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Desigualdades em saúde bucal e desenvolvimento humano:

Um ensaio em preto, branco e alguns tons de cinza

Samuel Jorge MOYSÉS

No artigo de Samuel Jorge Moyses, sobre desigualdades em saúde bucal e


desenvolvimento humano, o autor relaciona as diversas classes sociais com a
qualidade da saúde bucal dos indivíduos salientando as condições e o acesso
dos indivíduos à profissionais da área da saúde.
Para o autor, as classificações sociais não podem envolver apenas
dimensões ecnomicoas e sim, uma série de questões culturais como religião,
economia, etnia, cultura, política, gênero entre outras.
No artigo são expostos dados que a população abaixo da linha da pobreza
está aumentando, e que no Brasil esse problema poderia ser solucionado com
investimentos que representariam menos de 5% do PIB nacional, investimentos
em programas de renda mínima, saúde, educação e qualificação profissional, o
governo poderia diminuir as desigualdades sociais e garantir um salário mínimo
mensal de R$100 para os segmentos mais pobres da população.
O índice de desenvolvimento humano no Brasil atingiu em1996 o nível de
pais com alto desenvolvimento humano,com índice de 0,809. As cinco regiões
do pais demonstraram uma enorme discrepância de valores, em que na região
Sul o ID ficou em 0,844, acima da média nacional, e na região Nordeste, menor
índice, apresentou IDH de 0,548.
O autor relacionou o IDH com CPOD de crianças de 12 anos, do ano de
1996, com os dados montou uma tabela que expressa que o IDH não tem
nenhuma relação totalmente evidente com o índice CPOD. Moyses apoud Witt
(1992) e Chen (1995) diz que crianças que pertencem a classes sociais mais
ricas apresentam maior índice de carie comparado a crianças de menor renda
em paises em desenvolvimento, enquanto nos paises industrializados esse
quadro se inverte. Em paises desenvolvidos as diferenças entre classes sociais
mais pobres para ricas apresentava que as classes pobres tinha cerca de 2,47
vezes mais crianças apresentavam carie que nas classes ricas em 1973, em
1989 esse índice aumentou para 9.3 vezes.
As explicações teóricas sitadas pelo autor referenciadas por Petersem (1990,
1997) e Locker (1993) são: explicações baseadas no conceito de “artefato”
estatístico; b) teorias de seleção natural ou social; c) teoria materialista ou
estruturalista; d) explicações culturais/comportamentais.
O autor afirma que relações de saúde e ciências sociais deixam bastante
espaços para controversas teóricas, e afirma também que a cárie dental é um
problema de saúde publica sócio político. Declara que saúde é um produto de
forças sociais. Saúde é assumida como sendo uma propriedade do ambiente
social e a da relação do indivíduo com este ambiente.
Influência da classe social nas razões clínicas das perdas
dentárias

Renata Cimões 1
Arnaldo de França Caldas Júnior 2
Eliane Helena Alvim de Souza 2
Estela Santos Gusmão

No estudo realizado por Renata Cimões e colaboradores, foi analisada a


infuencia da classe social relacionada com perdas dentarias na cidade de
Maceió – Alagoas, levando em consideração a cárie e a doença periodontal
como causa de perda dental. O estudo tem como objetivo determinar a
influencia da classe sócia como razão das perdas dentais de adultos.
Foram analisados 466 pacientes, sendo 313 provenientes do serviço públicos
e o restante de clinicas privadas. Os autores optaram pela classificação social
de Lombardi et al. Em que a sociedade se divide em burguesia, nova pequena
burguesia, pequena burguesia tradicional, proletariado típico, proletariado não
típico e subproletariado, e razões das perdas foram determinadas pelos
critérios propostos por Kay & Blinkhorn9, onde as extrações foram incluídas em
oito categorias: cárie, doença periodontal, razões ortodônticas, razões pré-
protéticas, trauma, pericoronarite, pedido do paciente e outras.
Os indivíduos foramseparados em 3 grupos para analise, Grupo G1 -
formado por indivíduos nas classes burguesia, nova pequena burguesia e
pequena burguesia tradicional; Grupo G2 - formado pelas classes do
proletariado típico e proletariado não
típico e Grupo G3 - formado pelos indivíduos do subproletariado.
Os resultados demonstraram que a maior razão de perda dental foi a cárie
seguida por doença periodontal,atingido em maior parte as classes proletariado
típico, proletariado não típico e subproletariado. Os pacientes apresentaram em
média 16,59 ± 6,96 dentes cariados, perdidos ou obturados, a maioria dos
pacientes 219 (47,0%) apresentaram CPOD entre onze a vinte dentes.
Com o estudo concluiu-se a influencia da classe sócia com a qualidade da
saúde bucal dos indivíduos, em que as classes do grupo G1 obtiveram menor
perda dental comparada com os outros grupos.
Cárie dentária no Brasil: declínio, polarização, iniqüidade e
exclusão social

Paulo Capel Narvai,1 Paulo Frazão,1 Angelo Giuseppe Roncalli 2


e José Leopoldo F. Antunes

No estudo Cárie dentária no Brasil: declínio,polarização, iniqüidade e


exclusão social os autores por meio de coleta de dados, fizeram um
comparativo quanto a saúde bucal brasileira entre a década de 80 ao ano de
2003 com intuito de verificar a evolução do índice CPOD e o acesso de
tratamento odontológico de escolares durante o período mencionado.
Os documentos coletados datados antes de 1986 e do ano de 1993 não
foram precisos quanto ao índice CPOD, porém foram utilizados como
estatísticos e o trabalho foi focalizado nos anos de 1986 e 2003.O acesso da
população ao tratamento odontológico foi baseado no índice de cuidados
odontológicos(razão entre dentes restaurados e o total de dentes com
experiência de cárie). Foi analizado o fenomeno de polarização de carie em
que 75% das caries estiveram presente em 25% da população analizada.
Analisando o gráfico da figura 1 composto pelos índices de CPOD coletados
entre 1980 à 2003, observa-se um declínio na atividade de carie da população
analizada, em que em 1980 o CPOD era 7,3, em 1996 atingiu se o nível
moderado e em 2003 apresentou se como 2,8, ainda um nível moderado
porem uma grande evolução comparado ao índice de 1980. Na figura 2
observa-se a evolução separada por região, em que a maior evolução esta na
regiao Centro-Oeste do pais que baixou de 8,5 em 1986 para 3,5 em 2003, e
salienta os melhores índices para região sul e sudeste alcançados 2,3 em
2003,considerados níveis baixos de CPOD, fato que relaciona o índice CPOD
com o índice de IDH,em que as regiões com maiores índices de IDH
apresentaram menor índice de CPOD.
Apesar dos dados não serem completamente padronizados, os autores
chegaram a conclusão de que ocorreu um grande declínio da atividade de caria
devido ao melhor acesso à água encanada,creme dental fluoretado e a busca
por tratamento odontológico, porém a doença carie ainda está concentrada em
uma menor população.
Desigualdades sociais e Saúde Bucal

A valorização da saúde bucal está causando uma maior consciência sobre o assunto
em todas as classes sociais, os índices de CPOD vem caindo de maneira satisfatória, e
os indivíduos parecem estar mais dispostos à procurar auxilio odontológico.
Segundo estudo realizado por Paulo Capai Naray e colaboradores, o índice CPOD
para crianças de 12 anos passou de 7,3 em 1996 para 2,8 em 2003, mostrando uma
grande evolução da saúde bucal.Porém o mesmo estudo demonstra que a concentração
de CPOD está em uma minoria de indivíduos (75% dos dentes perdidos,cariado e
obturados está em 25% da população).
Renata Cimões em seu estudo afirma que grupos com maiores rendas,
consequentemente maior educação e maior acesso a serviços básicos possuem menor
índice de dentes perdidos em comparação aos grupos de menor renda e escolaridade.
A população menos favorecida socialmente possui menor acesso à odontologia devido
a vários fatores como falta de profissionais no serviço publico, problemas relacionados
com vergonha a procurar um profissional, ou desconhecimento sobre a saúde bucal.
Para melhorar o acesso a saúde bucal nas classes menos favorecidas, deve ser feito
programas governamentais que incentivem a higiene oral já na escola, acompanhamento
pediátrico de pofissionais e melhores condições do serviço publico.

Referências:

CIMÕES, Renata et al,Influência da classe social nas razões clínicas das


perdas dentárias
MOYSES, Samuel Jorge; DESIGUALDADES EM SAÚDE BUCAL E
DESENVOLVIMENTO HUMANO: UM ENSAIO EM PRETO, BRANCO E
ALGUNS TONS DE CINZA.
NAVAI, Paulo Capel Cárie dentária no Brasil: declínio, polarização, iniqüidade e
exclusão social
Universidade Positivo

Jean Carlos Dagort

Saúde e Sociedade

Curitiba, 03 de maio de 2011

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