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Rio 92 e o Desastre

De
Chernobyl

O que foi o acidente nuclear de Chernobyl ?

Em 1983, na cidade de Chernobyl, foi concluída a


construção de uma usina nuclear contendo quatro
reatores, no qual juntos produziam aproximadamente
10% de toda a energia elétrica consumida pela região
atualmente conhecida como Ucrânia.

O acidente de Chernobyl aconteceu às 1h23min47s,


portanto na madrugada do dia 26 de abril de 1986.
Esse acidente aconteceu no reator 4 da usina de
Chernobyl e foi resultado de falha humana, uma vez que os operadores do reator
descumpriram diversos itens dos protocolos de segurança. Além disso, foi apontado
posteriormente que os reatores RBMK (usados em Chernobyl e em outras usinas
soviéticas) tinham um grave erro no seu projeto, o qual permitiu que o acidente
acontecesse.

Tudo ocorreu durante um teste de segurança que estava em curso e resultou na


explosão do reator 4. Com a explosão, dois trabalhadores da usina foram mortos e, na
sequência, um incêndio no reator 4 iniciou-se e estendeu-se durante dias. A explosão
deixou o reator nuclear exposto, e o incêndio foi responsável por jogar na atmosfera
uma elevada quantidade de material radioativo.

O vento levou o material radioativo lançado na


atmosfera, principalmente para o oeste e norte de
Pripyat, e a radiação espalhou-se pelo mundo.
Rapidamente, foram identificados altos níveis de
radiação em locais como Polônia, Áustria, Suécia,
Bielorrússia e até locais muito distantes, como
Reino Unido, Estados Unidos e Canadá.

O acidente de Chernobyl é considerado o maior


desastre nuclear da história da humanidade.

Consequências:
As consequências do acidente de Chernobyl foram profundas, sobretudo para três
países: Ucrânia, Bielorrússia e Rússia, todas as três antigas repúblicas da União
Soviética. Nas questões políticas, o acidente de Chernobyl reforçou as medidas do
governo de Mikhail Gorbachev (então presidente da URSS) de realizar o desarmamento
nuclear da União Soviética.

Além disso, o acidente também contribuiu para o fim da União Soviética. Isso ocorreu
porque houve impactos econômicos pesadíssimos para a União Soviética, uma nação
que se arrastava em uma crise econômica desde a década de 1970 e que viu sua
situação agravar-se na década de 1980 com a Guerra do Afeganistão (1979-1989) e o
acidente nuclear.
Em questões ambientais, o acidente de Chernobyl foi algo sem precedentes desde que
o homem começou a manipular materiais radioativos. Acredita-se que de 13% a 30%
do material radioativo do reator 4 tenha sido lançado na atmosfera e, desse material,
cerca de 60% dele concentrou-se no território da Bielorrússia.

A Bielorrússia, por sinal, foi o país mais afetado pelo acidente de Chernobyl. Cerca de
23% do território bielorrusso foi contaminado e, com isso, o país perdeu cerca de 264
mil hectares de terras cultiváveis por conta da radiação. Além disso, ¼ das florestas
bielorrussas foram contaminadas e, atualmente, entre um e dois milhões de pessoas
vivem em território contaminado.

O governo bielorrusso, inclusive, estimou que, entre 1986 e 2016, o prejuízo


econômico causado pelo acidente de Chernobyl foi de, aproximadamente, 235 bilhões
de dólares. Somente o governo bielorrusso gastou cerca de 18 bilhões em medidas
emergenciais causadas pela disseminação da radioatividade.

No caso da Ucrânia, 7% de seu território foi afetado; no caso do território russo, 1,5%
foi atingido. O impacto do acidente na economia desses países foi gigantesco. Até 2006
o governo ucraniano gastava de 5% a 7% do orçamento do país com despesas
relacionados a Chernobyl. Já a Bielorrússia, somente em 1991, gastou cerca de 22,3%
do orçamento do país com consequências de Chernobyl. Esse número foi reduzido para
6,1% do orçamento anual em 2002.

As estimativas feitas por cientistas apontam que a região de Chernobyl deverá


permanecer inabitada por até 20 mil anos até que se torne segura para a habitação
humana. Apesar disso, existem evidências que apontam que algumas pessoas voltaram
a morar na chamada “zona de exclusão”.

A cidade de Pripyat, local no qual estava a instalação, foi abandonada e hoje é uma
cidade-fantasma. Passados mais de trinta anos do acidente, as imagens mostram que a
natureza retomou seu espaço na cidade abandonada. Existem evidências que apontam
que a quantidade de animais presentes na zona de exclusão aumentou
consideravelmente por causa da pequena presença humana.
Outra importante consequência do acidente de Chernobyl foi o aumento da
quantidade de câncer na população ucraniana e bielorrussa, principalmente. Existem
estudos que apontam que, até 2005, cerca de 6 mil crianças desenvolveram câncer de
tireoide em consequência da exposição à radiação. Existem também evidências que
apontam o crescimento na taxa de doentes por leucemia.

Novos estudos nesse sentido ainda apontaram que a incidência de câncer de tireoide
em crianças aumentou 40 vezes desde a explosão; em adultos, a taxa aumentou em até
7 vezes. Além das doenças, o impacto psicológico do acidente foi gigantesco sobre
milhares de pessoas que perderam tudo repentinamente e foram obrigadas a
abandonar suas vidas.

Estudos sugerem que, entre aqueles que passaram por eventos traumáticos (como o
acidente de Chernobyl), o índice de ansiedade é maior. As consequências psicológicas
causadas pelo acidente de Chernobyl foram identificadas como parecidas com as
daqueles que passaram por acontecimentos extremamente traumáticos, como o
bombardeio atômico sobre Hiroshima e Nagasaki.

Milhares de pessoas que estiveram em contato com a radiação foram beneficiadas com
compensações disponibilizadas pelos governos dos países afetados e hoje recebem
pensão especial, ou foram aposentadas por invalidez, ou recebem tratamento médico
especial etc. Os beneficiados foram:

pessoas infectadas que adoeceram pela radiação;

liquidadores;

pessoas que trabalharam na região de Chernobyl em anos seguintes;

pessoas que permaneceram em áreas contaminadas;

pessoas que foram evacuadas das áreas contaminadas.

Até hoje não se sabe a quantidade de pessoas que morreram por conta do acidente de
Chernobyl, e esse é um dos assuntos mais polêmicos quando se fala do acidente. Entre
as estatísticas levantadas, aponta-se que dois trabalhadores morreram durante a
explosão, 29 morreram dias depois do acidente pela exposição à radiação e outros 18
morreram por doenças causadas pelo contato com a radiação.
De toda forma, existem estudos que sugerem que, até 2006, cerca de 4 mil pessoas
tenham morrido em consequência do acidente, mas existem estudos que sugerem
números de mortes mais elevados. Alguns estudos sugerem 9 mil, 16 mil, 60 mil, e
existem estudos que apontam que até 90 mil pessoas possam ter morrido por causa do
acidente. A verdade é que nunca se saberá ao certo quantas pessoas morreram.

"O que foi feito para conter o acidente?"


"Logo depois da explosão do reator 4, os bombeiros de Pripyat foram convocados para
apagar o incêndio. Como o trabalho dos bombeiros não trouxe resultados, decidiu-se
jogar materiais, como areia e boro, para conter o incêndio e diminuir a dispersão do
material radioativo.

Apesar da gravidade do acidente, a população de Pripyat só começou a ser evacuada


36 horas depois da explosão. A cidade, localizada no norte da atual Ucrânia, contava na
época com cerca de 50 mil habitantes, que foram evacuados em 1200 ônibus enviados
pelo governo soviético. A população da cidade foi orientada a não levar seus pertences
e foi informada de que se tratava de uma evacuação temporária. Os habitantes de
Pripyat foram obrigados a abandonar alimentos e animais domésticos.

Além de realizar a evacuação dos habitantes da região, o governo soviético criou uma
zona de exclusão, a qual incluía locais que apresentavam alto risco para a presença
humana. Com isso, tudo em um raio de 30 km de distância da usina de Chernobyl foi
evacuado.

Por conta do acidente, uma comissão foi criada pelo governo soviético com o objetivo
de conter a dispersão do material radioativo. A escritora bielorrussa Svetlana
Aleksievitch apontou que foram mobilizadas 800 mil pessoas na contenção dos danos
na região de Chernobyl|1|. Soldados, cientistas, bombeiros, mineiros, operários, entre
outros, foram enviados às pressas para a região.
Os chamados “liquidadores” realizaram diferentes tipos de trabalho na região de
Chernobyl. Alguns trabalhavam acompanhando os níveis de radiação, mas existiam
também aqueles responsáveis em conter a emissão de mais radioatividade, fazer a
limpeza da cidade, enterrar objetos contaminados, matar animais, realizar a evacuação
da população, revirar o solo etc.

Muitos dos liquidadores enviados para Chernobyl não sabiam do risco que corriam
com o trabalho que realizavam, mas eram incentivados pelo patriotismo e pelos
benefícios oferecidos pelo governo soviético (como salários acima do padrão da
época). Um dos trabalhos mais perigosos era o de realizar a limpeza do teto da usina,
repleto de materiais radioativos que faziam parte do interior do reator 4.

Os que trabalharam na limpeza do teto da usina ficaram conhecidos como “biorrobôs”.


Por fim, o trabalho de contenção contou com a construção de uma estrutura que faria
a contenção do material radioativo. Essa estrutura ficou conhecida como sarcófago de
Chernobyl e foi construída entre junho e novembro de 1986.

Em novembro de 2016, uma nova estrutura metálica de confinamento do reator 4 foi


construída pelo governo ucraniano. O novo sarcófago, que custou mais de dois bilhões
de euros, foi construído para suportar terremotos de baixa intensidade e projetado
para funcionar até o final do século XXI. Ele possui cerca de 7.300 toneladas de metal e
1000 metros cúbicos de cimento.

O que foi a conferência ECO-92?


Conferência ECO-92, também conhecida como Rio-92, foi um evento significativo
realizado no Rio de Janeiro em 1992. Ela reuniu líderes de 179 países, milhares de
ONGs, representantes de organismos internacionais e agências regionais, além da
população interessada e resultou em importantes decisões para o futuro do meio
ambiente e do desenvolvimento sustentável. Os principais resultados da conferência
incluíram a Declaração do Rio sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, a Agenda 21,
que é um plano de ação global para promover o desenvolvimento sustentável, e a
criação de convenções importantes como a Convenção-Quadro das Nações Unidas
sobre a Mudança do Clima e a Convenção sobre Diversidade Biológica123.

Foi considerada a maior conferência do tipo realizada até então.


Ela foi importante porque estabeleceu de forma definitiva o conceito de
desenvolvimento sustentável e abordou questões fundamentais para que se possa
alcançá-lo, levando em consideração as esferas social e econômica.

A ECO-92 abordou ainda as mudanças climáticas e a questão da biodiversidade e do


desmatamento das florestas.

A Declaração do Rio e a Agenda 21 são dois dos mais importantes resultados da ECO-
92.

A ECO-92 pautou as conferências que foram realizadas na sequência, nas quais foram
reforçados os compromissos de ação e cooperação internacional feitos durante a
Cúpula da Terra.

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