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DOI: 10.1590/1413-81232015216.

07482016 1829

Práticas corporais e atividades físicas

artigo article
na perspectiva da Promoção da Saúde na Atenção Básica

Physical activity and corporal practices


from the perspective of Health Promotion in Primary Care

Fabio Fortunato Brasil de Carvalho 1


Júlia Aparecida Devidé Nogueira 2

Abstract The scope of this article is to make a Resumo O presente artigo busca refletir criti-
critical reflection on the institutionalization and camente sobre o processo de institucionalização
enhancement process of corporal practices and e fortalecimento das práticas corporais e ativi-
physical activity as Health Promotion actions in dades físicas como ações de Promoção da Saúde
Primary Care in the Brazilian Unified Health na Atenção Básica do Sistema Único de Saúde
System (SUS). To examine the configuration of (SUS). Para examinar a configuração dessa for-
this form of care and course of action, which has ma de cuidado e eixo de ação que emerge e vem
emerged and is becoming consolidated in public se consolidando na saúde pública brasileira, opta-
health, a brief historical review of the process of mos por revisitar historicamente, de forma sucin-
standardizing and implementing Health Promo- ta, o processo de conformação e desenvolvimento
tion in the SUS was conducted, in order to reveal da Promoção da Saúde no SUS de modo a, na se-
data on corporal practices and physical activity. quência, apresentar alguns dados sobre as práticas
Lastly, there is a critical analysis of interactions, corporais e atividades físicas nesta realidade. Por
interfaces and divergences arising between cor- fim, há a análise crítica das interações, interfaces
poral practices and physical activities and the e distanciamentos que se processam entre as prá-
theoretical frameworks of Health Promotion. It is ticas corporais e atividades físicas e os referenciais
argued that part of the problem lies in the produc- teóricos da Promoção da Saúde, em sua vertente
tion of knowledge that overlooks the epistemolog- crítica. Argumenta-se que parte do problema re-
ical aspects of the relationship between corporal side na produção de saberes que desconsideram os
practices and physical activities. The conclusion aspectos epistemológicos da relação entre práticas
drawn is that despite the exponential growth in corporais e atividades físicas. Conclui-se que ape-
the availability of these actions, it is still not possi- sar do exponencial crescimento da oferta dessas
ble to say that this form of care can be character- ações, ainda não é possível afirmar que esta for-
1
Escola Nacional de ized as Health Promotion, as it would be necessary ma de cuidado possa ser caracterizada como Pro-
Saúde Pública Sergio for some principles to be observed for this to occur, moção da Saúde já que seria necessário observar
Arouca, Fiocruz. R. such as empowerment, social participation, au- alguns princípios para isso, tais como empodera-
Leopoldo Bulhões 1480,
Manguinhos. 21041-210 tonomy, equity, completeness, among others. mento, participação social, autonomia, equidade,
Rio de Janeiro RJ Brasil. Key words Public health, Unified health system, integralidade, entre outros.
fabiofbcarvalho@gmail.com Health services Palavras-chave Saúde pública, Sistema Único de
2
Faculdade de Educação
Física, Universidade de Saúde, Serviços de saúde
Brasília. Brasília DF Brasil.
1830
Carvalho FFB, Nogueira JAD

Introdução sionalidade e sustentam a expansão da cobertura


à saúde através de um sistema público centrado
Múltiplos movimentos de fortalecimento da na AB10,11 em consonância com o que foi discu-
Atenção Básica (AB) e da Promoção da Saúde tido em Alma-Ata na Conferência Internacional
(PS) no Sistema Único de Saúde (SUS), assim sobre Cuidados Primários de Saúde, em 197612.
como a ampliação das práticas corporais e ativi- Concomitantemente, discussões emergentes so-
dades físicas (PC e AF) como um eixo de ação na bre PS passam a destacá-la como um modelo
saúde pública brasileira ocorreram nos últimos teórico-conceitual capaz de subsidiar políticas
anos1-3. Em 2016, os dez anos da publicação da e ações governamentais e de servir como eixo
Política Nacional de Promoção da Saúde (PNPS), orientador das práticas em saúde pública1,2.
um marco na institucionalização das PC e AF na Em 1990 é criado o Programa Saúde da Fa-
AB3,4, e o exponencial crescimento da oferta des- mília, primeiro programa a se inspirar e operar
ta forma de cuidado no cotidiano dos serviços5-7 com preceitos de PS, depois transformado em
justificam a reflexão crítica sobre o processo de Estratégia (ESF), a qual é a principal aposta de
institucionalização e implementação das PC e AF reorientação do modelo assistencial em saúde10.
como ações de PS na AB. Organizada em equipes multiprofissionais que
Para isto é indispensável entender a relação atuam nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) e
que as PC e AF possuem com os princípios e ver- no território, a ESF valoriza as ações de promo-
tentes ideológicas da PS na AB8,9. Assim sendo, ção e proteção da saúde, prevenção das doenças e
através de revisão bibliográfica não sistemática atenção integral às pessoas no ambiente em que
apresenta-se uma breve retrospectiva sobre a vivem, favorecendo a compreensão ampliada do
conformação e consolidação do modelo de saúde processo saúde/doença10,11.
pública brasileiro, destacando eventos marcantes A partir de 1998, o fortalecimento de coo-
na institucionalização e fortalecimento da PS e perações internacionais e o sucesso de alguns
das PC e AF na AB. Os sistemas de busca utili- programas nacionais (e.g. o controle do tabagis-
zados foram a base de dados SciELO, Biblioteca mo) favorecem a introdução formal do tema da
Virtual em Saúde e sítios institucionais, em es- PS nos debates sobre a saúde1 e culminam com a
pecial do Ministério da Saúde (MS), tendo como redação de um documento inicial da PNPS, em
categorias-chave as PC e AF, PS, AB e correlatos. 200212, que nunca teve real vigência no interior
Também foi realizado contato com o MS para a do SUS1. Nesse período, premido pelo panorama
disponibilização de dados. epidêmico das Doenças Crônicas Não Transmis-
Na sequencia, analisa-se alguns dados secun- síveis (DCNT) e por inciativas internacionais (e.g.
dários sobre a implementação das PC e AF no Estratégia Global para Alimentação Saudável,
SUS obtidos através da avaliação do Programa Atividade Física e Saúde da Organização Mundial
Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade de Saúde - EG), o MS desenvolveu alguns docu-
da Atenção Básica (PMAQ), do monitoramento mentos (e.g. cartilha “A construção de vidas mais
do Programa Academia da Saúde e de pesquisas saudáveis”), projetos (e.g. Agita Brasil: Programa
realizadas sobre o tema. Por fim, realizou-se aná- Nacional de Promoção da Atividade Física e Pro-
lise crítica sobre as configurações e relações que grama Pratique Saúde) e editais de financiamento
permeiam a institucionalização e a implementa- (de 2005 a 2010) que incluíam o desenvolvimento
ção das PC e AF e a PS na AB nos dez anos se- de ações relativas às PC e AF1,3-5,.
guintes à aprovação da PNPS. O ano de 2006 inclui a publicação de marcos
normativos importantes que enfatizam a PS na
A institucionalização e o fortalecimento AB e que, de forma direta ou indireta, apresen-
das Práticas Corporais e Atividades Físicas tam relação com as PC e AF, são: a Política Na-
e da Promoção da Saúde na Atenção Básica cional de Atenção Básica (PNAB), a Política Na-
cional de Práticas Integrativas e Complementares
Debates contemporâneos sobre o conceito de (PNPIC); e a própria PNPS. A PNPS reforça o
saúde se iniciam no Brasil por volta de 1970 e se papel dos determinantes sociais no processo saú-
intensificam a partir de 1980 com o processo de de-doença e inclui as PC e AF como uma de suas
redemocratização do país1. Em consonância com ações prioritárias9. A PNPIC integra outros siste-
as amplas discussões sobre o modelo de atenção mas médicos e recursos terapêuticos ao SUS na
à saúde o SUS adotou o conceito ampliado de perspectiva da PS e prevenção de agravos, voltada
saúde, que envolve modos de ser e produzir e/ou ao cuidado continuado, humanizado e integral
recriar a vida em sua singularidade, multidimen- em saúde, incluindo serviços de PC e AF13. Por
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sua vez, a PNAB reafirma a ESF como a estraté- articulação mais permanentes e sustentáveis na
gia prioritária para organizar a AB, favorecendo o medida em que nessa relação podem se multipli-
acesso universal e contínuo a serviços de saúde de car possibilidades de enfrentamento dos proble-
qualidade mediante o cadastramento e a vincula- mas de saúde pública e qualificar cada vez mais
ção dos usuários10, aspecto reforçado pela atual as ações no SUS18.
PNAB, publicada em 201111.
Outro marco no processo de consolidação da Panorama atual das Práticas Corporais
AB e fortalecimento das PC e AF é a criação, em e Atividades Físicas na Atenção Básica
2008, dos Núcleos de Apoio à Saúde da Família
(Nasf), possibilitando a ampliação da oferta, da A seguir serão apresentados alguns dados so-
abrangência e da resolutividade dos serviços de bre o desenvolvimento das PC e AF na AB bem
saúde na rede através de equipes multiprofissio- como alguns elementos relacionados ao tema.
nais, inclusive profissionais de Educação Física, Destacamos que não há a pretensão de realizar
de forma integrada com a ESF, o que favoreceu o uma revisão sistemática da literatura nem tam-
fortalecimento das PC e AF como oferta de cui- pouco de esgotar todas as dimensões dessa com-
dado14-16. plexa análise no presente artigo. Os dados repor-
Os avanços e os desafios impostos pelas tados visam ilustrar o panorama atual com vistas
transformações sociais, o acúmulo de reflexões a subsidiar uma reflexão crítica sobre a essência
teórico-conceituais, as atualizações e as inova- das PC e AF realizadas no contexto da AB, tendo
ções nas práticas, e a necessidade de articula- a PS como base conceitual.
ção entre diferentes áreas técnicas, programas e A despeito de encontrarmos alguns registros
políticas faz com que o MS tome uma série de de iniciativas referentes às PC e AF e a presença do
medidas que fortalecem o papel e a importância Profissional de Educação Física no SUS a partir
da AB no conjunto das políticas e programas de dos anos 200016,17,19, principalmente relacionados
saúde pública11. Em 2011, publica uma versão a grupos de caminhadas através do projeto para
aprimorada da PNAB, aumenta o financiamento hipertensos e diabéticos conhecidos como Hiper-
da AB em mais de 100% entre 2010 e 2014, pro- dia16 e outras iniciativas municipais a partir de
move a estratégia de ampliação e qualificação da 20053, é inegável que o lançamento da PNPS em
infraestrutura das UBS (Requalifica UBS), lança 2006 e os subsequentes apoios técnico-financei-
o PMAQ e o Programa Academia da Saúde, den- ros do gestor federal alavancaram de forma mar-
tre outras ações11. cante a institucionalização das PC e AF no SUS4.
Na perspectiva das PC e AF merece destaque, Edital inaugural para financiamento, pelo
além do Nasf, o Programa Academia da Saúde, MS, de ações consonantes com a EG em 2005
uma das iniciativas constantes no Plano de Ações contemplou as 27 capitais e o Distrito Federal3.
Estratégicas para Enfrentamento das DCNT no A partir de 2006 o edital foi aberto a todos os
Brasil de 2011 a 202217, para aumentar a AF na municípios e versou sobre as ações específicas da
população, oferecendo polos com infraestrutura, PNPS, havendo grande difusão de iniciativas re-
equipamentos e quadro de pessoal qualificado lacionadas às PC e AF4. Em 2008 foram 523 e em
para a orientação de PC e AF, de lazer e modos de 2009 foram 1.254 entes federados contemplados
vida saudáveis4,17. com repasse financeiro. Até o início de 2011 ha-
Em 2013, o Programa Academia da Saúde viam sido transferidos recursos financeiros para
teve sua normativa revista e seus objetivos am- implementação das ações da PNPS em 1.465 mu-
pliados para favorecer a PS e a produção do cui- nicípios, dos quais 73,7% informaram realizar
dado e de modos de vida saudáveis e sustentáveis ações de PC e AF4.
da população através de PC e AF, alimentação Monitoramento realizado pelo MS, com 255
saudável, da ampliação da autonomia dos indi- entes federados financiados até 2008, mostrou
víduos sobre as escolhas de modos de vida sau- que a maioria dos projetos, 88,5%, contemplava
dáveis; do aumento do nível de AF da população, as PC e AF, 94% estavam vinculados à ESF, sendo
entre outros17. que 35,1% desenvolviam atividades em parceria
Em 2014, a PNPS revista é publicada. Elabo- com os Nasf e utilizando predominantemente
rada coletivamente a partir de múltiplos movi- estruturas como praças/parques, espaços de ca-
mentos simultâneos como estratégias de escuta, minhada e UBS para desenvolver as práticas5.
mobilização e produção de sínteses, avança-se no Atual­mente, a maioria das ações e programas
diálogo com gestores, trabalhadores e movimen- de PC e AF no SUS são desenvolvidos através do
tos sociais, conseguindo estabelecer formas de Nasf e do Programa Academia da Saúde4. Ambos
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possibilitam a inclusão do Profissional de Edu- do, 24% dos respondentes relataram dificuldades
cação Física nas equipes, favorecendo a oferta na articulação com a ESF e 20% com o Nasf7. Em
dessas práticas como cuidado em saúde15,16,20-22. outras realidades analisadas houve relatos de difi-
Destaca-se que, a depender contexto e objetivo culdade para utilização de salas nas UBS, falta de
das PC e AF, é possível que diferentes categorias espaço físico e de ma­teriais15,16,23.
profissionais atuem com tais atividades no SUS, Ademais, os dados indicam que 90% dos
contudo é inegável a aproximação daqueles pro- polos respondentes atendem apenas a comuni-
fissionais com as PC e AF20. dade adscrita, e um baixo percentual, aproxima-
Assim, dados do PMAQ e do monitoramen- damente 3%, indicou a inclusão de populações
to anual do Programa Academia da Saúde for- específicas (e.g. quilombolas, ribeirinhos, indíge-
necem um panorama situacional quantitativo nas, pessoas em situação de rua e ciganos), sendo
das PC e AF na AB, além de apresentar alguns que apenas 5% afirmaram não haver nenhum
fatores contextuais relacionados. Das equipes de desses grupos no município7.
AB participantes do 2° ciclo do PMAQ, 96% (n Quanto ao público alvo do programa, quase
= 28.579) afirmam ofertar ações educativas e de a totalidade dos polos desenvolvem atividades
PS, das quais,respectivamente, 44,2% incentivam com adultos e idosos, 76% incluem adolescentes,
e desenvolvem PC e 68,8% desenvolvem AF6 38% atendem crianças, e apenas 36% possuem
nas UBS e/ou no território (no instrumento de participantes em todas as faixas etárias. Em adi-
avaliação as PC e AF estão separadas nas opções ção, 56% dos polos informam ter dificuldades
de resposta), evidenciando a oferta de PC e AF para desenvolver atividades com crianças, 41%
também pela ESF, além do Nasf e do Programa com adolescentes e 43% dos polos têm encon-
Academia da Saúde. trado dificuldades para envolver a comunidade
No Nasf, são aproximadamente 2.500 Profis- no planejamento de atividades7. Esses dados são
sionais de Educação Física distribuídos em mais corroborados por outros estudos que apontam o
de 4.000 equipes em cerca de 3.300 municípios6. perfil da população usualmente engajada nessas
Estudo realizado até 2011 mostra que este pro- práticas: adultos e idosos, do gênero feminino e
fissional estava entre as cinco profissões mais com alguma patologia15,16,23.
contratadas para trabalhar no Nasf, estando pre- Estudos complementares indicam que as PC
sente, em média, em 49,2% das equipes, mas com e AF mais desenvolvidas na AB são as aeróbicas
diferenças expressivas entre regiões (e.g. 75% no (principalmente caminhada) e os exercícios re-
Acre e Paraná e 0% no Distrito Federal)15. sistidos e, em me­nor proporção, o alongamen-
Há ainda cerca de 4.000 polos do Programa to, a coordenação motora e as atividades lúdi-
Academia da Saúde implantados ou em proces- cas4,5,15,16,23-27, o que, para alguns autores, pode
so de implantação em 2.800 municípios6. Dados evidenciar a difusão de estilos de vida saudável
do monitoramento do Programa em 2015 com numa abordagem comportamental e de forte
2.418 respondentes indicam que dos 859 polos perspectiva curativa9,13,28-30.
em funcionamento, 96% oferecem ações no eixo
das PC e AF, 96% alimentação saudável, 94% edu- Problematizando as Práticas Corporais
cação em saúde, 88% mobilização da comunida- e Atividades Físicas na perspectiva
de, 57% práticas integrativas e complementares e da Promoção da Saúde
27% práticas artísticas7. Não obstante, 47% dos
respondentes no monitoramento do Programa A despeito do exponencial crescimento da
informaram dificuldades para a contratação de oferta de PC e AF na AB4,6,7 e das evidências de
profissionais7, trazendo à tona outra questão rele- seus benefícios à saúde individual e coletiva31, é
vante: a precarização e a flexibilização dos contra- essencial problematizar a generalização de que as
tos de trabalho, o que pode resultar em baixa es- PC e AF na AB são, necessária e aprioristicamen-
tabilidade, na criação de outros vínculos empre- te, ações de PS. É indispensável analisar a que
gatícios e na redução da qualidade do serviço15. vertentes político-ideológicas as PC e AF, reco-
A despeito da grande parte dos 859 polos do mendadas nos documentos e oferecidas na prá-
Programa Academia da Saúde em funcionamen- tica, têm se filiado nos últimos anos. Isso porque
to estar em municípios que possuem equipe do a institucionalização e a implementação das PC
Nasf (77% dos respondentes), e de estar próxi- e AF enquanto serviço de saúde pública também
mos à UBS (89% dos respondentes), o que deve- são marcadas pelas fortes disputas político-ide-
ria potencializar a articulação e a complementa- ológicas presentes na instituição e no fortaleci-
ção das atividades e favorecer o cuidado amplia- mento do SUS e da PS1,2,8,9.
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Não obstante o avanço em publicações e ex- que devem perpassar a perspectiva promotora de
periências que entendem as PC e AF como uma saúde1.
forma de cuidado ampliado desenvolvido conso- No mesmo sentido os termos PC e AF vão
ante os princípios modernos de PS, é a concep- sendo diferenciados, expondo os tensionamen-
ção limitada da relação entre PC e AF e PS que tos entre o paradigma biologizante da aptidão
transita hegemonicamente na grande área da física e o conceito de risco subjacente ao discur-
saúde. Grande parte dos conteúdos de formação so vigente sobre o sedentarismo28,33, e o caráter
profissional, de artigos científicos, e das políticas, cultural e lúdico do fenômeno com suas várias
normativas e práticas em saúde pública compar- ligações sociais32,33.
tilham uma compreensão estatística de que as PC Embora haja publicações que tentam relativi-
e AF são promotoras de benefícios biológicos à zar tal compreensão, as ambiguidades epistemo-
saúde individual – em geral expressos por algu- lógicas que acreditamos existir na literatura entre
ma medida de aptidão física. PS e prevenção de doenças; e entre PC e AF não
Sem desconsiderar os achados das ciências serão aprofundadas neste texto por limitações de
naturais, é importante que as análises referen- espaço. No presente artigo optamos pela utili-
tes às PC e AF como elemento de PS busquem zação da terminologia conjunta PC e AF como
avançar para uma profícua interlocução com aparece na PNPS, ainda que tal decisão possa ate-
as ciências sociais e humanas na perspectiva de nuar diferenças e suscitar simplificações concei-
ampliar a compreensão dos fenômenos numa tuais. No entanto, os termos podem aparecer se-
perspectiva crítica. Em tempo, vale lembrar as parados quando se tratar de citação, respeitando
discussões sobre biopoder empreendidas pelo a opção dos autores. Para informações adicionais
campo da saúde coletiva28 e que a formação do sugerimos a leitura de Carvalho20, Lazzarotti Fi-
Profissional de Educação Física, a despeito dos lho et al.34 e Damico e Knuth35.
incontestáveis avanços críticos aportados pelas Para avançar nessa reflexão, é importante re-
ciências da educação, advém de uma tradição de conhecer que a AF é devidamente pautada nos
adequar os corpos, através de disciplina militar, debates sobre saúde pública3-5 a partir da medida
para que estes estejam aptos a movimentar os de indicadores epidemiológicos que permitiram
meios de produção em uma sociedade que vivia traçar um contexto de mudanças sociossanitárias
o desenvolvimento industrial13,15,22,29. – tais como as transições epidemiológica, demo-
Adotar uma perspectiva crítica implica em es- gráfica, nutricional – e o acúmulo de evidências
tabelecer o marco epistemológico no processo de demonstrando a associação entre AF com a ma-
produção do conhecimento. É bastante comum nutenção ou melhora da aptidão física, represen-
que os termos “promoção da saúde” ou “preven- tando um fator de proteção às DCNT31. A ideia
ção de doenças”, e “atividade física” ou “práticas de promover estilos de vida saudáveis e ativos
corporais” sejam utilizados no cotidiano leigo, como estratégia de saúde pública de forma sim-
científico e/ou político como se fossem sinôni- plista encontra eco nas abordagens preventivistas
mos. Não obstante, cada um dos termos man- e conservadoras ou comportamentalistas de PS,
tém especificidades ligadas a visões de mundo e como expresso no relatório Lalonde, publicado
projetos de sociedade que os tornam diferentes e em 1974, no qual o enfoque das ações é voltado
conflitantes9,32. O uso de cada um dos conceitos para a redução dos fatores de risco com ênfase na
pode representar a adoção de uma abordagem ação individual28.
que se expressa nas formas de conceber e orga- Cabe apontar que não realizaremos o resga-
nizar os discursos e as práticas relativas aos seus te histórico do conceito de PS, Westphal36, entre
saberes e conhecimentos33. outros, apresenta tal resgate. Ideias que se apro-
Limites conceituais, controvérsias e ambi- ximam do que foi construído a partir da Carta
guidades nas diversas abordagens sobre PS e de Ottawa remontam do século XVIII. Aqui des-
prevenção de doenças ressaltam a diferença de tacamos a época citada por estar relacionada ao
ênfases e entendimentos presentes em debates paradigma da AF e aptidão física como fator de
científicos, documentos institucionais e práticas proteção à saúde.
em serviço8,9. A vertente crítica da PS extrapola Organizações nacionais e internacionais de
a perspectiva reducionista de que PC e AF são saúde passam então a endossar e divulgar reco-
ações que estão sob governabilidade total de su- mendações de base populacional para a prática
jeitos, ou seja, que são simples de serem adotadas de AF (ou exercícios) como um fator de prote-
como práticas de vida e defende alguns princí- ção à saúde respaldadas por evidências científicas
pios, tais como participação social e autonomia, centradas em marcadores biológicos, tais como a
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Carvalho FFB, Nogueira JAD

aptidão física31. A ciência moderna utiliza hege- mentosos e, sobretudo, à fragmentação do cuida-
monicamente o arcabouço teórico-metodológico do11,37. O mesmo ocorre com as PC e AF, em que
da epidemiologia31 para produzir as evidências de a concepção e o escopo de cada programa impli-
vinculação entre as PC e AF e a saúde. cam no planejamento e na execução de ações e
Essa perspectiva dominante e pretensamen- atividades com foco, objetivos e qualidade distin-
te unívoca sobre as PC e AF e saúde incorre em tas, em se tratando da concepção de saúde e de PS
simplificações na compreensão dos fenômenos subjacentes38,39.
de forma que as práticas de saúde, descontextua- As PC e AF podem ser concebidas como fer-
lizadas, passam a responsabilizar e culpabilizar o ramentas da PS moderna ou crítica, voltadas para
sujeito vulnerável por seu adoecimento. Em adi- ações integradoras e descentralizadas que contam
ção, a falta de rigor metodológico nas reflexões com ampla participação social para melhorar
associativas e nas questões epistemológicas vem as condições vida da população33, mas também
gerando resultados e compreensões equivoca- podem ser vistas como ações simples de serem
damente deterministas dos fenômenos das PC e adotadas, nas quais sujeitos e coletividades, por
AF e da PS, contribuindo para a manutenção da vontade e esforço próprios, poderiam começar a
visão positivista, a banalização do tema e a perpe- praticá-las a qualquer momento, em qualquer lu-
tuação do senso-comum32,33. gar, desconsiderando o contexto de vida no qual
Não obstante, coexistindo com esses movi- estão inseridos.
mentos, debates da I Conferência Internacional Ainda é comum que práticas nomeadas como
de PS, publicados na Carta de Ottawa em 1986, de PS sejam desenvolvidas centradas em discur-
resgatam a concepção de produção social da saú- sos prescritivos e antecipatórios de riscos à saú-
de com perspectivas contextuais amplas, históri- de, numa perspectiva biomédica, individual, que
cas e coletivas e apontam que a PS deve buscar acaba na responsabilização por escolhas e hábitos
atuar sobre os fatores do entorno social, as condi- de vida37-40. Essa perspectiva reducionista descon-
ções de vida e de trabalho, as condições culturais, sidera os modos de produção da existência hu-
ambientais, entre outras, por meio de políticas mana, abordados historicamente como fenôme-
públicas e ações de âmbito comunitário e uni- nos constituintes, produtores, reprodutores ou
versal1,2. Se relaciona ao esforço planejado para transformadores das relações sociais e da própria
construir políticas públicas saudáveis, criar am- saúde, e os conceitos envolvidos na experiência
bientes favoráveis, fortalecer a ação comunitária, concreta da saúde e do adoecer13,32,33.
desenvolver habilidades pessoais e/ou reorientar A problematização apresentada dialoga com
serviços de saúde na busca de metas e devem, reflexões sobre o próprio desenvolvimento da ra-
inequivocamente, incluir aspectos sociais, cultu- cionalidade científica e a emergência dos campos
rais e econômicos37. Essa compreensão evidencia científicos, em especial da medicina, e por con-
o papel dos determinantes sociais no processo de seguinte da saúde pública40 e da educação física,
construção das condições de vida e saúde de in- derivados do método experimental e da tradição
divíduos e coletividades33 e demarca a concepção quantitativa de pesquisa, que deixam como lega-
moderna ou crítica de PS1. do a fragmentação e a neutralização de dimen-
Nessa perspectiva, é importante nos deter na sões subjetivas fundamentais ao estudo da vida,
PNPS, principal marco normativo da institucio- da saúde, do corpo e de suas relações com o mo-
nalização das PC e AF na AB. A PNPS de 2006, vimento humano29.
gestada no seio da Secretaria de Vigilância em O discurso do risco é fortalecido e natura-
Saúde do MS foi marcadamente influenciada lizado por estudos e monitoramentos que, ao
pela EG, na qual o destaque conferido às PC e adotarem um âmbito mais técnico, centrado nas
AF na saúde decorre de constatações epidemio- ciências naturais, destacam a operacionalização
lógicas sobre seus benefícios frente às doenças do do método em detrimento das reflexões acerca
aparelho circulatório e pela compreensão de que das relações humanas em saúde mediadas pelo
a inatividade física é um dos principais fatores de movimento corporal, e acabam por desconsiderar
risco para a mortalidade mundial4,9. a natureza multidimensional desses fenômenos41.
De forma similar às contradições presentes Tal concepção de ciência tem um óbvio impacto
na PNPS de 20068,9, as práticas de saúde na AB na definição e na produção de saúde, vinculando
ainda buscam superar o modelo assistencial vi- -as hegemonicamente ao seu aspecto biológico e,
gente, calcado na supervalorização da assistência sobre as PC e AF, fixando-se no seu desfecho: a ap-
curativa, especializada e hospitalar, que induz ao tidão física32. Vale destacar que esse conhecimento
excesso de procedimentos tecnológicos e medica- científico também embasa diretrizes e posiciona-
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mentos oficiais que norteiam a formação profis- movimento humano como fator de PS na pers-
sional e, consequentemente, as práticas em saúde. pectiva exclusiva da aptidão física, da pretensa
A renúncia ao rigor filosófico e, por conse- longevidade com vitalidade e do melhor ajuste
guinte, metodológico, na análise destes conceitos do homem à sociedade capitalista. Faz-se neces-
centrais à institucionalização de práticas promo- sário afastar a perspectiva neohigienista, de hi-
toras de saúde tem produzido noções que se li- perprevenção, com forte conteúdo moral e nor-
mitam às visões do indivíduo isolado de sua cul- mativo, e produzir sentido com as PC e AF para
tura28. Olhares simplistas e acríticos hegemoni- que elas se tornem efetivamente promotoras de
camente centrados em saberes epidemiológicos, saúde28,33.
clínicos e/ou biológicos não são capazes de, sozi- A despeito de avanços recentes, tanto a esfera
nhos, explicarem relações entre fenômenos com- conceitual quanto a realidade dos serviços ainda
plexos como o movimento corporal e a saúde são fortemente influenciadas por monitoramen-
humana, muito menos de promoverem saúde de tos e pesquisas com abordagens epidemiológicas
forma descontextualizada da realidade social41. tradicionais, preventivistas, biológicas e compor-
Destacamos que esta reflexão não invalida ou tamentais31,32. Algumas vertentes das ciências da
nega a necessidade de se considerar e incluir sa- saúde, em interlocução com as ciências sociais e
beres epidemiológicos e clínicos nas práticas de humanas, buscam refletir criticamente sobre am-
diferentes campos profissionais atuantes na PS, biguidades e imprecisões epistemológicas quanto
uma vez que têm importância e utilidade noto- aos termos e conceitos PC e AF, e PS e prevenção
riamente reconhecidas. A epidemiologia é um de doenças presentes tanto em artigos científicos
campo de conhecimento necessário para o âmbi- quanto em documentos governamentais, que se
to das análises e intervenções sanitárias, mas está refletem nas práticas em saúde41.
longe de ser suficiente, como, por vezes, parece se É importante reconhecer a crescente relevân-
autorizar a assumir tal papel33,41. cia das PC e AF voltadas para a saúde como um
É necessário considerar que a perspectiva fato social complexo presente na vida cultural
epidemiológica dos fatores de risco, fundante contemporânea13. Contudo, não há mais como
na relação entre as PC e AF e a saúde, subsidia continuar afirmando genericamente que as PC e
protocolos discursivos relacionados ao mal do AF promovem saúde e bem-estar sem examinar
sedentarismo, que interferem objetivamente e de forma mais criteriosa as argumentações ideoló-
subjetivamente nas decisões acerca das práticas gicas acríticas que ocultam a mercantilização não
cotidianas28. Propostas conservadoras de PS ba- só da saúde, mas da cultura corporal e da própria
seadas em modelos comportamentais agrupados vida humana33. São necessários mais estudos de
pela ideia do estilo de vida saudável acabam por caráter qualitativo para compor análises amplia-
utilizar estratégias que suscitam a culpabilização das sobre as relações entre as PC e AF e a saúde,
preventiva daqueles que se expõem aos riscos trazendo para o debate científico elementos que
tecnicamente pré-dimensionados, fortalecendo a devem permear a formação profissional e a atua-
dimensão persecutória aos indivíduos33,40 e o uso ção em programas e politicas públicas de PS.
do biopoder28,33. Propostas modernas de PC e AF a partir da PS
O discurso da vida ativa dá, a priori, uma devem valorizar as experiências dos sujeitos em
aura positiva para a AF, o que facilita sua aceita- seus contextos social, familiar, cultural e biológi-
ção e dificulta críticas, pois, independentemente co, além das subjetividades criadas a partir delas20
de qualquer observação ou análise, ninguém de- e as práticas devem tentar contemplar valores e
veria ser contrário a algo tão genuinamente sau- princípios de PS, como exposto na versão revisa-
dável33,40. Em adição, dada a ampla possibilidade da da PNPS18. Em conformidade com essa con-
de compreensões, o uso irrefletido, indiscrimina- cepção e com os princípios do SUS, as PC e AF
do e confuso de conceitos relacionados à PS em ofertadas na AB devem buscar fomentar a auto-
produções científicas, políticas públicas e servi- nomia, o empoderamento e a participação social,
ços em saúde favorece a aproximação apriorística as potencialidades relacionadas à construção de
entre elas e as PC e AF33. vínculo com os usuários ao propiciar a ludicida-
Torna-se imprescindível pensar as PC e AF de e o encontro, a criação e o compartilhamento
na atual dinâmica social, cultural e econômica e de objetivos coletivos, entre outros, o que muitas
suas amplas intersecções, principalmente na sua vezes pode não ser possível na prática clínica42.
função de afirmar, confirmar e/ou reconstruir a Precisam ainda ser valorizadas e associadas à uma
hegemonia de um projeto histórico-político41. É perspectiva participativa voltada para a melhora
imperioso superar o modelo de valorização do das condições de vida e saúde e o desenvolvi-
1836
Carvalho FFB, Nogueira JAD

mento integral das habilidades e capacidades de aumento na oferta das PC e AF em diferentes


crianças, jovens, adultos e idosos e a redução das serviços e programas da AB favorecendo o acesso
iniquidades por meio da interação entre a família, a essas práticas; ii) a visão das PC e AF apenas
a comunidade local e a sociedade37,43. como fator de prevenção de DCNT, baseada nos
Adotar modos de vida saudável dos quais as saberes da biologia e da epidemiologia, ainda é
PC e AF fazem parte não deve ser compreendi- hegemônica em pesquisas científicas, políticas,
do como uma decisão individual simples, nem programas e práticas de saúde pública, repre-
decorrente de soluções simplistas27. Realizar, ou sentando um desafio a ser superado; iii) é neces-
não, as PC ou AF envolve fatores mais amplos sário que as equipes de saúde da AB: ESF, Nasf,
como a disponibilidade de locais, de tempo e do Programa Academia da Saúde, entre outras,
de recursos apropriados, e da similitude entre a avancem na oferta das PC e AF numa perspectiva
oferta das atividades e o interesse pessoal, dentre ampliada a partir da multidisciplinariedade, au-
outros. Assim como a PS, a construção e o forta- mentando o escopo e as modalidades oferecidas,
lecimento de modos de vida saudável e da qua- a participação social e o acesso de populações
lidade de vida para indivíduos e coletividades é menos presentes na AB, tais como adolescentes e
complexa e processual42. homens; e, iv) lentamente avançamos para a am-
pliação da compreensão das PC e AF como po-
tentes ferramentas de PS em sua perspectiva mo-
Considerações finais derna e crítica, reconhecendo que essas práticas
favorecem a obtenção de benefícios biológicos à
Após dez anos da publicação da PNPS, o resgate saúde individual, mas que também são capazes
histórico e a análise crítica empreendida sobre as de fortalecer a equidade, a autonomia, o empo-
relações e configurações que permeiam o proces- deramento e protagonismo do sujeito, além de
so de institucionalização das PC e AF como ações contribuir para a integralidade e sustentabilidade
de PS na AB mostram que: i) houve expressivo do cuidado no sistema de saúde.

Colaboradores Agradecimentos

FFB Carvalho e JAD Nogueira contribuíram Aos Departamentos de Atenção Básica (DAB/
igualmente para a concepção do artigo, realiza- SAS) e de Vigilância de Doenças e Agravos Não
ram análise e interpretação das informações e da- Transmissíveis e Promoção da Saúde (DEVDAN-
dos, redigiram e revisaram criticamente o conteú­ TPS/SVS) do Ministério da Saúde pela cessão de
do e aprovaram a versão final a ser publicada. dados.
1837

Ciência & Saúde Coletiva, 21(6):1829-1838, 2016


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Artigo apresentado em 05/02/2016


Aprovado em 21/03/2016
Versão final apresentada em 23/03/2016

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