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Brazilian Journal of Animal and Environmental Research

Emergência de semente de milho submetida ao déficit hídrico

Corn seed emergency submitted to water deficit


DOI: 10.34188/bjaerv3n3-050

Recebimento dos originais: 20/05/2020


Aceitação para publicação: 20/06/2020

Mauricio Cezar Resende Leite Junior


Doutor em Recursos Hídricos em Sistemas Agrícolas pela Universidade Federal de Lavras/UFLA
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM
Endereço: Avenida Universitária, 1000 – Bairro Universitário, Unaí – MG, Brasil
E-mail: mauricio.leite@ufvjm.edu.br

Andressa Souza Rodrigues


Graduada em Agronomia pela Universidade Vale do Rio Verde – UninCor
Instituição: Universidade Vale do Rio Verde/Unincor
Endereço: Av. Castelo Branco, 82 - Chácara das Rosas, Três Corações – MG, Brasil
E-mail: andressarodrigues_29@yahoo.com.br

José Maciel da Fonseca


Graduado em Agronomia pela Universidade Vale do Rio Verde – UninCor.
Endereço: Av. Castelo Branco, 82 - Chácara das Rosas, Três Corações – MG, Brasil
E-mail: j.maciel.agro@gmail.com

Luciane da Costa Barbé


Doutora em Produção Vegetal pela Universidade do Norte Fluminense Darcy Ribeiro/UENF
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM
Endereço: Avenida Universitária, 1000 – Bairro Universitário, Unaí – MG, Brasil
E-mail: luciane.barbe@ufvjm.edu.br

Leonardo Barros Dobbss


Doutor em Produção Vegetal pela Universidade do Norte Fluminense Darcy Ribeiro/UENF
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM
Endereço: Avenida Universitária, 1000 – Bairro Universitário, Unaí – MG, Brasil
E-mail: leonrdo.dobbsss@ufvjm.edu.br

Alessandro Nicoli
Doutor em Fitopatologia pela Universidade Federal de Viçosa/UFV
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM
Endereço: Avenida Universitária, 1000 – Bairro Universitário, Unaí – MG, Brasil
E-mail: alessandro.nicoli@ufvjm.edu.br

Renata Oliveira Batista


Doutora em Genética e Melhoramento pela Universidade Federal de Viçosa/UFV
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM
Endereço: Avenida Universitária, 1000 – Bairro Universitário, Unaí – MG, Brasil
E-mail: renata.batista@ufvjm.edu.br

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Mariana Rodrigues Bueno


Doutor em Fitotecnia pela Universidade Federal de Uberlândia/UFU.
Instituição: Universidade Federal dos Vales do Jequitinhonha e Mucuri/UFVJM
Endereço: Avenida Universitária, 1000 – Bairro Universitário, Unaí – MG, Brasil
E-mail: mariana.bueno@ufvjm.edu.br

RESUMO
O milho é uma das mais eficientes plantas da natureza quanto a armazenar energia e uma das culturas
mais cultivadas no mundo. O objetivo desse trabalho foi avaliar sementes de milho submetidas ao
déficit hídrico, procurando obter informações que possam ser relevantes no momento do
estabelecimento da cultura no campo. Foi avaliada a semente da cultivar SHS 3031 quanto a
emergência e vigor vegetativo. O experimento foi realizado em maio de 2015 na cidade de Três
corações, Minas gerais, conduzido em delineamento casualizados com 4 repetições. Os resultados
indicaram que solos com menor período de estiagem apresentaram maior percentual de emergência e
vigor vegetativo.

Palavras-chave: Estiagem, Emergência, Vigor, Milho, Cultivar.

ABSTRACT
Corn is one of the most efficient plants of nature and to store energy and one of the most cultivated
crops in the world. The aim of this study was to evaluate corn seeds subjected to water stress, looking
for information that may be relevant at the time of crop establishment in the field. The seed of the
cultivar SHS 3031 as the emergence and vegetative vigor was evaluated. The experiment was
conducted in May 2015 in the city of Três Corações, Minas Gerais, a randomized design with four
replications. The results indicated that soil with lower dry period, a higher percentage of emergence
and vegetative vigor.

Keywords: Drought, Emergency, Force, Corn, GrowCrops.

1 INTRODUÇÃO
O milho (Zeamays) é uma das culturas mais difundidas no mundo (Silva, 2009) e um dos
fatores que contribuem para esse sucesso é o fato de poder ser cultivado desde o nível do mar até
altitudes de 3 mil metros, desde 58 graus LatitudeNorte- Canadá até 40 graus Latitude Sul- Argentina,
podendo ser plantado em grande escala ou como cultura de subsistência.
Essa gramínea da família das Poeaceae é um descendente do teossinte, planta originária do
México e América central, conhecida desde 7000 anos a.c, denominada pelos Maias como alimento
dos deuses e domesticada ao longo da história (TERRA, 2009).
No Brasil essa cultura tem grande importância e o país é o terceiro produtor mundial segundo
o Ministério da Agricultura (USDA, 2015), sendo passível de duas colheitas ao ano, sendo a primeira
safraprimavera e verão e a segunda safra outono e inverno, também denominada de safrinha.
A fenologia do milho está dividida em dois estádios: Estádio vegetativo e estádio reprodutivo.
O estádio vegetativo compreende a germinação e a emergência.

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A emergência do milho é do tipo hipógea, isto é, o cotilédone permanece abaixo da superfície


do solo durante a germinação da semente. Quando ocorre a emergência e a exposição da ponta do
coleóptilo à luz solar, a elongação do coleóptilo e do mesocótilo cessa. Neste momento, a região de
crescimento (extremidade apical) da planta está entre 2,5 a 3,8 cm sob a superfície do solo e está
localizado logo abaixo do mesocótilo. As folhas embrionárias que estão se desenvolvendo
rapidamente, então crescem através da extremidade do coleóptilo e o desenvolvimento da planta
acima do solo se inicia (ENCARTE DE INFORMAÇÕES AGRONÔMICAS, 2003).
A emergência retrata estabelecimento da cultura no campo. A base da alta produção por área
de qualquer cultura esta relacionada ao estabelecimento da planta no campo que por sua vez, depende
do manejo racional e da qualidade das sementes utilizadas. Apesar da importância da cultura do
milho, o Brasil apresenta baixa produtividade se comparado com países comoEstados Unidos, Canadá
e França.
As principais causas de baixa produtividade são entre outras a ocorrência de plantas daninhas,
utilização inadequada de adubos e a baixa densidade de planta (FRITSCHE-NETO; MÔRO, 2015).A
baixa densidade das plantas ocorre em razão de problemas com a época da semeadura, seja pelo uso
inadequado de sementes ou pelo contato insuficiente solo semente que normalmente implica em
pouca uniformidade da cultura do milho.
A germinação de forma simples pode ser definida como a transformação do embrião
emplântula, e do ponto de vista fisiológico é simplesmente sair do repouso e entrar em atividade
metabólica. Para que ocorra germinação, algumas exigências são observadas, tais quais: a viabilidade
das sementes, presença de gases como O2, temperatura adequada, luz para algumas espécies e
disponibilidade de água. Tal disponibilidade refere-se àágua que chega ao embrião no interior da
semente (CARVALHO; NAKAGAWA, 2000).
A água disponível no solo está entre a capacidade de campo e o ponto de murcha permanente.
Sendo que acapacidade de campo representa a máxima quantidade de água que o solo é capaz de reter
após a drenagem do excesso por gravidade e o ponto de murcha permanente, por sua vez, traduz a
quantidade de água no solo com a qual a planta entra em estado de murcha e não readquire sua
turgidez mesmo em atmosfera saturada, a menos que seja umedecido novamente (BERGAMASCHI,
1992).
Objetivou-se encontrar qual a umidade do solo mais adequada para se realizar o plantio das
sementes de milho após período de estiagem, e determinar o período de vigor vegetativo da plântula
submetida a déficit hídrico sem reposição de água no solo.

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2 REVISÃO DE LITERATURA
Segundo Cruz et.al. (1996), o milho é uma das mais eficientes plantas da natureza no que diz
respeito a armazenar energia. De uma semente com aproximadamente 0.3 gramas, surgirá uma planta
com cerca de dois metros por volta de nove semanas. Ademais, uma planta produz cerca de 600 a
1000 sementes similares àquela da qual se originou.
O milho é rico em amido, e devido ao seu relativo baixo custo, tem sido muito utilizado na
indústria alimentícia como ingrediente calórico e como melhorador de propriedades físico químicas.
O teor de amilose dos grânulos varia de acordo com a fonte vegetal e no milho essa taxa fica entre 25
a 28% (ADITIVOS & INGREDIENTES, [20--?]).
O grão de milho pode ser amarelo, branco, vermelho ou até mesmo preto, composto
aproximadamente de 72% de amido, 9,5% de proteínas, 9% de fibra, 4% de óleo e outros, sendo,
portanto, um alimento altamente energético para homens e animais, a saber:

Como a planta consegue fazer isso? Primeiro, produzindo uma grande e eficiente “fábrica” de energia,
composta pelas suas raízes, folhas, colmo e partes florais. A partir daí armazena quantidades fantásticas de
energia em um produto concentrado, que é o grão de milho. (CRUZ (Ed.) et.al. 1996, p.85).

Conforme já citado, o milho é o principal cereal cultivado no Brasil e o país é o terceiro


produtor mundial (USDA, 2015). Na safra 2013/2014 foi cultivada uma área de 15,83 milhões/ha,
com produtividade de 5057 kg/ha e 80,05 milhões de toneladas (CONAB, 2015).
A produção por região na primeira safra é liderada pela região Sul com 46% seguida da região
Sudeste com 25,4%. A segunda safra ou safrinha é amplamente liderada pela região Centro-Oeste
com 66,7% seguida da região Sul com 21,9%. (CONAB, 2015).
Em 1909, o botânico Norte americano George Harrisson Shull criou o primeiro esquema para
a produção de milhos híbridos e o Brasil foi o segundo país a adotar os híbridos com o início dos
trabalhos em 1932.
Os híbridos de milho resultam do cruzamento entre indivíduos geneticamente distintos e
homozigotos, visando a utilização pratica de heterose. Dependendo do número de genitores
utilizados, podemos obter diferentes tipos de híbridos, mas de modo geral todos são altamente
heterozigóticos e homogêneos. Indiferentemente do tipo de híbrido, estes só têm alto vigor e
produtividade na primeira geração (VISÃO AGRICOLA, 2015).
Com o avanço da engenharia genética, as descobertas dessa ciência não demoraram a chegar
à agricultura eespecificamente à cultura do milho.
No Brasil a autorização para o uso do milho Bt foi dada em 2007 com três variedades com
resistência ao ataque de lagartas pela comissão técnica nacional de biossegurança (CTNbio, 2015).

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A planta de milho Bt é aquela na qual foraminseridos genes obtidos a partir da bactéria


bacillusthuringiensisberliner, que pode ser encontrada em vários ambientes e principalmente no solo,
e que produzem proteínas com ação inseticida sobre alguns grupos de insetos, segundo Martinelli
(apud AGROLINK, 2011).
Entretanto, os benefícios dessa tecnologia resulta na evolução da resistência desses insetos,
que pode ser minimizada com adoção de práticas de manejo de resistência de insetos como áreas de
refúgio, que consiste no plantio de uma faixa de plantio de milho convencionalpróximo ao plantio do
milho Bt para que os insetos possam conviver e se reproduzir.
A resolução normativa n° 4 da (CTNBio, 2015) estabelece a distância máxima de 800 metros
e essa faixa pode ser perimetral ou dentro do próprio cultivo Bt.
A fenologia do milho é dividida em estádio vegetativo e reprodutivo. No estádio vegetativo a
emergência está atrelada à germinação. Assim:

O milho [(Zeamays(L.)] também está sujeito às condições adversas no campo, como problemas
relacionados à disponibilidade hídrica na época de semeadura, afetando a germinação das sementes, a qual
é caracterizada como um processo irreversível e um dos estádios mais críticos do ciclo de vida da planta
(Almansouriet.al., 2001). Khajeh-Hosseiniet.al. (2003) afirmaram que, dos diversos fatores ambientais
capazes de influenciar a germinação, a disponibilidade de água é um dos mais importantes, pois se constitui
a matriz onde ocorre a maioria dos processos bioquímicos e fisiológicos. Os efeitos da disponibilidade
hídrica se prolongam após a emergência do eixo embrionário, com reflexos sobre o desenvolvimento das
plântulas. (KAPPES et.al. apud ALMANSOURI et.al. 2001; KHAJEH-HOSSEINI et .al. 2003, p.2).

Em condições normais de campo, as sementes plantadas absorvem água, incham e começam


a crescer. A radícula é a primeira a se alongar, seguida pelo coleóptilo com plúmula incluída.
O estádio VE é atingido pela rápida elongação do mesocótilo, o qual empurra o coleóptilo em
crescimento para a superfície do solo e em condições adequadas de umidade e temperatura a planta
emerge dentro de 5 a 6 dias, (CRUZ, 1996).
A lentidão na germinação vai predispor a plântula a menor resistência aos revezes ambientais
como o ataque de patógenos (ALVES, et.al, 2010).
As oscilações nas safras de milho das principais regiões produtoras no Brasil estão associadas
à disponibilidade de água, sobretudo no período crítico da cultura (MATZENAUER, apud
BERGAMASCHI et. al. 2004; BERGONCI et. al. 2001).
BERGAMASCHI et. al. (2004) constataram que pode haver redução no rendimento mesmo
em anos climaticamente favoráveis, se o déficit hídrico ocorrer no período crítico que vai da pré
floração até oinício do enchimentodos grãos. Nesta etapa fisiológica o milho é extremamente sensível
ao déficit hídrico devido aos processos fisiológicos ligados a formação do zigoto e início do

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enchimento dos grãos (SHUSSLER E WESTGATE, 1991; ZINSELMEIER et al. 1995, apud
BERGAMASCHIet. al. 2004)
O uso racional da água deve ser uma preocupação de todos e na agricultura não é diferente,
pois o uso indiscriminado pode causar erosões, salinização e comprometer recursos hídricos.
A água destinada a uma cultura é necessária ao desenvolvimento da mesma para satisfazer suas
necessidades metabólicas para o seu máximo rendimento, portanto estudos das necessidades hídricas
são necessários quando pretende-se racionalizar o uso da água.

3 MATERIAL E MÉTODOS
O experimento foi conduzido na cidade de Três Corações, Minas Gerais, Brasil. As
coordenadas geográficas da área são: 21º 42’00’’ S e 45º 15’30’’W com altitude aproximada de 855
metros. O clima regional é classificado como clima tropical de altitude (classificação climática de
Köppen-Geiger) predominante nos planaltos e serras do Sudeste brasileiro, com precipitação e
temperatura média anual de 1642,2 mm e 18,2 °C, respectivamente.
O solo é classificado como Argiloso Silicoso, típico originário do basalto da formação da
Serra Geral, e caracteriza-se por apresentar perfil profundo de coloração vermelha escura, textura
argilosa com predominância de argilominerais 1:1.
Foi realizada análise de fertilidadedo solo, para reconhecimento da área utilizada, não havendo
necessidade de se fazer correção química.
Mesmo o solo estando apto para o plantio, para certificar-se que as sementes não sofreriam
nenhum impedimento físico, a terra utilizada para o experimento foi coada em peneira e colocada em
bombonas de plástico usadas como canteiro, garantindo que não iria ocorrer interferências de outros
fatores na umidade do solo.

O delineamento experimental foi realizadoem blocoscasualizados, com quatrorepetiçõese


cinco tratamentos denominados, Tratamento 1, Tratamento 2, Tratamento 3, Tratamento 4 e
Tratamento 5. Os tratamentos representaram a umidade do solo após período de estiagem, seguindo
as seguintes condições: T1(período de 4 dias de estiagem), T2(período de 3 dias de estiagem),
T3(período de 2 dias de estiagem), T4 (período de 1 dia de estiagem) e T5 (solo com umidade na
capacidade de campo).
Os canteiros foram encharcados de manhã, sendo o primeiro tratamento no dia 5 de maio e o
último tratamento no dia 9 do mesmo mês. Na tarde do quinto dia, 9 de maio, foi retirada uma amostra
de cada canteiro do Tratamento 1 dos quatro blocos, misturados de forma homogênea, colocada em
sacos plásticos devidamente etiquetados e lacrados. Esse procedimento se repetiu para os Tratamentos

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2, 3, 4 e 5 e, em seguida, foram levados ao laboratórioSemear da universidade Vale do Rio Verde,


onde foram pesados e colocados em estufa a 105° por vinte e quatro horas para secagem e posterior
pesagem, determinando-se a umidade do solo para cada tratamento.
Calculada a diferença de peso, possibilitou-se conhecer o percentual de umidade de cada
canteiro, resultando em 18% para o Tratamento 1, 22% para o Tratamento 2, 30% para o Tratamento
3, 33% para o Tratamento 4 e 35% para o Tratamento 5. Na tarde do quinto dia, ocorreu o plantio da
variedade SHS3031, com grau de pureza 98% e germinação 85%, que foi realizada em duas leiras
por canteiro, com dezesseis sementes e espaçamento de 8cm entre plantas e 20cm entre linhas. As
sementes foram plantadas sem fornecimento de adubos orgânicos ou químicos e com a suspensão
total do fornecimento regular de água. A emergência ocorreu 5 dias após o plantio.
Nos dados obtidos foi aplicado o teste de normalidade para verificar a necessidade de
transformação dos mesmos antes da análise de variância. Nos casos onde foi verificada a necessidade
de transformação para diminuir a variância da amostra e obter mais facilmente a homocedasticidade,
utilizou-se a transformação √x+0,5. Quandonecessário e conveniente, foi aplicado testes de médias
Scott-Knott a 5%, usando o software SISVAR (FERREIRA, 2008).

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
Em trabalho semelhante foi observado que a velocidade e a uniformidade da emergência das
plântulas, dependem do vigor das sementes e das condições do ambiente. Neste experimento
resguardou-se a qualidade e vigor da semente para atentar somente para a condição de déficit hídrico.
Os Tratamentos 1 e 2 diferiram estatisticamente dos demais tratamentos e apresentaram menor
percentual de emergência de sementes. Isto pode ter ocorrido pela baixa umidade do solo que estava
entre 18 e 22% nos tratamentos 1 e 2, com 4 e 3 dias de estiagemrespectivamente. Os demais
tratamentos estatisticamente foram semelhantes e apresentaram percentual de umidade muito
próximos e um maior índice de emergência
Na Tabela 1está apresentada a análise de variância, com a média geral e o coeficiente de
variância para o percentual de emergência e dias de vigor vegetativo após a emergência.

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Tabela 1– Tabela de análise de variância


Dias de vigor vegetativo após a emergência
FV GL SQ QM FC Pr>Fc
Blocos 3 9.20 3.06 3.755 0.0412
Tratamento 4 964.20 241.05 295.163 0.0000
Erro 12 9.80 0.81
Total corrigido 19 983.20
CV 1 (%) = 4.26
Média Geral 21.20 Número de observações: 20

Percentual de emergência
FV GL SQ QM FC Pr>Fc
Blocos 3 615.20 205.06 0.331 0.8033
Tratamento 4 8614.30 2153.57 3.473 0.0418
Erro 12 7441.30 620.10
Total corrigido 19 16670.80
CV 1 (%) = 34.88
Média Geral 71.40 Número de observações: 20
Fonte: Pesquisa de campo, próprio autor (2016).

Os Tratamentos 1 e 2 apresentaram menor número de dias de vigor vegetativo, entre 11 e 14


dias conforme Tabela2.

Tabela 2 – Média de dias de vigor vegetativoapós aemergência.


Percentual de emergência
Tratamentos Médias*
T1 47.00 a1
T2 45.25 a1
T3 89.25 a2
T4 84.50 a2
T5 91.00 a2

Dias de vigor vegetativo


Tratamentos Médias*
T1 11.75 a1
T2 14.25 a2
T3 24.00 a3
T4 26.75 a4
T5 29.25 a5
* Médias seguidas com a mesma codificação na horizontal não tiveram diferenças estatísticas
Fonte: Pesquisa de campo, próprio autor (2016).

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Do Tratamento 3 ao Tratamento 5 observou-se que as plantas tiveram um vigor vegetativo


bem maior que os tratamentos 1 e 2, sendo que a última planta a morrer foi do tratamento 5 um mês
depois do plantio.
Isto pode ter ocorrido pela umidade do solo de 35% desse tratamento ter sido bem maior que
os tratamentos 1 e 2.

5 CONCLUSÃO
Conclui-se que a umidade foi fator decisivo no resultado do experimento em que os
Tratamentos 1 e 2 que tiveram 18% e 22% respectivamente de umidade do solo, ou seja, 4 e 3 dias
de estiagem, apresentaram menor percentual de emergência e o Tratamento 5, no qual a semente foi
plantada em solo com capacidade de campo, a plântula obteve maior vigor vegetativo, resistindo 30
dias sem reposição de água no solo.
Assim entende-se que no ato do estabelecimento da cultura, conhecer o percentual de umidade
do solo é fator fundamental para evitar falhas no stand, bem como garantir condições para o
desenvolvimento da plântula no início do seu ciclo de vida.

REFERÊNCIAS

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ALVES, Francielly Q. G. et al. Qualidade Fisiológica de Híbridos de Milho Submetidos a


Diferentes Temperaturas. Janaúba: 2010. Disponível em:
<http://www.abms.org.br/cn_milho/trabalhos/0547.pdf> Acesso em: 21 de novembro de 2015.

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