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MACHADO, Maria Helena.

“Teremos grandes problemas, se não houver providências enérgicas


e imediatas”: a rebeldia dos escravos e a abolição da escravidão. IN: GRINBERG, Keila e SALLES,
Ricardo (orgs.) O Brasil imperial – volume III – 1870-1889. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira,
2009, p.369-396.

→ O título chama a atenção no sentido de, de pronto, instigar o pensamento de que o texto
seria um manual: “Emancipacionismo e gradualismo: como fazer com que os próprios escravos
indenizem seus senhores?” p. 369

→ A autora chama atenção para o fato de que no Brasil, esperava-se postergar a escravidão
até o séc. XX. p. 369

→ Quando de fato promulga a abolição da escravidão, para a autora, quem usufrui do ato
constitucional glorioso é o Estado. Entretanto, para a autora, o impacto social da abolição fora
absorvido pela população mais atingida pela escravidão de forma significativa, de forma que
cessassem as fistulas do Estado – revoltas escravas, fugas e protestos, concorrência num
âmbito amplo entre forros e escravos. p. 369

→ Para a autora, um bom exemplo da monopolização das discussões parlamentares e do


Estado envolta da abolição fica claro nas políticas públicas de emancipacionismo em relação
aos africanos livres que ocorrerão visto a expectativa do Estado sob os serviços que de alguma
forma deveriam ser prestados e controlados. P. 370

→ Ao africano livre – que fora capturado e “ilegalmente” trazido ao Brasil – deveria prestar 14
anos de trabalho para a efetivação da liberdade do africano livre, servindo ao Estado ou
particulares e, “pasmem”, mantidos sob formas de disciplinas similares à aplicada aos
escravos. P.370

→ “o Estado exigia que o africano, ainda que livre, adquirisse sua emancipação, de alguma
forma consagrando o princípio de que os senhores, o Estado ou mesmo a sociedade em geral
tinham direito à indenização pela perda do potencial ou real trabalhador, representado pelo
africano e seus descendentes.” P.371

→ “tanto com a lei de 1871 – que legalizava o pecúlio adquirido pelo escravo e a compra da
alforria a partir dessa poupança através de empréstimo, adiantamento ou contratos de
trabalho com terceiros – quando a lei dos Sexagenários 1885 – que, como forma de
ressarcimento, impunha aos libertandos maiores de 60 anos a exigência de servir seus
senhores por mais três anos ou até os 65 anos –, ficava consagrado o princípio da indenização
dos senhores” p. 372

→ Constante luta política e jurídica. Lutas políticas entre a elite regional brasileira, liberais e
conservadores. P. 374

→ O Estado tirou do alcance senhorial e trouxe para os entendimentos jurídicos a questão da


alforria do escravo. Entretanto, ainda que a obtivesse por meio jurídico, o indivíduo dependia
da “vontade livre e soberana dos senhores”. P.374

→ A autora afirmará que naquele momento, mesmo diante de inúmeras figuras militantes,
pouco eram, como André Rebouças, rábula e posteriormente advogado abolicionista, luta sob
questões referente à abolição de forma imediata e sem indenizações, bem como reforma
agrária. O que remete aos pensamentos de Martin Luther King Jr que, além da busca da
liberdade no sentido da igualdade social, pontuou também a divisão das riquezas.
Direito ao voto e o fim da discriminação legal (leis segregacionistas) –

“brancos e negros tem definições diferentes de liberdade, já que a grande maioria dos
brancos. A maior parte dos brancos entende igualdade como melhorias, enquanto os negros
partem do principio de que a igualdade deve ser entendida no sentido literal”

Pautou também:

- distribuição das riquezas

- luta contra o desemprego

- segregação urbana Igualdade social

- aumento dos salários

- contra a violência policial

Símbolo da reconciliação nacional, criando um patriota, fundador.

Não aparecem “racismo” ou “segregação” – estátua em homenagem a King

Direitos civis como sinônimo de igualdade.

→ “Cientes que a escravidão perdia a legitimidade, os grupos de escravos passavam a ganhar


em ousadia e articulação, utilizando-se da quebra do consenso sobre a escravidão para
avançar em todo o tipo de reinvindicação. Revoltando-se, fugindo, cometendo crimes,
demandando melhorias, assim como salário e autonomia de ir e vir...” p.376 Os escravos,
cativos, livres e etc. reivindicavam seus direitos como cidadãos comuns juridicamente.

→ “nesse contexto, algumas áreas particularmente violentas atravessaram a década sob


constante intervenção da chefia da polícia, que enviando pesados contingentes a essas
localidades procurava cercear os movimentos escravos...” p.376 o Estado utilizada de
ferramentas para controlar a efervescência que acontecia em torno do tema liberdade.

→ A autora aponta que a polícia agia pautada quase sempre sob os interesses dos senhores:
“essa tendência fica bastante explicitada, por exemplo, no inquérito policial referente À
revolta dos escravos ocorrida na fazenda São José de Rio Claro, que se havia tornado, após
inventário, Sociedade Agrícola Oliveira & Cia.” P.379

→ Em relação ao destaque anterior: “esse auto testemunha tanto a luta de advogados e


promotores na defesa dos escravos quanto nas dificuldades impostas pela polícia e pelos juízes
para a efetiva implementação das leis que prejudicariam interesses senhoriais no controle de
escravos.” P.380

→ a autora usa o termo “gang” para definir um grupo de escravos que teria se rebelado contra
o feitor. No mínimo curioso... p.380

→ A autora demonstra mais relatos a partir de sua fonte, o inquérito policial. Conta de um
caso onde um escravo passa por necropsia que consta morte por “aneurisma torácico”,
entretanto sem postular as condições gerais do corpo. O que surpreende é que o juiz do
inquérito concluiu o caso do escravo como “de morte natural, mandando arquivar o auto”.
P.383
→ 1881 e ainda ocorriam castigos públicos aos escravos que se rebelassem nas fazendas,
criando insurreições e protestos, tudo pautado aos interesses senhoriais. P.386

→ O relato da autora sobre o linchamento do delegado organizado pelos senhores e capangas


é surpreendente !!!! É bizarro a autonomia desses senhores pois se sentem autoproclamados
lei absoluta.

→ telegramas, ofícios e declarações públicas, cartas; p.394

→ “os escravos, como sempre, aproveitam o espaço aberto pela briga entre os poderosos e
avançaram decididamente”. P.395

AZEVEDO, Elciene. “Para além dos tribunais: advogados e escravos no movimento abolicionista
em São Paulo”. In: LARA, S. & MENDONÇA, Joseli M. Nunes Mendonça (orgs.), Direitos e
Justiças no Brasil: ensaios de história social. Campinas, SP: Editora da Unicamp, 2006, pp.199-
229.

→ “advogados e juízes simpáticos à causa da liberdade no processo de abolição.” P.199

→ “dispositivos legais disponíveis” p.199

→ jornais,

→ “a trajetória de Luiz Gama e de alguns outros advogados de seu grupo pode ser um meio de
entender de forma mais densa essa relação, possibilitando, assim, chegar aos significados que
os contemporâneos atribuíram a suas atuações dentro dos tribunais, bem como o que elas
podem ter representado fora deles.” P.203

→ O autor argumenta que o objetivo do texto é observar a trajetória dos agentes jurídicos que
estenderam a mão à causa abolicionista e como se culminará a relação deles com as
expectativas dos escravos no fim do XIX. P.203

→ Luiz Gama teve desde os primórdios de sua liberdade contato com posições dentro de
policias, no qual no decorrer dos anos fizera vínculos importantíssimos dentro do sistema
jurídico. P.205

→ Era maçom?

→ “pequeno fragmento do cotidiano da delegacia na capital, indicando a possibilidade de que


funcionários como Luiz Gama estivessem agindo politicamente no exercício de suas funções.”
P.205

→ Gama sofre retaliações por seu envolvimento bastante intimo em processo de escravos e
libertos. P.206

→ “tentava usar a lei como aliada na luta pela abolição”. P.206

→ a autora conta que Gama, em vez de se lamentar pela ineficácia da aplicabilidade da lei de
1831, usava de todos seus artífices para poder fazer vale-la. P.209

→ utilizavam de estratégia a pressão popular para pressionar o júri a tomar atitudes cabíveis a
respeito das questões legais da liberdade de cativos. P.209

→ Gama vai usar do apelo público para pressionar muitas vezes o magistrado a realizar
imparcialmente seus poderes públicos a fim de evitar que fizessem valer interesses
particulares de qualquer natureza. Interessante, pois Machado irá o tempo todo evidenciar
inicialmente essa fachada da justiça, onde na verdade a justiça fica à mercê dos senhores.
P.210

→ “[...] criava por meio do jornal, uma espécie de jurisprudência.” P.211

→ “[...] nesse período, cerca de 760 mil africanos tenham entrado no país [...]”p.212

→ Azevedo reafirma o que Machado argumenta, embora os africanos traficados devessem por
lei serem livres se encontrados em territórios nacionais no momento da ancoragem, “na
prática os arranjos de trabalho a que foram submetidos privilegiavam o controle social e os
interesses senhoriais”. P.212

→ Gama era comprometido também com ideais liberais. P.217

→ “mostra que os embates jurídicos em torno da liberdade, a princípio restritos aos tribunais,
ecoavam na sociedade através da imprensa, atingindo não somente uma elite letrada
potencialmente, apta a se converter ao abolicionismo, mas também os maiores interessados
no assunto, os escravizados.

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