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ITINERÁRIO CATEQUÉTICO PARA JOVENS E ADULTOS

A história do Povo de Deus


Encontro nº1
Introdução
            A história do povo de Deus começa com o povo no Egito, “Casa da Escravidão”. É
importante entender que “Casa da Escravidão” é o regime que o Egito impôs aos povos da região
da Canaã e no próprio país, no período e no reinado dos grandes faraós.

            Nesse contexto, grupos revoltosos em várias cidades de Canaã, onde os reis locais
dominavam o povo, faziam uma grande revolução social e esses revoltosos eram chamados de
hapirus ou hebreus. Também no próprio país do Egito havia grupos escravos que também
buscavam sua própria libertação.

            O que une esses grupos, além de sua condição de marginalizados,  é a fé no ‘Deus dos
Pais’ o qual se revelou como ‘Javé – aquele que É’ (Ex 3,13-15). Essa revelação acontece na
região de Madiã, juntos aos povos sedentários.  O grupo do país do Egito traz essa contribuição
aos grupos de hapirus espalhados por toda Canaã, quando libertos de sua ‘Casa da Escravidão’.
Contudo, porém, nada temos escrito a não serem poucas informações um tanto confusas.
Apenas,  o que sabemos são os relatos do livro do Êxodo, que foi escrito numa época tardia onde
já havia a tradição cantada, celebrada, transmitida não como história do jeito que hoje
entendemos, mas como relatos de fé.

Na história do êxodo, todos os grupos marginalizados do Egito e Canaã se encontram, tendo a


mesma fé javista, sendo protagonista de sua própria libertação sob a ação e o impulso do Deus
libertador que age pelas mãos de uma pessoa, Moisés. Com Moisés está toda uma equipe entre
os quais encontramos os nomes de Josué, Aarão e Miriam.

            Nessa história, o que há de mais importante é que Deus aos poucos vai ‘desvelando’ seu
‘plano de salvação’ para todos os povos em todo o mundo, do passado, presente e futuro. Nesse
plano, o ponto alto é a vida em Jesus de Nazaré, vivo e ressuscitado.

            Assim, nós, povo do presente, em vista do futuro, continuamos essa mesma história e
professamos essa mesma fé, celebrada, cantada, rezada, testemunhada e anunciada nos
Escritos Sagrados, vivenciada na Sagrada Liturgia, proclamada e vivida no serviço da Caridade.

            É o que fazemos em nossas ações pastorais, em nossas celebrações, em nossas ações
missionárias e evangelizadoras.

Os Patriarcas e Matriarcas (Gn)


            A história dos pais e mães do povo de Deus, começa antes do êxodo. Essas histórias
foram contadas e recontadas no presente da vida do povo, para justificar sua presença na ‘terra
que corre leite e mel’, a ‘terra prometida’. Quando foram escritas, não refletiam mais a história do
jeito como entendemos hoje, mas como ‘relatos de fé’, ‘relatos fundantes’ do povo. Tudo com um
único objetivo de justificar a terra santa de Canaã como pertencente aos ‘filhos da promessas’ da
aliança com Javé. Esses filhos eram justamente os que voltaram do exílio babilônico, 1200 anos,
depois dos patriarcas e matriarcas andarem por essas terras, como peregrinos errantes em busca
de um destino.

            Na história dos patriarcas e matriarcas, temos como eixo fundamental de releitura o
êxodo. Eles também foram peregrinos sem eira e nem beira, em busca de uma vida, de uma
terra, de uma descendência, de uma identidade, e encontraram tudo isso na jornada da fé que
dará origem a um povo: o povo de Deus.

            Abraão e Sara; Isaac e Rebeca; Jacó, Raquel, Lia, Bala e Zelfa são protagonistas de uma
história que somente 1200 depois tiveram influências sobre os marginalizados que agora era um
povo, uma nação, e que precisavam dessas ‘novelas’ para fincar pé no solo que um dia lhes
pertenceu, mas que por hora, estava de novo nas mãos dos opressores.

            Suas histórias edificantes promove a cultura do povo nortista, do antigo reino do norte,
promove também a identidade do povo sulista, do antigo reino do sul. O miolo da história esta nas
promessas e na grande revelação de Deus como ‘aquele que é o Altíssimo, o Poderoso’. Tais
promessas giram em torno de: uma grande nação (período dos reis); de uma numerosa
descendência (raça-judeus-nação); e uma terra que ‘corre leite e mel’ ( vida-sonho-destino).

            E tudo isso começo quando o povo era um: o velho patriarca. Assim nos testemunha as
Escrituras, não como história, mas como ato de fé.

Encontro nº2

O Êxodo, os Juizes, as Tribos (Ex, Nm, Js)


            O êxodo é o começo de tudo. Os relatos como temos hoje na bíblia é de uma época em
que os fatos já se tornaram uma “saga fundante” do povo. O real valor-significado do texto como
sagrado é o fato dele nos transmitir essa história de fé: da escravidão Deus faz a liberdade; da
morte ele faz vida; dos marginalizados e sofridos ele faz pessoas protagonistas e felizes no palco
da história.

            Dessa forma, podemos perceber a atuação dos personagens como Moisés, Aarão,
Miriam, o Faraó, os Sacerdotes do faraó, as Parteiras, Josué, os Anciãos, os Escravos, o Povo e
o próprio Deus. Nessa história é significativa a revelação divina com o Seu Nome:

 O ritual da Páscoa (Ex 12,1-14; 21-28)

 10 pragas:

 1ª água com sangue Ex 7,19

 2ª Rãs Ex 8, 2-4

 3ª Mosquitos ou piolhos Ex 8, 16

 4ª Moscas Ex 8, 21

 5ª Pecuária Doente Ex 9, 3

 6ª Furúnculos Ex 9, 8-9

 7ª Trovão e granizo Ex 9, 18

 8ª Gafanhotos Ex 10, 4-5

 9ª Trevas Ex 10, 21-22

 10ª Morte do Primogênito 11, 4-5)

 A caminhada pelo deserto

 Ex 13,17–18,27, temos o relato da caminhada pelo deserto e das dificuldades


encontradas. Em primeiro lugar, o medo diante da perseguição do Faraó e o sinal da presença de
Yahweh ao fazer o mar se abrir. E aqui temos o canto mais antigo da Bíblia, entoado por Miriam,
irmã de Moisés e Aarão, ao som de tamborins e danças com todas as mulheres: “Cantai a
Yahweh, pois de glória se vestiu; ele jogou ao mar cavalo e cavaleiro” (Ex 15,21). Depois, a sede
e a falta de água, e o sinal da água que brota da Rocha – Massa e Meriba (Ex 17,1-7). Na
sequência, o ataque de Amalec (17,8-16).

 A chegada ao sinai (Ex 19,1 – 8 / 19, 16 – 20)

 A celebração da aliança mosaica.

            Após 40 anos de caminhada pelo deserto, dentro de uma releitura;a de fé, há a chegada
em Canaã e sua invasão, começando pela cidade de Jericó. Moisés não está mais no grupo,
Josué o substitui na liderança. O povo então vai viver em pequenas comunidades denominadas
de “tribos” e que terão como guia um juiz catequista, e em horas de aperto, um juiz guerreiro, com
qualidades carismáticas.
            O período dos juízes nos reporta para aqueles momentos em que os marginalizados
viviam a margem da sociedade e tinha uma cultura rural e vagamente pastoril. Não
representavam grandes ameaças até que, instigados fossem dominados literalmente pela
ideologia da cidade, da sociedade de então. É aí que surge os lideres carismáticos de que vemos
falar no livro dos juízes. Tal situação revela algo mais profundo: a liberdade é sempre ameaçada
pelas amarras da ideologia religiosa e cultural. É quando a fé javista ergue sua força e salva o
povo das ilusões, contudo, porém, o povo se deixa levar pelas propagandas do império e sente a
necessidade de seguir os costumes do opressor, e volta e meia, vem o desejo de ‘ser como os
outros povos’ e querem um rei.

            O rei é o maior representante da cidade e dos costumes dominante. Ele é a própria
encarnação da ideologia que engana e ilude o povo: o poder, o consumo, a modernidade, a
libertinagem, a religiosidade. O povo que antes tem vida tem Javé, agora quer algo mais… um rei,
e com ele, seu destino nas mãos. Dessa forma, podemos compreender as histórias que nos
relatam o livro dos Juízes.

            Esse povo que vive em tribos, um projeto de sociedade igualitária dá evasão a uma nova
forma de vida: o reinado.
Encontro nº3

O Reinado (1-2Sm; 1-2Rs, e  os Profetas)

            O reinado nasce naquele momento em que o povo está fragilizado e dominado pelos
costumes dos outros povos vizinhos. Reclama de Javé a liberdade de ter o seu próprio rei como
tem as outras nações. Não percebem que o seu rei é Javé. Querem algo mais concreto a modo
do opressor e se tornam escravos de novo.

            O primeiro rei é Saul (1Sm 9, 1-27) Não tem muitas pretensões e nem ambições além
daquelas provincianas. Tentar romper com as tradições tribais e inovar a vida do povo, mas foi
com muita sede ao pote e não logrou muita coisa. Morreu tirando a própria vida de forma trágica.
Em seu lugar, entra em cena, Davi (1 Samuel 17, 34-35; 16,1-13)

            Com Davi, o povo tem suas pretensões confirmadas. Nasce um reino e um povo
propriamente dito. Ele vence os inimigos do povo, os terríveis filisteus e sua ideologia. Cria toda
uma estrutura imperial, organiza o reino, a sociedade, dá orgulho, embora a custa de muito
sacrifício. No período do seu reino há um grande avanço territorial, seu nome é honrado, mas sua
administração é frágil e isso é refletido nos episódios familiar de sua própria casa.

            Depois de David, temos seu filho Salomão (2Sm 12, 24-25). Com o rei Salomão há um
crescimento nunca visto antes na história da região. Ele constrói o templo (2Sm 24,16-25; 1Cr
21,15-25), organiza as finanças, os tributos. Cobra do povo pesados impostos, expande o
comercio, realiza a política da boa vizinhança através dos casamentos, investe na cultura do povo
alfabetizando e registrando suas memórias. É a partir do reinado de Salomão que nasce os
primeiros escritos bíblicos. Sua fama de sabedoria vai longe. No exterior é admirado pelos
grandes feitos, mas dentro de casa, seu povo se tornou escravo nas corvéias, como no Egito. É
um novo Egito moderno.

            Depois da morte de Salomão o reino é divido. Ao norte temos o reino de Israel. O povo é
governado por reis. O reino não tem estabilidade duradora, volta e meia há revoltas, conspiração
dos generais e dos ricos.  A decadência, a pobreza, a ambição e a corrupção são a lama que vai
levar o reino a desaparecer.

            No sul, o reino de Judá tem mais consistência e, no entanto vai pelo mesmo caminho. 
Corrupção, grandeza, brigas internas e alianças com impérios falidos como o Egito, por exemplo,
leva o reino a desaparecer e dar lugar a uma nova situação; o exílio.

            No norte, temos 19 reis. No sul, um pouco mais, 20 reis e 1 rainha (Atalia). Mas teve o
mesmo fim que os nortistas.
Encontro nº 4

Os Profetas

            Os profetas eram homens de fé. Eles faziam a ligação entre Deus e o povo. Sua presença
marcante acontece em duas ações concretas: o anúncio e a denúncia. Enquanto anunciadores de
boas novas, convocavam o povo para ouvir as palavras de Javé, viver sua aliança e confiar na
sua graça salvadora, coisa que não aconteceu por parte do povo e de seus dirigentes. Como
denunciadores, cobravam das lideranças do povo, dos ricos e dos opressores uma posição que
mostrassem submissão a Javé e respeito com a aliança, zelando pelo povo, tirando-o da idolatria
que eles mesmo lhes impôs. Os profetas denunciavam os pecados, a vida social, política,
religiosa e cultural do povo, como sendo ideologia do Estado a massacrar a vida do povo a
falsear a pessoa de Javé invocando outros deuses e seu nome em vão.

É forte a presença dos profetas durante o reinado.

Em Israel atuaram durante o reinado, os profetas Elias, Eliseu, Amós e Oséias.

Em Judá atuaram: Isaias, Jeremias, Miquéias, Sofonias, Naum e Habacuc. Eles defendem o povo
e o projeto tribal. Olham para a monarquia com certas reservas e voltam sempre a lembrar da
ação de Deus no cativeiro, no deserto e quando havia as tribos. Como não foram ouvidos, tanto
Judá como Israel foram para o cativeiro, expulsos da terra prometida, vagaram entre os povos
(Assíria, Babilônia, Persas) como escravos, na esperança de voltarem à terra.

No cativeiro, foi forte a presença da profecia de Isaias segundo e Ezequiel.

Quando voltam pra terra prometida é forte a presença de Ageu, Zacarias, Malaquias, Joel,
Abdias, Jonas, e a profecia de Isaias terceiro.

Os profetas mais significativos

ISAÍAS

“Connsolem, consolem o meu povo, diz o Deus de vocês. Falem ao coração de Jerusalém, gritem
para ela que já se completou o tempo da sua escravidão, que seu crime já foi perdoado, que ela
já recebeu da mão de Javé o castigo em dobro por todos os seus pecados.” (Is 40, 1-2)

A grande maioria dos estudiosos da Bíblia concluiu que o livro de Isaías na verdade foi escrito por
3 pessoas diferentes, provavelmente 3 discípulos do profeta Isaías original. Existem diferenças
entre os textos que denunciaram esta possibilidade:

Primeiro Isaías: Capítulos 1 a 39. Fala da atividade do profeta em Judá e Jerusalém, após a
morte do rei Ozias (740 a.C.)

Segundo Isaías: Capítulos 40 a 55. Fala da atividade do profeta que continuou o trabalho do
primeiro, no período do exílio entre 586 a 538 a.C.

Terceiro Isaías: Capítulos 56 a 66. Fala do período posterior ao exílio, tempo da restauração e
reconstrução de Jerusalém.
O Livro de Isaías é um livro profético do Antigo Testamento, vem depois do livro de Cantares e
antes do Livro de Jeremias. É uma peça central da literatura profética do Antigo Testamento, na
Bíblia. Sua importância é refletida também no Novo Testamento, considerando-se que há mais de
400 referências diretas ao livro, feitas pelos evangelistas e apóstolos.

O forte caráter e ênfase messiânicos percebidos em toda a extensão do documento, muito


provavelmente colaboraram para conceder ao livro tamanha proporção referencial entre os
autores do Novo Testamento. Por causa disto também, Isaías recebeu o epíteto de “o quinto
evangelista“.

Em seus dias, Isaías viveu e narrou a tensão política e militar que o território de Israel
experimentava, com eventos decorrentes principalmente de um panorama marcado por intensas
e contínuas atividades bélicas e expansionistas que estavam sendo realizadas pela monarquia
egípcia, ao sul, e pelos caldeus, ao Leste.

O início do ministério profético de Isaías situa-se em 754 A.C., coincidindo com 2 datas históricas
precisas: a morte do Rei Uzias de Judá, e a fundação de Roma.

Pra Casa, Ler:

Is 41, 17-20 : Esperança num novo Êxodo

Is 41, 25-29 : O profeta da Boa Nova

Is 40, 19-20; 41, 6-7; 45, 20; 46, 1-13 : Denuncia os ídolos

Is 59, 1-17 : Denuncia a Babilônia

Is 40, 1-11 e 53, 1-13 : Anúncio de esperança – O abraço de Javé

Is 42, 1-9; 49, 1-9; 50, 4-11; 52, 13-15; 53,1-12 : Cânticos do Servo de Javé

Duas passagens clássicas do livro de Isaías fazem alusão (quase 600 anos antes) da vinda de
Jesus, seu nascimento por uma virgem e também sobre todo o martírio que ele iria passar. Claro
que foi à partir desta profecia que o povo judeu ficou ( e ainda está) esperando um rei messiânico,
mas a coincidência do relato deixa claro que este rei é Jesus Cristo

Is 7, 14-16 Fala sobre a concepção de um rei por uma virgem e de dois reis. Por uma
comparação podemos associar esta profecia com a virgem Maria e com a situação da Palestina
que tinha dois reis (na verdade o de Roma era um imperador) Cesar e Herodes.

Is 53, 1- 12 Fala sobre um homem que foi condenado e sofreu por causa do pecado dos outros.
Muito interessante se for comparado com a história de Jesus. No versículo 7: “Foi maltratado e
resignou-se; não abriu a boca, como um cordeiro que se conduz ao matadouro, e uma ovelha
muda nas mãos do tosquiador. (Ele não abriu a boca.)” e no versículo 12: “…porque ele próprio
deu sua vida, e deixou-se colocar entre os criminosos, tomando sobre si os pecados de muitos
homens, e intercedendo pelos culpados.” A comparação histórica pode ser feita de maneira bem
satisfatória nestas passagens.

JEREMIAS

“Eu me dizia, não pensarei mais nele, não falarei mais no seu nome. Era como se houvesse no
meu coração um fogo ardente…” (Jr 20,9)
Jeremias era pesquisador e historiador, além de profeta. Acredita-se que tenha sido ele o autor
do livro que leva seu nome e possivelmente os dois livros de Reis (tenha escrito adicionando-lhe
relativos dados por Natã e Gade ( I Crônicas 29:29) e outros escritores. É a história dos reis de
Judá e Israel, desde Davi até Acabe e Jeosafá, num período de 118 a 125 anos), abrangendo a
história de ambos os reinos (Judá e Israel) desde o ponto em que os livros de Samuel a deixaram
(isto é, na última parte do reinado de Davi sobre todo o Israel), até o fim de ambos os reinos, e
após, a queda de Jerusalém, teria escrito o Livro das Lamentações.

Os relatos biográficos em terceira pessoa que encontramos no Livro de Jeremias, que são
atribuídos a Baruc, não se encontram em ordem cronológica, entretanto, por meio da seguinte
sequência de trechos: 19:1-20:6; 26; 45; 28-29; 51:59-64; 34:8-22; 37-44, pode-se fazer uma
leitura destes relatos na ordem cronológica

A atividade profética de Jeremias se iniciou entre os anos de 626 ou 627 a.C. (1:2; 25:3), quando
ele ainda era jovem (1:6), razão pela qual teria demonstrado receio ao assumir tal tarefa, e
prosseguiu até 586 AC, podendo ser dividida em quatro períodos:

Primeiro período: durante o reinado de Josias (627 a 609 AC)

Segundo período: durante o reinado de Joaquim (609 a 598 AC)

Terceiro período: durante o reinado de Zedequias (597 a 586 AC)

Quarto período: depois da queda de Jerusalém (a partir de 586 AC)

Segundo o apócrifo Vida dos Profetas, escrito por um judeu da Palestina no séc. I d.C. Jeremias
foi apedrejado e morto por seus conterrâneos quando residia no Egito

Pode-se dizer que a missão de Jeremias fracassou em querer que seu povo retornasse à genuína
aliança com Deus. Ele se tornou uma espécie de Moisés fracassado, que viu seu povo perder
suas instituições e a própria terra. Se apresenta como um grande solitário (15:17),
incompreendido e perseguido até pelos membros de sua família (12:6; 20:10; 16:5-9), nunca
chegou a ser pai (16:1-4), foi arrastado contra a sua vontade para o Egito, nenhum vestígio
restará de sua tumba.

No entanto, sua confiança no Deus que é sempre fiel lhe deu a capacidade de mostrar, ao povo e
a nós, que esse mesmo Deus manterá seu relacionamento conosco, sem precisar de instituições
mediadoras (31,31-34). Ao colocar em primeiro plano os valores espirituais, destacando o
relacionamento íntimo que a alma deve ter com Deus, ele antecipou elementos da Nova Aliança;
e sua vida de sofrimentos a serviço de Deus.

Pra casa, Leia mais:

Jr 1, 1-18: Vocação e missão

Jr 5, 26-31 ; 9, 1-5 ; 7,1-9 : Denúncias sociais

Jr 7, 10-15 ; 7, 21-28 ; 8, 1-3.8-9 ; 11, 15-16 : Denúncias religiosas

Jr 23, 1-8 ; 30, 1 -11 ; 31, 1-15 ; 31, 31-34 : Anúncio de esperança

Jr 1, 13-16 ; 3.6-11 ; 8,13-16 ; 27,1-15 ; 32, 7-15 ; 32, 26-44 : Visões


Encontro nº 5
O Exílio, a Reconstrução (Lm,Esd, Ne, Ag, Zc, Ml)

            O exílio foi um balde de água fria na vida do reino. Por não serem fieis a aliança foram
impulsos da terra, dominados pelos povos babilônicos. Houve muito sofrimento, desesperos,
fome, mortes, adaptações. O povo virou estrangeiro e escravo de novo. O livro das Lamentações
dá uma idéia do que foi esse momento.

            É no exílio que nasce os questionamentos que termina por gerar os 11 capítulos de
Gênesis. Esses capítulos são reflexões de fé a partir de fatos concretos da vida dos exilados.  Há
esperanças, Deus está purificando a fé do povo, preparando um novo êxodo: a volta.

            A volta acontece quando os persas passam a dominar o mundo de então e a babilônia é
derrotada. Muitos voltam, outros que já tem vida estabelecida preferem ficar, são os que ficam na
diáspora.

            Com a volta nascem novos conflitos com os moradores da terra, os samaritanos. O templo
começa a ser reconstruído. Nessa nova fase Esdras e Neemias têm grande importância ao lado
do descendente do rei David e o sumo sacerdote Josué. Nasce o Judaísmo, religião oficial do
povo judeu. A vida aos poucos começa a tomar rumo.

Período Grego e Romano (1-2Mc, Dn)

            Após o período da reconstrução e sendo vassalo dos persas, nasce um novo império no
horizonte: os gregos. Mas uma vez o povo cai nas mãos desse império dominante. Nova cultura e
estanha ao povo. Nova crise que leva o povo a se dividir: uns, a elite, é a favor dos gregos, e
outros, o sumo sacerdote e alguns poucos   judeus é contra. Nasce a revolta dos irmãos
Macabeus pelo fato do templo ser profanado pelos gregos. Dessa luta nasce a dinastia
hasmoneia, que são reis judeus dominando sobre o próprio povo de acordo com a política do
império.

            Nesse período nascem os grupos de relevância no Novo Testamento: fariseus, saduceus,
essênios, zelotas, herodianos, escribas, etc.

            Do cativeiro grego-romano nasce a cultura sobre anjos e demônios, como também o
costume de rezar pelos mortos. Não há mais profetas, a Lei é o que há de mais sagrado e sua
interpretação cabe aos religiosos e aos escribas. Nasce também um outro gênero de profecia: a
apocalíptica. Ou seja, a revelação. Um jeito de fazer profecia usando símbolos, números e passar
uma mensagem de esperança onde o bem vence o mal e a história têm um fim escatológico.

            No tempo dos romanos nasce Jesus de Nazaré, palavra encarnada de Deus, que dá uma
nova orientação de vida, o Evangelho. Com ele, Deus encerra a Revelação e nos aponta para um
fim último da História, onde a palavra final não é mais a morte, e sim, a Vida.

Conclusão

            Nossa pretensão foi dá um passeio geral e breve pelas veias principais da história
sagrada que nos mostra Deus na vida do povo; seu projeto; sua preocupação, a vida.
            Como podemos constatar, desde o primeiro momento que Deus aos poucos vai
preparando o caminho, se revelando e revelando aos poucos, conforme as pessoas pudessem
entender, seu plano de salvação. Esse plano teve seu ponto alto com a chegada, vida, morte e
ressurreição de Jesus de Nazaré, o Cristo, Senhor.

            Hoje, compreendemos como nos diz o autor dos Hebreus 1,1-4, que Deus se revelou
plenamente em Jesus (Col 1,15-20) e que tudo concorre desde toda a eternidade para o nosso
bem, segundo são Paulo falando aos Efesios 1,3-14.

            Por isso, nossa fé celebra tanto a Deus em sua própria pessoa e amor, quanto sua obra
salvadora que vem ao encontro dos humanos. Essa obra, História da Salvação atinge-nos a
todos, no presente, no passado e no futuro, e tem como desfecho final a Glória, pela ocasião da
manifestação definitiva e última de Deus através de Jesus na ocasião da parusia, quando ele vier
para consumar o ato redentor que começou desde a criação do mundo. Daqui até esse momento,
a igreja celebra e canta os louvores do Senhor, anuncia ao mundo as suas maravilhas, oferece
aos homens e mulheres do seu tempo a caridade e adora com o seu testemunho, o Deus da vida
e da história.

Perguntas para discussão:

Como Deus se manifesta através de seu povo?

De que forma a história da salvação influencia a nossa fé?

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