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GEOMETRIA DE NÚCLEOS PARA

ACOPLAMENTOS MAGNÉTICOS APLICADOS NA


INTERLIGAÇÃO DE SISTEMAS ELÉTRICOS

DENIZAR CRUZ MARTINS

Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC


Instituto de Eletrônica de Potência - INEP
Florianópolis – Brasil
INTRODUÇÃO
Barramento Magnético
• Acoplar sistemas de potência por meio do fluxo magnético;
• Interligar cargas e fontes de energia com características e níveis de
tensões diferentes;
• Promover isolação galvânica;
• Multidirecionalidade do fluxo de potência.

Barramento magnético 2
INTRODUÇÃO
Classificação dos tipos de acoplamentos de sistemas
• Acoplamento CC: capacitor de acoplamento;
• Acoplamento CA de Baixa Frequência: freq. da rede (50 – 60 Hz);
• Acoplamento CA de Alta Frequência: acoplamento magnético.

Link CC Link CA Link CA AF


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INTRODUÇÃO
Acoplamento CA em alta frequência
• Vantagens:
• Isolação galvânica:
• Desacoplamento elétrico dos sistemas;
• Segurança tanto para usuários como para os equipamentos;
• Adequação dos níveis de tensão;
• Redução de estresses nos conversores.
• Desvantagens:
• Número limitado de conexões:
• Complexidade do gerenciamento do fluxo de potência aumenta com o número
de enrolamentos no barramento magnético;
• Aumento de perdas:
• Sistemas isolados tendem a apresentar maiores perdas.

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MOTIVAÇÃO

• Porque estudar o barramento magnético?


• Geração distribuída:
• Geração próxima aos centros consumidores;
• Acoplamento de fontes de energia:
• Cogeradores;
• Geradores de emergência;
• Energias renováveis: painéis fotovoltaicos e aerogeradores;
• Pequenas centrais hidrelétricas.
• Modernização do sistema de distribuição:
• Redes inteligentes: Smart Grids;
• Microrredes;
• Transformadores de estado sólido (SSTs).
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PRINCÍPIO E PRINCIPAIS MATERIAIS

• Núcleo magnético:
• Confinar o fluxo magnético em um caminho bem definido,
reduzindo a dispersão e melhorando o acoplamento entre os
sistemas.
• Principais materiais:
• Ferro silício;
• Ferrite;
• Amorfo;
• Nanocristalino.

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• Ferro silício:
• Ferro com adição de silício (1% a 3%);
• Elevado valor de Bsat;
• Alta permeabilidade magnética;
• Elevada temperatura de Curie;
• Robustez;
• Perdas elevadas em alta frequência.
• Ferrite;
• Amorfo;
• Nanocristalino.

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• Ferro silício;
• Ferrite:
• Cerâmica policristalina;
• Versatilidade;
• Baixo custo;
• Perdas moderadas;
• Baixo valor de Bsat;
• Baixa temperatura de Curie
(150 °C a 300 °C).
• Amorfo;
• Nanocristalino.

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• Ferro silício;
• Ferrite:
• Amorfo;
• Ligas de ferro com outros materiais magnéticos, vidros
metálicos;
• Elevado valor de Bsat;
• Alta permeabilidade magnética;
• Lâminas finas, na faixa de 15 μm (10 vezes mais finas que o
ferro silício);
• Baixa resistividade;
• Perdas elevadas para valores elevados de Bmax.
• Nanocristalino.

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• Ferro silício;
• Ferrite:
• Amorfo;
• Nanocristalino:
• Aperfeiçoamento dos materiais amorfos;
• Bsat maior que do ferrite, mas menor que ferro silício;
• Custo elevado;
• Apenas no formato toroidal e C: baixa customização;
• Material mais usado em trabalhos dedicados ao barramento
magnético.

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• Comparativo:
• PC95: Ferrite;
• 2605S3A e 2714A: Amorfo;
• Nanoperm®: Nanocristalino.

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CONVERSOR MAB
• Principais topologias para o gerenciamento do fluxo de potência;
• Generalização do conceito por Falcones et al., 2013:
• Transferência de potência ocorre pela indutância de transmissão;
• Indutância de dispersão é “aproveitada”.

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CONVERSOR MAB
• Modelagem por rede de alta frequência;
• Transferência de potência entre as portas:
v 'j vk'   jk 
Pjk   jk 1  
s L jk    Conversor MAB como rede de alta frequência.
 
• Número de conexões:

n!
C  n, 2  
2! n  2 !

C  2, 2   1 C  5, 2   10
C  3, 2   3 C 10, 2   45 Modelo Δ equivalente para transferência de
potência entre as portas j e k.

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INDUTÂNCIA DE TRANSMISSÃO  DISPERSÃO

• Indutância de dispersão:
• Fluxo que não circula por todos os
enrolamentos;
• Armazenamento de energia;
• Pode ser aproveitado para compor
a indutância de transmissão nos
conversores MAB.

• Duas vertentes na literatura:


1. Barramento magnético com indutância de dispersão equivalente à
indutância de transmissão;
2. Barramento magnético com indutância de dispersão mínima.
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• Técnicas para ajustar a indutância de dispersão:
• Sobreposição parcial dos enrolamentos:

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• Técnicas para ajustar a indutância de dispersão:
• Inserção de núcleo entre os enrolamentos (Coaxial);

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• Técnicas para ajustar a indutância de dispersão:
• Ajuste da distância entre as camadas dos enrolamentos.

Núcleo

Espaço interno entre


os enrolamentos 17
• Barramento magnético com indutância de dispersão equivalente à
indutância de transmissão:
• Vantagens:
• Menor número de elementos no circuito;
• Aumento da densidade de potência. ??? ???
• Desvantagens:
• Redução na eficiência;
• Indutância de dispersão tem forte dependência de aspectos construtivos;
• Dificuldade de projetar o valor preciso;
• Dificuldade em realizar ajuste fino;
• Dispersão é prejudicial para algumas topologias de conversores usados em
SSTs;
• Menor versatilidade.

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BARRAMENTO MAGNÉTICO
• Princípio de funcionamento: Lei de Faraday
B d dB
 C
E  dl   
S t
 da v  N
dt
  NAc
dt
• Geometrias de barramento magnético
• Solenoidal:
• Fluxo magnético flui em paralelo ao eixo cilíndrico;
• Corrente circunda o eixo cilíndrico;
• Predominante na eletrônica de potência;
• Coaxial:
• Fluxo magnético circunda o eixo cilíndrico;
• Corrente flui em paralelo ao eixo cilíndrico;
• Utilizada predominantemente em telecomunicações;
• Vantagem para frequências elevadas.

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BARRAMENTO MAGNÉTICO
Estruturas solenoidais
Shell - Predominante na eletrônica de potência (núcleo EE);
• Indutância de dispersão baixa e equilibrada em todos os enrolamentos;
• Proteção mecânica nos enrolamentos.

Core
• Baixa proteção mecânica nos enrolamentos;
• Indutância de dispersão elevada.

Matrix - Variação da estrutura tipo Shell


• Melhor distribuição das linhas de fluxo magnético;
• Baixa indutância de dispersão.

Multielementos - Formado por pequenos elementos transformadores;


• Modularidade;
• Indutância de dispersão elevada e desequilibrada nos enrolamentos.
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BARRAMENTO MAGNÉTICO
Estruturas coaxiais:
• Vantagens:
• Alto fator de acoplamento;
• Baixa indutância de dispersão.
• Desvantagens:
• Dificuldade de fabricação;
• Volume elevado para manter a indutância magnetizante elevada;
• Relações diferentes de 1:1 reduzem a vantagem do alto fator de
acoplamento;
• Capacitâncias parasitas deixam de ser desprezíveis, mesmo operando em
frequências menores;
• Volume elevado para frequências baixas.

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PROPOSTA DE GEOMETRIAS DE NÚCLEOS
• Geometrias originadas como variações dos núcleos XS e pote:
• Geometrias muito utilizadas em acoplamento de sinais;
• Usar as características destas geometrias em potências elevadas.
• Características buscadas:
• Melhor distribuição das linhas de fluxo magnético;
• Elevado fator de acoplamento;
• Modularidade.
• Geometrias propostas:
• Pote;
• XS;
• Pote Estendido.
• XS Estendido.

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PROPOSTA DE GEOMETRIAS DE NÚCLEOS
Objetivos
• Avaliar o efeito das diferentes geometrias de núcleos aplicados a
um conversor DAB (2 portas):
• Distribuição das linhas de fluxo magnético;
• Perdas no ferro;
• Fator de acoplamento; Estruturas propostas
• Indutância de dispersão;
• Estruturas comparadas:
• Tipo Shell;
• Tipo Core;
• Tipo Matrix;
Pote XS Pote XS
Estendido Estendido

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PROJETO DOS NÚCLEOS
• Conversor DAB:
P1 = 1 kW
P2 = 1 kW
fs = 50 kHz

• Barramento magnético:
Dado Descrição Valor
V1 Tensão de pico na porta 1 400 V
V2 Tensão de pico na porta 2 800 V
IL1rms Corrente eficaz na porta 1 3,04 A
IL2rms Corrente eficaz na porta 2 1,52 A
Stotal Potência total 2,43 kVA
Bm Densidade de fluxo magnético 0,054 T
JRMS Densidade de corrente 154 A/cm²
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PROJETO DOS NÚCLEOS
• Metodologia de projeto para comparação
• Projetar um barramento magnético com núcleo EE de acordo com os
procedimentos padrões da literatura (Hurley, Wölfle, 2013);
• Projetar as demais geometrias preservando os valores de área da perna
central e área da janela.

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RESULTADOS DE SIMULAÇÃO POR MEF
• Dados geométricos dos núcleos:

Dado Shell Core Matrix Pote XS Pote Es. XS Es.


Perna central (mm2) 770,1 770,1 779,8 771,6 771,6 385,2 385,2
Janela (mm2) 547,8 547,8 547,8 547,8 547,8 1100,0 1100,0
Produto das áreas (cm4) 42,2 42,2 42,7 42,3 42,3 42,4 42,4
Volume (cm3) 127,2 150,9 123,6 140,4 132,4 101,2 98,6
Área da superfície (cm2) 29,1 26,0 46,5 42,2 39,64 47,4 46,2
Comprimento médio da espira
168,2 168,2 172,9 142,7 142,7 115,6 115,6
(mm)
Caminho magnético (mm) 157,5 194,58 158,5 153,5 148,8 227,4 224,2

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RESULTADOS DE SIMULAÇÃO POR MEF
Distribuição do fluxo magnético B = 0,054 T

Shell Core Matrix

Pote XS Pote
XS 27
Estendido Estendido
RESULTADOS DE SIMULAÇÃO POR MEF
• Resumo dos resultados obtidos:

Perdas no Perdas por Perdas Perdas


Dispersão Rendimento
Geometria núcleo volume no cobre totais
(μH) (%)
(W) (kW/L) (W) 1 (W)
Shell 50,69 1,29 10,14 2,22 3,51 99,649
Core 248,23 1,63 10,78 2,22 3,85 99,615
Matrix 49,06 1,40 11,51 2,29 3,71 99,629
Pote 26,94 1,19 8,50 1,89 3,08 99,692
XS 26,71 1,16 8,75 1,89 3,05 99,695
Pote Est. 76,90 0,91 9,03 3,16 4,07 99,593
XS Est. 77,31 0,90 9,13 3,16 4,06 99,594
1 Valor teórico

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COMENTÁRIOS
• Geometria influencia nas perdas e acoplamento;
• Estrutura do tipo XS apresentou melhor desempenho:
• Maior acoplamento;
• Menor indutância de dispersão;
• Maior indutância magnetizante;
• Menores perdas;
• Maior aproveitamento volumétrico.
• Estrutura do tipo Core apresentou pior desempenho;
• Estruturas estendidas:
• Rendimento global inferior as demais;
• Menor volume, maior área superficial e menores perdas por volume.
• Resultados ainda não conclusivos, mas estruturas apresentam
potencial.
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Obrigado pela Atenção

Denizar Cruz Martins

denizar@inep.ufsc.br
Agradecimentos

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