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Transformadores de Potência

Professor Reinaldo Corrêa Leite

1
Sumário
1. Introdução
2. Desempenho térmico;
3. Meio Isolante;
4. Gerenciamento de Ativo e Vida Remanescente

2
1. Introdução

3
Função do Transformador de Potência
› Transmitir energia ou potência elétrica de um circuito a
outro, transformando tensões e correntes em um circuito
de corrente alternada, ou a modificar os valores das
impedâncias de um circuito elétrico.

4
Motivos para elevar e abaixar níveis de
tensão
› Segurança humana e de animais no local de consumo –
Menores níveis de tensão;
› A espessura da isolação e o funcionamento econômico
dos geradores síncronos impõem limitações à sua tensão
de operação - Até 25 kV;
› A necessidade de transporte de grandes blocos de
potência com baixas perdas, impõe que a energia elétrica
seja transmitida sob níveis de tensão elevados, podendo
chegar a valores de até 1000 kV;

5
5
Princípio Básico e Propriedades Gerais

› Um transformador consiste de dois enrolamentos condutivos


conectados magneticamente por um núcleo de ferro, porém sem
conexão elétrica entre eles.
› O funcionamento do transformador baseia-se em dois princípios:
1. Lei de Biot-Savart: corrente elétrica produz campo magnético;
2. Lei de Indução Faraday-Neumann-Lenz: um campo magnético variável no
interior de um circuito elétrico induz nos terminais deste uma tensão
elétrica cuja magnitude é diretamente proporcional à taxa de variação
temporal do fluxo magnético que enlaça o circuito elétrico.
› Como resultado da indução magnética, a corrente alternada em um
enrolamento provoca o surgimento de uma corrente alternada no
outro enrolamento. A magnitude comparativa de corrente e tensão
nos dois lados difere conforme a geometria do equipamento.
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6
Transformador Ideal

› Transformador ideal é aquele que apresenta:

1. Permeabilidade magnética (µ) do núcleo infinita;

2. Todo fluxo magnético é confinado no núcleo, portanto envolve


todas as voltas dos dois enrolamentos;

3. As perdas no núcleo e na resistência dos enrolamentos são


nulas.

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Transformador Ideal Considerações:
› O enrolamento primário
está conectado a uma
fonte de potência.
› O enrolamento
secundário supre uma
carga.
› Como não há perdas,
toda potência entregue
ao primário e transmitida
ao secundário.
› O fluxo magnético varia
senoidalmente no
𝐼 1 𝑉 1=𝐼 2 𝑉 2 núcleo.
𝑑𝜙 𝑑𝜙
𝑣 1=𝑒1 =𝑁 1 𝑣 2=𝑒 2=𝑁 2 𝑉1 𝐸1 𝑁 1 𝐼2
𝑑𝑡 𝑑𝑡 = = =
𝑉 2 𝐸 2 𝑁 2 𝐼1
𝐕 1 =𝐄1 =𝑠 𝑁 1 𝐕 2=𝐄1 =𝑠 𝑁 2 8
Transformador Real

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Forças de Curto-Circuito
› A corrente alternada que flui através de condutores fazem surgir
uma força magnética entre esses condutores dada pela equação a
seguir.

- força no condutor;
- densidade de fluxo de dispersão local;
- ângulo entre o fluxo de dispersão e a corrente de carga, em
transformadores
como:

Portanto
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Forças de Curto-Circuito

2
Corrente de curto circuito
Componente assimétrica
1,5 Componente simétrica

1
Corrente

0,5

-0,5

-1
0 0,05 0,1 0,15 0,2 0,25
Tempo (s)

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7:12 PM
Forças de Curto-Circuito

› Existem três tipos de conjuntos de forças entre dois


enrolamentos de um transformador:
– Forças de repulsão radiais devidas a correntes que fluem em
oposição nos dois enrolamentos;
– Forças de repulsão axiais devido a correntes em oposição
quando os centros eletromagnéticos dos dois enrolamentos não
estão alinhados;
– Forças de compressão axiais em cada enrolamento devido a
correntes que fluem na mesma direção em condutores
adjacentes.

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Forças de Curto-Circuito
› As forças mais danosas são normalmente as radiais entre
enrolamentos. Enrolamentos externos raramente falham
por causa do estresse de aro, mas os enrolamentos
internos podem ter os seguintes modos de falha:
– Flambagem forçada, onde o condutor entre os bastões de apoio
colapsa devido a torsão interna na direção do espaçamento do
duto de óleo;
– Flambagem livre, onde os condutores incham para fora bem
como para dentro em pontos específicos na circunferência do
enrolamentos.

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Forças de Curto-Circuito

› Existem três tipos de conjuntos de forças entre dois


enrolamentos de um transformador:
– Forças de repulsão radiais devidas a correntes que fluem em
oposição nos dois enrolamentos;
– Forças de repulsão axiais devido a correntes em oposição
quando os centros eletromagnéticos dos dois enrolamentos não
estão alinhados;
– Forças de compressão axiais em cada enrolamento devido a
correntes que fluem na mesma direção em condutores
adjacentes.

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Forças de Curto-Circuito e Modos de
Falha de Deformação dos Enrolamentos
LINHAS DE FLUXO MAGNÉTICO DE DISPERSÃO E FORÇAS NOS
ENROLAMENTOS DO TRANSFORMADOR

15
Forças de Curto-Circuito e Modos de Falha
de Deformação dos Enrolamentos
• A mais crítica destas forças são as forças
radiais internas no enrolamento interno que
pode resultar em flambagem do enrolamento.

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Forças de Curto-Circuito e Modos de Falha
de Deformação dos Enrolamentos
• No final do enrolamento de um transformador tipo núcleo, o fluxo de
dispersão não é mais puramente axial, ele forma franjas que apontam para
fora nos dois enrolamentos.
• A interação entre as componentes radiais deste campo e as correntes do
enrolamento produzem forças EM que tendem a comprimir o enrolamento.
• Uma pressão muito elevada pode levar condutores individuais no
enrolamento a bascular.

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Forças de Curto-Circuito e Modos de
Falha de Deformação dos Enrolamentos
• No projeto e fabricação de grandes transformadores, uma
atenção especial é dada em garantir que os
enrolamentos sejam simétricos em relação ao seu centro.
• Se isto não for feito ou houver algum deslocamento
posterior resultante do encolhimento da isolação, por
exemplo, então os estresses eletromagnéticos não
estarão balanceados e poderão haver forças resultantes
maiores atuando nos enrolamentos individuais.
• Devido ao fato de que os transformadores tipo núcleo
não são enrolados inteiramente de forma circunferencial,
possuindo um certo grau de espiral, estão existem forças
de torção agindo nos enrolamentos que tendem a
apertá-los.
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Forças de Curto-Circuito e Modos de
Falha de Deformação dos
Enrolamentos

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7:12 PM
Aspectos Construtivos – Enrolamentos
› são formados por várias bobinas que, em geral, são feitas
de cobre eletrolítico e recebem uma camada de verniz
sintético que faz o papel de isolante.
› Bobinas com condutores em paralelo, na direção radial,
devem ter transposição para minimizar as perdas
adicionais e os esforços mecânicos provenientes de
curtos circuitos.
› Muitas bobinas podem ser conectadas em série ou
paralelo para formar um enrolamento. As bobinas desse
enrolamento podem ser empilhadas no núcleo
alternadamente com as bobinas de outro enrolamento.
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Cabo Continuamente Transposto (CTC –
Continuously Transposed Cable)

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Tipos de enrolamento
› Enrolamento em disco: alta tensão e baixa corrente; alta
tensão.
› Enrolamento em disco entrelaçado: aumento da
capacitância série do enrolamento, melhorando a
distribuição da tensão de surtos de frente íngreme; alta
tensão.
› Enrolamento helicoidal: baixa tensão e alta corrente;
primário de transformadores elevadores de usinas;
regulação.
› Enrolamento em camadas: camadas concêntricas ligadas
em série; baixa ou alta tensão; terciário.
22
Tipos de Enrolamento

23
Enrolamento Helicoidal

24
Enrolamento em Disco

25
Montagem antes da colocação dos
enrolamentos sobre o Núcleo

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Aspectos Construtivos – Núcleo

› É formado por chapas de aço-silício, laminadas a frio,


cobertas por uma película isolante.
› A laminação a frio, seguida de tratamento térmico,
orienta os domínios magnéticos no sentido da
laminação, permitindo alcançar altas densidades de fluxo
com perdas reduzidas e baixas correntes.
› As chapas são sustentadas por uma estrutura
constituídas de vigas metálicas, interligadas por tirantes
e por faixas de fibra de vidro impregnadas com resina.
Tipos de Núcleo

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Aspectos Construtivos – Isolação

› Constitui-se basicamente por óleo e celulose (papel ou


presspan).
› Além da função de isolação, o óleo funciona como líquido
refrigerante.
› Os condutores do enrolamento são envolvidos em tiras de
papel que formam a isolação entre espiras. São enrolados em
cilindros de presspan, que proporcionam a fixação mecânica e
o isolamento entre enrolamentos de fase e entre estes e o
núcleo.
› As tiras de presspan fixadas nesses cilindros no sentido axial
formam canais de óleo que contribuem para o isolamento e
refrigeração.
Aspectos Construtivos – Tanque

› É usado para conter o fluido, deve ser capaz de suportar:


– as intempéries do local onde está instalado por um longo
período (50 anos);
– ser capaz de sustentar o vácuo necessário à impregnação e
enchimento do óleo;
– suportar as forças impostas durante o transporte e ao longo de
sua vida (forças impostas por curto-circuitos são contidas pelo
tanque)
– o material do tanque é o aço carbono, entretanto há
necessidade de inserção de aços não magnéticos ou outros
metais não magnéticos para reduzir as perdas parasitas nos
componentes metálicos e as temperaturas que resultam destas.

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Aspectos Construtivos – Acessórios

› Indicador de nível;
› Dispositivos de alívio de pressão;
› Indicador de temperatura do líquido;
› Indicador de temperatura do óleo;
› Relé Buchholz.
› Respiradores desidratantes (sílica-gel)

31
31
Aspectos Construtivos – Sistema de
preservação de líquido

› Este sistema tem por objetivo isolar o ambiente interno do transformador do


ambiente externo (atmosfera), deixando porém um certo grau de interação
(respiro) para acomodar variações na pressão que ocorrem durante a operação,
tal como a expansão e contração do líquido com a variação da temperatura.
› Os métodos mais comuns são:
– Sistemas de tanque selado: são isolados da atmosfera e mantem uma camada de gás
(colchão de gás) acima do líquido. O volume do gás e do líquido permanece constante.
Pressões internas negativas podem existir nos sistemas de tanque selado em situações de
carga leve ou temperaturas com pressão positiva a medida que a temperatura do óleo
aumenta em função da carga.
– Sistemas de pressão positiva: envolvem o uso de gás inerte para manter uma pressão
positiva no volume do gás. Um gás inerte, nitrogênio comprimido, é injetado
incrementalmente no volume de gás quando a pressão interna cai fora da faixa de controle.
– Conservador (tanque de expansão) é usado com ou sem membrana ou diafragma e envolve
o uso de um tanque auxiliar. O transformador é enchido com líquido completo e o tanque
auxiliar parcialmente. O liquido expande e se contrai no tanque auxiliar que “respira”
através do desidratador (sílica-gel).
32
Aspectos Construtivos – Sistema de
preservação de líquido

33
Tipos de Transformador – Finalidade
› Transformador de corrente (TC);
› Transformador de Potencial (TP);
› Transformador de distribuição – rebaixar tensão para
consumidores – instalados em postes – 30 a 300 kVA –
15 ou 24,2 kV; 380/220 V ou 220/127 V;
› Transformador de Potência – geração, transmissão e
distribuição – 5 a 300 MVA com tensões de até 765 kV;.

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Tipos de Transformador
› Função no Sistema
– Elevador;
– Transformador de Interligação;
– Abaixador.
› Separação Elétrica entre os enrolamentos
– De dois ou mais enrolamentos;
– Autotransformador.
› Material do Núcleo
– Ferromagnético;
– Núcleo de ar;
› Quantidade de Fases
– Monofásico;
– Polifásico 35
Autotransformadores X Transformadores de
Enrolamentos Separados
› Nos autotransformadores os enrolamentos primário e secundário
estão em contato. Cada enrolamento tem pelo menos três saídas,
por onde são feitas as conexões elétricas;
› Um autotransformador pode ser menor, mais leve e mais barato do
que um transformador de enrolamento duplo padrão. Entretanto, o
auto transformador não tem isolamento elétrico entre seus
enrolamentos primário e secundário.
› Os transformadores elevadores em usinas elétricas são de dois
enrolamentos, primário em delta e secundário em estrela aterrada.
› Autotransformadores são usados normalmente como elevadores
ou abaixadores entre as faixas de tensão 110-117-120 V e tensões
na faixa de 220-230-240 V.
36
2. Desempenho Térmico

37
Conceitos Básicos
› Modos de transferência de calor em um transformador:
– Condução: dá-se através da isolação e aço para as superfícies e
dutos de resfriamento;
– Convecção natural ou forçada: extração de calor pelo
movimento de um fluido, no caso do transformador o fluido é o
óleo. Este movimento do fluido pode ser natural (gradientes de
temperatura, massa e pressão) ou forçada por ventiladores e
bombas. Este movimento provoca a redução da temperatura do
óleo isolante e este transfere este calor para o tanque que troca
calor com o meio ambiente por convecção natural.
– Radiação: transferência de calor da superfície externa do
tanque para a atmosfera.

38
Conceitos Básicos

› Grandes transformadores são resfriados a óleo. O calor gerado


pelas perdas Joule no núcleo e enrolamentos é absorvido e
armazenado no óleo e transferido por convecção natural ou
forçada às paredes do tanque para ser dissipado na atmosfera.
› Tubos e radiadores soldados no tanque, ajudam na dispersão
deste calor pelo aumento da área de troca de calor. A dispersão
de calor é facilitada pelo uso de radiadores resfriados a água ou
por ventiladores montados diretamente nos radiadores.
› Na convecção forçada, o óleo é bombeado através de vários
dutos existentes entre os enrolamentos e a seguir para os tubos
de resfriamento.

39
Conceitos Básicos

40
Limite Térmico de um Equipamento

› É o valor de corrente que produz uma temperatura que não


pode ser excedida, conhecida como “ponto quente”, que deve
ser diferenciado da temperatura média.
› A maioria dos equipamentos elétricos é constituída por
condutores circundados por material isolante. O aumento
crítico de temperatura é determinado pela máxima
temperatura que a isolação do condutor suporta.
› A temperatura média é determinada medindo-se a variação na
resistência do condutor ou do enrolamento em função do
coeficiente de temperatura. Entretanto, este método não é
preciso pois desconsidera a distribuição de calor no interior
do equipamento.
41
Limite de Elevação de Temperatura

› Definidos na Tabela 6 da NBR 5356 e devem ser


verificados no ensaio de elevação de temperatura. A
escolha entre as elevações 65ºC ou 55ºC pode ser
deixada a critério do fabricante, conforme seja mais
econômico, sendo que para 65ºC o papel isolante deve
ser termoestabilizado.

42
3. Meio Isolante

43
Isolação Sólida - Celulose
› Os materiais que compõem a isolação sólida são o papel e o pressboard
(papelão). Estes materiais possuem celulose na sua constituição.
› A celulose é um polímero natural de origem vegetal. Cada molécula de celulose é
composta de aproximadamente 1000 unidades de um monômero similar a
glucose.
› A medida que a celulose degrada, a cadeia polimérica se rompe e o número de
unidades que se repetem em cada molécula de celulose diminui (redução do
grau de polimerização).
› A medida que o grau de polimerização decresce, a resistência mecânica da
celulose diminui, bem como há uma mudança na fragilidade e cor.
› Como consequência da degradação a celulose atingirá um ponto no qual ela não
funcionará apropriadamente como isolante e perderá sua função de separar
condutores.
› O tempo para que a celulose chegue no fim da vida como isolante depende muito
da sua taxa de degradação.
44
Parâmetros que afetam a degradação da
celulose
› Calor
› Oxigênio
› Humidade
› Ácido

45
Calor
› A medida que a temperatura aumenta, as taxas de reação química
aumentam. Para cada 10ºC de aumento de temperatura, as taxas
de reação química dobram.
› As reações químicas de oxidação e pirólise são as que mais
contribuem para a degradação da celulose. Estas reações
dependem da quantidade de oxigênio, água e ácidos que estão em
contato com a celulose.
› A vida útil da celulose e do óleo são reduzidas de forma marcante
em temperaturas altas. Papel e óleo submetidos a um aumento de
10ºC na temperatura, tem sua vida reduzida em 50%.
› Elevações de temperatura podem resultar de eventos voluntários
tais como aumentos de carga ou de vários eventos involuntários,
tais como processos de falta: descargas parciais e arcos.
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Oxigênio
› A celulose presente no papel, pressboard e madeira oxida pronta e
diretamente para óxidos de carbono (. Todos os óxidos de carbono
encontrados em equipamentos preenchidos com óleo resultam
primariamente de material celulósico.
› Isto tem consequências importantes para os transformadores de
potência porque a vida útil destes depende em última instância da
integridade da isolação sólida, no caso o papel.
› A medida que a celulose reage com o oxigênio ocorre a produção
de e água. Os níveis destes produtos aumentam com o aumento
da oxidação, porém vão até o limite de solubilidade, que depende
da temperatura e da pressão. Após atingirem esse limite sua
produção não aumenta. A água produzida decanta para o fundo do
tanque ou é adsorvida pela celulose (isolação sólida).
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Umidade
› A celulose tem muita afinidade absorver água. A água
absorvida pelo papel da isolação sólida pode migrar para
o óleo a medida que a temperatura do sistema aumenta,
o reverso ocorre quando a temperatura diminui. Num
transformador de potência a quantidade de celulose na
isolação sólida pode ser de milhares de kilogramas.

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Umidade
› Recomenda-se que em transformadores novos, o conteúdo de
água na celulose não exceda 0,5%. Adicionada à água que já
vem contida na celulose quando da entrada em operação do
transformador, existe uma quantidade de água introduzida no
sistema devida à oxidação da celulose.
› A água também é um produto da oxidação da celulose, o que
faz com que sua concentração também aumente com o tempo.
› Mesmo em transformadores bem selados a concentração de
umidade do papel pode continuar aumentando. A taxa de
geração de água é determinada pelo conteúdo de oxigênio do
óleo e pela temperatura do sistema. Um aumento em qualquer
destes fatores aumenta a taxa de geração de água.
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Ácido
› A celulose pode degradar por um processo químico
denominado hidrólise. Durante esse processo, a água é
consumida durante a quebra da cadeia polimérica das
moléculas de celulose.
› Este processo é catalizado por ácidos presentes no óleo
devido seu contato com a celulose. Ácidos carboxílicos
são formados a partir do óleo como resultado oxidação.
O conteúdo de ácido aumenta com o aumento da
oxidação e este aumento do conteúdo de ácido no óleo
ataca a celulose.

50
Isolação Líquida - Óleo
› O óleo mineral é o fluido isolante mais usado na
indústria da eletricidade. Até existem materiais isolantes
com desempenho superior ao óleo mineral tanto do
ponto de vista dielétrico como das propriedades
térmicas.Contudo, até hoje, nenhum supera o requisito de
combinação de melhor desempenho e custo.

51
Funções do Óleo
› Isolação elétrica
– Função primária. Age também como revestimento protetor para as
superfícies metálicas contra reações químicas (oxidação) que podem afetar a
integridade das conexões, formação de ferrugem que podem contribuir para
o processo de contaminação do óleo. Não é bom lubrificante.
› Dissipação de calor
– Função secundária.
› Para fins de diagnóstico
– A terceira função do óleo é servir como indicador da condição operacional
do equipamento isolado a óleo. A condição química e elétrica do óleo
refletem a condição operacional do dispositivo elétrico. Quando as faltas
ocorrem em um equipamento isolado a óleo, a energia dissipada através do
líquido causa sua degradação química. Uma análise destes produtos da
degradação pode fornecer informações sobre o tipo de falta presente.
52
Parâmetros que contribuem para a
degradação do óleo

› Calor
› Oxigênio
› Descargas parciais e faltas térmicas;
› Arco Elétrico
› Ácido

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Fontes de contaminação
› Externa
– Podem ser minimizadas mantendo-se a selagem do sistema, em sistemas
com respirador não é possível.
– Oxigênio;
– Detritos sólidos introduzidos durante a manutenção do equipamento ou
durante o tratamento do óleo;
› Interna
– Originadas pelas reações químicas (oxidação da celulose e do óleo).
– Partículas não metálicas tais como celulose e papel e pressboard;
– Partículas metálicas oriundas do desgaste mecânico e elétrico;
– Umidade da degradação química da celulose (papel e pressboard);
– Produtos da degradação química do óleo resultante da sua oxidação
(ácidos, aldeídos e cetonas).
54
Amostragem de Rotina – NBR 7274 Interpretação
da Análise dos Gases de Transformadores em
Serviços

09/12/2023 0 55
7:12 PM
Método do Gás Chave

•Este método baseia-se no fato de que


quando há uma falha incipiente em
evolução no transformador, a Óleo Sobreaquecido

concentração dos gases a ela 70

associados ultrapassam os valores


63
60

Proporções Relativas (%)


normais de degradação da isolação 50

dos estabelecidos.
40

30

•Regido pela Norma ABNT NBR 20 16


19

7274:2012 10
0
2
0
0

Método do Gás Chave CO H2 CH4


Gás
C2H6 C2H4 C2H2

•Óleo – Térmico: produtos da


decomposição incluem etileno e
metano, juntos com pequenas
quantidades de hidrogênio e etano,
Gás principal: Etileno; 56
09/12/2023 0
7:12 PM
Método do Gás Chave

•Corona – Elétrica: descargas elétricas Corona em Óleo

90 85

de baixa energia produzem hidrogênio e 80

Proporções Relativas (%)


metano, com pequenas quantidades de
70

60

etano e etileno, Gás principal:


50

40

Hidrogênio;
30

20 13
10
0 1 1 0
0
CO H2 CH4 C2H6 C2H4 C2H2

•Arco – Elétrica: grandes montantes de Gás

hidrogênio e acetileno são produzidos, Arco em Óleo

com menor quantidade de metano e 70

etileno, Gás principal: acetileno;


60
60

Proporções Relativas (%)


50

40
30
30

20

10 5
2 3
0
0
CO H2 CH4 C2H6 C2H4 C2H2
09/12/2023 0 Gás
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7:12 PM
4. Gerenciamento de Ativos de
Transformadores de Potência

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Gerenciamento de Ativos de Transformadores
de Potência
› A qualidade da isolação do transformador reflete a
condição de saúde geral do ativo. Uma decisão de
manutenção oportuna e confiável em conjunto com uma
estimação da vida útil remanescente pode ser
identificada através de medições de alguns parâmetros
que refletem a taxa de degradação da isolação do
transformador.

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Introdução
› Estatísticas mostram que a maior parte dos transformadores de
potência nos países desenvolvidos já atigiram ou excederam sua
vida útil de projeto. O mesmo se dá no Brasil, onde algumas
instalações já estão com mais de 40 anos de operação.
› Com a crise econômica global, a percepção da indústria de
eletricidade centra-se em se maximizar o uso dos equipamentos
existentes ao invés de trocá-los.
› Uma população envelhecida de transformadores requer
sistemas de monitoração e diagnóstico mais confiáveis para
detectar faltas incipientes e fornecer uma plano de manutenção
preditiva eficiente que possa estender a vida operacional do
ativo e minimizar a possibilidade de falhas catastróficas.
60
Introdução
› Parâmetros de monitoramento de condição tais como furan, análise
de gases dissolvidos, conteúdo de água e temperatura podem ser
correlacionados com a vida útil remanescente usando modelos
matemáticos conforme pode ser encontrado na literatura.
– A. M. Emsley, X. Xiao, R. J. Heywood, and M. Ali, ‘‘Degradation of cellulosic
insulation in power transformers. Part 2: Formation of furan products in insulating oil,’’
IEE Proceedings on Science, Measurement and Technology, vol. 147, pp. 110–114,
2000.
– L. E. Lundgaard, W. Hansen, D. Linhjell, and T. J. Painter, ‘‘Aging of oil impregnated
paper in power transformers,’’ IEEE Transactions on Power Delivery, vol. 19, pp. 230–
239, 2004.
– N. A. Bakar, A. Abu-Siada, and S. Islam, ‘‘A Review on Chemical Diagnosis
Techniques for Transformer Paper Insulation Degradation,’’ in Australasian
Universities Power Engineering Conference, AUPEC 2013, 2013.
– L. Cheim, ‘‘Furan analysis for liquid power transformers,’’ IEEE ElectricalInsulation
Magazine, vol. 28, p. 8, 2012.
›A
61
Introdução
› Uma abordagem para avaliar a condição de
transformadores é o uso de “Indicadores de Saúde” (HI –
Health Index) ou uma tabela de score. A técnica baseada
em HI desenvolve-se a partir de fatores de peso pré-
definidos para cada parâmetro e usa dados históricos
obtidos com pessoal especializado.

62
Condição de Saúde do Transformador
› A qualidade do sistema de isolação de um transformador de
potência (papel e óleo) reflete a condição de saúde do
transformador.
› A combinação de calor (pirólise), umidade (hidrólise) e ar
(oxidação) no interior de transformadores em operação causa a
decomposição do papel e do óleo o que resulta em um número de
gases que tem uma relação de causa e efeito de várias faltas.
› Faltas como sobreaquecimento, descargas parciais e arcos
sustentados produzem gases como hidrogênio, metano, acetileno,
etileno e etano que se dissolvem no óleo e podem se
quantificados usando análise de gases dissolvidos (AGD). A
quantidade desses gases no óleo pode ajudar na identificação do
nível criticidade da saúde do transformador.
63
Condição de Saúde do Transformador
› Produtos químicos como óxidos de carbono e derivados de
Furano são formados devido a degradação da isolação de
papel e podem ser detectados através de gases dissolvidos no
óleo e análises de Furano.
› A vida útil de um transformador relaciona-se fortemente com a
idade da isolação de papel, e óxidos de carbono e furano são
muito usados como indicadores para predizer a vida
remanescente do transformador e criticidade do
envelhecimento do papel.
› Contudo o tratamento de óleo elimina os óxidos de carbono e
o furano dissolvidos, o que limita a confiabilidade destes
gases na análise de vida útil remanescente.
64
Parâmetros propostos para avaliar a vida útil
de transformadores
Categoria Parâmetro
Estimativa da vida útil remanescente Furano, conteúdo de água, oxigênio,
aumento de temperatura operacional.
Criticidade do envelhecimento do Papel Furano e óxidos de carbono.
Criticidade de faltas Gases de falta: metano, etileno, acetileno e
etano
Criticidade de contaminação Tensão Interfacial
Criticidade relativa de envelhecimento Conteúdo de água, oxigênio e aumento de
acelerado temperatura operacional.

BAKAR, Norazhar Abu; ABU-SIADA, Ahmed. Fuzzy logic approach for transformer remnant
life prediction and asset management decision. IEEE Transactions on Dielectrics and
Electrical Insulation, v. 23, n. 5, p. 3199-3208, 2016.

65
Fluxograma de uma proposição de
abordagem
BAKAR, Norazhar Abu; ABU-SIADA,
Ahmed. Fuzzy logic approach for
transformer remnant life prediction and
asset management decision. IEEE
Transactions on Dielectrics and
Electrical Insulation, v. 23, n. 5, p.
3199-3208, 2016.

66
Análise de caso e sistema de gerenciamento
de ativo.
› Caso: FUSÃO/CORROSÃO NOS LINKS DE
INTERLIGAÇÃO DAS BUCHAS DE BT E TERMINAIS
DO COMUTADOR DO TAPE FIXO DO TRAFO
ELEVADOR DA UHE TUCURUI.
› Em 25/01/2003, foi solicitado pelo ONS a comutação
dos tap’s dos doze transformadores da primeira etapa
na UHE Tucuruí.
› Após esta comutação, verificou-se pela manutenção
preditiva e por meio das análises de gas-
cromatográfica, a geração de gases que sugeria defeito
térmico de alta temperatura nos transformadores.

NASCIMENTO, L. F. A. et al. Desenvolvimento de


Metodologias para a Integração do Diagnóstico de
Defeitos de Transformadores de Potência. IV
Citenel. Araxá, MG (in Portuguese), 2007.

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Exemplo de software de gerenciamento de ativo

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