Você está na página 1de 6

Victoria Thamires Silva Alves – 1L – 42274311

A lógica do CTS engloba o fato de que a ciência e tecnologia é influenciada


diretamente por fatores sociais, político e econômicos. Em outras palavras, o
progresso científico e tecnológico é determinado por aspectos humanos e
sociais. Considerando isso, a participação da sociedade é ativa nesse
progresso, e a busca determinante é que possamos promover ferramentas e
meios para permanecer criando essa participação.

Chernobyl

Em 26 de abril de 1986, a cidade de Pripyat, na atual Ucrânia, enfrentou o


maior desastre nuclear de todos os tempos. Nas primeiras horas da madrugada
do dia 26, a população na cidade foi exposta a doses elevadas de radiação
graças a erros humanos e estruturais que provocaram a explosão do reator 4
da usina.
A explosão ocorreu durante um teste padrão no reator 4 que, feito por uma
equipe não treinada, descumpriu diversos protocolos de segurança durante o
procedimento. Isso gerou uma sobrecarga no reator e o aumento da pressão
de vapor, o que levou consequentemente à sua explosão. Logo em seguida,
toneladas de radiação foram lançadas no ar e propagadas pela atmosfera não
somente da cidade de Pripyat, quanto através de países vizinhos.
A explosão provocou um incêndio, e as primeiras equipes de bombeiros que
chegaram ao local morreram nos dias seguintes pela exposição à radiação.
Uma parte dos funcionários que estavam próximos ao reator também morreu
durante a explosão e, nas 36 horas seguintes, a cidade de Pripyat começou a
ser evacuada. O acidente foi inicialmente escondido pela União Soviética a fim
de não prejudicar a reputação da nação, mas, quando a radiação foi detectada
pelo ar em outros países, eles tiveram que admitir a culpa pelo acidente.
Os danos provocados pelo desastre de Chernobyl são consideráveis. Tão
consideráveis que até hoje não se sabe com exata precisão quantas pessoas
foram afetadas, sejam na perda de suas vidas, desenvolvimento de doenças,
perda de bens, traumas psicológicos, abortos etc. Estima-se, em dados oficiais,
que cerca de 2,3 milhões de pessoas foram afetadas pelos danos do acidente.

Fukushima

Em 11 de março de 2011, um terremoto de 9.1 graus na escala Richter atingiu


o nordeste do Japão, ocasionando um tsunami com ondas que atingiram de 11
a 17 metros de altura e devastaram a região. O fato mais marcante dessa
ocasião, no entanto, é o acidente nuclear da usina de Fukushima, um
acontecimento que provocou danos muito além do que se esperava através
dos terremotos. 46 minutos após os primeiros tremores, um tsunami atingiu a
usina nuclear da empresa Tepco, localizada na costa de Fukushima e projetada
com muros de contenção para resistirem a ondas de 5,7 metros. Com ondas de
11 metros de altura, a barreira foi superada pelas águas, que entraram na
usina, o que ocasionou o desligamento automático da energia nos reatores.
Sem energia elétrica, o nível da água responsável por resfriar os reatores
baixou, o que ocasionou um superaquecimento do combustível nuclear. Horas
depois, o reator 1 derreteu e o aumento da pressão provocou uma explosão.
Nos 4 dias seguintes, até dia 15 de março, os reatores 2,3 e 4 também não
resistiram e explodiram, liberando radiação na atmosfera.
É importante destacar que na noite do dia 11 de março, as primeiras pessoas
foram evacuadas em uma distância de cerca de 3km da usina. Após a
explosão do reator 1, e percebendo os riscos relacionados aos demais
reatores, nos 3 dias seguintes cerca de 200 mil pessoas foram evacuadas em
um raio de 20km da usina, afetando 12 cidades próximas. Nas semanas
seguintes, o governo japonês empregou esforços para conter os incêndios na
usina, medir o nível de radiação na atmosfera e na contaminação da água e
criar uma zona de exclusão na área afetada pela radiação. Cerca de 18 mil
pessoas morreram nos tsunamis e 6 mil ficaram feridas, mas assim como em
Chernobyl, é difícil medir com exatidão as reais proporções dos danos
provocados pela tragédia, especialmente naquilo que tange a radiação, já que
pode levar meses ou anos para matar.
Nos meses e anos que se seguiram, diversas medidas foram tomadas para
proteger moradores da contaminação e realizar a limpeza da área. Além da
evacuação e da criação da zona de exclusão, foram delimitados espaços onde
era proibido morar, animais domésticos foram sacrificados para evitar que
espalhassem radiação, vegetais, peixes e frutos do mar da região passaram a
ser monitorados quanto aos níveis de radiação (e por vezes proibidos e
descartados), e o governo japonês iniciou a limpeza da área, descontaminando
casas e edifícios, além de remover a superfície do solo que foi a mais atingida,
armazenando tudo em sacos de lixo pela região. Tudo isso no esforço de
diminuir os níveis de radiação na natureza e iniciar, gradualmente, um plano
para reabitar as áreas atingidas.

Chernobyl e Fukushima

Em níveis de semelhanças, os dois acidentes impactaram profundamente a


vida nas regiões em que a radiação contaminou. Famílias precisaram ser
evacuadas e removidas de suas casas às pressas, animais domésticos foram
abandonados e muitos sacrificados pelas autoridades, os danos financeiros
foram consideráveis, não apenas às autoridades, mas aos moradores que
perderam seus bens e imóveis do dia para a noite. A natureza ao redor foi
contaminada com os altos níveis de radiação, provocando mutações em
animais e plantas. As áreas atingidas pela radiação permanecem (ou
permaneceram, em alguns locais) inabitadas por anos.
Outro ponto a destacar é que a usina de Fukushima tinha um invócrulo de
proteção, algo que a usina de Chernobyl não contava na época. Além disso, os
reatores japoneses eram preparados para suportar terremotos, mas como o
terremoto de Fukushima ultrapassou os 9.1 pontos na escala Richter, os danos
causados foram mais de proporções inesperadas e catastróficas da natureza
do que puramente falha humana e de estrutura, como ocorreu em Chernobyl.
O governo japonês também foi mais rápido na preservação de vidas, já que a
evacuação na área começou nas primeiras horas do dia 11, e seguiu
tornando-se cada vez maior conforme os riscos de nos reatores eram
avaliados. Diferentemente de Chernobyl que já sabia do acidente e demorou
cerca de 36 horas para evacuar a população. Apesar disso, o governo japonês,
assim como o da União Soviética, demorou a admitir o que havia acontecido. O
acidente nuclear no reator só foi admitido cerca de 2 meses após o terremoto e
o tsunami de Fukushima.

À Luz da CTS

Considerando os estudos de CTS que buscam a integração entre ciência,


tecnologia e sociedade, podemos olhar os fatos ocorridos de acordo com essa
perspectiva: a criação de aparelhos e processos científicos foi realizado pela
sociedade e, como nos casos vistos, prejudicam/melhoram as condições de
vida da população conforme seus usos são empregados.
Por exemplo, se por um lado a ciência nuclear permitiu a criação de usinas que
promoviam a criação de energia por vias nucleares, assim abastecendo
diversas residências pelos países, por outro lado, ela trouxe riscos de vida e
profundas mudanças nas vidas das pessoas que foram atingidas. Além disso, a
partir de desastres como o de Chernobyl e Fukushima, a sociedade por vezes
se vê dentro da necessidade de criação de novas regras e regulamentações
para que determinadas tecnologias permaneçam existindo, com maior
segurança e credibilidade. Pensando no contexto de Chernobyl, por exemplo,
um dos fatores que levou a União Soviética a esconder o desastre foi não
parecer vulnerável diante do inimigo, a saber, os EUA em plena Guerra Fria. O
Japão, por sua vez, também demorou a admitir que os reatores não haviam
resistido ao tsunami. Esses são exemplos de como a política e aspectos
sociais se conectam com a ciência e a tecnologia.
Além disso, ao longo do tempo, por questões sociais e políticas, a ciência e
tecnologia tornaram-se ferramentas de progresso. A partir da segunda guerra
mundial, o investimento em ambas se tornou uma necessidade dos países,
especialmente os que estavam em guerra, pois compreenderam que o
conhecimento advindo dessas duas áreas poderia ser crucial para ganhar ou
perder a guerra. Com o fim do conflito, a ciência e a tecnologia tornaram-se
ferramentas de poder e progresso, afinal, países tecnológicos geralmente são
mais bem sucedidos.
Com isso, a ciência e tecnologia se tornaram parte da sociedade, e a
sociedade, parte delas. Ciência e tecnologia mudaram os rumos da
humanidade, transformando a vida de pessoas. Hoje somos seres humanos
dinâmicos, conectados, globalizados e multitarefas pelas transformações
profundas que essas áreas provocaram no mundo.
Sim, ciência e tecnologia são essenciais para as nossas vidas e não podemos
viver sem elas. Mas, ao mesmo tempo, e com estudos científicos e pesquisas,
precisamos avaliar os danos e mitigá-los em nossas vidas, para que os
aspectos sociais e humanos, assim como a dignidade, não sejam prejudicados
por uma ferramenta que foi criada por nós para nosso próprio progresso como
civilização.
Referências Bibliográficas

BORGES, Thassio. Especialistas ressaltam diferenças entre os casos de


Fukushima Daiichi e Chernobyl. Opera Mundi, 2011. Disponível em:
https://operamundi.uol.com.br/politica-e-economia/10623/especialistas-ressalta
m-diferencas-entre-os-casos-de-fukushima-daiichi-e-chernobyl#:~:text=%E2%8
0%9CEm%20Chernobyl%2C%20o%20reator%20foi,tamb%C3%A9m%20%C3
%A9%20incompar%C3%A1vel%E2%80%9D%2C%20disse. Acesso em: 16
set. 2022.
LIUBCHENKOVA, Natalia. Chernobyl e Fukushima: desastres diferentes com
os mesmos problemas. Euronews, 2016. Disponível em:
https://pt.euronews.com/2016/04/20/chernobyl-e-fukushima-desastres-diferente
s-com-os-mesmos-problemas. Acesso em: 16 set. 2022.
PAIVA, Vitor. Fukushima: 10 anos após tsunami e acidente nuclear, a luta para
deixar de ser região-fantasma no Japão. Hypeness, 2021. Disponível em:
https://www.hypeness.com.br/2021/03/fukushima-10-anos-depois-de-tsunami-e
-acidente-nuclear-a-luta-para-deixar-de-ser-regiao-fantasma-no-japao/. Acesso
em: 16 set. 2022.
OLIVEIRA, André J. A zona de exclusão de Fukushima está sendo engolida
pela natureza. Revista Galileu, 2015. Disponível em:
https://revistagalileu.globo.com/Ciencia/Meio-Ambiente/noticia/2015/10/zona-de
-exclusao-de-fukushima-esta-sendo-engolida-pela-natureza.html. Acesso em:
16 set. 2022.
FARINACCIO, Rafael. Chernobyl: afinal, o que causou o pior acidente nuclear
da História? Tecmundo, 2019. Disponível em:
https://www.tecmundo.com.br/ciencia/141908-chernobyl-causou-o-pior-acidente
-nuclear-historia.htm. Acesso em: 16 set. 2022.
GUITARRARA, Paloma. "Terremoto de Fukushima em 2011"; Brasil Escola.
Disponível em: https://brasilescola.uol.com.br/japao/o-terremoto-no-japao.htm.
Acesso em 18 de setembro de 2022.
CHERNOBYL e Fukushima: os dois maiores desastres nucleares frente a
frente. Época Negócios. Disponível em:
http://epocanegocios.globo.com/Revista/Common/0,,ERT227506-16367,00.htm
l#:~:text=Chernobyl%20e%20Fukushima%2C%20dois%20reatores,sa%C3%B
Ade%20e%20no%20meio%20ambiente%22. Acesso em: 16 set. 2022.
BBC News Brasil. Fukushima: o dia em que o Japão sofreu um triplo desastre |
21 notícias que marcaram o século 21. Youtube, 2021. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=rmL881wVgk8. Acesso em: 16 set. 2022.
JORNAL O GLOBO. Veja como foi o acidente nuclear de Fukushima há dez
anos. Youtube, 2021. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=MfE8co6MX2w. Acesso em: 16 set. 2022.
FATOS DESCONHECIDOS. FUKUSHIMA: TERREMOTO, TSUNAMI E
ACIDENTE NUCLEAR. Youtube, 2019. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=5mw1JJ0KdFc. Acesso em: 16 set. 2022.

THE INFOGRAPHICS SHOW. How Fukushima Disaster ACTUALLY


Happened. Youtube, 2019. Disponível em:
https://www.youtube.com/watch?v=5mVKVeU75ZA. Acesso em: 16 set. 2022.

Você também pode gostar