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21/08/2018
Aprovado:
08/01/2019
RESUMO
A produção de energia renovável vem crescendo em todo o planeta tendo como um dos Editor Responsável: Prof.
objetivos atender a demanda crescente da população e cumprir o compromisso firmado
Dr. Hermes Moretti Ribeiro da
na 21ª Conferência das Partes. Nesta, os países se comprometeram a reduzir a emissão
de gases do efeito estufa, causada por fontes tradicionais como a queima do carvão, e Silva
assim manter a temperatura média global inferior a 2ºC. Diante desse cenário, a energia
solar tem obtido grande foco por ser uma energia limpa, abundante e pouco explorada
em todo o planeta. O Brasil recebe irradiação suficiente para atender toda a demanda do
país somente com esta fonte, mas devido ao investimento inicial, não tem atraído a
população a instalar os sistemas fotovoltaicos. Logo, o trabalho discutiu a importância
dos incentivos governamentais para que haja um aumento efetivo da produção de energia
solar fotovoltaica no Brasil. Para isso, países líderes nesta geração, como China, Japão,
Alemanha e Estados Unidos foram estudados, observando o crescimento antes e depois
das políticas implementadas, suas premissas e resultados, a fim de comparar com o que
vem sendo feito no Brasil, um país com grande potencial de geração, mas que possui
apenas 0,02% de sua energia produzida desta fonte. Averiguou-se que os incentivos
aplicados atualmente no Brasil são de âmbito fiscal, e pouco se investiu em políticas de
compra de energia ou mesmo subsídios efetivos para instigar a população, resultando no
baixo crescimento de geração solar anual comparado aos países analisados.
Palavras-chave: Energia Solar. Incentivos Governamentais. Sistemas Fotovoltaicos.
Compra de Energia. FiT. RPS.
ABSTRACT
Renewable energy production is growing across the globe to meet the growing demand of
the population and to fulfill the commitment made at the 21st Conference of the Parties,
where countries pledged to reduce the emission of greenhouse gases caused by traditional
sources, such as the burning of coal, and thus keep the average global temperature rise
below 2 ° C. Faced with this scenario, solar energy has received major attention, being a
clean, abundant and little exploited energy on the planet. Brazil receives sufficient
irradiation (sunlight) to meet all the country's demand using only this source, but due to
the initial investment, it has not attracted the public to install the photovoltaic systems.
Therefore, this work discussed the importance of government incentives for an effective
increase in the production of photovoltaic solar energy in Brazil. To this end, leading
countries in the use of solar energy , such as China, Japan, Germany and the United States,
were studied, and the growth before and after the policies implemented as well as their
premises and results were observed, in order to compare with what has been done in
Brazil, a country with great potential for solar generation, but that uses only 0.02% of its
energy produced from this source. It was found that the incentives currently applied in
Brazil are fiscal, and little was invested in energy purchase policies or even effective
subsidies to incentivize public use, resulting in low annual solar generation growth
compared to the countries analyzed.
Keywords: Solar energy. Government Incentives. Photovoltaic systems. Purchase of
Energy. FiT. RPS.
1. monise.melin@gmail.com; 2. R. Frei Paulino, 30 - Nossa Sra. da Abadia, Uberaba - MG, 38025-180, flaviacamioto@yahoo.com.br
MELIN, M.F.M.; CAMIOTO, F.C. A Importância de Incentivos Governamentais para Aumentar o Uso da Energia Solar. GEPROS.
Gestão da Produção, Operações e Sistemas, v. 14, n. 5, p. 89 - 108, 2019.
1. INTRODUÇÃO
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A Importância de Incentivos Governamentais para Aumentar o Uso
da Energia Solar
2. REFERENCIAL TEÓRICO
A energia solar consiste na luz e calor provenientes do sol, que chega em forma de
irradiação solar e pode ser utilizada diretamente como fonte de energia térmica para
aquecimento de fluidos e geração de energia por sistemas solares, além de poder ser convertida
diretamente em energia elétrica pelo uso de determinados materiais que causam o efeito
fotovoltaico (ANELL, 2003).
O aquecimento solar da água possui um enorme potencial na economia de energia.
Representa uma tecnologia ambiental que utiliza fontes limpas, abundantes e renováveis. O
funcionamento do sistema consiste em um dispositivo que capta o calor por meio de coletores
solares instalados em telhados. Dentro dos coletores existem tubos por onde circula a água que
é aquecida e depois armazenada em um reservatório. O objetivo desses sistemas é aquecer a
água utilizando diretamente o calor do sol, de forma simples, limpa e eficiente, poupando outros
recursos como o gás natural, o carvão e a energia elétrica (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
Segundo as pesquisas realizadas por Medeiros et al. (2014) estima-se que 25% do total de
energia elétrica consumida nas residências brasileiras é usada no aquecimento de água, o que
torna a implementação desse sistema economicamente viável, reduz a necessidade de
construção de obras de geração para suprir o aumento do consumo da energia elétrica e traz
impactos ambientais benéficos com a diversificação da matriz energética.
O calor solar também pode ser empregado com a finalidade de produzir energia elétrica,
a partir de sistemas termo solares, que também podem ser considerados um tipo de energia solar
GEPROS. Gestão da Produção, Operações e Sistemas, v. 14, nº 5, p. 89 - 108, 2019.
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da Energia Solar
térmica, porém com o propósito de gerar energia elétrica. Também conhecida como usinas
térmicas, o sistema consiste na captação e concentração do calor do sol para aquecer o fluido,
que é transportado até uma central geradora, onde é empregado para produzir vapor e acionar
uma turbina acoplada a um gerador elétrico. Este é o tipo menos difundido de energia solar
devido a sua complexidade e alto custo (VILLALVA; GAZOLI, 2012).
Outra forma de transformação da energia solar em energia elétrica é pelo efeito
fotovoltaico. Este fenômeno ocorre quando a luz ou radiação eletromagnética do sol incide
sobre uma célula composta de materiais semicondutores (ANEEL, 2003). Estas células são
constituídas por duas camadas de material semicondutor, uma do tipo P e outra N, que geram
uma diferença de concentração de elétrons, proporcionando uma barreira potencial no interior
da estrutura da célula. Em circuito fechado, a barreira produzirá a formação da corrente elétrica.
Atualmente, existem diversas tecnologias para a fabricação de células fotovoltaicas, sendo as
mais comuns de silício monocristalino, silício policristalino e silício de filme fino, pois é um
material abundante e barato. Várias células fotovoltaicas são agrupadas com outros elementos
em série para formar painéis ou módulos e assim criar tensões mais elevadas (VILLALVA;
GAZOLI, 2012).
Os módulos podem ser utilizados em dois tipos de sistema. O primeiro se trata de
sistemas fotovoltaicos autônomos, também chamados Off-Grid, que são comumente utilizados
em locais não atendidos pela rede elétrica. É composto por um ou vários módulos conectados,
um controlador de carga, que tem a função de controlar a vida útil da bateria; uma bateria, que
armazena a energia produzida para quanto for necessária; e um inversor de corrente contínua
para alternada. No segundo caso são sistemas fotovoltaicos conectados à rede elétrica, On-Grid,
com o objetivo de gerar eletricidade para o consumo local e mandar para a rede o excedente
produzido. Estes sistemas podem ser instalados em usinas, indústrias, comércios e residências.
O sistema On-Grid consiste em módulos fotovoltaicos, inversor especial para conexão com a
rede, quadros elétricos e um medidor de energia. A eletricidade gerada é consumida no local
ou enviada a rede para gerar créditos, o que explica a falta do uso das baterias (PALZ, 2002).
Considerando este contexto, vale analisar como a energia solar vem sendo adotada no
planeta. A Figura 1 ilustra a capacidade da geração fotovoltaica dos principais países, na qual
pode-se observar que atualmente, a China é o país que possui a maior potência instalada de
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da Energia Solar
sistemas fotovoltaicos no mundo, seguida pelos Estados Unidos, Japão, Alemanha, Itália,
Espanha e Índia que também possuem capacidades instaladas significativas, segundo o MME
(2016). Estes países tradicionalmente utilizam fontes energéticas poluidoras, como as
termoelétricas, e não seguras, como a nuclear. Diante do problema ambiental gerado por tais
fontes, o uso de tecnologias mais caras começou a se tornar importante para a diversificação da
matriz energética (MME, 2009).
Outros
China
22%
Índia 34%
5%
Ítalia
5%
EUA Japão
11% Alemanha 12%
11%
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da Energia Solar
3. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Objeto de estudo
A produção de energia solar vem sendo alvo de pesquisas em todo planeta. Pensando
nisso, o estudo buscou discutir a importância de incentivos governamentais para a adoção de
energia solar, por meio da análise de estudos de casos do Brasil e do mundo. Para que tais
políticas públicas pudessem inspirar o Brasil neste sentido, foi realizada uma análise de
informações sobre os incentivos utilizados nos quatro países com maior capacidade de energia
solar fotovoltaica.
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da Energia Solar
Brasil, revelando o que já está sendo feito e como ainda se deve melhorar para que o
crescimento desta energia seja significativo nos próximos anos.
4. RESULTADOS
Para encontrar os incentivos governamentais que tornaram alguns países líderes em
potência instalada para a produção de energia solar fotovoltaica, foram analisados dados dos
últimos dez anos (Figura 2), que demonstram a evolução de instalação nestes países. China,
Japão, Alemanha e Estados Unidos juntos somaram, em 2017, 68% da capacidade mundial.
4.1 China
Nos últimos anos, expandir a quota de energias renováveis é um dos principais pilares
na China. Com isso, o país necessita de fontes alternativas de energia para atender sua demanda
interna, com uma geração que traga menos impactos ambientais que a tradicional queima de
carvão no país (YUAN; JIAN; MA, 2011). Em 2009, na Conferência das Nações Unidas sobre
Mudança Climática em Copenhague, a China prometeu reduzir a quantidade de emissões de
dióxido de carbono (CO2) emitida por unidade de PIB de 40 a 45% até 2020, com base nos
níveis de 2005, e aumentar sua quantidade de fontes não fósseis de energia a 15% de sua energia
primária - até o ano de 2009 significava apenas 9,9% (YUAN; JIAN; MA, 2011).
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da Energia Solar
Para atingir estes resultados, a China criou a Lei das Energias Renováveis, que tem o
objetivo aumentar o fornecimento de energia para áreas distantes, promover o desenvolvimento
e a utilização de energias renováveis, melhorar a estrutura, garantir a segurança energética,
proteger o ambiente e tornar o desenvolvimento economicamente e socialmente sustentável,
tratando sua implementação como prioritária para o desenvolvimento energético do país. Para
isso, o país criou quatro mecanismos chaves (SCHUMAN; LIN, 2012):
a) Planejamento do desenvolvimento e utilização de energia.
b) Política de conexão e compra obrigatória, na qual as empresas que fornecem energia
devem assinar um contrato com geradores de eletricidade em sua jurisdição e comprar toda a
eletricidade gerada por fontes renováveis e fornecer serviços de conexão de rede.
c) Preço da eletricidade para redes renováveis, semelhante a um sistema tarifário feed-
in, que paga aos geradores de eletricidade renovável um montante adicional fixo por cada
quilowatt-hora de eletricidade gerada, acima do preço da energia de fontes não renováveis.
d) Mecanismo de partilha de custos, financiado por uma sobretaxa na eletricidade
vendida, para pagar tarifas feed-in (FIT), com o Fundo Especial de Desenvolvimento de Energia
Renovável, que também custeia atividades em pesquisa e desenvolvimento (P&D) de
tecnologias para baratear a implementação destas fontes, incluindo projetos piloto e avaliação
de recursos, além de subsídios para sua implementação em áreas rurais.
Em 2010 a lei incluiu algumas mudanças: metas de geração por jurisdição, maior
supervisão do governo no planejamento e desenvolvimento e a aceleração de pagamentos das
tarifas para incentivar novas instalações. Além das FIT, que equivalem a $0,17/kWh para a
energia gerada por fonte solar fotovoltaica, o governo criou os programas de subsídios
chamados Golden Sun e Buinding, que fornecem subsídios de até 50% do custo de instalação
de sistemas fotovoltaicos conectados à rede e 70% do custo de instalação para sistemas
independentes rurais (SCHUMAN; LIN, 2012).
Anos após a aplicação da Lei das Energias Renováveis e dos programas de subsídios,
podemos verificar os grandes avanços que a China alcançou no aumento da capacidade de
energia solar fotovoltaica instalada no país, em que nos últimos dez anos essa potência passou
de 113 MW no ano de 2008 para 130.632 MW no ano de 2017, evidenciando a importância de
tais medidas governamentais e tornando o país líder em produção de energia solar. Para chegar
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4.2 Japão
Atualmente o Japão é um dos destaques no crescimento de produção de energia por
fontes renováveis no mundo, em especial a fotovoltaica. Até o ano de 2011 poucos incentivos
governamentais eram implementados para estimular esse crescimento, sendo um deles o
programa FiT, que até então restringia a compra de energia para sistemas com capacidade
máxima menor que 500 kW (OGIMOTO et al,2013). Este quadro começou a se modificar em
2011, quando o país passou por um terremoto causando falhas na usina nuclear de Fukushima
e um grande apagão na região, fazendo com que o governo criasse medidas fundamentais para
modificar o cenário energético. As principais medidas foram (OGIMOTO et al,2013):
a) Programa de compra excedente PV Power: exige que concessionárias de energia
comprem o excedente produzido por fontes renováveis.
b) Reformulação do programa FiT: garante a compra da energia nos próximos 10 anos
pelo valor de $0,36/kWh para sistemas fotovoltaicos com capacidades superiores a 10 kW e
$0,38/kWh para os demais.
c) Programa de subsídios para compra de equipamentos: governo fornece $ 392/kW
para um sistema fotovoltaico com menos de 10 kW de capacidade instalada.
d) Foco no desenvolvimento de equipamentos fotovoltaicos, incluindo estudos sobre
comportamento da rede no caso de sobrecarga.
e) Criação de usinas fotovoltaicas de larga escala (capacidades superiores a 46 MW).
f) Instalação de sistemas fotovoltaicos em escolas e outras repartições públicas que
podem ser usadas como abrigo em situações de emergência.
Além da capacidade instalada que saltou de 5 GW para 48 GW apenas no setor
fotovoltaico, as medidas implementadas trouxeram nos últimos anos muitos benefícios ao país.
Diversas oportunidades de negócios em atividades locais foram criadas, tornando terras ociosas
em grandes usinas de produção de energia e trazendo um grande desenvolvimento financeiro,
conseguindo diversificar as fontes de energia e combater o aquecimento global.
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4.3 Alemanha
A Alemanha foi o primeiro país a produzir energia fotovoltaica em larga escala. Nos
anos 2000, o país iniciou uma transformação orientada a uma política verde, conhecida como
“Energiwende”, que envolve uma remodelagem energética, eliminação da produção de energia
nuclear até 2022 e redução de energia por queima de carvão, principal fonte energética até a
data. Para isso, a Alemanha implementou a Lei das Fontes Renováveis de Energia (EEG). Os
objetivos principais desse plano são (PEGELS; LUTKENHORST, 2014):
a) Desenvolvimento sustentável do fornecimento de energia;
b) Proteger o clima e meio ambiente;
c) Reduzir custos do fornecimento e energia para a economia nacional;
d) Desenvolvimento de tecnologias para geração de eletricidade a partir de fontes
renováveis.
Assim, o governo implementou a política FiT que garante a compra de energia advinda
de fontes renováveis por um período de 20 anos, sendo essas tarifas reajustadas a cada três ou
quatro anos para incentivar a competividade com outras fontes de geração. Em 2015 o valor era
de $ 7,16cota/kWh e deve chegar a $ 8,39 cota/kWh até 2023, e reduzida gradualmente após a
data, quando, segundo estimativas, 60% da energia do país adivir de energia renovável
(PESCIA; GRAICHEN, 2015). A política FiT é reconhecida como referência e se tornou
inspiração para mais de 50 países que a replicaram para uma concepção eficaz de políticas de
apoio às energias renováveis (PEGELS; LUTKENHORST, 2014).
Entre 2000 à 2014 o país investiu mais de 220 bilhões de euros em todas as áreas para
o desenvolvimento das energias renováveis, sendo estimado para próxima década 15 bilhões de
euros por ano. Em 2015 as leis de energia renovável começaram a ser modificadas, para se
atualizar a nova realidade energética do país, conhecida como EEG 2.0. Nesta nova fase o
objetivo é implementar um processo competitivo de fixação de tarifas FiT por meio de leilões
de energia, que possa garantir aos geradores um maior rendimento financeiro, tornando a
energia renovável mais vantajosa a cada ano (PESCIA; GRAICHEN, 2015).
Conhecida por muitos anos como maior produtora de energia fotovoltaica devido a sua
grande capacidade instalada, é possível analisar na Alemanha, além dos incentivos
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da Energia Solar
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A Importância de Incentivos Governamentais para Aumentar o Uso
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4.5 Brasil
Nos últimos anos as mudanças climáticas têm preocupado todo o planeta. Buscando
soluções, dirigentes de todo mundo se reuniram na 21ª Conferência das partes (COP 21) em
Paris no ano de 2015, e firmaram o compromisso de manter o aumento da temperatura média
global inferior a 2ºC. Para isso, a redução dos gases que promovem o efeito estufa é essencial,
e cada país criou suas próprias metas para contribuir com o resultado global. O Brasil, após
GEPROS. Gestão da Produção, Operações e Sistemas, v. 14, nº 5, p. 89 - 108, 2019.
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5. DISCUSSÕES
A índice de irradiação solar no Brasil é muito alto, com médias de 1.200-2.400
kWh/m²/ano, gerando um grande potencial a ser explorado de energia solar, muito superior à
média da Europa e países com grande capacidade instalada. Comparado a média global, o país
possui baixa variabilidade de incidência solar considerando as demais regiões geográficas. Os
valores máximos de irradiação correspondem a Bahia e noroeste de Minas Gerais, onde há
durante todo o ano condições climáticas que conferem um regime estável de baixa nebulosidade
(MME, 2017). Diante deste potencial inexplorado e dos dados apresentados, foi criada a Tabela
2 para comparar os programas aplicados nos países com maior capacidade instalada, a fim de
mostrar exemplos de sucesso que podem ser reformulados e aplicados no Brasil. Tais incentivos
foram primordiais para o cresimento do potencial energético solar nos países citados, pois nos
últimos 10 anos onde as políticas tiveram forte inserção, os países juntos somavam apenas 9,5
GW de potência instalada, e hoje somam 262,7 GW, tendo um crescimento de 2757% (ARENA,
2018).
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da Energia Solar
Os subsídios nos países estudados vão desde financiamentos com taxas baixas e grande
prazo de amortização até subsídios que equivalem a 30% (BURNS; KANG, 2012) dos custos
de equipamentos e instalação. Em alguns países essa porcentagem pode ser bem superior, como
na China que oferece de 50% a 70% (SCHUMAN; LIN, 2012) de subsídio.
No Brasil os programas de subsídios têm orçamento muito restrito, em que a primeira
fase contou apenas com R$ 65 mil (SILVA, 2015), atingindo uma parcela de apenas 13 a 65
dos mais de 62,8 milhões de domicílios no país. Lembrando que o programa fornece o incentivo
de R$ 1.000,00 a R$ 5.000,00 por instalação, comparado ao custo de R$ 19.000,00 equivalente
a um equipamento instalado de geração fotovoltaica na cidade de Uberaba-MG (GOMES,
2016), este subsidio varia entre 5,2% à 26,3%. Além do subsídio financeiro, alguns bancos
oferecem tarifas com valor abaixo do mercado para financiamento destes módulos, com prazos
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6. CONCLUSÕES
Neste estudo, os incentivos governamentais para adoção de energia solar fotovoltaica
foram analisados, buscando estudos de caso dos países com maior potencial instalado desta
fonte. Posteriormente, foi comparado as políticas atuais do Brasil, sua efetividade, os pontos
positivos e os que devem melhorar para atingir níveis significativos da geração desta energia.
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Averiguou-se que a maioria dos incentivos no Brasil são de âmbito fiscal, com reduções
de impostos, e pouco investiu-se para políticas de compra de energia, como as conhecidas RPS
ou FiT, ou mesmo subsídios para instigar a população a instalar sua geração de energia solar
nos telhados, apesar do grande potencial de irradiação no país, pois com o orçamento investido
de 65 mil reais, apenas de 13 a 65 residências poderiam ser contempladas com o benefício,
diante das 62,8 milhões de famílias. A falta de tais incentivos no Brasil pode ser apontada como
alguns dos possíveis motivos para não atingir os níveis de crescimento energético solar dos
demais países estudados, pois, de acordo com a projeção para os próximos anos, o país crescerá
até 2024 de 1 GW para 7 GW, aproximadamente 1 GW por ano, enquanto a China cresceu 50
GW no mesmo período.
Por fim, como sugestões de futuras pesquisas, estão: estudos de caso direcionados ao
crescimento em cada região do país, mensurar o impacto da redução de impostos e incentivos
para adesão da energia solar, acompanhar as metas propostas no Plano Decenal de Expansão
de Energia (2024), a evolução das políticas para incentivar a energia solar nos próximos anos,
além da mudança da economia resultante desta forma de geração. Novas medidas importantes
podem surgir nos próximos anos, assim como tecnologias que barateiam estes sistemas e este
avanço deve ser documentado e replicado.
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