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Fórum Administrativo - FA

Belo Horizonte, ano 14, n. 155, jan. 2014

Insalubridade e periculosidade e confecção de laudos periciais

Pergunta

Ratificamos a pergunta formulada, pois a resposta enviada está fundamentada com dispositivo já
revogado. Destacamos que o artigo 88 da Lei Complementar nº 68/92 foi revogado pela Lei
Complementar nº 1.068/2002. Em 2012, o Tribunal de Justiça de XX contratou a empresa XXX Serviços
Auxiliares Administrativos Ltda. – EPP, para confecção de Laudos Periciais de Insalubridade e
Periculosidade, tendo como estudo as edificações deste Poder Judiciário. Com efeito, com a conclusão dos
referidos laudos, constatou-se a existência de atividades insalubres e perigosas em alguns setores, entre
eles os Núcleos Psicossociais que integram os psicólogos e assistentes sociais, fundamentando-se na
Norma Regulamentadora nº 15 (MTE), informando sobre a exposição de atividades insalubres,
assegurando que estes servidores fazem jus ao adicional de insalubridade (grau médio). Entretanto,
ressaltamos que apesar do laudo garantir o pagamento do adicional, enfatizamos que os respectivos
servidores não laboram em ambientes hospitalares, emergências, ambulatórios, estabelecimentos
destinados aos cuidados da saúde humana ou consultórios (Anexo-14, NR 15), ocorrendo apenas
atendimentos eventuais nos fóruns ou em residências. Considerando, os argumentos acima, pergunta-se:
Estes servidores (Psicólogos/Assistentes Sociais) por prestarem atendimento ao público (pacientes)
eventualmente, teriam direito ao adicional de insalubridade (grau médio)? Quais são os requisitos que
configuram a atividade insalubre?

Resposta

Nota-se que atualmente não mais resiste no ordenamento de pessoal do Estado de XX dispositivo que
determine o pagamento de adicional de insalubridade ou que fixe os percentuais que seriam devidos aos
servidores em razão da constatação de circunstância que indicasse a necessidade dessa compensação.

Acontece que a Lei Complementar nº 1.068/ 2002, por entender se tratar de competência legislativa da
União legislar sobre o tema se absteve de disciplinar o assunto, apesar de ter revogado os dispositivos do
Estatuto dos Servidores Públicos Estaduais que tratava do tema. Vejamos o que expressou o art. 7º:

Art. 7º Dada à competência legislativa da União na caracterização e classificação do adicional de


remuneração para atividades insalubres, serão estas apuradas e definidas na forma prevista na
Consolidação das Leis Trabalhistas – CLT e normas do Ministério do Trabalho, através de perícia, a cargo
de Médico do Trabalho ou Engenheiro do Trabalho registrados no Ministério do Trabalho.

De início cabe asseverar que incorreu em equívoco o legislador estadual sobre a competência legislativa
para tratar do tema pelo menos por duas razões: a primeira porque cabe à unidade federada disciplinar a
respeito de normas estatutárias que regem a respeito de seus próprios servidores, sendo esta a natureza das
normas que disciplinam a respeito de adicionais de insalubridade, periculosidade ou penosidade para os
seus trabalhadores ocupantes de cargos efetivos; a segunda em razão do fato de constar no art. 24, inciso
XII, a disciplina a respeito de normas de proteção e defesa da saúde, portanto, cuida-se de competência
legislativa concorrente.

Assim, definido que se trata de competência legislativa concorrente a disciplina a respeito de


insalubridade, periculosidade e penosidade, deveria o Poder Legislativo Estadual respeitar, quando
existentes, as normas gerais a respeito do tema presentes em ordenamento produzido pela União, mas, de
todo modo, somente poderá pagar tais adicionais aos seus servidores quando houver previsão em norma
específica estadual a respeito desse mesmo pagamento, sob pena de impossibilidade jurídica.

Somente haverá que se falar em direito aos servidores de perceberem adicional de insalubridade,
periculosidade ou penosidade quando existente norma estadual que preveja o pagamento desses adicionais,
sendo irrelevante para efeito de composição dos vencimentos de servidores esta​duais que exista disposição
a respeito na Consolidação das Leis Trabalhistas, diploma estranho ao regramento de servidores públicos
estatutários.

A elaboração de laudos técnicos apenas servirá de orientação para a fixação legislativa de percentuais e
critérios para a concessão do adicional, jamais como fundamento que dê amparo ao adicional, quando
sequer exista previsão legal estadual sobre ser este devido ou não e em que condições.

Qualquer ato administrativo, logicamente assim também o ato de concessão de adicional de insalubridade,
deverá se escudar, para que seja válido, em lei que autorize a sua edição e especifique os critérios e
condições de sua prática. Portanto, não existindo atualmente previsão em lei estadual do pagamento de
adicional de insalubridade nenhum efeito terá qualquer laudo que tenha sido emitido evidenciando a
existência de condições de risco por insalubridade, periculosidade ou penosidade.

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