Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
RESUMO
Tem-se por objetivo neste estudo, a partir da análise política internacional, promover
e ampliar a discussão sobre o desenvolvimento de bombas de pulso eletromagnético
(E-bombs), uma arma convencional dissuasória, que possa ser empregada na defesa
nuclear do Exército Brasileiro a fim de oferecer às esferas políticas, diplomáticas e
militares brasileiras novos argumentos sólidos para maior projeção do Brasil nos
fóruns decisórios globais. Durante a Guerra Fria (1945-1989), a dissuasão nuclear
foi responsável pelo equilíbrio de poder no sistema internacional. Além dos cinco
países membros permanentes do Conselho de Segurança da ONU, outros países
conseguiram desenvolver bombas atômicas no século XX. No entanto, a detenção
destas bombas não realocou estes países nos centros decisórios globais. No século
XXI, a relação entre ciência, tecnologia e poder tem-se estabelecido sob novos
parâmetros, nos quais a qualidade dos sistemas de armas se tornou prioritária
em relação à quantidade, e a superioridade militar tem residido cada vez mais na
supremacia científica, tecnológica e inovadora dos países. Neste estudo, embora
reconheça que a tecnologia não determina a vitória na guerra, acredita-se que os
países que assegurarem a capacidade de desenvolver e promover inovações em
tecnologias de armamentos terão maiores êxitos no curso das guerras, terão maior
participação nos processos decisórios globais e na reestruturação política do sistema
internacional. As E-bombs, neste novo cenário de novas ameaças globais, em que há
a interdependência em sistemas elétricos e eletrônicos, asseguram maiores êxitos
na guerra à medida que seu emprego destrói os circuitos elétricos e eletrônicos,
inclusive, de bombas nucleares, remetendo o agressor a era pré-industrial.
Palavras-chave: E-bomb. Defesa Nuclear. Exército Brasileiro.
ABSTRACT
The purpose of this project is to promote and expand the discussion on the
development of electromagnetic pulse bombs (E-bombs), a conventional deterrent
weapon, that can be used in the Brazilian Army’s nuclear defense in order to offer
____________________
* Doutora em Ciência Política na Área de concentração Estudos Estratégicos pela Universidade
Federal Fluminense, assessora na Assessoria de Planejamento Estratégico da estatal Amazônia
Azul Tecnologias de Defesa S.A., atualmente, cedida como Adjunta da Divisão de Assuntos de
Geopolítica e Relações Internacionais da Escola Superior de Guerra. Contato: fernanda.das.
gracas@hotmail.com.
the spheres political, diplomatic, and military issues new solid arguments for
Brazil’s greater projection in global decision-making forums. During the Cold War
(1945-1989), nuclear deterrence was responsible for the balance of power in the
international system. In addition to the five permanent members of the UN Security
Council, other countries were able to develop atomic bombs in the 20th century.
However, the detention of these bombs has not reallocated these countries to global
decision-making centers. In the twenty-first century, the relationship between
science, technology and power has been established under new parameters, in
which the quality of weapons systems has become a priority in terms of quantity
and military superiority, has increasingly resided in the scientific and technological
supremacy of the countries. In this research proposal, while acknowledging that
technology does not determine victory in war, it is believed that countries that have
the capacity to develop and promote innovations in weapons technologies will have
greater successes in the course of wars, will have greater participation in decision-
making processes globalization and the political restructuring of the international
system. E-bombs, in this new scenario of new global threats, in which there is
interdependence in electrical and electronic systems, ensure greater successes
in the war as its use destroys electrical and electronic circuits, including nuclear
bombs, aggressor the pre-industrial era.
Key words: E-bomb, Nuclear Defense, Brazilian Army.
RESUMEN
En este estudio, a partir del análisis político internacional, se pretende promover
y ampliar la discusión sobre el desarrollo de bombas de pulso electromagnético
(E-bombs), un arma convencional disuasoria, que pueda ser empleada en la
defensa nuclear del Ejército Brasileño con el fin de ofrecer a las esferas políticas,
diplomáticas y militares brasileñas nuevos argumentos sólidos para una mayor
proyección de Brasil en los foros decisorios globales. Durante la Guerra Fría (1945-
1989), la disuasión nuclear fue responsable del equilibrio de poder en el sistema
internacional. Además de los cinco países miembros permanentes del Consejo de
Seguridad de la ONU, otros países lograron desarrollar bombas atómicas en el siglo
XX. Sin embargo, la detención de estas bombas no reubicó a estos países en los centros
decisorios globales. En el siglo XXI, la relación entre ciencia, tecnología y poder se ha
establecido bajo nuevos parámetros, en los que la calidad de los sistemas de armas
se ha vuelto prioritaria en relación a la cantidad y la superioridad militar ha residido
cada vez más en la supremacía científica, tecnológica e innovadora de los países.
En este estudio, aunque reconoce que la tecnología no determina la victoria en la
guerra, se cree que los países que aseguren la capacidad de desarrollar y promover
innovaciones en tecnologías de armamento tendrán mayores éxitos en el curso de
las guerras, tendrán mayor participación en los procesos decisorios globales y en
la reestructuración política del sistema internacional. Las E-bombas, en este nuevo
escenario de nuevas amenazas globales, en las que hay la interdependencia en
sistemas eléctricos y electrónicos, aseguran mayores éxitos en la guerra a medida
que su empleo destruye los circuitos eléctricos y electrónicos, inclusive, de bombas
nucleares, remitiendo al agresor la era preindustrial.
Palabras clave: E-bomb. Defensa Nuclear. Ejército Brasileño.
1 INTRODUÇÃO
Como veremos mais abaixo, as bombas nucleares que contêm urânio puro e
urânio enriquecido em seus núcleos são desenvolvidas por meio de fissão nuclear.
É a instabilidade dos átomos no interior do núcleo que provoca a fissão, devido a
esta instabilidade e enorme pressão dentro do núcleo que ocorrem as explosões.
Embora as bombas nucleares sejam instáveis, não há maiores riscos de transportá-
las até o espaço em altas velocidades.11 Os principais problemas, que surgiram das
operações no espaço, no contexto da Guerra Fria, estão relacionados à provocação
de interferências, de danos e desativação de satélites inimigos. Em virtude das
10 Versão original: “el poder destructor de un pulso electromagnético sobrepasa em mucho el de uma
bomba atómica, ya que mientras la bomba atómica destruye una ciudad, el pulso electromagnetico
derivado en la explosión de la bomba puede destruir todos los equipos eletrónicos de un país
entero. Solo necesita que la explosión ocurra a una determinada altura.”
11 Em relação a altitude do pulso eletromagnético gerado a partir de explosões nucleares, altitudes
até 100 metros acima do solo, o pulso gerado não é de grande intensidade. Se a explosão nuclear
ocorrer em altitude maior do que 100 metros acima do solo, a intensidade do pulso serão muito
maiores.
14 Versão original: “in doing so, DHS must work in conjunction with the other established
governmental institutions and with experts in the private sector to most efficiently accomplish this
mission. It is important that metrics for assessing improvements in prevention, protection, and
recovery be put in place and then evaluated and that progress be reported regularly. DHS must
clearly and expeditiously delineate its responsibility and actions in relation to other governmental
institutions and the private sector, in order to provide clear accountability and avoid confusion and
duplication of effort.”
15 Versão original: “la Blu-114/b, la bomba “del apagón”, de grafito, que ataca La infraestructura de la
corriente eléctrica. Utilizada contra Serbia el 2 y 7 de mayo de 1999 y contra Irak. Al detonar sobre
El blanco dispersa un numero enorme de filamentos finos de carbón de solo centésimas de pulgada
de grueso que flotan como nube densa en el aire provocando cortocircuitos em transformadores y
otros equipos de alto voltaje paralizando lãs transmisiones radiales y televisivas etc.”
16 Versão original: “in the final phase of this intervention, NATO air forces used mostly standard
carrier vectors (e.g., bombs, missiles etc.) to transport and detonation of the munitions in the area
of interest of the graphite bomb.”
da tecnologia de energia pulsada. Já na fase dois, iniciada em 2012, o foco tem sido
o sistema de energia pulsada e o sistema de inicialização. Relevante destacar que
a empresa estadunidense General Atomics (GA-EMS) também tem investido nesta
mesma tecnologia. O canhão eletromagnético da GA, com base na cidade de San
Diego, localizada no sul do estado da Califórnia, também tem sido usado para lançar
projéteis a milhares de quilômetros por hora. Alguns especialistas em Defesa têm
argumentado que lasers e canhões eletromagnéticos serão as armas do futuro. Uma
das justificativas para o emprego deste tipo de arma a bordo de navios da Marinha
estadunidense é que, por esta arma não conter explosivos, não há o risco de que,
durante o transporte a bordo, os explosivos não detonem dentro dos navios. Além
disso, “a arma eletromagnética destina-se a servir marinheiros em uma ampla
gama de missões, incluindo, mas não se limitando a ataques de navio a navio, apoio
de fogo, ataques terrestres, defesa naval e “guerra de superfície para deter navios
inimigos” (SPUTNIK 2017a, não paginado)17. De acordo com esta mesma matéria,
embora este projeto tenha sido iniciado em 2005, somente recentemente, a Marinha
estadunidense realizou o teste denominado “game changer” em mar aberto. Na
matéria especula-se que por o logotipo da empresa britânica BAE Systems aparecer
no vídeo em que os testes foram revelados, pode haver cooperação em alguma
medida com a Marinha Real Britânica.
Em maio de 2017, Henry Cooper, ex-diretor da IDE, em depoimento no
Congresso estadunidense afirmou que ataques de PEM por satélite constam nas
doutrinas de planejamento militar da Rússia, China, Coreia do Norte e Irã. De acordo
com ele, “acredito que tivemos um claro alerta sobre a natureza desta ameaça
há anos e continuamos a ignorar e/ou tomar contramedidas ineficazes para lidar
com isso (...) nós somos essencialmente indefesos frente a esta ameaça plausível”
(SPUTNIK BRASIL, 2017, não paginado).
De acordo com informações da empresa russa Rosoboronexport:
17 Versão original: “the electromagnetic weapon is intended to serve sailors across a wide range of
missions, including but not limited to ship-to-ship strikes, fire support, land strikes, naval vessel
defense, and “surface warfare to deter enemy vessels”.
1 Versão original: “the unique radio-electronic weapons based on new physical principles, which
were successfully tested in Russia last fall use mobile electromagnetic emitters to disable missile
warheads and onboard aircraft electronics many miles away”
2 Versão original: “the electromagnetic bombs developed by Russia can be more effective
than nuclear weapons because they are able to neutralize entire armies with just one short
electromagnetic impulse”
3 Versão original: “the effect of such weapons may vary from ordinary interference that temporarily
knocks out the enemy’s weapons systems, all the way to a complete radio-electronic destruction of
electronic elements, motherboards, microchips and systems”.
Por a defesa ser mais completa que o ataque, a prevenção também faz
parte da defesa. Na teoria grotiusiana (1583-1645), o Direito Internacional estaria
associado ao princípio de soberania estatal, ao Estado como ator racional do SI e às
motivações justas de uma guerra. Neste sentido, os Estados precisam ter ou criar
justificativas para promover guerras. De acordo com Mohamed Elbaradei, ex diretor
da AIEA:
100 Revista da Escola Superior de Guerra, v. 34, n. 71, p. 80-107, maio/ago. 2019
E-Bomb na Defesa Nuclear do Exército Brasileiro em Cenários de Guerra
8 Tradução livre: “military primacy today comes from weapons quality, not quantity”.
9 Tradução livre: “it was in the middle of the twentieth century that the global arms race more
fundamentally became a science race”.
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 34, n. 71, p. 80-107, maio/ago. 2019 101
Fernanda das Graças Corrêa
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
REFERÊNCIAS
ÁVILA, Fabrício Schiavo; MARTINS, José Miguel; CEPIK, Marco. Armas estratégicas
e poder no sistema internacional: o advento das armas de energia direta e seu
impacto potencial sobre a guerra e a distribuição multipolar de capacidades. Contexto
Internacional, [s.l.], v. 31, n. 1, p.49-83, abr. 2009. FapUNIFESP (SciELO). http://dx.doi.
org/10.1590/s0102-85292009000100002. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 34, n. 71, p. 80-107, maio/ago. 2019 105
Fernanda das Graças Corrêa
LEON, Leonardo Camargo Ponce de; OLIVEIRA, Yara Maria Botti Mendes
de; CYMROT, Raquel. Estudo dos níveis de radiações eletromagnéticas de
alta freqüência em uma importante avenida da cidade de São Paulo. In:
SHEWC’2007 SAFETY, HEALTH AND ENVIRONMENTAL WORLD CONGRESS,
2007, Santos. Anais... [s.l.]: Council of Researches In Education And Sciences,
2007. p. 49 - 53. Disponível em: http://meusite.mackenzie.com.br/raquelc/
SHEWC2007Paulista.pdf. Acesso em: 11 jan. 2019.
LOBO, Carlos Eduardo Riberi; CORTEZ, Ana Claudia Salgado. O Programa “Guerra
nas Estrelas” e o governo Reagan. Cadus: Revista de História, Política e Cultura,
São Paulo, v. 1, n. 1, p.39-50, jul. 2015. Disponível em: https://www.google.com.
br/
Revista da Escola Superior de Guerra, v. 34, n. 71, p. 80-107, maio/ago. 2019 107