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UNIVERSIDADE FEDERAL DE UBERLÂNDIA

GESTÃO EM SAÚDE AMBIENTAL


ESPAÇO URBANO E SAÚDE AMBIENTAL
PROFESSOR: Dr. Júlio Cesar de Lima Ramires

RESUMO DO ARTIGO:
QUEM PRODUZ O ESPAÇO URBANO?

Mariene Garcia Gomes

UBERLÂNDIA
2017
O espaço urbano capitalista é considerado um produto social que se
desenvolveu a partir de condutas acumuladas através do tempo e teve como
precursores os agentes sociais que produzem e consomem o espaço. Esses
agentes são tidos como concretos e utilizam ações complexas. As atuações desses
agentes englobam diversas atividades como: reorganização espacial, densificação
do uso solo, deterioração de certas áreas, renovação urbana, entre outros. Assim,
os agentes sociais que transformam as cidades são os proprietários dos meios de
produção, proprietários fundiários, promotores imobiliários, Estado e grupos sociais
excluídos.
Algumas ações devem ser consideradas conjuntamente a esses agentes. A
primeira consideração é que suas condutas ocorrem dentro de um marco jurídico, o
que faz com que não exista uma neutralidade de interesses. Outra questão é que as
diferenças de opiniões entre os proprietários dos meios de produção, proprietários
fundiários e promotores imobiliários são superadas pela apropriação de uma renda
da terra e, consequentemente unem esses três agentes. Por fim, as estratégias
desses agentes variam no tempo e espaço, sendo derivados tanto de causas
internas, quanto causas externas.

1- Os proprietários dos meios de produção


As grandes indústrias e empresas comerciais são consideradas os
proprietários dos meios de produção e por conta de seus serviços são grandes
consumidores de espaço. Isso se deve, pois precisam de terrenos amplos e baratos
que atendam as atividades empresariais.
As relações entre a terra urbana e os proprietários dos meios de produção
geram conflitos com os agentes fundiários por conta da especulação fundiária. Isso
acontece, pois os proprietários fundiários retêm as terras para aumentar o preço do
espaço, o que acaba desagradando os agentes dos meios de produção. No
entanto, como as grandes indústrias e empresas comerciais são detentores da
economia e politica, eles conseguem, juntamente com o Estado, a desapropriação
das terras.
Além disso, em lugares em que as atividades estão presentes, os agentes
industriais instalam suas fábricas próximas às áreas proletárias, fazendo com que
seja o principal modelador das cidades. Contudo, pode ocorrer o deslocamento
dessas fábricas para áreas mais amplas e baratas. Isso faz com que a área do
antigo terro fabril seja valorizada e, consequentemente esses proprietários
conseguem uma alta renda.

2- Os proprietários fundiários
Os agentes fundiários atuam na sociedade com o objetivo de adquirir a maior
renda (dinheiro) de suas propriedades. Assim, estão interessados somente no valor
de troca da terra, excluindo o valor de uso da propriedade. Outra ação desses
proprietários é intervir nas definições quanto ao uso do solo e no zoneamento
urbano, para se beneficiarem. No entanto, nem todos esses agentes conseguem
interferir nas leis.
Além disso, os proprietários fundiários tentam transformar uma terra rural em
urbana para que posteriormente consigam realizar a valorização fundiária. Essa
passagem é bastante complexa, pois depende dos diferenciais de habitação e terra,
direção em que esta passagem se verifica e das formas que ela assume.
Em relação à demanda de terra e habitação são submetidos pelo surgimento
de novas camadas sociais, na remuneração dos capitais que são investidos em
terras e operações imobiliárias e também são dependentes das politicas que o
Estado utiliza para a reprodução do capital. Os diferenciais de direção dependem da
estrutura agrária que pode valorizar ou não as terras fundiárias, das situações
ecológicas, presença de eixos de circulação e da destinação da terra em relação ao
seu uso. Por fim, o diferencial das formas está relacionado com o uso residencial da
terra, pode ser tanto para a urbanização de status, quanto para a urbanização
popular.
.
3- Promotores imobiliários
Os promotores imobiliários são formados por um conjunto de agentes que
podem realizar diversas atividades como a gestão de capital-dinheiro, conhecidos
como incorporadores, atuam no financiamento, no estudo técnico, na construção de
imóveis e na comercialização ou transformação do capital-mercadoria em capital-
dinheiro. Assim, essas atividades vão originar vários tipos de agentes imobiliários
que realizam diferentes funções.
As estratégias utilizadas por esses agentes nas sociedades capitalistas é
desenvolver/produzir habitações inovadoras para conseguirem elevar os preços dos
imóveis e com isso excluir as camadas populares. Para esses promotores só é
rentável construir habitações para camadas de baixa renda quando são
superocupadas por famílias ou pessoas solteiras que alugam um imóvel, se a
qualidade da moradia for péssima ou então quando há uma ausência de moradia e
os promotores eleva o preço nesses lugares. No entanto, em países do Terceiro
Mundo, esses agentes não tem interesse em construir habitações para essas
camadas pobres.
Assim, a ação dos promotores ocorre de forma desigual, propicia a
segregação residual e quando está relacionada com outros agentes a segregação é
ratificada.

4- O Estado
O Estado é outro agente social que transforma a cidade e, suas ações na
sociedade têm sido bastante complexas, pois ela é considerada uma variável tanto
no espaço quanto no tempo. Esse agente pode atuar de diversas formas, como
consumidor de espaço, proprietários fundiários, promotores, grandes empresas
industriais, entre outros. No entanto, suas atuações só são efetivas quando se
disponibiliza serviços públicos para a população. Essa ação, que deveria ser o
principal objetivo do Estado não ocorre efetivamente, pois o Estado tende a
privilegiar e criar alianças com segmentos de classes dominantes.
Assim, a principal atuação do Estado é desenvolver métodos para a
reprodução da sociedade capitalista, ou seja, criar condições para acumulação e
reprodução das classes sociais. Essa ação, no entanto, gera a segregação
residencial e a ratificação, ou seja, propicia a desigualdade entre os indivíduos.

5- Os grupos sociais excluídos


A existência de diferentes grupos sociais em uma determinada sociedade se
deve a obtenção de bens e serviços que são produzidos. Exemplo disso são as
questões de moradias, ou seja, aqueles que têm menor renda vivem em condições
precárias de moradia. Consequentemente, esses indivíduos são mais propensos a
desenvolverem doenças, subnutrição e possuírem baixo nível de escolaridade e
remuneração.
Na maioria das vezes os grupos excluídos vivem em antigos cortiços, em
casas produzidas pelo sistema de autoconstrução, conjuntos habitacionais
construídos pelo Estado e as favelas. As três primeiras habitações estão
relacionadas com os proprietários imobiliários, proprietários fundiários de periferia e
Estado. Esses agentes têm como principal objetivo impedir que a população pobre
seja um agente modelador do espaço urbano. Já a favela é um local produzido pelos
próprios grupos excluídos e é considerado o agente modelador do espaço urbano
nesse lugar. Esse espaço é uma forma de resistência e sobrevivência dos
indivíduos. Pode acontecer de favelas se urbanizarem até se tornarem um bairro
popular. Isso é resultado de ações dos moradores desses locais ou então o Estado
pode instalar uma boa infraestrutura nessas favelas. No entanto, esse processo de
urbanização pode desencadear a valorização do espaço que, posteriormente, acaba
expulsando alguns moradores.

6- Exemplo: Bairro de Copacabana


Os agentes modeladores do espaço urbano atuam na sociedade
conjuntamente. Assim, um exemplo da atuação desses agentes é a construção do
bairro Copacabana, localizado na Zona Sul da cidade do Rio de Janeiro. O bairro de
Copacabana é uma faixa de planície entre o mar e o maciço costeiro que separa dos
outros bairros vizinho que ate durante o século XIX era habitado por pescadores.
Durante a década de 1870 existia o interesse por parte dos proprietários
fundiários em realizar a valorização fundiária de Copacabana, no qual foram
desenvolvidos linhas de bonde e o loteamento de terras. No entanto, não houve
sucesso. Foi somente nos anos de 1891 e 1892 que houve uma efetiva valorização
do bairro. Isso aconteceu por conta da criação da Empresa de Construções Civis,
sendo formada por uma aliança ente proprietários fundiários, promotores
imobiliários, bancos e empresas indústrias e comercias que teve diversos objetivos
para enriquecer esse bairro. Além disso, o bairro Copacabana foi adicionado na rede
de trilhos da empresa de bondes Botanical Garden.
Assim, os interesses da Empresa de Construções Civis foram colocados em
práticas, inserindo a ideia de municipalidade e as empresas privadas instalaram
redes de água, esgoto e iluminação pública nesse bairro. Consequentemente esse
local tornou-se sofisticado e as propriedades fundiárias e imobiliárias valorizaram-se.
Por fim, o Estado teve um papel importante na construção do bairro de Copacabana,
pois sempre esteve aliado com essa Empresa e permitiu uma grande valorização
dos agentes fundiários e imobiliários.

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