FIBA),
observando-se, assim, os pontos fortes e as fragilidades de cada sistema defensivo.
Através desta pesquisa, busca-se uma visão mais ampla sobre esse fenômeno,
abordando a opinião de diversos técnicos de equipes masculinas (categoria adulto
do estado de São Paulo), a fim de enfatizar qual é realmente a influência americana
no estilo de jogo dos clubes e mostrar que tal fenômeno, rompe toda uma estrutura
cultural, deixando assim, a dúvida de que os técnicos e os atletas estejam em
condições de incorporar as características dessa influência, considerando a tradição
da modalidade em nosso país.
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3 BASQUETEBOL COMO ESPORTE NA ESCOLA

O esporte moderno tem seus efeitos sociais negativos: a reprodução


compulsória do esporte performance na educação; a discriminação contra a mulher
no esporte; as violências do esporte performance; e ainda o uso ideológico-político
do esporte; e a preponderância da lógica do mercantilismo no esporte.

O esporte que conhecemos hoje é um produto das profundas


transformações produzidas pela Revolução Industrial na Europa dos séculos
XVIII e XIX. Houve relação entre o aumento do tempo de lazer, em parte
induzido por esta Revolução e a difusão do esporte entre a população
operária e urbana. A partir do final do século XIX, o movimento esportivo
inglês estava pronto para ser exportado. Embaixadores, administradores
coloniais, missionários, comerciantes, marinheiros e colonos encarregaram-
se de difundir o esporte pelo mundo (BETTI, 1991, p.19).

No século XX o esporte tornou-se um fenômeno de expansão mundial,


estendeu-se com uma rapidez que até agora não se observou em nenhum
movimento social. A Inglaterra foi também pioneira em aceitar e utilizar o esporte
como meio de educação.
A concepção histórico-social do desenvolvimento humano permite
compreender os processos de interação existentes entre pensamento e atividade
humana. Dentro desta concepção, vários estudos foram realizados para a
compreensão do desenvolvimento de indivíduos, especificamente neste caso, de 12
a 14 anos (pré-adolescentes).
No desenrolar da história, as manifestações do homem como ser corpóreo se
diferenciam dependendo do seu contexto sócio-cultural. Por exemplo, nas
sociedades primitivas, o corpo se relacionava numa dependência direta e harmônica
com a natureza, pois o “homem” se submetia ao seu ritmo para satisfazer suas
necessidades básicas de subsistência.
As atividades da Educação Física, concentrando-se no desenvolvimento
físico, por si só, pouco ou nada conseguem sensibilizar o mundo da educação, o
corpo posto a serviço da mente, o corpo passa a ser dominado pela ascese cristã
penitencial, ou a ser colocado em função do espírito, como instrumento para se
chegar a objetivos externos a ele, quer na concepção greco-latina, recuperada pela
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modernidade esteticista, quer na ótica das disputas de mercado ou ideológicas com


que se armam as competições esportivas.
O elemento fundamental de toda a educação é o ser humano. A educação
física é parte da educação geral, sendo sua tarefa educativa desenvolvida com uma
compreensão do homem que se pretende construir.

É tarefa da Educação Física preparar o aluno para ser um praticante lúcido


e ativo, que incorpore o esporte e os demais componentes da cultura
corporal em sua vida, para deles tirar o melhor proveito possível. Tal ato
implica também compreender a organização institucional da cultura corporal
em nossa sociedade; é preciso prepará-lo para ser um consumidor do
esporte-espetáculo, para o que deve possuir uma visão crítica do sistema
esportivo profissional. Que contribuição a Educação Física pode dar para o
melhor usufruto do esporte- espetáculo veiculado pela televisão?
Instrumentalizar o aluno para uma apreciação estética e técnica, fornecer as
informações políticas, históricas e sociais para que ele possa analisar
criticamente a violência, o doping, os interesses políticos e econômicos no
esporte. É preciso preparar o cidadão que vai aderir aos programas de
ginástica aeróbica, musculação, natação, etc., em instituições públicas e
privadas, para que possa avaliar a qualidade do que é oferecido e identificar
as práticas que melhor promovam sua saúde e bem-estar. É preciso
preparar o leitor/espectador para analisar criticamente as informações que
recebe dos meios de comunicação sobre a cultura corporal de movimento
(BETTI, 1991, p. 23).

O desporto físico como atividade educativa, será tanto mais conseqüente em


relação aos objetivos pedagógicos, quanto mais os professores, como intelectuais,
desenvolverem na sua prática de vida e de trabalho às reais relações sociais.
Partindo desses pressupostos, procura-se refletir a prática pedagógica
comprometida com uma nova postura do profissional da educação física. Nesse
aspecto o que antes parecia impossível, torna-se possível quando alguém se sente
apto a transpor todos os obstáculos, conhecendo a sua verdadeira grandeza interior.
É fundamental que o profissional de Educação Física tenha sólidos conhecimentos
nas áreas de fisiologia, ergonomia, técnicas de relaxamento, medicina ocupacional,
além de dinâmicas de recreação e lazer. Ele também precisa de visão empresarial e
conhecimentos da área administrativa.
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4 BASQUETEBOL E COMPETIÇÃO

Segundo suas regras oficiais,


[...] o basketball é jogado por duas (2) equipes de cinco (5) jogadores cada
uma. O objetivo de cada equipe é o de jogar a bola dentro da cesta do
adversário e evitar que a outra equipe se apodere dela ou faça pontos. A
cesta que é atacada por uma equipe é a cesta do oponente e a cesta a qual
é defendida por uma equipe é a própria cesta. A bola poderá ser passada,
arremessada, "tapeada", rolada ou driblada em qualquer direção,
respeitadas as restrições dispostas nas regras seguintes. A vencedora do
jogo é a equipe que fizer o maior número de pontos ao final do tempo de
jogo (Confederação Brasileira de Basketball, 1998, p. 3).

De um modo geral, o basquetebol é um jogo com estrutura variável, dinâmica


e evolutiva e todos os acontecimentos em quadra coexistem sob 3 formas: corridas,
saltos e lançamentos; fundamentadas pelos aspectos técnicos específicos da
modalidade. As corridas se caracterizam pelo controle de corpo (incluindo
posicionamento básico de defesa), manejo de bola e drible quando em
deslocamento; os saltos através de rebotes, passes e arremessos em suspensão; os
lançamentos pelos passes de curta ou longa distâncias e tiros à cesta.
Segundo Ferreira (1987), os fundamentos são classificados da seguinte
forma: Ao controle de corpo pertencem as paradas brusca, saídas rápidas, fintas,
saltos, giros, corridas e deslocamentos; ao controle de bola, as habilidades diversas;
ao drible, se alto, baixo, parado, em velocidade ou com mudança de direção; aos
passes, com uma ou duas mãos, à altura do peito, acima da cabeça, por baixo,
picado, à altura do ombro ou tipo gancho; aos arremessos, se com uma das mãos,
bandeja, jump ou tipo gancho; aos fundamentos individuais de defesa, a posição
básica e deslocamentos; ao rebote, se de ataque ou de defesa.
Determinados por estas ações, pela duração do jogo e pelo espaço no qual
esta modalidade é praticada, os aspectos físicos desenvolvidos no basquetebol são
representados pelas seguintes capacidades: resistência anaeróbica curta, média e
de longa duração, agilidade, flexibilidade, velocidade, resistência de velocidade,
coordenação, força dinâmica, força explosiva, resistência de força, ritmo, equilíbrio
dinâmico e equilíbrio recuperado. Dentro do treinamento do basquetebol deve-se
considerar a existência destas como fatores intrínsecos à prática deste desporto,
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devendo portanto, serem planejadas de forma que compreendam as particularidades


individuais e coletivas, bem como aquelas pertencentes à modalidade.
Menos imposta pelos fundamentos e capacidades físicas, mas deles
dependente, aparece a tática e, conseqüentemente, os sistemas de jogo. Este fator,
que corresponde à compreensão lógica do jogo, compreende os meios disponíveis e
postos em prática a fim de sair-se bem de qualquer situação ocorrida em quadra
visando alcançar espaços favoráveis. Dentro de uma equipe a tática só existirá
através de objetivos comuns, quando a intenção de cada jogador estiver adaptada
às diferentes intenções táticas dos seus companheiros.
Tática e sistema de jogo estão intimamente ligados. Este último refere-se à
maneira de como os jogadores se posicionam uns em relação com os outros.
Quanto aos sistemas de jogo, o basquetebol ora se apresenta no ataque (sistema
ofensivo), ora na defesa (sistema defensivo) e ora na transição (momento da troca
do sistema defensivo em ofensivo e vice-versa). É importante ressaltar aqui que os
fundamentos da modalidade possuem tanto características defensivas quanto
ofensivas. Ou seja, pertencem ao sistema ofensivo controle de corpo e de bola,
drible, passes, arremessos e rebote; e ao sistema defensivo controle de corpo,
rebote e posição básica de defesa.
Quando uma equipe está em poder da posse de bola, ela está no ataque;
quando não a tem, assume uma postura defensiva e tenta impedir a progressão do
adversário a fim de que o mesmo não faça pontos e ela recupere a bola para,
ofensivamente, apoderar-se da cesta contrária e pontuar. O funcionamento do
sistema defensivo baseia-se em mecanismos que protegem a equipe contra a
invasão adversária. A missão do sistema defensivo é dupla: detectar a presença do
invasor e usar de artifícios adequados para eliminá-lo. A identificação do adversário
é feita pelo reconhecimento de diferenças relevantes a ele. Quando falha, duas
coisas podem acontecer: o adversário penetra o sistema defensivo ou, uma boa
parte do contra-ataque é destruída pela defesa contrária. Esta disputa, opondo
invasores e o sistema defensivo, é um campo repleto de práticas de despiste e
desinformação. Diversas equipes conseguem burlar o sistema defensivo servindo-se
destas táticas; e se a defesa atrapalha, a astúcia resolve.
De acordo com Ferreira (1987), a utilização dos sistemas de defesa e ataque
dependerá das características físicas e técnicas dos jogadores, da equipe
adversária, do grau de habilidade dos jogadores e da situação momentânea da
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partida. Desta forma, ambos os sistemas possuem diversidade e podem mudar no


decorrer de uma partida.
Dentre os esquemas defensivos encontra-se os seguintes:
a) individual - marca-se o jogador e pode ser simples, com visão orientada,
ajuda, flutuação, antecipação e troca de marcação;
b) zona - marca-se a bola e pode ser 2-1-2, 1-2-2, 1-3-1, 2-3, 3-2, 2-2-1 ou 1-
1-3;
c) pressão - caracteriza-se por dois atletas marcando a bola e pode ser
individual ou por zona em quadra toda, ½ quadra ou ¾ de quadra;
d) mista e combinada - combinam defensiva individual com defensiva por
zona podendo ser: box-one, diamont-one, diamont-two e mucht up.
Já o ataque se posiciona, segundo Ferreira (1987), principalmente de acordo
com a defesa adversária e os "buracos" deixados por ela, com o número de pivôs
(simples, duplo, triplo ou se apresenta rotatividade), com o posicionamento inicial
dos atacantes (se 1-3-1, 1-4, 2-3) ou através do contra-ataque. É somente a partir de
seguidas movimentações, treinadas ou não, que o sistema ofensivo encontra
possibilidades de finalização. No sistema ofensivo os atletas recebem uma
numeração para melhor identificação de suas funções. O armador, geralmente mais
baixo, é o número 1 e seu lateral de apoio é o 2. O 3 é outro lateral (ou ala) que
também pode ser chamado de ala-pivô por sua característica de penetrar o campo
adversário. Os outros dois jogadores, pivô móvel (4) e fixo (5), são os mais altos e
tomam conta da área restritiva.
Dentro do basquetebol são estas três estruturas (ataque, defesa e transição)
que sustentam as relações entre os indivíduos que, no confronto desportivo, existem
tanto com os companheiros quanto os adversários. É na transição que o contra-
ataque se caracteriza quando, a partir da bola recuperada, tenta-se, em velocidade,
alcançar a cesta contrária sem que haja tempo suficiente para que o sistema
defensivo do adversário se arme e se fortaleça. Neste momento do jogo os aspectos
subjetivos dos atletas tornam-se mais evidentes, principalmente porque se joga com
o erro adversário e tenta-se assumir uma posição de superioridade emocional. As
repetições do inconsciente ficam mais perceptíveis na transição justamente porque o
atleta não tem controle da situação vivida.
Uma importante característica do jogo de basquetebol é que, se tudo estiver
de acordo com uma prática eficaz, cerca de 70 a 90% do tempo de jogo os atletas
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não estarão em contato com a bola. Isso reforça um "jogar sem bola" que é
fundamentado em diversas situações de ajuda. A ajuda pode acontecer tanto para
facilitar o deslocamento do jogador que está com a posse de bola quanto na
conquista de espaços favoráveis; ou facilitar o desmarque de companheiros e
colocá-los em situações propícias para a execução de passes e/ou arremessos.
Desta forma, os recursos utilizados para este fim (de ganhar espaços e promover
desequilíbrio defensivo), como bloqueio e corta-luz, enriquecem a conduta do
jogador, que se vê conscientizado de sua importância no contexto da prática
desportiva.
Dentre estes recursos, há outros elementos e situações táticas que desafiam
a criatividade e inteligência dos atletas, como antecipação, fintas, e comunicação;
que além de estarem inseridas no contexto desportivo, favorecem as relações
interpessoais dos companheiros de equipe e a "coesão grupal" responsável por
parte do confronto desportivo. Neste sentido, táticas e estratégias são relevantes a
muitos atos bem sucedidos e também são predisposições afetivas e atitudes que o
atleta apresenta em relação ao grupo.
À medida que se possibilita escutar as opiniões dos jogadores a uma situação
concreta, cada um, com freqüência, interpretará de maneira diferente uma
determinada fase e proporá seu final. Assim, a atitude consciente dos jogadores, a
respeito das ações conjuntas da equipe, são muito importantes, pois eles são os
intérpretes diretos dos esquemas e movimentos, personificando em quadra, não só
as decisões do treinador, mas de uma equipe. Por tal motivo, é necessário ter em
conta as propostas dos jogadores e atrair suas habilidades para que proponham
variações como se tratassem de sua própria criação, evitando a desconfiança que
se tem das novas interações. Desta forma, a segurança e eficácia dos movimentos
se manifestarão, possivelmente, em futuras partidas.

4.1 REGRAS

4.1.1 Regras Básicas

O basquetebol é um jogo desportivo coletivo praticado por duas equipes


compostas de cinco jogadores efetivos e cinco suplentes. Para a sua prática é
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necessário um local apropriado como quadra esportiva, tabelas, uma bola e uma
equipe de arbitragem.
O objetivo do basquetebol é Introduzir a bola no cesto da equipe adversária
evitando que a mesma se aposse da bola ou marque pontos.

A quadra apresenta um formato retangular de 28 por 15 metros delimitados


por duas linhas laterais e duas de fundos.

Linha dos Área de


Lance livre Área
3 pontos
restritiva
15 m

28 m

Linha de
Área Círculo Lance
restritiva central livre
m
,05
as 0
Linh

Figura 2 Quadra – dimensões, linhas e áreas

A bola é esférica com perímetro variando de 75 a 78 cm e peso de 600 a 650


gramas, podendo ser de couro de material sintético ou borracha.
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Figura 3 – O arremesso no Basquetebol

Atualmente não há mais o interesse na preparação de um aluno nas aulas de


Basquetebol que sabe apenas executar com perfeição um gesto técnico. O que se
busca hoje em dia é ensinar ao aluno que saiba aplicar este gesto com oportunismo,
inteligência e principalmente criatividade. Neste contexto, se faz necessário pensar
na formação de um aluno criativo, e para que haja a formação deste aluno 4
elementos essenciais precisam ser desenvolvidos no trabalho do professor com os
alunos: velocidade, antecipação, versatilidade e universalidade.
O enfoque dado à importância destes quatro elementos na iniciação e
formação esportiva, visto que trará grandes contribuições para que o profissional de
Educação Física possa formar um jogador capaz de criar, recriar e adaptar o seu
vocabulário motor nas mais diversas situações dos mais variados esportes coletivos.
Abaixo, elaborou-se um breve relato sobre os conceitos de criatividade e
inteligência, com o fito de discutir sobre cada um dos quatro elementos essenciais à
formação do aluno criativo:
1 - Criatividade e Inteligência: Segundo Samulski (1998) criatividade é a
capacidade de produzir novas ações (originais e inesperadas) ou ações apropriadas
(úteis, adaptáveis sobre tarefas). Este mesmo autor conceitua inteligência, no
contexto do jogo, como um pensamento estratégico, operativo e intuitivo cuja
complexidade abrange processos cognitivos como a atenção, percepção,
concentração, imaginação e memória. Estas duas capacidades, associadas aos
conhecimentos de ordens técnicas, táticas e normativas dos esportes coletivos,
constituem os pilares norteadores para a formação do jogador criativo. Neste
contexto, não se pode admitir um processo de iniciação esportiva, conforme afirma
Korsakas (2002), que privilegie a exigência pela perfeição do gesto técnico e o rigor
tático, ignorando as potencialidades e limitações individuais na medida em que
oferece uma única possibilidade de resposta correta. Ao contrário disto, deve-se
buscar oferecer uma ampla rede de atividades motoras que permita a cada aluno
vivenciar experiências múltiplas de movimentos ao nível das habilidades motoras
17

locomotoras, habilidades motoras não-locomotoras e habilidades motoras


manipulativas, indispensáveis ao vocabulário motor do ser humano e que irão
contribuir significativamente no ponta-pé inicial do processo de Educação Esportiva,
que é a Educação Motora (desenvolvimento das habilidades motoras básicas e
específicas). Como afirma Roth (2003) quem dispõe de uma plataforma ampla de
experiências, percepções e emoções tem a vantagem de poder recorrer e procurar
em um grande reservatório criativo, fornecendo um tipo de solo fértil para a
formação do jogador criativo. Este trabalho deve ser realizado de forma lúdica
implícita, privilegiando os aspectos socioeducativos de cooperação, participação e
emancipação, porém não esquecendo de abordar aspectos técnicos, táticos e
normativos dos esportes coletivos. Neste momento os jogos surgem como uma
ótima alternativa pedagógica de ensino, pois possuem um caráter lúdico e ao
mesmo tempo podem agir como facilitadores para os alunos compreenderem a
lógica técnica-tática dos esportes coletivos. Neste contexto, Paes (2002, p.94)
aponta o que ele denomina de "jogo possível" como um importante instrumento visto
que o mesmo:
(...) é um meio que permite aos professores promover intervenções no
processo de educação dos alunos, possibilitando-lhes o aprendizado dos
fundamentos e das regras; trabalhando em espaços físicos que possam ser
adaptados e com o uso reduzido de materiais, permitindo a interação de
quem sabe jogar com quem quer aprender. Afinal, o aluno não precisa
aprender para jogar, e sim jogar para aprender. Além dos aspectos técnicos
e táticos, o "jogo possível" pode ser facilitador das intervenções relativas
aos princípios norteadores, aos valores e aos modos de comportamento de
crianças e jovens (PAES, 2002, p. 94)

Porém, para que o jogo possível funcione em toda a sua plenitude no sentido
de desenvolver no aluno as capacidades de criatividade e inteligência contribuindo
assim para a formação do jogador criativo, 4 elementos essenciais devem ser
trabalhados: velocidade, antecipação, versatilidade e universalidade. A partir de
agora faremos uma breve caracterização de cada um destes elementos
2 – Velocidade: O velho ideal olímpico grego afirma que o esporte constitui
uma via para o homem chegar mais longe, saltar mais alto e ser o mais forte -
"Citius, Altius e Fortius" -, destacando a capacidade física "Velocidade" como um
componente fundamental do rendimento esportivo. Porém, considerando o contexto
do esporte atual parece-nos que este mesmo ideal olímpico omite duas dimensões
fundamentais da prática esportiva enquanto atividade humana: a criatividade e a
inteligência. Segundo Garganta (2001) realmente quando consideramos as
18

exigências do esporte atual se faz necessário pensar na formação de um jogador


que seja capaz de adaptar estrategicamente o seu comportamento motor às
necessidades colocadas pela situação de jogo, assim como também estar
capacitado para provocar , intencionalmente, alterações que lhe sejam favoráveis.
Todas estas alterações de comportamento que visam maior rapidez no pensamento,
no encontro de soluções, na percepção de erros e na decodificação de sinais
emitidos durante o andamento dos jogos caracterizam a velocidade no mecanismo
de tomada de decisão do movimento, ou seja, capacidade de receber um estímulo e
executar rapidamente uma resposta motora adequada.

É sobre esta velocidade que o professor deve desenvolver o seu trabalho


quando a intenção é formar um jogador criativo, pois afinal de contas nos
esportes coletivos os jogadores possuem muitos e variados objetivos a
atingir ao longo do jogo, onde as ações e movimentações dos adversários
em relação a trajetória da bola, deslocamentos e habilidades individuais não
são lineares e muito menos antecipadamente conhecidas, sendo de
fundamental importância que o jogador seja capaz de no menor tempo
possível selecionar, num caos de informações, aquelas que lhes são mais
úteis para tomar a decisão correta e atingir o objetivo (GARGANTA, 2001, p.
9).

Continuando no estudo da velocidade de tomada de decisão de um


movimento, Schmidt (1983, apud Benda, Xavier e Martini, 2005) nos coloca alguns
fatores que podem vir a influenciar este elemento:
a) Número de alternativas estímulo-resposta: aqui afirma-se que
quando o número de possibilidades de respostas aumenta a
velocidade na tomada de decisão diminui. Isto nos parece lógico e
até nos leva a acreditar que a possibilidade de erro na decisão
tomada também aumentará, já que o número elevado de respostas
possíveis pode levar a uma resposta que não se constitua na
decisão mais correta.
b) Compatibilidade estímulo-resposta: aqui afirma-se que a
velocidade na tomada de decisão está diretamente relacionada a
compatibilidade entre o estímulo e a resposta. Por exemplo: se em
um jogo de Handebol o goleiro observa o atacante adversário
realizar o movimento do braço para baixo e a bola ser arremessada
também neste sentido, a velocidade que ele tem de executar uma
resposta motora adequada a este estímulo será bem maior do que,
por exemplo, se o atacante olha para o lado direito do gol e
19

arremessa no lado esquerdo, caracterizando uma incompatibilidade


entre o estímulo e a resposta (Benda, Xavier e Martini, 2005).
c) Quantidade de prática: aqui afirma-se que quanto maior o
vocabulário motor do jogador maior será a sua velocidade em
executar uma resposta motora adequada ao estímulo. Neste
contexto a quantidade de prática assume um papel importantíssimo,
porém a sua eficiência em atingir este objetivo, na grande maioria
das vezes, só é suficientemente válida quando se enfrenta
oponentes que se utilizam de situações estereotipadas e poucas
alternativas de possibilidades de movimentação.
Estes poderiam ser considerados os 3 principais fatores que
influenciam a velocidade na qual um jogador recebe um estímulo e
rapidamente executa uma resposta motora adequada.
3 – Antecipação: Nos esportes coletivos quando se consegue desenvolver
no aluno o elemento antecipação, adquiri-se uma grande vantagem em relação ao
adversário. Entenda-se por antecipação “[...] o processo de resposta motora em
função da ação do próprio jogador, do companheiro de equipe ou em função da
ação do adversário” (RIBAS, 2003, p. 4). Isto implica dizer que durante todos os
momentos do jogo o jogador deverá observar as ações de seus companheiros e
adversários e, com base nestas, tomar decisões no intuito de executar uma resposta
motora adequada que lhe permita se antecipar e deste fato tirar grande vantagem.
Neste sentido, alguns objetivos táticos ofensivos e defensivos podem ser
trabalhados durante os jogos de iniciação e da posterior continuação da formação
esportiva. Segundo Roth, Schubert, Spate e Ehret (2002, p. 36), três destes
objetivos seriam:
31) Perturbar o recebimento da bola: perfeitamente trabalhável na iniciação
esportiva através de jogos de "ataque x defesa", onde a defesa deve impedir que o
ataque acerte um determinado alvo e com isso perturbe a troca e o recebimento da
bola por parte deste ataque.
32) Impedir o passe da bola: aqui o interessante é que durante o andamento
dos jogos de iniciação esportiva se estimule livremente que quem está sem a posse
de bola pressione o adversário com o intuito de impedir a troca de passes entre o
mesmo e os seus companheiros de equipe.
20

33) Interceptar passes: aqui o interessante é que durante o andamento dos


jogos de iniciação esportiva o professor estimule em seu aluno a observação
objetiva do jogo que está sendo desenvolvido nas ações da equipe adversária para
que, sempre que se abrir uma oportunidade, o aluno tenha a possibilidade de
interceptar o passe do adversário.
Um quarto objetivo que poderia se enquadrar neste contexto é o que Kroger e
Roth (2002) denominam de elemento tático ofensivo no intuito de "oferecer-se e
orientar-se". Aqui o importante é que durante o andamento dos jogos de iniciação
esportiva o professor estimule em seus alunos a capacidade de, no momento exato,
obter uma ótima posição, seja para se antecipar ao defensor e conseguir uma boa
condição de arremesso, ou seja, para o defensor se antecipar ao atacante e
conseguir retomar a bola para a sua equipe. Como foi dito na parte inicial deste
artigo, tudo isso deve ser realizado considerando-se o contexto da ludicidade,
recreação e motivação, de forma livre e sem cobranças e pressões exacerbadas.
Se o trabalho for bem realizado e o aluno adquirir em seu comportamento
motor o princípio da antecipação, ele terá adquirido mais um dos elementos
essenciais à formação de um jogador criativo. Para se ter uma idéia da importância
deste elemento, Garganta (2001) nos fala que a antecipação, por exemplo, permite
que um jogador, mesmo sendo "mais lento" do que o outro do ponto de vista
fisiológico, possa atingir mais rapidamente uma área de jogo que lhe seja favorável,
porque previu e antecipou a resposta. Neste âmbito, a capacidade de antecipação
parece revelar-se um indício fundamental para diferenciar jogadores criativos e
inteligentes de jogadores pouco esclarecidos técnica e taticamente (Tavares, 1994
apud Garganta, 2001).
4 - Versatilidade
Um aluno versátil é aquele que executa com relativa perfeição os diversos
fundamentos técnicos do esporte.
Considerando o sistema de iniciação, formação e treinamento desportivo
sugerido por Greco, Benda e Ribas (1998) a iniciação aos fundamentos técnicos em
sua forma global específica do esporte escolhido se dá na fase de orientação (11 a
14 anos), porém aqui a ênfase não deve ser dada sobre a perfeição do gesto. O
importante é que neste momento a criança vivencie, através de atividades lúdicas,
os movimentos específicos do esporte, entretanto sem um alto nível de perfeição
gestual (Greco, Benda e Ribas, 1998). Na fase seguinte, denominada fase de
21

direção (14 a 16 anos) entende-se que a especialização dos fundamentos técnicos


em uma modalidade esportiva possa ser iniciada, levando a que ao final desta fase o
aluno tenha em seu vocabulário motor um padrão de movimento que o permitirá
entrar em uma fase de especialização visualizando futuramente o treinamento de
alto rendimento. É válido frisar que tanto na fase de orientação quanto na fase de
direção, outras modalidades esportivas devem ser praticadas no intuito que o aluno
não se especialize em um esporte específico, evitando "queima" de etapas e
enriquecendo as experiências motoras do mesmo.
Se o trabalho realizado pelo professor conseguir fazer com que a criança
passe adequadamente pelas etapas de iniciação acima mencionadas, há uma
grande probabilidade de que ela chegue na fase de especialização executando os
diversos fundamentos técnicos do esporte escolhido com relativa perfeição,
condição essencial para que possa ser considerada uma atleta versátil.

5 - Universalidade
Primeiro dia das aulas de esportes nas escolas: o professor recebe os alunos
e logo de cara já começa a visualizar as posições adequadas para cada um dos
mesmos. O professor de basquetebol olha para a criança que se destaca pela alta
estatura e já define que a mesma jogará na posição de pivô. O de futebol segue pelo
mesmo caminho e visualiza a criança somente como um futuro goleiro ou zagueiro.
E assim a criança passa o resto de seu ano escolar condicionada a jogar e se
especializar em uma só posição. Esta situação não está muito longe de acontecer
na realidade atual do esporte infantil.
Entretanto, não sabem estes professores que tal atitude só vem a contribuir
para restringir e limitar as possibilidades de desenvolvimento ou
melhoramento de outras habilidades não exigidas nas posições acima
citadas, porém necessárias, por exemplo, para um armador ou ala no
basquetebol, ou até mesmo para um atacante no futebol; em suma, pode-se
dizer que quando não se faz uma experimentação em diferentes posições a
criança não desenvolve por completo suas potencialidades (KORSAKAS,
2002, p. 12).

Quando falamos em desenvolver habilidades no aluno a partir do


basquetebol, a referência está nas ações técnicas e táticas ofensivas e defensivas
de um esporte, é aquele que sabe jogar bem em todas as posições. Considerando
que a criança já está iniciando o seu aperfeiçoamento técnico em uma modalidade
esportiva específica, chegamos à fase de direção (13 a 16 anos).
22

É nesta fase que o professor deve identificar em seu processo de ensino-


aprendizagem a prática de atividades que, no contexto do esporte, favoreçam o
conhecimento das características específicas de cada posição tanto no âmbito
técnico, quanto nos âmbitos táticos e normativos, sem permitir que a criança se
especialize e aprenda somente o comportamento motor inerente a uma posição
específica.

4.2 O BASQUETEBOL COMO UM JOGO COOPERATIVO

4.2.1 O Basquetebol em Equipes de Base - Mini e Mirim

O basquetebol apresenta grande precisão, velocidade e obriga um grande


domínio das habilidades específicas. São os níveis destas habilidades que permitem
medir o desenvolvimento das demais capacidades relacionadas a este desporto.
Quando se observa o desempenho de um atleta (ou futuro atleta), vê-se mais uma
apresentação das habilidades desenvolvidas do que suas capacidades em si.
Nas categorias menores existe um grande número de habilidades a serem
aprimoradas. A aprendizagem, fixação e aperfeiçoamento dos fundamentos
específicos e dos exercícios devem acontecer de acordo com o grau de dificuldade e
freqüência com que se pratica; partindo-se do mais simples para o mais complexo e
contemplando o encadeamento estrutural e seqüencial dos mesmos.
Não resta dúvidas que uma prática constante leva a um melhor desempenho
e a uma melhor condição de jogo. Apesar desta especificidade exigida pelo
desporto, as atividades desenvolvidas devem ser tratadas de forma que não caiam
na simples mecanização de movimentos. Na iniciação desportiva é necessário
mostrar a importância de um trabalho amplo de base, adequado às características e
necessidades dos jovens e saber escolher a tarefa apropriada para eles, a idade que
for. Se há no grupo uma atividade que reflita diretamente no rendimento desportivo,
é também necessário fazer um trabalho preventivo, a fim de se evitar lesões físicas
e/ou psíquicas decorrentes da prática.
Este tipo de preocupação existe principalmente por estar sendo desenvolvido
um trabalho em indivíduos em fase de crescimento sem boa estrutura óssea nem
23

bom armazenamento de cálcio e com a cartilagem ainda em desenvolvimento. Dá-


se ênfase às questões relativas à força, flexibilidade e resistência muscular que,
como outras capacidades, apresentam picos específicos e valores diferentes
dependendo da faixa etária na qual se está trabalhando o que possibilita, através de
uma melhor adequação dos estímulos fornecidos pelos técnicos, alcançar resultados
favoráveis.
Mas as preocupações com o trabalho em equipes de base não acabam por
aí. Estando nas de caráter individual (formar o jogador) e coletivas (criar uma equipe
coesa), enquadra-se no processo, um direcionamento psicológico. Concomitante à
constituição psíquica ocorre à escolha do atleta pelo grupo.
Os aspectos psicológicos podem e devem ser trabalhados na aprendizagem e
prática das diversas componentes do esporte através de situações semelhantes a
de jogo, das próprias regras do basquetebol, da experiência em competições indo
desde o controle de bola até a conclusão da jogada, onde são trabalhados inúmeros
fundamentos de diversas formas: com ou sem bola, individualmente ou em grupos,
com exercícios simples ou complexos. Se o basquetebol segue uma determinada
linha de desenvolvimento, deve-se associar os elementos psicológicos com aquilo
que é proposto pela atividade específica, ou mesmo abrir espaços para que os
jovens falem e avaliem os caminhos decorrentes de determinadas situações,
estimulados, de preferência, de modo que ele próprio se conscientize e chegue a
uma resposta mais adequada.

4.2.2 O Basquetebol como um jogo: Competição ou Cooperação?

Historicamente o jogo é encontrado em todas as atividades humanas e pode


ser analisado numa perspectiva cultural, estando inserido nos costumes dos
diferentes povos do planeta. Conforme as diferentes manifestações culturais, os
jogos apresentam expressões e características próprias (na linguagem, no
conhecimento, na arte, na poesia,...). Pode ser mais antigo que a própria cultura pois
esta, vem antes e determina a formação das sociedades humanas.
A formação cultural tem um caráter lúdico e o conceito de jogo deve estar
integrado no conceito de cultura. Os animais também realizam atividades lúdicas,
independentes da ação do homem, podendo determinar a dimensão natural que o
24

jogo ocupa. Diante do exposto o jogo é um fenômeno cultural tendo um grau de


importância na formação do ser humano.
Para Huizinga (1996, p. 11) "[...] a criança joga e brinca dentro da mais
perfeita seriedade, que a justo título podemos considerar sagrado”, estando o jogo
intrínseco a criança, é exteriorizado pelas características extrínsecas que os jogos
possuem. Fazendo parte do crescimento e desenvolvimento do indivíduo, o jogo é
inerente ao ser humano, sendo apresentado por Huizinga, uma nova designação
para a espécie humana, "Creio que, depois de Homo faber e talvez ao mesmo nível
de Homo sapiens, a expressão Homo ludens [!] merece um lugar em nossa
nomenclatura." (HUIZINGA, 1996, prefácio). É perceptíveis a noção do homem
lúdico e a noção de jogo fazendo parte da vida do homem.
Huizinga citado em Brotto (1999, p. 15), descreve que "[...] eu creio, afinco e
aposto que se nos alfabetizarmos em ‘JOGOS COOPERATIVOS’, teremos criado
uma nova linguagem, uma linguagem capaz de melhorar os homens-mulheres e,
consequentemente, de melhorar o mundo.", sendo uma estratégia que o homem
utiliza para separar o significado do objeto, condição necessária para poder
aprender a linguagem corporal, escrita, leitura e visão de mundo. Dentro de uma
harmonia entre crescimento e desenvolvimento, o jogo deve ser valorizado no
processo educacional onde oportuniza os movimentos gerais.
O padrão de movimento é alcançado através de uma série de movimentos
organizados em uma seqüência espacial e temporal, conforme Wickstrom, apud
Tani (1988, p. 12), afirma que “[...] se existe vida, existe movimento e se no local há
crianças, existe movimento quase perpétuo. A exploração do meio ambiente é a
forma com que a criança adquire suas primeiras experiências sensoriais”.
Para Tani et al (1988, p. 63) “[...] o grau de importância dos movimentos para
o desenvolvimento da criança, está na aquisição dos padrões fundamentais de
movimento e a capacitação motora ampliada”.
As aulas de Educação física para crianças entre quatro e quatorze anos são
de fundamental importância e devem contribuir para o crescimento e o
desenvolvimento destas. Para que isso ocorra, o educador deve ter noções dos
conhecimentos básicos que abordem os aspectos biológicos da atividade motora, da
aprendizagem de atividades básicas e específicas, do desenvolvimento motor,
cognitivo e afetivo-social.
25

A Educação Física escolar precisa ser estruturada através de abordagens


microscópicas que segundo Tani (1988, p. 135), "[...] partiu do posicionamento
básico de que, se a Educação física pretende atender às reais necessidades e
expectativas da criança, ela necessita, antes de qualquer coisa, compreender as
suas características em termos de crescimento, desenvolvimento e aprendizagem",
demonstrando características da educação pelo movimento acontecendo como um
ciclo natural no desenvolvimento.
As crianças normais no dia a dia esbanjam movimentos, os quais levarão à
aquisição de novos conhecimentos. A qualidade desses movimentos é que farão a
diferença na vida. Através da aplicação de recursos pedagógicos apropriados no
processo educacional, a educação pelo movimento estará sendo beneficiada.
As tentativas e critérios para classificação dos jogos têm sido intensas nos
últimos trinta anos, por estudiosos de diferentes áreas (Sociologia, Psicologia Social
e Pedagogia). Porém, a importância da cooperação e sua valorização pouco se
evoluíram até a última década. O objetivo desta etapa do trabalho é apresentar a
cooperação como um fator intrínseco ao binômio: ganhadores vencedores.
Todos ganham juntos para isso, uma das funções do professor é tornar-se um
“Clips” para unir os alunos despertando neles o espírito da cooperação, fazendo com
que estes se ajudem mais, ao invés de competirem entre si. A convivência entre os
homens está necessitando de mais respeito mútuo, harmonia e unidade, na busca
por um objetivo maior, onde cada um faz a sua parte para o benefício de todos.
Vive-se num mundo onde as pessoas estão procurando aproximar-se mais,
diminuindo fronteiras, fazendo com que os interesses do vizinho estejam em prol de
todos que o rodeiam, e então porque não haver uma união do grupo (bairro, vila,
rua, etc.) para alcançar um objetivo que pode ser benéfico para todos?
O tipo de jogo usado na educação vai contribuir para o êxito ou o fracasso
dos objetivos do professor. Ao se optar por jogos de competição valoriza-se a busca
de resultados em relação ao oponente, prevalecendo a rivalidade, jogando um
contra o outro. A competição não une as pessoas, antes as separa mais. Enquanto
os membros de uma equipe estão unidos entre si, há sentimentos de separação e
desumanidade contra os da outra equipe.
Jogos cooperativos são quando as pessoas ou grupos combinam suas
atividades, trabalhando em união para a busca de objetivos comuns, onde o sucesso
de um seja também o sucesso dos demais. O importante é aprender a jogar, pois,
26

para Leonard, citado por Brotto (1999, p. 33), "[...] a maneira com que se joga pode
tornar o jogo mais importante do que imaginamos, pois significa nada menos que a
maneira como estamos no mundo". A cooperação é muito coerente com o trabalho
em grupo (escola), pois, evita a competição para alcançar metas comuns; evita a
eliminação procurando a integração de todos; evita a passividade permitindo a
criação e colaboração de todos assim como evita também a agressão física que é
comum nos jogos competitivos. Cooperação é a capacidade de trabalhar em prol de
uma meta comum.
Por conseguinte os jogos cooperativos estariam favorecendo a empatia
(capacidade de sentir como está o outro); a estima (reconhecendo e expressando a
importância do outro) e o diálogo franco entre os jogadores.
Diante desses elementos estabelecemos, para as aulas de Educação Física,
uma sistematização mais específica a respeito do jogo; de forma que seja entendido
enquanto conhecimento, não perdendo sua essência e características enquanto
fenômeno cultural. Assim identificamos e propomos uma sistematização em que são
evidenciadas categorias, características, classificações e conceitos acerca do jogo:
a) Jogos de salão: são aqueles conhecidos também como jogos de mesa, em
que o jogador desprende menos energia por parte da movimentação corporal,
realizados em pequenos espaços, geralmente em ambientes mais fechados
(salas), usando-se tabuleiros e pequenas peças para representação dos
jogadores, em que suas regras são pré-determinadas. Na atualidade muitos
desses jogos são pré-fabricados - industrializados.
b) Jogos populares: são aqueles conhecidos também como jogos de rua, em
que seus elementos podem ser alterados/decididos pelos próprios jogadores,
portanto apresentando-se com uma variabilidade no número de participantes,
com uma flexibilidade de regras, e sem exigir recursos materiais mais
sofisticados, pois sua gênese está na cultura popular.
c) Jogos esportivos: são aqueles que assumem características de
esportivização, geralmente são conhecidos como esportes coletivos, salvo
algumas exceções como o tênis, o tênis de mesa etc. Estes fazem, ou tem
como meta fazer, parte dos jogos olímpicos, devido ao próprio processo de
reconhecimento enquanto esporte. Seus elementos são bem definidos,
padronizados, e institucionalizados por entidades organizacionais, suas
27

regras são determinadas com rigorosidade procurando atingir a


universalidade, podendo apenas ser alteradas por aquelas entidades.
Esta sistematização objetiva trazer uma estruturação mais específica a
respeito do conhecimento JOGO, a fim de proporcionar uma melhor delimitação em
forma de conteúdos de ensino para a prática pedagógica da Educação Física na
escola.

FIGURA 4: Processo de um comportamento adequado à situação de jogo.


(Schnabel, 1994, apresentado por Greco, 1999)
28

FIGURA 5: Fatores que influenciam o aprendizado técnico (Weineck, 1999)

As motivações que definem as atividades desportivas, parecem ser: melhorar


as habilidades, passar bem, vencer, vivenciar emoções, desenvolver o físico e o
bem estar. Assim, o tipo de motivação, pode definir a orientação de jogar. Portanto,
o que interessa não é a vitória contra um adversário, mas sim o progresso pessoal.
O principal fator pela procura da prática esportiva continua sendo à busca da
ludicidade, divertimento e aprimoramento de suas habilidades motoras. A
competição deve ser estimulada apenas para aqueles que demonstrem esse tipo de
interesse dentro do esporte organizado.
Nesse sentido, há falhas no aspecto educativo, quando se conserva todo um
espírito que valoriza a seleção, a vitória, e não respeita as capacidades e as
necessidades individuais. Muitas vezes, as crianças são levadas a competir, mesmo
quando não estão preparadas e sem que haja um equilíbrio entre os participantes,
causando uma grande frustração entre as perdedoras em relação ao desporto. O

importante é que haja um equilíbrio entre o jogo de cooperação (lúdico) e/ou o jogo
competitivo que o motiva na busca pela vitória, isso é de extrema importância para a
criança.
Para Orlick (1989, p.118),
29

A principal diferença entre cooperação e competição é que no primeiro


todos cooperam e ganham, eliminando-se o medo do fracasso e
aumentando-se a auto-estima e a confiança em si mesmo. Ao passo que no
segundo, a valorização e reforço são deixados ao acaso ou concedidos
apenas ao vencedor, o que gera frustração, medo e insegurança.

Sendo assim, podemos afirmar que cooperação e competição são


direcionadas a partir de agora em comparações entre as diferenças e atitudes que
essas duas palavras podem tomar:

Cooperação (aprende-se) Competição (inicia-se)


A compartilhar, respeitar e integrar Com a discriminação e a violência;
diferenças;
A conhecer nossos pontos fracos e Com o medo de arriscar e fracassar;
fortes;
A ter coragem para assumir riscos; Em fazer por obrigação;
A ter sentimentos e emoções com Pela repressão de sentimentos e
liberdade; emoções;
A participar com dedicação; Pelo egoísmo, individualismo e
competição excessiva.
A ser solidário, criativo e cooperativo;
A ter vontade de estar junto

Abaixo, uma definição dos jogos cooperativos, no entender de Brotto (1997,


p.16):

Os Jogos Cooperativos vêm com a intenção de compartilhar, unir pessoas,


despertar a coragem para correr riscos com pouca preocupação com o
fracasso e sucesso em si mesmo. Eles reforçam a confiança em si mesmo e
nos outros, e todos podem participar autenticamente, onde ganhar e perder
são apenas referências para o contínuo aperfeiçoamento pessoal e coletivo.
Dentro desta visão, podemos concluir o raciocínio que os Jogos Cooperativos
são uma forma de integrar os valores humanos e a convivência dos indivíduos no
desenvolvimento de uma aprendizagem, de forma a estar jogando uns com os
outros ao invés de uns contra os outros.
A progressão de um período para outro vai depender das mudanças nas
restrições críticas, em que as habilidades e as experiências adquiridas no período
anterior servem como base para a aquisição de habilidades posteriores. No entanto,
para esse modelo, as idades dadas para cada período são apenas estimativas; a
ordem dos períodos é que é significante, e não a idade proposta.
30

"Cada faixa etária tem suas tarefas didáticas especiais, bem como
particularidades específicas do desenvolvimento. A oferta de estímulos e
aprendizagens deve ser regulada pela fase sensitiva" (WEINECK, 1991, p. 517).
Deve ser salientado que coordenação (técnica) e condição devem ser sempre
desenvolvidas paralelamente, mas com o peso correspondente).

Com a queda no aprendizado de novas habilidades coordenativas na


pubescência, devido a fatores de crescimento e desenvolvimento, deveria
ser dada ênfase no aperfeiçoamento e fixação de seqüências motoras já
dominadas e técnicas esportivas. Na adolescência ocorre uma estabilização
geral da condução de movimentos, uma melhora da capacidade de controle,
de adaptação, de reorganização e de combinação (MEINEL, citado por
WEINECK, 1991, p. 552).

Para Weineck (1991), a adolescência começa normalmente aos 14/15 anos


nos meninos e vai até 18/19 anos. A adolescência forma o fim do desenvolvimento
da criança para o adulto, caracterizada pela diminuição de todos os parâmetros de
crescimento e desenvolvimento. Ocorre uma harmonização das proporções, o que é
favorável em relação a uma melhora das capacidades coordenativas.
Para ele, pode ser treinada nessa fase com máxima intensidade as
capacidades condicionais e coordenativas, apresentando uma fase de melhoras
elevadas no desempenho motor.
Para o treinamento, essa fase apresenta melhoras, pois ocorre um
equilíbrio psicológico. Ele deve ser atribuído à estabilização da regulação
hormonal que ainda mostrava turbulentas alterações na fase anterior: os
mecanismos de controle neurohumorais hipotálamo-hipofisários sofrem um
acerto definitivo. Ao contrário da fase anterior, agora apenas quantidades
grandes de hormônios acionam os receptores do centro de regulação do
hipotálamo (DEMETER, citado por WEINECK, 1991, p. 252)

Com as proporções equilibradas, a psique estabilizada, a maior


intelectualidade e a melhor capacidade de observação fazem da adolescência a
segunda "idade de ouro" da aprendizagem (WEINECK, 1991). Aos 16 anos muitos
desses conflitos desaparecem; a necessidade de independência transforma-se num
calmo desejo de emancipação.
A adolescência deveria ser aproveitada para o aperfeiçoamento das
técnicas específicas da modalidade esportiva e para a aquisição da
condição específica da modalidade esportiva (...) No conjunto esta fase
apresenta um bom período para a aprendizagem motora - nos jovens do
sexo masculino é mais acentuada que nas jovens -, que possibilita um
treinamento coordenativo ilimitado em todas as modalidades esportivas
(WEINECK, 1991, p. 263).
31

4.3 HABILIDADES PARA O BASQUETEBOL

4.3.1 Treinamento

O treinamento tem como principal objetivo causar adaptações biológicas


destinadas a aprimorar o desempenho numa tarefa específica (McARDLE; KATCH;
KATCH, 1991).
"A elaboração metodológica tem assentado nas dominantes condicionais do
treino desvalorizando-se as vertentes de índole coordenativa" (SANTOS, 1992, p.
105).
A demonstração facilita o aprendizado, pois instruir e depois demonstrar
minimiza instruções mais complexas. A demonstração apresenta particularidades
que reduzem a incerteza na execução de uma habilidade motora.
Os treinadores deveriam utilizar dois métodos de ensino: a demonstração e a
instrução verbal. Alguns estudos comprovam que a aprendizagem é mais eficiente
ao se utilizarem várias demonstrações, mas somente a demonstração não é
suficiente, por isso se utiliza a instrução ou palavras-chave.
O processo de aprendizagem é influenciado por um conjunto de variáveis,
sendo a prática do indivíduo uma das mais importantes.

4.3.2 Treinamento Físico

O treinamento físico é definido por Barbanti (2003, p. 595) como o "tipo de


treinamento cujo objetivo principal é desenvolver as capacidades motoras
(condicionais e coordenativas) dos executantes, necessárias para obter rendimentos
elevados, e que se faz através dos exercícios corporais".
Durante a iniciação geral e os períodos de preparação, deve-se utilizar a
preparação física geral (KUNZE, 1987).
Para Bosco (1994), o princípio da preparação física implica na utilização de
variados métodos e de exercícios físicos para obter um efeito positivo em todos os
órgãos do corpo.
32

5 O ADOLESCENTE DE 12 A 15 ANOS: CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA E A PRÁTICA


DO BASQUETEBOL

O interesse pelo físico no desporto é evidente. Quanto mais competitivo o


desporto tanto mais o corpo torna-se rodeado de investimentos e cuidados especiais
devido ao aumento das sobrecargas e também das responsabilidades adquiridas.
O corpo no desporto pode ser considerado o acúmulo de experiências
motoras provenientes de estímulos internos e externos, cuja suas manifestações
físicas serão as somatórias dos princípios de prazer ou desprazer provenientes de
diversos momentos da vida do atleta e aparecerão constituídas das inúmeras
técnicas de controle corporal. Em um determinado momento desportivo estas
manifestações podem se expandir em representações simbólicas e modificar as
relações entre o atleta e o desporto, principalmente quando se trata do sucesso ou
fracasso das ações desportivas.

5.1 FASES

5.1.1 O Período da Adolescência

Falar sobre adolescência é dizer um processo permeado por desequilíbrios e


instabilidades extremas. Não é apenas um período pelo qual todo jovem passa, mas
também a etapa fundamental da sua vida cujo objetivo é estabelecer sua nova
identidade que só será estabelecida - em qualquer fase da vida - mediante um
processo de crise. Por razões tanto internas quanto externas esta crise se torna
mais aguda e evidente na adolescência já que "[...] o processo adolescente visa,
fundamentalmente, a conquista de si mesmo, isto é, afirmar-se numa identidade
própria, resultado de uma longa e penosa revisão das vivências infantis e das
identificações estabelecidas anteriormente" (ENDERLE, 1988, p.24)
33

Segundo Aberastury (1992, p. 13), “[...] a entrada ao mundo adulto significa


para o adolescente "a perda definitiva de sua condição de criança", que vai
acontecer a partir de uma série de mudanças que ocorrerão com o corpo se
apropriando das formas físicas apresentadas pelo adulto.
Para a autora, "a problemática do adolescente começa com as mudanças
corporais, com a definição do seu papel na procriação e segue-se com mudanças
psicológicas" (ABERASTURY, 1992, p.16).
É a partir das mudanças corporais e como esse "novo corpo" se relaciona
com os outros que surgem os conflitos indicadores das mudanças psicológicas neste
período.
Knobel (apud Aberastury & Knobel, 1992) diz que o crescimento desordenado
que provoca um sentimento de estranheza e insatisfação inicia um processo de
"despersonalização" do adolescente que se vê permeado de questionamentos sobre
sua vida e o seu lugar no mundo já que nem ele mesmo se reconhece sob tantas
mudanças. Para o autor, é neste ponto que se instaura a crise existencial marcada
por uma grande instabilidade afetiva, labilidade emocional, crises de arroubo e
indiferença, entre tantas outras angústias e ansiedades.
Este período, caracterizado por contradições e conflitos com o meio familiar e
social e também responsável pelo fim da infância, refletir-se-á através da
ambivalência de papéis que são atribuídos ao adolescente. Se para algumas tarefas
o adolescente é considerado responsável para outras é apenas uma criança e esta
indefinição de suas (possíveis) responsabilidades o deixa tão confuso que às vezes
perde o rumo e não consegue perceber o que pode ou não fazer. A dualidade faz
parte deste processo: ao mesmo tempo em que há uma rejeição do contato com os
pais e uma grande necessidade de independência, o jovem ainda continua
dependente emocional e economicamente o que contribui para aumentar, em muito,
os conflitos já existentes.
Segundo Corso (1997), para os pais algo também se perde com o fim da
infância: o sonho do filho desejado. Se durante a infância o sujeito pode reagir ou se
opor às imposições dos desejos inconscientes dos pais, a adolescência se
transforma na ruptura dessa posição, própria da infância, de ser uma extensão dos
pais. Neste ponto "os pais não reconhecem naquele filho o fruto de seus melhores
esforços; por seu lado, o adolescente não quer se reconhecer no que tem de
sobredeterminação paterna em cada poro" (p.88), causando um desencontro no
34

interior da família onde o jovem passa a ser um "estranho" para os pais. Este
desencontro, marcado pelo silêncio, torna a comunicação impossível. O adolescente
está lá, mas invisível, pouco acessível. Ora ele está trancado no quarto, ora em uma
infindável conversa ao telefone ou, certamente, foi ao encontro de um amigo.
"O adolescente não quer ser como determinados adultos, mas em troca,
escolhe outros como ideais" (ABERASTURY, 1992, p.14). Sua hostilidade frente aos
pais e ao mundo em geral se manifesta na sua desconfiança, na idéia de não ser
compreendido, na sua rejeição pela realidade. Ele começa a perceber que seus pais
não são tudo aquilo que ele imaginava que fossem e nesta fase, dilui-se a figura do
pai herói que se vê substituída por novos ídolos como artistas, professores,
jogadores, atletas famosos entre outros.
Este processo normal pelo qual o adolescente passa, se caracteriza pela
busca de identidade ideal e prepara o jovem para assumir sua identidade adulta. As
particularidades deste processo ficam por conta de caracteres estruturais individuais
e do contexto onde este jovem se insere. A forma como cada um lida com seus
desejos, angústias e frustrações é particular. O ser humano, por essência é um ser
que deseja e que passa toda sua vida tentando preencher o vazio que o constitui.
Alguns buscam superar esta falta fundamental usando artifícios que
imaginariamente a tamponariam.
Para exemplificar esta construção encontra-se o filho de um atleta que pode
vir a se tornar também um atleta porque desde sua gestação já foi sendo desejado e
nomeado pelos pais como um futuro campeão. Cabe a ele, no transcorrer de sua
existência, apropriar-se ou não dessa marca de desejo deixada em sua vida.
Quando um atleta está em quadra ele pode simplesmente querer responder a uma
demanda gerada pelo outro, fato que poderia gerar uma série de conflitos internos e
comprometer sua atuação desportiva. A questão é sempre a que desejo ele está
respondendo: seu ou do outro.

5.2 O ADOLESCENTE E A TENDÊNCIA GRUPAL

Segundo Knobel (1992), em busca da identidade o jovem recorre a um


comportamento defensivo de uniformidade, o que lhe proporciona segurança e
35

estima pessoal. O adolescente sai em busca do outro com quem possa se


identificar, procura espaços e pessoas semelhantes que ele imagina que saibam da
sua angústia. Surge o interesse pelo grupo pelo qual ele se mostra tão inclinado e
que passa a ter importância primordial em sua vida.
No grupo, o jovem encontra o reforço necessário para os seus aspectos
mutáveis já que ele "[...] não sente que estão acontecendo processos de mudança,
dos quais não pode participar de modo ativo, e o grupo vem a solucionar então
grande parte de seus conflitos" (KNOBEL apud ABERASTURY; KNOBEL, 1992,
p.37).
A necessidade de criar uma identidade e de ser alguém fará com que este
indivíduo adote as normas ditadas pelo grupo - que o incluiu como membro -
tornando-o aliado importante para o seu desenvolvimento. Daí para frente o seu
comportamento, seu modo de vestir, de falar, de andar, de pensar o mundo será
regido pelas normas deste grupo, respeitando-se, é claro, algumas poucas
diferenças.
A escolha do grupo dependerá das particularidades e disponibilidades
individuais. Desta forma, o adolescente é vulnerável para assimilar os impactos que
a sociedade lhe oferece, com seu quadro de violência e destruição, tornando-o alvo
fácil à perversidade como a aderência às drogas, a prostituição e a delinqüência. É
importante ressaltar aqui, que esta vulnerabilidade conferida ao jovem possibilita
uma escolha por outros grupos, como por exemplo o desportivo, através de seus
interesses.

5.3 CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO DESPORTIVO

A primeira coisa que surge na mente quando se pensa em um determinado


grupo é em um conjunto de coisas ou pessoas formando um todo, ou ainda, em uma
pequena associação ou reunião de pessoas com o mesmo objetivo.
Ao se transportar tais conceitos para o desporto, uma equipe desportiva
corresponderia ao conjunto de pessoas que formam um todo, cujo objetivo principal
é a conquista do êxito desportivo em uma determinada prática, e que venha
acompanhado, preferivelmente, da vitória.
36

Muitos autores reportam-se aos grupos desportivos através das teorias gerais
de pequenos grupos e coletividades. Para estes, a estrutura dos grupos divide-se
em duas partes: uma "formal" (ou oficial) e outra, "informal" (ou não oficial). A
estrutura formal do grupo, que corresponde às relações operacionais, é
representada pelos direitos e deveres de cada um de seus membros. Numa equipe
desportiva, por exemplo, isso se evidencia de acordo com a parte que cabe aos
atletas dentro de uma sessão de treinamento, um jogo ou mesmo um campeonato.
Já a estrutura informal se evidencia através das relações interpessoais existentes
dentro do grupo, referentes aos aspectos positivos ou negativos das manifestações
emocionais.
No basquetebol, a organização de funções e papéis correspondentes à
superestrutura ou a estrutura formal do grupo é claramente representada pelas
posições que cada atleta assume em quadra (se é armador, lateral ou pivô; ou seja,
se assumem posições 1, 2, 3, 4, ou 5) de modo a organizar suas estratégias
ofensivas e defensivas representadas pelas tarefas que cabem a eles realizar. Neste
ponto as interligações afetivas entre os componentes do grupo não deveriam alterar
sua funcionalidade uma vez que em quadra todos os atletas deveriam cumprir com
seus direitos e deveres e postarem-se em relação aos outros de modo a chegarem
ao objetivo comum da conquista desportiva. Mas, como a subestrutura ou estrutura
informal não tem uma divisão clara e regulamentada e nela os papéis se distribuem
espontaneamente de acordo com a influência, autoridade, simpatia e atrativo
pessoal entre os próprios integrantes da equipe, muitas vezes é comum encontrar tal
estrutura rompida principalmente quando a eleição e a preferência dos
companheiros, uns pelos outros, determinam-se pela atitude pessoal que é subjetiva
e cuja base se encontra na simpatia ou na antipatia expressada.
Cada vez que mudam as regras, modificam-se as relações físicas, técnicas,
táticas, e conseqüentemente, as relações interpessoais do grupo.
Em um grupo desportivo há outros grupos ainda menores. Pelo menos dois
são evidentes: os titulares e os reservas. Dentro de uma partida estes dois grupos
interagem entre si, constituindo novos subgrupos. Em desportos cujo número de
substituições é indeterminado, as novas possibilidades de formação de grupos
também ficam muito aumentadas. Isto porque estes novos subgrupos não se
formarão apenas pelas trocas dos jogadores, mas também pelas posições que eles
ocuparão em quadra e que assumirão diante da equipe. A especificidade é evidente
37

no desporto de alto rendimento onde os atletas são treinados para executarem


determinadas funções, o que não impede, no decorrer da prática desportiva, que
eles assumam outras e novas funções modificando as ações e formações grupais,
quer seja por influência das regras (como por exemplo perder o jogador da posição
de acordo com as punições que envolvem o desporto) ou por estratégia do técnico.
Um grupo desportivo não é (nem pode ser) somente constituído de suas
relações formais ou de suas relações informais. Se por um lado os integrantes de
uma determinada equipe estruturam suas relações somente sobre uma base formal
(de regras, sanções, punições, etc.) logo suas interações se mostrarão tensas
prejudicando o desempenho final do grupo. Por outro lado, se as estruturas
informais forem maiores ou superiores às não formais, o grupo pode deixar de
cumprir tarefas na sua totalidade e passar a tentar alcançar objetivos de um círculo
estreito de seus integrantes. Em ambos os casos a unidade do grupo fica
prejudicada e uma vez que isso acontece rompe-se também a funcionalidade do
mesmo.
É neste ponto, na busca da integração entre estas duas estruturas, que se
pode pensar no psiquismo, tanto em relação às posições que cada um assume
diante da equipe quanto em relação às manifestações emocionais produzidas pelas
diversas vias (técnico-atleta, atleta-atleta, atleta-arbitragem, etc.) e que podem
assumir características negativas prejudicando o desempenho total do grupo.
Geralmente o grupo desportivo é caracterizado por atos permitidos ou não,
subordinados a uma "lei". Nestes casos, as decisões tomadas pelos atletas durante
a prática desportiva são externas por estarem submetidas à uma autoridade que
está de fora; ou seja, pertencem àqueles que comandam ou lideram a equipe. No
desporto isso se evidencia através de alguns técnicos, dirigentes ou arbitragem que,
a todo momento, dizem aos atletas o que fazer fora ou no decorrer da prática
desportiva. Percebe-se claramente a atuação constante dos mesmos dizendo aonde
os desportistas devem estar e o que precisam fazer com seu corpo a cada instante
da partida. A decisão de ir à cesta em determinado ponto do jogo, de se fazer uma
falta planejada ou uma jogada específica acaba não pertencendo ao próprio atleta e
sim a um personagem exterior.
Neste ponto, os atletas se vêem através do julgamento do outro e do temor
de não continuar ou não ser aceito na equipe. Seus desejos ficam escondidos e não
38

se manifestam dando lugar aos desejos dos outros, principalmente no caso dos
jovens, daqueles pertencentes aos pais e técnicos.
39

6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Devido à má estruturação do desporto no Brasil, seria inviável que houvesse


uma multidisciplinaridade nos desportos que compreendem as categorias de base.
Desta forma, o maior interesse em se aprofundar na psicologia infantil
correlacionada ao desporto seria dos técnicos e professores de educação física.
Se houvesse um maior envolvimento destes profissionais com as questões da
psicologia aí envolvidas, poder-se-ia verificar uma maior eficiência do trabalho com o
desporto nestas categorias, pois técnicos e professores poderiam evitar as falhas
decorrentes da especialização precoce que geralmente é o responsável por
ocasionar várias frustrações e conseqüente abandono do desporte pelo jovem atleta.
Neste estudo, o principal ponto está em manter a prática desportiva a partir
do basquetebol, prazerosa, respeitando-se a individualidade de cada um. O
importante está em focalizar um corpo que produz comportamentos dotados de
significação simbólica e ligados às experiências espontâneas vivenciadas em sua
relação com o outro, com o mundo e dotadas de um imaginário inconsciente que
condiciona toda uma vida relacional.
Dentre as principais atividades físicas recomendadas para a criança na idade
escolar, encontram-se os jogos, grandes jogos, jogos coletivos, bem como, as
competições desportivas limitadas em sua importância, duração,
responsabilidades...
O basquetebol, pedagogicamente orientado, desenvolve o espírito de
iniciativa, as decisões rápidas e precisas, o amor próprio, o verdadeiro sentido de
disciplina, o espírito de equipe, a força de vontade e promove o autocontrole
emocional.
Dessa maneira, recomenda-se a prática, inicialmente de mini-basquete desde
que obedecidas certas normas e princípios de ordem vital. À medida que o grau de
escolaridade aumenta, aumenta também o grau de dificuldade do desporto em
questão.
40

Assim, considerando a escola um meio social de inter-relações, ambiente no


qual a criança permanece durante parte do seu dia, nas suas horas de maior
apreensão em seus melhores anos de vida, a realização de atividades prazerosas
vão solidificar suas estruturas. A cooperação que é relacionada com a solidariedade
e organização consegue estabelecer relações humanas, saudáveis ao crescimento e
desenvolvimento da criança. O jogo de basquetebol desenvolve um espírito
construtivo entre as pessoas e desperta a sua imaginação, tendo seus fins e meios.
O espaço e o tempo são agentes a definir suas características.
O jogo de basquetebol deve ser aplicado na escola com fins pedagógicos,
auxiliando no processo educacional dos alunos, pois, permitem um desenvolvimento
integral.
Em qualquer faixa etária, os jogos cooperativos, envolvendo o basquetebol,
favorece o desenvolvimento cognitivo (atenção, memória, raciocínio e criatividade);
afetivo-social (relações humanas) e o desenvolvimento motor (aspectos biológicos e
a aprendizagem de atividades básicas e específicas).
O educador tem no jogo de basquetebol um forte aliado para desenvolver e
fixar conceitos.
Segundo Lapierre (1984), o corpo do mestre para a criança faz parte do que é
sagrado. Para ele, é preciso sem dúvida romper esta barreira quando se quer que
uma comunicação autêntica possa se estabelecer. O mestre perde seu lugar quando
o aluno percebe que falta e falha o poder (posição semelhante a destituição do pai-
herói pelo adolescente, quando este percebe que o seu pai é falível, já que não
consegue mais responder sobre os seus anseios).
No decorrer desta monografia, procurou-se evidenciar uma proposta de
educação de ensino e aprendizagem fundamentada nos Pilares da Educação, em
que o jogo de basquetebol possa gerar mudanças, entre as quais em resgatar
valores humanos que ajudem no processo de convivência e construção de uma
verdadeira autonomia de cada ser.
Acredita-se que, para esta realização, a educação seja um dos caminhos
para se obter um melhor resultado, em que este processo seja permeado de trocas
de convivência e reconhecendo em cada um de nós um estilo de vida, em que o
desenvolvimento da cooperação seja um exercício para tal.
Dessa forma, devemos relacionar educação como uma forma de existência
de uma melhor qualidade de vida.
41

7 REFERÊNCIAS

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Revisão Científica de Valdir J. Barbanti. São Paulo: Manole, 1999.
44

SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO...........................................................................................................1
2 HISTÓRICO DO BASQUETEBOL............................................................................5
3 BASQUETEBOL COMO ESPORTE NA ESCOLA...................................................9
4 BASQUETEBOL E COMPETIÇÃO.........................................................................11
4.1 REGRAS..............................................................................................................14
4.1.1 Regras Básicas..................................................................................................14
4.2 O BASQUETEBOL COMO UM JOGO COOPERATIVO.....................................22
4.2.1 O Basquetebol em Equipes de Base - Mini e Mirim..........................................22
4.2.2 O Basquetebol como um jogo: Competição ou Cooperação?..........................23
4.3 HABILIDADES PARA O BASQUETEBOL...........................................................30
4.3.1 Treinamento.......................................................................................................30
4.3.2 Treinamento Físico.............................................................................................31
5 O ADOLESCENTE DE 12 A 15 ANOS: CONSTITUIÇÃO PSÍQUICA E A
PRÁTICA DO BASQUETEBOL.................................................................................32
5.1 FASES................................................................................................................. 32
5.1.1 O Período da Adolescência..............................................................................32
5.2 O ADOLESCENTE E A TENDÊNCIA GRUPAL..................................................34
5.3 CARACTERIZAÇÃO DE GRUPO DESPORTIVO.............................................35
6 CONSIDERAÇÕES FINAIS.....................................................................................38
7 REFERÊNCIAS........................................................................................................40

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