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PROFESSORA BRUNA
Na África os TURBANTES são elementos estruturais da cultura que carregam um significado em cada
tipo de amarração diferente. Nas religiões presentes no continente, o uso do Ojá, um tipo de turbante
específico, além de representar aspectos culturais e estéticos daquele povo, também possui função
social e religiosa, podendo apresentar as mais diversas cores e estampas, cada uma delas representando
significados diversos e profundos. Nestes casos, o uso do turbante na cabeça não é por acaso, isso
porque tem a função de proteger a cabeça e a mente, fonte de pensamentos e cultivo da fé. Aqui no
Brasil, o turbante representa a afirmação da identidade cultural que foi trazida pelos negros que vieram
da África quando foram escravizados. Aqui, estes tentavam reproduzir os tecidos, estampas e colorações
que tinham em seus países de origem. As peças eram usadas como símbolo de resistência da sua cultura
e reafirmação da sua identidade africana. O uso do turbante no Brasil hoje também tem a função de
relembrar e reforçar os aspectos da cultura negra africana, resistindo e lutando contra o racismo e o
preconceito. Os turbantes também podem ser incorporados a religiões africanas como o Candomblé,
vinda da África e implantada no Brasil pelos negros que foram escravizados e trazidos para cá. Também
podem fazer parte do vestuário de seguidores da Umbanda, religião criada no Brasil com inspiração em
elementos do Candomblé, mas que também abrange traços do catolicismo e do espiritismo.
Com o avanço da história e o comércio entre Ocidente e Oriente as trocas culturais foram ficando mais
comuns, o que levou os turbantes para o mundo da moda, especialmente na Europa, nas décadas de 20
e 30, se popularizando cada vez mais desde então e, posteriormente, em todo o mundo.
A apropriação cultural no Brasil está ligada a fundação da cultura brasileira, que é altamente
miscigenada por africanos, europeus (especialmente os portugueses) e os nativos brasileiros ou índios.
Por este motivo é comum e troca e apropriação destas culturas entre si.
O problema é quando elementos da cultura negra como o turbante são apropriados sem a devida
valorização à sua simbologia cultural, social e religiosa, especialmente por se tratar da cultura negra, que
ainda é alvo de preconceito racial. É por isso que o uso do turbante está altamente ligado a um ato
político de reafirmação e resistência à favor da cultura negra, para que não se perca o seu valor, e
também pela luta para cultivar e promover o orgulho pela cultura dos negros e a cultura africana como
um todo. Isso porque africanos e afrodescendentes carregam consigo traços culturais e ancestrais muito
fortes, presentes em todo o mundo, mas ainda sofrem com o preconceito e a discriminação.
Em outras palavras, o turbante, por mais lindo e glamouroso que seja, representa para os negros muito
mais do que um item fashion, ele é um aparato de resistência aos padrões eurocentristas impostos pela
sociedade, uma ferramenta de reconhecimento cultural e autoaceitação da origem ancestral negra.