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CONCURSO DE ADMISSÃO À CARREIRA DIPLOMÁTICA (CACD)

1. ESTRUTURAS E IDEIAS ECONÔMICAS

1.2 − CARACTERÍSTICAS GERAIS E PRINCIPAIS FASES DO DESENVOLVIMENTO CAPITALISTA


(DESDE APROXIMADAMENTE 1780)

A DÉCADA DE 1780

1) Para Eric Hobsbawm, a partir desta década a Revolução Industrial “explodiu”. Pela
primeira vez na história as sociedades se tornaram capazes de multiplicação rápida,
constante, e até então limitada, de homens, mercadorias e serviços. Nenhuma
sociedade anterior tinha sido capaz de transpor o teto que uma estrutura social pré-
industrial, uma tecnologia e uma ciência deficientes, e conseqüentemente o colapso, a
fome e a morte. A economia, nas próprias palavras do autor, voava. Ela chegou longe o
bastante para estabelecer uma economia substancialmente industrializada, capaz de
produzir tudo o que desejasse dentro dos limites das técnicas disponíveis, uma
“economia industrial amadurecida”.

2) Na Inglaterra e, conseqüentemente, no mundo, o período datado é colocado como


ponta-pé inicial da Revolução como fonte geradora de renda. Encerra-se em meados da
década de 1840, com a construção de ferrovias e indústria pesada no país britânico.

3) Nos vinte anos que vão de 1780 a 1800, Hobsbawm destaca alguns pontos e fatos: É
uma revolução contemporânea da Francesa, embora pouco anterior a ela. Foi
provavelmente o mais importante acontecimento da história do mundo desde a
invenção da agricultura e das cidades. Iniciado propositalmente pela Inglaterra, que, na
época, competia o pioneirismo apenas com o grande avanço comercial de Portugal e
Rússia.

4) Antes mesmo da Revolução Industrial, a Inglaterra já estava bastante à frente de seu


maior competidor em potencial no comércio e na produção per capita. O avanço
britânico não se deu pela superioridade tecnológica e científica, uma vez que os
franceses estavam adiantados em matéria de ciências naturais e sociais.

5) Para o desenvolvimento da Revolução, os ingleses não contaram com figuras teóricas,


mas sim práticas. Suas invenções, em comparação com os franceses, foram bem
modestas, sob hipótese alguma ultrapassavam os limites dos artesãos, carpinteiros,
moleiros ou serralheiros. Em 1784, a máquina mais sofisticada até então surge, a de
vapor rotativa de James Watt. Esta necessitava de mais conhecimentos de física que os
disponíveis. Foi aí que apareceu a teoria adequada, ex post facto, pelo francês Carnot,
em 1820, tornando útil a máquina em explorações auríferas.

6) As Revoluções Industriais pioneiras ocorreram em uma situação histórica especial, cujo


crescimento econômico surge de um acúmulo de decisões de incontáveis empresários
e investidores particulares, utilizando a compra mais barata e a venda mais cara. A
Inglaterra, nos dizeres do Hobsbawm, necessitava de duas coisas: uma indústria que
oferecesse recompensas excepcionais para o fabricante que pudesse expandir sua
produção rapidamente e um mercado mundial amplamente monopolizado por uma
única nação produtora.

MUDANÇAS A PARTIR DE 1780

1) Investir e empreender exigia um sistema bancário de grande capacidade de


financiamento e captação. Assim, expandem-se os bancos e as bolsas de valores. Ao
mesmo tempo, as práticas monopolistas se multiplicam, concentrando capitais e
promovendo o enfraquecimento da concorrência. Os novos ideais econômicos dos
séculos XVIII - XIX deram origem ao capitalismo financeiro (monopolista).
2) Desenvolvem-se práticas monopolísticas com intuito de aumentar o lucro inglês, são
elas:

a) CARTEL: União secreta de empresas do mesmo ramo ou setor de negócio, mas


independentes, estabelecendo entre si acordos para controle organizado de preço e
mercado.
b) TRUSTE: Associações ou fusões de empresas que já controlavam a maior parte do
mercado. Assim, os trustes são formados quando proprietários de empresas
concorrentes se tornam sócios de uma única grande empresa, controlando grande
parte do mercado consumidor.

c) HOLDING: Empresas que compram ações de outras empresas de um mesmo ramo


de negócios. Assim, controlam ações de duas ou três empresas concorrentes que
produzem um mesmo produto.

d) DUMPING: Eliminar excedentes por um preço artificialmente mais baixo, objetivando


eliminar a concorrência.

3) O capitalismo industrial foi sobreposto pelo capitalismo financeiro, um dos


desenvolvimentos mais decisivos da modernidade. As características principais do
capitalismo financeiro são: domínio da indústria pelos bancos de investimentos e
companhias de seguros, formação de imensas acumulações de capital, separação entre
a propriedade e a direção e o aparecimento dos holdings ou companhias detentoras
(aquelas que compram ações de outras de um mesmo ramo de negócios).

4) Hoje, as grandes companhias têm milhares de acionistas. Porém, a maioria destes são
abstenteístas, que pouco ou nada influem na política organizacional da instituição, já
que algumas de suas ações nem sequer dão direito de voto em assembléias. Os bancos
e as companhias de seguros exercem o controle, em alguns casos, pela posse de uma
maioria de ações com direito a voto, em outros, por meio de empréstimos flutuantes,
concedendo amplos poderes aos emprestadores.

5) Todas as medidas monopolísticas têm a estrita finalidade de restringir ou suprimir a


concorrência. Durante a década de 1930 alguns governos europeus favoreceram a
formação de cartéis, visando fortalecer suas indústrias contra a concorrência
internacional.

6) Acerca da separação de propriedade e direção, devemos notar que os verdadeiros


proprietários das empresas industriais são os milhões de pessoas que empregam suas
economias em ações. A direção está sob um grupo de funcionários e diretores eleitos
por poucos acionistas que monopolizaram as ações com direto a voto.

7) O capitalismo, portanto, divide-se em três principais fases:

 CAPITALISMO COMERCIAL
 CAPITALISMO INDUSTRIAL
 CAPITALISMO FINANCEIRO / CAPITALISMO MONOPOLISTA

CARACTERÍSTICAS DAS FASES DO CAPITALISMO

1) PRÉ-CAPITALISMO (SÉCULO XII − SÉCULO XV): Período emergencial da economia


mercantil, na qual o comércio e a produção artesanal ganharam força. Não havia
trabalho assalariado, apenas troca de mercadorias. Predominavam os trabalhadores
independentes, artesãos, que vendiam o produto de seu trabalho, mas não a força de
trabalho. Artesãos eram donos de suas próprias oficinas (estabelecimentos),
ferramentas (meios de produção) e das matérias-primas.
Alguns trabalhos assalariados existiam, em pequena escala, nas civilizações mais
desenvolvidas.

2) CAPITALISMO COMERCIAL (SÉCULO XVI − SÉCULO XVIII): Marcado pela expansão do


trabalho assalariado e preponderância do capital mercantil sobre a produção. A maior
parte do lucro estava na mão dos comerciantes (intermediários entre produtor e
consumidor). Lucrava mais quem comprava e vendia a mercadoria, não quem a
produzia. Dessa maneira, o capital se acumulava na circulação (comércio), ficando
conhecida como “fase de acumulação originária ou primitiva do capital”. Esta permitira
a Revolução Industrial mais tarde.

3) CAPITALISMO INDUSTRIAL (SEGUNDA METADE DO SÉCULO XVIII − INÍCIO DO SÉCULO


XX): Iniciou na Inglaterra, com o investimento do capital acumulado na circulação de
mercadorias do período anterior. O capital industrial passa a coordenar o conjunto da
produção, distribuição e circulação de riquezas. O assalariamento se instala
definitivamente, separando os possuidores de meios de produção (burguesia) e a
massa operária (proletariado).
O processo se desenvolve na Europa, América do Norte e Ásia. Já nas últimas décadas
do século XIX e início do século XX está inserido em quase todas as regiões do mundo,
onde numerosas nações passam a lutar para atingir a condição de país industrializado,
algumas já lutando pela hegemonia no mercado internacional.

4) CAPITALISMO FINANCEIRO / CAPITALISMO MONOPOLISTA (INÍCIO DO SÉCULO XX −


SÉCULO XXI): Trata-se da fase atual. Inicia-se antes dos fins do século XIX, mas
cristaliza-se no século XX. O sistema bancário e as corporações financeiras passam a
dominar e controlar − indústria, comércio, agricultura e pecuária − de modo que forme
empresas cada vez mais amplas e poderosas, de dimensões internacionais: as
multinacionais.
Por conta da concentração do capital e da formação de empresas coesas, o momento
ficou conhecido como capitalismo monopolista. A partir da década de 80, as mesmas
passaram a contar com a aceleração da mobilidade do capital, facilitada pelo acesso
aos novos meios de comunicação, em um processo de globalização, no qual o capital
financeiro se torna cada vez mais desvinculado das atividades produtivas. Busca-se o
máximo de lucro e o mínimo de tempo.

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