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UNIVERSIDADE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO

CURSO: GEOGRAFIA
DISCIPLINA: GEOGRAFIA URBANA
DOCENTE: ROBERTO BARRETO ALVAREZ
DISCENTE: CARLOS AUGUSTO DE OLIVEIRA BERNARDO
MATRÍCULA: 202020556211

Saem os sítios entram os condomínios, uma tendência petropolitana.

Petrópolis a cidade imperial, tem esse adjetivo vinda da sua história intimamente
ligada com a do Brasil. No período da monarquia Dom Pedro II decide comprar
uma fazenda onde hoje se encontra o centro da cidade, o clima mais ameno e o
ar mais puro foram os atrativos na época para o imperador. A cidade toma forma
de cidade de veraneio, com diversas propriedades que recebiam famílias da
capital em um movimento pendular.

Essa relação entre Rio de Janeiro e Petrópolis se manteve ao longo do tempo


com famílias de maiores condições econômicas mantendo sítios na cidade para
passarem fins de semanas ou feriados. A cidade até hoje possui grande número
dessas residências de veraneio que contam com as seguintes característica:
terreno grande, normalmente bem arborizado com jardins; uma casa grande que
normalmente abriga de duas a quatro pessoas em fins de semana e feriados;
contam na sua maioria com um caseiro, uma pessoa que é contratada dos donos
desses sítios, mora e cuida da propriedade durante as semanas que os patrões
não estão, profissão essa muito comum na cidade. O bairro de Araras por
exemplo, é composto em sua grande maioria por sítios, as pequenas áreas de
residências, costumam serem espaços muito pereifeirizados, são também as
áreas de moradias dos trabalhadores que não moram diretamente nesses sítios,
como, jardineiros, cozinheiros, motoristas e diaristas, dentro desses bairros
moram também trabalhadores de outras áreas, mas são minorias.
A expansão urbana e descentralização da cidade mudou um pouco a dinâmica
de alguns desses bairros mais afastados, Corrêas por exemplo é um bairro que
se encontra as margens da rodovia Washington Luiz, em relação ao centro era
um bairro mais afastado, mas com a expansão urbana vista na cidade a partir da
década de setenta (AMBROZIO 2008), toma um caráter de bairro quase central,
um subpolo da cidade, principalmente para as populações que moram no terceiro
distrito. Bairro situado em área de grande oferta de infraestrutura e transporte,
começa a apresentar-se como área fértil a especulação imobiliária. Na área
conhecida como Prado um grande conjunto de edifícios é construído em áreas
antes ocupadas por pequenos sítios, alguns dessas casas antigas continuam
como demostrado na imagem 1.

Imagem 1

Imagem de 2022 do Google Street View

O contraste nesse fragmento do bairro fica ainda mais evidente quando


colocamos imagens de três anos diferentes em uma linha do tempo, a expansão
dos condomínios na região fica clara, observe a imagem 2
Imagem 2

Imagens de satélite retiradas do Google Earth Pro

Revisitando os conceitos que (CORRÊA, 1995) nos apresenta, todas essas


áreas que antes eram sítios, exerciam pressão enorme sob o aumento de preço
da terra na região, afinal eram áreas de grandes em tamanho, em uma região
muito disputada, com baixíssima ocupação, e em sua maioria, de ocupação não
perene. Como (CORRÊA, 1995, p. 14.) nos mostra:
“A especulação fundiária não é assim de interesse dos proprietários
dos meios de produção. Interessa, no entanto, aos proprietários
fundiários: a retenção de terras cria uma escassez de oferta e
aumento do seu preço, possibilitando-lhes ampliar a renda da terra.”

Usando como exemplo, a área verde no canto esquerdo superior da tela, onde
com o passar dos anos veio se estabelecer um grande conjunto residencial, era
por exemplo, um sítio abandonado, sem nenhum tipo de manutenção ou
moradia. Esse terreno somente exercia pressão sobre a renda da terra, se
valorizando ano após ano, até finalmente ser comprado por uma construtora que
o incorporou e realizou a obra. Além disso podemos trazer mais conceitos e
agentes apresentados por Lobato no capítulo quatro do livro Espaço Urbano,
como o Estado, que nesse caso teve participação nos projetos dos conjuntos
residenciais por meio do programa Minha Casa Minha Vida e acordos bancários
com a Caixa Econômica Federal que oferecia um subsídio de até vinte e cinco
por cento na compra dos apartamentos. Os agentes imobiliários no caso tiveram
grande papel, incorporando essas áreas de sítios que forneciam renda da terra
baixíssima, e convertendo essas áreas em conjuntos residências; tiveram
grande lucro tanto na venda, como no posterior, onde algumas dessas
residências foram compradas por imobiliárias e hoje rendem valores de aluguel
para as mesmas. Ainda pertinente como agentes modeladores do espaço são
os grupos socialmente excluídos, ao redor dessa região existem diversas
ocupações, que nunca receberam grandes projetos de infraestrutura como
sistemas de saneamento ou gás encanado por exemplo, coisa que todos esses
apartamentos já possuem. A infraestrutura chega onde há interesse dos agentes
hegemônicos, modelando assim também o espaço.

Bibliografia:

CORRÊA, Roberto Lobato. O espaço urbano. São Paulo: Editora Ática, 1995.
AMBROZIO, Julio Cesar Gabrich. O presente e o passado no processo urbano da
cidade de Petrópolis. Uma história territorial. 2008. Tese de Doutorado.
Universidade de São Paulo.

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