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Alfr - drow – ladino

Descrição
Pelo azul-ardósia
Cabelos Raspados
Alto para um humano, baixo para um elfo (1.85 m)
Porte mediano e sério
Utiliza capuz pois prefere que desconhecidos não os olhem nos olhos (sua expressão
sisuda e mal encarada poderia chamar atenção)
Prefere roupas negras
Personalidade negra e ácida
Possui um colar com um pingente branco na ponta (dente do falecido irmão)

Características
Parte 1
Odeia Humanos
Bom em localização e exploração (olhar atento por conta do tempo que passou
na mina)
Bom em furtividade (esconder dos mineiros)
Não tem muita constituição e é considerado baixo para um elfo (malnutrido)
Explode com facilidade
Odeia seu cabelo branco (o faz lembrar do irmão)

Parte 2
Odeia Drows
Bom em rastreio (Caça na floresta)
Razoável em leitura
Sabe espada curta e Arco
Sofre de Distimia (depressão crônica de grau leve)

Parte 3
Personalidade ácida e de pouca paciência
Não vê problemas em morrer
Parte 1 - Noite
Alfr nunca conheceu os pais. A única coisa que se lembra, apesar de sempre tentar
esquecer, é de suas faces distorcidas quando venderam a ele e seu irmão mais novo
para um grupo de mineiros humanos.

A pequena seita exclusa da rainha aranha não permitiria mais rebentos masculinos. A
ordem havia sido dada pelos sacerdotes e todos deveriam cumpri-la.

"Este menor até que basta para as exposições. O outro só servirá como brinquedo e
para definhar nas minas"

Seu irmão, franzino, com mechas brancas e brilhantes, belas até mesmo entre os
drows, foi logo tirado de sua companhia por entre risadinhas agudas que perfuravam
sua audição aguçada. Pensou se um dia chegaria a vê-lo novamente.

E realmente o veria.

Abusado por humanos degenerados com fetiches mais degenerados ainda, Alfr, por sua
visão drow aguçada, era utilizado como explorador e guia dentro das partes mais
escuras e perigosas da mina.

Maltratado, só se dirigiam a ele de maneira imperativa. Não sabia quando era noite ou
dia, apenas vivia recluso e, para sua tranquilidade, muitas vezes ignorado dentro da
mina.

***

Nunca teve um nome, na verdade não se lembrava de ter recebido algum além de
“traste” e “moleque”. Durante uma de suas explorações para expansão na mina,
encontrou um pequeno livro adornado com ilustrações das mais diversas raças.

Com sua leitura rudimentar conseguiu entender pouco. Um dos nomes que conseguiu
distinguir estava embaixo de uma ilustração com a qual se identificava: Alfr.

Apesar de nunca ter visto um além das laterais empoeiradas de ferramentas, sabia que
possuía uma cara longa e orelhas pontiagudas como o da figura, apesar de uma cor
diferente.

Mesmo assim, gerou identificação, e a partir dali chamaria a si mesmo de Alfr.

***

2 anos haviam se passado. Não que Alfr soubesse, pois não havia como discernir. Fraco
e malnutrido para ser mantido sob controle, não conseguia sentir nada além de um
vazio existencial.
Porém algo mudaria esta noite.
Alfr receberia um presente
E também a visita de alguém especial.

No final do turno na mina, um grupo de três mineiros liderados por um alto e


carrancudo se destacou daqueles que estavam procurando as saídas da caverna.

O líder portava um curioso brinco em aro de metal prateado decorado por linhas
esbranquiçadas.

"Onde está aquele muleque cão de guia? Faz dias que quero resolver uma coisa com
ele"

Enquanto isso, os demais ainda deixavam a mina

"Vocês vão ficar aí? Ainda querem usá-lo mesmo depois de crescido? Pois bem... Já está
escurecendo, só não se esqueçam de trancar o portão ao saírem"

Alfr estava escondido, como habitualmente fazia para fugir de quaisquer violências
advindas dos mineiros mais arruaceiros.
Sua toca ficava entre as raízes do tronco morto de um fungo gigante das cavernas. Não
consistia em mais de alguns trapos ( o que chamava de cama) e, na parede, a página
com uma ilustração arrancada de um determinado livro.

Vivia acorrentado ao pescoço. A corrente era comprida, lhe permitia uma certa
liberdade ao redor da toca, mas não ousava sair de lá até ter certeza que não havia mais
nenhum mineiro por perto. Alfr só se afastava mais dali quando o usavam, tal qual um
cachorro, como guia dentro da mina.

Acabou sendo encontrado quando checava, da entrada de sua toca, se todos os


mineiros já haviam saído.

"Pega ele! Peraí moleque, hoje é uma surpresinha"

Alfr se debateu, mas sabia que não poderia resistir. Sua força não se equiparava a dos
homens crescidos.

"Calma, seu traste, é só uma lembrança para você... hehehe, não tem com o que se
preocupar"

Então, o homem de brinco começou a remexe sua calça, abaixou um pouco o cinto e de
trás dele tirou um embrulho mediano em couro leve, enrolado com um laço de trapo
branco.

Alfr, apesar de não entender o que aquilo representava, direcionou sua atenção ao
embrulho e, depois de um tempo, se acalmou um pouco mais.

"Tome! Pegue logo! É para você!"


Alfr, com sua corriqueira expressão muda, recebeu o presente das mãos do mineiro
com muita cautela. Examinou-o cuidadosamente, percebeu que seu conteúdo
chocalhava, e depois jogou-o no chão, logo a frente dos seus pés.

"Mas será possível! É um presente para você, moleque, vamos abra logo! É uma
surpresa"

Com a pressão da mão do mineiro em sua cabeça, Alfr se agachou e começou a abrir o
laço do presente que recebera.
Ao desatar e desenrolar o couro, percebeu imediatamente uma coleção de peças
brancas de diferentes tamanhos e formatos. Algumas estavam bem lisas, como se
tivessem sido lixadas, mas outras eram ásperas

Curioso começou a tatear as peças e começou pensar que pareciam um quebra cabeça.
Seria um jogo mental?

Continuou até encontrar uma pequena pecinha do tamanho e formato de um grão de


milho. Percebeu que tinham mais dessa pecinha, variando um pouco em tamanho e
formato. Um total de 20, para ser mais exato.

"E aí, gostou, moleque?" Falou o mineiro com o brinco, ainda agachado forçando a
cabeça de Alfr "Estava te achando sozinho e decidi te trazer uma visita especial"

"Esse aí são os ossos do seu irmãozinho, ou pelo menos o que sobrou dele depois que
demos aos carniceiros"

Abaixando a cabeça na altura da de Alfr, o mineiro continuou.

"Eu também peguei uma lembrancinha pra mim. Tá vendo isso aqui no meu brinco?
Cabelo de drow legítimo, dizem que te protege na escuridão. E olha que nem foi tão
fác...mhum mhumhumhum mhumhum mhum mhum. Mhummhum?...."

Sem conseguir discernir mais as palavras, Alfr demorou um pouco para processar o que
estava acontecendo. Então, começou a notar encaixes nas peças que lembravam os
restos de comida que lhe eram dados. De repente, em sua cabeça, um turbilhão de
memórias começou a correr.

Imagens destorcidas, enegrecidas com tons de vermelho. Lembrou da seita drow, do


sacerdote alto e magro apontando dedos para multidão, lembro de seus pais, da dor
que sentiu a ser separado de seu irmão, dos abusos sofrido pelos mineiros, do frio e
fome que passava constantemente.

Em meio a tudo isso, uma fúria crescente, outrora esquecida em tal franzina criatura,
começou a se revelar. Com os olhos embaçados em lágrimas sem nem mesmo entender
o que estava sentindo, Alfr tateou os ossos em busca de qualquer coisa palpável. Em
um movimento rápido, como uma mola tensionada que acabara de ser liberada, Alfr
arqueou seu braço para cima em direção da voz que falava.
TCHIIIIIIIIIIIIIISSSSSSSSSSSSS
ARRRRRRRRRGH

“Mas que porra é essa? Bem no meu olho!” Gritou o segundo mineiro
“Gulp! É o que? Gulp. Maaais bebida? Tava querendo mais mermo! Gulp.” Comentou o
terceiro, em sua letargia alcoólica.

Alfr havia encontrado uma das costelas de seu falecido irmão. Ao golpear para cima,
cego de raiva, acabou atingindo a carótida do mineiro de brinco.
O sangue, esguichando, atingiu o olho do segundo mineiro.

Sem pensar, Alfr correu para sua toca o mais rápido que pôde. Uma tarefa fácil, já que
todos os mineiros estavam, de certa forma, incapacitados. Alfr arrancou a folha da sua
parede e, com a velocidade que seu corpo permitia, correu em direção a proibida saída
da mina. Apesar de ir contra todos os instintos de um animal maltratado, Alfr se
libertou dos mineiros.

Ao correr em direção a floresta mais próxima, já fora da mina, Alfr olhou para trás. Ao
desviar seu olhar, tropeçou e deu de cara no chão. Seu punho esquerdo, antes fechado
liberou uma pequena pedrinha branca. Ao se levantar e olhar mais de perto, percebeu
que era um dos dentes de seu irmão. Não se lembrava como havia parado ali, mas sabia
que nunca mais se separaria dele.

Parte 2 - Amanhecer

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