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COMPORTAMENTO E BEM-

ESTAR ANIMAL
Departamento de Zootecnia
Ciência e Tecnologia Animal
Fábio Bastos

Comportamento dos Suínos

2011/2012
Origem
Os Suínos
descendem do javali
europeu (Sus scrofa). Estima-se que a sua
domesticação tenha
começado à 10 mil anos
Desde a sua atrás (CLUTTON-BROCK,
domesticação que o 1999).
porco é utilizado na
alimentação do homem .
O que é um comportamento
social?

Um comportamento
social ocorre quando
dois ou mais animais
interagem entre si .
Comportamento Social
Os porcos são geralmente animais sociais.

Um grupo de suínos é No caso dos varrascos,


constituído por 2 a 6 estes estão quase sempre
fêmeas familiarmente solitários ou formam grupos
próximas. constituídos por machos.
GRAVES, (1984)

Relações de longo prazo são estabelecidas


entre os companheiros de ninhada desde
muito cedo, tendo um carácter duradouro
daí em diante.
Comportamento Social

Ao serem misturados Num grupo de porcos


com outros animais estabelece-se uma
provenientes de outras hierarquia estável
ninhadas, os porcos através da activa
lutam intensamente até submissão e dos
estabelecerem relações comportamentos de
de dominância, e assim, evitação que os
uma hierarquia. animais dos estratos
sociais mais baixos
apresentam
JENSEN, (1994).
Comportamento Social

Nestas lutas, existe uma


grande correlação positiva
entre os mais fortes/maiores
e os mais dominantes.

JENSEN, (1994).
Comportamento Social
Os Porcos não são territoriais.

Embora os suínos não


defendam o território
contra condições
específicas, vivem em
determinadas áreas e
demonstram grande
fidelidade para com as
mesmas.
GRAVES, (1984).
Comportamento Social
Suínos Características do Território
• Cerca de 100 a 2500 ha.
• Disposição de lama e/ou charcos
• Territórios dos varrascos maior que o das porcas
• A disponibilidade de comida condiciona as dimensões do
território.

Suínos Regime Extensivo


• Os porcos utilizam todo o espaço disponível, porém no
Inverno, diminuem a área utilizada em consequência da
diminuição da disponibilidade de alimento.

JENSEN, (1988).
Comunicação
Quase todos os
comportamentos sociais
envolvem comunicação.

Os emissores afectam o
comportamento dos
receptores através dos
sinais que emitem.

A comunicação pode
ocorrer através do som, do
odor, da visão e do toque.
HAUSER, (1996)
Comunicação

O sentido mais importante para os porcos é o olfacto , ao


passo que a visão aparenta ser aquele que é menos utilizado.
MCGLONE et al., (1987).
Comunicação

Medo - Orelhas para


Perigo - Cauda erecta trás, a acompanhar a
tábua.

Ameaça – Submissão – Cabeça a


Arqueamento das pender para um lado e
costas cauda esticada e caída.

Tranquilidade – Cauda
enrolada (Ideia falsa de
postura de felicidade)
Comunicação

Os Porcos também têm um reportório


vocal com funções específicas.

Vocalização de alerta:
(Semelhante ao ladrar de um cão.)

Em situações inesperadas , quando se Vocalização dos bácoros:


assustam os porcos emitem este som
tendo um efeito de fuga ou de Quando os animais se separam da
paralisação nos restantes. progenitora, emitem este tipo de
vocalização no sentido de obterem
feedback da mesma e assim se
Vocalização das porcas:
encontrarem.
Vocalização emitida aquando da
amamentação para que os bácoros
iniciem a sucção. KILEY, (1972).
Alimentação

Os Porcos são Omnívoros

Os Suínos têm uma grande Na sua base alimentar, estão


capacidade de adaptarem as plantas, raízes, frutos, sementes
suas dietas em função das e bagas.
condições disponíveis.

Já foram encontrados restos de Estes animais podem adoptar


minhocas, sapos e roedores no comportamentos de predação
estômago destes animais. em determinadas condições.
Alimentação

Os Porcos são Omnívoros

Os porcos utilizam bastante os seus comportamentos forrageiros,


como omnívoros que são. Escavar, cheirar e mascar são as principais
formas de o fazerem.

Este comportamento preenche uma grande parte do seu tempo;


mesmo que não existam novos estímulos no terreno, estes animais
parecem determinados a explorar.

WOOD-GUSH e VESTERGAARD, (1993).


Alimentação

A tromba do porco é extremamente bem


adaptada aos seu hábitos alimentares.

Com a Parte superior


pode escavar e elevar
objectos pesados, para
procurar sementes e
raízes.

Escavar é só um dos comportamentos alimentares dos


porcos, pois estes também pastam e exploram os alimentos
disponíveis.
Alimentação

As porcas em pastagem
estão quase todas com um
arganel para não
danificarem os solos quando
os escavam (Desde que estes
lhes causem dor).

Caso não tenham estes


arganéis, elas irão escavar o
solo extensivamente.

Porcos com arganel mostram


sinais de frustração, o que leva a
crer que escavar é uma
necessidade destes animais..

HORREL et al., (2001).


Período de Actividade

Os Suínos são animais diurnos

Apesar de serem animais Os porcos em intensivo


diurnos, apresentam uma centram o seu período de
grande facilidade em alterar o actividade na altura da
seu período de actividade. alimentação.

Como estes animais necessitam Rebolar na lama é um


fortemente dos seus comportamento típico dos
comportamentos de suínos e é essencial na sua
termorregulação, as termorregulação.
temperaturas ditam os seus
períodos de actividade.
Período de Actividade

Os suínos apresentam muito


poucas glândulas sudoríparas e
são quase incapazes de arquejar
devido à rigidez da sua tromba.

Em alternativa rebolam em água


ou lama para se refrescarem
quando a temperatura exterior
excede a sua zona de conforto
térmico (<20ºC).

A lama proporciona-lhes um
efeito de arrefecimento mais
duradouro do que a água.
Período de Actividade

Os porcos deslocam-se entre


áreas de alimentação específicas e
usam sempre os mesmo locais de
descanso.

Os sítios de descanso são os


mesmos que estes utilizam para
pernoitarem.

Antes de se deitarem, eles


escavam, pisoteiam e, se
disponível, transportam palha
para esse local.
Acasalamento

Os porcos ficam aptos


para reprodução aos 7
meses. O cio dura 3 dias e o período
de receptividade ao macho
Quando a disponibilidade 12 horas.
de comida é grande a par
com habitats adequados
as fêmeas podem ter 2 As fêmeas preferem os
ninhadas por ano. varrascos em relação aos
porcos castrados e também
As porcas entram em cio os mais velhos em vez dos
em qualquer altura do varrascos mais novos.
ano. E quando não
gestantes entram em cio
de 21 em 21 dias.
DE JONGE et al., (1994).
Acasalamento
CORTE

NO MACHO: NA FÊMEA:

“Chat-de-coeur” Urinar
Ingestão da urina das Guinchar
fêmeas. Reflexo de Imobilização
Saliva espumosa
Trombadas no flanco
da fêmea.
Acasalamento
CÓPULA

O tempo da cópula varia


entre 5 a 10 minutos.

O varrasco ejacula
grandes quantidades de
sémen.
(150-200 mL)
Parto
Construção do ninho

No final da gestação, as fêmeas gestantes, deixam o


grupo e partem em busca de um local apropriado
para construírem o seu ninho.

Construção do ninho:
Escavar um buraco raso no chão.
Colocam material macio no fundo
e calcam-no.
Enchem o ninho de feno e galhos.
Parto
As porcas que não constroem ninho vêem a sua
responsabilidade maternal diminuída.
Parto
No Parto

Algumas horas após a finalização do ninho, a porca


entra em trabalho de parto.

As porcas não lambem as crias quando


nascem.
Os recém-nascidos tem de ser capazes
de se livrar dos invólucros fetais e
chegarem ao úbere.
O parto pode durar entre 4 e 6 horas.
Parto
No Parto

http://www.youtube.com/watch?v=xuqVEWFEGs4
Lactação
A porca amamenta as crias nas primeiras duas
semanas sempre dentro do ninho, ainda que os
porcos a sigam para o exterior.
 A porca inicia um grunhido  Os porcos param de massajar o
profundo de 2 em 2 segundos, úbere e começam a fazer uma
durante 1 minuto. leve sucção dos tetos.

 Após isto, os bácoros aproximam-  Cerca de 20 segundos depois a


se do úbere e massajam-no com ejecção de leite acontece.
a tromba.
 A ejecção do leite dura apenas 20
 Seguindo de um minuto de segundos e depois não é possível
massagem a frequência dos retirar mais.
grunhidos da porca aumentam
para 2 por segundo.  Os bácoros voltam a massajar o
úbere durante 10 a 15 minutos ,
para que a porca produza leite
para a próxima lactação
Lactação

FRASER, (1980).
Juventude
Os bácoros são já nascem muito bem preparados para
o mundo exterior.

Aos 10 dias de vida exploram o exterior com a


progenitora.

A maioria das interacções consiste em contactos com o


nariz e os níveis de agressividade não são elevados.

O período entre a 2ª e a 8ª semana é chamado de


período de integração social e a partir daí as
interacções são reduzidas para um nível baixo.

A partir da 5ª semana já comem e o desmame total,


segundo um longo estudo, (Jensen, 1988) é observado
às 17 semanas. (No intensivo é à 4ª semana)
Bibliografia

The Ethology of Domestic Animals: an


introductory text. Editado por P. Jensen. Cabi
Publishing, 2002.

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