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10 Fé para Hoje

A VONTADE DE DEUS
E A VONTADE DO HOMEM
Horatius Bonar

“Não poderei eu fazer de vós como fez este oleiro, ó casa de Israel?
— diz o SENHOR; eis que, como o barro na mão do oleiro, assim sois
vós na minha mão, ó casa de Israel”.
Jeremias 18.6

N o presente, existe grande con- haver qualquer coisa má que Deus


trovérsia a respeito da vontade de não desejou permitir. A vontade de
Deus. Sobre este assunto surgem Deus vem antes de todas as outras
muitas perguntas. A principal delas vontades. Aquela não depende des-
refere-se à conexão entre a vontade tas, mas estas dependem daquela. O
de Deus e a vontade do homem. Qual exercício da vontade de Deus regula
a relação entre elas? Qual a ordem as outras vontades. O “Eu quero” de
que uma ocupa em relação a outra? Jeová é aquilo que põe em atividade
Qual delas está em primeiro lugar? todas as coisas no céu e na terra; é a
Não existe qualquer debate sobre a fonte e a origem de tudo que, grande
existência dessas duas vontades. Deus ou pequeno, ocorre no universo, en-
possui uma vontade, e, igualmente, tre as coisas animadas ou inanimadas.
o homem. Elas se encontram em cons- Este “Eu quero” trouxe os anjos à
tante exercício — Deus quer, e o existência e os sustem até agora. Este
homem quer. Nada ocorre no univer- “Eu quero” originou a salvação para
so sem a vontade de Deus. Todos um mundo perdido, providenciou um
admitem isso; mas surge a pergunta: Redentor e realizou a redenção. Este
a vontade de Deus é o primeiro fator “Eu quero” começa, desenvolve e
em todas as coisas? conclui a salvação de cada alma
Eu respondo “sim”. Não pode redimida; abre os olhos dos cegos e
haver qualquer coisa boa que Deus os ouvidos dos surdos; desperta aque-
não desejou que existisse; não pode le que dorme e ressuscita os mortos.

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Não estou dizendo que Deus simples- os seres, tem o direito irrestrito de
mente declarou a sua vontade a afirmar, em referência a todos os
respeito dessas coisas; estou afirman- acontecimentos e mudanças: “Eu
do que cada conversão e cada atitude quero”. A vontade do homem seguiu
que a constitui originou-se neste su- os movimentos da vontade divina.
premo “Eu quero”. Quando Jesus Deus o tornou desejoso. A vontade
curou o leproso, Ele disse: “Quero, de Deus é a primeira a agir, não a se-
fica limpo”; assim também, quando gunda. Mesmo uma vontade santi-
uma alma é convertida, ocorre a mes- ficada e aperfeiçoada depende da von-
ma, distinta e especial manifestação tade de Deus, para receber orientação;
da vontade divina: “Quero, seja con- e, depois de regenerada, a vontade
vertido”. Tudo que pode ser chamado do homem ainda é uma seguidora, e
bom no homem, ou no universo, tem não um guia. E, no que se refere à
sua origem no “Eu quero” de Jeová. vontade de uma pessoa não-regene-
Não estou negando o fato de que rada, muito mais necessário é que sua
na conversão o homem também exer- propensão tenha de ser primeiramente
ce a sua vontade. Em tudo que o mudada. Como isto pode acontecer,
homem sente, pensa e faz, ele neces- se Deus não interpuser sua mão e seu
sariamente exercita seu querer. Tudo poder?
isso é verdade. O contrário é absur- Isto não significa tornar Deus o
do e irreal. No entanto, enquanto o autor do pecado? Não. O fato de que
admitimos, surge outra pergunta de a vontade de Deus originou tudo que
grande interesse e implicação. Os mo- é bom no homem não implica em que
vimentos da vontade humana em di- essa mesma vontade dá origem ao que
reção ao bem são efeitos da operação é mau. A existência de um mundo
da vontade divina? O homem deseja santo e feliz prova que Deus o criou
a salvação porque ele mesmo se tor- com suas próprias mãos. A existên-
nou propenso a isto ou porque Deus cia de um mundo impuro e infeliz
o dispôs? O homem se torna comple- comprova que Deus permitiu que esse
tamente desejoso pela salvação por mundo caísse nesse estado; porém
uma atitude de sua própria vontade, não comprova mais nada. As Escri-
ou por causa do acaso, ou por persua- turas nos dizem que Jesus foi “en-
são moral, ou por que agiu motivado tregue pelo determinado desígnio e
por causas e influências exteriores à presciência de Deus” (At 2.23). A
sua pessoa? vontade de Deus estava ali. Ele per-
Respondo sem hesitação: o ho- mitiu que as obras das trevas se
mem se torna desejoso porque uma realizassem; porém, mais do que
vontade distinta e superior — ou seja, isso, a morte de Jesus foi o resultado
a vontade de Deus — entrou em con- do “determinado desígnio” de Deus.
tato com a vontade dele, alterando Isto demonstra que Deus foi o autor
sua natureza e sua propensão. Esta do pecado de Judas ou de Herodes?
nova propensão resulta de uma mu- Se não fosse a eterna vontade de
dança produzida sobre a vontade do Deus, Jesus não teria sido entregue;
homem por Aquele que, entre todos mas isto prova que Deus compeliu

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Judas a trair, Herodes a desprezar e dirá que o evangelho é capaz de pro-


Pilatos a condenar o Senhor da Gló- duzir a alteração na vontade do
ria? Ainda, outra passagem bíblica homem, enquanto este rejeita o evan-
afirma: “Porque verdadeiramente se gelho. Nenhum remédio, ainda que
ajuntaram nesta cidade contra o teu seja o melhor, pode ser eficaz, se não
santo Servo Jesus, ao qual ungiste, for tomado. A vontade do homem
Herodes e Pôncio Pilatos, com gen- rejeita o evangelho; opõe-se à verda-
tios e gente de Israel, para fazerem de de Deus. Então, como a vontade
tudo o que a tua mão e o teu propósi- torna-se capaz de recebê-la? Admi-
to predeterminaram” (At 4.27-28). tindo que, ao recebê-la, ocorre uma
É possível perverter esta passagem, mudança, ainda surge uma pergun-
a ponto de pro- ta: de que manei-
var que ela não g ra a vontade do
possui qualquer O homem deseja a sal- homem foi trans-
referência à pre- vação porque ele mesmo formada, a ponto
destinação? Ela de se tornar dis-
significa que se tornou propenso a posta a receber
Deus foi o autor isto ou porque Deus o a verdade de
dos atos aos qua- dispôs? Deus? A pior ca-
is ela se refere? racterística de
g
Deus é o autor do uma enfermida-
pecado, porque este relato afirma que de é a determinação de não querer
judeus e gentios se ajuntaram “para tomar o remédio. E como ela pode
fazerem tudo o que” a mão e o pro- ser sobrepujada? Ora, alguém dirá,
pósito divinos predeterminaram? esta resistência será vencida com ar-
Permitamos que os nossos oponen- gumentos. Argumentos! O evangelho
tes expliquem esta passagem bíblica em si mesmo não é o grande argu-
e digam-nos como ela pode se har- mento? No entanto, ele é rejeitado.
monizar com a teoria deles. Que argumentos você espera preva-
Talvez alguém argumente que leçam com um homem que rejeita o
Deus age através dos meios na trans- evangelho? Admitimos que existem
formação da vontade do homem. outros argumentos, mas o homem se
Pode ser dito: “Não há necessidade coloca em oposição a todos eles. Não
de que ocorra uma especial e direta existe qualquer argumento utilizado
intervenção da vontade e do poder de que o homem não odeie. Sua vonta-
Deus. Ele estabeleceu os meios, deu- de resiste e rejeita qualquer argu-
nos sua Palavra, proclamou seu mento e motivo persuasivos. Como
evangelho; através desses meios, Ele pode ser vencida esta resistência e
realiza a mudança. A vontade de Deus expulsa esta oposição? De que ma-
não entra em direto contato com a neira a propensão da vontade humana
nossa vontade. Ele permite que esses pode ser alterada, para aceitar aquilo
instrumentos realizem a mudança”. que rejeitava? É evidente que isto
Bem, vejamos quanta verdade existe ocorre somente quando a vontade
nessa afirmação. Creio que ninguém humana entra em contato com uma

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vontade superior — uma vontade ca- pode haver na afirmação de que toda
paz de remover a resistência, uma a falta de confiança do pecador para
vontade semelhante àquela que dis- com Deus e de que todas as suas tre-
se: “Haja luz; e houve luz”. A própria vas espirituais resultam do fato de que
vontade tem de sofrer uma mudan- o homem não pode ver Deus como o
ça, antes que possa escolher aquilo Deus da graça? Asseguro que, com
que rejeitava. E o que pode mudá- freqüência, esta é a situação do ho-
la, senão o dedo de Deus? mem. Sei que, constantemente, um
Se o homem rejeitasse o evange- mau entendimento do misericordio-
lho apenas porque não o entende so caráter de Deus, demonstrado e
corretamente, eu poderia deduzir vindicado na cruz do Calvário, é a
que, se o evangelho lhe fosse plena- causa de trevas para uma alma ansio-
mente esclarecido, cessaria a re- sa por Cristo; também reconheço que
sistência. Mas não acredito que esta uma simples contemplação da abun-
seja a situação do homem, pois isto dante riqueza da graça de Deus
nos levaria a concluir que o homem repeliria tais nuvens de trevas. Mas
rejeita não a verdade, e sim apenas isto é muito diferente de afirmar que
aquilo que não entende; se o que ele tal contemplação, sem o poder
não entende for esclarecido, ele acei- renegerador do Espírito Santo sobre
tará a verdade! O homem não-rege- a alma do homem, transformaria a
nerado, ao invés de ser inimigo da inimizade em amor e confiança. Pois
verdade, seria exatamente o oposto! sabemos que a vontade não-regene-
Haveria tão pouca depravação no co- rada opõe-se ao evangelho; é inimiga
ração do homem, tão pouca perver- de Deus e de sua verdade. Se a ver-
sidade em sua vontade e um tão ins- dade for apresentada com muita
tintivo amor à verdade e repúdio ao clareza à vontade do homem e insis-
erro, que, se a verdade lhe fosse es- tida sobre ela, logo despertará e
clarecida, ele imediatamente a a- suscitará o seu ódio. A proclamação
ceitaria! Todas as suas hesitações an- da verdade, embora seja feita de ma-
teriores resultavam de erros que neira vigorosa e compreensível e seja
estavam mesclados à verdade apre- a verdade sobre a graça de Deus, ape-
sentada! Poderíamos imaginar que a nas deixará exasperado o homem
causa de tal hesitação era qualquer não-convertido. Ele odeia o evange-
coisa, exceto a depravação. Talvez lho; quanto mais claramente o
era a ignorância, mas não podería- evangelho lhe for apresentado, tanto
mos chamá-la de inimizade à ver- mais ele o odiará. O homem não-con-
dade, e sim inimizade ao erro. Pare- vertido odeia a Deus; quanto mais
ceria que a principal característica do Deus se aproxima dele, quanto mais
coração e da vontade do pecador não vividamente Deus é apresentado ao
é a inimizade à verdade, e sim o ódio homem, tanto mais surge e cresce sua
ao erro e o amor à verdade! inimizade para com Ele. Com certe-
O coração do homem é inimigo za, aquilo que estimula a inimizade
de Deus — o Deus revelado no evan- não pode removê-la por si mesmo.
gelho, o Deus da graça. Que verdade Então, qual a utilidade dos instrumen-

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tos mais eficazes? A vontade huma- esvazia completamente o homem,


na precisa sofrer uma operação direta tornando-o não apenas nada, e sim
do Espírito de Deus: Aquele que fez pior do que nada — um pecador per-
a vontade do homem precisa refazê- dido —, nada além de um pecador,
la. Fazê-la foi uma obra de Deus; o que possui um coração repleto de
refazê-la também é uma obra dEle. inimizade contra Deus, um coração
Fazer a vontade humana foi uma obra que se opõe a Ele como o Deus da
da onipotência di- justiça e, mais ain-
vina; o refazê-la g da, como o Deus
também precisa ser da graça; um co-
uma obra da Oni- Depois de regenerada, ração que possui
potência. De ne- a vontade do homem uma inclinação tão
nhuma outra ma- ainda é uma seguido- distante da vonta-
neira as propensões de de Deus e tão
da vontade huma- ra, e não um guia. rebelde contra ela,
na podem ser mu- g que não tem a mí-
dadas. A vontade nima propensão
de Deus precisa entrar em contato para aquilo que é bom, santo e espi-
com a vontade do homem; então, a ritual. Isto o homem não pode
mudança se realiza. A vontade de tolerar.
Deus não tem de ser a primeira nessa Admita que o homem é totalmen-
mudança? A vontade do homem ape- te indigno e desamparado; então,
nas seguirá; ela não pode guiar. onde está a complexidade de enten-
Esta é uma afirmativa muito di- dimento dessa doutrina? É difícil
fícil de ser compreendida? Em nossos entendermos que um Deus bendito e
dias, alguns querem que assim pen- santo adianta-se à nossa vontade mi-
semos. Perguntemos em que consiste serável e corrupta, para conduzi-la no
a sua dificuldade. Em afirmar que a caminho do bem? É difícil compre-
vontade de Deus precede a vontade endermos que pessoas destituídas de
de homem? Em dizer que Deus deve tudo são devedoras a Deus por todas
ser o líder e o homem, o seguidor, as coisas? Visto que todos os movi-
em todas as coisas pequenas e gran- mentos de nossa vontade dirigem-se
des? Em afirmar que somos obri- para baixo, é difícil entendermos
gados a encontrar na vontade de um que a poderosa vontade de Deus deve
soberano Jeová a origem de cada intervir e erguer, de maneira onipo-
movimento do homem em direção ao tente, nossa vontade em direção às
bem? coisas elevadas e celestiais?
Se esta doutrina é difícil de ser Se admitimos que a vontade de
compreendida, isto deve ocorrer por- Deus regula os grandes movimentos
que ela retira do homem qualquer do universo, temos de aceitar o fato
fragmento de bondade ou qualquer de que ela também regula os peque-
inclinação para com Deus. Cremos nos movimentos. O mais insig-
que esta é a fonte secreta das queixas nificante movimento de minha von-
contra essa doutrina. Ela diminui e tade é regulado pela vontade de Deus.

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A VONTADE DE DEUS E A VONTADE DO HOMEM 15

Nisto eu me regozijo. Se assim não afirmarão que Deus determinou o dia


fosse, quão miserável eu seria! Se me de nosso nascimento, bem como o de
esquivo de tão ilimitado controle e nossa conversão, mas deixou à nossa
orientação, é evidente que desprezo mercê determinar se nos converterí-
a idéia de estar completamente à dis- amos ou não? Se o dia de nossa con-
posição de Deus. Em parte, desejo versão foi estabelecido, ele não pode
estar à minha própria disposição. ser determinado por nossa própria
Tenho a ambição de regular os me- vontade. Deus determinou onde,
nores movimentos de minha vontade, quando e como nasceríamos; de modo
enquanto entrego os maiores ao con- semelhante, Ele determinou onde,
trole de Deus. Isto resulta em que quando e como seríamos nascidos de
desejo ser um deus para mim mes- novo. Se isto é verdade, a vontade
mo. Não gosto do pensamento de dEle tem de vir antes da nossa, em
entregar a Deus toda a disposição de referência ao nosso crer. A vontade
meu destino. Se Ele faz a sua pró- dEle vem antes da nossa, para que
pria vontade, tenho receio de que não nos tornemos dispostos a crer. Se não
terei oportunidade de fazer a minha fosse assim, jamais teríamos crido.
própria. Além disso, concluímos que Se a vontade do homem precede a de
o Deus a cujo amor eu costumava me Deus em todas as coisas que se refe-
referir é um Deus a quem eu não pos- rem ao próprio homem, não posso
so implicitamente confiar a mim compreender como qualquer dos pla-
mesmo para a eternidade. Sim, esta nos de Deus pode ser levado a efeito.
é a verdade. A insatisfação do ho- O homem teria sido deixado a admi-
mem em referência à vontade de Deus nistrar o mundo conforme ele qui-
surge do fato de que o homem sus- sesse. Deus não teria de fixar o tem-
peita do amor de Deus. No entanto, po da conversão do homem, pois isto
os homens de nossos dias, que ne- seria uma interferência na responsa-
gam a absoluta soberania de Deus, bilidade dele. Na realidade, Ele não
são os mesmos que professam rego- teria de determinar que o homem se-
zijar-se no amor de Deus e falam ria convertido de maneira alguma,
sobre este amor como se em Deus não visto que isto transformaria seu pró-
houvesse mais nada além de amor. prio convite em uma simples zom-
Quanto mais eu compreendo o cará- baria e tornaria a responsabilidade do
ter de Deus, conforme revelado nas homem uma pretensão! Por meio de
Escrituras, tanto mais percebo que uma simples manifestação de poder,
Ele tem de ser soberano e tanto mais Deus pode trazer de volta ao seu cur-
me regozijarei, em meu íntimo, com so uma estrela perdida e permanecer
o fato de que Ele é soberano. inalterado diante da interferência das
A soberana vontade determinou leis da natureza. Mas, como afirmam
a época de meu nascimento, bem eles, estender Deus a sua mão e res-
como o dia de minha morte. Não foi gatar a vontade humana de seu
também essa vontade que certamente caminho errado, para trazê-la de vol-
determinou o dia de minha conver- ta ao caminho de santidade, é um
são? Ou não serão apenas os tolos que exercício injustificável de seu poder

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16 Fé para Hoje

e uma usurpação da liberdade do ho- falando, exortando-nos à independên-


mem! Que mundo! Neste mundo o cia orgulhosa. A vontade própria é a
homem segue todo o seu próprio ca- essência da religião anticristã. É a raiz
minho, e Deus não tem a permissão de amargura que hoje brota em mui-
de interferir, exceto naquilo que o tas igrejas. Ela não procede do alto,
homem chama de legítimo! Que mun- e sim de baixo; é terrena, animal e
do! Neste mundo tudo se volta à diabólica.
vontade do homem, todos os aconte-
cimentos no mundo ou na igreja são Assim diz o Senhor:
regulados, moldados, impulsionados “Terei misericórdia de quem eu
somente pela vontade do homem. A tiver misericórdia e me compadece-
vontade de Deus é algo secundário; rei de quem eu me compadecer” (Êx
seu papel é apenas contemplar os 33.19 – cf. Rm 9.8-24);
acontecimentos e seguir os passos da “Eu Sou, Eu somente, e mais
vontade humana. Neste mundo o ho- nenhum deus além de mim; eu mato
mem deseja, e Deus tem de dizer: e eu faço viver; eu firo e eu saro; e
Amém! não há quem possa livrar alguém da
Em toda esta absoluta oposição à minha mão” (Dt 32.39);
vontade de Deus, vemos a vontade “O que ele deitar abaixo não se
própria dos últimos dias manifestan- reedificará; lança na prisão, e nin-
do-se a si mesma. No princípio, o guém a pode abrir” (Jó 12.14);
homem quis ser um deus e continua “Segundo a sua vontade, ele ope-
a lutar por isso nos últimos dias. Ele ra com o exército do céu e os mo-
está decidido a fazer que sua vontade radores da terra; não há quem lhe pos-
tome a precedência que pertence à sa deter a mão, nem lhe dizer: Que
vontade de Deus. No último an- fazes?” (Dn 4.35);
ticristo esta vontade própria será “Que nos salvou e nos chamou
sumariada e revelada. Ele é o rei que com santa vocação; não segundo as
fará “de acordo com sua vontade”. nossas obras, mas conforme a sua pró-
E na atual controvérsia do “livre-ar- pria determinação e graça que nos foi
bítrio”, vemos demonstrado esse dada em Cristo Jesus, antes dos tem-
mesmo espírito. O Anticristo está nos pos eternos” (2 Tm 1.9).

Se você não puder ver os resultados, enquanto estiver nes-


ta terra, lembre-se que você é apenas responsável por seu labutar
e não pelo seu sucesso. Continue semeando, continue batalhan-
do! “Lança o teu pão sobre as águas, porque depois de muitos
dias o acharás”, pois Deus não permitirá que sua Palavra seja
desperdiçada; “Não voltará para ele vazia, mas fará o que lhe
apraz e prosperará naquilo que ele a designou”.
C. H. Spurgeon

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