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2 DISTÂNCIAS
Apresentação
Como vimos no bloco anterior, a Topografia é a área da geodésia que estuda pequenas
porções da superfície terrestre; esses estudos são normalmente feitos a partir de
levantamentos topográficos, que são os processos de medições de grandezas lineares
ou angulares.
Neste bloco, vamos abordar um pouco mais os processos de medição de distâncias, ou
seja, das medidas lineares. A área da Topografia responsável pela medição de
distâncias é chamada de Gramometria.
Sabe-se que as medições de distâncias podem ser feitas por métodos diretos ou
indiretos, de acordo com os instrumentos e os métodos empregados. Cada
instrumento possui uma precisão e uma situação em que seu uso pode ser mais
apropriado.
Todas as medições envolvem, de alguma forma, um erro relacionado à grandeza que é
medida. É muito importante identificar as possíveis causas e fontes de erros para
tentar minimizá-los. Mas será que é possível eliminar completamente o erro de uma
medida?
Neste bloco, vamos abordar as diferentes distâncias topográficas que existem entre
dois pontos, os instrumentos e os métodos que são capazes de aferir essas distâncias e
falar sobre os erros de medição e como atenuá-los.
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Considerando que essas medições são realizadas para pontos relativamente próximos,
de forma que a curvatura da Terra possa ser desconsiderada, as seguintes relações
trigonométricas podem ser aplicadas:
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Figura 2.3 ̶ Estação total montada sobre o tripé (à esquerda); Estação total (ao meio);
teodolito (à direita).
Fonte: Shutterstock.
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Por fim, os demarcadores de terreno são acessórios que servem para a materialização
dos pontos de interesse do terreno. Essa materialização pode ser feita por meio de
estacas, piquetes, pontos de prego, chapas de aço, e, até mesmo, pintados. A escolha
da forma de materialização depende da durabilidade que o projeto exige; pontos mais
robustos com certeza serão mais resistentes às intempéries e a modificações no
ambiente, enquanto pontos pintados podem ser facilmente apagados ou cobertos. O
ponto de demarcação mostrado na Figura 2.10 é de um material mais resistente e que
eventualmente poderá ser utilizado para levantamentos futuros.
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Todas as medições realizadas, sejam elas de distâncias ou ângulos, estão sujeitas aos
erros, e consequentemente, causam imprecisões aos valores observados. As fontes de
erros podem variar muito, desde as características do ambiente, até questões
inerentes aos instrumentos utilizados e às pessoas que os operam.
Os instrumentos de medição passam por um processo de manutenção que é capaz de
identificar e corrigir eventuais problemas relacionados a medições erráticas. Esse
processo é chamado de calibração, e deve ocorrer de tempos em tempos ou caso o
instrumento de medição seja danificado.
No entanto, sabe-se que os erros não estão relacionados somente a falhas
instrumentais. De maneira geral, os erros se classificam de três formas diferentes:
erros grosseiros, erros sistemáticos e erros aleatórios.
Os erros grosseiros são caracterizados por variações muito grandes das medições.
Esses erros normalmente são causados por descuidos do operador durante as
observações, por falhas instrumentais ou por influências externas muito bruscas.
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Como mencionado, a área da Topografia que busca investigar e minimizar os erros nos
valores levantados é a Teoria dos Erros.
Como apontado, uma das formas mais simples de diminuir a influência dos erros em
uma medição é por meio da reiteração das medições. Quando isso é feito, considera-
se que o valor mais aceitável para a grandeza medida seja a média aritmética dos
O processo de aplicação da teoria dos erros envolve uma série de cálculos matriciais
que contribui muito para a aproximação das medições ao valor real da grandeza. Nesta
disciplina, o principal objetivo é a apresentação do conceito e a indicação breve de
como reduzir o erro de uma medição pela reiteração das observações. Porém, o
processo de aplicação da Teoria dos Erros é mais aprofundado e complexo, devendo
ser trabalhado em uma disciplina dedicada a isso.
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médio. Geralmente, a “passada” média de um homem de 170 cm, mede 80 cm, e que
há uma variação de 1 cm no tamanho do passo, a cada 5 cm de altura. Então, é
possível multiplicar o número de passos, entre dois pontos, para saber a distância
entre eles de uma maneira menos precisa.
Existem também aparelhos, pouco utilizados na Topografia, que fazem a contagem de
passos, que são chamados de Passômetro ou Podômetro. Esses aparelhos registram o
número de passos a partir das oscilações de um pêndulo interno.
Outro aparelho pouco usual, mas que pode medir distâncias, é o Hodômetro, que
também pode medir as distâncias a partir da contagem dos giros de uma roda que fica
em sua base. Porém, esse instrumento só deve ser utilizado em um terreno suave para
que a medição funcione.
Ainda dentre os instrumentos de medição direta, temos também as Trenas, que
também podem ser chamadas de Diastímetros. Esses instrumentos podem ser de
materiais diferentes e, até mesmo, eletrônicos; no entanto, as trenas eletrônicas não
são consideradas um método de medição direta.
As trenas normalmente se configuram por terem uma fita graduada, que é utilizada
para realizar as medições. Essa fita pode ou não se envolver por um recipiente de
proteção, normalmente de um material plástico. As trenas podem ter diferentes
tamanhos conforme o seu material e sua aplicação, e são normalmente graduadas em
metros, centímetros e milímetros.
Dentre os tipos de trenas, temos as trenas de fibra de vidro, que possuem dimensões
que variam de 20, 30 a 50 metros, sendo que as trenas de 20 metros são as mais
utilizadas nos levantamentos topográficos. Esse tipo de trena é muito vantajoso por
ter uma baixa sensibilidade ao calor e à temperatura, e possui uma precisão que pode
chegar a 1/5.000, mas isso está diretamente relacionado à forma como a trena é
utilizada e à habilidade de quem opera o instrumento. A Figura 2.11 mostra uma trena
de fibra de vidro.
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Outro tipo de trena muito comum são as trenas de aço. Essas trenas podem ser
encontradas em 2 e 4 metros, ou 20 e 30 metros, sendo essas as mais comuns para
medições topográficas. As trenas de aço são muito práticas e de fácil transporte,
porém o fato de serem de aço faz com que sejam mais sensíveis às variações
térmicas, podendo dilatar e contrair a depender da temperatura no momento das
medições. Porém, sua precisão é bem maior se comparadas às trenas de fibra de
vidro, podendo chegar a 1/10.000. A Figura 2.12 mostra uma trena de aço.
Porém, o fato de as trenas serem muito comuns não quer dizer que todos que as
utilizem saibam empregá-las da maneira mais correta. Por exemplo, imagine três
situações (A, B e C), mostradas na Figura 2.13, Figura 2.14 e Figura 2.15, em que uma
pessoa deseja descobrir uma das dimensões de uma sala.
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Observa-se, neste caso, que a leitura a partir da trena não indica de fato a medida L da
sala, pois houve uma diferença de nível entre as extremidades da trena, que fez com
que a leitura estivesse completamente errada.
Na situação B, o operador recebeu a ajuda de um amigo que trouxe uma trena de fibra
de vidro e se posicionou na outra extremidade da sala, e ambos seguraram a trena,
sem muita atenção, cada um na altura de sua cintura, e realizaram a medição.
Nesse caso, novamente a medição feita foi executada de forma errada, pois, além de
haver um desnível nas extremidades da trena, o equipamento perdeu sua
horizontalidade ao longo de sua medida, causando um erro muito comum, chamado
de catenária, em que o peso da trena faz com que se forme uma curva, chamada de
catenária, ou flecha.
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Dentre os três casos observados, o caso C é o que mais próximo da forma correta de
se medir uma grandeza utilizando uma trena. Pois o operador buscou estender a trena
sobre o plano horizontal, e a leitura da medição foi feita com a trena em paralelo a
esse plano.
No entanto, ainda não é possível dizer que a medida obtida e a dimensão da sala são
idênticas, devido a uma série de erros que podem estar relacionados ao processo de
medição. Os principais erros relacionados às medições diretas serão abordados ao final
deste tópico.
Os três casos mostrados consideram as medições em uma sala que possui uma
característica muito próxima a de um terreno regular e plano. Porém, muitas vezes, é
necessário fazer medições em terrenos irregulares e inclinados. E como devemos
proceder nesses casos?
Bem, há duas alternativas nesses casos: uma é a determinação da distância horizontal
com base na distância inclinada, e a outra é lançando mão dos instrumentos de apoio
para os levantamentos topográficos.
A primeira alternativa consiste na determinação da distância com base na
trigonometria, em que podemos determinar a distância horizontal, fazendo a medição
direta da distância inclinada e relacionando a distância inclinada à inclinação do
terreno. Isso é mostrado na Figura 2.16:
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Há também erros relacionados a uma tensão muito grande nas extremidades da trena
que acabam por aumentar o comprimento do instrumento. Também há erros por
desnível da baliza, que perde sua verticalidade durante a medição, o que pode ser
facilmente corrigido ao usar um nível de cantoneira corretamente.
2.5 Medições Indiretas
As Medições Indiretas são definidas dessa forma por não serem obtidas a partir da
comparação direta entre o que se deseja medir e uma grandeza padrão. As medições
indiretas são obtidas a partir do cálculo envolvendo as medições de outras grandezas.
As medições indiretas são chamadas de Taqueometria, que etimologicamente significa
medições rápidas. As medições indiretas podem ser de três tipos: óticas, eletrônicas e
com GNSS.
As medições óticas têm o princípio da semelhança de triângulos como base. Observe
a Figura 2.18, que representa um levantamento em um terreno plano
horizontalmente, em que o operador deseja saber a distância horizontal entre C e G.
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Mas, então, como podemos saber todas essas relações e medir de fato a distância?
Bem, para isso, é utilizado o teodolito, que possui uma luneta, que quando
enxergamos através dela vemos algo semelhante ao que é mostrado na Figura 2.19.
Então, para medir a distância, apontamos essa luneta para a mira estadimétrica e
fazemos a leitura das posições dos fios superior, inferior e médio e aplicamos na
equação 2.5.1. A leitura da mira, na mira estadimétrica, é feita como mostra a Figura
2.20:
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A Figura 2.21 mostra um exemplo de leitura com a luneta apontada para mira. A
medição realizada nessa leitura indica os valores mostrados ao lado da leitura.
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Conclusão
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Referências
SILVA, Irineu da; SEGANTINE, Paulo Cesar Lima. Topografia para Engenharia - Teoria e
Prática de Geomática. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Disponível em:
https://www.saraiva.com.br/topografia-para-engenharia-teoria-e-pratica-de-
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Prática de Geomática. 11. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2015. Disponível em:
https://www.saraiva.com.br/topografia-para-engenharia-teoria-e-pratica-de-
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TULER, Marcelo; SARAIVA, Sérgio. Fundamentos de Topografia. Porto Alegre:
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Disponível em: www.cartografica.ufpr.br. Acesso em: jul. 2021.
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