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Publicado em 22 de outubro de 2020

Neste relatório, falaremos sobre a maior fornecedora de soluções de equipamentos


eletroeletrônicos da América Latina, que cresceu suas receitas a uma taxa anual de 16,8% de 1996
até 2019, com excelentes retornos: a WEG (WEGE3). Abordaremos o seu histórico, suas linhas de
receita, seu potencial de crescimento, seu market share, os riscos intrínsecos ao seu modelo de
negócios, o resultado do terceiro trimestre de 2020, entre outros fatores. Tudo isso com a finalidade
de explicar o porquê de acreditarmos que a WEG seja uma empresa capaz de entregar ótimos
retornos no longo prazo e qual é o motivo de ela ser a melhor growth stock para 2021.

A empresa tem como principais fontes de crescimento:

1) O desenvolvimento de novos negócios. A empresa tem exposição estratégica às


principais tendências seculares, tais como: 1) a busca global por fontes de energia limpa;
2) a eletrificação da frota, com a WEG sendo um fornecedor-chave de marcas globais de
veículos comerciais (MAN/VW); 3) a indústria 4.0; 4) a eficiência energética; 5) a rede
inteligente e 6) o armazenamento de energia.

2) O ganho de market share com o portfólio atual de produtos. Embora reste pouco
mercado para a empresa crescer sua participação no Brasil, ainda há muito para ela
desbravar no cenário internacional.

3) A internacionalização. A WEG já é uma empresa global; mesmo assim, além do possível


ganho de espaço com os produtos fabricados, há muita oportunidade em outros
segmentos ainda não tão explorados fora do Brasil.

Estimamos, para a WEG, um potencial de valorização de 13,7% ao ano ao longo dos próximos 15
anos, um retorno muito bom. Recomendamos que os investidores comprem suas ações até o valor
de R$ 94,00.

Boa leitura!

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Histórico da empresa
A WEG é uma empresa de origem familiar
criada na década de 60 no município de
Jaraguá do Sul, no alto vale de Santa
Catarina, região que recebeu um número
enorme de imigrantes oriundos da
Alemanha e de outros países europeus no
século passado. Os valores associados à
cultura germânica são preservados até hoje
na região, na cidade e na empresa.

Com o aumento da demanda por motores na


localidade e a demora de até 60 dias para a
entrega deles naquele tempo, os visionários
Werner, Eggon e Geraldo enxergaram, naquele cenário, Foto: Primeira sede WEG Fonte: Site Institucional
WEG
uma oportunidade de suprir a necessidade do mercado, totalmente dependente da tecnologia de
outras regiões e sedento por desenvolvimento.

Assim, decidiram abrir a Eletromotores Jaraguá, atuando, em seus primórdios, exclusivamente na


fabricação de motores elétricos. O trio – cujas iniciais do nome compõem o nome atual da
companhia – possuía formações complementares: enquanto o primeiro deles era um grande
mecânico, os outros dois tinham, respectivamente, formação em administração e em eletricidade.

Na década de 80, enquanto o Brasil e o mundo passavam por um momento de aperto e de


dificuldades econômicas, a WEG deu um passo além na sua transformação. Em 1981, criaram a WEG
Transformadores e a WEG Energia, o que deu início ao processo mais intenso de diversificação do
portfólio de produtos fabricados e abriu o leque de oportunidades à frente, tais marcas são de
extrema importância e perduram até os dias atuais.

Na década de 90, a WEG virou, de fato, uma companhia internacionalizada: foram abertas filiais nos
Estados Unidas, na Alemanha, Inglaterra, França, Espanha e Suécia. No Brasil, estima-se que, à
época, ela já detinha quase 80% do mercado de motores elétricos. Além disso, a exportação de seus
produtos já alcançava 55 países.

No primeiro ano da década seguinte, a WEG foi


além e anunciou a aquisição de fábricas na
Argentina e no México – e, posteriormente,
em Portugal. Ela seguiu sua expansão
internacional nos anos seguintes, indo à
Cingapura e à China, e adquiriu fábricas
locais em Manaus, Santa Catarina, Rio
Grande do Sul e São Paulo.

Nos últimos anos, a WEG tem acelerado


seu processo de internacionalização com
diversas aquisições sendo realizadas ao
redor do mundo. Além disso, ela se
Foto: Gerador Eólico WEG Fonte: Site Institucional WEG estabeleceu em um novo mercado,

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o de tintas e vernizes industriais, e ampliou seu escopo na parte de energia, fabricando
equipamentos para energia eólica.

No contexto atual, ela está entre os maiores fabricantes de equipamentos eletroeletrônicos de uso
industrial do Brasil e da América Latina. Na categoria de motores elétricos de baixa tensão, ela está
entre os maiores players do mundo.

Ao longo dos anos, a WEG cresceu tanto de forma orgânica como por meio de aquisições de
empresas nacionais e internacionais. Dessa forma, as suas unidades fabris encontram-se espalhadas
por diversos estados brasileiros, bem como outros países, tais como: Colômbia, México, Argentina,
Estados Unidos, China, Áustria, Alemanha, Índia, Espanha, Portugal e África do Sul. A companhia
atua de forma diversificada dos pontos de vista estratégico, geográfico e de produtos/mercados.

Conforme mostram os últimos resultados apresentados pela companhia, cerca de 57% de sua
receita provém do mercado externo – no geral, quase metade desse montante é proveniente do
mercado da América do Norte.

Atualmente, podemos dizer que a WEG é uma empresa que desenvolve e produz soluções de
eficiência energética para toda a cadeia produtiva. A imagem abaixo, retirada da apresentação
institucional da empresa, demonstra bem a inserção dos produtos da empresa:

Fonte: RI WEG

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Linhas de Negócio

Conforme comentado acima a respeito de sua história, a WEG foi ampliando seu escopo de atuação
e diversificando suas linhas de negócio para além da fabricação de motores elétricos, abrangendo
outros mercados, como o de energia e, até mesmo, o mercado de tintas. Atualmente, a companhia
divide as suas áreas de negócio em quatro:

Fonte: Resultados WEG 3T20

1. Equipamentos Eletroeletrônicos Industriais (51,5% da receita): fabricação de motores


elétricos de tensões baixa e média, bem como equipamentos de automação industrial e
serviços de manutenção.

2. Geração, Transmissão e Distribuição de Energia (34,3% da receita): fabricação de


geradores elétricos para usinas hidráulicas e térmicas, turbinas hidráulicas,
aerogeradores, transformadores, subestações, painéis de controle e serviços de
integração de sistemas.

3. Motores para Uso Doméstico (9,9% da receita): atuação no mercado de motores


monofásicos para bens de consumo durável, como lavadoras de roupas, aparelhos de
ar-condicionado e bombas de água.

4. Tintas e Vernizes (4,3% da receita): fabricação de tintas líquidas, tintas em pó e vernizes


eletroisolantes, com foco claro em aplicações industriais no mercado doméstico.

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Fonte: Apresentação Institucional WEG

O Potencial de Crescimento da WEG

A WEG é referência no segmento industrial e no de energia elétrica, oferecendo diversos produtos


e serviços de alto conteúdo tecnológico para as principais indústrias brasileiras e de outros países.
Sem dúvida alguma, a WEG não é uma empresa industrial tradicional, pois a sua operação produz e
comercializa desde produtos mais tradicionais e resilientes até as próximas tendências em termos
de inovação tecnológica para motores, como o motor elétrico e, até mesmo, o motor de energia,
atuando, assim, nos segmentos de painéis solares e de energia eólica.

Além disso, como comentado acima, ela tem atuado no desenvolvimento de motores para veículos
automotivos. A produção ainda tem como foco veículos de transporte de cargas – como VUCs
(Veículos Urbanos de Carga) –, pois o custo ainda é proibitivo para a implementação em carros de
passeio e tem uma autonomia de 200 quilômetros, o que impossibilita, ainda, a utilização para
veículos de transporte maiores. Outro ponto interessante é o seu negócio digital, o qual, por meio
de tecnologia, permite o monitoramento de motores industriais (da WEG ou de terceiros),
fornecendo dados relevantes sobre seus funcionamentos (frequência, temperatura, vibração). Isso
permite uma melhor manutenção e acompanhamento.

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Fonte: Apresentação Institucional WEG

Por meio dessa atuação diversificada, de sua qualidade de produção, do alto investimento em
pesquisa e desenvolvimento, da gestão de excelência e dos processos de aquisição bem-sucedidos,
a WEG vem conseguindo manter uma taxa média composta de crescimento anual de receitas de
16,8% desde 1996 até 2019, realidade bem diferente do contexto industrial brasileiro, o qual passa
por grandes dificuldades há, pelo menos, duas décadas.

Um grande diferencial competitivo da WEG é a sua verticalização, com praticamente toda a


produção dos componentes realizada dentro de casa. Esse tipo de estrutura, uma vez bem
executado, permite maior controle produtivo, customização, maior autonomia, independência,
domínio total da sua tecnologia e maior potencial de lucros e de rentabilidade sobre o patrimônio.

Quando ela necessita de um determinado item que não possui potencial escalável, a WEG não tem
pretensões de participar do mercado e acaba comprando-o no mercado, como no caso de baterias
e chips – entre outros produtos similares.

Em outros casos, a empresa cresce via fusões e aquisições com um claro objetivo em mente: acelerar
seu acesso a mercados e a novas tecnologias. Na imagem abaixo, podemos perceber que as últimas
aquisições da empresa (realizadas em 2019) focaram a internalização da tecnologia (processo de
monitoramento de motores).

Fonte: RI WEG

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Mesmo com as altas taxas de crescimento das receitas e dos lucros, a WEG segue enxergando
potencial de crescimento em suas linhas de negócio. A companhia não pretende realizar
movimentos ou mudanças bruscas para acelerar o crescimento. Em suma, ela tem como objetivo
seguir seu ritmo histórico de crescimento (entre 15% e 18% ao ano). Apesar do número, não há
qualquer tipo de projeção ou guidance formal nesse sentido.

Por meio de seu conhecimento em engenharia, de sua forte reputação no segmento GTD e do
modelo de negócios verticalmente integrado, a WEG tem uma exposição estratégica às principais
tendências seculares, como: 1) a busca global por fontes de energia limpa; 2) a eletrificação da frota,
com a WEG sendo um fornecedor-chave de marcas globais de veículos comerciais (MAN/VW); 3) a
indústria 4.0; 4) a eficiência energética; 5) a rede inteligente e 6) o armazenamento de energia.

Assim, as principais avenidas de crescimento da empresa são:

1. O ganho de market share com o portfólio atual de produtos: embora reste pouco
mercado para a empresa crescer sua participação no Brasil, ainda há muito para
desbravar no cenário internacional.

2. A internacionalização: a WEG já é uma empresa global; mesmo assim, além do possível


ganho de espaço com os produtos fabricados, há muita oportunidade em outros
segmentos ainda não tão explorados fora do Brasil.

3. Desenvolvimento de novos negócios: a WEG investe muito em Pesquisa e


Desenvolvimento, além de realizar aquisições estratégicas. Com uma cultura ágil, a
empresa consegue reinventar-se a cada momento, sempre buscando fornecer produtos
e soluções de alta qualidade para seus clientes. Um exemplo recente é a entrega dos
ventiladores pulmonares, que auxiliaram no combate ao Covid-19. Embora ela nunca
tivesse fabricado um produto sequer do tipo, em pouco mais de um mês, a empresa
conseguiu finalizar todo o processo de produção deles e entregá-los.

Conforme comentado acima, a companhia vislumbra muitas oportunidades em termos de projetos


vencedores, mas não é seu perfil estimulá-los de maneira agressiva. Essa perspectiva cautelosa, que
condiz com o seu perfil e com a sua história, se encaixa bem em seus níveis de endividamento e de
alavancagem ao longo dos anos.

Resultado WEG (WEGE3) 3T20

A Weg (WEGE3) apresentou, na quarta-feira (21), os seus resultados referentes ao 3T20. O resultado
veio com melhora em praticamente todos os indicadores financeiros e operacionais, reforçando
nossa recomendação de compra baseado em sua contínua capacidade de crescimento.

Nós destacamos dois principais pontos que nos chamaram atenção positivamente: a combinação
de crescimento de receitas com redução de custos, o que gerou ganhos de margem expressivos na
comparação com o 2T20 e o 3T19, e, por consequência, o aumento do Retorno Sobre o Capital
Investido (Return On Invested Capital –ROIC). Ambos os pontos nos deixaram bastante satisfeitos.

A sua receita líquida total do trimestre atingiu R$ 4,8 bilhões, um crescimento de 43,3% na
comparação anual e de 18,1%, na comparação trimestral, puxado principalmente pelo aumento na
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demanda por produtos de ciclo curto – reflexo da retomada da economia. Além disso, a receita
proveniente de projetos mais longos também seguiu forte. Ajustado de forma a excluir as aquisições
recentes, a receita teria apresentado um crescimento na comparação anual de 42,3%.

WEG 3T20 3T20 2T20 % 3T19 %


ROIC* (%) 23,3% 21,6% 1,7 p.p. 19,2% 4,1 p.p.
Receita líquida (R$ milhões) 4.801 4.064 18,1% 3.350 43,3%
Receita Brasil (R$ milhões) 2.085 1.604 30,0% 1.378 51,3%
Receita Exterior (R$ milhões) 2.716 2.460 10,4% 1.971 37,8%
Receita exterior (US$ milhões) 505 457 10,5% 497 1,7%
Lucro líquido (R$ milhões) 644 514 25,2% 418 54,0%
Margem líquida (%) 13,4% 12,7% 0,7 p.p. 12,5% 0,9 p.p
EBITDA (R$ milhões) 935 732 27,7% 579 61,5%
Margem EBITDA 19,5% 18,0% 1,5 p. p. 17,3% 2,2 p. p.
*ROIC é uma métrica usada para avaliar tanto eficiência operacional quanto de investimento da companhia
Fonte: RI WEG

Em todas as suas áreas de negócio, uma parte da receita é em moeda estrangeira. O dólar médio
no 3T20 foi de R$ 5,38 (ante os R$ 3,97 do 3T19) e dessa maneira a valorização cambial impactou
positivamente as receitas na comparação anual.

Linhas de Receita 3T20


Tintas e Vernizes
4,3%
Motores comerciais e 9,9%
Appliance Equipamentos
Eletrônicos e Industrias

51,5%
34,3%

Geração , Transmissão e
Distribuição de Energia
Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

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A receita de Equipamentos Eletrônicos e Industriais obteve um
crescimento anual de 50,1% no mercado interno devido a
recuperação da atividade industrial brasileira ligada a produtos de
ciclo curto, com forte demanda da construção civil e do agronegócio.
51,5% Entregas de projetos importantes nos setores de mineração, óleo &
gás e papel & celulose, também contribuíram para o bom
desempenho na parte de equipamentos de ciclo longo.

A receita é proveniente do mercado externo. O segmento cresceu


29,2% anualmente devido a continuidade da retomada gradual da
economia mundial e efeito cambial, com crescimento relevante vindo da China para equipamentos
de ciclo curto. Os equipamentos de ciclo longo mantiveram um bom desempenho, principalmente
nos setores óleo & gás e água & saneamento

Equipamentos Eletrônicos e
Industriais 3T20 2T20 % 3T19 %
Receita Brasil (R$ milhões) 795 636 25,1% 530 50,1%
Receita Exterior (R$ milhões) 1678 1584 6,0% 1.299 29,2%
Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

Já a receita de Geração, Transmissão e Distribuição de Energia


cresceu 64,8% no mercado interno, comparando com 3T19, com
destaque para o setor de transmissão e distribuição, maior
responsável por esse crescimento. Já o negócio de geração solar
34,3% distribuída começou a mostrar melhora depois dos impactos da
pandemia.

A receita do mercado externo teve uma alta de 53,5% anual com a


continuidade de entregas nos EUA e México, além dos efeitos
cambiais.
Geração , Transmissão e
Distribuição de Energia 3T20 2T20 % 3T19 %
Receita Brasil (R$ milhões) 867 756 14,8% 526 64,8%
Receita Exterior (R$ milhões) 777 701 11,0% 507 53,5%
Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

O segmento de Motores Comerciais e Appliance cresceu 34,7% no


mercado interno, seguindo o movimento observado no final do
trimestre passado, com recuperação da demanda pelos produtos
após a queda acentuada no começo da pandemia. Já no mercado
9,9% externo, o crescimento foi de 51,5%, quando comparado ao 3T19,
devido a efeitos cambiais e com destaque para as operações na
América do Norte.

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Motores Comerciais e
Appliance 3T20 2T20 % 3T19 %
Receita Brasil (R$ milhões) 253 106 138,3% 188 34,7%
Receita Exterior (R$ milhões) 221 160 38,0% 146 51,5%
Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

A receita de Tintas e Vernizes cresceu 26,4% no Brasil, com destaque


para o aumento da demanda nos segmentos de implementos
rodoviários, máquinas agrícolas, eletrodomésticos e de construção
civil. Já no mercado externo, o crescimento foi de 95,4%, refletindo
4,3%
não só a apreciação cambial como uma forte melhora das vendas
devido a melhora da atividade econômica da Argentina e de outros
países da América Latina.

Tintas e Vernizes 3T20 2T20 % 3T19 %


Receita Brasil (R$ milhões) 169 107 58,6% 134 26,4%
Receita Exterior (R$ milhões) 39 22 82,4% 20 95,4%
Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

EBITDA (lucro antes dos impostos, juros, da amortização e depreciação), que é uma métrica usada
para medir a geração de caixa das operações da empresa, chegou a R$ 935 milhões, cresceu 61,5%
ano contra ano, influenciado tanto pelo crescimento da receita (43,3%) quanto pela expansão da
margem (2,2 p.p.). Vale notar que o EBITDA foi beneficiado por efeitos não recorrentes de R$29,2
milhões devido a créditos financeiros da lei de informática. Excluindo esse efeito, a margem EBITDA
seria de 18,9%.

Receita, EBITDA e Margem


6.000 25, 0%

19,5%
5.000 18,0%
17,3% 17,6% 20, 0%

16,3% 16,7%
15,7%
4.000
15, 0%

3.000
10, 0%

2.000
5,0 %

1.000

- 0,0 %

1T19 2T19 3T19 4T19 1T20 2T20 3T20

Receita EBITDA Margem EBITDA (%)

Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

A Melhora da margem EBITDA veio devido a uma melhora da receita, resultando na maior diluição
dos custos fixos: as Despesas de Vendas, Gerais e Administrativas representaram 11,8% da receita,
1,5 p.p. a menos que em 3T19 e 0,6p.p. a menos que no trimestre passado. A empresa destacou os
efeitos dos esforços para redução de despesas implementados no início da pandemia, que
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começaram a fazer efeito. Não obstante, esses esforços também refletiram a melhoria da sua
margem bruta, que cresceu 1,5 p.p. em relação ao 3T19.

O resultado também mostra a capacidade que a empresa tem em, continuamente, manter o
controle dos custos mesmo com forte crescimento de receita, o que contribui para nossa tese de
que a WEG consegue continuar se renovando mantendo eficiência operacional.

O Lucro líquido cresceu incríveis 54,0% no trimestre em relação ao 3T19, atingindo R$ 644 milhões.
Com isso o lucro acumulado dos últimos 12 meses cresceu 44,8%, atingindo R$ 2,0 bilhões. Esse foi
o sexto trimestre consecutivo que a WEG apresentou crescimento anual de lucro acima de 10%,
outro indicativo da sua forte capacidade de continuar crescendo.

Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

O ROIC cresceu 4,1p.p, comparado ao mesmo período do ano passado, atingindo 23,3%. A
constante melhora desse indicador mostra a capacidade da companhia em se tornar cada vez mais
eficiente e reforça a nossa tese de que ela é capaz de crescer de maneira contínua com aumento de
rentabilidade.

ROIC
23,3%

21,6%
20,7%
20,2%
19,2%
18,4%
18,0%

1T19 2T19 3T19 4T19 1T20 2T20 3T20


Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos
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Nos 9 primeiros meses de 2020, a companhia terminou com R$ 2,6 bilhões em caixa, um aumento
de R$ 0,7 bilhão, devido, principalmente, à forte geração de caixa operacional, e ofuscando o efeito
negativo do fluxo de caixa financeiro. O efeito negativo ocorreu em função do pagamento de R$ 880
milhões em proventos e pagamento de dívidas.

Fonte: RI WEG | Elaboração Levante investimentos

Ao fim de setembro a companhia era caixa líquida (tem mais caixa do que dívidas) em R$ 2,2 bilhões,
uma posição confortável para enfrentar imprevistos da pandemia nos próximos meses e oportuna
para poder realizar aquisições no Brasil e no exterior.

Reação do mercado
Na nossa visão, o resultado da Weg veio acima de todas as expectativas, com números excepcionais.
Porém, após subir mais de 27% do início de outubro até um dia antes do resultado, a ação (WEGE3)
apresentou queda de 6,2% (quarta-feira, 21/10), provavelmente devido a parte dos investidores
que estava esperando o resultado para realizar seus investimentos.

Filosofia Growth stocks e Valuation

Dentro da filosofia de Growth Stocks, a ideia não é estimarmos um target price justo para a empresa
a uma data determinada e esperarmos o ativo atingir aquele valor para realizarmos a venda dele,
como faríamos se estivéssemos seguindo a filosofia de Value Investing. O objetivo é encontrar
empresas que irão crescer seus lucros de maneira consistente, de modo que o preço da ação cresça
proporcionalmente ao lucro – ou o suficiente para gerar excelentes retornos.

Com a filosofia de Growth Stocks, nós estimamos um preço-alvo para a empresa, em nosso modelo,
como forma de fazer uma checagem dupla. No entanto, o que importa para nós é o potencial de
crescimento da WEG. Seguindo essa linha de raciocínio, vamos estimar o nosso retorno potencial
da WEG em 15 anos, pensando em quanto o seu lucro irá crescer ao ano e em qual poderá ser o
múltiplo justo da empresa na data.

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Nós acreditamos que, durante a próxima década e meia, a WEG terá potencial de continuar
crescendo fortemente. Mais do que isso: vemos a empresa em uma posição privilegiada para
atender às tendências seculares anteriormente citadas. Um estudo realizado pelos analistas do Bank
of America nos dá indícios de um dos principais motivos pelos quais isso vem acontecendo de
maneira recorrente. A empresa tem uma alta complexidade, com um número muito grande de
produtos e uma abertura, de certo modo, reduzida de informações apresentadas ao mercado, o que
torna a sua avaliação complicada. No entanto, um fato que para muitos pode ser desconhecido é o
seguinte: de 2008 até 2018, mais da metade das receitas da empresa vieram de produtos que foram
lançados cinco anos antes. O gráfico abaixo demonstra isso, indicando o percentual de receitas do
ano que vieram de produtos lançados cinco anos antes do período.

Tendo essa miopia dos analistas em mente, tudo discutido anteriormente e levando em
consideração as tendências às quais a WEG está exposta, nós acreditamos que seja possível que a
empresa cresça, na próxima década, a um ritmo mais acelerado do que cresceu em seu passado.
Para os próximos 15 anos, vamos supor que a empresa cresça seus lucros em 20% ao ano.

A outra variável que precisamos estimar é o múltiplo justo P/E (Preço dividido pelo Lucro) que a
empresa irá negociar. Para isso, vamos olhar para o histórico da empresa como referência.
Historicamente, a empresa negocia em média a 20 x P/E. Atualmente, por outro lado, a empresa
está negociando na faixa de 80 x P/E para o ano de 2021. Nós acreditamos que a WEG merece um
múltiplo mais alto neste momento em função das tendências às quais ela está exposta, de seu sólido
track record de crescimento e de sua rentabilidade. Para a nossa análise, vamos utilizar um múltiplo
justo de 35 x P/E, consideravelmente abaixo do múltiplo atual e acima do múltiplo histórico, para
refletir a característica premium da empresa.

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Estimativa retorno WEG
Lucro LTM** (R$ mn) 2.099
Crescimento Anual de Lucro Estimado 20%
Anos 15
Lucro Estimado 2034 (R$ mn) 32.341
P/L Justo 35
Valor Justo 2034 (R$ mn) 1.131.947
Valorização* 588%
Retorno ao Ano* 13,7%
Até que preço comprar 94,0
Fonte: Levante ideias de investimento
* com base no preço de fechamento do dia 21/10/2020
** LTM = dos últimos 12 meses

Partindo do lucro reportado em 3T20 LTM, de R$2.099 mn, e crescendo 20% ao ano durante 15
anos, o lucro atingirá R$ 32,3 bn. Como resultado das nossas estimativas, obtemos um retorno anual
de 13,7% para as ações da WEG. Isso pode ser entendido como a Taxa Interna de Retorno (TIR) para
quem segurar as ações durante 15 anos. Um retorno bem acima da taxa Selic e, provavelmente,
muito acima da maioria das ações na bolsa e, por isso, acreditamos que ela é a melhor growth stock
para 2021.

Reafirmamos nossa recomendação de compra da WEG (WEGE3) até R$ 94/ação.

Um abraço e até breve,


Equipe Levante

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O relatório ‘A Melhor Growth Stock Para 2021’ foi produzido pela equipe de análise da série Growth
Stocks da Levante.

Trata-se de uma das estratégias premium da Levante. Como diz o nome, a missão da série é identificar
promissoras Ações de Crescimento. Sua meta é dobrar o valor investido a cada 3 anos.

Falamos aqui de empresas com um modelo de negócio focado em crescer acima de suas concorrentes.
Em geral são empresas que empregam todo o lucro na operação, buscando alternativas para ampliar
as oportunidades em seus setores de atuação e afins.

Sabe quem segue a estratégia Growth Stocks?


O megainvestidor Warren Buffet. “Minha carteira é 100% Benjamim Graham e 100% Philip Fisher”,
costuma dizer em referência aos inspiradores das estratégias Value Investing e Growth Stocks,
respectivamente.

A série Growth Stocks é comandada por Pedro Bresser, o mais novo sócio-analista da Levante.
Ao se juntar a seus integrantes, você pode optar por direcionar seus recursos financeiros para duas
carteiras.

A carteira TOP 3 Growth Stocks foi montada exclusivamente com ações listadas na Bolsa brasileira.
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- 15 -
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Atenciosamente,
Equipe Levante.

PS.: Para mais informações sobre a série, basta mandar mensagem para o Whatsapp (11) 998435-3455
e algum de nossos consultores de investimento vão te ajudar.

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Conforme o artigo 20, parágrafo único da ICVM 598/2018, o analista Felipe Bevilacqua se declara
inteiramente responsável pelas informações e afirmações contidas neste relatório de análise.

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