Você está na página 1de 36

Geografia II

Aula: Agentes sociais e


forma urbana
2º Bimestre
IFRS Campus Rio Grande
Prof. Jefferson R. dos Santos
Objetivos da aula

Perceber a existência de agentes capazes de determinar os padrões de


produção do espaço urbano;

Compreender o papel de cada grupo de agentes no desenvolvimento das


formas urbanas;

Observar diferentes processos definidores das formas urbanas;


● Industriais Interesses
● Proprietários fundiários
Ações
● Promotores imobiliários
Apropriação do espaço
● Estado
Produção da forma urbana
● Grupos sociais excluídos
suporte físico (localização da fábrica)
Como local de moradia dos
trabalhadores
Industriais

Cidade
Industriais

Cidade

Solo urbano como mercadoria (valor de troca)


Proprietários
fundiários tentam influenciar decisões políticas sobre alocação de
benfeitorias, a fim de elevar o valor de suas terras
Promotores imobiliários

Industriais incorpororação, financiamento, construção e


comercialização
rentabilidade acaba por definir padrões de
Cidade moradia e estrutura espacial das cidades

Proprietários
fundiários
Promotores imobiliários

Industriais
Direito de desapropriação e precedência no uso
Regulamentação do uso da solo
Cidade Controle e limitação dos preços
Limitação da apropriação das superfícies
Taxação de terrenos livres
Obras de infra-estrutura
Proprietários Estado Crédito à habitação
fundiários Controle e incentivo do mercado de materiais de
construção
Promotores imobiliários

Industriais Grupos sociais excluídos (sem renda para


consumir o espaço urbano)

Cidade cortiços;
sistemas de autoconstrução;
conjuntos habitacionais fornecidos
pelo agente estatal
favelas.’
Proprietários Estado
fundiários
Processos espaciais urbanos
Centralização e área central;
Descentralização e os núcleos secundários;
Coesão e as áreas especializadas;
Segregação e as áreas sociais;
Inércia e as áreas cristalizadas.
Centralização

(Não é geométrica, é histórica


e funcional!)
Fonte: Pires et al, 2018
Descentralização

Permitida por meios de transporte mais flexíveis (ônibus, carros e caminhões)


○ Fenômeno posterior à centralização

○ Deseconomias de aglomeração

○ Restrições legais

○ Perda de amenidades

Surgem os centros de bairro e as ruas especializadas


Coesão e as áreas especializadas;
Complementaridade
Economia de aglomeração
Valorização dos imóveis
Exemplos
Rua 24 de maio - Varejo de roupas
Perda do caráter residencial
Rua Silva Paes - óticas
Rua Aquidaban - Consultórios/Laboratórios/clínicas
Presidente Vargas/Av. Itália - automóveis/motos
Rua Cristóvão Colombo - autopeças
Segregação e as áreas sociais;

Segregação por renda

Homogeneidade interna

Diferenciação externa

Invasão/sucessão
Exemplo (Bairro Jardim Atlântico
São José, SC)
https://goo.gl/maps/NRmhP5pPSFfx
XYX87
Paraisópolis-São Paulo
Alphaville/São Paulo
Aglomerado Subnormal

forma de ocupação irregular de terrenos de propriedade alheia – públicos ou privados –


para fins de habitação em áreas urbanas e, em geral, caracterizados por um padrão
urbanístico irregular, carência de serviços públicos essenciais e localização em áreas
com restrição à ocupação.
O Manual de Delimitação dos Setores do Censo 2010 classifica como aglomerado subnormal cada conjunto
constituído de, no mínimo, 51 unidades habitacionais carentes, em sua maioria, de serviços públicos essenciais,
ocupando ou tendo ocupado, até período recente, terreno de propriedade alheia (pública ou particular) e estando
dispostas, em geral, de forma desordenada e densa. A identificação atende aos seguintes critérios:
a) Ocupação ilegal da terra, ou seja, construção em terrenos de propriedade alheia (pública ou particular) no
momento atual ou em período recente (obtenção do título de propriedade do terreno há dez anos ou menos); e
b) Possuírem urbanização fora dos padrões vigentes (refletido por vias de circulação estreitas e de alinhamento
irregular, lotes de tamanhos e formas desiguais e construções não regularizadas por órgãos públicos) ou
precariedade na oferta de serviços públicos essenciais (abastecimento de água, esgotamento sanitário, coleta de
lixo e fornecimento de energia elétrica).
Posse de bens duráveis - Porto Alegre, RS (2010)

Fonte: IBGE (2010)


Planeta Favela
A primeira definição conhecida e publicada da palavra inglesa slum* surgiu no Vocabulary of the flash language
[Vocabulário da linguagem vulgar], em que é sinônimo de racket ou “comércio criminoso”27. No entanto, nos anos da
cólera nas décadas de 1830 e 1840, os pobres moravam em slums, em vez de praticá-los. Uma geração depois,
identificaram-se slums na América e na Índia, em geral reconhecidos como fenômeno internacional. O “slum clássico”
era um lugar pitoresco e sabidamente provinciano, mas em geral os reformadores concordavam com Charles Booth
que todos se caracterizavam por um amálgama de habitações dilapidadas, excesso de população, pobreza e vício. É
claro que, para os liberais do século XIX, a dimensão moral era fundamental, e a favela era considerada, acima de
tudo, um lugar onde o “resíduo” social apodrecia num esplendor imoral e quase sempre turbulento. Os autores de Slums
descartam as calúnias vitorianas, mas fora isso conservam a definição clássica: excesso de população, habitações
pobres ou informais, acesso inadequado a água potável e esgoto sanitário e insegurança da posse da terra2
(Mike DAvis, Planeta Favela, 2006, pg 198)
“Em algum momento do ano que vem, uma mulher vai dar à luz na favela de Ajegunle,
em Lagos; um rapaz fugirá de sua aldeia, no oeste de Java, para as luzes brilhantes de
Jacarta; e um fazendeiro partirá com a família empobrecida para um dos inumeráveis
pueblos jovenes de Lima. O evento exato não importa e passará sem sequer ser
notado. Ainda assim, representará um divisor de águas na história humana. Pela
primeira vez, a população urbana da Terra será mais numerosa que a rural. Na
verdade, dada a imprecisão dos recenseamentos no Terceiro Mundo, essa transição
sem paralelo pode já ter ocorrido.” (pg 191)
Khayelitsha, Cape Town, South Africa - Population: 400,000
Kibera, Nairobi, Kenya - Population: 700,000
Dharavi, Mumbai, India - 1 million
Ciudad Neza, Mexico City, Mexico - 1.2 million
Orangi Town, Karachi, Pakistan - 2.4 million
“Mas as favelas, apesar de mortais e inseguras, têm um futuro brilhante. Por um
curto período o campo ainda conterá a maioria dos pobres do mundo, mas esse título
de reputação duvidosa passará para as favelas urbanas por volta de 2035. Pelo
menos metade da próxima explosão populacional urbana do Terceiro Mundo será
creditada às comunidades informais. Dois bilhões de favelados em 2030 ou 2040 é
uma possibilidade monstruosa, quase incompreensível, mas a pobreza humana por si
só superpõe-se às favelas e excede-as.” (pg 202).
https://edisciplinas.usp.br/pluginfile.php/4126351/mod_resource/content/1/Mike%2
0Davis%20-%20Planeta%20de%20Favelas.pdf

Você também pode gostar