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Brazilian Journal of Development

Características fermentativas e composição química da silagem de sorgo


(Sorghum bicolor) com uso de aditivos absorventes

Fermentative characteristics and chemical composition of sorgo silage


(Sorghum bicolor) with use of absorbents additives

DOI:10.34117/bjdv6n8-057

Recebimento dos originais:08/07/2020


Aceitação para publicação:07/ 08/2020

Thais Paula Santin


Acadêmica do curso de Zootecnia da Universidade Federal de Santa Maria – Campus Palmeira
das Missões
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E-mail: thaisplsantin@gmail.com

Karen Dal Magro Frigeri


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das Missões
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E-mail: karen.frigeri@gmail.com

Alessandra Agostini
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Missões - RS, Brasil
E-mail: alessandraagostini20@gmail.com

Hitalo Rodrigues da Silva


Acadêmico do curso de Zootecnia pela Universidade Federal de Santa Maria - Campus Palmeira
das Missões
Instituição: Universidade Federal de Santa Maria - Campus Palmeira das Missões
Endereço: Avenida Independência, 3751, prédio 1- Bairro Vista Alegre, Palmeira das Missões
RS, Brasil
E-mail: hitaloalegrete@gmail.com

Ketlin Dal Magro Frigeri


Acadêmica do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus
Chapecó/SC
Instituição: Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó/SC
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E-mail: ketlin_frigeri@hotmail.com

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Naiane Zoldan Kalles
Acadêmica do curso de Agronomia pela Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus
Chapecó/SC
Instituição: Universidade Federal da Fronteira Sul - Campus Chapecó/SC
Endereço: Rua das Acácias, 300, Bairro Três Pinheiros, Quilombo-SC, Brasil
E-mail: naianezoldankalles@hotmail.com

Elson Martins Coelho


Professor do curso de Zootecnia na Universidade Federal de Santa Maria - Campus Palmeira das
Missões
Instituição: Universidade Federal de Santa Maria - Campus Palmeira das Missões
Endereço: Avenida Independência, 3751, Bairro Vista Alegre, Palmeira das Missões - RS, Brasil.
E-mail: elsoncoelho@ufsm.br

Alexandre Menezes Dias


Professor da Faculdade de Medicina Veterinária e Zootecnia da Universidade Federal de Mato
Grosso do Sul, Famez
Instituição: Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Famez
Endereço: Avenida Senador Filinto Müller, 2443, Bairro Vila Ipiranga, Campo Grande - MS
Brasil
E-mail: alexandre.menezes@ufms.br

RESUMO
Uma das principais culturas utilizadas para a produção de volumosos conservados é o sorgo
(Sorghum bicolor), pois é uma planta que se adapta a variadas condições ambientais. A utilização
de farelos de cereais como aditivos em silagens vem contribuindo como uma alternativa eficiente
para a melhoria dos processos fermentativos, atuando diretamente nas características qualitativas da
silagem. Desta maneira objetivou-se com este trabalho avaliar o efeito da inclusão de diferentes
níveis de aditivos absorventes, nas características fermentativas e na composição química da
silagem de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor). O experimento foi conduzido seguindo um
delineamento inteiramente casualizado (DIC), em arranjo fatorial (3 farelos x 4 níveis) formando
12 tratamentos com 4 repetições, totalizando 48 minisilos. Desta maneira os tratamentos foram as
seguintes combinações: SA - Silagem de sorgo sem aditivo; FA5 - Silagem de sorgo + farelo de
arroz (5%); FA10 - Silagem de sorgo + farelo de arroz (10%); FA20 - Silagem de sorgo + farelo de
arroz (20%); FT5 - Silagem de sorgo + farelo de trigo (5%); FT10 - Silagem de sorgo + farelo de
trigo (10%); FT20 - Silagem de sorgo + farelo de trigo (20%); FS5 - Silagem de sorgo + farelo de
soja (5%); FS10 - Silagem de sorgo + farelo de soja (10%); FS20 - Silagem de sorgo + farelo de
soja (20%). Verificou-se que a presença de aditivos na silagem proporcionou 32,26% menos perdas
por bolores, leveduras e outros microrganismos, além de diminuir os teores de pH, FDN, e FDA do
material ensilado, e proporcionando aumento da MS da silagem. Conclui-se que a inclusão de
aditivos absorventes na silagem de sorgo proporcionou melhoria na qualidade do material ensilado.

Palavras-chave: composição bromatológica, qualidade, volumoso conservado.

ABSTRACT
One of the main crops used for the production of preserved roughage is sorghum (Sorghum bicolor),
as it is a plant that adapts to various environmental conditions. The use of bran as additives in silage

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has been contributing as an efficient alternative for the improvement of fermentative processes,
acting directly on the qualitative characteristics of silage. Thus, the objective of this study was to
evaluate the effect of the inclusion of different levels of absorbent additives on the fermentative
characteristics and chemical composition of forage sorghum (Sorghum bicolor) silage. The
experiment was conducted following a completely randomized design (DIC), in a factorial
arrangement (3 bran x 4 levels) forming 12 treatments with 4 replications, totaling 48 minisyls. Thus
the treatments were the following combinations: SA - Sorghum silage without additive; FA5 -
Sorghum silage + rice bran (5%); FA10 - Sorghum silage + rice bran (10%); FA20 - Sorghum silage
+ rice bran (20%); FT5 - Sorghum silage + wheat bran (5%); FT10 - Sorghum silage + wheat bran
(10%); FT20 - Sorghum silage + wheat bran (20%); FS5 - Sorghum silage + soybean meal (5%);
FS10 - Sorghum Silage + soybean meal (10%); FS20 - Sorghum silage + soybean meal (20%). It
was found that the presence of additives in the silage provided 32.26% less losses by mold, yeast
and other microorganisms, in addition to decreasing the pH, NDF, and ADF contents of the ensiled
material, and increasing the silage DM. It was concluded that the inclusion of absorbent additives
in sorghum silage provided improvement in the quality of the ensiled material.

Keywords: bromatological composition, preserved, roughage quality

1 INTRODUÇÃO
Na criação de animais ruminantes um dos fatores mais importantes é a adequada nutrição,
porém, no Brasil devido às variações climáticas, existem épocas do ano em que há escassez na
produção das pastagens que são a base alimentar destes herbívoros. Estes períodos, denominados
vazios forrageiros, podem ser superados com o uso de volumosos conservados. Segundo Neumann,
et al (2014), uma das estratégias para armazenamento de forragens para utilização nos períodos de
baixo crescimento das pastagens é por meio da ensilagem, processo este baseado na conservação da
matéria seca mediada pela fermentação em condições de anaerobiose, preservando as características
nutricionais do alimento volumoso, no momento de sua utilização.
Uma das espécies forrageiras utilizada para a produção de silagem, é o sorgo (Sorghum
bicolor), sendo uma planta que se adapta a variadas condições ambientais, produzindo mesmo sob
condições desfavoráveis quando comparado à maioria dos outros cereais. É caracterizado por ser
uma planta autógama (autofecundação no processo reprodutivo), com baixa taxa de fecundação
cruzada, possuindo metabolismo C4, o que lhe permite responder bem a temperaturas superiores a
21°C para seu crescimento e desenvolvimento. Também é tolerante ao déficit de água, e ao excesso
de umidade no solo, mais do que a maioria dos outros cereais, podendo ser cultivado numa ampla
faixa de condições de solo (EMBRAPA, 2011).
O sorgo é uma planta que produz silagens com boas características fermentativas e destaca-
se por ser um volumoso com adequada concentração de carboidratos solúveis, essenciais para a
fermentação lática, sendo depois do milho, a cultura anual mais importante para produção de

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silagem, pois possibilita produção economicamente viável (alta produção por unidade de área),
possui bom valor energético e níveis médios de proteína (cerca de 8% de proteína bruta). A silagem
de sorgo tem importância estratégica, pois quando produzida com base nos princípios básicos para
obtenção de silagem de boa qualidade apresenta valor nutritivo equiparado ao da silagem de milho
e com a principal vantagem do menor custo de produção, uma vez que a produtividade do sorgo é
maior que a do milho (LIMA et al., 2008).
Apesar das características da cultura do sorgo serem propícias ao processo de ensilagem,
perdas ainda podem ocorrer por conta de fermentações indesejáveis, provocando prejuízos na
qualidade final da silagem produzida. Segundo Martinkoski et al (2013), e Filho et al, (2010),
relatam que, a idade de corte da planta no momento da ensilagem altera diretamente a sua
composição bromatólogica, quanto maior a idade da planta maior será a participação da fração
fibrosa da mesma, podendo interferir na digestibilidade da silagem e seu consumo pelos animais.
Além do mais, o teor de MS da forragem é um dos determinantes do processo de fermentação
da mesma, e consequentemente da qualidade do material produzido. Este teor de matéria seca pode
ser explicado pela composição morfológica da planta, sendo que a participação de caules mais
suculentos, folhas e panículas contribuí para o aumento da MS (COSTA et al, 2016). Segundo Pinho
et al (2006) as maiores proporções da fração colmo nas cultivares de sorgo forrageiro resultam numa
menor proporção de panículas e grãos na MS, quando comparadas com os outros grupos de
cultivares (granífero, duplo propósito e milho), fato este que pode ser explicado pelas características
forrageiras da planta.
Para minimizar estas possíveis perdas podem ser utilizados aditivos variados, buscando a
produção de uma silagem de melhor qualidade (VIEIRA et al, 2004). A utilização de farelos como
aditivos em silagens vem contribuindo como uma alternativa eficiente para a melhoria dos processos
fermentativos, atuando diretamente nas características qualitativas, isto porque são considerados
aditivos de alto poder higroscópico.
Em vista deste fato o objetivo deste trabalho foi de avaliar o efeito da inclusão de aditivos
absorventes em diferentes níveis, nas características fermentativas e na composição química da
silagem de sorgo forrageiro (Sorghum bicolor).

2 MATERIAL E MÉTODOS
O presente trabalho foi conduzido na Universidade Federal de Santa Maria - Campus
Palmeira das Missões, RS, Brasil, localizada à 629 metros de altitude, latitude: 27º57`58” e
longitude: 53º.18`.49”. O clima predominante é o subtropical úmido, apresentando verão com

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elevadas temperaturas e inverno com frio intenso. Durante o ano ocorre precipitação pluviométrica
bem distribuída pelas estações, tendo uma precipitação média anual de 1838 mm, sendo que a
temperatura varia de 10 °C à 29 °C, com média de 18,7°C, culminando em características propícias
para o cultivo do sorgo.
O sorgo forrageiro foi semeado em linhas, num sistema de plantio com preparo convencional
do solo. A colheita para ensilagem foi realizada 110 dias após a semeadura, sendo que o material
foi cortado em partículas com tamanho médio de 2,0 cm. Após a colheita e picagem do material,
foram adicionados os farelos de soja, farelo de trigo e farelo de arroz, nas respectivas proporções,
0, 5, 10, e 20% com base na matéria natural (MN) e após a mistura e uniformização, o material foi
ensilado e compactado de maneira a proporcionar uma densidade média de cerca de 613 kg/m³.
Para a ensilagem do sorgo foram utilizados 48 minisilos confeccionados em sacos plásticos
com 200 micras de espessura. Os silos foram hermeticamente fechados, apresentando capacidade
de 50 litros, sendo retirado o oxigênio através do uso de aspirador para eliminar a maior quantidade
de oxigênio possível de maneira a propiciar melhores condições para a fermentação da massa
ensilada.
O experimento foi conduzido seguindo um delineamento inteiramente casualizado (DIC),
em arranjo fatorial (3 farelos x 4 níveis) formando 12 tratamentos com 4 repetições, totalizando 48
minisilos. Desta maneira os tratamentos foram as seguintes combinações:
SA - Silagem de sorgo sem aditivo;
FA5 - Silagem de sorgo + farelo de arroz (5%);
FA10 - Silagem de sorgo + farelo de arroz (10%);
FA20 - Silagem de sorgo + farelo de arroz (20%);
FT5 - Silagem de sorgo + farelo de trigo (5%);
FT10 - Silagem de sorgo + farelo de trigo (10%);
FT20 - Silagem de sorgo + farelo de trigo (20%);
FS5 - Silagem de sorgo + farelo de soja (5%);
FS10 - Silagem de sorgo + farelo de soja (10%);
FS20 - Silagem de sorgo + farelo de soja (20%),
As silagens produzidas foram analisadas quanto aos parâmetros bromatológicos: teor de
matéria seca (MS), matéria mineral (MM), matéria orgânica (MO), teor de proteína bruta (PB), teor
de fibra em detergente neutro (FDN), e teor de fibra em detergente ácido (FDA), além dos
parâmetros de pH, segundo metodologias descritas por Silva e Queiroz (2002).

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Além das características bromatológicas, foram realizadas estimativas das perdas por
bolores, leveduras, fungos, e demais microrganismos, usou-se para este cálculo o peso final dos
silos, o qual foi obtido em pesagem no dia de abertura dos mesmos, após foram retiradas as partes
dos silos que visivelmente continham algum tipo de microrganismo indesejável, pesou-se as
mesmas, com os valores obtidos realizou-se a elaboração da porcentagem de perdas.
Os dados foram analisados por meio de análise de variância, sendo as médias comparadas
através do teste Scott Knott a 5% de significância., utilizando-se o programa computacional Sistema
para Análise de Variância - SISVAR (FERREIRA, 2014).

3 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados das perdas por presença de bolores, fungos, leveduras e outros microrganismos
são apresentados na Tabela 1. É possível verificar que o maior percentual de perdas ocorreu quando
não houve a inclusão de aditivos (P<0,05), sendo que nos tratamentos em que houve a inclusão dos
aditivos verificou-se uma redução gradativa no percentual de perdas, chegando a 32,26% menos
perdas com a adição de farelo de arroz, tratamento com menores percentuais de perdas.

Tabela 1. Percentual de perdas por presença de bolores, leveduras, fungos e outros microrganismos em silagem de sorgo
forrageiro com uso de diferentes aditivos absorventes.
Silagem Nível de Aditivo (%) Média
0 5 10 20
Sem Aditivo 28,64 - - - 28,64A
A A A
Farelo de Trigo - 17,25 10,25 11,80 13,10B
Farelo de Soja - 19,88A 10,24A 11,05A 13, 73B
Farelo de Arroz - 07,65A 09,29A 10,77A 09,24C
Média 28,64 14,93 09,93 11,21
Valores seguidos de letras distintas, nas colunas, diferem entre si pelo teste Scott Knott a 5% de significância.

Na Figura 1 é apresentada a equação de regressão do efeito do nível de inclusão de aditivos


absorventes nos percentuais de perdas da silagem de sorgo. Percebe-se que com o aumento do nível
de inclusão dos aditivos houve a diminuição das perdas no material ensilado, sendo que o nível
ótimo de inclusão se encontra por volta de 12%, acima disso as perdas começam a aumentar
novamente.

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Figura 1. Efeito do nível de inclusão de aditivos absorventes nos teores de perdas da silagem de sorgo.

Na Tabela 2 são apresentadas as médias da variação do pH das silagens com o uso de


diferentes aditivos absorventes. Pode-se verificar que o tratamento sem uso de aditivos apresentou
um valor de pH acima do desejado (4,33), entretanto os maiores valores de pH foram verificados no
nível de 5% para todos os aditivos utilizados, sendo que o aumento no nível de inclusão de aditivo
absorvente, proporcionou menores valores de pH. A adição de farelo de trigo no nível de 10%,
resultou no menor valor de pH verificado entre as silagens produzidas.

Tabela 2. Variação do pH na silagem de sorgo forrageiro com uso de diferentes aditivos absorventes
Silagem Nível de Aditivo (%) Média
0 5 10 20
Sem Aditivo 4,33 - - - 4,33
Farelo de Trigo - 4,53B 3,89B 3,93B 4,12
Farelo de Soja - 4,66A 4,07A 3,98B 4,24
Farelo de Arroz - 4,41C 4,07A 4,06A 4,18
Média 4,33 4,53 4,01 3,99
Valores seguidos de letras distintas, nas colunas, diferem entre si pelo teste Scott Knott a 5% de significância.

Segundo Veriato et al (2018), valores de pH maiores que 4,5 em silagens de sorgo, resultam
em uma ampla variação de desenvolvimento de micorganismos, dentre eles alguns patógenos,
bolores e leveduras, entretanto com valores de pH abaixo desse valor (pH<4,0), limita-se o
crescimento destes microrganismos, além do fato de não haver desenvolvimento do gênero
Clostridium.
Em estudos com cinco genótipos de sorgo Ribeiro et al (2007), determinaram os padrões de
fermentação do material, chegando a valores de pH que variaram de 3,69 e 4,58, resultados estes
que corroboram com o encontrado neste estudo. Sabe-se que a estabilidade do pH da silagem
depende de alguns fatores como o teor de matéria seca, capacidade tampão do material ensilado, e

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as condições de anaerobiose (BORBA et al, 2012), com isso tem-se que silagens de sorgo bem
fermentadas apresentam os valores mínimos de pH entorno de 3 a 7 dias após a ensilagem, podendo
ser mantida por muito tempo em boa conservação, para tanto constata-se que silagens com pH
reduzido podem ser consideradas de boa qualidade (VERIATO et al, 2018).
Estes resultados são demonstrados com na Figura 2, onde pode-se observar que o nível de
inclusão de 10%, foi o que proporcionou os menores valores de pH, dentre os níveis de inclusão dos
farelos nas silagens produzidas.

Figura 2. Efeito do nível de inclusão de aditivos absorventes nos teores de pH da silagem de sorgo.

Analisando os resultados encontrados sobre as características bromatológicas, expressos na


Tabela 3, nota-se que o tratamento onde há inclusão de farelo de arroz obteve maior porcentagem
de matéria seca, em comparação com os demais, principalmente com a inclusão de 20% deste aditivo.
Os valores observados para o teor de matéria seca (MS) das silagens produzidas podem ser
considerados elevados em comparação a demais trabalhos sobre o tema, segundo Dias et al. (2010),
a faixa ideal varia de 30 a 35% para evitar perdas pela formação de efluentes, produção de gases,
água e calor, bem como para promover uma fermentação láctica adequada e manter o valor nutritivo
da silagem, onde silagens feitas de forragens com mais de 40% de MS, podem apresentar maior
dificuldade de compactação e, consequentemente, menor qualidade silagem, devido à maior
presença de ar (VERIATO et al, 2018).

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Tabela 3. Características bromatológicas da silagem de sorgo submetida a diferentes aditivos absorventes
MS (%) PB (%) MM (%) MO (%) FDN (%) FDA (%)
Sem Aditivo 45,75B 5,84D 6,62C 93,37B 64,33A 47,21A
B B C A B
Farelo de Trigo 45,77 8,66 6,27 93,72 59,85 40,10B
B A B B C
Farelo de Soja 45,66 15,82 6,64 93,35 56,75 38,94B
A C A C D
Farelo de Arroz 46,22 7,48 7,02 92,97 52,02 37,27B
P>f 0,0110 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001 0,0001
D A
0 45,75 5,84 6,62 93,37 64,33 47,21A
C B
5 45,73 7,94 6,56 93,43 58,94 43,23B
B B
10 45,92 10,47 6,61 93,38 57,76 39,12C
A C
20 46,00 13,55 6,76 93,23 51,92 33,97D
Média 45,85 9,45 6,64 93,35 58,24 40,88
P>f 0,3283 0,0001 0,1557 0,1557 0,0001 0,0001
CV 0,93 9,79 3,20 0,23 5,75 8,08
Médias seguidas de letras distintas, nas colunas, diferem entre si pelo teste Scott Knott a 5% de significância.

Além disso, Martinkoski et al. (2013), avaliando quatro diferentes híbridos de sorgo com
finalidade para silagem, encontraram teores de MS variando de 22,86 a 31,51%, resultados
próximos aos observados por SOUZA et al (2003). Esses autores encontraram em experimento com
diferentes híbridos de sorgo, valores mínimo e máximo respectivamente, de 23,2 a 38,5%, nos teores
de MS.
Entretanto, estudos realizados por Ott et al. (2018) avaliando 25 genótipos de sorgo
específicos para a produção de silagem e encontraram teores de MS entre 31,38 a 43,38%,
demonstrando que existe uma ampla variação no teor de MS entre os híbridos de sorgo que existem
no mercado, os quais possuem valores próximos aos encontrados neste estudo.
Uma boa silagem de sorgo depende da sua produção de matéria seca, aliada à uma boa
constituição de nutrientes (NEUMANN et al, 2002), como é o caso da fração de proteína bruta (PB)
da silagem, apresentada na Tabela 3, a qual teve uma elevação de 36,91% do menor para o maior
valor encontrado entre os tratamentos, sendo que a inclusão de 20% de farelo de soja determinou
maior aumento no teor de PB da silagem, isso pode ser explicado pelo fato do farelo de soja
apresentar maior teor de proteína (ZIMMERMANN et al, 2015).
Ainda com relação aos teores de PB, Correa et al. (2007) utilizaram silagens de sorgo;
silagens de sorgo aditivada com 5% de fubá de milho, na base matéria natural; e silagens de sorgo
aditivada com Lacto Silo enzimático, encontrando valores de PB de 6,18 a 5,93, resultados estes
semelhantes aos obtidos com a inclusão de 5% de aditivo neste estudo e com a silagem sem aditivo.
Estudos realizados por Cruz et al. (2019), usando três tipos de silagem, sorgo forrageiro
(Sorghum bicolor) – cv. Volumax em solteiro, consorciado com Urochloa brizantha cv. Marandu
ou com o Megathyrsus maximus cv. Mombaça, e cinco doses de uréia como aditivo na ensilagem
(0; 2,5; 5,0 e 7,5%), encontram doses crescentes de PB de acordo com o aumento das doses de ureia,

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variando de 5,03 de PB na silagem, onde se tinha apenas o sorgo e sem a adição de ureia, chegando
até 20,60 de PB na silagem de sorgo em consórcio com Urochloa brizantha cv. Marandu e com
adição de 7,5% de ureia.
Estes resultados são próximos aos verificados neste estudo com a adição de farelo de trigo e
soja, sendo que também estes apresentam aumento linear no teor de PB com o aumento da inclusão
dos farelos, principalmente o de soja, por possuir um elevado teor proteico em sua composição,
demonstrando que o uso destes aditivos favoreceu o aumento da PB na silagem.
Na Tabela 3 são apresentados os teores de fibra em detergente neutro (FDN) e fibra em
detergente ácido (FDA), sendo que os maiores valores foram encontrados na silagem sem a inclusão
de aditivos tendo uma diminuição considerável com o aumento da porcentagem de aditivos,
principalmente com a inclusão de 20% de farelo de arroz. Mesmo com a melhoria nos teores de
FDA pelo uso dos aditivos, seus valores ainda são elevados, levando em consideração, Vasconcelos
et al. (2005), cita que quanto menor o nível de FDA, maior o valor nutritivo do alimento,
corroborando com Van Soest (1994), onde o mesmo relata que os coeficientes de digestibilidade
são influenciados pelos teores de lignina, taninos, FDA e celulose, e por suas interações, sendo
assim os altos teores de FDA podem ser prejudicais a qualidade da silagem.
De acordo com Neumann et al. (2017) a variável FDN é uma importante fonte de nutrientes
para ruminantes, pois estimula a ruminação e, consequentemente, a saúde do rúmen. Ainda segundo
o autor, os teores de FDA não devem ser elevados, já que esta é constituída por lignina de porção
indigestível, celulose parcialmente digestível e hemicelulose, com maior digestibilidade
Entretanto os resultados verificados neste estudo são compatíveis com os encontrados por
Moura et al (2016) avaliando 12 híbridos de sorgo para silagem determinou valores de FDN
variando de 54,96 á 76,13% e de FDA variando entre 29,14 a 40,59%. Estes dados corroboram com
o estudo de Correa et al. (2007), os quais analisaram silagem de sorgo sem aditivos e com a inclusão
de fubá de milho e um aditivo comercial, encontrando valores de FDN que variaram entre 63,21%
a 73,89%, e FDA de 37,38% a 45,63%, demonstrando que os resultados encontrados neste
experimento estão de acordo com a literatura.
Em relação aos percentuais de matéria orgânica (MO), e matéria mineral (MM) nota-se que
não houve diferença estatística entre os níveis de inclusão dos aditivos, porém entre os aditivos
utilizados na ensilagem houve diferença (P<0,05) sendo que os maiores valores estão
respectivamente na inclusão de farelo de trigo e farelo de arroz.
Analisando estes mesmos fatores Macedo et al (2012) testaram os valores bromatológicos
da silagem de sorgo de acordo com o aumento dos níveis de adubação nitrogenada (0,

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50,100,150,200 kg/ha), e verificaram valores crescentes de MO chegando a 94,14% com a inclusão
de 200 kg/ha de adubação nitrogenada, e valores decrescentes de MM sendo chegando a um valor
mínimo de 5,12% com o mesmo valor 200 kg/ha de adubação nitrogenada, estes valores são
semelhantes aos encontrados neste trabalho, sendo que talvez o aumento dos níveis de MM pode
ser em decorrência dos aditivos serem diferentes.

4 CONCLUSÃO
Conclui-se com o presente estudo, que a inclusão de aditivos absorventes na silagem de
sorgo causou impactos positivos na composição bromatológica, sendo que o farelo de arroz
contribuiu para a redução dos valores de FDN e FDA, colaborando assim para uma melhoria na
qualidade da silagem, além de aumentar o teor de MS da mesma.
Em relação ao pH do material ensilado pode-se avaliar que os tratamentos com nível de
inclusão dos farelos acima de 10%, causaram impactos positivos na diminuição deste fator,
entretanto a inclusão de 10% de farelo de trigo, proporcionou a maior diminuição no pH do material
ensilado, auxiliando em uma melhor fermentação. Além disso, a inclusão de farelo de trigo auxiliou
na elevação do teor de PB da silagem, tendo seus valores somente inferiores a inclusão de farelo de
soja no nível de 20%, o qual foi o tratamento que mais influenciou no teor de PB.

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