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LIVRO DE RESUMOS

ISBN: 978-85-8320-196-0
CRISTIANA COSTA DA ROCHA
LUCAS RAMYRO GOMES DE BRITO

III SIMPÓSIO DE HISTÓRIA DA UESPI:


SOCIEDADE E MUNDOS DO TRABALHO
(Livro de Resumos)

1ª Edição

Teresina
Fundação Universidade Estadual do Piauí – FUESPI
2017
Livro de Resumos
III Simpósio de História da UESPI:
sociedade e mundos do trabalho

Comissão Organizadora: Comissão Científica:


Cristiana Costa da Rocha José Luís de Oliveira e Silva (IFPI)
Lucas Ramyro Gomes de Brito Viviane de Oliveira Barbosa (UFMA/UEMA)
Francisco Lopes da Silva Filho Jonas Rodrigues de Moraes (UFMA)
Jonas Rodrigues de Moraes Dimas dos Reis Ribeiro (UFMA)
Cláudio Rodrigues de Melo Manoel Domingos Neto (UFC)
Felipe da Cunha Lopes Salânia Maria Barbosa Melo (UESPI/UEMA)
Francisco Chagas Oliveira Atanásio Alcebíades Costa Filho (UESPI/UEMA)
Salânia Maria Barbosa Melo Joseanne Zingleara Soares Marinho (UESPI)
Antonia Valtéria Melo Alvarenga Francisco Chagas Oliveira Atanásio (UESPI)
Clarice Helena Santiago Lira Cristiana Costa da Rocha (UESPI)
Sergio Romualdo Lima Brandim Pedro Pio Fontineles Filho (UESPI)
Ângela Maria Macedo de Oliveira Rosângela Assunção (UESPI)
Reinaldo dos Santos Barroso Junior João Batista Vale Júnior (UESPI)
Lia Monnielli Feitosa Costa Antonia Valtéria Melo Alvarenga (UESPI/UEMA)

Apoio Técnico:
Eliliane Raquel Monteiro Cardoso França
Cássio Fran Nunes Lima
Amara Prysciliana Brandão da Silva Ferreira
Lucas Ramyro Gomes de Brito
Brenda da Costa Silva
Rômulo Rocha e Silva
Bárbara Rocha de Macêdo
Francisco Antonio Sousa Soares
Rafael Nascimento Dias Resende
Matheus França dos Santos
Denise Costa Silva
Luiz Felipe Silva dos Santos

Coordenação Geral:
Cristiana Costa da Rocha

Edição e Revisão:
Lucas Ramyro Gomes de Brito

Arte (Capa):
Antonio Amaral

Universidade Estadual do Piauí – UESPI


Centro de Ciências Humanas e Letras – CCHL
Coordenação do Curso de História
Grupo de Pesquisa em História Oral – GPHO
Rua João Cabral, 2231, Pirajá,
Teresina-PI, CEP: 64002-150
http://www.shuespi.com
SUMÁRIO

SIMPÓSIO TEMÁTICO 01:


HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO 10

A emergência do campus e das pesquisas da história das mulheres e das relações de gênero na
Universidade Federal do Piauí 11

O papel social feminino em a muralha de Dinah Queiroz 12

As relações de gênero em “Por um Sorriso” de Clodoaldo Freitas 13

O corpo e a escrita: perfis femininos nos folhetins de Clodoaldo Freitas 14

Demônios de anáguas: ansiedade e medos masculinos diante da mulher presentes na sensibilidade


jornalístico-literária de Teresina (1900-1925) 15

Os “pesadíssimos vexames das dispensas matrimoniais” na luta pelo bispado do Piauí (1829-1859) 16

Gênero, sexualidade e relações sociais: uma análise na Escola José Erivan Cordeiro 17

Ninguém nasce viril: aprende-se a ser! uma análise das masculinidades oeirenses 18

Os filhos da caatinga: gravidez e maternidade no cangaço 19

Mulata tipo exportação: estereótipos e imagens da mulata no Brasil e no exterior (1930-1980) 20

Violência contra a mulher: apontamentos sobre violência urbana em Teresina na década de 1980 21

Traumas e dores femininos: as violências que estão submetidas as mulheres e meninas na cidade
de Oeiras (2009-2016) 22

Dos atos aos autos: fontes históricas para análise das violências de gênero no município de Oei-
ras/Pi 23

Entrave ao mal venéreo: a implantação de políticas públicas de saúde para o tratamento de doen-
ças venéreas em Teresina durante o estado novo (1937-1945) 24

Mulheres e crianças, alvos de políticas de saúde: as ações beneméritas e do poder público na assis-
tência materno-infantil em Teresina (1930-1940) 25

A constituição das políticas públicas de saúde materno-infantil no Piauí (1930-1945) 26

SIMPÓSIO TEMÁTICO 02:


HISTÓRIA, ARTE E CULTURA 27

Roque Moreira e seu gosto na berlinda: uma análise da cultura popular na Rádio Pioneira de Tere-
sina no período 1970-1990 28

O pagode Zabé Fulô: expressão cultural da cidade de Regeneração - Pi (1960-2014) 29

Cidade em festa: manifestações carnavalescas em Teresina na década de 1970 30

Cemitérios e arte popular: a circulação da arte funerária na necrópole municipal de Pinheiro – Ma 31


Tanatologia e patrimônio: uma leitura das representações do dia de finados na cidade de Codó –
Ma 32

O olhar da cultura tradicional sob a cultura periférica - as permanências descritas por Raymond
Williams 33

O riso na história: as charges no Jornal O Dia de 1985 como produção de sentidos 34

Baudelaire e seus quadros parisienses: percepções da modernidade na literatura e na cidade 35

O genocídio do nordeste 1979-1983: uma abordagem analítica sobre os significados das fotografi-
as de Sebastião Salgado 36

Domingos Fonseca - oralidade e pertencimento 37

Cinema, História e Historiografia: a sétima arte como objeto de estudo para a História 38

O cinema em Oeiras: experiências modernas na década de 1940 39

O filme “a outra história americana” como análise dos conflitos sociais norte-americanos 40

Cibercultura: o processo educacional e as influências das novas tecnologias no ensino de História 41

Arte, intelectualidade e política na cidade sensível: experiências históricas e indenitárias


de Afonso Lima sobre o “progresso” de Teresina na década de 1970 e 1980 42

SIMPÓSIO TEMÁTICO 03:


EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA 43

Bela, recatada e profissional: a relação entre mulher e educação, em Teresina na primeira metade
do século XX 44

“Dar escola a quem desejar”: instrução pública em Teresina, na década de 1970 45

A moda e as reconfigurações comportamentais em Teresina nas décadas de 1960 – 1970 46

Educação patrimonial e o ensino de história: relato de experiência no Pibid sobre as reflexões do


patrimônio histórico e cultural de Teresina 47

O patrimônio cultural: possibilidades de valorização e preservação através da educação patrimo-


nial em Codó-Ma 48

A socialização do conhecimento arqueológico como ferramenta didática nos níveis fundamental e


médio: uma análise das ações educativas do Projeto Planalto Piauí 49

Projeto “Canteiros da História - a Avenida Frei Serafim como patrimônio cultural de todos nós”:
uma experiência no Pibid 50

Patrimônio cultural: a importância da catalogação e organização das manifestações culturais de


Teresina para o patrimônio cultural do Piauí 51

A administração dos bondes elétricos na década de 1960, em São Luís-Ma 52

Caminhos e estradas coloniais de Oeiras 53


Mercado da Piçarra: um patrimônio da gastrônomia popular de Teresina 54

Processo de escolarização da arte capoeira em Teresina/Pi 55

Tarab: o fenômeno da efervescência vivenciado na dança do ventre 56

Laços de educação familiar 57

Empreendedorismo feminino e a importância das mulheres para a sociedade 58

Traçando empresas novas em família 59

SIMPÓSIO TEMÁTICO 04:


AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS 60

(Re)Pensando a "ovelha negra": história, música e gênero na obra de Rita Lee de 1972 a 1990 61

Memórias de uma rua onde o pau nunca cessa: violência e prostituição na cidade de Floriano-Pi
(1950-1970) 62

Clio rompendo as amarras: narrativas, movimentos sociais, violência e o dia da mulher em Teresi-
na-Pi 63

Escultores do corpo: história, memória e narrativas do fisiculturismo no Piauí 64

Entre o credo e a escrita: religiosidade e historiografia na obra de Padre Cláudio Melo 65

Entre vestígios e narrativas: história e memória no museu de Piracuruca-Pi 66

Para além da seca: história e narrativas da Comissão de Socorros Públicos em Teresina-Pi (1877-
1880) 67

Setas e flechas: a escrita d’O Liberal sobre Teresina e o Piauí, nos anos de 1970 68

Beleza negra: a construção da identidade negra no Pibid/História sob os aspectos da estética 69

Docência e pesquisa: uma relação possível no Pibid de História da UFPI 70

Leituras e lutas: narrativas sobre as “Diretas Já” no livro didático de História 71

Do professor ao prefeito: narrativas e a história política de Wall Ferraz 72

O exército brasileiro e o sorteio militar no Piauí (1930-1945) 73

Amando e cantando a pátria: educação e a prática de canto orfeônico no Piauí (1930-1945) 74

Outras escritas de Clio: história e narrativas de guerra na obra de Curzio Malaparte 75

SIMPÓSIO TEMÁTICO 05:


NARRATIVAS E PERTENCIMENTO 76

O som das narrativas: as disputas historiográficas acerca da ditadura e seus reflexos na importân-
cia atribuída ao fazer historiográfico 77

O medo nos trilhos: o golpe civil-militar e os ferroviários piauienses 78


“Sant’Ana sede sempre nossa protetora”: o festejo de Santa Ana na comunidade Santana dos Nunes 79
em Peri-Mirim-Ma (1958 – 2017)

Memórias de uma devoção: promessas e milagres na dança de São Gonçalo em Campo Maior-Pi 80

Dançando a gira na umbanda: performance e ancestralidade na vivência corporal do povo de ter-


reiro 81

A história e as construções narrativas sobre a Inquisição 82

A formação de identidades na contemporaneidade: globalização, identidade e o papel da memória 83

Ser imortal no Piauí: jogos de poder e distinção social em J. Miguel de Matos 84

A culpa é o túmulo da memória: poder, morte e patriarcado no município de Pinheiro - Maranhão 85

A História Oral e memória na Arqueologia – à procura dos vestígios da fazenda Cabeça do Tapuia
em São Miguel do Tapuio – Piauí 86

Vivências e experiências sobre o processo de transformações urbanas em Campo Maior entre


1940-1980 87

A agricultura familiar em Codó (Ma): a terra como um processo histórico de sujeitos e narrativas 88

Direito e literatura na crônica de Lima Barreto 89

Um percurso do gênero biografia a partir da narrativa memorialista 90

SIMPÓSIO TEMÁTICO 06:


ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS 91

Didática da História: contribuições do filósofo alemão Jörn Rüsen 92

A transposição didática da historiografia sobre a Balaiada nos livros didáticos de História do Ensi-
no Básico 93

As artes literárias no ensino da História 94

Nas entrelinhas da libertação: as cirandas literárias e o incentivo à leitura no Pibid/História 95

Memórias da cidade: relato de experiência do projeto do Pibid e reflexões sobre o Ensino de Histó-
ria 96

História e meio ambiente na educação escolar: ensinado sobre a integração do homem com a natu-
reza 97

O Ensino de História e música popular brasileira: uma nova vertente de abordar a História do Bra-
sil 98

Chorões de Teresina: das rodas de chorinho ao Clube do Choro (1970–2000) 99

Crise de representações e as manifestações de rua no tempo presente 100

SIMPÓSIO TEMÁTICO 07:


TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA 101
História da imigração italiana no Piauí nos anos de 1870-1905 102

“O sujeito sofre por ficar, sofre por sair e ao chegar”: uma análise da vulnerabilidade como elemen-
to influenciador para a migração e o aliciamento para o trabalho escravo contemporâneo 103

O agronegócio no Piauí: embates entre o desenvolvimento econômico e a problemática do traba-


lho escravo 104

Do trabalho forçado ao análogo à escravidão: reflexões sobras as condições de trabalho no ciclo da


cera de carnaúba, Piauí – 1930 à 2000 105

A criação da fábrica de cachaça Raimundo Sobreira e as novas sociabilidades em Novo Oriente do


Piauí (1950-1960) 106

Trabalho e sociabilidade: redes econômicas e sociais de trabalhadores da usina Comvap, Piauí 107

Mercado público São José “mercado velho”, lugar social de memórias e ofícios em Teresina na dé-
cada de 1950 108

Cultura política e a construção de uma memória indígena piauiense: uma proposta de estudo so-
bre a Carta Aberta aos Povos Indígenas 109

Corpo de polícia do Piauí: pedidos para escusar-se do Serviço Militar 1852 a 1865 110

“Lavar roupa todo dia, que agonia...”: a condição social das lavadeiras de roupas nos rios de Tere-
sina (1970-1975) 111

As quebradeiras de coco do Piauí: da autonomia à sustentabilidade 112

Economia moral e estratégias de sobrevivência de agricultores no município de União - Pi, de 1930


à 1960 113

Os agentes sociais do campo seus enredos e vivências: assentamento serra do Coroatá – Altos -
Piauí (2000-2012) 114

Socorro público no semiárido piauiense (1950-1980) 115

Os trabalhadores e as frentes de emergência: o Piauí na seca de 1979-1983 116

A enxada e a roça: trabalho e resistência cotidiana camponesa no Piauí 117

SIMPÓSIO TEMÁTICO 08:


HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL 118

Da norma à transgressão: o ideário de ordem e disciplina na Teresina oitocentista 119

A viagem científica de Neiva e Penna: saúde e doença no Piauí (1889-1930) 120

A História do Autismo no Piauí: trajetórias, saberes e inclusões 121

“Rizoma Endêmico”: segmentação territorial da Hanseníase em Teresina-Pi (2006-2016) 122

A atuação do poder público no controle das deteriorações sociais entre os habitantes de baixa ren-
da em Teresina nos 1980, a ênfase nas ações voltadas para o lazer 123
O dispositivo de vigilância panóptico na obra de Michel Foucault 124

Política e imprensa: discursos e práticas (década de 1970) 125

Entre a convocação e a fuga: as estratégias de recrutamento e as táticas de fuga dos piauienses


durante a guerra do Paraguai (1864-1870) 126

Entre o idealizado e o vivido: o Serviço Militar obrigatório no Piauí entre os anos de 1918 e 1945 127

O populismo como controle social no Brasil de 1930-1945 128

Educação e disciplina no Estado Novo em Cazuza, de Viriato Corrêa 129

Uma análise do neonazismo europeu e a formação de grupos neonazistas no Brasil 130

SIMPÓSIO TEMÁTICO 09:


MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS 131

Jornalismo e memória: o Ato Institucional nº 5 nos jornais piauienses entre 1968 a 1969 132

Rádio Calçada: história da rádio comunitária em Teresina entre 1991 e 1998 133

A história das lutas sociais do movimento de rádios comunitárias do sertão do Piauí 134

Movimento operário na Europa: a luta da classe operária no meio trabalhista 135

Cidade em conflito: a luta dos moradores favelados nos processos de ocupações em Teresina na
década de 1990 136

Movimento estudantil no Piauí: a atuação da União Municipal dos Estudantes de Teresina no mo-
vimento “Fora Collor!” 137

Estudantes na rua: o movimento #contraoaumento 138

O movimento das cores: a primeira parada gay em Teresina 139

O movimento feminista na luta de classe 140

A questão feminina na universidade: uma análise sobre o corpo docente do campus de Pinheiro -
UFMA 141

Quebradeiras de coco na baixada maranhense: conflitos, identidades e movimento social 142

Vozes ou silêncios: historicizando as experiências das mulheres no sindicato dos bancários de Te-
resina (1986-1995) 143

O polêmico horário no comércio de Teresina na segunda metade da década de 1990 144

A luta continua: a Adcesp e as greves na Uespi 145

SIMPÓSIO TEMÁTICO 10:


MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCULOS
XVII A XIX) 146

“Brancas para casar, mulatas para foder, negras para trabalhar:” o discurso acerca da sexualidade
no contexto familiar apresentado na obra Casa-Grande e Senzala de Gilberto Freyre 147
Escravidão no Piauí: especificidades locais 148

História de vida no trabalho burguês em sociedade de corte e escravo em charqueada (XVIII – XIX) 149

Sambas, batuques e bois: a representação das festas nos jornais piauienses de 1870 a 1889 150

As drogas do sertão: o papel dos missionários no processo de exploração dos braços nativos no
sertão do Maranhão em meados do século XVII 151

Descendo o sertão: o tráfico de escravos africanos para o sertão do Maranhão no terceiro quartel
do século XVII 152

Mercadoras de feitiços e sortilégios: proprietários e escravizados na economia dos dons sobrena-


turais no século XVII 153
III Simpósio de História da UESPI: sociedade e mundos do trabalho
Livro de Resumos
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ST-01: História, relações familiares e identidades de gênero.


Profa. Dra. Joseanne Zingleara Soares Marinho (UESPI)
Profa. Ma. Angela Maria Macedo de Oliveira (UESPI)
Profa. Ma. Lívia Suelen Sousa Moraes Meneses (UESPI)

Os campos de estudos das Relações Familiares e das Identidades Gênero constituem-se como dimen-
sões de crescente relevância na historiografia e encontram-se frequentemente vinculados. Isso pode
ser observado por meio de intensas e diversificadas produções que, por sua vez, articulam múltiplas
feminilidades, masculinidades e relações familiares, estando inseridas em espaços e tempos históricos
distintos. Nesse sentido a proposta do Simpósio Temático é reunir e discutir as pesquisas que estão
sendo desenvolvidas nas áreas de Família e Gênero que estejam relacionadas a variáveis como: educa-
ção, política, direito, religião, trabalho, saúde, corpo, sexualidade e outras, contribuindo, assim, para o
fortalecimento de um diálogo entre os/as pesquisadores que trabalham com os campos historiográfi-
cos em questão.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

A EMERGÊNCIA DO CAMPUS E DAS PESQUISAS DA HISTÓRIA DAS MULHERES E DAS RE-


LAÇÕES DE GÊNERO NA UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ
Conceição de Maria Santana Araújo

O presente artigo tem como título “A emergência do campus e das pesquisas da História das
Mulheres e das Relações de Gênero na Universidade Federal do Piauí”. Ele foi desenvolvido
por perceber dentro da academia um número significativos de trabalhos de conclusão de cur-
so de graduação e de pós-graduação em História, referente à História das Mulheres e Relação
de Gênero, assim como uma maior abertura de temáticas dentro dessas categorias. Dessa ma-
neira, tal artigo apresenta como objetivo principal, mostrar a trajetória de consolidação desse
campo historiográfico dentro da Universidade Federal do Piauí, desde o início do seu funcio-
namento, na década de 1970, até meados do ano de 2017 e categorizar e analisar os trabalhos
realizados dentro da academia de acordo com as categorias referente ao campus História das
Mulheres e Relação de Gênero. Como objetivos secundários podemos citar a tentativa de mos-
trar a importância dessa área de pesquisa realizando uma previa análise historiográfica do
campus em um cenário mais global e as condições de emergência do campus dentro da Uni-
versidade. Para alcançar tais objetivos, realizamos um levantamento dos trabalhos produzi-
dos dentro da academia, respectivamente de graduação e pós-graduação, usando os currículos
lates de professores que atuam nessa linha de pesquisa, e os trabalhos encontrados na biblio-
teca central da universidade, assim como na coordenação do curso de mestrado, e nos sites
dessas referidas seções onde. Como referência bibliográfica, usamos alguns textos, e artigos
de Maria Joana Pedro e Raquel Soihet, Joan Scott, e Michelle Pierrot que são alguns nomes de
referência historiográfica no campos de História das Mulheres e Relação de Gênero em um
nível mais global, e também algumas referências da própria academia e que coordenam um
grupo de pesquisa referente a essa área, como Elizangela Cardoso, Pedro Vilarinho, assim
como também alguns textos de Teresinha Queiroz, que facilitaram o entendimento sobre o
processo historiográfico piauiense, entre outros textos. Semelhante do que aconteceu em ou-
tros centros acadêmicos a emergência do campus no Piauí se deu a partir de uma mudança no
processo de produção historiográfica que estava acontecendo em meados do século XX, com a
própria emergência de uma vivencia mais feminina dentro da sociedade, com a chegada dos
professores das pós graduações, com a produção de primeiras obras sobre história das mu-
lheres no Piauí, fomentaram o desenvolvimento de pesquisas na aérea. Dentro da academia
ocorreu um maior desenvolvimento dessa temática a partir do século XX e da criação do curso
de mestrado e de um grupo de estudo e desenvolvimento de pesquisa sobre História e Gênero,
onde observou-se uma efetiva consolidação do campos e um maior número de pesquisas.

Palavras-chave: História das Mulheres. Relação de Gênero. Historiografia.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

O PAPEL SOCIAL FEMININO EM A MURALHA DE DINAH QUEIROZ


Mônica Cardoso Silva, Algemira de Macedo Mendes

A literatura acompanha o desenvolvimento das atividades humanas desde os domínios inici-


ais da escrita. Esses registros contam histórias de determinadas pessoas, comunidades ou, até
mesmo, de nações que utilizam essa representação simbólica a fim de serem ouvidas, reco-
nhecidas e compreendidas pelas demais. Por esse viés, surge a escritora Dinah Silveira de
Queiroz, que reconta a história de um Brasil Colônia em época dos bandeirantes a procura de
ouro e outros metais preciosos, abrindo uma análise possível sob a perspectiva feminina na
obra A Muralha e possibilitando uma visão renovada dos acontecimentos. Isso porque expõe
fatos e personagens até então não citados nos relatos oficiais ou mesmo ficcionais de modo
tão particular, principalmente se considerada a época retratada, ou seja, de 1835 a 1845,
quando ainda não era admitido qualquer questionamento acerca da figura masculina ou das
práticas sociais existentes. O presente trabalho tem como objetivo analisar o papel desempe-
nhado pelas mulheres no romance A Muralha de Dinah Silveira de Queiroz, publicado em
1954 cujo enredo é narrado a partir da perspectiva da personagem feminina. A narrativa se-
gue uma ordem temporal cronológica e é dividida em três capítulos: “Descoberta da Terra”, “A
Madama do Anjo” e “Canção de Margarida”. A ação se passa nos espaços compreendidos pela
Fazenda Lagoa Serena, localizada na então Vila de São Paulo do Campo de Piratininga; e pelo
Sertão, inseridas aí as regiões a serem desbravadas pelos paulistas, nas capitanias de São Pau-
lo, Bahia e Minas Gerais. É nesse cenário que se desenrola a história das personagens da famí-
lia, com destaque para as mulheres que ganham relevante espaço e são descritas de modo pe-
culiar, a diferenciá-las, por exemplo, das mulheres do Reino lutando muitas vezes sozinhas
por sua sobrevivência, já que os homens passavam longos meses no Sertão. Nesse contexto
social que realizamos a pesquisa, analisando como se dá a constituição dos lugares sociais de
onde enunciam essas mulheres, os papéis que lhes são atribuídos, considerando as condições
sociais, históricas e de linguagem. Para tanto as questões enunciativas do texto serão aborda-
das a partir dos pressupostos teóricos de HIGONNET (1991), SAMARA (1989), DEL PRIORE
(2004), dentre outros.

Palavras-chave: A Muralha. Feminino. História.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

AS RELAÇÕES DE GÊNERO EM “POR UM SORRISO” DE CLODOALDO FREITAS


Camila de Macedo Nogueira e Martins Oliveira

O presente artigo aborda a relação história e literatura tomando como foco a discussão de
gênero a partir da análise das relações entre homens e mulheres na novela “Por um sorriso”
do intelectual piauiense do século XIX-XX, Clodoaldo Freitas. A novela, ambientada em São
Luís no Maranhão nos idos de 1910, foi publicada originalmente em 1921 no jornal Correio do
Piauí. A novela mencionada trata do amor e suas vicissitudes a partir do olhar do personagem
Carlos, o qual se configura como alter ego do literato. A personagem Teresa apresenta-se co-
mo centro da narrativa, na qual as relações entre os dois se desenvolve e compõe material
para apresentar como as relações entre homens e mulheres são construídas na literatura e
como esses sujeitos são representados na obra. O objetivo do estudo é analisar como o referi-
do autor representou as figuras femininas articuladas às figuras masculinas e como se desen-
volvem as relações de gênero na novela em questão, a qual é ambientada no espaço domésti-
co, onde acontecem as relações amorosas e os conflitos ao longo da narrativa. A pesquisa se
desenvolve a partir do mapeamento das personagens femininas e masculinas representadas e
parte para a análise das relações de gênero na obra. A partir da análise dessa específica novela
pode-se perceber o tom prescricional de Clodoaldo Freitas em relação às posturas femininas e
masculinas e a valoração atribuída às personagens da narrativa que se assemelham aos ansei-
os do intelectual para sua sociedade. A relação literatura e sociedade pode ser entendida a
partir da construção de uma novela sentimental com viés pedagógico, na qual o amor, o gêne-
ro e sua relação são representadas e discutidas visando uma eficácia social, ou seja, o autor
intenta, através da literatura, educar homens e mulheres quanto aos seus comportamentos.
Conclui-se que o autor constrói em sua literatura ideais masculinos e femininos no alvorecer
do século XX, onde as relações entre homens e mulheres se constituem como marcadores para
a construção do gênero. A análise da obra está articulada às discussões trazidas pelos traba-
lhos de Teresinha Queiroz em “Os literatos e a República” no qual trata acerca do literato em
questão, Joan Scott com seu artigo Gênero: uma categoria útil de análise histórica para pensar
o conceito de gênero e seus usos, as discussões sobre os textos e as representações em Roger
Chartier e a definição de prática escriturística de Certeau em “A invenção do cotidiano”.

Palavras-chave: Gênero. Clodoaldo Freitas. Por um sorriso.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

O CORPO E A ESCRITA: PERFIS FEMININOS NOS FOLHETINS DE CLODOALDO FREITAS


Mara Lígia Fernandes Costa, Antonio Jorge Siqueira

O objetivo deste estudo é analisar o perfil de personagens femininas na obra ficcional de Clo-
doaldo Freitas (1855-1924), uma vez que a produção de folhetins literários do autor foi uma
das mais frequentes da produção literária piauiense dos primeiros anos do século XX. Ao ava-
liar essa produção é possível estabelecer elementos essenciais que configuram um discurso
em torno da representação do feminino tecida pelo literato, que, remete a várias imagens, to-
das de cunho negativo. Em geral, essa literatura conduz o leitor a sempre interpretar seus
personagens femininos com algum tipo de desvirtuamento. Ingênua, dissimulada, idiota, sen-
sual, pérfida. Estas podem ser algumas das qualificações que Freitas pincela para as suas per-
sonagens. As mulheres em Freitas assumem papéis secundários, em geral, apenas atuam para
movimentar as tramas amorosas e ajudam a destacar o perfil de protagonista na ficção de
Clodoaldo Freitas. Geralmente, o foco central está sobre um homem, jovem, branco, maçom e
bacharel, que, por sua vez possui várias virtudes. Para estabelecer melhor compreensão desta
análise recorro ao conto A Beata (1909) para destacar a dualidade entre papeis sexuais que
Clodoaldo Freitas constrói. Na trama, Dr. Armando se recusa a namorar Naninha porque ela
possui perfil de mulher religiosa e desconsidera qualquer possibilidade de que a moça possa
ser uma esposa ideal. O final do século XIX, contexto histórico do qual Clodoaldo Freitas es-
creve seus textos literários é um momento no qual as relações com as religiões tradicionais
são tensionadas e revela o revigoramento das ideias de livre pensamento e antirreligiosas.
(RÉMOND, 2014) É exatamente nesse contexto que literatos como Clodoaldo Freitas, ligados
às ideias anticlericais, aproveitavam o mundo das letras para inserir discursos favoráveis ao
rompimento das relações da sociedade com a Igreja. Clodoaldo Freitas representa um grupo
de literatos que detectava a sociedade da época impregnada por crenças e enquadrada sob
uma moral católica, que, a seus olhos era viciada. O esforço quase que exaustivo de traçar per-
sonagens ligados ao clero com características propositalmente risíveis e/ou detestáveis pode
ser interpretado como um embate de saberes e de poderes. (FOUCAULT, 2009) A intenção é
demarcar à luz de um discurso positivista e científico os indivíduos que seriam vítimas fatais
da influência religiosa, e, por consequência deslocados de uma sociedade pautada na razão.
Dentro da literatura analisada as mulheres são estereotipadas, um claro reforço dos papéis de
gêneros estabelecidos. (SCOTT, 1990) Entendo que a importância desta análise contempla
sobretudo, os desafios estabelecidos pelos estudos de gênero que se propõe a tentar descons-
truir as estruturas narrativas que naturalizam as identidades. (BUTLER, 2016) Portanto, pro-
blematizar historicamente a dualidade do sexo na literatura também é uma meta deste estu-
do.

Palavras-chave: História. Literatura. Gênero.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

DEMÔNIOS DE ANÁGUAS: ANSIDADE E MEDOS MASCULINOS DIANTE DA MULHER PRE-


SENTES NA SENSIBILIDADE JORNALÍSTICO-LITERÁRIA DE TERESINA (1900-1925)
Leandro Macêdo Santos, Pedro Vilarinho Castelo Branco

O presente trabalho visa uma história das masculinidades a partir de discursos – em crônicas
e ficção – sobre alguns aspectos da vida social e cultural na Teresina das duas primeiras déca-
das do século XX, inserida num contexto ocidental. Nos direcionaremos aos discursos mascu-
linos sobre uma feminilidade que assombrou e atemorizou, a qual estava relacionada à eman-
cipação feminina que começara em meados do século XIX na Europa, passando a preocupar os
homens Teresinenses nos primeiros anos do Novecentos. Temos como objetivo principal nos
aprofundar numa história dos sentimentos, inserindo nossos personagens masculinos e seus
medos numa posição defensiva frente à mulher num panorama ocidental. Em meio às inquie-
tações do presente em que o historiador se vê imerso, a relação entre homens e mulheres, nos
seus aspectos amorosos, odiosos e conflitivos, ainda é tema rico e inacabado, mesmo com o
amplo progresso nas relações de gênero na contemporaneidade. Vivemos, no ocidente, o perí-
odo de maior emancipação feminina na história, e, no entanto, vê-se perdurarem ainda velhas
ansiedades masculinas e tentativas de controle sobre o feminino, sua sexualidade, vida públi-
ca, etc. Nesse sentido, a problemática do capítulo vem à tona: trazer o enfoque, na sociedade
teresinense das primeiras décadas do século XX, a um dos aspetos interessantes nessa “luta”
entre os sexos: o medo com que os homens desse período receberam a nova mulher que esta-
va emergindo, saindo do âmbito doméstico, trabalhando para complementar a renda familiar,
exigindo igualdade perante o homem, reivindicando as mesmas liberdades no seio social. Para
tanto, partimos de uma análise de fontes resumidas nas crônicas Notas Mundanas, Demônios,
O feminismo, presentes no jornal Chapada do Corisco, a primeira, e Arrebol, as seguintes; poe-
sias de Zito Batista, Lucídio Freitas e Lincoln F. Guimarães, e o conto A predestinação, de Clo-
doaldo Freitas, todos estes literatos atuantes no período. Os personagens e os autores desses
escritos tinham em comum a ansiedade perante essa nova mulher, que aparece sempre como
distante, impalpável, escorregadia, ambivalente. É vasta a literatura sobre o debate, no perío-
do mencionado, acerca dos papéis de gênero e seus incômodos deslocamentos geradores de
mal-estar e pessimismo sobre os rumos da que a modernidade estava tomando. Nesse senti-
do, contextualizaremos nossas ideias e fontes com uma bibliografia sobre o tema referente ao
plano local, nacional e internacional.

Palavras-chave: Masculinidades. Ansiedade. Mulher.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

OS “PESADÍSSIMOS VEXAMES DAS DISPENSAS MATRIMONIAIS” NA LUTA PELO BISPADO


DO PIAUÍ (1829-1859)
João Vitor Araújo Sales

Analisar como a elite política oitocentista instrumentalizou as dispensas matrimoniais como


argumento central em prol de uma autonomia eclesiástica da Província do Piauí em relação ao
Maranhão, seja pela concessão de faculdades especiais a um vigário, seja pela criação de um
bispado. Através da exegese apurada das fontes documentais oficiais, especialmente, dos ma-
nuscritos do Conselho Geral da Província do Piauí e da Assembleia Legislativa da Província do
Piauí, é possível perceber a necessidade de criação de uma instância eclesiástica capaz de a-
tender às demandas sociais daquela elite local, estruturada a partir da formação da família e
das possíveis redes (BARBOSA, 1993) dela oriunda. Desta forma, visando ratificar e ampliar
seu poder, permaneceu, a elite do dezenove, adotando práticas que lhe eram anteriores, nota-
damente, o parentesco, a descendência bilinear e o casamento endógeno, como estratégia
principal na manutenção de seu domínio. Este último, durante o período imperial, perpassou
não apenas o ambiente religioso- enquanto sacramento moralizador da sociedade- que lhe
garantia oficialidade para fins civis, como também, conforme Santirocchi (2011), tornou-se o
matrimônio uma questão de Estado, à medida que este buscou no gérmen daquela sociedade,
a família, dominá-la em seu favor. A manutenção do patrimônio, dos bens e de prestígio dava-
se pela criteriosa escolha dos nubentes, evitando dispersões, inclinavam- se para candidatos
do mesmo grupo familiar. As instituições representativas do Império no Piauí, o Conselho Ge-
ral de Província e a Assembleia Legislativa Provincial, cada uma a sua época, manifestaram tal
problemática do casamento dentro da família no sentido amplo, evidenciando a importância
da mesma para aquela elite dirigente, sobretudo, ao reclamar para estes sertões um represen-
tante da Igreja Católica desvinculado da Província vizinha, já que, era esta a instituição capaz,
naquele contexto de Padroado, de dar as devidas dispensas para uniões no seio da mesma
família, até então, obtidas junto ao episcopado maranhense, responsável durante todo o deze-
nove pela jurisdição do território piauiense. Para tanto, segundo os próprios piauienses, era
um alto investimento a se fazer, encarecido pelas taxas cobradas pelo bispado do Maranhão,
exponenciado pelos gastos com despachantes, agravados pela distância e os difíceis caminhos,
chegando os políticos piauienses a afirmar que além de não haver realização do casamento
por conta dos valores cobrados, considerados por eles extorsivos, a burocracia maranhense
fazia chegar as dispensas matrimoniais aos requerentes após a morte dos mesmos, perdendo,
desta forma, seu objeto. Tais questões chegaram a tencionar as relações entre Piauí e Mara-
nhão, sobretudo, sob o viés piauiense, os benefícios econômicos do bispado do Maranhão com
estas dispensas, impediram a separação deste bispado entre estas províncias, desencadeando,
neste sentido, querelas que perduraram intensamente até meados do século XIX, não resul-
tando propriamente na criação do bispado, que só ocorreria no início do século XX.

Palavras-chave: Império. Piauí. Matrimônio.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

GÊNERO, SEXUALIDADE E RELAÇÕES SOCIAIS: UMA ANÁLISE NA ESCOLA JOSÉ ERIVAN


CORDEIRO
Irisvane Ferreira da Costa Martins, Raimunda Nonata Penha Pereira, Raymara Nunes Can-
tanhêde, Jonas Rodrigues de Moraes, Dimas dos Reis Ribeiro

A presente comunicação é resultado de um artigo elaborado para disciplina Sociologia Con-


temporânea ministrada pela professora Drª. Camila Alves Machado Sampaio. A finalidade
desse texto é fazer uma abordagem acerca da temática de gênero e sexualidade, orientação
sexual, identidade de gênero e seus derivados dentro da escola, com base na Lei, 2.731, de
2015 a qual, altera a Lei n° 13.005, de 25 de Junho de 2014, que estabelece o Plano. O trabalho
teve como objeto de estudo a Escola José Erivan Cordeiro, Unidade Escolar da rede municipal
da cidade de Pinheiro-MA. A partir da perspectiva teórica dos Estudos Culturais e dos Estudos
de Gênero, o trabalho objetiva analisar e problematizar através de referências bibliográficas,
pesquisas de campo e aplicação de questionário as maneiras como a questão de gênero e se-
xualidade tem sido abordados na Educação Básica, em cursos de formação de professores, e
como ao alunos lidam com essa questão no dia-a-dia para, além disso, foram analisadas algu-
mas situações vivenciadas ao longo desta pesquisa, como por exemplo, professores e direto-
res ao longo da aplicação do questionário não demonstraram importância em se abordar tal
assunto na escola o que nos levou a inquietação de saber o porquê da resistência. Ainda a res-
peito da perspectiva de gênero e sexualidade o que podemos observar é que atualmente essa
problemática é umas das principais temáticas que se coloca no centro das discussões, princi-
palmente com relação ao âmbito escolar, pois, falar de gênero requer quebrar alguns precon-
ceitos presentes na nossa sociedade seja de forma implícita ou explicita, uma vez que, discutir
sobre tal temática causa alguns transtornos para muitos educadores que muitas das vezes são
um tabu em sala de aula, ou seja, professores não consciente dessa diversidade de gêneros
acabam limitando-se apenas a uma “educação bancaria”. É importante ressaltar que o proces-
so de ensinar é uma tarefa muito difícil, mas, mesmo diante das dificuldades percebe-se a ne-
cessidade de se trabalhar as questões de gênero nas escolas, pois na maioria dos casos, são
passados alguns regulamentos, como por exemplo, separação dentro da sala de aula entre
meninos e meninas, que podem causar processo progressivo na perda de aprendizagem das
crianças.

Palavras-chave: Relações de Gênero. Sexualidade. Escola.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

NINGUÉM NASCE VIRIL: APRENDE-SE A SER! UMA ANÁLISE DAS MASCULINIDADES OEI-
RENSES
Antonio Bispo dos Santos, Ângela Maria Macedo de Oliveira

Esta pesquisa teve como objetivo compreender como são representadas as masculinidades na
cidade de Oeiras, o que possibilitará posteriormente analisarmos se existe uma associação ou
não entre a masculinidade, o alcoolismo e as violências sofridas por mulheres oeirenses. Pes-
quisar sobre as relações entre os gêneros na sociedade oeirense nos remete a analisar as rela-
ções sociais e estas são históricas e, portanto, inseridas de relações de poder. A categoria his-
tórica de gênero é relacional, dessa forma, pesquisar sobre o objeto feminilidades é analisar
também as masculinidades, o estudo de um implica o outro. Uma parte significativa da histo-
riografia sobre masculinidade: NOLASCO (2001), ALBUQUERQUE JUNIOR (2003) e CASTELO
BRANCO (2008), nos afirmam que é histórico-cultural a invenção da virilidade, e que não exis-
te um único modelo de ser homem, mas, plurais, os autores analisam aspectos culturais do
cotidiano brasileiro, nordestino e piauiense, destacando como os demarcadores sociais que
implicam nas representações nas identidades de gênero masculino e feminino. As identidades
se constituem a partir das relações sociais e culturais com o ‘Outro’. Os meninos se tornam
homens através da diferença cultural do que é ser menina (WOODWARD, 2012). Os homens
desde crianças são educados a serem fortes, corajosos, violentos, e as mulheres a serem frá-
geis, delicadas e dependentes. Essas posturas e/ou comportamentos são ‘pré-determinadas’
ao nascer, são prescritas como modelos a serem seguidos, no entanto, a categoria de gênero
como análise histórica (SCOTT, 1995) nos permite perceber que esses papeis ou comporta-
mentos sociais são históricas, portanto, passiveis de mudança, elas são construídas cultural-
mente. Os papeis sociais atribuídos a homens e mulheres não são destinados de forma natural,
eles são impostos pela sociedade, por meio de práticas simbólicas e discursivas, presentes na
sociedade na qual estão inseridos. As fontes de pesquisa foram de dois tipos: documentais
(Boletins de Ocorrências) e orais (entrevistas), utilizamos a metodologia da História Oral, fo-
ram colhidos depoimentos do tipo trajetória de vida. Autores como ALBERTI (2004) e POL-
LAK (1992) nos auxiliaram no trato com as fontes orais e uso da memória e particularidade
relacionadas a ela como a seletividade e o esquecimento tanto da memória que pode ser cons-
truída individualmente e coletivamente, elementos que nos ajudam a compreender e interpre-
tar a narrativa que foram construídas pelos entrevistados e com isso refletimos sobre as ques-
tões gênero, masculinidade e violência na Primeira Capital do Estado. A proposta de pesquisar
sobre essa temática nos ajudou a desconstruir conceitos enraizados na nossa sociedade, como
pensar a cultura como meio de propagação de muitos estereótipos de perfis tradicionais de
gênero, como também como meio de desconstrução e reconstrução de hábitos e práticas, res-
significando-as e/ou apontando caminhos para essa transformação social que a igualdade e
respeito entre os gêneros.

Palavras-chave: Perfis de Gênero. Masculinidades. Oeiras.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

OS FILHOS DA CAATINGA: GRAVIDEZ E MATERNIDADE NO CANGAÇO


Noádia da Costa Lima

O presente trabalho tem como objetivo analisar o cotidiano das cangaceiras grávidas e inves-
tigar como foi forjada a maternidade no Cangaço lampiônico. A entrada das mulheres no Can-
gaço provavelmente em 1929 ou meados de 1930, trouxe uma novidade para o cotidiano dos
bandos, a presença de cangaceiras grávidas nos subgrupos. Para impedir o curso da gravidez,
algumas mulheres ingeriam chás naturais para provocar o aborto, o que nem sempre funcio-
nava. Submetidas à condições precárias de alimentação, expostas à caminhadas exaustivas e
sem cuidados médicos, as cangaceiras grávidas precisavam sobreviver nas caatingas sem se-
rem capturadas pela polícia. O que fazia com que seus companheiros evitassem confrontos e
procurassem esconderijos seguros, tendo como consequência o esfriamento do ardor comba-
tivo. Quando estavam em segurança, as mulheres costuravam, bordavam, confeccionavam
roupas para o seu bebê e aproveitavam para descansar. Os partos geralmente eram feitos por
alguns integrantes dos bandos ou por parteiras. Poucos dias após o nascimento, a criança era
entregue para uma pessoa de confiança, que poderia ser um padre, fazendeiro ou até mesmo
um coiteiro, que se responsabilizava a oferecer educação e cuidados ao recém-nascido. A pre-
sença de uma criança no bando modificaria o cotidiano dos participantes, e traria sérios pro-
blemas, pois comprometeria a segurança dos cangaceiros, chamando atenção da polícia, além
de dificultar o deslocamento do grupo, já que necessitava de cuidados e atenção. Dessa forma
as mulheres cangaceiras eram impedidas de exercer a maternidade, sendo separadas de seus
filhos e proibidas de criá-los devido a norma interna do bando, que não permitia a presença
de crianças. Causando tristeza e sofrimento. Além da privação do exercício da maternidade,
elas ainda corriam o risco de perder a vida durante os partos sem assistência médica e algu-
mas vezes em condições insalubres. As fontes utilizadas para análise foram: entrevistas que a
cangaceira Sila concedeu às revistas Marie Claire e TPM. Entrevistas que a cangaceira Dadá
concedeu a Revista Fatos e Fotos e ao jornal O Globo. Entrevistas de Sila, Dadá e Adília ao do-
cumentário da rede Globo A Mulher no Cangaço, 1976. A metodologia utilizada envolveu a
análise de fontes primárias, pesquisa bibliográfica nos livros: Lampião as mulheres e o Canga-
ço, Mulheres no Cangaço Amantes E Guerreiras, A trajetória guerreira de Maria Bonita, Lam-
pião o homem que amava as mulheres e História das Mulheres no Brasil. Em seguida as fontes
foram selecionadas para a construção do referencial teórico do texto.

Palavras-chave: Cangaceiras. Gravidez. Maternidade.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

MULATA TIPO EXPORTAÇÃO: ESTEREÓTIPOS E IMAGENS DA MULATA NO BRASIL E NO


EXTERIOR (1930-1980)
Brenda da Costa Silva, Cristiana Costa da Rocha

Este trabalho tem como objetivo analisar as imagens e estereótipos criados e fortalecidos ao
longo do tempo sobre a mulata brasileira. No período aqui proposto (1930-1980) é possível
verificar importantes contribuições de instituições governamentais, empresas privadas, revis-
tas, jornais e obras literárias para a sustentação da ideia de que a mulher mestiça é natural-
mente imbuída de sensualidade, exotismo e erotismo. Assim, percebeu-se que o mestiço está
inserido em uma teia complexa de discursos, uma vez que sua representatividade sofreu mo-
dificações ao longo do tempo, sendo por algumas vezes símbolo de inferioridade racial e em
outras ocasiões símbolo nacional. Na Era Vargas (1930-1945), por exemplo, depois do enfra-
quecimento das teorias de branqueamento, o mulato passou a ser visto como um dos repre-
sentantes nacionais, sendo Casa Grande e Senzala (1933) de Gilberto Freyre uma obra que
conseguiu dar ênfase para esse pensamento. Gabriela, cravo e canela (1958) de Jorge Amado
foi lançado mais de vinte anos depois, mas também pôde reforçar esse ideário. Os espetáculos
de samba promovidos por Oswaldo Sargentelli e os anúncios, vídeos, folders e tantos outros
materiais da Embratur (Instituto Brasileiro de Turismo) também podem ser citados como
grandes colaboradores para a cristalização dessas e de tantas outras imagens sobre a mulata.
Sobre isso, a Ditadura Militar (1964-1985), através da Embratur, teria se apropriado da ideia
de Brasil como paraíso das mulatas para estabelecer vínculos com o seu público alvo, os es-
trangeiros, em um momento em que o país passava por graves crises financeiras e precisava
arrecadar capital, então o mercado turístico surgiu como uma alternativa para melhorar a
economia. A exportação desse imaginário, portanto, acompanhou estereótipos já conhecidos,
como os que dizem respeito ao carnaval e os trajes sumários utilizados nesse evento pelas
mulheres, chamando atenção de pessoas de todas as partes do mundo, gerando um fascínio
ainda maior pelas famosas mulatas brasileiras. No entanto, o fato mais expressivo diz respei-
to à entrada do Brasil na rota do turismo sexual no início da década de 1980, não sendo possí-
vel desvincular esse problema social da venda dessa imagem da brasileira super sexualizada,
ou seja, a colocação do país na posição de paraíso tropical não fomentou somente a busca por
belas praias, mas também para sexo fácil, especialmente em estados nordestinos como Ceará
e Bahia. Nesse sentido, foram feitas quatro entrevistas com homens estrangeiros (dois italia-
nos, um alemão e um português) residentes no Brasil por pelo menos cinco anos, os mesmos
puderam abranger o espaço de discussão sobre essas questões.

Palavras-chave: Mulata. Estereótipos. Brasil.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER: APONTAMENTOS SOBRE VIOLÊNCIA URBANA EM TE-


RESINA NA DÉCADA DE 1980
Sara Nagly Carvalho Dantas, Ângela Maria Macedo de Oliveira

O presente trabalho é fruto de uma pesquisa monográfica que busca analisar o quadro de vio-
lência em Teresina no período de 1980, através do estudo de casos anunciados nas páginas
policiais dos Jornais o Dia, empenha-se ainda em compreender quais a reinvindicações e pre-
ocupações dos movimentos de mulheres e/ou movimentos feministas do período. Esse artigo
focará apenas na primeira parte da pesquisa, referente as análises dos casos de violência con-
tra as mulheres anunciados no jornal e período mencionados. Esse estudo, portanto, tem co-
mo objetivo principal compreender como era o olhar da sociedade para esses casos de violên-
cia cometidos contra a mulher, para isso foi analisado a forma como eles eram abordados nos
jornais, que tipo de discurso era utilizado, como era a atenção dada para esse tipo de caso, de
que forma ele era anunciado. A década de 1980, este recorte temporal marcou por demandas
de movimentos de mulheres e/ou feministas voltadas a temática da erradicação da violência
contra as mulheres, foi a partir dessas lutas que surgem as políticas públicas de enfrentamen-
to a essa questão, dentre elas podemos citar, a criação das Delegacias Especializadas no Aten-
dimento à Mulher - DEAM’s, elas refletem as lutas e movimentos sociais de mulheres pelo fim
da violência contra a mulher. Foi no final da década, exatamente em 1988, que por pressão
daqueles movimentos sociais e também pela atuação da bancada feminina na Câmara que
tornou possível incluir na Constituição Federal a responsabilidade do Estado em criar meca-
nismos para coibir a violência no contexto familiar. Tais medidas porém, não foram suficien-
tes para extinguir a violência contra a mulher. As metodologias aplicadas nessa pesquisa fo-
ram as seguintes: leituras bibliográficas para a discussão de gênero: Joan Sott (1995); sobre
violência de gênero foram utilizados autores como: Strey (2012), Zwick (2012), Werba (2012)
e Grossi (2012). Para análise dos discursos dos jornais e relações de poder foi utilizado Fou-
cault (1996) e (1979). A segunda etapa constituiu-se do levantamento dos casos no Jornal e
analises destes. Como a pesquisa está em andamento, temos apenas conclusões parciais, no-
tamos que os discursos nos jornais já enfatizavam algumas mudanças que já estavam em cur-
so durante a década de 1980, contra a erradicação da violência contra as mulheres. Era tam-
bém forte a presença do discurso tradicional dos papeis masculino e femininos que demarca-
vam apenas uma ‘única’ identidade papéis sociais de gêneros, que influenciou na forma como
eram anunciados cada caso de violência, muitas vezes, levando em consideração os preceden-
tes de “caráter” dos envolvidos. Pode-se perceber também que a maioria dos casos anuncia-
dos, não por coincidência, eram de famílias pobres que viviam na periferia de Teresina.

Palavras-chave: Gênero. Violência. Teresina.

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HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

TRAUMAS E DORES FEMININOS: AS VIOLÊNCIAS QUE ESTÃO SUBMETIDAS AS MULHE-


RES E MENINAS NA CIDADE DE OEIRAS (2009-2016)
Valderlany Mendes Dantas, Ângela Maria Macedo de Oliveira

Este trabalho é resultado de um Trabalho de Conclusão de Curso que está em andamento, e


tem como objetivo analisar os diversos tipos de violências praticadas contra mulheres e me-
ninas na cidade de Oeiras entre os anos 2009 a 2016. Foi fundamental para essa pesquisa ini-
cialmente compreender como são construídas, representadas e vivenciadas as relações entre
homens e mulheres, seja no espaço público e no ambiente privado, de modo, a perceber como
as representações de masculinidades e feminilidades influenciaram nas práticas de violência
contra as mulheres e meninas. O gênero feminino é representado na sociedade como frágil,
emotiva, delicada, irracional, educada para ser mãe, esposa e dona de casa, restritas ao ambi-
ente privado. Enquanto o gênero masculino é representado como forte, racional, destemido,
educados para proteger, comandar, prover o lar. Segundo Tomaz Tadeu da Silva (2012), essa
definição de papeis são impostas, por meio de práticas simbólicas e discursivas nas relações
sociais, são essas práticas que vão determinar como os sujeitos irão se posicionar na socieda-
de. As desigualdades nas relações de gênero contribuem para existência e permanência dos
diversos tipos de violências contra as mulheres, seja sexual, física, psicológica, moral, patri-
monial. A sociedade brasileira durante muito tempo ´justificou´ a desigualdade entre os gêne-
ros, e desde o final do século XIX, mas, com maior destaque, a partir de meados do século XX,
mulheres uniram-se formando movimentos de contestações sociais e lutas pela igualdade de
oportunidades entre homens e mulheres. Durante muitas décadas na sociedade brasileira os
diversos tipos de violências praticadas contra mulheres eram vistos pelo Estado como uma
questão de ordem privada, por acontecer majoritariamente no ambiente doméstico nas rela-
ções conjugais e familiares, nesse sentido. A posição do Estado em não resolver os assuntos
ligados ao espaço privado, pois as instituições entendiam que o que acontecia em casa tinha
que ser resolvido em casa, desse modo, as violências domésticas não eram consideradas um
problema social de ordem pública até a década de 1980 (LAGE, 2012). Foram exatamente na-
quela década que se iniciaram as primeiras políticas públicas voltadas para a erradicação dos
mais diversos tipos de violências contra as mulheres no Brasil. A metodologia adotada foi a
história oral, através da realização de entrevistas com mulheres vítimas de violências. Outras
fontes utilizadas foram as documentais: Processos e levantamentos estatísticos coletados no
Centro de Referência Especializado de Assistência Social - CREAS. Como a pesquisa ainda está
em andamento, temos apenas resultados parciais, existem muitos fatores que contribuem pa-
ra a existência dos vários tipos de violência perpetrados contra as mulheres e meninas, dentre
eles podemos citar: a negação dos direitos individuais e garantias fundamentais que estão na
Constituição Brasileira, I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações.

Palavras-chave: Relações de Gênero. Violência. Políticas Públicas.

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HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

DOS ATOS AOS AUTOS: FONTES HISTÓRICAS PARA ANÁLISE DAS VIOLÊNCIAS DE GÊNE-
RO NO MUNICÍPIO DE OEIRAS/PI
Angela Maria Macedo de Oliveira

No ano de 2016 se comemorava os 10 (dez) de implantação da Lei Maria da Penha (LMP), no


segundo semestre desse mesmo ano dei início a um Projeto de Pesquisa que pretende anali-
sar o impacto de atuação social dessa primeira década após a promulgação da Lei 11.340, de
07 de agosto de 2006, no município de Oeiras, primeira capital do Estado do Piauí, cidade tri-
centenária. Neste texto apresentarei os resultados parciais da pesquisa a partir da identifica-
ção e classificação das fontes policiais que tratam de violências de gêneros e da violação dos
direitos humanos, especialmente das análises de Boletins de Ocorrências. Analisando os di-
versos sentidos atribuídos as violências submetidas as mulheres e meninas oeirenses, desde
física, moral, sexual, psicológica e patrimonial. Partindo da reflexão sobre a metodologia utili-
zada pelo historiador/antropólogo ao utilizar os documentos policiais como fontes históricas,
analisando o longo processo de transformação dos atos de violências contra as mulheres e
meninas em autos de Inquéritos policiais, desde as denúncias e, todas as outras etapas que
constituem as providências legais cabíveis pela autoridade policial segundo a LMP que cria
mecanismos para coibir e prevenir a violência doméstica e familiar contra a mulher. Depois
do projeto de pesquisa escrito, seguimos a busca das fontes, garimpá-las. Para tanto, foi ne-
cessário problematizar as diversas dificuldades das condições de acesso aos documentos poli-
ciais, desde a (des)organização do acervo, a precariedade, a falta de espaço como também as-
pectos positivos como o acolhimento de muitos funcionários da Delegacia Civil, inicialmente
eu e um bolsista tivemos que organizar o acervo, posteriormente, entender o funcionamento
da Instituição Policial, pois os registros das Ocorrências de pequenas infrações ou crimes e-
ram registradas manualmente até dois anos atrás. Outra questão não menos importante foi
entender o discurso ou linguagem jurídica penal ao selecionar as fontes que tratavam de vio-
lências de gênero, separando-as entre crimes e infrações de menor potencial ofensivo. Ao ana-
lisar essas temáticas violências de gênero contra as mulheres e meninas a sensibilidade, os
cuidados e as responsabilidades com a dimensão ética como enfatiza a Resolução 510/16 fo-
ram imprescindíveis.

Palavras-chave: Fontes policiais. Violências de Gênero. Oeiras/PI.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

ENTRAVE AO MAL VENÉREO: A IMPLANTAÇÃO DE POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE PA-


RA O TRATAMENTO DE DOENÇAS VENÉREAS EM TERESINA DURANTE O ESTADO NOVO
(1937-1945)
Ana Karoline de Freitas Nery, Joseanne Zingleara Soares Marinho

O trabalho tem o objetivo de analisar as políticas públicas de saúde no combate às doenças


venéreas em Teresina no período do Estado Novo. A atenção à saúde da população adquiriu
relevância no contexto de criação de um novo país no período entre 1937 e 1945, pois era
preciso que o Estado investisse na criação de trabalhadores saudáveis e fortes, capazes de
contribuírem para o desenvolvimento do país. O problema do enfrentamento das doenças
venéreas foi abordado a partir da profilaxia, em que o Estado organizou uma estrutura de tra-
tamento para os doentes venéreos que se relacionou à medicina curativa. As autoridades sa-
biam que o problema da saúde pública, especialmente o relacionado à vida sexual, era obra
desafiadora que requeria esforços múltiplos e concentrados não somente no âmbito de práti-
cas curativas, mas, sobretudo, na conscientização da população em relação a seus hábitos e
higiene, e isso se fortaleceu a partir do Estado Novo. Os atendimentos inicialmente eram reali-
zados na Santa Casa de Misericórdia e possuíam um caráter de pouca eficiência em relação ao
tratamento de venéreos. Já na década de 1920, o Estado começou a esboçar uma estrutura que
viria a se destacar nos anos de 1930 com a realização de conferências, registros de infectados,
distribuição gratuita de medicamentos e criação de hospitais e centros de saúde que fizeram
uma mudança no cenário do tratamento de doentes venéreos em Teresina. O hospital Getúlio
Vargas apresentava uma importância muito grande no tratamento de enfermidades em Tere-
sina durante o Estado Novo. Em termos de infraestrutura, foi o maior centro de medicina hos-
pitalar do Piauí e era considerado, um dos maiores de todo o norte do país. A partir de 1941
era o local que possuía o melhor ambulatório do Estado. A demanda de pessoas atendidas no
Hospital Getúlio Vargas era grande e que um hospital moderno como ele possuía característi-
cas bastante específicas. Era dotado de enfermarias com leitos, nelas a agilidade de médicos e
enfermeiras deveriam ser indispensáveis, pois o controle sobre os internados se faria de for-
ma mais intensa. Havia a utilização do laboratório de análises clínicas, que ajudava em um
melhor diagnóstico. As fontes utilizadas para a análise foram o jornal “Diário Oficial”, além de
códices de saúde e relatórios do governo estadual do Piauí. A metodologia utilizada envolveu
principalmente a análise de fontes primárias e leituras bibliográficas que auxiliaram na fun-
damentação teórico-metodológica. A partir do estudo do processo de configuração do campo
da saúde pública, foi identificado que as políticas de combate às doenças venéreas em Teresi-
na somente foram efetivadas durante o período varguista e, a partir dos procedimentos de
tratamento e de prevenção.

Palavras-chave: Política Pública de Saúde. Doenças Venéreas. Estado Novo.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

MULHERES E CRIANÇAS, ALVOS DE POLÍTICAS DE SAÚDE: AS AÇÕES BENEMÉRITAS E DO


PODER PÚBLICO NA ASSISTÊNCIA MATERNO-INFANTIL EM TERESINA (1930-1940)
Livia Suelen Sousa Moraes Meneses

O artigo estuda a criação de uma rede de assistência à saúde materno-infantil no Piauí, princi-
palmente em Teresina, nas décadas de 1930 e 1940. No recorte temporal, há mudança de a-
bordagem dos problemas sanitários, com a guinada para o cunho preventivo. Esta mudança
favoreceu a ênfase na maternidade e na infância. A saúde da criança e da mulher/mãe, são
consideradas fatores primordiais de regeneração nacional e futuro do país. No Brasil, até a
década de 1930, os serviços voltados à área materno-infantil foram, na sua maioria, de caráter
filantrópico e executados por instituições privadas (MOTT, 2001; MARTINS, 2005; SAN-
GLARD, 2015) . No Piauí, ações filantrópicas resultaram na criação da Enfermaria São Francis-
co (1933), na Santa Casa de Misericórdia de Teresina, destinada à clinica obstétrica e no Lac-
tário Suzzane Jacob (1938), em Parnaíba. Ademais, em Teresina desde o início da década de
1930 era realizada no mês de outubro a Semana da Criança. Durante as solenidades, médicos,
professores e professoras debatiam problemas que assolavam a infância. Procuravam mobili-
zar a sociedade civil, para que colaborasse com a proteção materno-infantil. Valorizava-se
também a aliança entre médicos e mães no cuidado da criança a partir das noções de higiene e
de puericultura. Durante o Estado Novo (1937-1945), os serviços voltados à área materno-
infantil passaram a ser pensados e organizados mediante política nacional, gerida pelo Depar-
tamento Nacional da Criança (1940). A execução das diretrizes nacionais elaboradas pelo DNC
e o estabelecimento de redes de proteção à maternidade e à infância nos municípios do Piauí
foram se consolidando a partir da criação da Divisão de Amparo à Maternidade e à Infância. A
difusão dessas políticas ocorreu mediante a cooperação da Legião Brasileira de Assistência
(LBA) no Piauí, que articulou uma série de ações assistenciais e campanhas a favor da filan-
tropia, tendo como alvo a infância e a maternidade. Criam-se instituições assistenciais em Te-
resina como a Casa da Criança (1943), postos de puericultura e centros de saúde além do
Hospital Getúlio Vargas (1941) e a Maternidade São Vicente ( 1954). Ademais, organizaram-se
campanhas pedagógicas, incentivadas pelo Estado juntamente com os médicos puericultores.
Utilizam-se enquanto fonte documental produções médicas, dentre elas a Revista da Associa-
ção Piauiense de Medicina, documentos oficiais (mensagens e relatórios governamentais),
almanaques (Almanaque da Parnaíba, Almanaque Piauiense, Almanaque da Farmácia dos Po-
bres) e jornais que circulavam em Teresina (Diário Oficial, Gazeta, O Piauí, A Liberdade, O
Meio, Jornal do Piauí). Verifica-se que a criação de uma política de saúde materno-infantil no
Piauí, no período em estudo desenvolveu-se, portanto, com base em uma aliança entre o Esta-
do e a sociedade civil.

Palavras-chave: Saúde materno-infantil. Benemerência. Políticas Públicas.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 01
HISTÓRIA, RELAÇÕES FAMILIARES E IDENTIDADES DE GÊNERO

A CONSTITUIÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS DE SAÚDE MATERNO-INFANTIL NO PIAUÍ


(1930-1945)
Joseanne Zingleara Soares Marinho

Desde os oitocentos, vários setores defendiam que a solução dos problemas sociais verifica-
dos no Brasil dependia, em grande parte, da forma como se cuidava da infância. Essa questão
passou a ser tratada como responsabilidade do Estado somente no período varguista, particu-
larmente durante o Estado Novo. No entanto, a problemática da delinquência infantil, o menor
em condição de abandono, bem como a utilização precoce do trabalho, adquiriu maior visibi-
lidade somente a partir dos primeiros anos do governo Vargas. Com a postura intervencionis-
ta do governo, a valorização da proteção da criança passou a requerer o esforço de todo o pa-
ís. Era defendida a regeneração da família e a sua importância como base da nação, considera-
das essenciais na busca para encontrar esteios para a ordem, a civilização e o progresso. Ocor-
reu uma nítida orientação da política acerca da ideia de amparo às famílias pobres e numero-
sas, o que representava, em larga medida, uma forma de proteção à criança. A defesa da infân-
cia, fase em que a saúde e a vida correriam mais riscos, ganhou dimensão de uma cruzada vi-
sando à salvação nacional. Para a condução desse projeto, mais visível nos anos 1930 e 1940,
foi essencial o enfrentamento de problemas como a disseminação de moléstias infectoconta-
giosas, a alimentação administrada de forma incorreta, as precárias condições de higiene e, o
principal deles, o índice elevado de mortalidade infantil. No Piauí, tal aspecto foi verificado
com a intervenção a partir de políticas públicas materno-infantis destinadas à população po-
bre, principalmente na área da saúde, informações presentes em mensagens governamentais,
relatórios de instituições de saúde, legislações, entre outros. Os médicos, os poderes públicos
e também a filantropia convergiam na tese de que a dimensão mais importante do programa
de saúde materno-infantil não era a terapêutica, mas a medicina preventiva, baseada no co-
nhecimento e nas técnicas de puericultura, sendo que os argumentos centrais, técnicos, cientí-
ficos e morais, serviram para definir as novas regras para a moderna criação das crianças, ob-
jetivo de estabelecimentos de saúde, como postos de higiene, centros de saúde, seções obsté-
tricas e pediátricas dos hospitais gerais, além de maternidades e lactários. A formulação das
iniciativas por meio de leis, órgãos administrativos e unidades de saúde ficou bastante condi-
cionada à estruturação da administração estadual, com a Diretoria de Saúde Pública e o De-
partamento de Saúde. Isso ocorreu porque, à medida que o Estado passou a apresentar condi-
ções para organizar a estrutura da saúde pública, foram estabelecidas as condições básicas
para o atendimento de crianças e mulheres, que, no entanto, receberam atenção apenas no
que se referia à sua condição materna.

Palavras-chave: Políticas públicas. Saúde. Materno-infantil.

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ST-02: História, Arte e Cultura.


Prof. Dr. José Luís Oliveira e Silva (IFPI)
Prof. Me. Sérgio Romualdo Lima Brandim (UESPI)
Prof. Me. Francisco Lopes da Silva Filho. (UFMA, CEAD – UFPI)

Este Simpósio Temático pretende proporcionar o diálogo entre criações artísticas, discursividades e
apropriações históricas busca reunir pesquisadores, que se interessam para a análise de procedimen-
tos metodológicos no lidar com as diversas linguagens artísticas para a pesquisa histórica (a exemplo
de Música, Cinema, Televisão, Fotografia, Artes Plásticas, Literatura, Dança, Teatro, quadrinhos etc.).
Nesse entendimento, buscamos a compreensão da historicidade referente tanto ao conteúdo das obras
estudadas quanto às suas questões de ordem estética e/ou de recepção e interpretação de seus signifi-
cados. Assim, procuramos agregar trabalhos que sua pesquisa, metodologia bem como sua escrita fa-
çam a relação não só com o oficio do historiador, como também qualquer pesquisador que dialogue
com produções artísticas, oferecendo assim, a oportunidade para refletirmos acerca das diferentes
maneiras de produzir conhecimento dando espaço à pluralidade de linguagens e temáticas de pesquisa
que estejam em sintonia com a renovação historiográfica vigente nas últimas décadas.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

ROQUE MOREIRA E SEU GOSTO NA BERLINDA: UMA ANÁLISE DA CULTURA POPULAR NA


RÁDIO PIONEIRA DE TERESINA NO PERÍODO 1970-1990
José de Jesus Redusino

A temática que permeia a problemática da pesquisa aqui proposta é uma análise da cultura
popular tendo como objeto o Programa Seu Gosto na Berlinda, veiculado diariamente em duas
edições na Rádio Pioneira de Teresina, nas décadas de 1970 a 1990, apresentado pelo radia-
lista Roque Moreira (1935-1994). Este projeto está situado, dentro do campo de estudo da
cultura popular do rádio, tratando-se de entender como um programa de entretenimento,
influenciou direta e socialmente um grande público de ouvintes, tendo como característica
uma pesquisa bibliográfica e documental, de autores que discorrem sobre temas como, cultu-
ra e popular, usando-se como suporte o livro de Mikhail Mikhailovich Bakhtin (1987), A Cul-
tura Popular na Idade Média e no Renascimento: o contexto de Fraçois Rabelais, que propor-
ciona a historiadores, antropólogos, folcloristas e a todos que se arriscam a estudar cultura
popular, um novo campo de estudo, desafiando os conceitos anacrônicos de uma história to-
tal.

Palavras-chave: Cultura Popular. Rádio. Memória.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

O PAGODE ZABÉ FULÔ: EXPRESSÃO CULTURAL DA CIDADE DE REGENERAÇÃO - PI


(1960-2014)
Naylane de Sousa Moura, Francisca Márcia Costa de Souza

O Pagode é uma forma de expressão cultural marcada pelo uso de percussão. Estudiosos et-
nográficos o associam ao coco, partido-alto, lundu, samba, baião, batuques, etc. Esta manifes-
tação cultural já foi uma das mais importantes formas de diversão da cidade de Regeneração,
localizada no Centro-norte no estado do Piauí. Esta expressão artístico-festiva envolve dança,
canto, saberes e ritmos; uma referência cultural que compõe a identidade e a memória de um
povo que compartilha um passado em comum, reforçando assim o vínculo de pertencimento e
a reiteração de valores culturais. O estudo tem como principal fonte as narrativas construídas
a partir da memória dos componentes do referido grupo musical, da comunidade na qual atua
e dos brincantes que participam de suas apresentações. Sob essa ótica, buscamos nesta pes-
quisa investigar o Pagode em seus aspectos culturais, patrimoniais e festivos. A proposta é
analisar o que torna o Pagode Zabé Fulô uma marca singular da cultura regenerense; que lu-
gar ele ocupa na memória; história e cultura dessa sociedade e compreender os sentidos e
significados que o permeia e a circularidade da festa, principalmente num contexto marcado
pela urbanidade. Dessa forma, objetiva-se descrever densamente o pagode, evidenciando a
música, a dança, seus principais agentes, os brincantes e o espaço em que ocupa, com o intuito
de torná-lo amplamente conhecido e valorizar essa forma de expressão cultural da cidade de
Regeneração. Busca-se também, compreender os sentidos e significados do pagode elabora-
dos pelo Grupo Zabé Fulô. Para isso utilizou-se dos Métodos Etnográfico e Indiciário, bem co-
mo da metodologia da História Oral, a pesquisa de campo, a observação direta/participativa
do grupo Zabé Fulô, com o intuito de produzir especialmente as fontes orais e imagéticas, arti-
culados à luz do embasamento teórico de Sobrinho (1999), que desenvolve um estudo sobre o
referido grupo na região; Fonseca (2005) também contribui significativamente no entendi-
mento do conceito de patrimônio, uma vez que a autora procura explicitar, sob a ótica jurídi-
ca, o modo como foi formulada a noção de Patrimônio no Brasil, enquanto objeto de uma polí-
tica pública, evidenciando o percurso histórico dessa noção, num amplo contexto cultural,
bem como enfatiza os diversos valores atribuídos a este; Carlos Ginzburg (1987) trata da dis-
cussão acerca de circularidade cultural; Pelegrini e Funari (2008) desenvolvem uma discussão
rica e esclarecedora referente aos conceitos de cultura, patrimônio e imaterialidade. Através
dos quais compreende-se que o Pagode é atravessado por valores culturais, históricos e afeti-
vos, presente no cotidiano e na memória da população, o que favorece a valorização, a preser-
vação e a permanência do grupo Zabé Fulô.

Palavras-chave: Pagode Zabé Fulô. Circularidade Cultural. Regeneração–PI.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

CIDADE EM FESTA: MANIFESTAÇÕES CARNAVALESCAS EM TERESINA NA DÉCADA DE


1970
George Gabriel de Amorim

As manifestações culturais permearam os espaços de sociabilidade no Brasil. Nesse sentido,


pode-se apontar que a festa carnavalesca encontrou solo fértil para seu desenvolvimento ha-
vendo uma adesão carnavalesca inicialmente na Europa pelos bailes de máscaras. No Brasil O
Carnaval é introduzido na metade do século XIX pelas elites com objetivo de marca a recém
burguesia capitalista. Logo a tradição carnavalesca passa a irradia se por todo o Brasil e em
Teresina nas três primeiras décadas o carnaval ficou limitado às elites piauienses. Nesse sen-
tido propus analisar a década de 70 como o divisor de águas para o carnaval piauiense, pois
nesse período aconteceram os primeiros desfiles das escolas de samba em Teresina e espaços
citadinos como avenida frei serafim, praça rio branco foram locais de sociabilidade para a fes-
ta ao tempo em os espaços citados também foram analisados mostrando suas relações com os
foliões teresinenses. Esta pesquisa tem como objetivo principal analisar as manifestações car-
navalescas que aconteceram em Teresina na década de 70 em particular as festividades nas
camadas populares no período carnavalesco pensando o carnaval como um refúgio social dos
populares contra as mazelas encontradas nas vivencias cotidianas. Outro ponto investigado
foram as formas de intervenções do estado nas práticas carnavalesca ao tempo que foi anali-
sado os espaços de sociabilidade ocupados pelos foliões nos eventos carnavalesco em Teresi-
na na década de 70. A metodologia adotada na pesquisa foi levantamento de biografias e acer-
vos documentais como jornais O DIA, JORNAL DO PIAUI E O ESTADO, acerca do carnaval em
Teresina, depois uma organização dos dados coletados por meio de fichamentos em seguida
feito uma contextualização e a montagem do trabalho. Como arcabouço teórico metodológico
foram usados inicialmente para discussões acerca de cultura os autores Chartier (1995), Bur-
ke (1998), as análises dos carnavais de 70 a 79 foram lidas pelos jornais já citados, no entanto
a pesquisa proposta ainda encontra se em fase de construção e seus resultados ainda estão
sendo analisados cuidadosamente para uma melhor leitura, no entanto é notório que a partir
da década de 70 as agremiações carnavalescas passaram a se organizar com mais estrutura
mesmo havendo uma precária intervenção estatal precária. Diante dos Fatos Expostos perce-
beu-se eram nas festas de carnavais que as populações menos abastadas encontravam um
refúgio das mazelas sociais que enfrentavam, as escolas de samba juntamente com os bailes,
blocos permearam os espaços de sociabilidade na capital piauiense promovendo uma verda-
deira festa numa cidade que havia nascido sob signo da modernidade, mas com ares provinci-
anos.

Palavras-chave: Carnaval. Sociabilidade. Teresina.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

CEMITÉRIOS E ARTE POPULAR: A CIRCULAÇÃO DA ARTE FUNERÁRIA NA NECRÓPOLE


MUNICIPAL DE PINHEIRO – MA
Julyana Cabral Araújo, Augusto Aluízio dos Reis Santos, Dimas dos Reis Ribeiro

Esta comunicação pretende dentro do contexto da Nova História Cultural levantar questões
quanto ao trato da arte funerária enquanto “vestígios da morte”, como fontes “não conformis-
tas”, pertinentes à construção de uma reflexão da arte funerária e sua relação com a sociedade
que a produz. Para tanto, buscamos as representações iconográficas artísticas presentes no
imaginário popular da sociedade pinheirense e assim, compreender as atitudes e sentimentos
envoltos nessas práticas culturais. As fotografias e a voz dada aos artistas-artesãos serviram
como caminhos metodológicos na busca por uma melhor compreensão dos sentidos e signifi-
cados atribuídos a morte e ao morrer na sociedade. A produção de artefatos e decorações para
os túmulos passa por todo um ritual de preparação de ateliês a venda dos produtos nas lojas e
cemitérios na data dia de Finados, passando uma ideia de circularidade do tempo, onde todos
os anos essas decorações enfeitam os túmulos representando o “ser ausente” em um momen-
to de celebração e saudades pelos entes queridos. As flores sejam elas artificiais ou naturais
tem um tempo efêmero, produto da criatividade humana ou da natureza, não tem uma neces-
sidade de permanecer, pois, o tempo carrega e desmancha-as ao passar dos dias. No entanto,
sabemos que cada ato humano esconde em si um complexo de símbolos, ritos e imagens cons-
truídos consciente ou inconscientemente, cabe ao historiador e seu olhar sensível perceber as
mensagens mudas destinadas aos espaços da morte: os cemitérios.

Palavras-chave: Cemitérios. Arte Funerária. Representações.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

TANATOLOGIA E PATRIMÔNIO: UMA LEITURA DAS REPRESENTAÇÕES DO DIA DE FINA-


DOS NA CIDADE DE CODÓ – MA
Augusto Aluizio dos Reis Santos, Julyana Cabral Araújo, Oséas Cunha da Silva, Anne Caroline
Nava Lopes

Este trabalho é um desmembramento de uma pesquisa da UFMA na Cidade de Codó-MA. Dis-


cute-se nela o cemitério e sua estreita relação com a memória, na interface patrimônio cultu-
ral e material e, tem como objetivo principal compreender a relação entre os ritos do dia de
finados com o lugar da memória e seu significado para o mundo dos vivos tomando como ob-
jeto empírico o Cemitério do Campo Santo. A metodologia utilizada é a Etnografia que nos
permite revelar os costumes, crenças e tradições. Com efeito, a etnografia é inerente a qual-
quer aspecto da Antropologia Cultural, que estuda os processos da interação social. Reitera-se
que assim como a morte, que está presente em nosso dia a dia, apesar do tabu, o patrimônio
cultural, seja ele material ou imaterial, também faz parte dos nossos dias e urge dar visibilida-
de a suas questões inerentes. Os ritos por detrás da morte são apenas mais um que compõe a
memória coletiva de seu povo e que merecem atenção e estudo apropriados. Assim, tanto a
UNESCO quanto o IPHAN salvaguardam proteção a memória e ao patrimônio e nos valemos
de suas diretrizes para refletir sobre o Cemitério que é o mais antigo do município. A relação
da memória com os ritos presente no Cemitério são exatamente os referenciais específicos
que este trabalho deseja discutir. Para Ariès (1971, p. 13), as mudanças que acontecem com o
fenômeno da morte, assim como as dos fenômenos da vida social, não podem ser vistos de
maneira isoladas, porque as mudanças em sua volta ultrapassam o tempo de várias gerações e
excede a capacidade de memória coletiva. Koury (2002), afirma que a ideia de prestar home-
nagens aos mortos é uma concepção criada a partir da igreja para aliviar a dor da perda de um
ente querido e garantir-lhe um “bom caminho” na sua recém adquirida condição; entretanto,
na concepção de memória e identidade, estes rituais adquirem um novo significado, o qual diz
respeito a preservação da memória da pessoa que ali está sepultada. São essas polissemias de
significados que nos interessam particularmente e, como resultados das imersões empíricas já
realizadas foram identificadas e catalogadas simbologias presentes no cemitério Campo Santo
que nos conduzem a uma leitura do lugar em seu viés de dessacralização bem como o trabalho
de coleta e registro de imagens dos ritos envolvendo vivos e mortos estabeleceram a relação
entre a memória e patrimônio. Por outro lado, a realização de entrevistas revelaram aspectos
da subjetividade dos sentimentos e uma dimensão profunda do indivíduo diante da morte do
“outro” e da transitoriedade das relações. Um conjunto de dados qualitativos nos permitiram
adentrar na relação entre morte, memória e patrimônio que julgamos relevante para colabo-
rar com este evento e trocar experiências.

Palavras-chave: Morte. Memória. Patrimônio.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

O OLHAR DA CULTURA TRADICIONAL SOB A CULTURA PERIFÉRICA - AS PERMANÊNCIAS


DESCRITAS POR RAYMOND WILLIAMS
Arielle dos Santos Silva, Milena Leite, Cristiana Costa da Rocha

Partindo dos estudos sobre Cultura de Raymond Williams foi feita uma revisão bibliográfica a
cerca do que permanece na sociedade contemporânea, a partir do que é considerado cultura
ao longo do tempo e das mudanças de sociedade e do termo em si, uma vez que o foco deste
trabalho é como uma cultura tradicional aproveita-se da cultura periférica até os dias atuais.
Nesse sentido objetiva-se discutir os significados de cultura ao longo do tempo e o uso geral
do termo, a trajetória da produção artística ao longo das mudanças de relações sociais, as im-
plicações sociais da visão etnocêntrica sobre a cultura do outro, além disso pretende-se fazer
referência a exemplos atuais de como a visão etnocêntrica infere diretamente na produção
periférica. Para tanto utilizou-se as obras de Raymond Williams: Cultura (1992) e Cultura e
Sociedade (2011). A História Social tem como principio básico dar espaço as classes desfavo-
recidas na sociedade, dando o papel de protagonista à essas classes, permitiu-se então falar
sobre as minorias e suas características, tal como a cultura. Williams foi atuante dentro da
New Left Review, o qual foi um dos responsáveis pela revisão do marxismo. Além de Williams,
foi usado Tzvetan Todorov, sua obra A conquista da América (1983), para mostrar as implica-
ções sociais da visão etnocêntrica sobre a cultura do outro. E partindo de temas atuais ocor-
rendo no Brasil que implica diretamente na cultura periférica, foi utilizado uma notícia de um
site falando sobre a proposta da proibição do funk que está em votação no Congresso. Foi uti-
lizado também o filme Cadillac Records (2008), que retrata a origem do blues em Chicago
(EUA) em um momento de segregação racial, onde os negros tinham uma posição social de
subordinação aos brancos, que contribui para pensar e ser usado como exemplo nas relações
sociais de produção. A escolha do tema foi pensado na proposta de argumentar com as discus-
sões sobre as questões culturais como possibilidade para estudo e compreensão de determi-
nado grupo social. Cabe mencionar que se trata de uma proposta de pesquisa a ser desenvol-
vida, a princípio foi realizado uma pesquisa exploratória e, nesse sentido, foi realizada consul-
tas bibliográficas e de fontes a serem investigadas. Assim, não há intenção de apresentar re-
sultados e considerando que estão em andamento. No entanto, entende-se que os grupos ditos
de cultura tradicional utilizaram-se da cultura periférica para beneficio próprio, existindo a
relação de patronato, quando não podia-se utilizar de tal cultura aplicava-se a censura, pois
algumas vezes não seguia os preceitos do grupo tradicional, daí então surge a necessidade,
por exemplo, de tentar proibir tais práticas.

Palavras-chave: Cultura. Significado. Relações Sociais.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

O RISO NA HISTÓRIA: AS CHARGES NO JORNAL O DIA DE 1985 COMO PRODUÇÃO DE


SENTIDOS
Naara Jade de Carvalho Tavares

Este trabalho se ocupa em fazer uma análise de algumas charges do jornal O Dia referentes ao
ano de 1985 procurando encontrar seus significados e a maneira como produzem sentido. As
charges que foram selecionadas para o trabalho fazem alusão a acontecimentos importantes
que marcaram o ano de 1985. A intenção deste trabalho é entender o decorrido ano por meio
destas figuras. Antes de iniciarmos a análise das charges achamos necessário fazer uma breve
teorização sobre o riso, sua importância e constante presença na vida da humanidade, tendo
como principal referência Georges Minois (2003) e sua obra História do Riso e do Escárnio.
Faz-se necessário também uma breve teorização da charge a reconhecendo como imagem e
como texto possuidor de um discurso que para encontrar o seu significado é necessário fazer
sobre ela uma leitura irônica, que segundo Durval Muniz “é provocar o texto, é questioná-lo, é
confrontá-lo com outras interpretações” (DURVAL, (2007), p. 187). Em seguida analisaremos
algumas charges que fazem uma representação dos principais eventos ocorridos durante o
ano sendo o acontecimento de maior relevância para esta pesquisa a transição da Ditadura
para a Democracia com aspectos econômicos, sociais e políticos típicos de uma transição.

Palavras-chave: Charge. Riso. Transição.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

BAUDELAIRE E SEUS QUADROS PARISIENSES: PERCEPÇÕES DA MODERNIDADE NA LI-


TERATURA E NA CIDADE
Natália Ferreira de Sousa

O presente trabalho mostra um estudo sobre a percepção da modernidade nos "Quadros Pari-
sienses" de Charles Baudelaire e a relação da cidade e literatura que este coloca em seus poe-
mas. A pesquisa tem como objetivo principal analisar os elementos desses poemas que se in-
terligam formando uma ideia de modernidade sombria e avassaladora enquanto o seu narra-
dor se desdobra entre o real e o imaginário idealizado. Outra questão abordada no trabalho é
a relação da cidade permeando a literatura dos "Quadros Parisienses" e a representação desta
em seus poemas, que sempre permeiam as dúvidas e delírios do narrador como a ilustrar as
infinitas possibilidades de seus sonhos. A abordagem da pesquisa se deu por meio da leitura
dos poemas dos "Quadros Parisienses" de Charles Baudelaire e sua estruturação poética para
achar os pontos que interligam os poemas e que também os separam, onde um narrador vive
as várias etapas de uma alucinação e nele expõe sobre os diversos elementos da modernidade
que tanto o assustam. Artigos sobre modernidade, livros que debatem a relação entre cidade e
literatura e a leitura da obra de Charles Baudelaire foram alguns dos documentos estudados
para a pesquisa. A metodologia empenhada na pesquisa foi a de análise de fontes escritas, li-
vros e artigos sobre o tema. O material teórico-metodológico usado na pesquisa se constituiu
de autores que discorrem sobre o tema da cidade e literatura, como Pesavento (2002), Ray-
mond Williams (2011) e Brescianni (1985). Para as discussões acerca da modernidade os au-
tores empregados foram Benjamim (1989), Witte (1992), Koselleck (2012). No estudo da obra
de Charles Baudelaire foram usados: Baudelaire (1985), Mathieu (1972) e Oliveira (2007). Em
cima do estudo desses poemas, percebe-se a grande variedade de conceitos em que a moder-
nidade está enquadrada e que em alguns deles o sentido de modernidade boa / modernidade
má aparece relacionados. No caso dos poemas, a modernidade será tratada como algo trágico
e sombrio, que a todos devora e deixa no cenário urbano, da cidade de Paris, um rastro de lou-
cura, miséria e degradação moral. A estruturação dos poemas permite acompanhar esse de-
vaneio crescente do narrador, passando de níveis idealizados da realidade (Uma mendiga rui-
va), para paixões em meio à multidão (A uma passante), para as fugas desses temores (O Jo-
go), até o fim dele (crepúsculo matinal). O debate da cidade e literatura acaba por colocar em
xeque as percepções do real e da fantasia como algo de possibilidades, em que a literatura
pode ser vista como um reflexo da sociedade e o urbano pode ser seu personagem também.

Palavras-chave: Quadros Parisienses. Cidade e Literatura. Modernidade.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

O GENOCÍDIO DO NORDESTE 1979-1983: UMA ABORDAGEM ANALÍTICA SOBRE OS SIG-


NIFICADOS DAS FOTOGRAFIAS DE SEBASTIÃO SALGADO
Francilene de Araujo Silva, Cristiana Costa da Rocha

Na busca de compreender e interpretar os signos mediadores de problemáticas sociais como a


seca pretendeu-se com esse trabalho analisar as potencialidades históricas e discursivas que
há nas imagens do fotógrafo Sebastião Salgado que foram selecionadas para a composição do
livro “O genocídio do Nordeste 1979-1983”, na qual são retratados os mais variados sujeitos
(crianças, adultos e idosos) em diversas situações convivendo com o drama da seca. Uma vez
que a imagem é uma fonte que possui um caráter de significância muito grande para a pesqui-
sa em história já que nos remete à reprodução de uma fração do corpus social de uma deter-
minada época, entendemos que a fotografia é um gerador e pode ser um indício de sentido
para se compreender o passado, pois ela passa de um simples registro e começa a transpor
uma importância social através de símbolos, signos e códigos de mensagem, isso porque a
mesma não gera um fim em si. Por isso, enxergar/ decifrar e permear os labirintos dessas i-
magens fez com que pudéssemos estabelecer a importância e o valor que estas possuem para
a história da seca no Nordeste, região bastante híbrida e polissêmica.

Palavras-chave: Fotografia. Nordeste. Seca.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

DOMINGOS FONSECA - ORALIDADE E PERTENCIMENTO


Marli Maria Veloso, Elio Ferreira

O trabalho tem como propósito estudar a identidade negra na diáspora a partir da produção
de Domingos Fonseca (1913-1960), poeta repentista piauiense que pela consciência de classe
e étnica, rapidez de raciocínio, rigor linguístico e a poesia que emerge de seus versos chega até
nossos dias como um dos maiores cantadores de seu tempo. Produtor de versos que utilizou
como ferramenta para fortalecer a identidade do povo negro e combater a discriminação e o
preconceito de cor numa realidade na qual o embranquecimento e o esquecimento eram a-
pontados como solução para a história da população afro-brasileira e que Homi Bhabha
(2001) chama de embates de fronteira acerca da diferença cultural que apresentam possibili-
dades de serem consensuais e conflituosas. O primeiro é concernente ao fato de que a grande
maioria dos estudiosos sobre a genealogia da cantoria nega os traços de matriz africana, silen-
cia sobre a contribuição negra e opta por associá-la às manifestações artísticas europeias rea-
lizadas no sul da França, na Espanha e em Portugal ou aos aedos e rapsodos gregos. A arte da
cantoria herdada de nossos ancestrais africanos foi vilipendiada em favor da memória do co-
lonizador e negada como fruto da memória oral africana num empenho que compreende o
apagamento da construção negra e o estabelecimento de uma “árvore genealógica” que traça
para a cantoria uma origem europeia forjando-a como continuidade de tradições medievais. O
segundo embate diz respeito ao desprestígio relacionado à poesia oral e popular. A bibliogra-
fia sobre poesia popular nordestina tem mais trabalhos sobre a literatura de cordel do que
sobre cantoria. Entretanto, nem sempre tal distinção entre os dois gêneros poéticos é levada
em consideração. Costuma-se sinonimizar termos que têm cargas semânticas próprias dada a
falta da devida atenção ao assunto. Maria Ignez Novais Ayala (1987) afirma que essa confusão
entre a poesia cantada e a escrita se dá, primeiro, pelo fato de que nos 1950, no intervalo das
cantorias, liam-se folhetos de cordel, e, em segundo lugar, porque ambos os gêneros têm a
sextilha como modalidade poética mais usada. A autora assinala que muitos estudos conside-
ram as formas poéticas orais como parte da literatura de cordel. Vale ressaltar que a cantoria
revela-se como uma modalidade de tradição oral na qual poesia e música estão vinculadas ao
viés da cultura afro-brasileira e da ancestralidade representada pelos cantadores/ repentis-
tas/ violeiros que desempenham uma função similar a que os griots desempenham na África,
por em sua apresentação estabelecer um diálogo com o público que por sua vez é impelido a
participar da performance. Tomaremos por base os estudos realizados pelos autores Ayala
(1998), Barreto (1991), Bhabha (2001), Cuti (2010), Ferreira (2005), Hall (2000), Ribeiro
(2013), dentre outros.

Palavras-chave: Oralidade. Domingos Fonseca. Diáspora Negra.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

CINEMA, HISTÓRIA E HISTORIOGRAFIA: A SÉTIMA ARTE COMO OBJETO DE ESTUDO PA-


RA A HISTÓRIA
Maria Fernanda Fernandes

O presente trabalho pretende problematizar o paradigma do cinema enquanto reflexo do real


pela história, apontando para outras perspectivas tais como: o mundo cinematográfico en-
quanto reprodutor desconstrutor e problematizador de discursos, estereótipos, ideologias e
comportamentos. Deste modo a análise do cinema seja enquanto objeto, ou seja, na sua utili-
zação como fonte de pesquisa torna – se relevante para o historiador como produção da soci-
edade e produto de significado para mesma. Soma – se a discussão do cinema enquanto refle-
xo do real, uma breve análise a respeito dos regimes de historicidade e sua relação com a visi-
bilidade, que influenciam diretamente tanto nas produções fílmicas quanto em suas possibili-
dades para a história. Foi feito ainda percurso sucinto a respeito de alguns elementos e abor-
dagens em relação ao cinema e sua utilização pela história. Para atingir tais objetivos foram
utilizados dentre outros referenciais teóricos – metodológicos a metodologia de FERRO
(1988), em relação à utilização do cinema pela história, o enunciado como forma de ação, BA-
KHTIN (1992), a relação da permanência da referência na ficção em BARTHES (1978) e o con-
ceito de regimes de historicidade de HARTOG (2014).

Palavras-chave: Cinema. Películas. Visibilidades.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

O CINEMA EM OEIRAS: EXPERIÊNCIAS MODERNAS NA DÉCADA DE 1940


Zulene de Holanda Rocha

O presente trabalho faz parte da investigação sobre a introdução do cinema na sociedade oei-
rense na década de 1940, este, por sua vez, foi instalado como um espaço de diversão fixa de-
pois da construção do cine teatro, inauguração em dezembro de 1940. Desse modo, preten-
demos compreender como o cinema pôde influenciar a vida daquela sociedade e entretanto,
como ocorreu a recepção e relação dos moradores com o poder de sedução das imagens em
movimento. Para o desenvolvimento de nossos objetivos fizemos uso da História Oral, por
meio dela pudemos ouvir telespectadores do cinema, alguns deles já participavam das sessões
para adultos e outros eram crianças, portanto faziam parte das sessões da tarde destinadas ao
público infantil, também analisamos a documentação oficial, sendo esta pertencente ao arqui-
vo público da Prefeitura Municipal de Oeiras. Para a coleta das entrevistas utilizamos o mode-
lo temático, sendo ele o mais adequado a nossa proposta. Já para analisarmos o acervo escrito
adotamos o método indiciário de Gizsburg (2011). Ainda fizemos uso de outros autores para o
suporte teórico-metodológico sendo: Berman (2007), Aranha (2008), Cardoso e Mauad
(1997), Sevcenko (2008), Ferro (1992), Queiroz (2009). Durante a execução da pesquisa no-
tamos que o cinema foi um dos grandes projetos do poder municipal, pois com a criação de
novos espaços, este pretendia oferecer a tão sonhada vida moderna aos moradores da urbe. O
cine teatro foi projetado para ser um dos espaços aconchegante e inovador, proporcionando a
cidade o que havia de belo e exuberância naquele momento, cujo prédio foi projetado pelo
prefeito Orlando Barbosa de Carvalho como um dos maiores símbolos da modernidade para
seu governo, por isso o poder municipal não demonstrou nenhum interesse em terceirizar o
uso do cinema, a própria Prefeitura foi responsável pelo uso desse espaço destinado a cultura
moderna. Cada filme podia ficar na praça por uma semana, sendo repetido varias vezes, a re-
petição dependia da aceitação dos ouvintes, que por sua vez, solicitavam a permanência do
filme em cartaz. O cinema trouxe a sociedade oeirense novos hábitos criando, dessa forma,
novas sociabilidades e sensibilidades ao público local. Muitas mulheres que podiam assistir
aos filmes passaram a usar chapéus e até algumas arriscaram mudar o corte dos cabelos, a-
companhando a moda das atrizes, logo, entretanto, o Cine Teatro Oeiras se tornou uma casa
de sonhos e desejos, sendo frequentado predominantemente pela elite local.

Palavras-chave: Cinema. Modernização. Cidade.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

O FILME “A OUTRA HISTÓRIA AMERICANA” COMO ANÁLISE DOS CONFLITOS SOCIAIS


NORTE-AMERICANOS
Marcio Venicio dos Santos Fortes, Eduardo Ferreira de Meneses, Abraão Braz da Silva

Este é um filme que traz discussões bastante pertinentes na contemporaneidade como, por
exemplo, a presença do discurso de ódio que vem sendo marcado pela aversão ao outro. Uma
conótona “cegueira” de não ver os seres humanos como seres que pensam, sorriem, choram e
que sentem uma pluralidade de sentimentos, mas que, no entanto são negados simplesmente
por consequência de estereótipos enraizados que permeia a sociedade americana através do
racismo, do xenofobismo, associados ao nacionalismo extremista e de superioridade por gru-
pos brancos em maioria e ainda associados há grupos neonazistas neste caso os skinheads.
Dito isso é possível abordar essas questões tão presentes no filme, mas que frequentam cons-
tantemente o meio social norte americano correlacionando o contexto do objeto abordado
com os elementos de segregação racial e perceber a partir do filme “A Outra História Ameri-
cana” como esses ideais são constituídos nos indivíduos pertencentes a esses grupos que aca-
bam por considerar esses tipos de manifestações de cunho racista, como, liberdade de expres-
são e ainda sentindo-se amparados pela constituição, ou seja, legitimando a violência, a intole-
rância partindo do pressuposto de “purificar” o modo de vida norte-americano. Teve-se como
abordagem metodológica dividir o filme em três analises diferentes, a primeira analise foi tra-
balhar em pauta na manutenção do discurso nacionalista por parte dos grupos skinheads, a
segunda seria a comparação entre toda a ação ficcional do filme e ações de grupos atuais esta-
dunidenses como, por exemplo, os alt-right (direita alternativa), em seguida procurou-se to-
mar nota em cima de uma analise em relação a três influencias diferentes: a influência da fa-
mília, a influencia social, e a posteriori a influência do cárcere apresentado no contexto de re-
pressão e redenção por parte do personagem principal Derek. No âmbito do que foi proposto
pôde-se perceber que o filme tem como função indagar um ressentimento da sociedade norte-
americana de discutir de maneira mais ampla questões sobre conflitos raciais, que mesmo
sendo visíveis, ainda mexem com estado de “equilíbrio” da sociedade. Trazendo um viés refle-
xivo demonstrado nos personagens principais que no decorrer da história transmitem convic-
ções ideológicas ofensivas há outros grupos “diferentes” disseminando nos indivíduos perten-
centes há essa mesma ideologia de aversão ao outro através de sua liderança imposta. O com-
partilhamento de ódio vem a ser o reflexo do meio no qual o indivíduo está inserido. É mos-
trada a outra história americana a partir do momento que o filme traz o “país da oportunida-
de” para uma realidade muito limiar e sensível ao preconceito racial.

Palavras-chave: Conflitos Raciais. Nacionalismo Extremista. Discurso de Ódio.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

CIBERCULTURA: O PROCESSO EDUCACIONAL E AS INFLUÊNCIAS DAS NOVAS TECNOLO-


GIAS NO ENSINO DE HISTÓRIA
Rômulo Rocha e Silva

RESUMO: O presente artigo tem por objetivo analisar a inserção de novas tecnologias no en-
sino de História bem como os limites e possibilidades da presença destas tecnologias no espa-
ço escolar dando ênfase na sua utilização como meio de desenvolvimento do conhecimento
histórico na sala de aula. Partindo dos estudos de Pierre Lévy acerca da cibercultura, que a
define enquanto cultura desenvolvida coletivamente numa realidade multidirecional, virtual,
sustentada por computadores, é possível perceber que esta cibercultura transforma os modos
humanos de perceber e de estar no mundo, assim os novos conhecimentos trazidos pela ci-
bercultura são tratada pelo autor como uma forma de integração da tecnologia ao intelectual
do indivíduo que amplifica a imaginação aumentando e transformando determinadas capaci-
dades cognitivas humanas. Assim, constitui-se um desafio para a educação contemporânea,
que já não pode mais ignorar tal realidade e, para ser significativa, precisa urgentemente re-
pensar-se e refletir sobre a presença da tecnologia na educação aliando-a aos objetivos das
disciplinas como no caso abordado pelo presente artigo a de história no ensino básico. A pes-
quisa foi feita em duas escolas sendo uma da rede privada e outra da rede pública de ensino, a
primeira conta como instrumento educacional de uso diário e livre um IPAD (espécie de hí-
brido entre smartphone e notebook portátil, com tela sensível ao toque e multifuncional) e a
outra com laboratórios de informática, mas a pratica da cibercultura configura-se, não pelo
incentivo das escolas em trazer as novas tecnologias para o uso diário, mas sim, a impossibili-
dade de externamente o ensino e o processo de aprendizagem não terem impactos pós uma
sociedade conectada. A pesquisa contou com entrevista com os professores da disciplina de
história destas escolas com o objetivo de perceber através da convivência com os alunos as
influências internas e externas dos novos meios de informação, pesquisa e conhecimento pos-
sibilitados pela nova microcultura que se forma a partir da tecnologia da informação. Portanto
a pesquisa possibilita uma análise reflexiva sobre os bônus e os ônus da presença do que o
autor espanhol Manuel Castells chama de era da informação onde essas novas tecnologias de
informação e comunicação interferem nas estruturas sociais e que dentro do ambiente escolar
e especificamente no ensino de história tem impactos que geram uma transformação no pro-
cesso de ensino.

Palavras-chave: Ensino de História. Cibercultura. Educação na Contemporaneidade.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 02
HISTÓRIA, ARTE E CULTURA

ARTE, INTELECTUALIDADE E POLÍTICA NA CIDADE SENSÍVEL: EXPERIÊNCIAS HISTÓRI-


CAS E INDENITÁRIAS DE AFONSO LIMA SOBRE O “PROGRESSO” DE TERESINA NA DÉCA-
DA DE 1970 e 1980
Francisco Lopes da Silva Filho

Essa comunicação faz parte de ecos que ficaram estabelecidos após a conclusão de nossa pes-
quisa de mestrado (2012), nesse intento apresentamos aqui os resultados preliminares de
nossa nova pesquisa fazendo a relação entre arte, intelectualidade e cidade. Nesse sentido, o
presente trabalho objetivo analisar o itinerário artístico e intelectual de Afonso Lima sobre os
discursos de progresso empreendidos pelas políticas culturais do Estado do Piauí sobre a ci-
dade de Teresina nas décadas de 1970 e 1980 bem como sua relação com a construção de i-
dentidade. O interesse por essa temática emergiu a partir de análises anteriores acerca da
cidade de Teresina, intelectual em questão bem como das leituras que relacionam história,
cidade e arte. Assim, incitado por essa relação entre ficção é que temos desenvolvido nossas
experiências como pesquisador. Acreditamos que as obras de ficção nos revelam outras pos-
sibilidades de leitura do tecido urbano, e dos sujeitos que compõem sua malha, uma vez que,
por meio de suas táticas e linguagens, esse intelectual constitui novos dizeres sobre os pro-
cessos de urbanização e progresso de Teresina, evidenciando o que os discursos oficiais não
revelavam. Nesse turno são empreendidos nesse trabalho as noções de Cidade Conceito, e Es-
tratégia de (CERTEAU, 1990); Cidades Invisíveis de (Ítalo Calvino, 1990); o conceito de Pro-
gresso em (LE GOFF, 1994.); de Identidade Intervalar em (BHABHA, 1998); e de Itinerário em
SIRINELLI, 1998). Essas categorias nos permitem observar como Afonso Lima subjetiva a Te-
resina conceitual e progressista através de suas produções artísticas e intelectuais.

Palavras-chave: Itinerário Intelectual. Política Cultural. Cidade.

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ST-03: Educação patrimonial e memória.


Profa. Dra. Salânia Maria Barbosa Melo (UEMA/Caxias)
Profa. Ma. Joana Batista de Souza (Rede Municipal Pública de Codó)

Este simpósio tem por objetivo reunir investigadores interessados em discutir abordagens relaciona-
das aos campos da Educação Patrimonial e Memória, temas que perpassam as fronteiras de trabalho
do historiador, os quais estão relacionados aos diferentes espaços de atuação, de pesquisa, de acesso e
de preservação do patrimônio cultural. Nesse sentido, a realização deste simpósio visa a troca de idei-
as e experiências nesses campos que envolvem o ofício do historiador na atualidade. Conhecer a histó-
ria da cidade, seu processo constitutivo é sentir-se parte deste processo como ser ativo e pode ser o
caminho para a criação da identidade local. A Educação Patrimonial tem sido considerada como o en-
sino centrado nos bens culturais, objetivando proporcionar às pessoas um maior contato com patri-
mônio cultural de sua região, possibilitando, a partir da problematização dos objetos ou patrimônios
culturais representativos de uma comunidade, a construção coletiva do saber, a estruturação e consti-
tuição de uma identidade cultural e histórica. O trabalho da Educação Patrimonial é levar os indivíduos
a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-
os para uma melhor utilização destes bens e propiciando a geração e a produção de novos conheci-
mentos, tendo assim um contínuo processo de criação cultural. Essas discussões e trocas de experiên-
cias que nos fez refletir mais ainda sobre a temática da Educação Patrimonial no contexto escolar, ge-
rando um diálogo entre os indivíduos e o patrimônio cultural de seu lugar, como lugares socialmente
produzidos e ao mesmo tempo privilegiados pelo acúmulo de experiência humana e de vestígios da
cultura, resultante da permanente apropriação das “coisas” e objetos do passado, fazem deles “lugares
de memória”. Para Nora (1993) compreender estes lugares de memória, é um momento de articulação
onde a consciência da ruptura com o passado se confunde com o sentimento de uma memória esface-
lada, mas onde o esfacelamento desperta ainda memória suficiente para que se possa preservá-la. As-
sim, a Educação Patrimonial opera na tentativa de estabelecer um grau de pertencimento, fazendo com
que o indivíduo adquira o hábito de valorizar e preservar e o estimula a conscientização dos sujeitos
sobre os valores culturais. Essa consciência estabelece a relação do indivíduo com o grupo, ou seja, ele
se torna parte do grupo, percebendo-se no grupo, há uma ligação que define os homens e os grupos a
interagirem com a sua existência nas dimensões do passado, do presente e do futuro, aos quais são
elementos fundamentais que define as identidades.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

BELA, RECATADA E PROFISSIONAL: A RELAÇÃO ENTRE MULHER E EDUCAÇÃO, EM TE-


RESINA NA PRIMEIRA METADE DO SÉCULO XX
Joyce Setúbal Gonçalves, Juliana Alves de Sousa

A temática que persiste na escrita desse trabalho visa mostrar a contextualização da atividade
docente como profissão eminentemente feminina, mostrando o papel da mulher na sociedade,
sua função tanto como educadora como dona do lar. O objetivo do texto é analisar a relação
entre a Mulher e a Educação, mostrando o papel da Escola Normal na perpetuação da visão
que a sociedade tanto piauiense quanto brasileira tinha em relação à mulher. Desvendando
como a Escola Normal reforçava a função da mulher mesmo quando ela se ausentava do lar, e
a continuação das funções com o ensino de matérias especifica para mulheres, com o intuito
de normatizar tais atividades, e as torná-las obrigações, cuja toda mulher deveria seguir para
se enquadrar no conceito de “Mulher para casar”. O propósito da educação feminina oferecida
pelo governo estadual na Escola Normal não era somente o de oferecer instrução que propor-
cionasse às mulheres a profissionalização para o trabalho de professora, mas também para os
conhecimentos adequados ao exercício competente das funções de esposa e mãe (MARINHO,
2013). Nesse sentido, a normalista deveria estar preparada para contribuir com o fim do anal-
fabetismo infantil e promover tanto o desenvolvimento dos filhos que surgiram ao longo do
casamento, como perpetua a sua função de zeladora do lar. Metodologicamente essa pesquisa
se dá através de referenciais bibliográficas, com intuito de revelar uma nova perspectiva mes-
clando a visão de alguns escritores, para assim chegar-se a uma tentativa de conclusão que
seria desvendar o real papel da mulher na Escola Normal e qual a preocupação da sociedade
em relação a essas mulheres. Desta forma, a mulher sempre foi “treinada” para servir, mesmo
a educação que lhe traria liberdade, estava ali treinando para um “bem maior” como era visto
pelos demais. Desde criança era treinada para andar de acordo com o padrão estabelecido, se
ousasse sair do padrão era vista como “mulher da rua” e perdia sua moral e integridade, coi-
sas que eram valiosíssimas naquela época. Hoje a mulher ganhou sua autonomia e liberdade,
mas mesmo assim, ainda é vista mal se não quiser casar e for uma mulher do lar. A sociedade
julga como obrigação feminina ser mãe, esposa e dona de casa, porém a obrigação feminina é
ser livre e ter autonomia para fazer suas escolhas e decidir o que quer ser e o que quer fazer.

Palavras-chave: Educação. Escola Normal. Mulheres.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

“DAR ESCOLA A QUEM DESEJAR”: INSTRUÇÃO PÚBLICA EM TERESINA, NA DÉCADA DE


1970
Luciana Pereira Carneiro, Claudia Cristina da Silva Fontineles

O presente trabalho visa investigar os discursos do Governo, no campo educacional, abordan-


do um período marcado por significativas transformações no cenário piauiense, sendo o
mesmo governado por Alberto Silva (1971-1975), e a repercussão obtida na imprensa local. A
pesquisa deriva do Plano “Entre o Oficial e o Impresso: Os discursos do Governo e da Escrita
sobre a Instrução Pública”, sendo, este, desdobramento do projeto de PIBIC-UFPI “O Piauí nos
rastros de um “Brasil Gigante”: tensões e contradições no cenário histórico piauiense da déca-
da de 1970”. Os discursos políticos em torno do progresso do Piauí tornaram-se cada vez mais
corrente, e o Jornal O Estado, publicara algumas das principais manchetes a cerca dessas dis-
cussões, que resultava em proporções significativas os louvores a Alberto Silva e sua ação go-
vernamental. Estas medidas evidenciavam uma sociedade piauiense encaminhando-se rumo a
novos horizontes, e a formação contínua dos professores, portanto, fizera parte deste pro-
gresso, um exemplo nítido fora o curso oferecido pela Secretaria de Educação sobre reforma
do ensino, ultrapassando seiscentos professores inscritos para o curso sobre a reforma do
ensino, ministrado em Teresina. Destacam-se dois aspectos principais: em primeiro lugar o
trabalho desempenhado pela Secretaria de Educação, buscando parcerias que viabilizasse
seus projetos de governo; e em segundo lugar um elevado índice de procura por este curso,
observa-se ainda, que as aulas seriam ministradas por professores do Rio de Janeiro e São
Paulo, proporcionando ainda mais expectativas em termos de qualidade. Do ponto de vista
modernizador, as expectativas positivas referentes ao progresso do Piauí também ocupavam
espaço considerável na imprensa piauiense, inclusive o Deputado Pinheiro Machado e o Sena-
dor Petrônio Portela, manifestaram-se em diversas ocasiões, por meio de entrevistas ao Jornal
O Estado, declarando as chances progressistas do Piauí, enquanto Estado que viera se desta-
cando evidentemente, em comparação aos demais da região nordeste. Em visita a Brasília,
Pinheiro Machado enaltece a realidade piauiense ao acentuar alguns pontos a respeito das
iniciativas governamentais. Para tanto, recorremos aos estudos de Michel de Certeau, Marc
Bloch, Ciro Flamarion Cardoso, Ronaldo Vainfas, Cláudia Cristina da Silva Fontineles, Ana Fani
Carlos, Michael Pollack, Pierre Nora, entre outros, possibilitando, contudo, o reconhecimento à
gama bibliográfica disponível. Como resultado pode-se destacar a localização, catalogação e
digitalização de fontes hemerográficas, como também o amadurecimento empírico obtido
através das experiências de pesquisa. Nesse percurso trilhado, mapeamos as principais notí-
cias em torno da política desenvolvimentista de Alberto Silva, e a repercussão obtida a nível
local e nacional. Além disso, buscar centralizar no campo educacional, pois neste contexto, a
Educação era o alvo essencial na construção desse novo tempo vivido por Teresina. Ao anali-
sar estes periódicos percebemos a relevância do papel desempenhado pela imprensa na esfe-
ra social, e a manipulação partidária em torno deste veículo informativo.

Palavras-chave: História. Educação. Imprensa.

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Livro de Resumos
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

A MODA E AS RECONFIGURAÇÕES COMPORTAMENTAIS EM TERESINA NAS DÉCADAS DE


1960 - 1970
Bárbara Rodrigues da Silva, Clarice Helena Santiago Lira

A moda, em sua análise mais profunda e que leva em consideração não apenas o supérfluo ato
de comprar o que está em evidência nas passarelas e grandes vitrines, é um canal de comuni-
cação poderoso. Segundo Pollini, a moda não é apenas o que vestimos, ela envolve comporta-
mento, linguagem, opiniões e escolhas estéticas diversas. Além disso, a análise da moda em
consonância com o cotidiano jovem, em especial as jovens mulheres, nos fornece informações
relevantes sobre esse grupo, tais como os seus discursos e desejos. Indicam como as pessoas
em diferentes épocas negociam as rupturas e continuidades de determinados padrões e cos-
tumes. Levando em consideração o exposto, o objetivo principal da pesquisa foi investigar a
relação existente entre os padrões comportamentais jovens, em especial o feminino, em Tere-
sina nas décadas de 1960 e 1970 e a moda, visto que houve, no período analisado, um conjun-
to de normas que lentamente foram sendo alteradas pelas novas ações que os jovens pratica-
vam e que pouco a pouco influenciaram na reconfiguração das relações sociais e familiares
estabelecidas, normas essas que tiveram como um dos seus contestadores a moda juvenil,
onde o jovem buscava se diferenciar da geração passada e expressar seus ideais por meio das
vestimentas, dos cabelos e dos seus acessórios. Dessa forma, o trabalho apresenta uma dis-
cussão histórica que permeia os espaços da moda, juventude e gênero, articulando-se às dis-
cussões propostas pela História Cultural e Social, visto que um trabalho historiográfico, como
afirma José da Assunção Barros, situa-se na verdade em uma interconexão de modalidades,
comportando ligações de saberes. Utilizou-se para a construção do trabalho notícias, reporta-
gens e crônicas dos jornais O Dia, dos anos de 1960, 1963, 1964 e 1969; Jornal do Piauí, do
ano de 1970; O Estado, de 1972 e 1973; Revista O Cruzeiro, do ano de 1960, 1964, 1968 e
1970 e revista Manequim, do ano de 1969. As fontes analisadas ajudaram a compreender os
padrões socioculturais relacionados ao público jovem transgressor feminino. Demonstraram-
nos tanto as rupturas quanto tradições presentes na sociedade teresinense, assim como os
lugares de produção de determinados padrões comportamentais e modas do período escolhi-
do para análise.

Palavras-chave: Moda. Juventude. Comportamento.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E O ENSINO DE HISTÓRIA: RELATO DE EXPERIÊNCIA NO PI-


BID SOBRE AS REFLEXÕES DO PATRIMÔNIO HISTÓRICO E CULTURAL DE TERESINA
Nayaran Sherly Dias Holanda, Antonio Jeferson de Sousa, Vilmar Aires dos Santos

Este trabalho apresenta um estudo sobre o patrimônio histórico cultural de Teresina, que traz
consigo um impulso para reflexão sobre a sua importância, articulada ao ensino de História,
que contribui para adentrar na história local. A preservação da memória é essencial para a
valorização da identidade e da cidadania cultural em um determinado lugar, situado em um
determinado tempo histórico. Desta forma, promover a preservação e valorização desses bens
culturais, exige aprofundamento do campo de ensino de História, pois envolve ações educati-
vas que possam viabilizar a aproximação entre os sujeitos que estudam e aprendem, em um
processo que promova no ambiente escolar, inúmeras possibilidades de debates e elaboração
de novos materiais didáticos. Nesse processo a memória coletiva é variada, os monumentos
que se configuram legitimadores da rememoração e da valorização do passado. Atualmente
um bem cultural é preservado se tem valor para a comunidade e se contribui para a melhoria
da qualidade de vida, a construção da identidade cultural e o exercício da cidadania. Por isso a
preservação do patrimônio cultural precisa revelar o compromisso para com a identidade
cultural dos diversos grupos que formam a sociedade nacional. E constituem-se como elemen-
tos que agregam a política do que deve ser lembrado. Nas últimas décadas do século XX houve
uma ampliação dos objetos de estudo, temas, problemas e fontes históricas. Um grande exem-
plo é o Parâmetro Curricular Nacional, que expressa em grande medida essa ampliação, pois
ressalta diversas formas de aprender e ensinar História. Esse documento ressalta, em relação
aos objetivos gerais de História para o ensino fundamental, que os alunos sejam capazes de
valorizar o patrimônio sociocultural e respeitar a diversidade reconhecendo-a como um direi-
to dos povos e individuas e como elemento de fortalecimento da democracia. Esta pesquisa
tem como objetivo principal relatar a experiência do projeto realizado no CETI Governador
Freitas Neto, através do Programa Institucional de Bolsa de Iniciação a Docência-PIBID, em
prol da passagem do aniversário de 165 anos de Teresina, que tem como intenção responder
os seguintes questionamentos: O que se sabe sobre a história local? Quais são as memórias
históricas que os moradores da cidade possuem? O que os bens culturais podem revelar sobre
a história local? A metodologia utilizada é o relato de experiências e uma revisão bibliográfica
que tem como fundamentação Le Goff (1996), Dias (2006), Oriá (2004), Bittencourt (2004),
Brasil (1997) e Horta (1999). Tendo em vista a discussão acima, pretende-se demonstrar a
importância do patrimônio histórico cultural existente na sociedade e com isso ter consciên-
cia de sua preservação.

Palavras-chave: Ensino de História. Patrimônio Histórico. Preservação.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

O PATRIMÔNIO CULTURAL: POSSIBILIDADES DE VALORIZAÇÃO E PRESERVAÇÃO A-


TRAVÉS DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL EM CODÓ-MA
Oséas Cunha da Silva, Augusto Aluízio dos Reis Santos, Liliane Faria Corrêa Pinto

Este trabalho procurou refletir sobre as possibilidades de valorização e preservação do pa-


trimônio cultural codoense, através da educação patrimonial. Na busca da construção da iden-
tidade e da memória coletiva de um determinado grupo social, podem ser apontados alguns
elementos que corroboram para a construção e consolidação de vínculos de pertencimento e
identificação social de determinados grupos. Esses pontos de referências, responsáveis por
contribuir para a formação da identidade e memória coletiva das pessoas, podem ser entendi-
dos como lugares estratégicos, que cada vez mais despertam interesses de pesquisadores que
trabalham sobre essa perspectiva. Portanto, a educação patrimonial inserida no contexto es-
colar, pode ser um elemento de fortalecimento de uma identidade local. Na sociedade con-
temporânea em que a identidade é marcada com muita intensidade pela fluidez, resultado da
integração social e cultural do mundo atual, cada vez mais se torna necessário a existência de
abordagens diferenciadas de ensino, inclusive, as que considerem como lugar de aprendiza-
gem, o patrimônio cultural. Nesse sentido, essas propostas educacionais centradas no patri-
mônio cultural local, seja material ou imaterial, tem se mostrado importantes para compreen-
der e fortalecer a relação das pessoas com o lugar na qual estão inseridas, considerando a re-
lação de identificação e o simbolismo que existe referente aos lugares que despertam senti-
mentos coletivos, como importantes para a compreensão da sociedade e construção de elos de
pertencimento. Pensar uma identidade, bem como uma memória coletiva na perspectiva regi-
onal, é trabalhar com lugares que tem uma relação próxima com as raízes do indivíduo. Nesse
sentido, o patrimônio cultural regional se apresenta como importante caminho para se com-
preender a relação entre história, memória e identidade. Autores como Hall (2006), falando
sobre identidade e sua estruturação, Halbwachs (2003), Pollak (1992), abordando a questão
da memória, e sua construção coletiva e individual, são alguns dos importantes pensadores
que deram suporte metodológico a essa pesquisa e que servem de base para estudos nessa
área. Outra importante referência que nos faz compreender sobre a importância do patrimô-
nio cultural, entendido aqui como lugares de memória, é Pierre Nora (1993) que chega a afir-
mar que “a memória pendura-se em lugares como a história em acontecimentos”. Ressaltando
assim a necessidade de preservação e valorização desses lugares carregados de representati-
vidade. O patrimônio cultural e os monumentos erigidos na cidade de Codó-MA são partes
essenciais para se conhecer a história da cidade e da população local. Esses lugares que carre-
gam em si um simbolismo e muitos significados, que se manifestam como um vínculo que une
e consolida a memória e identidade local, certamente se apresentam como algo importante a
ser preservado e trabalhado principalmente na área do ensino da história, considerando a
história regional como importante para a compreensão dos processos históricos globais e lo-
cais.

Palavras-chave: Educação Patrimonial. Memória. Identidade.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

A SOCIALIZAÇÃO DO CONHECIMENTO ARQUEOLÓGICO COMO FERRAMENTA DIDÁTICA


NOS NÍVEIS FUNDAMENTAL E MÉDIO: UMA ANÁLISE DAS AÇÕES EDUCATIVAS DO PRO-
JETO PLANALTO PIAUÍ
Virginia Marques da Silva Neta, Abrahão Sanderson Nunes Fernandes da Silva

O presente trabalho propõe uma reflexão sobre as atividades desenvolvidas no âmbito do


Programa de Educação Patrimonial da Área Diretamente Afetada do Projeto Planalto Piauí nos
municípios de Paulistana, Betânia do Piauí, Curral Novo do Piauí e Simões, realizado no se-
gundo semestre de 2013. Este programa de pesquisa foi financiado pela Empresa BEMISA
(Brasil Exploração Mineral S.A a qual desenvolveu projetos para a exploração de minério de
ferro na região entre 2009 e 2014. Paralelo aos trabalhos arqueológicos de campo foi realiza-
do o Programa de Educação Patrimonial, que nesta fase, teve como foco a comunidade escolar
das instituições públicas, estaduais e federais. As atividades contemplaram alunos de ensino
fundamental II (6º ao 9º ano), ensino médio, ensino técnico e professores. O referido progra-
ma objetivou, em sua primeira fase, a realização de práticas educativas, a fim de disseminar
conhecimento e informação sobre patrimônio cultural e sua apropriação pelos participantes.
Tais ações foram desenvolvidas a partir do envolvimento do corpo docente e discente em ex-
posições orais dialogadas e atividades práticas como oficinas e escavação simulada, bem como
a realização de um workshop voltado aos professores. Tratou-se, pois, de um processo ativo,
envolvendo crianças e/ou adultos no (s) ato (s) de experimentar ou ter contato direto com os
bens culturais ou elementos representativos das mais diversas manifestações da cultura. Co-
mo suporte didático, produzimos um caderno de textos direcionado aos professores e um fol-
der explicativo para os participantes com informações sobre a arqueologia. O folder também
contou com um caça – palavras a ser resolvido com a leitura do material. O trabalho com a
comunidade escolar promoveu reconhecimento da cultura material, atuando de maneira a
contribuir para a preservação do patrimônio cultural, em particular, os bens arqueológicos
presentes na região onde o projeto foi desenvolvido. A Educação é um espaço de promoção da
cultura, sendo assim, é importante levar aos espaços escolares o tema da Educação Patrimo-
nial, aliando conhecimento e preservação do patrimônio. Dessa forma, as práticas educativas
devem promover a reflexão e interesse para que a comunidade compreenda melhor sobre o
seu Patrimônio e compartilhem dessas informações com os demais, para uma maior valoriza-
ção, preservação e multiplicação destes conhecimentos abstraídos por meio da mediação das
informações e se tornem agentes capazes de transformar a realidade em que estão inseridos.

Palavras-chave: Arqueologia. Educação. Patrimônio.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

PROJETO “CANTEIROS DA HISTÓRIA - A AVENIDA FREI SERAFIM COMO PATRIMÔNIO


CULTURAL DE TODOS NÓS”: UMA EXPERIÊNCIA NO PIBID
Bárbara Rodrigues da Silva, Lucas Ramyro Gomes de Brito, Rafael Nascimento Dias Resende

A Educação Patrimonial se trata de um processo permanente e sistemático de trabalho educa-


cional centrado no Patrimônio Cultural como fonte primária de conhecimento e enriqueci-
mento individual e coletivo, onde a experiência e o contato direto com as evidências e mani-
festações da cultura, em todos os seus múltiplos aspectos, sentidos e significados, levam as
crianças e adultos a um processo ativo de conhecimento, apropriação e valorização de sua
herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a gera-
ção e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural. Segun-
do o Guia de Educação Patrimonial do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
(Iphan), o conhecimento crítico e a apropriação consciente pelas comunidades do seu Patri-
mônio são fatores indispensáveis no processo de preservação sustentável desses bens, assim
como no fortalecimento dos sentimentos de identidade e cidadania. Portanto, a Educação Pa-
trimonial inserida no contexto escolar é de grande importância no fortalecimento da identi-
dade local, na qual o cidadão encontrará caminhos para compreender a relação entre memó-
ria, história e identidade que tanto fortalecem as raízes e tradições de um povo. Nesse sentido,
o “Projeto Canteiros da História: a Avenida Frei Serafim como um Patrimônio Cultural de todos
nós” surgiu como uma intervenção conjunta da disciplina Prática Pedagógica e o Programa
Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (PIBID - Subprojeto História), oportunizando o
envolvimento dos discentes do curso no que tange atividades que valorizem a multiplicidade
histórico-cultural e patrimonial de Teresina, em específico o sítio histórico da Av. Frei Serafim
e seu entorno, que vive sob constante ameaça de ser destruído em prol de obras de urbaniza-
ção (destaque-se a ampliação da Ponte Juscelino Kubitschek e o alargamento da Avenida Frei
Serafim) onde os governantes ignoram tanto a destruição de um importante patrimônio cul-
tural teresinense, quanto os impactos ambientais causados pela ausência do canteiro central
com suas diversas árvores. A intervenção objetivava propiciar à população e aos alunos das
escolas vinculadas ao programa um reconhecimento acerca desses espaços, senso crítico, a-
propriação, valorização e preservação dos bens culturais da cidade de Teresina, assim como
refletir sobre as memórias da cidade e as transformações ocorridas ao longo dos anos. A me-
todologia se deu através de oficinas sobre patrimônio cultural na Universidade Estadual do
Piauí; planejamento e execução de ação educativa a ser realizada para a comunidade transe-
unte; ações educativas para alunos das escolas, com a confecção de materiais a serem expos-
tos na avenida (folders, banners, cartazes, etc). O projeto evidenciou grande importância para
os alunos das escolas envolvidas e comunidade, visto que estimulou a compreensão do uni-
verso sociocultural e trajetória histórico-temporal de um patrimônio da cidade. A intervenção
ocorreu no ano de 2016, no mês de Agosto, contemplando o 164º aniversário de Teresina e o
Dia Nacional do Patrimônio Histórico.

Palavras-chave: Educação Patrimonial. Patrimônio Cultural. Avenida Frei Serafim.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

PATRIMÔNIO CULTURAL: A IMPORTÂNCIA DA CATALOGAÇÃO E ORGANIZAÇÃO DAS


MANIFESTAÇÕES CULTURAIS DE TERESINA PARA O PATRIMÔNIO CULTURAL DO PIAUÍ
Rafael Nascimento Dias Resende, Odailton Aragão Aguiar

O presente trabalho pretende organizar, através da catalogação, as manifestações culturais


encontradas na cidade de Teresina que representam as raízes culturais de nossa cidade. É
uma forma de sistematizar e facilitar o acesso a essas informações, revitalizando a identidade
cultural e valorização da mesma, acreditando que a organização/catalogação das manifesta-
ções populares possa fomentar o interesse e a valorização da identidade do povo da cidade de
Teresina. Especificamente, trata-se de entender a importância da identificação do patrimônio
cultural para o resgate de identidade; sistematizar e organizar os locais, bem como a história
das manifestações culturais de Teresina; e fomentar e valorizar o cenário artístico e cultural
de Teresina. Percebemos que Teresina é uma das capitais do Nordeste que possui uma grande
diversidade cultural, seus contos, ditos populares, danças, bumba-meu-boi (manifestação fol-
clórica típica) e tantas outras manifestações. Mas percebemos uma desvalorização dessas ma-
nifestações, o que vem cada vez mais, fazendo-se necessário um mapeamento dessas manifes-
tações a fim de fomentar o interesse do teresinense pela cultura, o que reforça o sentimento
de pertença a esse grupo. De acordo com Negreiros (2012), as décadas de 1970 e 1980 no Pi-
auí foram marcadas por constantes reflexões, elaborações e investimentos no campo da cultu-
ra, por parte de alguns intelectuais e políticos, no sentido de valorizar a identidade piauiense,
de modo que podemos citar a criação de diversas instituições que contribuíram para modifi-
car as vivências na sociedade, como a Universidade Federal do Piauí (1971), o Plano Editorial
do Estado (1972), a Secretaria de Cultura do Estado (1973), a revista Presença (1974), a Fun-
dação Cultural do Estado, o Projeto Petrônio Portella (1984), a Fundação Cultural Monsenhor
Chaves (1986) e a revista Cadernos de Teresina (1987). No entanto, notamos o sucateamento
do patrimônio cultural de Teresina, pela falha das instituições que deveriam se responsabili-
zar de forma eficaz com o desenvolvimento de ferramentas sociais propositoras de um conta-
to com a arte e a cultura teresinense. A metodologia, desse modo, consiste em pesquisa biblio-
gráfica, visitas às bibliotecas, entrevistas, busca de acervo escrito, mídias sociais, revistas lo-
cais, jornais locais, buscas na internet (artigos científicos, livros, revistas e jornais), vídeos e
vivência.

Palavras-chave: Catalogação. Patrimônio Cultural. Teresina.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

A ADMINISTRAÇÃO DOS BONDES ELÉTRICOS NA DÉCADA DE 1960, EM SÃO LUÍS-MA


Bianca de Sousa Oliveira, Maria das Graças do Nascimento Prazeres

Esta pesquisa tem por objetivo principal analisar a administração dos bondes elétricos na dé-
cada de 1960 na cidade de São Luís – MA como um dos principais serviços públicos que servi-
am a capital. Assim, esta pesquisa se propõe a analisar a administração dos bondes elétricos
nos anos finais do serviço buscando compreender de que forma a administração favoreceu a
retirada dos mesmos e comprometeu um dos principais serviços de nossa capital. É necessá-
rio ainda compreender de que forma o jogo e interesses políticos que estavam por trás da re-
moção dos bondes, entendendo assim, que eles estavam imbricados ao que acontecia na polí-
tica local. Para tanto, fizemos uso de uma referência bibliográfica direcionada para o nosso
objeto, além de analisar documentos que diz respeito ao mesmo, tais como contratos entre o
Estado e as empresas que administram o serviço, relatórios oficiais que trazem os discursos,
dados ou quaisquer outros elementos sobre o transporte público em São Luís, jornais, revistas
e similares que veicularam notícias referentes a esta modalidade de transporte. Os bondes
elétricos foram implantados em nossa capital como um símbolo de progresso e modernidade
em 1924, ainda no período da Primeira República durante o governo de Benedito Leite. Na
época, o Estado subsidiou o serviço para empresas norte-americanas, a saber, a Ullen & Com-
pany que tinha sido responsável pela implantação, e posteriormente a prestar a administra-
ção do serviço, e a Brightman, subsidiada pela primeira, com o tempo em que a mesma tomou
a frente da administração do transporte coletivo urbano, não conseguiu atender de forma sa-
tisfatória as necessidades da população ludovicense. Somente no final da década de 1940 é
que o estado passou a gerir o serviço de transporte público, passando agora a responsabilida-
de para a SAELTPA. A partir daí o serviço que já era deficitário passou a mostrar um quadro
de quase deficiente, o que ocasionou na retirada dos bondes elétricos em meados da década
de 1960 para o então denominado progresso de Juscelino Kubitschek que deu a abertura para
a sorrateira estratégia dos empresários em colocar os ônibus em circulação na capital mara-
nhense, e assim, os “tubarões de asfalto” foram favorecidos, mais uma vez ignorando as neces-
sidades da população, em nome de interesses políticos. A retirada dos bondes elétricos em
São Luís até hoje causa comoção entre os ludovicenses que viveram os tempos áureos deste
serviço. As memórias dos passageiros dos bondes ainda permeiam as conversas cheias de sen-
timentos e de saudades daqueles que um dia foi um dos meios de transporte mais utilizado
em nossa capital.

Palavras-chave: História. Cidade. Transporte Urbano.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

CAMINHOS E ESTRADAS COLONIAIS DE OEIRAS


Rafaela Maria Carvalho Rodrigues, Grégoire Van Havre

O presente trabalho se trata do projeto de monografia realizado na cidade de Oeiras – Piauí do


curso de Arqueologia – UFPI, coordenado e orientado pelo professor Grégoire Van Havre, em
que expõe a importância da mesma no contexto colonial histórico e arqueológico do estado,
com ênfase nos estudos sobre os caminhos e estradas coloniais nos períodos que se estendem
entre os séculos XVII e XVIII. Localizada na microrregião de Picos, no estado do Piauí, a cidade
é marcada por aspectos religiosos, como a Procissão dos Passos, que vem sendo realizada
desde o fim do século XVIII. Oeiras se caracteriza no contexto colonial piauiense, por ser a
primeira vila criada (Vila da Mocha) e também a primeira capital, com influência no início do
comércio e pecuária, atividade de destaque na antiga capitania. Visto que, a cidade contém um
vasto campo de vestígios históricos e arqueológicos que podem ser correlacionados a fim de
complementar essas informações a respeito da região, é notória a importância do estudo dos
caminhos e estradas coloniais que se encontravam na antiga capital e partiam para as vilas
com algumas ramificações que continham os povoados, por esses caminhos passavam vaquei-
ros, senhores de engenho, escravos, nativos e a população em geral, que acabou moldando
espacialmente e culturalmente a estrutura do local. Os objetivos da construção desse trabalho
partem da premissa de propor debates acerca da importância do estudo desses trajetos e a
relação dos colonizadores para com os nativos na abertura dos mesmos, assim como, estudar
a dinâmica espacial da cidade de Oeiras através destes caminhos/estradas e fronteiras (século
XVIII) com a relação entre os dados documentais históricos, cartográficos e a Arqueologia.
Além disso, essas questões são norteadas do estudo, no qual acreditamos que a priori seria
interessante defender o conceito de “caminhos” e “estradas” e por fim estabelecer a relação
com as “fronteiras” e assim fazer uma análise arqueológica sobre o tema específico. A metodo-
logia se fundamentará na interdisciplinaridade: Arqueologia + Cartografia + História. Como
referencial teórico, foram levados em consideração a evolução da Arqueologia Histórica (LI-
MA, 1993; SYMANSKI, 2009) um dos primeiros trabalhos sobre caminhos no Brasil (ABREU,
1907), a extensa pesquisa sobre fazendas de gado no período do Piauí Colonial (MOTT, 1985),
o processo de urbanização da capitania do Piauí (ARRAES, 2016) além de vários trabalhos
acadêmicos que em sua maioria são apenas históricos, sendo assim, fazendo-se necessário
propor uma perspectiva arqueológica.

Palavras-chave: Estradas. Dinâmica. Arqueologia.

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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

MERCADO DA PIÇARRA: UM PATRIMÔNIO DA GASTRÔNOMIA POPULAR DE TERESINA


Auriane Gomes de Melo, Elisnauro Araújo Barros

O patrimônio cultural de um povo é a representação dos seus valores e de sua autoimagem e o


que por vezes tornam as vivências individuais em coletivas, ou seja, é o ponto que une experi-
ências distintas e dá o mesmo significado para vários indivíduos. Os bens culturais sejam eles
materiais ou imateriais são mais que objetos, festas, danças, celebrações, pois se cristalizam
como parte essencial para que possamos nos reconhecer como parte de um grupo seja ele o
dos brasileiros, ou como parte de comunidades mais específicas como mineiros, paulistas,
negras ou de qualquer identidade cultura. Sendo considerado como um dos referencias da
cidade de Teresina, o Mercado da Piçarra ao longo do tempo passou por diversas transforma-
ções no tocante a sua estrutura física, e hoje é visto principalmente quanto à culinária regio-
nal, por isso, podemos aponta-lo quando falamos a respeito da cultura da arte e ciência do
preparo de alimentos para a mesa, atraindo a cada dia o interesse de quem aprecia estes pra-
tos típicos. Assim, através do empenho de vários comerciantes que fazem questão de exaltar
estas atividades, acreditamos ser esse espaço um dos mais significativos quando pensamos
em uma cultura culinária típica piauiense, assim buscamos em nossa pesquisa discutir como o
mercado vai se tornado parte de nossa indenidade, bem como seus mercadores e frequenta-
dores passaram a reconhecer esse local como parte culturalmente importante da cidade de
Teresina. tentamos contribuir através deste artigo, na apresentação deste espaço público te-
resinense . Com isso, utilizamos alguns autores, como Luís Câmara Cascudo (2011/2012), por
meio de seu apontamento a respeito da história alimentar brasileira, e o uso do dicionário de
costumes. Contamos também com Gilberto de Melo Freire (2007), e sua exposição a respeito
das origens das receitas dos mais tradicionais doces e bolos feitos pelas mucamas de todo o
nordeste, dentre outros aqui utilizados. Trazemos fontes orais, como Francilete Pires Ferreira
Rocha (2014), e Maria Paixão Alves da Silva (2014), dessa forma lançamos mão tanta de uma
bibliografia já existente sobre a feitura de alguns pratos que representam a identidades de um
povo, como buscamos construir através de intervista de autores que vivenciaram e vivenciam
o mercado como local de produção e consumo de nossa cultura culinária.também utilizamos
fontes como jornais locais para perceber como a cidade reconhece o mercado como parte de
seu conjunto de patrimônio cultural, inda que esse não tenha sido oficialmente registrado.
Assim a metodologia aplicada foi tanto a análise de fontes escrita como as entrevistas realiza-
das sobre a luz da história oral.

Palavras-chave: Cultura Culinária. Mercado da Piçarra. Teresina.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

PROCESSO DE ESCOLARIZAÇÃO DA ARTE CAPOEIRA EM TERESINA/PI


Robson Carlos da Silva, Carlos Taylan da Silva

O texto se assenta na proposta de uma investigação, em andamento, acerca da história social


da inserção da arte Capoeira em escolas de Teresina/PI, sobre como aconteceu a inserção
dessa arte nas escolas, de forma efetiva e significativa, deixando evidente os processos, aspec-
tos e características que marcaram esse fenômeno. É importante ressaltar que a Capoeira se
constitui em uma arte da cultura brasileira, de origem negra, aqui criada e desenvolvida en-
quanto ferramenta social de resistência e manutenção da cultura do povo negro no Brasil, se
fortalecendo e se difundindo pelo mundo afora, enquanto instrumento de identidade de nossa
cultura. Sua prática, além do forte componente identitário, carrega inúmeras contribuições na
formação integral de crianças e jovens em escolas, notadamente por meio de um sistema pe-
dagógico próprio e ricamente ordenado com características únicas dessa arte e que podem
auxiliar significativamente na educação destes. O objetivo central do estudo é investigar como
a arte Capoeira se insere enquanto prática curricular oficial em Escolas públicas e particulares
de Teresina/PI. De forma particular, o estudo busca pontuar aspectos dos avanços, mas tam-
bém das dificuldades, dos retrocessos, das discriminações em desacordo com a realidade vi-
vencial que essa prática sofreu na tentativa de sua escolarização. O método utilizado para a
execução da investigação é o da pesquisa qualitativa, sustentado na História Oral, nos estudos
sobre Memória e na abordagem Biográfica, com informações de fontes orais, das narrativas
das reminiscências de personagens protagonistas dessa história, dentre os quais, mestres,
professores, praticantes, admiradores, dentre outros que vivenciaram a história que se inves-
tiga. Utilizamos, também, minuciosa investigação bibliográfica e documental com texto e ima-
gem, a partir de dados visuais de imagens paradas e em movimento (fotografias, negativos de
fotografias, filmes) e textos de jornais, diários, registros livres e livros de atas, periódicos, re-
vistas e outros, tendo como cenário o universo da Capoeira em Teresina/PI. Para uma apro-
fundada e rigorosa fundamentação do trabalho nos utilizamos, principalmente, das ideias de
Rego (2015), Campos (2002), Silva (2016), Silverman (2009), Tavares (2012), Abib (2017),
Silva e Santos (2017), Sodré (2012), Vicentini e Abrahão (2010), Le Goff (2001), Meihy
(1996), Alberti (2010), Viñao, (2004), Josso (2008), Leray (2008), dentre outros. Os achados
preliminares do estudo indicam que a história da escolarização da Capoeira em Teresina/PI se
iniciou nos anos finais da década de setenta, mais precisamente a partir de 1978, com sua prá-
tica licenciada pela direção das escolas, sendo, na década de oitenta, com a fundação dos pri-
meiros colégios particulares, incluída nos currículos oficiais, como atividade complementar e
optativa, nascendo assim as primeiras escolinhas de Capoeira.

Palavras-chave: Capoeira. Escolarização. História e Memória.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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TARAB: O FENÔMENO DA EFERVESCÊNCIA VIVENCIADO NA DANÇA DO VENTRE


Alice Maria Almeida e Sá

A proposta de um trabalho de investigação sobre a dança do ventre sob o viés da antropologia


suscita algumas questões conceituais. Nesse sentido, o presente ensaio se materializa como
contribuição da disciplina Antropologia das Emoções, ministrada pela professora doutora
Francisca Verônica Cavalcante e oferecida pelo Programa de Mestrado em Antropologia, biê-
nio 2017-2019, da Universidade Federal do Piauí. O objetivo do ensaio proposto é desenvol-
ver um diálogo entre a teoria referente ao campo das emoções e a dança do ventre, no tocante
aos sentimentos despertados pela prática desta. A revisão bibliográfica das obras discutidas
no decorrer da disciplina, confrontadas com demais publicações que discutem a temática da
dança do ventre foi a metodologia escolhida para a confecção deste ensaio e que instigou o
questionamento de como são vivenciadas as emoções no âmbito da prática da dança do ven-
tre. O conceito de efervescência de Emile Durkheim, bem como os escritos sobre os sentidos
de David Le Breton, são estudos aqui problematizados que foram apreendidos de maneira á
contribuir na confecção de uma reflexão sobre a dança do ventre e seu diálogo com a antropo-
logia das emoções. Partindo de um pressuposto generalizado, podemos dizer que a história
da dança vem desde tempos primordiais, precedendo o mecanismo intelectual do ser humano
e se confundindo com a necessidade de reverenciar o divino. Nesse sentido, as danças teriam
suas origens em rituais sagrados, onde mulheres eram escolhidas por suas habilidades na
dança e pela facilidade de entrar em transe, comunicando-se assim diretamente com o ser
divino, aqui representado pela Deusa-Mãe, corporificando o sagrado feminino. É possível que
a dança do ventre realizada na contemporaneidade guarde características das danças realiza-
das nos antigos templos. Movimentos abdominais e realizados com o quadril foram executa-
dos por civilizações diferentes em variados períodos ao longo do tempo. No decorrer de sua
história, a dança do ventre foi influenciada por diversos grupos étnicos do Oriente, absorven-
do os regionalismos locais, os quais lhe atribuíam interpretações com significados próprios de
cada região. Surgiam desta forma, elementos etnográficos peculiares, como nomes diferencia-
dos, em geral associados à região geográfica em que se encontrava; os trajes e acessórios fo-
ram adaptados; elementos musicais foram criados; movimentos básicos que modificaram a
postura corporal e variações da dança. Essas adaptações deram origem as Danças Folclóricas
ou Populares Árabes. Ainda que a dança do ventre tenha perdido seu caráter sagrado, o Tarab,
termo que nos leva ao entendimento de um arrebatamento artístico, pode ser associado ao
estado de transe, experimentado durante os rituais nas antigas civilizações e que é nos colo-
cado por Durkheim como um estado de efervescência, descrito como um elevado estado emo-
cional experimentado especialmente em rituais religiosos.

Palavras-chave: Dança do Ventre. Efervescência. Sagrado Feminino.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

LAÇOS DE EDUCAÇÃO FAMILIAR


Maycon Rodrigues da Silva, Antonio Jorlan Soares de Abreu, Isabel Cristina de Sousa Silva

Esta pesquisa trata da presença de mulheres na Educação de Jovens e Adultos - EJA e seu re-
flexo no mercado de trabalho timonense. A mulher vem, ao longo do tempo, ocupando cada
vez ambientes tidos como exclusivamente masculinos na sociedade, quebrando assim estere-
ótipos e mostrando seu valor como mãe, estudante atuando no mercado de trabalho realizan-
do assim uma dupla jornada e isso revela sua intensa convivência com desafios. Este trabalho
objetivou identificar e conhecer algumas alunas, de determinadas turmas de ensino integrado
ao médio, bem como sua trajetória no ambiente escolar, empecilhos, além de descobrir sua
representatividade no mercado de trabalho. Para alcançar tais objetivos, adotou-se como fon-
te primária dados das alunas vindos do Departamento de Registro e Controle Acadêmico -
DRCA localizado na instituição de ensino das mesmas, a partir daí foram analisados esses da-
dos, assim, esses dados foram a chave para localizá-las e posteriormente realizar entrevistas
com elas. Para um melhor embasamento tornou-se imprescindível leituras de fontes biblio-
gráficas que versavam sobre a temática proposta. Na condução da pesquisa, deparou-se com
uma história marcante, mãe e filha que possuem relações de cunho educacional. Ao entrevis-
tar a mãe, mulher trabalhadora e carismática, a conversa fluiu com o fato de suas dificuldades
de retornar aos estudos, seu casamento e nascimento dos filhos como principais empecilhos,
porém com o passar do tempo oportunidades surgiram e sua filha (estudante) foi quem in-
cansavelmente, aconselhava a sua mãe a concluir seus estudos, com a oportunidade nas mãos
a mãe concluiu seus estudos e dedicou seu diploma à filha, que foi a maior incentivadora. A-
lém disso, atualmente está trabalhando e contribuindo na renda familiar, graças aos conheci-
mentos adquiridos no seu retorno à qualificação. No momento da entrevista a família estava
presente e toda estrutura familiar foi relatada, enriquecendo a resposta pra essa pesquisa. A
mulher é um pilar essencial para a estrutura da sociedade.

Palavras-chave: Mulher. Educação. Família.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

EMPREENDEDORISMO FEMININO E A IMPORTÂNCIA DAS MULHERES PARA A SOCIEDA-


DE
Isabel Cristina de Sousa Silva, Antonio Jorlan Soares de Abreu, Maycon Rodrigues da Silva

O principal viés deste trabalho foi a análise da dimensão do empreendedorismo feminino,


tendo como foco a cidade de Timon - MA. De acordo com relatos históricos foram as transfor-
mações na sociedade (I e II Guerras Mundiais) que impulsionaram as mulheres a entrar no
mercado de trabalho, desde então tornou-se imprescindível conhecer a importância que as
mulheres desempenharam e desempenham até hoje, tanto no âmbito social, como no econô-
mico. Esta pesquisa teve como objetivos a investigação dos ramos de atuação dessas mulhe-
res, quais dificuldades enfrentam ou já enfrentaram na administração do negócio e os porquês
essas mulheres decidiram empreender. O método utilizado para o alcance dos objetivos pro-
postos foi a busca junto as órgãos competentes como, o Serviço de Apoio às Micros e Pequenas
Empresas - SEBRAE, Associação Comercial e Industrial de Timon - ACIT e a Junta Comercial do
Estado do Maranhão - JUCEMA, de dados que pudessem nos auxiliar. Porém as dificuldades
iniciaram a partir daí, por não encontrar os resultados esperados nesses órgãos competentes,
mas a contribuição veio de uma fala indicativa do presidente da ACIT, neste cenário entram os
contadores, sendo que esses não faziam parte da metodologia indicada para a investigação,
porém entraram no decorrer da pesquisa e foram de suma importância para o desenrolar da
pesquisa, fornecendo dados tais como (Nome, Endereço, Razão Social e Nome fantasia ). Foi
então que conseguimos de fato realizar os questionamentos com essas mulheres empreende-
doras, de forma a alcançar os objetivos propostos. As fontes bibliográficas foram essenciais
para nos familiarizarmos com o tema e ampliar os nossos horizontes para a temática. A atua-
ção feminina como empreendedora é relativamente recente, porém, devido a feminização do
mercado de trabalho o empreendedorismo feminino tem se mostrado evidente em todas as
regiões do país, não sendo diferente na cidade de Timon - MA, onde através desses questio-
namentos nos deparamos com histórias emocionantes e motivadoras. Como recorte dos ques-
tionamentos realizados relato aqui a história de negócio/vida da empreendedora do ramo de
peças de motos e bicicletas, a mesma muito bem humorada, atende os clientes com o sorriso
sempre no rosto, mas quando indagada o porque decidiu empreender ,observa-se em si uma
profunda tristeza, a mesma responde que até aos 47 anos de idade não se imaginava adminis-
trando um negócio, foi a necessidade de sua família não perecer que passou a administrar o
negócio do então falecido esposo. Na cidade pôde se constatar através de tais questionamen-
tos, que possuem empreendedoras com os mais diversos níveis de escolaridade, que são:
mães, donas de casa, esposas e empresárias, mostrando assim a importância da mulher para a
sociedade.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Mercado de Trabalho. Mulheres.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 03
EDUCAÇÃO PATRIMONIAL E MEMÓRIA

TRAÇANDO EMPRESAS NOVAS EM FAMÍLIA


Antonio Jorlan Soares de Abreu, Isabel Cristina de Sousa Silva, Maycon Rodrigues da Silva

Este trabalho apresenta um estudo realizado no primeiro semestre de 2017 com as mulheres
empreendedoras na cidade de Timon-MA. O empreendedorismo feminino está em evidência
por conta do processo de feminização do mercado de trabalho, onde espaços considerados
como tipicamente masculinos passam a ser comandados por mulheres e ocorre assim um au-
mento gradativo de empreendimentos (gestão de lojas de peças para carro e para moto, lojas
de atacado, madeireiras, materiais de construção, centro médico e etc) organizados por mu-
lheres, tornando-se cada vez mais importante conhecer sua representatividade no cenário
econômico e sua importância para a sociedade. Esta pesquisa teve como objetivo principal
analisar as empresas administradas por mulheres e a influência que esta feminização trouxe
para o seio familiar. Outro ponto investigado no trabalho foi o que as levaram a abrir o seu
próprio negócio. Para viabilizar a execução da proposta de pesquisa, adotou-se como fonte
primária a abordagem na Associação Comercial e Industrial de Timon-MA-ACIT, o Serviço
Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas - SEBRAE e a Junta Comercial do Estado do
Maranhão - JUCEMA. Os desafios na busca dos dados foram vencidos quando em visita ao Ser-
viço de Proteção ao Crédito-SPC e a Câmara de Dirigentes Logistas - CDL que nos direciona-
ram ao presidente da ACIT, que apontou a direção nos encaminhando aos Contadores (peça
fundamental para o desenrolar desta pesquisa). A metodologia utilizada constou de análise
quantitativa e qualitativa dos dados apresentados pelos Contadores e entrevista oral. Como
arcabouço teórico-metodológico recorreu-se a autores consagrados como Oliveira (1997),
Chiavenato (2007), Machado (2010), Matos e Borelli (2013). O roteiro com os questionamen-
tos foram levantados com base nos objetivos propostos. O recorte historiográfico veio na con-
dução do trabalho, onde deparou-se com mãe e filha empreendedora, a primeira a ser entre-
vistada foi a filha, (empreendedora de um Centro Médico) graduada, jovem e bem receptiva, e
sem traços sulfomaníacos, falou abertamente de sua experiência e vivência gestora e repetiu
que a grande empreendedora é na verdade sua mãe, no momento da condução da entrevista
com a mãe (empreendedora Atacadista) os pontos registrados pela filha de fato se revelam,
inquieta, ativa, perspicaz, ágil, dinâmica, adjetivos que foram visualizados, pois respondia a
entrevista, atendia cliente pelo telefone e presencial, passava comandos ao filho que trabalha
com ela e também aos colaboradores, sem perder a sintonia. Presente no mercado há quase
três décadas, formada em Geografia, professora aposentada, mãe de três filhos. A genitora
ainda tem disposição para incentivar, criar estratégias e cobrar pela execução das mesmas, em
relação ao outro filho estimulou e promoveu a criação de uma fábrica de velas.

Palavras-chave: Empreendedorismo. Família. Mulheres.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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ST-04: As multifaces de Clio: entre memórias e narrativas.


Prof. Dr. Pedro Pio Fontineles Filho (UESPI)

O presente simpósio temático tem o objetivo de oportunizar espaço para debates e reflexões acerca da
multiplicidade do campo disciplinar da História, no que tange às aproximações entre história, memória
e narrativas. No tocante ao aspecto narrativo da História, é importante lembrar daquilo que asseverou
Paul Veyne, afirmando que a história “é, antes de tudo, um relato e o que se denomina explicação não é
mais que a maneira de a narração se organizar em uma trama compreensível” (VEYNE, 1998, p. 67). De
maneira semelhante, Hayden White destacou “as formas estruturais profundas da imaginação históri-
ca” (WHITE, 1992, p. 09), que compõem o campo narrativo da História. Além disso, Michel de Certeau
enfatizou que “o discurso histórico pretende dar um conteúdo verdadeiro (que vem da verificabilida-
de), mas sob forma de uma narração” (CERTEAU, 2011, p. 110). Essas propostas devem ser percebidas
no seio das transformações do campo historiográfico, que se processaram, em larga medida, na virada
da década de 1960 e princípios da de 1970. Deram impulso para o desenvolvimento de uma História
Cultural ou da tendência que se convencionaria chamar de Nova História Cultural. Entendida como
essa narração que busca a verificabilidade, a História começa a perceber que a própria memória deve
ser compreendida em sua pluralidade, visto que são diferentes os lugares de onde e para onde cada
memória é construída, pois “a memória é acima de tudo, uma reconstrução continuamente atualizada
do passado, mais do que uma reconstituição fiel do mesmo” (CANDAU, 2011, p. 09). Da mesma forma é
fulcral que se percebam as diferentes instâncias entre a lembrança e o esquecimento, como destaca
Paul Ricoeur (2012) e que a capacidade mnemônica, como adverte Henri Bergson (2006) é que permi-
te a consciência de passagem de tempo. Assim, a História, como mais um discurso que (re) cria e (re)
inventa o mundo e a realidade, está marcada pelas diferentes formas de narrar. Narrativas tais que se
utilizam de múltiplas ferramentas e mecanismos, desde o próprio texto escrito de matriz oficial do
Estado, até as representações imagéticas. Por esse diapasão, trabalhos que versem sobre as narrativas
e memórias (re) criadas no âmbito dos espaços da cidade, bem como aquelas oriundas das dimensões
ficcionais e artísticas, como a fotografia, o cinema, o teatro e a própria literatura, são locus de diálogo.
Diálogo tal que não pode perder de vista a relação íntima entre a pesquisa e o ensino, visto que é, no
ambiente das escolas e das universidades, que a síntese histórica ganha seus contornos e ressonâncias.
Nesse sentido, o ensino de história também se configura como palco indispensável para o confronto
das narrativas. Ver referências

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

(RE)PENSANDO A "OVELHA NEGRA": HISTÓRIA, MÚSICA E GÊNERO NA OBRA DE RITA


LEE DE 1972 A 1990
Sabrina Thays Bezerra Santos, Pedro Pio Fontineles Filho

A partir do século XX, a figura feminina fará parte, de maneira mais notória, do cenário da mú-
sica popular, sobretudo no Brasil. Mas ainda assim com um número inferior aos homens, o
que dá indícios de como as questões de gênero são engendradas e acabam por limitar os espa-
ços, sendo diferentes os meios de atuação feminino e masculino. Foi nessa esfera que a canto-
ra e compositora, Rita Lee enfrentou as limitações no mundo musical, relacionadas à questão
do gênero e assumiu o papel de mulher forte e destacada no seio de uma sociedade essenci-
almente machista, tornando-se um grande ícone do rock brasileiro nos anos de 1970, com
continuidade nas décadas de 1980 e 1990, imagem esta que se perpetua até os dias atuais.
Assim, o presente trabalho teve como objetivo principal compreender as representações soci-
ais e relações de gênero na trajetória musical de Rita Lee. Além disso, buscou analisar as con-
figurações históricas, sociais, políticas e culturais que engendram as fases da carreira da can-
tora; discutir as dimensões dos discursos sobre gênero, corpo e sexualidade nas letras de suas
músicas; refletir sobre os traços biográficos e autobiográficos da cantora, na constituição de
sua obra musical; pensar acerca das representações e alcances da música produzida pela can-
tora no cenário musical e cultural do país. Para compreender as relações de gênero, foram
utilizados autores como Alain Corbain, Rachel Sohiet, Joan Scott e Roy Porter. No tocante às
discussões sobre História e Música foram utilizados os autores Maria de Lourdes Sekeff, Mar-
cos Napolitano, Ana Maria Bahiana e Paulo Chacon. Além da revisão bibliográfica citada, foram
levantadas análises de sua autobiografia, entrevistas disponíveis na internet assim como lei-
turas e interpretações de reportagens disponíveis em revistas digitais como Pop, Rolling Sto-
ne e Música com o objetivo de compreender a trajetória musical e vida pessoal da cantora Rita
Lee. Desse modo, a música produzida e elaborada por Rita Lee está imersa, como todo produ-
to humano, a um sistema de relações, dentre as quais as de gênero ganharam maior repercus-
são, não somente por suas músicas, mas por ser uma mulher que se inseriu em um segmento
musical – o rock – com predominância da atuação masculina. Tal sistema das relações de gê-
nero está ligado às atribuições sociais de papéis, poder e prestígio, sendo sustentado por am-
pla rede de metáforas e práticas culturais associadas ao masculino ou ao feminino. Assim, foi
possível chegar a uma breve conclusão que as músicas de Rita Lee apresentam uma grande
relevância na compreensão dos fenômenos relacionados à representação social de corpo, gê-
nero e sexualidade auxiliando também na construção e formação de uma sociedade mais igua-
litária, com cada vez menos disparidades de tratamentos recebidos por homens e mulheres
dentro de um mesmo círculo social.

Palavras-chave: História. Música. Gênero.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

MEMÓRIAS DE UMA RUA ONDE O PAU NUNCA CESSA: VIOLÊNCIA E PROSTITUIÇÃO NA


CIDADE DE FLORIANO-PI (1950-1970)
Irisneide Máximo, Francisco Alcides do Nascimento

Floriano está localizada à margem direita do Rio na região do médio Parnaíba, teve por mais
de cinco décadas sua economia impulsionada pela navegabilidade fluvial através do cais da
beira rio, local onde estavam instalados variados estabelecimentos comerciais. Por ser lugar
de negociações, era intenso o fluxo da população masculina, aglomeravam-se viajantes, caixei-
ros, homens de negócio, marinheiros, estivadores, vareiros, vagabundos e curiosos. É entre
esses personagens que surgem os primeiros agentes da prostituição, cuja prática se estende-
ria para além daquele espaço geográfico. A Rua Silva Jardim nas proximidades do cais, mais
conhecida como Rua do Pau Não Cessa e adjacências, foi uma famosa zona de meretrício de
Floriano e que até os dias atuais permeia o imaginário social florianense. A Rua do Pau Não
Cessa, ficou conhecida não somente por ter sido zona de conflito entre polícia e marinheiros,
embarcatícios, mas também numa clara referência à sexualidade ou em alusão a quantidade
de prostíbulos que ali se encontravam onde, a qualquer hora o pau nunca cessava e permeia
até os dias atuais a imaginação da população florianense. Os discursos criados em torno dos
acontecimentos nessa zona formulou uma representação de que essa região era extremamen-
te perigosa, perigo esse, que muitas vezes foi exagerado. Talvez esse exagero esteja ligado ao
senso comum criando uma imagem negativa da prostituição, relacionando-a à criminalidade,
ao lenocínio, à jogatina, a vagabundagem, e a conflitos armados. Este artigo analisa as tramas e
sociabilidades tecidas nesta zona, buscando reencontrar os personagens que protagonizaram
esse mundo, os espaços e momentos em que estavam em ação, tantas vezes munidos de pre-
conceito, juízo de valor e estereotipada que previamente os condicionavam. Para alcançar os
objetivos desta pesquisa utilizaremos como fontes os relatos orais de memória de uma ex-
prostituta que viveu nessa zona de meretrício e de um ex-marinheiro que ainda mora na regi-
ão do cais, próximo a esta zona. Ambos são conhecedores do cotidiano da zona, possuidores
de informações privilegiadas sobre as atividades ali desenvolvidas, além desses relatos utili-
zaremos também memórias produzidas e publicadas na cidade de Floriano como as de Luís
Paulo Lopes e José Bruno dos Santos. Também servirão de aporte os escritos piauienses sobre
prostituição de Erasmo Carlos Amorim Morais e Bernardo Pereira Sá Filho. Além do aporte
teórico autores que discutam o tema da prostituição e sexualidade como Margareth Rago e
Magali Engels e Michel Foucault.

Palavras-chave: Rua pau não cessa. Memória. Prostituição.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

CLIO ROMPENDO AS AMARRAS: NARRATIVAS, MOVIMENTOS SOCIAIS, VIOLÊNCIA E O


DIA DA MULHER EM TERESINA-PI
Jefferson Luís Alves, Pedro Pio Fontineles Filho

O presente trabalho teve o objetivo principal de compreender a situação de violência que as


mulheres de Teresina sofreram, durante interstício de 1980. As relações desiguais entre ho-
mens e mulheres vividas na capital do estado do Piauí, contribuíram para o fortalecimento da
cultura patriarcal que está nas raízes da sociedade brasileira desde o período de sua coloniza-
ção. A violência saiu da invisibilidade durante a década de 1980, com a criação e organização
dos movimentos feministas no Piauí. Buscamos fazer um breve estudo sobre a condição da
mulher em todo o Brasil, apresentados casos de violência contra a mulher. Apresentamos ca-
sos de violência, que os jornais de Teresina, O Dia, O Estado, Jornal da Manhã, durante o perí-
odo de 1980. Além de entrevistas com mulheres vítimas de violência, nos apropriamos de su-
as memórias com o objetivo de compreender a realidade de uma mulher que sofre violência.
Como também utilizamos entrevistas de mulher engajadas nos movimentos de mulheres, com
objetivo de sabermos como esses movimentos atuavam em Teresina para erradicar a violên-
cia e na luta por direitos iguais. Para compreender as relações de gêneros, foi fundamental a
discussão com autoras como Mary Del Priore, Raquel Soihet, Joana Maria Pedro, Maria Beatriz
Nader, Jaira Medeiros e Nalda Sousa. Nas discussões de História Oral e Memória, utilizamos
Michel Pollak, Jaques Le Goff, e Paul Ricouer, que foram fundamentais para a análise das me-
mórias das entrevistadas. Neste trabalho destacamos a ação dos movimentos de mulheres,
sua importância e suas reivindicações. O dia da mulher não era apenas um dia comum, as fon-
tes orais e os jornais, nos mostram que essa data era de lutas, protestos, palestras, assim tam-
bém como momentos de lazer, ao som de músicas ao vivo e pesas de teatro. Portanto era um
dia festivo em Teresina. Os movimentos deram frutos, queremos enfatizar, a atividade dos
grupos de mulheres nos bairros, levou à criação do conselho estadual e municipal de mulhe-
res, centros populares de mulheres. O objetivo dessas instituições era ajudar as mulheres em
diversos problemas como a violência em casa, no trabalho, na rua, a sub-remuneração destas
no trabalho formal e informal, e até mesmo informar sobre doenças sexualmente transmissí-
veis. Chegamos a uma breve conclusão que os movimentos de mulheres, foram e continuam
sendo nos dias atuais, uma engrenagem vital no combate a violência contra a mulher, reivin-
dicando os direitos, lutando por melhores condições, buscando conscientizar e informar, que
elas têm os mesmos direitos e obrigações que os homens na sociedade e que não são objetos,
de homens opressores alimentados pelo sistema patriarcal.

Palavras-chave: História. Narrativas. Gênero.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

ESCULTORES DO CORPO: HISTÓRIA, MEMÓRIA E NARRATIVAS DO FISICULTURISMO NO


PIAUÍ
Rodrigo Guimarães de Azevedo, Pedro Pio Fontineles Filho

O presente trabalho teve como objetivo principal compreender e analisar as concepções de


corpo a partir da prática do fisiculturismo em solo piauiense entre 2004 a 2016, anos nos
quais se formaram os primeiros campeonatos de fisiculturismo no Piauí. A partir dos campe-
onatos, a prática ganhou uma maior visibilidade. Assim, o estudo também buscou refletir so-
bre a história dessa nova modalidade esportiva e a memória dos praticantes do fisiculturismo
no estado. Dessa forma, foi feito, inicialmente, um estudo sobre a inserção dessa prática es-
portiva no Brasil e quais os meios levaram a sua propagação por várias partes do Brasil. Com
isso, apresentamos a fundação da Federação Piauiense de Fisiculturismo e Fitness (IFBB), ins-
tituição que organizou os campeonatos no Piauí e lutou por maior visibilidade. Além disso,
foram feitas análises de materiais jornalísticos encontrados no Arquivo Público do Piauí, so-
bretudo em diferentes edições do jornal O Dia, referentes ao recorte temporal aqui trabalha-
do, trazendo relatos tanto do evento como a visão do jornal sobre o fisiculturismo ao longo
dos anos e do crescimento do esporte. O estudo buscou, através de entrevistas com partici-
pantes dos primeiros campeonatos, diversificar as informações sobre o tema. Nesse sentido,
para compreender as relações de corpo, foram fundamentais as discussões propostas por au-
tores como Michael Foucalt, Mary del Priore, César Sabino, Richard Sennet, Alain Corbin e Ge-
orges Vigarello. Nas discussões de História Oral e Memória utilizamos Jaques Le Goff e Paul
Ricouer, que serviram bastante na análise e compreensão das memórias obtidas através das
entrevistas e dos demais vestígios documentais. Dessa forma, foram destacados os campeona-
tos de fisiculturismo ocorridos no Piauí, sendo esses a matriz da prática esportiva, inferindo
também sobre o cotidiano dos praticantes e suas dificuldades, já que a prática do fisiculturis-
mo sempre esteve diretamente relacionada a padrões corporais preestabelecidos e preconcei-
tos estéticos, onde a mídia se mostra ora influenciadora do culto ao corpo muscularmente de-
finido, ora desestimulando a prática do fisiculturismo, associando-a ao uso de substâncias que
levam a danos à saúde (anabolizantes). Os campeonatos nem sempre foram tão estruturados
e visíveis como são hoje, levando também a reflexão sobre a importância de agentes públicos
e privados na organização. O estudo considerou que a Federação Piauiense de Fisiculturismo
e Fitness e o surgimento de agentes privados foram os alicerces para o desenvolvimento e
expansão da prática do fisiculturismo no Piauí. Portanto, analisar a história e memória do cul-
to ao corpo não é prender-se somente aos estudos do corpo, mas também inferir sobre a soci-
edade os meios midiáticos levando a uma análise do indivíduo com a finalidade de compreen-
der a realidade social. O estudo sobre o fisiculturismo é também entender as relações de po-
der, inclusive sobre os discursos que normatizam os corpos e seus usos.

Palavras-chave: História. Memória. Fisiculturismo.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

ENTRE O CREDO E A ESCRITA: RELIGIOSIDADE E HISTORIOGRAFIA NA OBRA DE PADRE


CLÁUDIO MELO
Elanne Gabriela Oliveira de Aguiar, Pedro Pio Fontineles Filho

O objetivo principal do estudo presente é compreender a escrita de Padre Cláudio Melo a par-
tir das dimensões clerical, historiográfica e acadêmico-científica. Tais dimensões podem ser
analisadas de maneira interdependentes, pois a figura do Padre confunde-se com a sua atua-
ção na escrita da historiografia, sobretudo piauiense, e com sua presença na Academia Piaui-
ense de Letras - APL e na Universidade Federal do Piauí – UFPI. Isso pode ser observado a par-
tir de suas obras nas diversas paróquias do Piauí, tanto na capital Teresina como no interior
do estado, atuando como administrador paroquial, vigário e capelão. Também, já no âmbito
profissional, exerceu o cargo de professor assistente na Universidade Federal do Piauí e na
Faculdade de Educação de Caxias. Por esse aspecto, metodologicamente, o estudo fez uso de
documentação clerical, de revistas da APL (Academia Piauiense de Letras), da qual Pe. Cláudio
Melo é membro e de suas obras publicadas, além de artigos escritos para a Universidade Fe-
deral do Piauí - UFPI. No campo da historiografia destacou-se ao escrever sobre a colonização
do Piauí, o conflito do nativo com o colonizador (ao escrever sobre os Tacarijus), a ação dos
jesuítas em terras piauienses e sobre a expansão do catolicismo na região com a obra “Piauí,
Diocese e Província Eclesiástica”. Esta pesquisa é de grande relevância ao valorizar um sujeito
que esteve boa parte da sua vida dedicada à nossa história, até mesmo ao pedir incentivos a
órgãos governamentais como a Sudene e também à população, para arrecadar fundos, que
contribuíssem com suas pesquisas ao visitar o Arquivo Ultramarino em Lisboa. Este foi so-
mente um de seus apelos no intuito de ampliar suas pesquisas. Quanto a sua historiografia,
pode-se notar que é rica em memória, ao preservar na memória da população de São Miguel
do Tapuio, a tribo dos Tacarijus, e da luta destes índios que resistiram à ação do colonizador,
sendo assim exterminados. O arcabouço teórico do estudo foi alicerçado nas discussões entre
História, Historiografia e Biografia, com destaque para autores como Benito Bisso Schmidt
(2012), Marc Bloch (2010), Pierre Bourdieu (2006), Geovani Levi (2006), Gabriele Rosenthal
(2006) e Jurandir Malerba (2006; 2002). O estudo considerou que a análise sobre a escrita de
Pe. Cláudio Melo vai para além da compreensão de sua narrativa. O Pe. é tomado como o fio
condutor para compreender os limites e perspectivas dos estudos (auto) biográficos, assim
como a relação do sujeito com o espaço e o tempo no qual está imerso. Além disso, seus escri-
tos apontam para o campo de atuação no qual se enveredou, mesclando a religiosidade, a his-
toriografia e a vida acadêmica.

Palavras-chave: História. Historiografia. Biografia.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

ENTRE VESTÍGIOS E NARRATIVAS: HISTÓRIA E MEMÓRIA NO MUSEU DE PIRACURUCA-


PI
Paulo Tiago Fontenele Cardoso, Pedro Pio Fontineles Filho

Os museus atualmente podem ser entendidos como espaços que além de guardar e conservar
objetos e documentos permitem a promoção de práticas educativas já que são considerados
como lugares de memória, cujos redimensionamentos estão manifestos em uma profusão de
sensações, afeição e aspectos das experiências vividas. O presente estudo tem o objetivo prin-
cipal de compreender a Casa de Cultura, localizada na cidade de Piracuruca, Piauí, como espa-
ço de preservação da história, da cultura e da memória daquela cidade. O local é considerado,
pelos moradores da região, como um Museu, pois abriga um variado acervo, que retrata a vida
política e econômica da cidade, bem como o cotidiano de políticos e intelectuais que viveram
ou passaram pela cidade, sobretudo nas esferas administrativas. Atua como o templo das mu-
sas, em que a Musa Clio está presente, transitando entre as possibilidades nas maneiras de
narrar, de sentir, de perceber o tempo e de revisitação das memórias. O arcabouço teórico-
metodológico que sustenta o estudo é constituído pelas discussões sobre as inter-relações
entre História e Museus, feitas por Ulpiano de Meneses (2004, 1985) e Jaime Pinsky (2013). A
Casa de Cultura é também analisada como lugar de memória e, para isso, o estudo recorreu às
proposições feitas por Pierre Nora (1993), visto que os lugares de memória agregam os senti-
dos material, simbólico e funcional, além de que os museus são, em certa medida, expressão
da e na cidade. Sobre os desdobramentos e alcances da relação entre História e Memória, os
debates realizados por Maurice Halbwachs (2012), Paul Ricoeur (2012) e Jacques Le Goff
(2012) foram fulcrais, pois as memórias são marcadas por processos de seleção, em suas nu-
ances entre as lembranças e o esquecimento, alem disso foram feitas visitas guiadas ao local
em estudo. Assumindo o papel de museu, o lugar é importante espaço de reflexões sobre as
temporalidades, nos entroncamentos entre passado, presente e futuro permitindo novos o-
lhares sobre os objetos e itens que abriga, visto que a própria disposição das peças, imagens,
fotografias e utensílios atribui significados e sentidos que o acervo não teria em seus usos ori-
ginais. Assim, o museu não deve ser visto apenas como expressão de uma memória revivida,
mas como uma instituição que (re) constrói memórias e atribuindo diferentes perspectivas
aos traços culturais que representam. Funcionando como museu, a Casa de Cultura demonstra
que os Homens são, antes de mais nada, depositários do repertório e do patrimônio cultural
de seus ancestrais, com a possibilidade de transmissão para seus descendentes. Nesse sentido,
o museu, em sua estrutura de organização e de arquivamento, demonstra que não é a capaci-
dade de organização, mas, sim, a cultura, que constitui a humanidade em sua pluralidade e
singularidade.

Palavras-chave: História. Memória. Museu.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

PARA ALÉM DA SECA: HISTÓRIA E NARRATIVAS DA COMISSÃO DE SOCORROS PÚBLICOS


EM TERESINA-PI (1877-1880)
Joyce Mara Alves de Lima, Pedro Pio Fontineles Filho

O presente trabalho tem como objeto de estudo a Comissão de Socorros Públicos, que foi um
dos fortes mecanismos no combate aos efeitos da seca, e posteriormente continuaria dando
suporte à população mais pobre da sociedade. Assim, o objetivo principal foi compreender a
história da atuação político-social da Comissão de Socorros Públicos, na cidade de Teresina,
no período de 1877 a 1880. Tal Comissão auxiliava na alimentação, cuidando dos doentes de
modo geral, assim como auxiliando os idosos, pessoas mais marginalizadas da sociedade, cri-
anças, e estrangeiros que vinham de outras localidades, fugindo dos efeitos avassaladores da
seca. É em meio a tais condições que muitos retirantes de diferentes províncias nordestinas se
deslocaram rumo ao Piauí, passando por Teresina e mesmo ali se alojando. Esses retirantes
recebiam ajuda para alimentação e hospedagem. Portanto, a delimitação temporal da pesqui-
sa será de 1877, quando as comissões de socorros públicos foram criadas para combater a
seca; e irá até 1880, analisando todo o percurso dos socorros para a população, gerenciando
todas as verbas destinadas aos pobres da cidade de Teresina e das cidades aos redores, que
dependiam de ajuda. Durante a sua vigência, a Comissão de Socorros Públicos tinha que ge-
renciar uma demanda significativa, com grande atuação em Teresina. A metodologia aqui uti-
lizada foi a pesquisa hemerográfica, através de análises de jornais e correspondências da Co-
missão de Socorros Públicos e Planilhas, encontrados no Arquivo Público do Piauí. As princi-
pais fontes documentais serão os jornais A Imprensa e A Moderação, além das Planilhas e as
Correspondências expedidas pela Comissão de Socorros Públicos; Mensagens Provinciais, to-
dos publicados em anos correspondentes ao recorte temporal da presente pesquisa. Por esse
diapasão, no intuito de compreender as nuances da atuação da Comissão de Socorro Público,
foi fundamental que o desenvolvimento do estudo fosse alicerçado em algumas linhas teórico-
metodológicas. A primeira delas está ligada às discussões sobre História, Cidadania e Pobreza
e, para isso, serão utilizadas as proposições feitas por Simon Schwartizan (2004), Vera Telles
(2001), José Martins (1997) e Michel Mollat (1989). Lançou mão, ainda, de discussões em tor-
no das relações entre História, Cidade e Espaços, visto que a movimentação dos retirantes
impactou nos espaços e nas formas de ver, sentir e experimentar a cidade. Para essa linha teó-
rica, autores como Michel de Certeau (2008), Lobato Corrêa (1995), Raquel Rolinik (2004) e
José D’Assunção Barros (2007) foram fulcrais. Considerou-se que a realidade da população
teresinense no final do período imperial, assim como a história das pessoas que viveram e
passaram por esta localidade, contribui para um novo olhar historiográfico sobre a pobreza,
em suas interações como a cidade e seus espaços.

Palavras-chave: História. Cidade. Seca.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

SETAS E FLECHAS: A ESCRITA D’O LIBERAL SOBRE TERESINA E O PIAUÍ, NOS ANOS DE
1970
Alessandra Lima dos Santos, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

Na segunda metade do século XX, Teresina (PI) passou por distintas e variadas intervenções
espaciais e arquitetônicas como inúmeras cidades brasileiras, essas atividades levaram a
grandes modificações estruturais na capital do Piauí. Essas interferências, ocorridas princi-
palmente nos anos da administração governamental do engenheiro Alberto Silva e do prefeito
Joel Ribeiro (1971-1975), foram temas de discursos em diversos meios da imprensa local.
Compreendendo que as informações apresentadas na imprensa trazem à tona as dimensões
estruturais e culturais da cidade como palcos de suas narrativas, o objetivo desse trabalho é
verificar as experiências dos principais nomes do bissemanário teresinense O Liberal, acerca
do processo de modernização que a cidade de Teresina sofreu na década de 1970. É sobre
essa época, Maria Stela Bresciani (2001) narra que a historiografia das cidades começa a pen-
sar e escrever sobre elas a partir do moderno, ou seja, das reformas com o intuito de deixá-la
mais próxima do progresso, adquirindo, assim, uma nova fisionomia, conforme as falas e es-
critos de seus habitantes permanentes e temporários. Além disso, despertava-se o interesse
pelas suas próprias facetas históricas. A sociedade teresinense era a personagem principal dos
enredos dos colaboradores d’O Liberal. A escrita deles era marcada por suas vivências. Para
aqueles que não moravam mais nela, seus textos pertenciam sempre à “cidade verde” amada
que, mesmo possuindo diversos problemas estruturais, estava caminhando rumo ao progres-
so, através das modificações pelas quais Teresina passou com o intuito de levar o Piauí à mo-
dernidade. Para essa analise sobre a cidade de Teresina, utilizaremos o jornal O Liberal como
aporte documental para o trabalho, tendo como base as crônicas, colunas, matérias assinadas
e os editoriais de 1969 a 1973, que narram as transformações do período de diferentes olha-
res: enaltecendo e criticando Teresina em uma série de intensas modificações estruturais e
populacional, este último devido a um alto movimento migratório que ocorreu no período em
estudo. Muitas dessas críticas e elogios acerca do remodelamento urbano da capital se cons-
truíram ao redor da figura do ex-governador Alberto Tavares Silva, que ficou fixado na memó-
ria da população devido às modificações por todo o estado do Piauí. Para compreendermos
como as relações entre Cidade, História e Imprensa se constroem utilizamos como aporte teó-
rico Maria Stella Bresciani (2001), Francisco Alcides do Nascimento (2010), Cláudia Cristina
da Silva Fontineles (2015) e Tânia Regina de Luca (2008). Como também, utilizamos de textos
para compreender como o processo de modernização do Piauí se figurou no primeiro governo
de Alberto Silva.

Palavras-chave: História. Teresina. Imprensa Escrita.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

BELEZA NEGRA: A CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE NEGRA NO PIBID/HISTÓRIA SOB OS


ASPECTOS DA ESTÉTICA
Ana Maria Sousa Braga, Sara do Nascimento Tavares, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

Este trabalho visa apresentar relato de experiência no PIBID/HISTÓRIA no qual foi desenvol-
vido um projeto interdisciplinar, onde foram abordadas questões referentes à educação das
relações étnico-raciais e à formação da identidade negra no cotidiano da escola, da família e
da sociedade em geral. Tem por objetivo evidenciar como os estudantes percebem e vivenci-
am essas relações de identidade e alteridade e de que maneira é construída, ou não, a identi-
dade negra nestes espaços fazendo também uma reflexão histórica da formação desses este-
reótipos na sociedade brasileira. Trata-se de uma ação realizada com estudantes do 6º ano do
ensino fundamental II de uma escola pública estadual da cidade de Teresina. A metodologia
aplicada na pesquisa foi à apresentação e análise da música, pérola Negra de autoria da canto-
ra Daniela Mercury, e posteriormente sua interpretação em forma de dança a fim de integrar,
socializar e despertar através das linguagens corporais ideias de respeito e aceitação da di-
versidade cultural do Brasil, além da promoção de uma discussão a sobre as relações sociais
entre os considerados negros e brancos, fazendo abordagem à questão racial e dos preconcei-
tos adquiridos ao longo do tempo no Brasil acerca da estética afro-brasileira; para isso foi uti-
lizado recursos visuais como imagens refletidas através de slides trazendo de forma cronoló-
gica os percursos percorridos pelos negros no Brasil até atingirem as condições sociais atuais,
fazendo também desmontes de estereótipos arraigados por esse processo, por meio de repre-
sentações de personalidades de destaque, pela diversidade de padrões e valores estéticos.
Usando por base teórico-metodológicas o estudo recorreu a autores como Seffner (2001), Al-
ves (2012), Guirado (1998), Fonseca (2003), Fontineles (2016). Para compreender a diversi-
dade que há, incentivando a liberdade de escolhas quando se trata de identidade, foi usado
Bauman (2005) como referencial teórico. Acerca do que foi proposto aos educandos, pode-se
perceber um visível esclarecimento na visão de cada um, haja vista que estes se mostraram
mais abertos à aceitação das características físicas e culturais, tanto do outro como de suas
próprias, além de uma conscientização e sensibilização de todos os envolvidos no projeto que
passaram a valorizar e a reconhecer as bases culturais de matrizes africanas presentes no co-
tidiano. Houve também uma série de experiências positivas para os bolsistas envolvidos, tal
qual a proatividade no combate a qualquer forma de discriminação étnico-racial presente no
discurso colonizador, e promoção da participação integral da população negra, em condição
de igualdade de oportunidade com os demais setores da sociedade.

Palavras-chave: História. Identidade. Educação.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 04
AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

DOCÊNCIA E PESQUISA: UMA RELAÇÃO POSSÍVEL NO PIBID DE HISTÓRIA DA UFPI


Gabriela Cunha da Silva, Fábio Alves Portela, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

Sempre que se pensa na importância do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Do-


cência (PIBID) a primeira coisa que vem na mente é a relação que o programa tem com a inte-
gração dos alunos universitários ao ambiente em que exercerão sua profissão. Todavia, o pa-
pel desenvolvido pelo programa não diz respeito apenas as atividades relacionadas à docên-
cia, a pesquisa possui espaço substancial no programa. Assim, o presente artigo propõe discu-
tir acerca do papel desempenhado pelo PIBID na relação entre a docência e a pesquisa, como
também analisar as possibilidades de uso das produções acadêmicas sobre a História do Piauí
em uma escola de ensino médio da rede pública do estado. A metodologia utilizada na pesqui-
sa partiu da análise dos projetos de intervenção - que tem por objetivo dinamizar o ensino de
história afim de torná-lo mais atrativo e acessível aos alunos, ao mesmo tempo que os ajuda a
compreender a realidade social em que estão inseridos - então produzidos pelos bolsis-
tas/Pibid de 2015 até os dias atuais. Por meio desses projetos, foi possível observar como fun-
ciona a relação entre docência e pesquisa no Programa. Além disso, foram realizadas entrevis-
tas com o professor da escola de ensino médio parceira do PIBID. Essas entrevistas mostra-
ram como os projetos de intervenção faziam a articulação entre a docência e pesquisa na prá-
tica, tanto em relação ao desenvolvimentos dos projetos de intervenção como nas outras ati-
vidades realizadas pelos bolsistas. Também foram utilizadas entrevistas realizadas com e-
gressos do PIBID que mostram algumas possibilidades para se utilizar a produção acadêmica
local dentro da sala de aula, afim de provocar nos alunos uma consciência histórica sólida e
permanente. A análise dos projetos de intervenção, assim como também as entrevistas reali-
zadas, serviram de inspiração para pensarmos novas formas de trabalhar a História piauiense
nas escolas, ao passo que a insere no contexto nacional. No que se refere a teoria, alguns auto-
res utilizados nesse trabalho foram CASTELO BRANCO (1997, 2008), FONTINELES (2016),
GIL (2017) e SEFFNER (1999), professores que buscaram compreender e apontar novas for-
mas de ensinar História na sala de aula. A partir do desenvolvimento dessa pesquisa foi pos-
sível perceber que o Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência além de ser im-
portante para a aquisição de experiências docentes, também é substancial no estreitamento
da relação entre docência e a pesquisa, bem como na divulgação das pesquisas sobre a histó-
ria do Piauí para além dos muros da Universidade.

Palavras-chave: História. Ensino. PIBID.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

LEITURAS E LUTAS: NARRATIVAS SOBRE AS “DIRETAS JÁ” NO LIVRO DIDÁTICO DE HIS-


TÓRIA
Luana Kelly Alves de Carvalho, Pedro Pio Fontineles Filho

O presente estudo tem por objetivo principal compreender as narrativas acerca da importân-
cia dos movimentos sociais estudantis no ensino de história, durante o processo das “Diretas
Já” no Brasil. Foi dado destaque para o livro didático de história, em especial no livro didático
do ensino médio. As manifestações ocorreram, com mais contundência, entre os anos de 1983
e 1984, que defendia, dentre outras pautas, eleições diretas para a Presidência da República. O
estudo objetivou, também, analisar como se dá a busca de uma metodologia de ensino-
aprendizagem voltada para a formação de sujeitos críticos e como os movimentos sociais es-
tudantis contribuem nessa formação. O ensino de História, ainda tem muitas barreiras e para-
digmas a serem quebrados, a história ainda é vista por algumas pessoas como uma disciplina
decorativa, onde o professor é um agente que repassa informações e muitas vezes acaba se
tornando anacrônico. Metodologicamente, foi feita a leitura analítico-interpretativa dos livros
de Ensino Médio: História Global: Brasil e geral, de Gilberto Cotrim; História da Sociedade
Brasileira dos autores Francisco Alencar, Lucia Carpi e Marcus Venicio Ribeiro; e o livro Con-
tato História dos autores Marco Pelegrini, Adriana Machado dias e Keila Grinberg. Para as dis-
cussões acerca do Ensino de História, foram utilizados os estudos realizados por Selva Guima-
rães (2011), Ubiratan Rocha (2012) e Maria Delfina Teixeira Scheimer (2010) e para as dis-
cussões acerca de movimentos sociais e estudantis, o presente trabalho utilizou as proposi-
ções feitas por Fernanda Martins e Maria Ruiz (2015) e Hebe Matos (2012). As autoras mos-
tram a contribuição desses movimentos estudantis para a democratização do país e para a
formação de sujeitos políticos agentes ativos na tomada de decisões referentes à política e
educação do país. Considera-se, em linhas gerais, que o livro didático de história é uma exce-
lente ferramenta para o ensino e a aprendizagem, mas é possível notar que há certas informa-
ções que devem ser aprofundadas e debatidas para que os alunos não vejam a história como
algo superficial, mas entendam todo o contexto histórico e cultural dos conteúdos ministrados
apresentados no livro didático. O estudo das “Diretas Já” é fulcral para compreender a história
e a memória daquele momento, além de revelar traços do próprio movimento estudantil em
temporalidade distinta que ganhavam força. Os movimentos sociais estudantis são uma im-
portante ferramenta na formação de sujeitos críticos na sala de aula, pois eles contribuem, de
alguma forma, para que o aluno pense e indague sobre os motivos que os engendraram.

Palavras-chave: História. Ensino de História. Movimentos sociais.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

DO PROFESSOR AO PREFEITO: NARRATIVAS E A HISTÓRIA POLÍTICA DE WALL FERRAZ


Agenor de Sousa Nunes Filho, Marcelo de Sousa Neto

O presente trabalho é resultado de uma pesquisa realizada acerca da figura de Wall Ferraz,
que governou Teresina, no qual é lembrado como uma grande figura política. A referida pes-
quisa teve como principal objetivo geral analisar a trajetória política. Desde o início de sua
carreira como gestor público. Este trabalho faz uma biografia, no qual analisa a vida pública
de Wall Ferraz, e assim busca responder questões como; o início de sua carreira na política;
quais principais cargos que ocupou durante sua vida pública; seus principais projetos políti-
cos; suas campanhas eleitorais; e, por fim, sua gestão à frente da prefeitura de Teresina. Este
trabalho tem como principal foco, uma construção de uma história política municipal, através
da figura de Wall Ferraz, de modo que este ensaio biográfico não tem só o intuito de contar a
sua trajetória política, mas também de mostrar quais os rumos foram tomados, e quais desses
programas de governo ainda estão vivos nas próprias estruturas de direção da prefeitura,
sendo que essas raízes que dão um pressuposto aos modelos peessedebistas de governo em
Teresina, e sem esquecer quem realmente montou todo esse modelo de gerenciar os recursos,
assim como também administrar todas as decisões políticas, dos quais estão envolvidas a po-
pulação teresinense. Faremos uma apologia biográfica do prefeito Wall Feraz, falar dos pri-
meiros cargos do mesmo, também como fazer uma análise do trabalho de Wall Feraz na Se-
cretaria de Educação e Cultura. Chegamos a uma breve conclusão, o uso da biografia histórica
tornou-se ponto chave para seu êxito, da qual faz resumo da vida de Wall Ferraz. Primeiro
para enriquecimento da história local e da história política, pois a figura dos políticos está
sempre associada às evoluções que passa uma sociedade mesmo pequena ou grande, pois em
muitas das transformações que aconteceram em Teresina foram por meio da política, sendo
desde sua criação, até os dias atuais, e foram essas transformações, com auxílio direto da polí-
tica, destacando os principais meios articuladores dessas reformas que vêm desde coisas bá-
sicas como; luz elétrica, água encanada, transporte público foram conseguidas pelo meio polí-
tico. Wall Ferraz esteve sempre nos momentos fundamentais para política, sendo eles no iní-
cio da ditadura civil e militar, nas lutas pela redemocratização, mas foi em Teresina que en-
contramos seu maior legado e foi na capital que por três vezes governou que podemos perce-
ber seu trabalho.

Palavras-chave: História. Narrativas. Memória.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

O EXÉRCITO BRASILEIRO E O SORTEIO MILITAR NO PIAUÍ (1930-1945)


Mariana de Oliveira Silva, Clarice Helena Santiago Lira

No Brasil a arregimentação de homens para o serviço militar se deu de forma compulsória até o
início da República, quando a aprovação da lei do serviço militar obrigatório, através de sorteio,
reverteu regras e práticas vigentes até então (IZECKSOHN, 2013). A primeira lei relativa ao servi-
ço militar obrigatório no Brasil foi aprovada em 1874, mas não chegou a entrar em vigor. Anos
depois, a constituição de 1890 declarou a obrigatoriedade do serviço, no entanto a lei necessária à
sua aplicação, que exigia um ano de serviço militar com seleção por sorteio foi aprovada apenas
em 1908. E foi somente em 10 de dezembro de 1916 que aconteceu o primeiro sorteio militar,
fazendo com que, pela primeira vez, jovens brasileiros de 21 anos, os chamados soldados cida-
dãos, ingressassem obrigatoriamente na caserna (McCANN, 1982). Em relação ao Piauí, supõe-se
que o serviço militar obrigatório começou a ser instituído de forma efetiva a partir de 1918 com a
implantação das unidades militares do 25° Batalhão de Caçadores e da 18ª Circunscrição de Re-
crutamento (CASTELLO BRANCO, 1983). Dessa forma, este trabalho apresenta uma investigação a
respeito do sorteio militar no Piauí entre os anos de 1930 a 1945. Tem como objetivo estudar a
atuação do 25º BC e da 26ª CR (antiga 18ª CR) na operacionalização do sorteio militar, como tam-
bém analisar as ideias de nação e patriotismo formuladas e propagadas por políticos e intelectuais
durante o período citado. Para tanto, utilizou-se como fontes de pesquisa o Diário Oficial e a Revis-
ta da Academia Piauiense de Letras. Nelas foi possível encontrar matérias e discursos de políticos e
intelectuais que se posicionavam em relação ao serviço militar, articulado a um ideal de nação
formulado por esses sujeitos naquela configuração. Em relação às questões teóricas essa pesquisa
baseou-se na perspectiva da Nova História Política e da Nova História Militar, campos históricos
que foram revisitados nos últimos anos e que problematizam uma historiografia tradicional, elitis-
ta e conservadora. Também é utilizado o conceito de Nação e invenção das tradições postulado por
Eric Hobsbawm (1984). Para este historiador o termo nação é uma invenção recente, fruto de um
trabalho muito bem orquestrado de invenções de tradições, que legitimam sua existência. O autor
aborda a ideia de tradição numa perspectiva simbólica, ou seja, para Hobsbawn as tradições cons-
troem memórias e criam sentimentos de pertencimento, formando identidades individuais, coleti-
vas e patrióticas. Quanto aos resultados do estudo, verificou-se que os cursos da Unidades Qua-
dros do 25º BC permitiu o maior contato do mundo civil com os quartéis, possibilitando o desen-
volvimento de uma cultura militar entre os jovens candidatos a reservista. Já o Núcleo de Prepara-
ção de Oficiais Reservas do 25º BC possibilitou a prestação do serviço militar pelos jovens mais
abastados. Assim, até o final de 1945 o exército, através do serviço militar obrigatório, conseguiu
envolver quase toda a sociedade. Os filhos das camadas mais pobres foram incorporados para
servirem como soldados ao passo que as classes médias e altas prestaram o serviço na condição
de alunos de algum centro ou núcleo de formação de oficiais da reserva. O 25º Batalhão de Caça-
dores e a 26ª Circunscrição de Recrutamento, articulados aos órgãos oficiais, também contribuí-
ram de forma efetiva para a divulgação e operacionalização do serviço militar nesse momento.
Seguimentos específicos da sociedade como políticos e intelectuais também estiveram envolvidos
como divulgadores da ideia de nação e patriotismo no cumprimento do serviço militar na socie-
dade em questão.

Palavras-chave: Nação. Exército Brasileiro. Serviço Militar.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

AMANDO E CANTANDO A PÁTRIA: EDUCAÇÃO E A PRÁTICA DE CANTO ORFEÔNICO NO


PIAUÍ (1930-1945)
José de Arimatéa Freitas Aguiar Júnior

Este trabalho apresenta um estudo sobre a educação e a inserção da prática de canto orfeôni-
co nas escolas piauienses no período governado por Getúlio Vargas (1930 -1945). Esta pes-
quisa tem como objetivo principal analisar como a instrução foi utilizada para ser um dos
principais canais de divulgação do governo varguista e da consolidação da unidade nacional.
Outro ponto investigado no trabalho foi como a inclusão da prática de canto orfeônico nas
escolas piauienses favoreceu a construção de uma memória patriótica. Para viabilizar a exe-
cução da proposta de pesquisa, o texto abordou as celebrações cívicas que aconteceram no
Piauí, as inaugurações de Grupos Escolares pelo estado, o envolvimento dos estudantes nas
atividades cívicas organizadas pelas escolas e, por fim, as normatizações e punições que mui-
tos alunos sofreram por contrariarem os regulamentos da época. Os documentos escritos uti-
lizados, na produção dessa pesquisa, foram o jornal Diário Oficial, relatórios governamentais,
entrevistas e ilustrações. A metodologia aplicada na pesquisa foi à análise das fontes escritas,
bem como a coleta de depoimentos, através de entrevistas temáticas, com ex-alunos dos esta-
belecimentos de ensino da época varguista. Como arcabouço teórico-metodológico, o estudo
recorreu aos debates sobre cidades de autores como Calvino (1990), Pesavento (2007), Nas-
cimento (2002) e Lopes (2007). Para as discussões sobre memória foram utilizados autores
como Halbwachs (2003), Pollak (1992) e Bosi (1994). As entrevistas e a produção de roteiros
foram baseadas na obra de Alberti (2013). No tocante a Era Vargas nos amparamos nas leitu-
ras de Gomes (2005), Schwartzman (1983) e Schwartzman; Bomeny; Costa (1984). Para com-
preender os caminhos percorridos pela educação no Piauí foram essenciais as obras de Quei-
roz (2008) e Melo (2010). A instrução no Piauí e as práticas orfeônicas fizeram parte da rotina
escolar da juventude do estado. A partir do ensino de hinos cívicos, de solenidades em louvor
ao regime político e da instrução em geral, foram se constituindo a formação da memória cívi-
ca em território piauiense. Os ex-alunos, entrevistados para esta pesquisa, recordaram seus
tempos escolares e cantaram as canções patrióticas ensinadas no período da Era Vargas. Essas
memórias nos levam a crer que o civismo e a figura do presidente, como um grande líder na-
cional, foi largamente difundida e inculcada na juventude piauiense. Entendemos que muitos
desses momentos serviram para camuflar e reprimir os descontentes com o regime. No entan-
to, foi dado espaço para outras formas de vivências juvenis. Através das portarias de escolas
como o Liceu Piauiense, Escola Normal de Teresina, bem como de entrevistas com ex-alunos,
podemos perceber que os educandos burlavam diversas normas contidas nos regulamentos e
que muitos desses alunos desordeiros eram apontados como uma ameaça ao modelo de estu-
dante pretendido no período.

Palavras-chave: Educação. Canto Orfeônico. Era Vargas.

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AS MULTIFACES DE CLIO: ENTRE MEMÓRIAS E NARRATIVAS

OUTRAS ESCRITAS DE CLIO: HISTÓRIA E NARRATIVAS DE GUERRA NA OBRA DE CURZIO


MALAPARTE
Pedro Pio Fontineles Filho

As aproximações entre narrativa histórica são fulcrais para a compreensão de que a realidade
é (re) construída constantemente por diferentes discursos e práticas ao longo do tempo e do
espaço. E é nesse cruzamento em que está a produção e leituras do livro “A Pele” (1949), do
escritor, jornalista, dramaturgo, cineasta, militar e diplomata italiano Curzio Malaparte. Nesse
sentido, o presente estudo tem o objetivo de compreender o olhar do escritor acerca das res-
sonâncias da Guerra, tendo como mote de discussão a exploração sexual e as relações de po-
der e de gênero. Nápoles vê-se assolada por ter perdido para o exército norte-americano e
envergonhada em ter que lutar ao lado deles contra os nazistas. Como perdedores a solução
que resta é humilharem-se aos aliados, submetendo-se a atividades imorais, dentro dessa hie-
rarquia de poderes encontramos as napolitanas, na qual além de perdedoras são “mulheres”.
Metodologicamente, o presente estudo faz leituras analítico-interpretativas acerca do livro “A
Pele” (1949), destacando chaves de leitura como gênero, sexualidade e relações de poder.
Como arcabouço teórico, foram utilizadas discussões feitas por Elcio Cornelsen e Tom Burns
(2010), Magali Engel (1997), Roy Porter (1992), Joan Scott (1992) e Raquel Soihet (1997).
Como resultado, foi possível observar mudanças no cotidiano napolitano, principalmente nas
relações de gênero e na sexualidade dos habitantes, assim como a prostituição das moças; a
prostituição infantil em que as mães vendiam as crianças para os soldados estrangeiros a pre-
ços insignificantes; as anãs que eram discriminadas porque eram mulheres e ainda por porta-
rem uma anomalia; as prostitutas que utilizavam perucas loiras nas genitálias para atrair os
soldados norte-americanos negros; e da virgem que cobrava para verem ou até mesmo tocá-la
e comprovarem que ainda possuía sua virgindade. Em decorrência da Guerra houve forte mi-
gração de tropas de diversas nacionalidades para a região. Com o diálogo entre História e Li-
teratura tem-se a chance de compreender as relações de poder e gênero, as representações do
corpo e a sexualidade durante a Segunda Guerra Mundial na Europa. Além disso, a narrativa
literária possibilita vislumbrar realidades que os documentos “oficiais” não conseguem con-
templar. Considera-se que o livro é uma das manifestações literárias, que, entre narrativas
históricas, ficcionais e alegóricas, faz reflexões acerca dos acontecimentos e das possibilidades
latentes da realidade da Guerra. As relações de poder estão presentes na política, economia e
sociedade e nas relações de gênero, dos discursos de poder que permeiam o tempo e o espaço.
Notoriamente, o autor aborda os (des) prazeres ocasionados pela Guerra, em Nápoles, da der-
rota política e moral dos napolitanos e de como isto afetou a sociedade e principalmente as
mulheres.

Palavras-chave: História. Literatura. Guerra.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


III Simpósio de História da UESPI: sociedade e mundos do trabalho
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ST-05: Narrativas e Pertencimento.


Prof. Dra. Ana Cristina Meneses de Sousa (UESPI)
Prof. Dr. Francisco Chagas Oliveira Atanásio (UESPI)

O grupo de trabalho Narrativas e Pertencimento tem como propósito aferir visibilidade a comunicações
de pesquisas acadêmicas que tenham como foco de estudos abordagens e problemáticas atinentes à
narrativa histórica, bem como sua contribuição para o processo de compreensão e ressignificação do
passado. Entendemos narrativa histórica como uma trama advinda da operacionalização historiográfi-
ca e inerente ao ofício do historiador. Esse simpósio procura agregar narrativas do tempo presen-
te/pretérito à noções vinculadas aos sentimentos de pertença, que os sujeitos carregam ou mesmo
fabricam a partir de determinadas práticas e demandas instauradas nas dinâmicas sociais. Desse mo-
do, contemplamos, as narrativas relacionados à produção de identidades, memórias, esquecimentos,
as experiências pessoais e coletivas, bem como às histórias de vida, incluindo o pensamento intelectual
e seu engajamento. Além de pesquisas direcionadas a tais perspectivas, também nos interessa traba-
lhos que se dediquem a análises acerca das compreensões epistemológicas que compõem a própria
noção de narrativa, como também os campos onde ela se situa numa dimensão “privilegiada” para
reflexões em torno de si mesma, como a literatura, a análise do discurso, a escrita da história, a escrita
de si e/ou do outro, dentre outras esferas de saber.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

O SOM DAS NARRATIVAS: AS DISPUTAS HISTORIOGRÁFICAS ACERCA DA DITADURA E


SEUS REFLEXOS NA IMPORTÂNCIA ATRIBUÍDA AO FAZER HISTORIOGRÁFICO
Mateus Bevilaqua Barros

Este artigo visa debater as disputas sobre a produção historiográfica brasileira acerca da dita-
dura militar (1964-1988) e sua importância para a o debate político contemporâneo no Brasil,
com o foco maior voltado para a forma como essas pesquisas tem afetado o público fora das
universidades. Tendo como importantes bases para se entender a forma como se dá o proces-
so de produção historiográfica e, sobretudo, o seu embate com a formação de uma memória
coletiva, foram utilizadas fontes bibliográficas, dentre elas Halbwachs (1990), Certeau (2000),
Jenkins (2013), Duby (1993) e Bauman (2000) e Silva (2014), e, voltando-se para as fontes
referentes a ditadura, Fico (2017), Napolitano (2008) e Alonso (2016). A pesquisa teve como
objeto principal a importância da credibilidade da História e a forma como ela se constitui ao
confrontar-se com uma memória coletiva pré-estabelecida. Para isso, foi definido um período
histórico recente que convive com diversas indagações quanto ao modelo de governo exercido
e que influi diretamente nas discussões políticas do país desde a “redemocratização”, por mui-
tos apoiadores e detratores do regime terem entrado para o meio político. A disputa pela me-
mória ou, como se poderia dizer, pela consolidação de uma narrativa histórica sobre esse pe-
ríodo é latente e põe em xeque a participação direta dos historiadores nessas discussões, o
que leva a discussões ainda mais presentes no campo teórico: a produção historiográfica re-
almente segue o discurso dominante ou pode também funcionar como limitadora dele? Se a
historiografia que se presume ser pautada por dados científicos sofre, com certa razão, esse
tipo de crítica, como podemos garantir que os discursos construídos fora dela possuirão al-
gum traço de cientificidade se estes não seguirem uma metodologia clara e objetiva? Num
momento histórico com uma circulação tão grande de informações de fontes questionáveis, de
que forma a metodologia pode garantir a credibilidade necessária para que a História exerça
sua importante função social? Perguntas como estas naturalmente levam a um questionamen-
to ainda mais complexo e que já é bastante debatido nas últimas décadas: qual seria a função
social da História numa perspectiva em que ela se resume a um conjunto de narrativas in-
completas? Este artigo não pretende responder a essas questões, que são muito complicadas
para se esgotarem em pequenos trabalhos acadêmicos, mas trazê-las à tona por meio do estu-
do da ditadura militar, em especial no âmbito cultural e político, explorando algumas contra-
dições na produção historiográfica em torno da música engajada politicamente nesse período
e a forma como certos aspectos dessas pesquisas favoreceram a construção de uma narrativa
de guerrilha popular massiva da população contra o regime, o que entra em choque com uma
memória popular moldada e estabelecida sobre isso.

Palavras-chave: Historiografia. Narrativas. Ditadura Militar.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

O MEDO NOS TRILHOS: O GOLPE CIVIL-MILITAR E OS FERROVIÁRIOS PIAUIENSES


Maria Dalva Fontenele Cerqueira

O presente artigo analisa as ações empreendidas pelos militares no Piauí no contexto do Golpe
Civil-Militar de 1964 e as memórias de dor e ressentimento dos ferroviários que vivenciaram
a intervenção militar na Estrada de Ferro Central do Piauí/RFFSA. Essas ações resultaram na
prisão de ferroviários e na repressão do movimento sindical entre os parnaibanos, em especi-
al, a União dos Ferroviários do Piauí, sindicato dos ferroviários. Temos como objetivo geral
investigar as representações de memória dos ferroviários piauienses sobre a intervenção mi-
litar da Estrada de Ferro Central do Piauí/RFFSA, no município de Parnaíba em 1964; objeti-
vos específicos foram: conhecer os significados, as marcas, as dores e rancores que este acon-
tecimento provocou na vida e na história dos envolvidos; identificar as alterações que a inter-
venção militar provocou no “mundo do trabalho” dos ferroviários parnaibanos. A metodologia
adotada na pesquisa foi a história oral com a construção de fontes orais, por meio, de entrevis-
tas temáticas, realizadas com ferroviários que trabalhavam na Estrada de Ferro Central do
Piauí no ano de 1964. Além da fonte oral, utilizou-se também, livros de memorialistas, jornais,
processo criminal, como fontes na pesquisa. No Piauí, o grupo formado pelos ferroviários sen-
tiu “a dor política” provocada pela instalação do Regime Civil-Militar. Em Parnaíba, logo após a
divulgação das notícias envolvendo o cenário politico nacional, com a instalação dos militares
no poder, os ferroviários foram surpreendidos pela intervenção militar na estrada de ferro,
Rede Ferroviária Federal, em abril de 1964 em uma ação comandada pelo Capitão de Corveta
do Piauí, Júlio Cezar de Almeida Dutra, que juntamente com a Polícia Militar, prendeu e acu-
sou os ferroviários, inclusive o Diretor da Rede Ferroviária, o engenheiro Diniz Alberto da Mo-
ta Solheiro, de serem comunistas e praticarem subversão dentro da empresa. O dia da inter-
venção militar ficou marcado na memória coletiva do grupo, como um dia em que os ferroviá-
rios sofreram “uma grande humilhação”, ao reelaborarem suas memórias, avaliam que as pri-
sões foram arbitrarias e defendem os amigos que foram acusados de comunismo e subversão.
A presença do Capitão dos Portos, juntamente com vigilância dos policiais militares alterou o
cotidiano de trabalho na ferrovia, pois os ferroviários passaram a ser vigiados constantemen-
te dentro do local de trabalho.

Palavras-chave: História. Memória. Ferroviários.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

“SANT’ ANA SEDE SEMPRE NOSSA PROTETORA”: O FESTEJO DE SANTA ANA NA COMU-
NIDADE SANTANA DOS NUNES EM PERI-MIRIM-MA (1958 – 2017)
Elinalva de Jesus Campos, Jonas Rodrigues de Moraes

A comunicação tem como tema “SANT’ ANA SEDE SEMPRE NOSSA PROTETORA”: O FESTEJO
DE SANTA ANA NA COMUNIDADE SANTANA DOS NUNES EM PERI-MIRIM-MA (1958 – 2017).
Essa festividade acontece atualmente na capela de Santa Ana construída pela comunidade,
onde todos os anos no período de 17 à 26 de julho a comunidade se reuni para a realização do
então tradicional festejo de Sant’Ana. Essa atividade religiosa é pensada e planejada pela e-
quipe organizadora que se reune alguns meses antes do início das festividades. Em outras é-
pocas ocorria paralelamente aos eventos religiosos momentos profanos, mas atualmente a
festa se resume apenas em atividades religiosas. Todas as mudanças que ocorre ano após ano,
se dar pelos seguintes motivos: o ingresso de novos membros na equipe organizadora, esses
trazem novas ideias para serem acrescentadas e também pela mudança dos sacerdotes que
conduzem a paróquia de Peri-Mirim. Cada padre que chega, trás novas experiências vividas
em outros festejos nas paróquias pertencentes a Diocese de Pinheiro, onde cada sacerdote
exerce seu trabalho como pastor e orientador dos fiéis da Igreja Católica. Os anos escolhidos
para a realização desta pesquisa foram de suma importância para o crescimento e visibilidade
desta tradição que ganhou novos fiéis e estruturou a comunidade em todos os sentidos, religi-
osos, econômicos, sociais e culturais. Todas essas mudanças se deram com a vinda dos padres
canadenses ao município de Peri-Mirim, que vieram em comitiva para várias cidades do Ma-
ranhão, estes faziam parte da missão de Sherbrooke a chegada dos mesmos se deu em 15 de
agosto do ano de 1958, data em que a história de Peri-Mirim e principalmente a comunidade
Santana dos Nunes, começou a ser inscrita e transformada por mãos estrangeiras. A modifica-
ção inicial dos padres canadenses foi à retirada da festa de Santa Ana da casa da família de
Dona Isabel e transportá-la para uma capela que a comunidade se reuniu e construiu em mu-
tirão, sobre orientação dos padres. Visto tudo isso, a pesquisa se dará em torno de questioná-
rios que visão entender as origens do festejo, como ele é realizado, quais alterações foram fei-
tas desde sua origem, como é mantida a tradição, qual a importância do mesmo para a comu-
nidade e qual sua aceitação na mesma.

Palavras-chave: Festa Religiosa. Origens. Tradições.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

MEMÓRIAS DE UMA DEVOÇÃO: PROMESSAS E MILAGRES NA DANÇA DE SÃO GONÇALO


EM CAMPO MAIOR-PI
Márcio Douglas de Carvalho e Silva

A Dança de São Gonçalo, muito presente na zona rural do município de Campo Maior-PI, pode
ser definida como um ritual de pagamento de promessa realizado na forma de dança e cantos,
apresentando na devoção religiosa, elementos característicos da realidade social e histórica
do grupo, marcado por identidades, remetendo-se à memória dos fiéis e familiares que dão
prosseguimento a esse culto, transferindo os significados que estão apregoados nessa prática
religiosa e dando sentido à mesma. Mais do que agradecer a um milagre, a realização do ritual
é um momento onde as famílias se encontram para afirmar a continuidade de um evento reli-
gioso que caracteriza as devoções populares do município de Campo Maior. É momento de
revisitar as memórias com familiares, que em alguns casos moram em cidades mais distantes,
e veem nesse evento um momento de se encontrarem e manterem vivas suas lembranças,
dessa forma, reforçando sua identidade, esta que para Halbwachs (2003), reflete todo o inves-
timento construído ao longo do tempo na construção da memória. O objetivo desse trabalho é
analisar como as relações estabelecidas através das promessas são constituídas na memória
dos devotos de São Gonçalo e expressas na retribuição dos milagre com a realização do ritual.
Utilizamos como aporte teórico principalmente a obra de Halbwachs (2003), Thompson
(1992), Pollack (1992) e Durkheim (1996). A metodologia adotada foi a História oral e a etno-
grafia, além da análise de versos das cantigas do ritual. Com isso, podemos afirmar até o mo-
mento que, as memórias da devoção a São Gonçalo, construídas ao longo das gerações expres-
sam o sentimento de pertencimento religioso dos sujeitos que depositam suas esperanças no
poder de São Gonçalo de operar milagres. Pensar a dança de São Gonçalo pelo viés da memó-
ria, através do diálogo teórico e da pesquisa empírica, nos remete a uma reinvenção da tradi-
ção, no sentido atribuído ao termo por Bosi (1989), isto é, o ritual da dança de São Gonçalo e
todas as transformações mencionadas referentes a duração do ritual; ao valor monetário qua-
se indispensável para sua realização; a diminuição do número de participantes e do menor
interesse dos mais jovens, parece apontar para uma maneira possível de permanência desse
ritual que se reinventa à medida que se transforma, alterando as condições para sua realiza-
ção. Tendo se mantido viva ao longo dos anos graças a devoção repassada através das gera-
ções, motivadas na maioria das vezes pelo poder de São Gonçalo de realizar milagres, resta-
nos agora buscar identificar até que ponto a dança de São Gonçalo está ameaçada de “desapa-
recimento”, pois o ritual é movido pelas promessas. Mesmo que os jovens não demostrem tan-
to interesse pelas danças, como apontado pelos nossos entrevistados, as promessas feitas pe-
los “mais velhos” continuam dando vida a essa devoção, mas quando (se algum dia) não existi-
rem mais devedores e nem dívidas a serem pagas, novos compromissos serão firmados com o
santo, ou a dança de São Gonçalo ficará apenas na memória?

Palavras-chave: Memória. Devoção. Religiosidade.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

DANÇANDO A GIRA NA UMBANDA: PERFORMANCE E ANCESTRALIDADE NA VIVÊNCIA


CORPORAL DO POVO DE TERREIRO
Brenno Fidalgo de Paiva Gomes, Maria Lídia Noronha

Estudar a religiosidade brasileira é se defrontar com uma gama variada de crenças e ritos que
coadunam as mais amplas formas de cultuar o sagrado, onde o sincretismo tem caráter histó-
rico na constituição religiosa do país. A Umbanda é um grande exemplo disso, onde sua for-
mação se deu por influência de expressões de cunho católico, espírita kardecista, cultos afro-
ameríndios, desvelando uma relação de tradição e dinamicidade em sua representatividade
social. Pensando nisso, a presente pesquisa em andamento busca aprofundar o conhecimento
sobre a crença umbandista da comunidade de terreiro, a partir de sua performance ritual. As-
sim, busca-se analisar como a dança ritual pode ser considerada fonte de pertencimento e
memória do povo de santo da Umbanda, através do processo de transe que reverencia e re-
memora os espíritos das entidades ancestrais que são cultuadas nos seus espaços de culto,
sendo experienciado no próprio corpo dos médiuns e contada as narrativas por meio dos mo-
vimentos corporais. O locus de pesquisa é o Terreiro Gongá Cantinho de Luz, localizado no
bairro Bacurizeiro, zona rural do município de Altos, Piauí. Para isso, foco na apreensão das
experiências coletivas do ritual, onde a relação médium-entidade performatiza a vivência do
passado de espíritos que são cultuados por sua trajetória de amparo e desvelo com os fiéis. A
roda sagrada prenuncia a comunicação com o transcendente, incluindo a vivência comparti-
lhada no coletivo da comunidade do terreiro. Metodologicamente, busco um referencial teóri-
co através de uma análise bibliográfica que dê base à discussão sobre a temática abordada.
Além disso, para aliar ao campo de pesquisa, a entrevista semiestruturada e a observação par-
ticipante se constituem como meios de se alcançar a compreensão das experiências do povo
de santo. Em vista disso, percebemos que a dança ritual na Umbanda se constitui como um
elemento imprescindível para sua comunidade, quando sua execução prescinde a união e o
sentido de fraternidade para seu povo, revelando um rito identitário, correspondente ao povo
de santo. Esse rito corporal está embasado na articulação da linguagem gestual, rítmica e can-
tada, as quais reconstituem os laços fraternais entre os fiéis e seus deuses. Assim, são entoa-
dos cânticos e movimentos corporais que consagram Pretos-Velhos, Caboclos e Pomba-giras
de modo que essas práticas ritualísticas não só reverenciam essas imagens, como também
criam laços de pertencimento entre os membros da dança. Portanto, essa expressão dançante
traça uma releitura das vivências dos ancestrais da comunidade de santo, pois as divindades
retornam e refazem suas trajetórias, comungando com os filhos de santo o entrelace de fé e
auxílio.

Palavras-chave: Umbanda. Coletivo. Dança.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

A HISTÓRIA E AS CONSTRUÇÕES NARRATIVAS SOBRE A INQUISIÇÃO


Paulo Victor Macedo Carneiro, Pedro Vinicius Macedo Carneiro

Primeiramente, quando falamos da Inquisição, muitos antes de discutir o tema já têm concepções
preconcebidas sobre a mesma, onde para compreender o que foi o Santo Ofício é necessário todo
despojamento e busca do saber novo que a história permite alcançar, e não ficar parado no tempo,
com saberes antigos e primitivos. Como diz Sonia Siqueira, “A montagem da instituição e o tempo
que durou traduziu a mentalidade dos homens seus criadores. Cada época tem a Inquisição que
merece, e a merece na medida em que consente na sua existência. Pois é preciso pensar-se na força
da crença, das convicções profundas, para entender-se o poder da Inquisição num clima no qual os
homens criam, queriam crer, como uma adesão total do ser”. O presente artigo tem como objetivo,
a análise das representações da Inquisição. Pois, mesmo diante de tanta produção e discussões em
torno do tema, ainda gera muitas discordâncias historiográficas e polêmicas quanto às interpreta-
ções. O que é possível perceber, é que quanto à história do Santo Oficio, desde sua origem no sécu-
lo XVI, até o século XIX, muito se confunde a história da mesma, com a imagem construída pela
historiográfica que escreve ao seu respeito, pois, uma coisa, são os fatos, ou seja, real, a realidade,
outra é a historiografia, responsável por versar sobre os acontecimentos, versão que geralmente é
marcada por uma subjetividade e parcialidade que contradizem a base da produção historiográfica,
que é a imparcialidade, observar o objeto, sem preconceitos, pois, são os valores pessoais e a parcia-
lidade que são encarregados de influenciar e imiscuir-se na produção desejada. E este tema, princi-
palmente não é diferente. Como diz Alécio Nunes Fernandes, o que muito se conhece, e “não pou-
cas vezes, é uma imagem distorcida, carregada de paixões confessas ou mal encobertas, dispersas
em um discurso que tende a considerar como valores universais e anistóricos a justiça, os direitos
humanos e a tolerância”. Os métodos utilizados para a consecução do projeto se deu através de
pesquisas em livros e artigos, direcionados ao tema especifico. E os resultados da mesma, foram à
compreensão mais profunda quanto às produções historiográficas sobre o Santo Ofício, que é possí-
vel perceber a defesa de uma perspectiva dominante de narrativa, e que através das leituras feitas,
foi possível entender, estas construções. E, portanto, compreendendo isso, pode-se observar que
parte da historiografia a respeito da Inquisição adota essa postura ao fazer um discurso “politica-
mente correto”, e claro ideologicamente inclinado a criminalizar o santo ofício, desconsiderando o
contexto no qual o Tribunal se estabeleceu e perdurou por quase trezentos anos.

Palavras-chave: Inquisição. Representação. Historiografia.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

A FORMAÇÃO DE IDENTIDADES NA CONTEMPORANEIDADE: GLOBALIZAÇÃO, IDENTI-


DADE E O PAPEL DA MEMÓRIA
Ábdon Eres da Silva Neto

As mudanças que atingem o momento em que vivemos têm alterado as concepções de tempo
e espaço, modificando a maneira como as pessoas concebem a si mesmas e como constroem a
sua identidade mediante os fatores externos que as circundam. Com todas as características
que lhe acompanha – transformação das concepções de tempo e espaço, desenvolvimento
tecnológico etc.- a contemporaneidade contribui para a produção/reafirmação de identidades,
na medida em que desestabiliza bases identitárias tradicionais. Nora (1993), ao tratar sobre
os lugares de memória, deixa bem evidente o quanto o contexto moderno de transformações
provoca nas populações uma vontade por acumular vestígios que lhe permitam se conectar
com o passado. Essa desestabilização é, ainda, reconhecida por boa parte dos autores que tra-
tam sobre identidades na pós-modernidade, como Hall (1997) e Woodward (2000), que defi-
nem esse momento como crise das identidades. Essa crise representada pela ameaça a valores
tradicionais podem ser exemplificadas pelos casos do fundamentalismo islâmico e cristão,
colocados por Castells (2003), que destaca o surgimento de identidade pela incongruência
entre o que defende o Estado e o que defende os grupos religiosos. Nesta seara, como afirma
Guimarães (2006), é bastante perceptível a utilização de vestígios históricos pelo Estado para
criar uma narrativa histórica coerente, que atenda ao seu interesse, isto é, que domestique o
passado visando a sua legitimação. Não podemos deixar de considerar a fragilidade que a nar-
rativa oficial pode conter, pois como discute Pollak (1989), as memórias individuais não são
necessariamente apagadas por essa memória coletiva oficial, sobrevivem entre os meios in-
formais e aguardam um momento oportuno para emergir e colocar em xeque o discurso ofici-
al. Por meio da análise do que propõem esses autores e os pontos que permitem relacioná-los,
consideramos que a identidade possui estreita ligação com a memória, já que memória e iden-
tidade são inseparáveis e a criação da identidade muito necessita da utilização da memória,
especialmente quando se constata que a memória tem servido constantemente para a criação
de pontos de referência para a fixação de identidades. Assim, a pesquisa proposta tem a inten-
ção de perceber em que medida as características da sociedade global nos ajudam entender a
formação das identidades na contemporaneidade e qual o papel da memória neste processo. A
pesquisa nos permitiu perceber que o contexto da globalização favorece a construção de no-
vas identidades, que não necessariamente surgem do nada, mas fincam suas raízes em refe-
rências do passado, que ajudam a manter a coesão dos grupos. Deste modo, podemos inferir
que a memória se constitui de importante material para a criação de uma identidade coletiva,
pois ela é construída com base nas demandas do presente, geralmente apoiada em fatos do
passado, e pensada para garantir uma continuidade no futuro. E pode ter como grande aliada
a narrativa histórica.

Palavras-chave: História. Identidades. Memória.

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SER IMORTAL NO PIAUÍ: JOGOS DE PODER E DISTINÇÃO SOCIAL EM J. MIGUEL DE MA-


TOS
Gislane Cristiane Machado Tôrres, Libertad Borges Bittencourt

O texto tem como objetivo analisar os processos de construção de sentidos em torno da traje-
tória do escritor José Miguel de Matos (1923-2000), tendo como referência seu interesse em
ingressar na Academia Piauiense de Letras. Por meio da análise das obras Pisando Meus Ca-
minhos, Perfis, Mosaico, Garimpagem e seu discurso da posse na instituição, adentramos as
experiências desse sujeito no recorte dos anos 1967 e 1973, respectivamente, o ano de sua
primeira candidatura e o ano de sua eleição. Tais textos contemplam memórias autobiográfi-
cas de sua infância e adolescência, coletâneas de textos publicados na imprensa local, peque-
nos contos, crítica literária e discursos do autor em cerimônias diversas. Fortemente marca-
dos pelo uso da memória, pelos ressentimentos e interesses do autor, os textos são tomados
como representações constitutivas de sua identidade, produtoras de sentidos sobre sua traje-
tória desde sua constituição enquanto literato, passando por suas campanhas não vitoriosas e
culminando com sua eleição para a instituição cultural mais antiga em atividade no Estado. A
partir do manifesto desejo de imortalidade expresso por J. Miguel de Matos, analisamos como
seus textos harmonizam essa aspiração às negativas e posterior ingresso no sodalício, o que
garante a este escritor o reconhecimento de suas qualidades literárias e inserção num campo
simbólico e discursivo diferenciado. Investigar nessas fontes a trajetória de J. Miguel de Matos
nos oferece perspectivas sobre os rumos da cultura literária no Piauí dos anos 1960 e 1970
pois nelas encontramos não apenas relatos biográficos mas vislumbramos os jogos de poder
por ele travados (críticas e elogios enunciados, parcerias culturais empreendidas, diálogo com
seus contemporâneos) a fim de alcançar a distinção social por meio do ingresso no sodalício.
Do ponto de vista teórico nos embasamos nas discussões sobre a função social das instituições
e mecanismos de construção de um poder simbólico, pautado no habitus, feitas por Pierre
Bourdieu e nas reflexões de Michel de Certeau em torno das operações estratégicas e/ou táti-
cas que constituem o do lugar social dos enunciadores de discursos. Metodologicamente, as
pesquisas de Alessandra El-Far e João Paulo Rodrigues, centradas na análise das relações de
poder que permeiam o universo literário das academias nos fornecem indícios sobre os jogos
de representação e trocas simbólicas presentes no campo cultural. Nesse sentido, as reflexões
de J. Miguel de Matos em torno do panorama cultural piauiense, caracterizado à época pelo
reduzido público leitor e forte dependência de iniciativas editoriais promovidas pelo poder
público, nos ajudam a compreender os significados da Academia Piauiense de Letras e do per-
tencimento à imortalidade literária.

Palavras-chave: Imortalidade Acadêmica. Memória. Identidade.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

A CULPA É O TÚMULO DA MEMÓRIA: PODER, MORTE E PATRIARCADO NO MUNICÍPIO


DE PINHEIRO - MARANHÃO
Nelson Dos Santos Soares da Silva, Ivan Jorge Sousa Pessoa

Em uma pioneira pesquisa sobre as tribos do Nilo, no sudeste do Sudão, o antropólogo holan-
dês, Simon Simonse (em: ‘Kings of Disaster: Dualism, Centralism and the Scapegoat King in
Sou the astern Sudan’, Leiden, Brill, 1992), chega a uma conclusão surpreendente sobre luto e
sepultamento. Segundo Simonse, o eixo do enlutamento é determinado pelo poder simbólico
do sacrifício, sendo este um ‘sacrumfacere’, doravante um ‘tornar sagrado’; meio pelo qual a
violência canalizada a uma vítima ganha relativa expiação e justificativa.Em análise àquelas
tribos do Nilo, o antropólogo percebe que o patriarca, o rei serve como inimigo favorito das
tribos inimigas, atraindo para si as tensões que surgem de rivalidades entre clãs, entre aldeias
e entre gerações. No que diz respeito a essas rivalidades, ele “é o fator unificante, um foco
compartilhado de atenção, um centro”, de modo que, com a perda desta figura real, “o centro
não se mantém e a sociedade entra em colapso, revertendo para seus segmentos constituti-
vos”. Na morte de um rei, o povo shilluk diz: “O país não existe mais” (SIMONSE, p.214). Por
conseguinte, a vida em comunidade é desregulada e, a violência que anteriormente lhe era
canalizada, passa a ser transferida para vítimas eventuais que tendem à multiplicação de mais
culpa e sofrimento. O dilaceramento e apedrejamento dessas vítimas faz com que as pedras
sobrepostas sirvam não apenas como túmulo, mas igualmente como via de peregrinação, cul-
pa posterior e memória. Ora, dos relatos de Simonse surge a questão: em que medida a morte
do patriarca não representa a culpa inconsciente de uma família? Ademais, não seria o seu
túmulo, um recurso simbólico de expiação - similar àquele artifício corrente entre as tribos do
Nilo? Não seria o cemitério, por sua vez, a expressão petrificada dessa culpa a ser reparada
com flores, lágrimas e consolação? Tendo esse pano de fundo é que se propõe uma análise
histórica de alguns túmulos do Município de Pinheiro, Maranhão, pretendendo assim rastrear
um duplo propósito: A) o resgate da memória do município, mais especificamente, em nome
de um patriarca fundador, bem como B) o registro familiar de sua memória.

Palavras-chave: Memória. Cemitério. Patriarcado.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


III Simpósio de História da UESPI: sociedade e mundos do trabalho
Livro de Resumos
86

SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

A HISTÓRIA ORAL E MEMÓRIA NA ARQUEOLOGIA – À PROCURA DOS VESTÍGIOS DA FA-


ZENDA CABEÇA DO TAPUIA EM SÃO MIGUEL DO TAPUIO – PIAUÍ
Júlia Nérika Soares do Nascimento, Maria do Amparo Alves de Carvalho

A cidade de São Miguel do Tapuio localizada na microrregião centro-norte piauiense, próxima


à Serra da Ibiapaba, é relativamente escassa de estudos históricos sobre seu período colonial.
Na historiografia se encontra registro de que o mestre de campo Bernardo de Carvalho, um
dos primeiros colonizadores do estado, assentou sua primeira fazenda no Piauí em 1692, em
uma antiga aldeia de Tacarijus, índios que viviam em brejos pertencentes ao atual território
da cidade. A referida fazenda recebeu o antigo nome do lugar, Cabeça do Tapuia, onde 84 anos
antes, o jesuíta Francisco Pinto foi assassinado pelos Tacarijus quando se aproximou desses
indígenas numa tentativa de catequizá-los. Também faziam parte da comitiva que descia a
Serra da Ibiapaba o jesuíta Luís Figueira e fiéis indígenas Tabajaras, que revoltados com o o-
corrido vingaram a morte do jesuíta exterminando os Tacarijus e expondo suas cabeças em
tronco de árvores. A partir deste fato o local passou a ser conhecido como cabeça do tapuia . O
termo tapuia se refere a povos indígenas que não falavam a língua tupi. O objetivo desta pes-
quisa constitui no levantamento de fontes orais com o intuito de se fazer a possível localização
da fazenda, para posteriormente se realizar a análise dos vestígios arqueológicos encontrados
para compreender o processo de colonização da região a partir da montagem da referida fa-
zenda. A construção de uma narrativa sobre o povoamento da cidade e sua divulgação se faz
necessária, visto que, a história da cidade ensinada nas escolas é a mais recente, contemplan-
do apenas o ano da sua emancipação, tudo isso devido à falta de estudos mais aprofundados
sobre seu papel no Piauí Colonial. Através de entrevistas estruturadas e semiestruturadas
com moradores da cidade, revisão bibliográfica, pesquisas no arquivo público local e de Tere-
sina, foram coletadas informações para a construção do projeto de pesquisa. O mesmo foi
construído a partir do viés da Arqueologia Histórica, que pode ser definida como o estudo do
mundo moderno a partir da expansão europeia. Essa disciplina possui como fontes de pesqui-
sas entrevistas, documentos escritos, mapas, entre outros. Compreendendo que a história oral
se relaciona diretamente com a memória, se pode construir uma narrativa que busca corrobo-
rar (ou não) documentos históricos com a memória da população, podendo nos fornecer in-
formações que não estão presentes nos documentos escritos ou que foram esquecidas pelas
novas gerações. A colaboração desses métodos é de suma importância na concepção desta
pesquisa que relaciona Arqueologia e História. Mesmo com a problemática de que a maioria
dos entrevistados conhecia apenas a história recente da cidade, foi possível construir uma
narrativa inicial mais detalhada para poder dar continuidade à pesquisa com a criação de ma-
pas para melhor entendimento da região que está sendo tratada.

Palavras-chave: Arqueologia Histórica. Piauí Colonial. História Oral.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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Livro de Resumos
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

VIVÊNCIAS E EXPERIÊNCIAS SOBRE O PROCESSO DE TRANSFORMAÇÕES URBANAS EM


CAMPO MAIOR ENTRE 1940-1980
Pauliana Maria de Jesus, Francisco Alcides do Nascimento

O presente trabalho analisa o processo de transformações urbanas por qual passou a cidade
de Campo Maior no recorte temporal compreendido entre 1940-1980, a escolha pelo tema se
deu por entender que durante esse período a cidade passou por várias modificações urbanas
impulsionadas pela valorização do comércio da cera de carnaúba no estado do Piauí e também
no município. Dentre as melhorias ocorridas na “terra dos carnaubais” destacam-se: a chega-
da da energia elétrica, ampliação e alargamentos de ruas e avenidas, pavimentação poliédrica,
fornecimento de água encanada, iluminação e arborização das principais praças da cidade,
além da construção de novas edificações públicas com uma arquitetura moderna. A pesquisa
teve como objetivos, compreender como ocorreram as transformações urbanas em Campo
Maior, entender como essas reformas urbanas foram ressignificadas pelos seus moradores e
perceber quais os conflitos suscitados desse processo, haja vista que com as modificações ur-
banas na cidade, ocorreram a demolição de casas e prédios histórico como, a fazenda o tom-
bador e o antigo mercado público onde não se levou em conta a valorização e preservação da
memória histórica da cidade inscritas nos prédios e casas que tinham uma arquitetura do sé-
culo XVIII e XIX. Constatou-se que o poder público municipal estava imbuído de um ideal mo-
dernizador para a cidade, com isso, muitas casas e terrenos de populares foram desapropria-
dos pela prefeitura, as indenizações pagas aos proprietários dos imóveis eram em quantias
irrisórias que mal podiam cobrir o valor de uma nova moradia para as pessoas que tiveram
que sair de suas casas, contudo, percebe-se que os benefícios urbanos se destinavam a embe-
lezar o centro da cidade onde havia a concentração de comércios e casas de famílias mais a-
bastadas da cidade. A metodologia da pesquisa constituiu-se através da análise crítica de fon-
tes documentais tais como: decretos leis, projetos-leis, imagens, jornais e relatórios, relatos
memorialísticos de caráter autobiográficos e relatos orais através da metodologia da História
Oral, também teve o apoio teórico dos seguintes autores: Jacques Le Goff (2004), Lucília Del-
gado (2010), Maurice Halbwachs (2004), Nicolau Sevcenko (1992), Francisco Alcides Nasci-
mento (2015), Teresinha Queiroz (2006), dentre outros. Portanto, a pesquisa buscou fazer
uma análise sobre o processo histórico relacionado à modernização da cidade, procurando
refletir sobre esse fenômeno que modificou a cidade em vários aspectos, não só, em termos
materiais, mas também nos próprios costumes dos campo-maiorenses, nesse sentido, foi pos-
sível perceber através da análise dos relatos memorialísticos e orais que a cidade passou por
certo nível de transformação adquirindo um novo aspecto causando em seus habitantes uma
nostalgia pelo seu passado histórico e a sensação de perda da identidade da cidade.

Palavras-chave: Memória. Transformações. Campo Maior.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

A AGRICULTURA FAMILIAR EM CODÓ (MA): A TERRA COMO UM PROCESSO HISTÓRICO


DE SUJEITOS E NARRATIVAS
Davi Benvindo de Oliveira

Desde os primórdios, o homem buscou na terra e na natureza meios que pudessem atender as
suas mais básicas necessidades para sobreviver. E a agricultura é uma das atividades de pro-
dução mais antigas que o homem desenvolveu na busca de sua sobrevivência. A agricultura é
um trabalho que possibilita a subsistência de inúmeras famílias no Brasil ainda hoje. Essa
forma de organização produtiva contribui para a preservação do meio ambiente; preservação
da passagem local; ajuda na alimentação do capital local; possibilita fontes de renda alternati-
va; fortalecimento das relações familiares; contribuições na garantia de maiores fontes na bi-
odiversidade; ajuda na prevenção de um inchaço urbano por meio do êxodo rural, entre ou-
tras perspectivas positivas. Porém no Brasil, a agricultura familiar ainda é um ramo de ativi-
dade de trabalho marginalizado, uma herança colonial que o governo e a sociedade ainda hoje
carregam consigo, pois alguns programas para o incentivo de atividades agrícola estão em
volta de muita burocracia (o que desestimula a muitos pequenos e médios agricultores) e não
chegam a todos. O objetivo deste trabalho é analisar as narrativas dos sujeitos históricos que
praticam em Codó (MA) da atividade da agricultura familiar, desenvolvida, em sua maior par-
te, por pessoas humildes que extraem da terra a sua sobrevivência e a de suas famílias; tendo
por natureza a pesquisa bibliográfica e a pesquisa de campo (onde foram coletadas por meio
de entrevistas as narrativas de alguns pequenos agricultores do município de Codó), onde
recorreu – se, como obras principais de fundamentação, os autores Boris Fausto, Antonio Tor-
res Montenegro e Heribert Schmitz; tendo por problemática esta pesquisa: qual a importância
da terra para os agricultores codoense na construção de suas histórias? A terra é usada como
um meio de relações de trabalho e relações humanas desde o preparo da terra a colheita dos
seus alimentos, onde os sujeitos históricos, por meio da terra, dão continuidade a essa heran-
ça cultural trabalhista milenar, desenvolvendo a economia local, onde alguns agricultores le-
vam seus produtos para a cidade para comercializarem, garantindo subsistência familiar, o
aquecimento do comércio local e a preservação ecológica do ambiente, pois essas práticas de
produção de trabalho não devastam o meio ambiente. Nesse modo de produção, os sujeitos
atualizam constantemente as suas histórias e a de seus antepassados, mantendo relações com
outros sujeitos que extraem da terra seu meio de vida e estabelecem contato com a natureza,
preservando-a e mantendo, por meio da mesma, uma alimentação mais saudável.

Palavras-chave: Agricultura familiar. Terra. Sujeitos históricos.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

DIREITO E LITERATURA NA CRÔNICA DE LIMA BARRETO


Thiago Venicius de Sousa Costa

A presente comunicação visa discutir a relação entre Direito e Literatura na produção escrita
de Afonso Henriques de Lima Barreto. Dessa forma, será analisado em seus artigos e crônicas
o modo como interpretou a constituição das leis e seus reflexos sobre a cidade do Rio de Ja-
neiro durante a Primeira República. Nesse sentido, para o literato o processamento da lei se
torna uma questão não só de ordem ao produzir um sistema que normatiza as condutas soci-
ais, mas propensa às tiranias de seus delegados. E isto fez com que tomasse para si o direito
de interpor e sugerir como devem ser feitas as aplicações da lei, produzindo aquilo que deno-
minou com ironia serem os “direitos sagrados do cidadão”. Desse modo, através de Sérgio Bu-
arque de Holanda (1995), Richard Rorty (1994) e Lynn Hunt (2009), será refletido com Lima
Barreto constrói um saber sobre a norma jurídica nos anos iniciais da Res publica brasileira.
Convém mencionar que Lima Barreto não traz uma definição clara do que seja o Direito, em-
bora, apresente uma série de entendimentos acerca da matéria em sua obra, especialmente
em artigos e crônicas. Relacionando-os ao que poderia ser identificado como cobrança aos
direitos e garantias individuais, o direito a afetividade, a liberdade, a acessibilidade, a saúde,
dentre outros temas que apresentam certa empatia avant-la-lèttre aos Direitos do Homem
como é conhecida hoje. Assim, o que possivelmente motivou as reflexões do literato sobre a
organização de um sistema legalista no país, talvez, não seja a existência de um sistema positi-
vo, mas a sua manifestação deliberada em todos os atos da vida pública. E é nessa preocupa-
ção do Poder do Estado de controlar e medir as ações da população que a crítica do literato é
mais incisiva. Pois não se tratou, unicamente, de um sistema que buscou regular o corpus so-
cial, mas que promoveu as diferenças sociais e de classe, fazendo com que as desigualdades
entre civis se tornassem tão mais presente como visível. Com isso, Lima Barreto expressa a
importância de se republicanizar a República, ao menos, a necessidade de se problematizar os
fundamentos que lhes deram origem, e foram falhos, dentre outros, com as promessas de in-
tegração social. E a solidariedade pode ser percebida na crítica do literato como uma tentativa
de se criar um juízo crítico dessa situação, quando se evidencia os desafios para a organização
de uma sociedade mais justa e democrática. Solidariedade que apresenta um duplo diálogo
entre a capacidade do indivíduo em criar uma empatia com a situação de vulnerabilidade do
outro e uma ação política que objetive a implementação de políticas públicas e assistenciais
que busquem a mitigação das diferenças de classe.

Palavras-chave: Norma Jurídica. Solidariedade. Primeira República Brasileira.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 05
NARRATIVAS E PERTENCIMENTO

UM PERCURSO DO GÊNERO BIOGRAFIA A PARTIR DA NARRATIVA MEMORIALISTA


Karina Viana da Silva

A proposta do artigo tem por objetivo analisar a categoria biografia, buscando evidenciar um
percurso da mesma, nesse sentido o sujeito eleito para a observação desse gênero é o Padre
Pedro Balzi, que chega ao Piauí no ano de 1987. Sendo este destinado a princípio sua nova
missão, a de cuidar das pessoas que tinham hanseníase. No entanto um acontecimento muda
significativamente a trajetória de vida de sacerdote, sendo esta a sua enorme capacidade de
ajudar os mais necessitados. Pois no momento em que se dirigia juntamente com o Arcebispo
de Teresina na época, passando pela BR 343, rumo ao conjunto habitacional Dirceu Arcoverde
onde esse foi lotado, o Padre observou a ocupação do terreno que fica localizado mais preci-
samente em frente ao terminal rodoviário, inúmeros casebres cobertos de palha, resultado em
grande parte da pobreza das pessoas que ali estavam. É nesse momento que o Padre Pedro se
sensibiliza com aquela situação, pedindo a Dom Miguel para ficar naquele lugar. Dessa forma
o que se busca também evidenciar como o relato de vida se entrelaça com a história do bairro
Vila da Paz, nome dado mais tarde a essa ocupação que ocorre um ano antes da chegada do
Padre ao Brasil. Assim é importante no trato com o gênero biográfico destacar os processos
teórico-metodológicos que fazem parte desse viés analítico, bem como perceber as possíveis
chaves de leitura que elemento traz consigo. Desse modo é significativo elencar a visão de al-
guns pesquisadores sobre as questões que perpassam um estudo biográfico, logo o artigo
mantém diálogos diretos com uma das mais remodas pesquisadoras na área. Teresa Maria
Malatian, uma estudiosa sobre o gênero em questão, que sem sombra de dúvida produziu e
produz ricos estudos sobre biografia, isso também se deve a simplicidade da sua escrita. Logo
ela infere que trabalhar com a construção sobre relatos de vida, é suscetível a multissecular
desconfiança, no sentido de que estabelece nesse entremeio uma significativa discussão no
que tange ao fato se os sujeitos fazem ou não a história, logo pontua-se que sim, os sujeitos
fazem história. De modo geral procurou-se lançar luz sob a relação que este gênero mantém
com as narrativas memorialísticas visto que, existe uma relação inegável de proximidade en-
tre história e memória, haja vista que é dessa maneira que podemos ter uma noção de como é
desafiador lidar com a produção de biografia no sentido de a memória enquanto uma das
principais fontes não é fixa, ela está em constante atualização partindo de questões do presen-
te. Percebendo ainda as contribuições dos princípios e pressupostos da história oral.

Palavras-chave: Biografia. Memória. História Oral.

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Livro de Resumos
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ST-06: Ensino de história e outras linguagens.


Prof. Dr. Jonas Rodrigues de Moraes (UFMA)
Prof. Dr. Dimas dos Reis Ribeiro (UFMA)

Este simpósio propõe articular discussões relacionadas entre ensino de História e outras linguagens.
Enseja que o ST possibilite reflexões sobre as múltiplas estratégias por meio das quais docentes e pes-
quisadores da área de história utilizam como metodologia e construção de narrativas para desenvol-
vimento de prática docente e escrita historiográfica. Efetivamente pode-se afirmar que a música, ci-
nema, teatro romance, poesia, literatura, entre outros códigos de linguagens favoreceram e ampliaram
indubitavelmente o campo do docente pesquisador. Nessa perspectiva, é necessário que professores,
pesquisadores e graduandos de história, entre outros profissionais e estudiosos das áreas de ciências
humanas e sociais sejam provocados a refletir sobre sua prática pedagógica e sua escrita acadêmica.
Com as novas revelações acerca de alterações na educação é possível discutir estratégias para melho-
ria do ensino de História e de outras áreas das ciências humanas e sociais no contexto atual? De modo
particular sobre o aspecto do processo de ensino e aprendizagem dos docentes da disciplina história
afirma que “[...] sendo o “‘fazer histórico’ mutável no tempo, seu exercício pedagógico também o é. Eu
diria que ensinar História é uma atividade submetida a duas transformações permanentes: do objeto
em si e da ação pedagógica” (KARNAL, 2013, p.7). Efetivamente, em um contexto mais amplo, o simpó-
sio refletirá sobre a pluralidade e múltiplas signos artísticos e linguísticos bem como as manifestações
de cultura popular urbana e rural que contribuíram para ampliação da relação da História com outras
linguagens.

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Livro de Resumos
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

DIDÁTICA DA HISTÓRIA: CONTRIBUIÇÕES DO FILÓSOFO ALEMÃO JÖRN RÜSEN


Marcelo Marcos de Araújo

Este presente artigo aborda sobre o ensino e aprendizagem em História, especialmente a di-
dática da História do filósofo alemão Jörn Rüsen. O autor contribui para a didática da História
e sua importância na aprendizagem dos alunos, pois identifica como a aprendizagem da histó-
ria pode ser ensinada e de como os alunos podem aprender e compreender a História a partir
da relação do passado, presente e do lugar em que o mesmo ocupa socialmente, atribuindo
significados com aos conteúdos históricos apresentados pelos professores de história. Rüsen
revela a importância da didática da história como o principal elemento da concretização do
aprendizado histórico, propondo que o aprendizado histórico se realize a partir de significa-
dos que o aluno possa ter sobre aspectos de sua vida social e cultural.

Palavras-chave: Didática. Ensino. Aprendizagem.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

A TRANSPOSIÇÃO DIDÁTICA DA HISTORIOGRAFIA SOBRE A BALAIADA NOS LIVROS DI-


DÁTICOS DE HISTÓRIA DO ENSINO BÁSICO
Marisa Rocha Ferreira, Clarice Helena Santiago Lira

Em tempos de reformas educacionais “profundas” e “apressadas” no Brasil é de extrema im-


portância atentar-nos para a necessidade de se discutir de que forma a disciplina História vem
sendo ensinada ao longo dos anos nas escolas brasileiras. Considerando que o ensino de his-
tória é fundamental na formação do cidadão, pretendeu-se nesse estudo discutir a forma co-
mo a história produzida no espaço acadêmico foi transposta para os livros didáticos de histó-
ria nos últimos anos, elegendo a Balaiada como evento de análise. Por meio de versões histo-
riográficas que construíram saberes a cerca deste movimento dentro da história, buscou-se
compreender como esse conhecimento tem chegado ao Ensino Básico através de um dos prin-
cipais instrumentos de ensino, o livro didático. Para tanto, utilizou-se do conceito de “transpo-
sição didática” e elegeu-se, para análise, livros didáticos de História que foram adotados em
escolas teresinenses entre os anos de 1994 a 2012. Constatou-se a partir da análise desse ma-
terial que as narrativas sobre o evento estudado têm diferenças tanto conceituais, quanto tex-
tuais. O conceito de Yves Chevallard (1991) sobre “transposição didática” foi de fundamental
importância no trabalho além do conceito de “consciência histórica” do historiador alemão
Jorn Rusen (2012). Viu-se com a realização desta pesquisa alguns desafios impostos ao ensino
de história, no tocante aos livros didáticos do Ensino Básico. Um deles está em alertar aos alu-
nos que as produções contidas nos livros didáticos retratam leituras fragmentadas e que não
se pode entender o movimento apenas pela visão parcial dessas narrativas, mas é preciso es-
tar aberto a diferentes visões. Além disso, é preciso pontuar a perspectiva historiográfica pre-
sente nesses livros, e que esta passa por diferentes recortes até que se chegue à versão final
apresentada nos livros didáticos, passando dessa forma por uma transposição didática. Assim,
fica a nossa proposta de que essas práticas do processo ensino-aprendizagem precisam ser
revisadas para que os alunos possam apropriar-se de uma perspectiva mais complexa dos
eventos históricos e da participação de homens comuns nesses acontecimentos.

Palavras-chave: Balaiada. Transposição didática. Livro didático.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

AS ARTES LITERÁRIAS NO ENSINO DA HISTÓRIA


Bruno Aércio Silva Moreira, Jeane Pimenta Amorim, Jonas Rodrigues de Moraes

Esta comunicação propõe relacionar as artes literárias com o ensino de história. A literatura
ou artes literárias estão relacionadas com a leitura e análise de textos verbais e por isso é con-
siderada como sendo a arte construída pelas palavras. A leitura de textos, ficcionais ou não,
provoca diferentes efeitos de sentido nos leitores os permitindo sair do mundo real, alcançar
o mundo da fantasia e por que não, entender contextos históricos e sociais e assim compreen-
der os reais motivos das conjunturas instauradas no presente ou mesmo desbravar momentos
históricos passados e suas peculiaridades. Sendo assim nasce a necessidade de se estudar de
forma prática a real aplicabilidade das ferramentas literárias no ensino da história como dis-
ciplina, formulando assim um elo instrumental entre as artes literárias e o ensino da história.
Com este trabalho pretendemos de forma teórica e prática alcançar os seguintes objetivos:
Enaltecer a importância da Literatura como ferramenta de registro historiográfico; Desenvol-
ver o senso de contextualização histórica; Desbravar através da literatura as particularidades
de uma época ou de um fato histórico; Inferir a vertente literária na construção do conheci-
mento e do ensino da história. O presente trabalho foi desenvolvido através do anseio gerado
pelas constantes estatísticas que comprovam o baixo índice de leitura nas mais variadas esfe-
ras da educação, algo que reflete em diversas áreas do conhecimento, principalmente nas dis-
ciplinas humanísticas que tanto carecem da leitura na sua estrutura de aprendizado. Desta
forma através da inserção de obras literárias no ensino dos mais diversos temas da história,
se criou um ambiente em que o aluno precisava conciliar não só o que diziam os livros didáti-
cos, mas também, o que falavam obras relacionadas ao respectivo tema ou contexto histórico
do mesmo, as atividades de aprendizado eram feitas a princípio em grupo, depois em dupla e
por fim de maneira individual, propiciando o desenvolvimento da autonomia dos discentes.
Com o decorrer da aplicação das atividades, constatamos a enorme dificuldade a princípio de
nossos alunos, todavia com o passar do tempo, se notou um notório desenvolvimento no sen-
so de pesquisa e conciliação das ferramentas propostas, o nível de leitura aumentou de forma
considerável e o ensino de história se tornou mais prazeroso e diversificado. Com isso conclu-
ímos de forma teórica e prática, a real importância e aplicabilidade da literatura no ensino da
história e que é crucial o advento e a conciliação de novas metodologias para o enaltecimento
das disciplinas do currículo escolar.

Palavras-chave: Literatura. Ensino. Aplicação.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

NAS ENTRELINHAS DA LIBERTAÇÃO: AS CIRANDAS LITERÁRIAS E O INCENTIVO À LEI-


TURA NO PIBID/HISTÓRIA
Isabela Sousa Moura, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

O projeto intitulado “Ciranda Literária” foi desenvolvido no âmbito do PIBID em parceria com
a Professora e Supervisora do Programa em uma escola pública da rede estadual de ensino. O
incentivo à leitura e o estímulo à escrita são os objetivos principais do projeto, que visa auxili-
ar na construção intelectual e moral dos estudantes que possuem a oportunidade de partici-
par das leituras. Através das idas ao SALIPI (Salão do Livro do Piauí) os estudantes adquirem
livros de gêneros variados. É dado o prazo de quinze dias para que eles leiam e esbocem em
um caderno ideias ou dúvidas geradas pelas histórias lidas. Logo após efetuam a troca dos
livros adquiridos entre eles mesmos, o que é importante para a discussão e a socialização de
opiniões e pensamentos, construindo cada vez mais conhecimentos e desenvolvendo o senso
crítico. O incentivo à leitura também é construído através das apresentações de livros pelos
próprios bolsistas. Foi desenvolvido, por exemplo, em uma aula de história sobre a temática
indígena uma apresentação do livro “O Guarani” de autoria do escritor e romancista José de
Alencar. No dia em questão, foram abordados diversos aspectos sobre o contexto histórico ao
qual os personagens da obra estavam inseridos. O romance entre Ceci e Peri representando a
miscigenação entre o índio e o branco, caracterização do território brasileiro como cenário
ideal para o romance dos dois em um momento da história em que o Brasil se tornava inde-
pendente de Portugal, onde os intelectuais e eruditos da época buscavam a construção de uma
cultura própria da nação através das suas singularidades culturais e sociais e assim destacan-
do o índio o herói nacional. A apresentação desses aspectos foi desenvolvida através da dis-
cussão de trechos do livro, onde os bolsistas convidavam os estudantes para fazerem a leitura
e logo após a exposição do que havia entendido, despertando assim a curiosidade para a leitu-
ra completa da obra e estimulando-os a construir suas próprias ideias e concepções através
da leitura, abrindo portas para novas descobertas, facilitando assim, o processo de ensino-
aprendizagem aliando história e literatura na construção do conhecimento histórico.

Palavras-chave: PIBID/História. Leitura. Ciranda Literária.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

MEMÓRIAS DA CIDADE: RELATO DE EXPERIÊNCIA DO PROJETO DO PIBID E REFLEXÕES


SOBRE O ENSINO DE HISTÓRIA
Antonio Jeferson de Sousa, Nayaran Sherly Dias Holanda, Vilmar Aires dos Santos

O presente artigo tem o objetivo de relatar a realização de uma roda de conversa na escola
Governador Freitas Neto, a partir do projeto do Programa Institucional de Iniciação à Docên-
cia. Atualmente é pertinente um debate sobre o ensino de história e o currículo escolar. Mes-
mo com diversas inovações no ensino, os currículos escolares ainda são marcados por uma
visão Eurocêntrica do mundo. Muitos conteúdos estudados ainda são os grandes eventos do
mundo ocidental. Esses assuntos são relevantes para o ensino de história na educação básica,
mas somente eles não são suficientes para a aprendizagem. Não estamos tentando negar a
História escrita nos livros escolares, mas, a partir dos relatos de memórias e os livros didáti-
cos, mostrar as diversas possibilidades de entender a História, sendo o aluno o eixo principal
dessa construção. Então, foi feita uma pergunta: os alunos conhecem a História da sua cidade?
Como isso pode possibilitar seu conhecimento sobre a História local? O trabalho é um relato
de experiência e uma revisão bibliográfica. Foram observadas as duas etapas do projeto, onde
os alunos levantaram questionamentos sobre a história da cidade Teresina. Articulados com a
observação, buscamos discutir com autores que estudam a relação história e ensino: Durval
Muniz (2012); Paul Thompson (1992); Luiz Norberto Guarinello (2004); Selva Fonseca e José
Alves de Freitas Neto (2015). Na primeira parte da atividade, os alunos realizaram uma entre-
vista com familiares. As perguntas eram centradas nos espaços frequentados nas décadas de
70, 80 e 90 na cidade Teresina. Esses espaços poderiam ser uma rua, bairro, centro, pontos
turísticos, entre outros. Não foi determinado o que os alunos deveriam perguntar ficando as-
sim livres para a construção do roteiro. Na segunda parte da atividade, foi realizada uma roda
de discussão, onde os alunos mostraram para os colegas as entrevistas. Isso possibilitou a par-
ticipação da turma na realização da atividade e o estímulo para produção textual. Podemos
observar que os alunos tiveram a possibilidade de atuar no campo historiográfico. A história
não é somente aquela que está escrita nos livros didáticos, mas também aquelas histórias que
estão no cotidiano dos alunos, sendo elas importantes para compreender a história da cidade.
Durante a realização da atividade buscamos evidenciar a partir das entrevistas feitas pelos
alunos as transformações que estão ocorrendo no espaço. Isso possibilitou o conhecimento de
outros espaços da cidade que eram desconhecidos pelos alunos. As relações de tempo, espaço,
modernização, rupturas e permanências foram discutidas em sala de aula. Portanto, a ativida-
de contribuiu para compreensão do aluno sobre as diversidades da história da cidade e assim
possibilitar a sua atuação como um sujeito histórico.

Palavras-chave: Ensino de História. Cidade. Memória.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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Livro de Resumos
97

SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

HISTÓRIA E MEIO AMBIENTE NA EDUCAÇÃO ESCOLAR: ENSINADO SOBRE A INTEGRA-


ÇÃO DO HOMEM COM A NATUREZA
Andréa da Costa Rodrigues, Ada Suellen dos Santos Costa Silva

A história aliando-se a outras ciências como a sociologia, a geologia e a geografia, a biologia, a


antropologia, a ecologia, procurou incluir em seus estudos, o processo de construção e recons-
trução ao longo do tempo, na relação do homem com a natureza abrangendo aspectos do coti-
diano e das mentalidades dos homens, inovando-se o estudo da ação humana, mostrando que
a história vivida não se constrói apenas nas estruturas econômicas e políticas, mas também na
vida diária e nas brechas do cotidiano, construindo a história do ambiente com as diferentes
sociedades ao longo do tempo. Torna-se necessário superar o modelo antropocêntrico e cons-
tituir um novo paradigma, no qual o homem faça parte da natureza, o meio ambiente é o con-
junto de elementos abióticos e bióticos, organizados em diferentes ecossistemas naturais e
sociais em que se insere o homem, individual e socialmente, num processo de interação que
atenda ao desenvolvimento das atividades humanas, à preservação dos recursos naturais den-
tro dos padrões de qualidade. O nosso objetivo é mostrar a importância da história ambiental,
que mantêm a interdisciplinaridade com outros conhecimentos científicos, tornando impor-
tante o estudo do homem e natureza na construção do meio social em que vive dentro do am-
biente escolar mostrando que cada sociedade cria ou adota formas de contagem e divisão de
tempo em torno das quais organizam as diversas atividades sociais, aproximando o homem da
natureza, mostrando que assim como o objetivo da história é o homem no tempo, ele está pa-
ra o seu meio natural. Para a elaboração dessa pesquisa utilizou-se como procedimentos me-
todológicos uma abordagem descritiva e qualitativa que serviram como referencial teórico
para uma melhor compreensão sobre o objeto estudado e a intervenção em sala de aula no
Estagio supervisionado III nos proporcionou inserir esse tipo de conhecimento em sala de
aula, ampliando o conhecimento histórico mais próximo da realidade em que os alunos estão
inseridos, com a obtenção de fotos e imagens, a fim de formar um diagnóstico mais participa-
tivo dos alunos. O meio ambiente vem sendo trabalhado em sua maioria nas escolas nas disci-
plinas de ciências da natureza, o que nos levou a repensar a sua utilização em relação as ciên-
cias humanas tornando-se possível a compreensão dos processos socioambientais. A nossa
realidade de educando nos tempos de escola, nos dava uma compreensão, mas não possibili-
tava que isso fosse ampliado, pois nosso papel era outro; agora após o contato com a docência,
houve o aperfeiçoamento do entendimento da relação entre discente e docente, sendo atribu-
ídos tanto valores educacionais como valores sociais, interagindo com outras temáticas de
ensino, usando como alternativa o meio ambiente relevante nessa dinâmica na ação educativa,
contextualizando o processo social, histórico, cultural, político para que os sujeitos sintam-se
envolvidos.

Palavras-chave: História. Meio Ambiente. Educação.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

O ENSINO DE HISTÓRIA E MÚSICA POPULAR BRASILEIRA: UMA NOVA VERTENTE DE


ABORDAR A HISTÓRIA DO BRASIL
Dian Lucas Silva Ferreira, Aline Lopes Amorim, Luzimary de Jesus A. Amorim, Samuel Rosa
Martins, Jonas Rodrigues de Moraes

A abordagem proposta nos remete a uma série de conceitos que nos permitem identificar co-
mo a música popular brasileira intervém diretamente no ensino de Historia, assim como a
mesma pode ser utilizada em sala de aula para abordar determinado período da história do
Brasil, e ainda como pode ser usado como instrumento de pesquisa em escolas públicas. A
priori falaremos de tais conceitos e de como o povo canta mais do que lê, em seguida busca-
remos entender como a música desde os primeiros registros musicais podem sem utilizados
como instrumento para se abordar a história fazendo um paralelo com a história de formação
e miscigenação do povo brasileiro em algumas de suas diversas interpretações do Brasil. O
presente trabalho tem como objetivo fazer uma análise da história do Brasil, e sua formação
dando enfoque e/ou ênfase na Música Popular Brasileira (MPB), e seu papel para formação da
nação brasileira. Sendo, portanto, a música um instrumento de formação cultural, a qual nos
proporciona diversas vertentes de trabalho em sala de aula, de forma a deixa a aula um pouco
mais atrativa e dinâmica, fugindo dessa forma, da monotonia que abate e enfada o educando
de forma geral, e mostra assim, as diversas vertentes que o professor pode abordar em sala de
aula, e as dimensões variadas no que se refere ao ensino de história e até mesmo de outras
disciplinas. A história da formação da MPB coincide com a história da formação da população
brasileira, pois, quando a música branca chega a estas terras, já encontra a nossa música indí-
gena, e a música negra chega um pouco mais tarde juntamente com os escravos, nos navios
negreiros, e ao chegar aqui, juntaram-se as coisas fazendo surgir no Brasil uma miscigenação,
além de racial, musical, e que foi se desenvolvendo e firmando-se ao longo do tempo. Por fim,
o trabalho mostra o percurso da MPB ao longo do tempo, e as influências recebidas da misci-
genação cultural, indo do pioneirismo até praticamente os dias atuais.

Palavras-chave: História. Miscigenação. Musica Popular Brasileira.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

CHORÕES DE TERESINA: DAS RODAS DE CHORINHO AO CLUBE DO CHORO (1970–2000)


Manuela Noronha Medina, Cristiana Costa da Rocha

O choro (Chorinho) surgiu por volta de 1870 quando os brasileiros começaram a abrasileirar
danças europeias da moda, como a valsa, a polca e a escocesa. Naquele período, o Rio de Janei-
ro, capital do império, era um verdadeiro caldo cultural. Lá viviam imigrantes oriundos de
diversos países europeus, que haviam trazido consigo as tradições musicais de suas nações.
Em meio a uma sociedade que teve a influência de culturas distintas, não se sabia o que era
exatamente ser brasileiro. o chorinho surgiu em meio a esse cenário miscigenado em meados
do século XIX. Tendo em vista os processos de construção cultural do Choro como gênero mu-
sical, passando por uma forma de manifestação cultural, principalmente do Rio de Janeiro e
posteriormente de Brasília. O trabalho “Chorões de Teresina: das rodas de chorinho ao Clube
do Choro 1970 – 2000” teve como principal objetivo a investigação do desenvolvimento do
Choro em Teresina desde a década de 1970, onde o gênero teve seu primeiro momento de
destaque na capital piauiense; dentro do que indicam as fontes as quais obtive acesso. Outros
objetivos foram mapear os grupos de mais destaque nesse cenário artístico, identificar os cír-
culos sociais e os locais onde as rodas de choro aconteciam com mais frequência e também as
principais influencias dos artistas locais e as mudanças e adaptações que estes precisaram
fazer no recorte temporal em questão (1970 – 2000). Com o intuito de atingir tais objetivos
trabalhei com uma bibliografia muito interessante que embasou este trabalho a respeito do
Choro em suas principais capitais, Rio de Janeiro e Brasília e mediante a necessidade de co-
nhecer melhor o cotidiano do Choro local trabalhei com a História Oral. Entrevistando cho-
rões experientes como Mestre Colombo (Aposentado da banda da prefeitura de Teresina) e
chorões mais novos como Daniel Santiago (Professor), passando por Mestre Robert (funcio-
nário do IML) e Marcell Lima (professor) foi possível compreender o Choro teresinense com
seus próprios expoentes e influenciado mais diretamente pelo Choro nordestino no geral. Os
chorões teresinenses estiveram presentes na historia do Piauí antes mesmo da década de
1970, e assim como outros músicos do gênero não tocavam apenas choro, como também
samba e outros e para que pudessem atender uma maior demanda tocavam tanto de dia como
a noite. O Clube do Choro de Teresina funcionou de fins da década de 1990 ate 2008 e por
muito tempo foi ponto de encontro de chorões e entusiastas do gênero mas fechou por falta
de apoio e é algo que faz falta principalmente para os chorões. O cenário artístico de Teresina
ainda precisa de muito incentivo e com o Choro não é diferente. Esse gênero ainda tem muito
a mostrar para o Brasil e o mundo.

Palavras-chave: Teresina. Música. Chorinho.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 06
ENSINO DE HISTÓRIA E OUTRAS LINGUAGENS

CRISE DE REPRESENTAÇÕES E AS MANIFESTAÇÕES DE RUA NO TEMPO PRESENTE


Mateus Carvalho dos Santos, Cristiana Costa da Rocha

O presente trabalho se trata de uma proposta de pesquisa que pretende realizar um estudo
sobre as mudanças na sociedade brasileira, desde o final da década de 1990. Interessa-nos
investigar a crise de representatividade política no Brasil, considerando ser esse um fenôme-
no mundial, tomando como base de análise as manifestações de rua ocorridas pelo menos nas
duas últimas décadas. O Brasil possui uma curta e conturbada experiência democrática, até a
Primeira Republica a sociedade brasileira não conhecia participação política ampliada, passa-
do um século pós Proclamação da República e após dois longos períodos de ditaduras, enten-
demos que as experiências democráticas tem sido cada vez mais voláteis. Consideramos este,
um dos aspectos que tem gerado uma crise representativa interna que fez o cidadão em um
primeiro momento se revoltar e sair às ruas em Junho de 2013 no intuito de pedir aumento
salarial, mas sem nenhum caráter revolucionário e em um segundo momento repensar a res-
peito daquilo que de fato o representa, ao ver e sentir diretamente as consequências de uma
escolha não refletida. É notório, que na realidade a visível queda da credibilidade da popula-
ção em geral que não se identificam com os partidos políticos o número de pessoas insatisfei-
tas com a forma de representatividade política tem aumentado consideravelmente. Nesse sen-
tido, também trazemos um questionamento a respeito da Cultura Política, a partir dos estudos
de René Rémond, Berstein e Sirinelli, que deram base para compreender o que tem feito a so-
ciedade se tornar heterogenia e cada vez mais dividida. Até que ponto durante os curtos perí-
odos de experiência democrática a sociedade brasileira aprendeu a lidar como os direitos po-
líticos e a exercer os direitos civis? O que faz um cidadão se denominar de esquerda ou direi-
ta? O que faz o membro da sociedade a partir da representação, criar expectativas no contexto
que está inserido? As questões aqui apontadas darão suporte para desenvolvimento de uma
pesquisa de campo que será realizada no Arquivo Público do Estado do Piauí, Casa Anísio
Freitas, em acervos on-line do Cpdoc, nos quais buscaremos imagens, discursos do governo e
de ativistas membros de partidos da situação e oposição, bem como a análise do discurso polí-
tico baseando-se na obra de Haquira Osakabe. Assim, buscaremos compreender esta crise
representativa e de alguma forma contribuir para a sociedade.

Palavras-chave: Representação. Crise. Manifestações de Rua.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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Livro de Resumos
101

ST-07: Trabalho e Migração: experiências agrárias, memória e ação política.


Profa. Dra. Cristiana Costa da Rocha (UESPI)
Prof. Dr. Manoel Domingos Neto (UFC)
Profa. Esp. Lia Monielle Feitosa Costa (Mestranda UFC)

Pretendemos discutir pesquisas no âmbito da História Social, da História Cultural e da História Social
da Cultura que perpassam temas corriqueiros nas experiências de homens e mulheres, normalmente
abordados de modo segregado nas pesquisas desenvolvidas por historiadores. O campo das experiên-
cias, resistências, deslocamentos, mobilizações e estratégias políticas construídos nos mundos do tra-
balho são configuradas e configuram-se na vida cotidiana, no que é repetido, usual e institui práticas
culturais e sociais. A problematização do espaço/ tempo das religiosidades pressupõe a necessidade
de interpretar o lugar do sagrado na instituição de práticas culturais e sociais, nem sempre restritas à
territorialidade da devoção, mas normalmente transpostas e ressignificadas nos mundos dos trabalhos
e na vida cotidiana de sujeitos plurais. Este simpósio, aberto ao diálogo e confronto com estudos an-
tropológicos e sociológicos, intenta perscrutar estudos da história do tempo presente, compreendida
como abordagem cujo recorte temporal constrói-se entre meados do século XX e a contemporaneida-
de, priorizando diálogos e embates entre a história e a memória, especialmente, através da incursão
pela metodologia da História Oral.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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Livro de Resumos
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

HISTÓRIA DA IMIGRAÇÃO ITALIANA NO PIAUÍ NOS ANOS DE 1870-1905


Michelly Alcantara da Silva, Martinho Júnior

Apresentaremos o estudo sobre as famílias de comerciantes italianos que se instalaram em


Picos entre o final do século XIX e o início do século XX. Nesse contexto, cabe destacar que isso
ocorreu após o processo de unificação que a Itália havia experimentado, tendo sofrido pro-
fundas transformações, especialmente no Sul da Itália, período em que foi registrada a busca
por emprego e melhores condições de vida na região. Diante da crise agrícola no final do sécu-
lo XIX, ocasionada pela exaustão do solo nas regiões do sul da Itália, pela presença de grandes
latifundiários na região, o que deixou milhões de camponeses sem possibilidade de conseguir
terras para o plantio, o nordeste brasileiro atraiu o interesse dos imigrantes. Observando que
na região Nordeste concentrou a atenção dos italianos, contudo, o presente trabalho é voltado
à análise da imigração italiana no estado do Piauí. Dentre os aspectos a serem abordados me-
recem destaque: o motivo da imigração, a sua instalação, a concessão de incentivos governa-
mentais para sua estadia, os espaços que ocuparam e quais as principais atividades desenvol-
vidas. Esse movimento migratório foi fortalecido no cenário nacional pelo decreto de Dom
João IV proferido em 1850, o qual permitiu que estrangeiros pudessem adquirir a posse de
terras no país. As necessidades do recrutamento de trabalhadores livres, dispostos a tentar a
sorte nas terras brasileiras viam na imigração uma forma de escapar da pobreza a que esta-
vam fadados na Europa. Os anúncios apresentavam o país como lugar ideal para essas famílias
que viviam na instabilidade na Itália. Nesse contexto brasileiro de aumentar a oferta de força
de trabalho, demonstrada no trabalho de Celso Furtado “Formação econômica do Brasil”
(2007) o problema envolvendo a mão de obra e tinham o imigrante europeu a solução ou uma
“verdadeira válvula de alívio” para o cenário nacional. Compreender o contexto no qual ocor-
reram os fluxos estudo sobre imigrações estrangeiras, particularmente como se efetivou o
processo migratório e as correlações de forças nos campos políticos e econômicos; analisar os
incentivos que o Piauí propôs para esses imigrantes; identificar as atividades comerciais de-
senvolvidas pelos italianos em Picos; Com o intuito de responder as questões propostas, esta-
belecemos um conjunto à pesquisa será bibliográfico e documentos do conselho municipal de
Picos. Uma documentação referente ao conselho municipal onde foi encontrada o orçamentos
da receita de preços da cidade. Notificando nesses orçamentos uma gratificação aos imigran-
tes que tinha como foco o trabalho comercial.

Palavras-chave: História. Imigração. Trabalho.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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Livro de Resumos
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

“O SUJEITO SOFRE POR FICAR, SOFRE POR SAIR E AO CHEGAR”: UMA ANÁLISE DA VUL-
NERABILIDADE COMO ELEMENTO INFLUENCIADOR PARA A MIGRAÇÃO E O ALICIA-
MENTO PARA O TRABALHO ESCRAVO CONTEMPORÂNEO
Nilziane Costa Costa

Discutir acerca das condições de trabalho no relato de trabalhadores maranhenses resgatados


em condição análogas a de escravo como forma de identificar a precarização do trabalho, além
de apontar o perfil das vítimas que são aliciadas para essa prática, fazendo uma relação entre
condições socioeconômicas nas regiões de origem e as condições em que esses sujeitos se
submetem. O trabalho escravo contemporâneo pode ser analisado a partir da migração de
trabalhadores em situação de vulnerabilidade, sobretudo, pelas condições sociais e econômi-
cas no lugar que vivem, sem acesso a terra e sem oportunidade de trabalho, são obrigados a
sair em busca de melhores condições de vida em outras regiões do país que oferecem uma
dinâmica econômica atrativa, e nessa busca acabam se tornando alvos fáceis para aliciadores,
se tornando assim vítimas da escravidão contemporânea. Essas situações tem se tornado cada
vez mais presente na vida de trabalhadores maranhenses, a pobreza que se reproduz no Esta-
do tem se tornado um dos fatores para a saída de trabalhadores para outras regiões do país e
seu aliciamento para o trabalho escravo. Durante os anos de 2003 e 2016, segundo dados da
Síntese Estatística da CPT atualizados em janeiro de 2017, foram resgatados 34.286 trabalha-
dores em regime análogo ao de escravo em todo país, desse montante 6.387 trabalhadores
indicaram como referencia o estado do Maranhão. O Estado é considerado o principal expor-
tador de mão de obra escrava para o restante do país. Este trabalho desenvolveu-se a partir
de pesquisa bibliográfica, sobretudo, se embasando teoricamente na análise do materialismo
histórico, além da coleta de dados na Comissão Pastoral da Terra e pesquisa de campo nos
municípios de Açailândia (Oeste do Maranhão), Santa Helena e Palmeirândia (os dois municí-
pios da Baixada Maranhense), nos quais realizamos entrevistas orais e gravadas com resgata-
dos e envolvidos com o trabalho escravo contemporâneo. As falas dos sujeitos resgatados
mostram que estão aquém da dignidade, apontando, por exemplo, a partilha de espaços e de
água com animais como o gado das fazendas. Além de situações onde trabalhadores se alojam
em barracos de lona, trabalham sem equipamentos, e não tem uma boa alimentação. As condi-
ções de pobreza, criados pelo acesso restrito a terra, a vulnerabilidade social e econômica em
suas regiões de origem podem ser apontados como fatores influenciadores para a migração de
trabalhadores para regiões de fronteiras, em busca de melhores condições de vida. O trabalho
escravo se reproduz na relação entre migração e pobreza no contexto da questão agrária ma-
ranhense.

Palavras-chave: Trabalho Escravo. Migração. Pobreza.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

O AGRONEGÓCIO NO PIAUÍ: EMBATES ENTRE O DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO E A


PROBLEMÁTICA DO TRABALHO ESCRAVO
João Victor Santos Visgueira, Cristiana Costa da Rocha

Embora a escravidão tenha sido abolida no Brasil no dia 13 de maio de 1888 com a assinatura
da Lei Áurea (de ouro), o século XX deu seguimento a uma série de vestígios nas relações tra-
balhistas. A condição de pobreza que foi submetida uma maioria populacional e, em particu-
lar, a população rural, deixou margem para um vasto número de trabalhadores em condições
vulneráveis ao trabalho forçado, reconhecido no Brasil como trabalho análogo à escravidão.
Nesse sentido, este trabalho tem por objetivo estudar e compreender o modus operandi da
expansão da fronteira agrícola no Brasil, mais especificamente na região dos cerrados do es-
tado do Piauí, de 1980 a 2000, considerada como parte integrante da última fronteira agrícola
do país. O Plano de Desenvolvimento Agropecuário (PDA - MATOPIBA), 2015, engloba a tota-
lidade do estado do Tocantins e parcialmente os outros três estados, Maranhão, Piauí e Bahia.
É sabido que o Agronegócio é um dos grandes propulsores do desenvolvimento econômico
brasileiro, portanto, analisar-se-á em documentações específicas, situações que versam sobre
o processo de venda de terras para a viabilização do agronegócio no Estado do Piauí, discu-
tindo aspectos contratuais de âmbito econômico e social. Apenas no início do ano de 2016,
segundo dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), 9,7 milhões de traba-
lhadores não tinham uma carteira de trabalho assinada, ou seja, um dos aspectos que podem
apontar para o uso do trabalho escravo na atividade agrária, diante disso será realizado um
levantamento de dados oficiais no sentido de investigar situações que evidenciam as relações
de trabalho no contexto nas empresas. Por fim, serão sondadas situações em se estabelecem
conflitos entre o Ministério Público do Trabalho – MPT, policiais ou juízes da Justiça do Traba-
lho e empresários do Agronegócio, acusados de exploração e trabalho escravo. A presente
pesquisa está vinculada ao Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC),
tratando-se de um trabalho em andamento em que momentaneamente não produziu resulta-
dos sólidos com relação ao que se propôs a fazer. No entanto, cabe informar que já dispomos
de parte da bibliografia e um arcabouço documental, fontes são das mais diversas, desde ju-
risprudências trabalhistas a fontes orais. Por fim, a proposta se inscreve dentro da linha de
análise da História Social do Trabalho e, nesse sentido, destacamos importantes estudiosos
como o historiador inglês E.P. Thompson, o escritor francês Frantz Fanon, e na historiografia
brasileira ressaltamos Sonia Mendonça, José de Sousa Martins, Ricardo Antunes, dentre ou-
tros.

Palavras-chave: Agronegócio no Piauí. Trabalho Escravo. Desenvolvimento Econômico.

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TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

DO TRABALHO FORÇADO AO ANÁLOGO À ESCRAVIDÃO: REFLEXÕES SOBRAS AS CONDI-


ÇÕES DE TRABALHO NO CICLO DA CERA DE CARNAÚBA, PIAUÍ – 1930 À 2000
Hamanda Machado de Meneses Fontenele, Cristiana Costa da Rocha

Este trabalho é resultado do projeto de pesquisa desenvolvido pelo Programa Institucional de


Iniciação Científica, PIBIC/UESPI. O projeto “Entre a Escravidão e a Exploração: a invisibilida-
de do trabalho escravo na cadeia produtiva da cera de carnaúba (1930 aos dias atuais) ”, obje-
tiva, “analisar a reprodução da exploração no trabalho e do trabalho escravo na cadeia produ-
tiva da cera de carnaúba”. O trabalho escravo no ciclo da cera de carnaúba se constitui como
uma questão contemporânea que ganhou visibilidade recentemente após sucessivas denún-
cias do Ministério Público do Trabalho sobre tais práticas nos municípios de Parnaíba, Floria-
no e Picos. É preciso considerar que desde o ano de 1930 o país é signatário de tratados inter-
nacionais estabelecidos pela Organização Internacional do Trabalho – OIT e também começa a
estabelecer uma legislação para regulamentação das condições de trabalho em todo território
nacional e combate ao trabalho forçado, hoje reconhecido no Brasil como análogo à escravi-
dão. Paralelo ao aparato legislativo nascente nas primeiras décadas do século XX, encontra-se
o desenvolvimento econômico da cera de carnaúba no Piauí que se estende em menores pro-
porções nos dias atuais devido a concentração de renda. Como afirma D’Alva (2004) de car-
naubais esquecidos e trabalhadores miseráveis, a cera vai ao mundo globalizado para virar
chip no computador de última geração e batom de marca sofisticada em bocas elegantes. Em-
bora inovações tecnológicas sejam introduzidas na extração do pó cerífero, os trabalhadores
do nosso tempo ainda executam atividades já consideradas rudimentares nos tempos áureos,
sendo elas: corte, secagem das palhas, riscagem, batedura e fusão do pó, que por sua vez, re-
presentam atividade de risco à saúde, porquanto, segundo afirmam os trabalhadores, só re-
centemente foram introduzidos materiais de segurança do trabalho. Assim objetivamos com-
preender o desenvolvimento do trabalho na cera de carnaúba e as relações de trabalho no
âmbito da produção através do paralelo entre a literatura sobre o ciclo produtivo da carnaúba
e as documentações encontradas no Arquivo Público do Piauí – Casa Anísio Brito, Hemeroteca
Digital, Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE entre outros arquivos. Assim, po-
demos constatar que o trabalho forçado, trabalho escravo, nessa cadeia produtiva é continuo
e que isso ocorre quando o sujeito perde seus direitos concedidos pela legislação trabalhista.

Palavras-chave: Trabalho. Escravidão. Carnaúba.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

A CRIAÇÃO DA FÁBRICA DE CACHAÇA RAIMUNDO SOBREIRA E AS NOVAS SOCIABILIDA-


DES EM NOVO ORIENTE DO PIAUÍ (1950-1960)
Maria Janaina Carvalho Moura, Lívia Suelen Sousa Moraes Meneses

O presente trabalho aborda a criação da fábrica de cachaça Raimundo Sobreira e sua influên-
cia na alteração das relações sociais, econômicas e no cotidiano do município de Novo Oriente
do Piauí, entre as décadas de 1950 e 1960. O tema em questão constitui parte da pesquisa de
cunho monográfica intitulada “A produção de cachaça Raimundo Sobreira: economia, sociabi-
lidade e questão agrária no município de Novo Oriente do Piauí na segunda metade do século
XX”, que está sendo desenvolvida no curso de Licenciatura Plena em História UFPI/EaD. O
objetivo deste trabalho é apontar as possíveis mudanças econômicas e sociais no cotidiano da
população de Novo Oriente do Piauí e nos sistemas produtivos das regiões agrárias circunvi-
zinhas a partir da construção da fábrica de cachaça Raimundo Sobreira, entre as décadas de
1950 e 1960. Nesse recorte temporal, como ressaltam Novas e Melo (1998), a sociedade brasi-
leira estava em movimento, em especial, por conta da consolidação de um capitalismo que
mesmo implantado de forma tardia, alterou consideravelmente as relações urbanas e também
o espaço agrário. Essas mudanças ocorriam em meio à permanência de uma organização fun-
diária, ao qual no cume situava-se a oligarquia de latifundiários capitalistas (fazendeiros de
café e usineiros de açúcar) e tradicionais (pecuaristas) que controlavam a propriedade da ter-
ra. No que diz respeito à realidade de Novo Oriente do Piauí, esse período coincide com as
lutas pelo status de município e seu desmembramento do município de Valença do Piauí em
1961. Nesse momento, a fábrica de cachaça Raimundo Sobreira é instalada na região bem co-
mo a infraestrutura e a oferta de serviços começam a ser alteradas. Constituem como suportes
de pesquisa, até o momento, a utilização de fontes escritas (diários de moradores, livros de
registros de casamento, dados do IBGE), além de fontes orais obtidas por meio de entrevistas
com os moradores da cidade e o atual proprietário da fábrica. No aporte teórico-metodológico
levantamos leituras bibliográficas que nos ajudassem a pensar a questão agrária como pro-
blema histórico-social, como Thompson (1998), Linhares (1997). Para refletir o conceito de
sociabilidade utilizamos Leenhardt (apud RAMOS, 2010). Ademais, incorporamos uma produ-
ção historiográfica, que auxiliassem a compreender o cenário econômico piauiense tais como
Santana (2001) e Queiroz (2006). Concluímos que a construção da fábrica significou mudan-
ças substantivas no município recém-emancipado, tais como o crescimento demográfico, alar-
gamento de ruas, alteração de questões agrárias, tendo em vista que mudou o ritmo da produ-
ção da agricultura familiar.

Palavras-chave: Novo Oriente. Fábrica de Cachaça Raimundo Sobreira. Economia.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

TRABALHO E SOCIABILIDADE: REDES ECONÔMICAS E SOCIAIS DE TRABALHADORES DA


USINA COMVAP, PIAUÍ
Francisco Antonio Sousa Soares, Matheus França dos Santos, Bárbara Rocha de Macêdo,
Cristiana Costa da Rocha

O presente trabalho tem por finalidade propor um debate sobre as formas de sociabilidade
dos trabalhadores da Usina COMVAP; pertencente ao “Grupo Olho D´Água”, sediada no muni-
cípio de União, região Norte do Piauí. A partir das narrativas dos empregados e de comercian-
tes locais, analisamos suas memórias e experiências, bem como as relações econômicas esta-
belecidas com a comunidade em contexto urbano e rural. Para esse estudo foi estabelecido
como objetivo norteador: problematizar a influência da empresa COMVAP no processo de or-
ganização espacial de União, considerando sua influência nas formas de sociabilidade e eco-
nômica do município. A proposta de pesquisa ainda em fase exploratória tem como recorte
temporal o ano de 2002; quando a empresa passa a ser administrada pelo “Grupo Olho
D´Água”, com sede no estado do Pernambuco, até o ano de 2016, por considerarmos um perí-
odo longo e de possíveis transformações socioeconômicas. Para tanto, o trabalho se desenvol-
veu obedecendo as seguintes etapas, a saber: levantamento bibliográfico e fichamentos – o
qual nos possibilitou fundamentar teoricamente acerca do tema de estudo proposto; com des-
taque para Elias (1994), Lucena (1999), Alistair Thomson (2002) e Fontes (2008) entre ou-
tros. A segunda corresponde ao levantamento de fontes oficiais, no que diz respeito à demo-
grafia (IBGE) e relatórios socioeconômicos (CEPRO); terceiro e última etapa, a realização de
entrevistas com trabalhadores e questionários com os comerciantes da região. No que diz
respeito ao processo de sociabilidade, necessariamente, buscando atender ao objetivo, em
vista uma visão sobre a relação entre os sujeitos, empresa e espaço, levando em consideração:
trabalhadores imigrantes, a influência cultural, processo socioeconômico e também a relação
empregadora e empregados. Dado o exposto, apresentamos como questões norteadoras: Qual
a influência da empresa COMVAP na organização espacial da cidade de União? Quais influên-
cias culturais podem ser percebidas na sociedade unionense quanto à integração dos traba-
lhadores migrantes de municípios vizinhos e outros estados, da empresa COMVAP nas formas
de sociabilidade do município? Quais as relações socioeconômicas diretas e indiretamente
estabelecidas entre COMVAP e os comerciantes locais? Quais aspectos estruturantes podem
ser percebidos a partir da instalação da empresa no município? Portanto, como o trabalho
encontra-se em desenvolvimento, não podemos chegar a conclusões, merecedora de um apro-
fundamento, contudo, diante as análises preliminares – bibliográficas, demográficas, socioe-
conômicas e de entrevistas – sob a ótica e perspectiva das transformações socioeconômicas,
culturais e espaciais, advindas da relação entre a empresa e os sujeitos, podemos asseverar
que tais relações ocorrem dentro da cidade de união, acarretando assim, transformações sig-
nificativas na sociabilidade entre os indivíduos envolvidos nesta proposta preliminar de pes-
quisa.

Palavras-chave: Sociabilidade. Migração. Trabalhador.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

MERCADO PÚBLICO SÃO JOSÉ “MERCADO VELHO”, LUGAR SOCIAL DE MEMÓRIAS E OFÍ-
CIOS EM TERESINA NA DÉCADA DE 1950
Maria do Socorro Costa de Sousa, Cristiana Costa da Rocha

Os mercados fazem parte da história de um lugar, espaço social de memórias individuais e


coletivas que teimam em permanecer e ressignificar-se, a sua existência simboliza um aspecto
civilizador. É nesse lugar social que se concentram trabalhadores autônomos em variados ofí-
cios, por vezes ainda seculares, como peixeiros, açougueiros, verdureiras, artesãos, vendedo-
res de ervas medicinais, cozinheiras, ferreiro e comerciante de alimentos não perecíveis. No
mercado público São José, ou “Mercado Velho” de Teresina, esses ofícios são os grandes res-
ponsáveis pela permanência da informalidade das trocas rudimentares, entre o rural e o ur-
bano. A presente proposta é parte de uma pesquisa monográfica em andamento, que objetiva
identificar as memórias do primeiro mercado público de Teresina, através dos ofícios de arte-
sãos, açougueiros, verdureiras entre outros, que por lá se instalaram em condições permanen-
tes ou temporários, considerando os processos de modernização da cidade ao longo da década
de 1950. Pretende-se investigar as estratégias utilizadas pelos permissionários trabalhadores
do mercado, para manter-se nos ofícios no contexto de urbanização e modernização da cidade
de Teresina. Utilizando a pesquisa de fontes documentais nos diferentes órgãos competentes,
além de fontes orais através de entrevistas com permissionários trabalhadores, pretende-se
dessa forma analisar como se processou a construção das memórias de ofícios no Mercado
São José, as permanências e rupturas fazendo um paralelo com o processo de intervenções na
edificação do mercado ao longo dos anos de 1950. Como evidenciado, essa pesquisa está em
fase exploratória, e como principais referências sobre a cidade de Teresina, utilizou-se autores
como Nunes (2007) e Nascimento (2011), feiras e mercados a materialidade das trocas de
Braudel (2009), sobre a informalidade do trabalho em feiras Sousa (2015) e Vedana (2004),
Thompson (1998), nos aspectos do debate sobre memória, Le Goff (1990) em cidades e me-
mórias Arruda (2000), utilizando como referência da História Oral, Alberti (2004).

Palavras-chave: Mercado Público São José. Ofícios. Memória.

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TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

CULTURA POLÍTICA E A CONSTRUÇÃO DE UMA MEMÓRIA INDÍGENA PIAUIENSE: UMA


PROPOSTA DE ESTUDO SOBRE A CARTA ABERTA AOS POVOS INDÍGENAS
Helane Karoline tavares Gomes, Germanna Saraiva de Freitas, Cristiana Costa da Rocha

As narrativas acerca das populações indígenas presentes no território piauiense, compreen-


didas enquanto produto de uma cultura política dominante, repercute nos dias atuais, influen-
ciando a concepção da sociedade em relação a esses povos. Desse modo as fontes oficiais es-
cassas e contraditórias, atribuem aos povos indígenas o papel de meros atravancadores do
progresso ou contemplam estes grupos enquanto sujeitos sofredores de espoliação, dizimação
e extermínio, desconsiderando a complexidade das trocas culturais e as diversas formas de
resistência (NUNES, 1975; MACHADO, 2002). O crescimento demográfico indígena, constata-
do nas últimas décadas, contrasta com a concepção de desaparecimento desses grupos. No
Piauí em 2009 foram reconhecidos pela FUNAI e Governo Federal três grupos de remanescen-
tes indígenas, os Cariri, Itacoatiara (Tabajara) e Codó Cabeludo, situados respectivamente nos
municípios de Queimada Nova, Piripiri e Pedro Segundo (SILVA, 2012). A luta pela preserva-
ção de traços culturais, a reivindicação de direitos perante os órgãos públicos, o diálogo com a
comunidade acadêmica, a mobilização desses grupos e surgimento de espaços de debates em
busca pelo apoio da sociedade constituem exemplos de práticas que corroboram com a revi-
são historiográfica, que contemple o índio enquanto agente social ativo. A afirmação da iden-
tidade indígena configura-se como um instrumento de reivindicação política. Sobre essa pers-
pectiva, é válido ressaltar o diálogo entre instituições internacionais e as populações indíge-
nas da América Latina, a exemplo da aproximação da Organização Internacional do Trabalho,
com a inserção destes em uma categoria mais ampla, e a utilização de legislações específicas
pelos povos indígenas (FERRERAS, 2010). A presente proposta de pesquisa, em fase de execu-
ção, tem por objetivo abordar a implementação de uma cultura política indígena relacionada a
construção de uma memória indígena no Piauí, por meio da análise a partir da Carta Aberta
dos Povos Indígenas, de 2006, produzida pelas lideranças dos povos indígenas Kariri e Taba-
jara do Piauí e enviada ao governo local. A carta apresenta uma série de demandas pautadas,
particularmente, no reconhecimento dos direitos dos povos indígenas previstos na Constitui-
ção Federal de 1988. O resgate dessa memória indígena, utilizada no intuito de legitimar as
demandas territoriais e as políticas recentes em relação aos povos indígenas constituem e-
xemplos da consequente retomada de voz pela população indígena. Evidencia-se, portanto, a
existência de uma cultura política indígena enquanto instrumento de reivindicação e forma de
identificação perante as autoridades (ALMEIDA, 2009). Enfatiza-se, portanto, o caráter bidire-
cional desse processo, tendo em vista que a memória, enquanto mecanismo de reconhecimen-
to étnico, é tanto utilizada pelos indígenas enquanto mecanismo de agência social, quanto a-
propriada pelo poder público e utilizada por determinados atores, movidos por interesses
políticos.

Palavras-chave: História Indígena. Memória. Cultura Política.

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TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

CORPO DE POLÍCIA DO PIAUÍ: PEDIDOS PARA ESCUZAR-SE DO SERVIÇO MILITAR 1852 A


1865
Marcelo Cardoso, Johny Santana de Araújo

O Corpo de Polícia do Piauí foi criado pela resolução nº 13 em 1835 com efetivo de 309 ho-
mens. Essa resolução norteava a organização e disciplina com base no regulamento da primei-
ra linha do Exército. A forma de engajamento era o voluntariado, porém empregou-se o recru-
tamento forçado devido ausência de interessados em prestar serviço militar. O engajado con-
tava com a desvantagem de não ficar isento do recrutamento para a força de linha. Na disci-
plina foram usados os castigos físicos comuns no Exército. A remuneração que poderia ser um
fator atrativo, desencorajava e era menos vantajosa que na força de linha. Esses motivos fazi-
am o serviço militar ser penoso e frequente os pedidos de escuzão, mesmo diante da possibi-
lidade de renovar o engajamento. No ano de 1852 foi aprovado um projeto dando nova orga-
nização e que fixava o efetivo do Corpo de Polícia em 224 homens para os anos de 1852-1853.
No dia 28 de abril do mesmo ano foi aprovado o regulamento da presidência que perante as
críticas, postas como razão do afastamento dos que poderiam vir a prestar o serviço militar,
definia mudanças na economia, organização e disciplina no Corpo de Polícia. Até que ponto as
tentativas de tornar o serviço militar na polícia um oficio desejado foram eficientes? A questão
proposta tem como objetivo compreender as razões que tornavam o serviço na polícia atrati-
vo ou indesejado e identificar fatores ligados a permanência ou não de homens na polícia do
Piauí na segunda metade do século XIX. Isso será feito por meio da análise dos motivos alega-
dos pelos policiais para obter a escuza do serviço militar, pelo parecer do comandante e da
decisão do presidente da província. A proposta tem como base pesquisas realizadas sobre
polícia e policiais no Brasil nos últimos anos, em particular feitos por Thomas Holloway, Mar-
cos Luis Bretas e Claúdia March. Os pedidos de baixa recebidos pelo comando entre 1852-
1865 mostram que as tentativas de tornar atrativo o serviço na Polícia foram ineficazes. Esses
pedidos eram feitos por familiares ou pessoas que assinava arrogo do suplicante e destina-
vam-se ao presidente da província que deferia ou não. A decisão era fundamentada no parecer
com informações do comandante do Corpo de Polícia. Quando o motivo alegado era incapaci-
dade para o serviço militar em razão da saúde e não constava laudo do médico do partido pú-
blico era comum o comandante recomendar à presidência uma inspeção para avaliar a apti-
dão do suplicante. Essa documentação que trata do assunto está disponível no Arquivo Públi-
co do Piauí sendo composta de ofícios, requerimentos e decisão do presidente da província.
Ela mostra que o serviço militar no Corpo de Polícia contínuo a recair no geral na responsabi-
lidade dos que não conseguiam a isenção.

Palavras-chave: Corpo de Polícia. Serviço Militar. Pedidos de Escuzão.

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TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

“LAVAR ROUPA TODO DIA, QUE AGONIA...”: A CONDIÇÃO SOCIAL DAS LAVADEIRAS DE
ROUPAS NOS RIOS DE TERESINA (1970-1975)
Yasminn Escórcio Meneses da Silva, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

Esta pesquisa pretende analisar o trabalho e o cotidiano das lavadeiras de roupa nos rios Par-
naíba e Poti que cortam a cidade de Teresina, durante a primeira metade da década de 1970,
durante a administração do Governador Alberto Tavares Silva, e administração municipal a
cargo do Major Joel Ribeiro, também no mesmo período. A análise também se reporta a como
se dava a relação da cidade de Teresina, em seu crescimento desordenado e sua constante
modernização. Por meio do crescimento e da modernização da cidade de Teresina o trabalho
das lavadeiras passa a ser modificado, antes somente nos rios, depois com a criação das la-
vanderias comunitárias houve o realocamento das lavadeiras de roupas das margens dos rios
Poti e Parnaíba para um espaço físico mais adequado para o exercício de sua profissão. Este
fator foi responsável por reconfigurar um cotidiano e ressignificar a memória de muitas mu-
lheres que viviam desse trabalho. Para tanto, o artigo busca abordar de modo peculiar uma
análise do cotidiano e das transformações que ressignificaram o trabalho das lavadeiras de
roupas em Teresina nos rios Parnaíba e Poti, outro fator a entender é como os órgãos admi-
nistrativos projetam meios estruturais para higienizar o trabalho dessas lavadeiras, bem co-
mo o olhar disciplinador que inferia à sociedade teresinense no período, sendo observado por
meio dos jornais, e além de analisar o modo de trabalho de tais mulheres, identificando- as,
junto a sua condição social e cultural. Como embasamento teórico, esta pesquisa trabalhou
juntos às fontes hemerográficas e oficiais, principalmente o Jornal O Dia, Jornal do Piauí, Esta-
do do Piauí e Correio do Povo, localizados no Arquivo Público do Estado do Piauí- Casa Anísio
Brito, Acervo do Jornal O Dia, e dados estatísticos disponibilizados através da Fundação CE-
PRO e do IBGE. O diálogo com as fontes orais se deu por meio de entrevistas, baseadas na me-
todologia da História Oral. A ressignificação de espaços e construção de memórias a partir da
transferência da lavagem de roupas dos rios para a lavanderia comunitária. Como resultado e
conclusão final, avaliamos que a lavagem de roupas nos rios, e na lavanderia comunitária, a-
pesar de ser um trabalho árduo e degradante fisicamente, proporcionava às mulheres que a
praticavam um sustento eficaz e uma saída segura quanto a realização de um trabalho que
não precisava de qualificação, além de permitir que as sociabilidades e domínio dos espaços
públicos por tais mulheres pudessem ser garantidas.

Palavras-chave: História. Lavadeiras. Trabalho.

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AS QUEBRADEIRAS DE COCO DO PIAUÍ: DA AUTONOMIA À SUSTENTABILIDADE


Amara Prysciliana Brandão da Silva Ferreira, Cristiana Costa da Rocha

O objeto de estudo desse trabalho são as mulheres quebradeiras de coco babaçu do estado do
Piauí, mais precisamente nos municípios de Miguel Alves e Esperantina. A história da busca
pela cidadania e pelos direitos é bastante diferenciada em relação a homens e a mulheres. Pois
não há o reconhecimento da figura feminina como um sujeito de direito. Ou seja, além do es-
forço diário pela luta pela igualdade de bens e serviços, através dos direitos políticos e sociais,
as mulheres ainda travam uma batalha para serem reconhecidas sujeitos de direito. O traba-
lho permite um olhar reflexivo sobre as quebradeiras de coco babaçu, abrangendo suas for-
mas de reprodução social, cultural, política, ambiental e econômica. Propõe-se a destacar a
importância do trabalho e as lutas desenvolvidas por essas mulheres no sentido de proteger
as palmeiras de babaçu, assim como, a sua própria sobrevivência. A pesquisa parte da concep-
ção de que a luta cometida pelas mulheres quebradeiras assume importância decisiva para
impedir a devastação dos babaçuais. Dentre outros aspectos, a história dessas mulheres com-
prova as inúmeras formas de viver, de se expressar e de organização feminina, apesar de que
também foram tratadas, muitas vezes, sob a ótica da homogeneidade. Para lançar um olhar
distinto sobre a vida e a luta das mulheres quebradeiras de coco babaçu é necessário recorrer
à crítica feminista. Sob o olhar da epistemologia feminista é possível abandonar os argumen-
tos naturalistas que se desenvolveram a partir da perspectiva masculina de se enxergar o
mundo. Vários estudos demonstram que a luta empreendida pelas mulheres quebradeiras
visa não somente proteger a tradição da coleta e quebra do coco babaçu, mas também as pal-
meiras, o livre acesso às áreas de sua incidência e o respeito ao seu modo de vida, que apren-
deram a valorizar ao serem proibidas de adentrar nos babaçuais e a sofrer violência dos seus
adversários. Ao explicar como se desenvolveu a participação da mulher quebradeira na socie-
dade, sua luta por melhores condições de vida, de trabalho, desejando exercer sua cidadania e
ter a sua dignidade humana respeitada por todos, o trabalho se constrói através das histórias
e analise da organização política e social das mulheres quebradeiras. A pesquisa é uma análise
da trajetória das mulheres quebradeiras de coco babaçu no Piauí, no que se refere a relações
de trabalho, representações sociais, gênero, sustentabilidade, conquistas, organização e cons-
trução de um movimento social. Destaca a importância de uma economia domestica sustenta-
da pelo trabalho feminino e relata a invisibilidade destas mulheres extrativistas diante dos
setores dominantes e da sociedade machista e patriarcal. Analisa as relações de gênero e tra-
balho, aborda as experiências dessas mulheres no que tange a construção de identidades cole-
tivas, estratégias de luta e resistência diante de conflitos de terra e preservação dos babaçuais.
E avalia também as conquistas e mudanças referentes à autonomia e a construção de ideias de
igualdade de gênero.

Palavras-chave: Quebradeiras de Coco Babaçu. Autonomia. Sustentabilidade.

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TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

ECONOMIA MORAL E ESTRATÉGIAS DE SOBREVIVÊNCIA DE AGRICULTORES NO MUNI-


CÍPIO DE UNIÃO- PI, DE 1930 À 1960
Eliliane Raquel Monteiro Cardoso França, Cristiana Costa da Rocha

O presente trabalho é fruto de uma experiência de pesquisa monográfica, que visa analisar as
estratégias de sobrevivência de agricultores que viviam como agregados, na região de União-
PI, de 1930 à 1960. Dentro desse vasto campo de estudo que é o mundo rural, discutiremos
sobre a economia moral enquanto estratégia de sobrevivência desses trabalhadores em pro-
priedades arrendadas, no contexto em que o Brasil como um todo passava por transforma-
ções políticas e sociais. Essas mudanças embasavam-se no discurso da “modernização” e in-
dustrialização, como sendo a solução para o “atraso” brasileiro, levando-nos a crer que, os
trabalhadores agregados, que produziam a agricultura para o consumo familiar e também
para o pagamento das “rendas” aos proprietários da terra, seriam excluídos deste processo,
ou, no mínimo teriam que readequar seus costumes, para uma demanda comercial e industri-
al, modificando toda a estrutura ao qual já eram acostumados, incluindo suas relações morais,
os contratos não escritos e as demandas de produção para consumo familiar. Objetivamos
com este trabalho, com base no conceito de economia moral do historiador inglês E. P.
Thompson (1998), analisar as relações econômicas e sociais que permeavam a produção des-
tes agricultores, bem como também, os discursos políticos produzidos na época (1930-1960)
para tratar sobre as questões do desenvolvimento agrícola, que culminavam em aspectos re-
lacionados a produção, propriedade privada, cooperativas agrícolas e subsídios para o desen-
volvimento desses pequenos agricultores e, também, discutir as estratégias desses trabalha-
dores, para sobreviver ao sistema econômico e político que lhes era imputado. Para tal, inici-
amos primeiramente as leituras bibliográficas sobre questões econômicas, políticas públicas,
cidadania e História Social. No segundo momento, analisamos Mensagens Oficiais de Governo
e relatórios gerados por instituições criadas para tratar das questões rurais do país. Porém,
para concretização do trabalho de campo realizamos entrevistas com alguns agricultores de-
cididos a ceder suas memórias vividas e “emprestadas”, contribuindo ricamente para o deli-
near das análises e resultados que chegamos. Problematizando todas as fontes, podemos per-
ceber, que o mundo do trabalho no campo era e/é permeado de embates, ocasionados pelos
interesses mais diversos entre os proprietários de terras e seus agregados e que viver como
agregado, minava toda e qualquer possibilidade de ascensão ou melhoria na qualidade de vida
dos trabalhadores rurais. Cabe dizer que nem por isso, os mesmos se colocam em suas falas
como apenas vítimas, em seus discursos evidenciamos aspectos relacionados à autonomia e
resistência desses sujeitos frente às problemáticas diárias. Suas estratégias podem ser perce-
bidas no dia a dia com o patrão e o no trabalho na roça, de outro modo o trabalhador agregado
1930-1960, muito mais que forte fisicamente, deveria ser astuto, para suportar a luta de viver
no campo, à mercê das vontades dos proprietários de terras.

Palavras-chave: Economia Moral. Agricultura. União.

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OS AGENTES SOCIAIS DO CAMPO SEUS ENREDOS E VIVÊNCIAS: ASSENTAMENTO SERRA


DO COROATÁ- ALTOS- PIAUÍ (2000-2012)
Cris Maiara Maria Barbosa Ribeiro, Cristiana Costa da Rocha

Para iniciarmos nossa discussão a respeito de agentes sociais do campo, é preciso falar um
pouco da configuração histórica agrária brasileira, e os problemas sociais gerados no campo
que nela permeiam. Este trabalho é produto de uma pesquisa monográfica em desenvolvi-
mento que tem como objetivo geral: analisar os agentes sociais, suas tramas e enredos pela
posse da terra na implantação do assentamento Serra do Coroatá, área rural nos limites dos
municípios de Altos e Teresina-Piauí, no período de 2000 e 2012. Interessam-nos analisar
suas tramas, enredos sobre suas lutas, vivencias e a persistência em busca do direito a terra,
todo esse contexto faz parte de uma ampla história que se faz recorrente no passado e tempo
presente de nossa história agrária, apenas diferem-se os agentes sociais e os lugares aborda-
dos. Pretendemos analisar o processo de instalação das famílias na região citada, a economia
desenvolvida pelas famílias, o contexto social em que se inserem os sujeitos, apresentando
uma discussão entorno dos efeitos durante e após a implantação do assentamento. Nossa ana-
lise para esse estudo parte de um apanhado geral sobre a história agrária brasileira se fir-
mando na perspectiva piauiense de assentamentos, e nesse sentido que buscaremos compre-
ender melhor os sujeitos sociais e suas vivências. Para a realização desse trabalho precisamos
mapear a área do conflito e também dados como extensão, demanda de sujeitos beneficiados
que serão realizadas a partir de consultas nos acervos do arquivo público sediado nesta capi-
tal, consultas on-line e atas de reunião da associação existente no local. Precisaremos utilizar
mais das fontes orais, elas irão dar vida a nossa escrita, é com ela que o nosso enredo começa.
O trabalho levantado até então, das fontes para a construção desse estudo será seguido em um
debate entre fontes orais e oficiais, tendo em vista a disponibilidade de fontes orais e se tra-
tando de história do tempo presente, pode resultar em um debate enriquecedor. Devido á
maior disponibilidade de fontes orais, o debate se apresenta em uma maior interpretação do
passado com suas variadas formas e narrativas. Cabe ressaltar que essa pesquisa se encontra
em andamento, o estudo sobre os agentes sociais e seus enredos pode apresentar uma rica
discussão e uma relevância social despertando interesses sobre tudo em meios acadêmicos
e/ou a um público em geral, sobre o contexto social brasileiro e em especial sobre os agentes
sociais do campo. As entrevistas serão realizadas de acordo com o tempo disponível de cada
entrevistado e sua previa autorização.

Palavras-chave: História. Terra. Agrária.

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SOCORRO PÚBLICO NO SEMIÁRIDO PIAUIENSE (1950-1980)


Milena de Araújo Leite, Cristiana Costa da Rocha

Os movimentos migratórios estão relacionados com as dinâmicas demográficas dos locais e


são motivados por fatores de atração e repulsão. A migração de pobres nordestinos é motiva-
da principalmente pela fuga da seca (repulsão) e a busca por trabalho (atração), além disso,
verifica-se que a maioria desses retirantes pertence ao gênero masculino. Do ponto de vista da
migração, o Brasil é um imenso organismo vivo com deslocamentos frequentes e multidire-
cionados, a partir desse retrato percebe-se que há uma intervenção do poder no cotidiano e
modos de vida do flagelado. No que diz respeito às áreas atingidas pelas secas, a interferência
do Estado se comporta de modo a obedecer mais necessidades políticas do que econômicas.
Nas estiagens dos anos de 1950 fundamentou-se a aplicação de políticas públicas por parte do
Poder Executivo no Nordeste. As ações se fizeram via Ministério da Viação e Obras Públicas
através das frentes de serviço, sob a alegação de gerar emprego para os pobres e controlar as
migrações de nordestinos para outras regiões. O presente trabalho tem por objetivo analisar,
a partir da documentação relacionada às obras de socorro público contra as secas no Piauí,
situações que evidenciem as relações de trabalho estabelecidas no contexto das obras, consi-
derando os conflitos, salários, condições de trabalho à luz da legislação vigente, dentre outros,
nas décadas de 1950 a 1980. No primeiro momento será realizado o levantamento da biblio-
grafia referente ao tema, em seguida haverá a coleta de dados dos acervos da Comissão Pasto-
ral da Terra – CPT e Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – DNOCS em Teresina
(atas, ofícios, relatórios, mapas) em seguida, as fontes selecionadas e mapeadas serão ficha-
das. Trata-se de uma pesquisa em andamento vinculada ao Programa Institucional de Bolsas
de Iniciação Científica, cujos resultados ainda são parciais. Também vale ressaltar que a pro-
posta dessa investigação bibliográfica feita a partir da iniciação cientifica, é encorpar os estu-
dos sobre História Social do trabalho e de trabalhadores no Brasil, e nesse sentido destacamos
como importantes referencias o historiador inglês E. P. Thompson e o escritor francês Frantz
Fanon, que se somam à farta produção brasileira sobre as secas, bem como, Manoel Domingos
Neto, Frederico de Castro Neves, Josué de Castro, Durval Muniz, dentre outras possibilidades.
E, diante do exposto, estará aberta para novas discussões e contribuições que possam eventu-
almente surgir para colaborar no enriquecimento desse trabalho.

Palavras-chave: Socorro Público. Seca. Relações de Trabalho.

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OS TRABALHADORES E AS FRENTES DE EMERGÊNCIA: O PIAUÍ NA SECA DE 1979-1983


Lucas Ramyro Gomes de Brito, Cristiana Costa da Rocha

Este trabalho pretende discutir as políticas destinadas à população atingida pela seca, tendo
como foco, principalmente as Frentes de Emergência de Combate à Seca no Piauí entre os a-
nos de 1979 e 1983. Nesse sentido, analisar-se-á o(s) drama(s) dos trabalhadores nas frentes
de obras, as condições de vida e de organização nesses espaços. Os dois eixos de pesquisa que
norteiam o trabalho são as políticas públicas voltadas para a população atingida pela seca, a se
destacar as frentes de emergência, bem como o cotidiano desses trabalhadores nos espaços de
obras de combate aos efeitos das secas, sendo esse conjunto compreendido como “formas his-
tóricas de ação empreendidas pelo Estado e pelas populações rurais nordestinas para garantir
alimento e trabalho nos períodos de estiagem (FAUSTO NETO, 1985. p. 4-5)”. Enquanto as
ameaças de saques significam formas de denúncias e são fundamentalmente manifestadoras
de tensões sociais, as frentes expressam formas de controle e de ‘abafamento’ dessas mesmas
contradições e tensões entre a população de trabalhadores submetidos a precárias condições
de alimentação, trabalho e vida. Assim, será analisando as dores, os traumas e as emoções de
quem vivenciou o período ora em pesquisa, o que marcará o cerne deste estudo. Através des-
sas lembranças, dessas rememorações, dos momentos tão difíceis de quem sobreviveu a épo-
ca tão calamitosa. Pretendemos, com isso, para alargar a discussão da seca dentro das frontei-
ras piauienses, trabalhar com a categoria trabalhadores e os conflitos que eles estão envolvi-
dos, fundamentando-se nas leituras de E. P. Thompson (1998) e Scott (2002) para análise do
cotidiano das frentes e as ações das populações flageladas, quando fica evidente que a ação
das “avalanches das multidões” acontecia na busca por trabalho “motivada pela fome”. Além
disso, os homens do campo se constituem, não somente como camponeses, mas também como
sujeitos sociais que criam e recriam, pelas experiências, a sobrevivência. Além de revisão de
parte da literatura existente sobre as secas, a análise se deu a partir de levantamento do ma-
terial jornalístico referente ao período da seca de 1979-1983, com ênfase no noticiário refe-
rente ao Programa de Emergência e aos movimentos dos flagelados dentro do estado. As fon-
tes hemerográficas foram pesquisadas no Arquivo Público do Piauí, com destaque para o jor-
nal O DIA. Outros dados foram levantados através de pesquisa de relatórios do Dnocs, da Su-
dene e da CPT, em seus respectivos acervos, sobre as frentes de obras e planos de emergência,
bem como entrevistas com trabalhadores das frentes de serviço e com aqueles que puderam
vivenciar a seca de 1979-1983.

Palavras-chave: Seca. Trabalhadores. Frentes de Emergência.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 07
TRABALHO E MIGRAÇÃO: EXPERIÊNCIAS AGRÁRIAS, MEMÓRIA E AÇÃO POLÍTICA

A ENXADA E A ROÇA: TRABALHO E RESISTÊNCIA COTIDIANA CAMPONESA NO PIAUÍ


Lia Monnielli Feitosa Costa, Eurípedes Funes

O presente resumo visa abordar alguns pontos a respeito de resistência cotidiana camponesa
no Piauí ,ambientado no período de 1940 a 1960 em municípios do Território EntreRios. Tra-
balhando como agregados em fazendas cujos proprietários aceitavam como pagamento “a
renda”, uma parte da produção, homens e mulheres agenciavam seus campos de negociações
de tal maneira que não fossem inteiramente prejudicados e conseguissem alcançar a melhoria
de vida almejada após a migração oriunda de municípios cearenses. Dessa forma o arranjo de
vida em solo piauiense implicou também a adequação a novas regras de trabalho, que poderi-
am ou não favorecer ao agricultor e consequentemente o sustento de sua família, sinalizando
um conflito que expressava na forma de resistências cotidianas camponesas, das quais esta-
mos à espreita nas narrativas orais de agricultores ou ex-agricultores. A categoria de pensa-
mento que utilizamos para resgatar essas experiências é partilhada com James Scott. Para ele,
as resistências cotidianas também seriam de muita importância para os camponeses, por se-
rem simples e por não necessitarem de maiores organizações para acontecerem, mas potenci-
ais nos significados que carregam. Movidos pela busca do bem-viver em outro lugar, as ações
desses sujeitos também evidenciam uma economia moral, posto que no seio daquelas comu-
nidades houve conjunto de códigos e regras das quais os agricultores pobres se utilizavam
para regular negociações entre proprietários e agregados no cotidiano de trabalho. Para reali-
zar este estudo, que é parte da Dissertação de Mestrado, debruçamo-nos sobre narrativas o-
rais de migrantes cearenses que vieram para o Piauí na década de 40 e se instalaram em mu-
nicípios próximos ao rio Parnaíba, tais como União, Miguel Alves, José de Freitas e Altos. Con-
frontamos os relatos com dados do IBGE, a fim de entender qual o perfil social e econômico
daquela região do Piauí, bem como destacamos fontes hemerográficas (A Gazeta, 1936) reve-
ladoras de aspectos sociais que apontassem como o Piauí se configurava como destino destes
cearenses. Em descrição breve, lembremo-nos do esforço do governo em eliminar o atraso do
Estado através da agricultura de cooperativas, mecanizada e modernizada, que traduzia-se
não somente no Piauí mas nos demais Estados da União. Dessa forma, a pequena agricultura
produzida por estes narradores era também vista como sinônimo de atraso uma vez que não
se ligava às grandes produções agrícolas e sua integração ao mercado restringia-se à geração
de excedente. Observamos que ações como a venda de produtos em quitanda de outro propri-
etário, matar um animal alheio que destrói a roça, ou ser perseguido por gerar um grande ex-
cedente de produção constituem alguns destes exemplos de resistência cotidiana camponesa
que devem ser melhor problematizados no decorrer da pesquisa.

Palavra-chave: Trabalho. Resistência. Camponês.

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ST-08: História das estratégias de controle social.


Prof. Me. Felipe da Cunha Lopes (UESPI)
Prof. Me. Ítalo Cristiano e Souza (UESPI)

O presente simpósio temático tem por finalidade debater pesquisas que apresentem entre suas princi-
pais questões a construção e atuação de diferentes tecnologias voltadas para exercer controle social
das mais diferentes classes ou grupos sociais ao longo do tempo. Entendemos que estes diversos me-
canismos, sejam eles de ordem cultural ou social, são responsáveis por tentar estabelecer um processo
de normatização da sociedade. Através de práticas discursivas e não discursivas são capazes de gestar
práticas e representações que tem por objetivo disciplinar os indivíduos, determinando modos de agir
ou estabelecendo outras formas de controle como a governamentalidade da população, a ideologia de
classe, além de outras possibilidades. Interessam-nos pesquisas das mais diferentes correntes teórico-
metodológicas que tratem de questões como as relações entre povo e Estado; instituições disciplina-
res; tecnologias de poder social; relação entre saber e poder; ideologia; luta de classes; práticas dos
agentes de controle social entre outros.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

DA NORMA À TRANSGRESSÃO: O IDEÁRIO DE ORDEM E DISCIPLINA NA TERESINA OI-


TOCENTISTA
Andreia Rodrigues de Andrade

O trabalho discute o espaço urbano teresinense no século XIX e as estratégias de controle so-
cial do poder público, bem como as táticas da população para burlar a norma. Analisa-se em
que medida os Códigos de Postura sancionados para a nova capital piauiense buscaram disci-
plinar a urbe e seus moradores e como esses os receberam. Investigou-se além das posturas
municipais, jornais que circularam na cidade no período supramencionado, a exemplo de O
Semanário e A Imprensa. Para trabalhar a perspectiva metodológica apoiou-se a análise em
estudiosos como Michel de Certeau (1994), com os conceitos de estratégias e táticas e Michel
Foucault (2011) com a noção de disciplina, quanto à perspectiva das posturas pauta-se a aná-
lise em Gebara (1986). Observou-se que as tentativas de disciplinar o viver na cidade eram
variadas: sugestão das vestimentas apropriadas para o tráfego pelas ruas da cidade, proibição
de festividades da população pobre e escrava, controle da venda de alimentos em um mercado
público. Portanto, havia em Teresina na segunda metade do século XIX a preocupação do po-
der público em manter os bons costumes na urbe e controlar os corpos, pois os sujeitos com
comportamentos desviantes deveriam ser transformados em "corpos dóceis" (FOUCAULT,
2011), não obstante a população buscava táticas váriadas para transgredir as normas.

Palavras-chave: Século XIX. Teresina. Controle Urbano.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

A VIAGEM CIENTIFICA DE NEIVA E PENNA: SAÚDE E DOENÇA NO PIAUÍ (1889-1930)


Aricélia Soares Barros, Felipe da Cunha Lopes

Analisa as constituições e estratégias dos discursos higienistas bem como os embates destes
com as demais artes de curar no Piauí, no período de 1889 a 1930. Examina o relatório de via-
gem científica dos médicos Arthur Neiva e Belizário Penna em sua passagem pelo Estado, es-
pecialmente nas discussões sobre a modernidade nacional e no que se refere ao movimento
sanitarista, em seu discurso documentário, explicitam escolhas e ênfases adotadas no cami-
nho narrativo considerando articulação do discurso com meio natural e social. Examinam o
uso dos almanaques de farmácia e da medicina popular e refletem sobre as políticas públicas
de saúde em Teresina.

Palavras-chave: Higiene. Medicina popular. História da Saúde Pública. Expedições Científicas.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

A HISTÓRIA DO AUTISMO NO PIAUÍ: TRAJETÓRIAS, SABERES E INCLUSÕES


Márcia Suely Santiago Lira Araújo, Josiel de Sousa Araújo, Clarice Helena Santiago Lira

Este estudo teve como objetivo discutir os novos saberes, tratamentos e inserções sociais
provocados pela recente reforma psiquiátrica brasileira e como isso afetou os grupos infanto-
juvenis piauienses considerados fora do padrão de normalidade, em especial os autistas. Pro-
curou-se ao longo da discussão compreender como se processou o discurso médico a partir da
década de 1970 e como isso articulou-se às políticas de inclusão e assistência social endereça-
do aos considerados fora do padrão de normalidade, em especial àqueles acometidos pelo
transtorno do autismo no Piauí, objeto desse trabalho. O campo de estudo no qual a pesquisa
se inseriu foi o da História da Saúde e da Doença, aprofundando-se num aspecto desse campo
que é a história da loucura. Um hiato dentro da historiografia sobre a loucura e o autismo diz
respeito à dificuldade em se encontrar trabalhos que enfoquem a loucura especialmente nos
seus aspectos institucionais, e o Piauí não fica atrás, pois são poucas as pesquisas historiográ-
ficas abordando problemáticas pertinentes ao campo de pesquisa mencionado. Metodologi-
camente, o estudo fundamentou-se numa análise bibliográfica sobre a temática, articulada a
documentos oficiais que legislam sobre os direitos da pessoa com deficiência, entre estes os
autistas, como também se recorreu a aplicação de questionários com os pais de crianças e jo-
vens acometidos pelo autismo. A partir da análise desse material, percebeu-se que os pais
produzem diversos sentidos subjetivos acerca do diagnóstico, contribuindo também para a
produção de inúmeros impactos na subjetividade desses pais, como a reflexividade, o desejo
que o filho aprenda, o estado de conflito, a autodefesa, o estado de fragilidade, a impotência, o
medo do rótulo, o sofrimento pela discriminação, a subestimação da criança, como também
tentativas de posicionar o filho como sujeito. Notou-se que alguns avanços já foram consegui-
dos, mas ainda prevalece um grande desconhecimento social sobre essa questão.

Palavras-chave: Reforma Psiquiátrica. Autismo. Inclusão.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

“RIZOMA ENDÊMICO”: SEGMENTAÇÃO TERRITORIAL DA HANSENÍASE EM TERESINA-PI


(2006-2016)
Gabriel Rocha da Silva, Antonia Valtéria Melo Alvarenga

O projeto de pesquisa intitulado “Rizoma endêmicos”: segmentação territorial da hanseníase


em Teresina-PI (2006-2016) tem como objetivo analisar a relação entre o processo de perife-
rização de Teresina e a territorialização da hanseníase nessa cidade, para o período de 2006 a
2016. É mister destacar que a pesquisa está sendo iniciada , tendo sido realizado, até o pre-
sente momento, apenas a coleta de dados sobre a incidência da doença, no período definido
para pesquisa, em âmbitos nacionais, regionais e municipais. Para o levantamento dos dados
sobre a endemia estão sendo utilizadas informações disponibilizadas pelo Ministério da Saúde
e SAGE (Sala de apoio a Gestão Estratégica), Secretaria Estadual e Secretaria Municipal de Sa-
úde. A aproximação com o tema conduz para uma reflexão sobre o estigma, que acredita-se
ser elemento importante na permanência da doença. Embora seja uma enfermidade com
chances de cura nos dias atuais, com diversas ações sendo realizadas através de políticas pú-
blicas de saúde e por iniciativa da sociedade civil, com o intuito de reduzir o número de casos
de portadores do bacilo de Hansen para os índices definidos pelas organizações internacio-
nais de saúde, o Brasil ainda permanece sem alcançar essa meta. Possui taxa de prevalência de
1,01 pessoas por 10 mil habitantes, de acordo com dados do SINAN (Sistema de Informação
de Agravos de Notificação). Utilizando os mesmos dados é notável que o Piauí apresente um
índice superior, de 2,08. Estima-se que em 2016 eram 38,23 habitantes doentes por 100 mil
habitantes, na cidade de Teresina. As vias de acompanhamento e controle da endemia no mu-
nicípio têm sido pelas políticas de saúde da família e a partir da estruturação do
GT/HANSEN/COSEMS da UFPI (Oliveira, 2008). Porém, ainda que venha sendo bastante estu-
dada no campo das ciências da saúde, pouco tem sido dado atenção ao aspecto cultural da
mesma, existindo a necessidade de melhor compreensão dessa dimensão, pois como coloca
Diana Obregón (2002) as doenças tem História, são dotadas de significados. Com referência
aos procedimentos, a pesquisa será de natureza bibliográfica e documental. O suporte biblio-
gráfico visa ao aprofundamento teórico da discussão sobre a estruturação e o crescimento
urbano e demográfico em Teresina, bem como analisar as políticas de identificação, controle e
erradicação da doença desenvolvida local e nacionalmente. A parte documental compõe-se de
um grupo variado de fontes primárias que integra os bancos de dados sobre hanseníase, pro-
duzidos pelo Ministério da Federal – DATA SUS, Secretaria Estadual de Saúde e Fundação Mu-
nicipal de Saúde. Será parte da análise documental dados sobre as formações populacionais
em Teresina, dentro do período proposto. Para análise das vilas, bairros e favelas será utili-
zada a malha digital do município de Teresina, através de dados produzidos pela Empresa
Teresinense de Processamento de Dados (PRODATER).

Palavras-chave: Hanseníase. Estigma. Políticas Públicas Teresina.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

A ATUAÇÃO DO PODER PÚBLICO NO CONTROLE DAS DETERIORAÇÕES SOCIAIS ENTRE


OS HABITANTES DE BAIXA RENDA EM TERESINA NOS 1980, A ÊNFASE NAS AÇÕES VOL-
TADAS PARA O LAZER
Márcia Cleide Lustosa de Aguiar

Durante os anos de 1980 o contexto social vivido pela população de baixa renda de Teresina
encontrava-se agravado por problemas ligados à altas taxas de desemprego, à falta de mora-
dia, de acesso aos serviços públicos básicos como saneamento, educação e saúde, o que con-
tribuía para o aumento da violência e da criminalidade principalmente entre os jovens. Em
1983 foi concluído o mapeamento feito pela Prefeitura de Teresina através do PDDU, que tra-
çava um perfil geral das condições sociais na cidade. O mesmo buscava recolher as informa-
ções necessárias para que posteriormente as autoridades municipais pudessem tomar medi-
das para intervir nas demandas da população. Daí o poder público ao notar através das pes-
quisas realizadas para o PDDU que havia uma grande demanda por espaços e oportunidades
de lazer para a população buscou minimizar os problemas sociais através da criação de proje-
tos assistenciais que visavam atender à população por meio do oferecimento de cursos profis-
sionalizantes os quais tinham como objetivo retirar as pessoas do ócio e das ruas, principal-
mente a população jovem e promover atividades de lazer como um instrumento pacificador
das tensões sociais relacionadas à pobreza urbana na cidade. Deste modo para o poder públi-
co em Teresina o lazer tinha a função de descanso, divertimento, recreação e desenvolvimento
da personalidade constituindo-se num elemento reparador das deteriorações físicas e nervo-
sas do cotidiano. Ao mesmo tempo leva a população a uma participação crescente e ativa na
vida social e cultural, despertando novas formas de sociabilidade e agrupamento. Constituin-
do-se num recurso de grande valor para preencher de modo construtivo as horas livres da
comunidade. Desta maneira este estudo que trata da atuação do poder público frente as de-
mandas sociais da população de baixa renda em Teresina nos anos 1980 tem como principal
objetivo mostrar as ações efetivadas pelo poder público em relação a promoção do lazer para
a população. E para tanto observamos brevemente as questões sociais visíveis na cidade a
partir dos registros jornalísticos e dos registros oficiais elaborados pelo poder municipal, pro-
curamos entender a visão dos agentes públicos quanto ao investimento no setor do lazer e
identificar algumas ações desenvolvidas. Nosso texto baseou-se na pesquisa empírica no jor-
nal O Dia e nos documentos do PDDU (1983) de Teresina. Através deste tendo sido possível
notar a criação e execução de programas sociais e atividades de lazer para a população em
espaços públicos, assim como perceber a complexa relação de disciplina e dependência entre
o Estado e as camadas mais baixas da sociedade.

Palavras-chave: Teresina. Pobreza. Lazer.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

O DISPOSITIVO DE VIGILÂNCIA PANÓPTICO NA OBRA DE MICHEL FOUCAULT


Weslley da Silva Sousa

Este ensaio pretende mostrar o pensamento do filósofo-historiador, francês, Michel Foucault


acerca do dispositivo panóptico ou sociedade de vigilância em algumas de suas obras. Tam-
bém pretendemos refletir junto com Foucault sobre o problema do panóptico na interpreta-
ção do homem e de como esse dispositivo ajuda no avanço da formulação de novas formas
entre “aparecer” e “ser” dos seres humanos. As obras de Foucault nos dão uma dimensão de
todo, ou quase todo, o seu “projeto” de possibilidade de entendimento do homem contempo-
râneo e de suas relações com o panóptico ou sociedade de vigilância dentre outros temas
também. A escolha de obras que abordam a temática foi feita a partir de uma leitura de boa
parte da produção foucaultiana quando notamos direta ou indiretamente uma relação com o
tema do panóptico.

Palavras-chave: Foucault. Panóptico. Sociedade de Vigilância.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

POLÍTICA E IMPRENSA: DISCURSOS E PRÁTICAS (DÉCADA DE 1970)


Carlos Alberto de Melo Silva Mota, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

Este trabalho apresenta um estudo sobre os discursos e práticas da imprensa teresinense,


após o golpe civil-militar aplicado no Brasil em 1964, contemplando sobretudo a primeira
metade da década de 1970. Esta pesquisa tem como objetivo principal digitalizar, catalogar e
analisar periódicos que circulavam em Teresina durante o regime, observando neles o debate
em torno da temática democracia. Outro ponto investigado no trabalho foi como a imprensa
se alinhou ao projeto dos militares a partir de um discurso colaboracionista, que dava ênfase
aos feitos do governo, como obras de infraestrutura e projetos políticos. Para viabilizar a exe-
cução da proposta de pesquisa recorre-se a pesquisa empírica, com recorrentes visitas ao Ar-
quivo Público do Estado do Piauí – Casa Anísio Brito. Os documentos escritos utilizados, na
produção dessa pesquisa, foram o jornal O Estado e Estado do Piauí. A metodologia aplicada
na pesquisa foi a revisão bibliográfica da literatura referente ao tema, assim como a análise
das fontes hemerográficas, juntamente com sua catalogação e digitalização. Como arcabouço
teórico-metodológico, o estudo recorreu aos debates sobre política, imprensa e regime militar
com Fico (2015), Fontineles (2015), Kunshir (2012), Napolitano (2001), Rezende (2014) e
Remond (1996). Para as discussões sobre como se escrever história recorremos a autores
como Certeau (2000), Chartier (1988), Duby (1993), Funari (1995), Pinsky (2008) e Veyne
(1998). A análise dos discursos e práticas da imprensa em Teresina nos permitiu observar
periódicos com faces múltiplas, transitando entre a crítica, embora prevalecesse o elogio à
figura do governador, do estado e do presidente. Em termos gerais a imprensa adotou uma
postura colaboracionista à medida que pouco se opunha ao regime e noticiava suas obras co-
mo grandes avanços para sociedade. Entretanto constatou-se que não havia uma unidade en-
tre os cadernos, o Jornal O Estado mostrava-se estreitamente alinhado ao governador, o clas-
sificando como um obstinado e dedicando páginas em sua homenagem; o Jornal Estado do
Piauí, por sua vez, mostrava-se submetido à lógica do regime, todavia não se inibia em criticar
o governo, mesmo que para isso utilizasse o nome de terceiros. O produto dessa pesquisa de-
riva de um ano de pesquisa, no programa de Iniciação Científica Voluntária da Universidade
Federal do Piauí, durante esse período houve contato com um arcabouço de fontes, todavia a
potencialidade de documentos que este terma permite alcançar é muito maior, requerendo
então mais tempo e fôlego de pesquisa. A imprensa teresinense durante o Regime Militar es-
tabelecido após 1964 é um tema ainda pouco trabalhado, entretanto muito importante, que
permite observar a unidade do projeto dos generais ao longo da ditadura.

Palavras-chave: História. Política. Imprensa.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

ENTRE A CONVOCAÇÃO E A FUGA: AS ESTRATÉGIAS DE RECRUTAMENTO E AS TÁTICAS


DE FUGA DOS PIAUIENSES DURANTE A GUERRA DO PARAGUAI (1864-1870)
Elton Larry Valerio

Este trabalho procura expandir as categorias de explicação para as ações daqueles piauienses
convocados para lutar na Guerra do Paraguai (1864-1870) que colocou Argentina, Brasil e
Uruguai contra o pequeno Paraguai, governado por Solano Lopez (1862-1870). A partir da
declaração de guerra o recrutamento de soldados ocorreu em todo o Império do Brasil em
diferentes modalidades: Voluntários da Pátria, convocação de guardas nacionais, convocação
do exército e de ex-escravos que se apresentassem para a luta. Há na historiografia mais tra-
dicional uma série de trabalhos que exploram o heroísmo dos soldados piauienses que nada
teriam deixado a desejar comparados com os de outras províncias como se pode ver em Cha-
ves (1998) e Nunes (2007) mas também se abre um leque de possibilidades ao se analisar as
formas de resistência aquele tipo de convocação – Doratioto (2002), Saldanha (2009) quando
se observa a quantidade de indivíduos que procuravam se evadir para outros locais ou mesmo
se utilizar de subterfúgios para escapar de ser enviados para o conflito, tais como recursos
como casamentos, fugas, mutilações etc. Mesmo que no Império em geral houvesse uma efici-
ente máquina de propaganda oficial que se valia de jornais, festas, recepções e utilizava per-
sonagens como a jovem Jovita Alves Feitosa (1848-1867) com intuito de angariar apoios e
recrutas para marchar ao chaco paraguaio. Para demonstrar essa estrutura de propaganda
nos valemos de escritos como Santana (2009), Morais (2007) e Valerio (2007) além da análise
de diversas fontes disponíveis no Arquivo Público do Piauí – Casa Anísio Brito e também jor-
nais de época disponíveis no NUPEM da Universidade Federal do Piauí. As pesquisas sempre
são atravessadas pela convicção de que havia diversos piauienses valentes, aguerridos que se
sacrificaram na guerra mas da mesma forma havia outros que dela não queriam participar
não movidos por uma covardia ou egoísmo, mas por compreender em seu íntimo que aquele
era um conflito que era travado a centenas de léguas de distância e que não correspondia a
realidade de nossos sertanejos. Embora houvesse toda uma repressão e mesmo caça daqueles
que deveriam partir para a guerra, se formavam outras redes seja de parentesco, seja ligadas
a cor política daqueles que se escondiam ou ao poder local de diversos líderes. Muitos de nos-
sos sertanejos e seus parentes/amigos/chefes etc não desejavam partir para o conflito, en-
trando em rota de colisão com um conjunto de estratégias – Certeau (1998) utilizadas pelo
Estado imperal brasileiro. Aos pobres só restava a tática de lutar por sua autopreservação
sem se arriscar a voltar faltando um pedaço para casa – ou a não voltar de jeito nenhum.

Palavras-chave: Guerra do Paraguai. Recrutamento. Resistência.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

ENTRE O IDEALIZADO E O VIVIDO: O SERVIÇO MILITAR OBRIGATÓRIO NO PIAUÍ ENTRE


OS ANOS DE 1918 E 1945
Clarice Helena Santiago Lira, Adriano Comissoli

Este trabalho tem como objetivo pesquisar como se operacionalizou o serviço militar obriga-
tório no Piauí entre os anos de 1918 e 1945 levando em consideração a formação pátria que
os jovens ingressos recebiam dentro dos quartéis articulada a ação de outros setores sociais
como a escola e os intelectuais num novo projeto de exército, de cidadão e de Nação que circu-
lava nesse momento. Desde a segunda metade do século XIX, o Exército Brasileiro passou a
ser considerado uma instituição importante na mediação das mudanças sociais que necessita-
vam ser implantadas no Brasil e o ingresso do maior número de jovens na caserna, resultaria
num maior número de cidadãos que receberiam uma formação pátria adequada àquelas ne-
cessidades. A tentativa de implantação do serviço militar obrigatório, através de sorteio, vem
desde o período imperial, mas, da promulgação da primeira lei que previa o serviço, datada de
1874, à sua implantação efetiva, ocorrida no final de 1916, muitos posicionamentos contrários
ou a favor foram propagados. Até o ano de 1916 alguns estados brasileiros, entre eles o Piauí,
não possuíam uma guarnição federal permanente e dessa forma o Ministério da Guerra solici-
tou para cada um desses estados um batalhão de caçadores ou uma companhia de metralha-
doras. Em decorrência disso, dois anos depois, em 1918, foram inauguradas em Teresina as
unidades militares do 25º Batalhão de Caçadores e da 18ª Circunscrição de Recrutamento
(Atual 26ª CSM). Nessa configuração, o Ministério da Guerra propagava que o exército tinha o
papel de assegurar a ordem interna e ao mesmo tempo ser a grande escola em que todos os
cidadãos válidos aprenderiam a defender a Pátria. Anos após o primeiro sorteio, nas décadas
de 1930 e 1940, o exército brasileiro já havia passado por muitas mudanças, tendo como um
dos elementos dessa transformação, o aperfeiçoamento na divulgação do sorteio militar o que
possibilitou um grande aumento no número de efetivos. No Piauí, dentre os meios divulgado-
res do serviço militar no recorte proposto estão setores sociais como a escola, os intelectuais e
a imprensa. Mas isso não impedirá a formulação de táticas por parte daqueles que não deseja-
vam passar por essa experiência, entre elas podemos citar a deserção, o apadrinhamento polí-
tico, o uso da condição social, a falta de registro civil, a negação de informações no recensea-
mento populacional, o endereço incerto, a solicitação junto ao Supremo Tribunal Federal da
nulidade do sorteio, entre outros. Nesse sentido, essa nova vivência social proporcionará a
produção de práticas variadas, por parte daqueles que eram convocados ao cumprimento do
serviço do exército, às vezes distanciadas das idealizadas pelo Estado Brasileiro.

Palavras-chave: Nação. Serviço Militar Obrigatório. Cidadão.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

O POPULISMO COMO CONTROLE SOCIAL NO BRASIL DE 1930-1945


André Vitor Sarmento da Luz, Francisco Nascimento

Este trabalho apresenta um estudo sobre o impacto do populismo na vida política e social do
Brasil e da América Latina, a fim de utilizar essa prática para controle social, no período de
1930 (Revolução de 30), ao fim do Estado Novo em 1945. Esta pesquisa tem como objetivo
principal analisar como o populismo foi introduzido e utilizado no Brasil, quem o utilizava e
para quais fins. Para viabilizar a proposta da pesquisa, o texto demonstrou e analisou as estra-
tégias do populismo, como: o agrado da massa trabalhadora, o uso do discurso nacionalista, o
uso dos meios de comunicação para implantação da boa imagem de um líder carismático, en-
tre outros; ajudando a compreender como o populismo foi implantado no Brasil e seus objeti-
vos. Também é apresentado neste trabalho o contexto mundial da época, as dificuldades e
oposições que o populismo teve ao longe desses 34 anos analisados, desde o rompimento com
a Velha República. A metodologia utilizada na pesquisa foi bibliográfica, por meio da análise
histórica de obras como, O Colapso do Populismo no Brasil (Octávio Ianni, 1971), O Populismo
na Política Brasileira (Francisco Weffort, 2003) e Brasil Republicano (Jorge Ferreira e Ângela
Castro, 2014). Obras estas que debatem as estratégias do populismo para controle social, ten-
do por objetivos a implantação do projeto burguês de industrialização no Brasil, mas utilizan-
do o controle social a fim de evitar uma revolução do proletariado. Também foram utilizadas
fontes hereograficas, baseadas em representações jornalísticas da época. São analisados neste
trabalho as várias tensões sociais e políticas que ocorreram em torno do populismo no Brasil,
como a oposição dos EUA sobre as políticas nacionalistas implantadas, a atuação dos comunis-
tas contra a ditadura do Estado Novo de Getúlio Vargas, até culminar na sua deposição, em
1945. Ao analisarmos tudo isso, são percebidos as estratégias e objetivos por trás das políticas
populistas, além de seus resquícios posteriores ao período demarcado.

Palavras-chave: Populismo. Getúlio Vargas. Política.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


III Simpósio de História da UESPI: sociedade e mundos do trabalho
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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

EDUCAÇÃO E DISCIPLINA NO ESTADO NOVO EM CAZUZA, DE VIRIATO CORRÊA


Shelton dos Santos Sousa, Maria das Graças do Nascimento Prazeres

Esta pesquisa apresenta um estudo sobre a educação no período do Estado Novo, atentando
principalmente para o modo como se era utilizada na política autoritária de Getúlio Vargas
implantada em 1937. Assim, tem por objetivo principal analisar a educação durante o Estado
Novo através da obra literária Cazuza de autoria do literato maranhense Viriato Corrêa. Para
tanto, utilizou-se a pesquisa bibliográfica no que se refere à educação no Estado Novo, além de
textos que versam sobre o literato Viriato Corrêa e sua obra em questão. Também foi necessá-
ria uma leitura pormenorizada de Cazuza, bem como um mapeamento dos trechos e aspectos
que abordam a educação, seja por mostrar um castigo que era deferido em um aluno, seja por
mostrar os aspectos físicos em que se encontrava a escola, etc. Por fim, fizemos uma pesquisa
em sites de instituições, que encontrou-se documentos referentes ao próprio literato e sua
obra, além de documentos que permitissem compreender com mais clareza o que a narrativa
de Cazuza apontou. Assim, poderemos fazer um confronto do que é colocado nas páginas des-
ta obra com a documentação que foi produzida durante o período seja discursos oficiais, leis,
decretos ou até mesmo notícias de jornais. A referida obra, publicada em 1938 e considerada
uma obra memorialista, traz questões importantes para compreendermos a educação no Es-
tado Novo. A política autoritária de Getúlio Vargas implantada a partir de 1937 tinha na edu-
cação um dos seus mais fortes elementos, uma vez que, a educação era vista como um sistema
eficaz de controle. Assim, além de educar as mentes sobre a questão da moral e dos bons cos-
tumes, a educação também precisava ser um meio de disciplinar, civilizar o corpo. Compreen-
demos então como se dava a educação no Estado Novo, sendo ela de certa forma uma coluna
de apoio para o governo, pois ora disciplinava, ora educava, ora contribuía para o crescimento
e fortalecimento da nação e do próprio governo; identificamos quais os métodos punitivos
usados na sala de aula pelo docente, sendo eles três, à palmatória, o ajoelhar sobre os caroços
de milho, e as orelhas de burro, tudo isso contribuía para uma escola disciplinadora; e por fim,
foram percebidos elementos que em nossos dias estão presentes, como a forma de que as ca-
deiras são organizadas, o professor ainda sendo autoridade maior em sala de aula, mais tam-
bém é perceptível que ocorreu rupturas nesse sistema educacional, fica a exemplo os castigos
que atualmente não se são utilizados. Assim, além de educar as mentes sobre a questão da
moral e dos bons costumes, a educação também precisava ser um meio de disciplinar, civilizar
o corpo. Portanto, esta pesquisa se propõe a discutir os aspectos da educação maranhense
durante a ditadura varguista.

Palavras-chave: Literatura. Educação. Estado Novo.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 08
HISTÓRIA DAS ESTRATÉGIAS DE CONTROLE SOCIAL

UMA ANÁLISE DO NEONAZISMO EUROPEU E A FORMAÇÃO DE GRUPOS NEONAZISTAS


NO BRASIL
Alex de Mesquita Marinho, Marcelino de Oliveira Fonteles

Tratar da temática neonazismo pode parecer, num primeiro momento, mais uma visita ao
passado, especificamente à Segunda Guerra Mundial. Nesse contexto, o Partido Nazista (NS-
DAP) governava a Alemanha pelas mãos de Hitler, porém não será aqui construída uma histo-
riografia. Compreender o fenômeno neonazista torna-se algo de significativa relevância se
quisermos entender algumas das motivações que levam partidos a aderirem ao discurso na-
cional-socialista, este que geralmente vem munido de uma mentalidade xenófoba e de exclu-
são e como esse movimento vem crescendo ao redor do mundo, ora silenciosamente, ora a-
través da violência explícita. O intuito deste trabalho é fomentar as discussões a cerca do neo-
nazismo como uma ideologia presente em nossos dias, bem como fornecer informações espe-
cíficas sobre esses grupos e como se caracterizam na contemporaneidade. O que marca mais
fortemente o neonazismo é a diversidade de grupos gestados por suas ideias e o direciona-
mento do ódio a determinados grupos de um meio social específico, como exemplo, violência
contra africanos na Itália ou turcos na Alemanha. No Brasil, a presença de grupos dessa natu-
reza é uma realidade, sobretudo na região Sul. O nazismo tupiniquim tem como um de seus
principais alvos o nordestino e o negro. Para tanto, foi utilizada a revisão bibliográfica na qual
buscou-se coletar e comparar informações sobre o assunto em questão com vistas a conhecer
diferentes perspectivas de autores, algumas chegando a ser bem antagônicas. Como campo de
pesquisa foram utilizadas como lócus de investigação redes sociais e sítios de divulgação des-
ses ideais que contém material de apoio, divulgação e intercâmbio entre participantes e sim-
patizantes, das quais cabe ressaltar o fórum Stormfront e as páginas dos grupos brasileiros
Carecas do Brasil, Carecas do ABC e Carecas do Subúrbio ambas encontradas em redes sociais.
Utilizou-se também dados de sites como a Safernet, que combate os tipos de crimes cometidos
por grupos neonazistas. Vale destacar o papel primordial da internet como ferramenta de dis-
seminação ideológica e recrutamento de membros para grupos que se caracterizam como ne-
onazistas. Notavelmente a presença neonazista no mundo é incontestável com ênfase nos paí-
ses europeus e com registros dessa ideologia segregacionista no Brasil. Esse fato demonstra
que a intolerância não respeita fronteiras geográficas e se instala nos mais variados contextos
sociais. Por isso, acredita-se que o neonazismo pode representar uma ameaça à pluralidade e
segurança internacionais. Precisa-se dar atenção para estudos como este, que se detém em
analisar um fenômeno que pode representar perigo à democracia e liberdade individual. É
nessa perspectiva que se encontra a importância da presente pesquisa. Cabe-nos a tarefa de
observarmos com atenção como o cenário global está sendo moldado, no tocante às questões
políticas e como os discursos extremistas estão realmente ganhando espaço.

Palavras-chave: Neonazismo. Europa. Brasil.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


III Simpósio de História da UESPI: sociedade e mundos do trabalho
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ST-09: Movimentos sociais na contemporaneidade: histórias de lutas.


Profa. Dra. Rosângela Assunção (UESPI)
Profa. Ma. Eliane Aparecida Silva (UESPI)

O presente Simpósio pretende discutir os vários tipos de lutas do povo brasileiro na contemporanei-
dade. Afinal, acreditamos na capacidade de resistência dos brasileiros em lutarem por seus direitos.
Neste contexto, presenciamos um momento de ebulição na História do Brasil recente, provando que a
luta e a resistência fazem parte de nossa história. Gramsci (2010), o teórico da Práxis História, reforça-
va a necessidade do intelectual se tornar um colaborador da classe trabalhadora no sentido de auxiliá-
la nas lutas cotidianas contra as investidas do grande capital. A partir dos aportes teóricos do campo
do marxismo, pretendemos analisar o contexto atual das lutas sociais. Portanto, este simpósio temáti-
co pretende abrigar propostas de apresentação de estudos que abordem as lutas de trabalhadores,
estudantes, mulheres, sindicatos, associações de moradores, dentre outras abordagens voltadas para
as experiências nos mundos do trabalho.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

JORNALISMO E MEMÓRIA: O ATO INSTITUCIONAL Nº 5 NOS JORNAIS PIAUIENSES ENTRE


1968 A 1969
Márcia Gabriele Araújo de Sousa, Sônia Maria dos Santos Carvalho

O Regime Militar, cuja implantação aconteceu no dia 01 de abril de 1964, completado 53 anos
em 2017, veio com uma proposta de acabar com a corrupção e afastar a ameaça de comunis-
mo do país, a fim de restaurar uma desejada democracia. No entanto, foi com o Ato Institucio-
nal nº 5, decretado pelo presidente Costa e Silva, que a sociedade brasileira vivenciou, com
maior intensidade, o cerceamento dos direitos individuais. Esta pesquisa visa fazer uma refle-
xão das práticas jornalísticas em Teresina (PI), por meio de jornais impressos que circulavam
na cidade, entre os anos de 1968 a 1969, período que corresponde a um ano de convivência
com o AI- nº 5. Esse momento ficou conhecido como ‘Anos de Chumbo’, período em que ativi-
dade jornalística foi afrontada em sua essência, uma vez que o exercício profissional se baseia
na liberdade de aquisição e divulgação de informações, principalmente de fontes, tais quais as
de gestores públicos, como forma de vivência em sociedades mais justas e igualitárias. Para
responder como se praticou o jornalismo em Teresina no primeiro dos Anos de Chumbo, foi
adotada a perspectiva jornalístico-histórica, na qual os dois campos do saber dialogam entre
si e abrem condições para reflexões sobre as formas de fazer jornalismo num dado tempo e
lugar social, isto é, possibilitam pensar acerca das práticas jornalísticas possíveis em um mo-
mento delicado para o país e para o profissional de jornalismo. As análises realizadas têm por
base notícias publicadas em três jornais, o Jornal O Dia, Jornal do Piauí e Estado do Piauí, por-
que eram veiculados na capital piauiense, ao longo do recorte temporal e de possível acesso
para o desenvolvimento desta pesquisa. E ainda entrevistas os jornalistas com Carlos Said,
Dídimo de Castro, Deoclécio Dantas e Joel Silva, por terem trabalhado nas redações neste pe-
ríodo. A fundamentação teórica tem como base os conceitos de Identidade/Prática Jornalística
de Lopes (2007) e habitus de Pierre Bourdieu (2003). Já as metodologias utilizadas como o
caminho para alcançar os resultados foram Análise Pragmática da Narrativa Jornalística, de
Luiz Gonzaga Motta (2007) e História Oral, de José Bom Meihy (2002), onde se analisou além
das páginas de jornais, como também entrevista oral feita com jornalistas que atuaram nas
redações e tiveram de presenciar censores militares em seus ambientes de trabalho. Diante
dos materiais pesquisados, as visões a respeito do Regime Militar apresentaram muitos pon-
tos convergentes, mas também muitos divergentes. Mesmo com pouca ou nenhuma divulga-
ção por parte dos veículos de comunicação em todo o país, inclusive em Teresina, esse perío-
do deixou marcas que nunca serão esquecidas para quem viveu de perto a repressão e a cen-
sura, isto é, para quem lutou contra imposições e restrições governamentais.

Palavras-chave: AI-5. Memória. Práticas Jornalistas.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

RÁDIO CALÇADA: HISTÓRIA DA RÁDIO COMUNITÁRIA EM TERESINA ENTRE 1991 E


1998
Cibele da Silva Andrade, Cláudia Cristina da Silva Fontineles

Esta pesquisa visa discutir a estruturação da rádio comunitária em Teresina entre 1991 e
1998, período em que se situa a estruturação de rádios comunitárias na cidade, a lei de regu-
lamentação da rádio comunitária 9.612/98, o encontro nacional das rádios comunitárias em
Teresina e a inauguração da Rádio Verona FM. Questionando- se então como as práticas em
torno da comunidade intervieram na identidade coletiva local, e em que medida a apropriação
do meio de comunicação de massa agregou novos sentidos ao cotidiano em torno do local de
emissão. Fundamentamos- nos estudos de Michel de Certeau, no que se refere à concepção de
Cultura e sua pluralidade, e na teoria da invisibilidade dos consumidores que se firmam com
as “táticas” na estruturação social. O conceito de identidade será discutido em torno dos estu-
dos de Zygmunt Bauman. O estudo tem como bases pesquisa hemerógrafica, a partir da análi-
se dos jornais O dia, e Calandragem. Com os avanços tecnológicos e a emergência de meios de
comunicação que davam conta cada vez mais de grandes massas populares autores afirmam a
importância das rádios livres e comunitárias no processo de democratização da comunicação
e redemocratização, pois apesar das reformas na constituição no mandato de Fernando Hen-
rique Cardoso em 1988, a lei que manteve o monopólio da comunicação no estado permanecia
ainda sob o decreto lei 236/67 da lei assinada por João Goulart, durante seu mandato na Dita-
dura militar reservando o monopólio comunicativo a União. Busca- se compreender o papel
da rádio comunitária para a fomentação de cultura no bairro, processo desencadeado pelo da
redemocratização política dos anos 80, levando também em consideração a precariedade do
ensino público em Teresina na década de 1990. A emergência do movimento em Teresina na
década de 1990 contribuiu para a auto-organização das comunidades que cresciam em condi-
ções precárias, agendando pautas do cotidiano na mídia comunitária com representação em
jornais de grande circulação como o jornal O dia, demarcando que os movimentos em Teresi-
na se alinham em um panorama nacional de mídias democráticas ainda no início da década de
90. Torna- se, portanto, um espaço que democratiza o modelo vertical de comunicação a par-
tir da inserção de pautas que não atendem a interesses particulares e constituindo identida-
des comuns sobre a comunidade. É a representatividade local de um movimento que ocorreu
em toda a Europa e América Latina, a partir do momento que insere o receptor e suas pers-
pectivas na pauta de veiculação e construção de notícias.

Palavras-chave: História. Comunicação. Identidade.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

A HISTÓRIA DAS LUTAS SOCIAIS DO MOVIMENTO DE RÁDIOS COMUNITÁRIAS DO SER-


TÃO DO PIAUÍ
Orlando Maurício de Carvalho Berti, Samara Silva Leal

Este artigo faz uma reflexão social e histórica sobre o movimento de rádios comunitárias no
Sertão do Piauí durante o Século XXI, elencando fases em seu início, meio e contemporaneida-
de tendo-se como marco temporal final o meio do segundo semestre de 2017. Essa região a-
barca 151 dos 224 municípios do estado, aproximadamente 75% do território e mais de 50%
da população, convergindo também para mais da metade de todas as emissoras (legalizadas,
ou não) de rádios comunitárias. O movimento nasce no período pós-ditadura Civil-Militar,
tendo inspiração nacional em convergências da Teologia da Libertação, elencada pela Igreja
Católica Apostólica Romana e movimentos de trabalhadoras e trabalhadores rurais, e consoli-
da-se na transição dos séculos XX e XXI, principalmente como maneiras alternativas de lutas
sociais e de dar novas vozes políticas para movimentos historicamente alijados na mídia he-
gemônica. As rádios comunitárias têm maior poder de voz social justamente por estarem mais
próximas às comunidades e, na maioria dos casos estudados, foram feitas diretamente pelas
comunidades e populações sertanejas. Estuda-se esse movimento justamente pelo fato de su-
as inserções coletivas e seu trabalho consolidado para com o desenvolvimento social da regi-
ão sertaneja piauiense, historicamente a que mais é alijada de políticas públicas e atenções
governamentais. Objetiva-se: refletir, analisar e mostrar historicamente como se deu a cons-
trução do movimento, suas faces e interfaces na propagação da comunicação comunitária.
Envereda-se sobre reflexões de histórias sociais, comunicação comunitária, rádios comunitá-
rias, poder social transformador dos meios de comunicação e local e regional. Parte-se de um
estudo de caso, balizado em experiências empíricas e pesquisas de campo, de acompanha-
mento de dez anos e meio dessas emissoras, suas histórias de luta e vivências pelo movimento
comunicacional. Utilizou-se técnicas de entrevistas, pesquisas bibliográficas e documentais.
Realizou-se também visitas in loco em todos os meios de comunicação estudados e mantém-se
estreita relação social na propagação de ideias e ideais entre parte de seus produtores. Frisa-
se que a história social do movimento de rádios comunitárias do Sertão do Piauí é heterogê-
neo, tem funcionalidades diferentes, construções plurais (e às vezes) polêmicas, pautadas
principalmente nas questões do local e do regional. O movimento, em várias de suas fases,
ainda vive de atomismo social para com parte das comunidades e um de seus grandes reden-
torismos está justamente nas interlocuções com as possibilidades advindas das tecnologias
atuais, notadamente no sentido de retroalimentação comunicacional entre o territorial e o
virtual. Para isso considera-se que o movimento de rádios comunitárias do Sertão do Piauí
continua necessitando não só de uma maior organicidade, mas também de uma maior cobran-
ça de outras entidades sociais organizadas, principalmente da própria Academia.

Palavras-chave: História Social. Rádio Comunitária. Sertão do Piauí.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

MOVIMENTO OPERÁRIO NA EUROPA: A LUTA DA CLASSE OPERÁRIA NO MEIO TRABA-


LHISTA
Raymara Nunes Cantanhêde, Irisvane Ferreira da Costa Martins, Raimunda Nonata Penha
Pereira, Jonas Rodrigues de Moraes, Dimas dos Reis Ribeiro

A presente comunicação é resultado de um artigo elaborado para disciplina História da Euro-


pa III ministrada pela professora Me. Elba Fernanda Marques Mota. A finalidade desse texto é
fazer uma abordagem acerca da participação da classe operária na Europa no século XIX bem
como analisar a organização do movimento operário nas mudanças ocorridas no mundo do
trabalho através de referências bibliográficas. O advento da Revolução Industrial no século
XVIII trouxera grandes impactos nas classes trabalhadoras, particularmente no operariado.
Notadamente essas transformações foram sentidas no meio trabalhista como também em ou-
tros setores da sociedade. As tarefas desenvolvidas pelos trabalhadores eram realizadas de
forma artesanal, ou seja, predominavam as manufaturas. Emergiu nesse processo a substitui-
ção da produção manual para a fabricação, e, assim iniciou-se o uso da máquina no espaço
fabril. No caso especifico da Inglaterra a criação dessas indústrias foram fomentadas pela dis-
ponibilidade de mão de obra em abundância promovidas pela Lei dos Cercamentos de Terras.
Isso levou a imigração em massa do campo para a cidade. Mesmo com o surgimento de muitas
fábricas, entretanto, esse aumento não foi o suficiente para suprir a demanda de trabalhado-
res o que resultou na falta de emprego para muitos, uma vez que, houve um crescimento po-
pulacional desordenado, e este fator foi um dos motivos que agravaram as condições de traba-
lho dos operariados. Mediante esse processo pelo qual passou e vem passando no mundo do
trabalho, o movimento operário travou muitas lutas com o objetivo de reduzir a jornada de
trabalho, melhores condições de trabalho e de salários, entre outras lutas. Nesse sentido, res-
salta que classe operária constituída em sua maioria por pessoas pobres, como por exemplo,
tecelões, chapeleiros, entre outras categorias, sempre estiveram presentes no movimento o-
perário, mas, a historiografia por muito tempo secundarizava a participação desses trabalha-
dores, a exemplo disso, podemos citar que a participação das mulheres até pouco tempo foi
negligenciada, motivada pelo sexismo (machismo) que imperava em séculos passados e ainda
hoje prevalece em algumas sociedades. Com efeito, dentro da historiografia universal o que
predominava era uma história tradicional que venerava a história dos grandes heróis. Contu-
do, foi somente com a ruptura estabelecida pela Escola dos Annales (1929) que a História pas-
sou a problematizar seus objetos, isso impulsionou novos olhares sobre a perspectiva histori-
ográfica uma vez que permitiu a ampliação dos objetos. Por fim, é nesse viés que se pretende
analisar as organizações das classes trabalhadoras, as transformações que ocorreram no
mundo do trabalho.

Palavras-chave: Classes Trabalhadoras. Luta. Europa.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

CIDADE EM CONFLITO: A LUTA DOS MORADORES FAVELADOS NOS PROCESSOS DE OCU-


PAÇÕES EM TERESINA NA DÉCADA DE 1990
Regianny Lima Monte, Marcos Antônio de Menezes

A cidade é vista nos últimos anos como mercadoria, e não como local para se viver melhor. As
intervenções, em sua grande maioria, carregam consigo um caráter excludente e segregador,
sobretudo com os mais pobres, que permanecem à margem de um programas que valorize
realmente suas condições de vida, como habitação, saneamento e acesso a outros aparelha-
mentos urbanos. Isso acontece, sobretudo, porque há uma substituição dos cidadãos pelos
consumidores e usuários, promovidos pela lógica do capital. Essas intervenções, que carre-
gam como propósito a melhoria das cidades para os seus cidadãos acabam por favorecer às
condições do mercado. São projetos que delimitam as áreas que passarão por intervenções no
sentido de valorizá-las, voltadas em muitos casos para o turismo, ou seja, para o comércio. A
problemática da habitação recai sobre os segmentos mais empobrecidos da sociedade e gera
um campo de luta, embate e resistência em busca de uma inserção na formação urbana de
Teresina durante toda a década de 1990. Esses segmentos de baixa renda buscam por meio de
ocupações, seja de modo organizado por entidades e movimentos, ou realizada por grupos de
desfavorecidos que se unem em torno da mesma causa, uma alternativa para instalarem-se na
cidade do capital que os excluíram. Uma vez que, sem posses, eram impossibilitados de parti-
ciparem do parcelamento do solo urbano mediante a compra. Como visto, a luta pela ocupa-
ção do espaço citadino caracteriza-se tanto por uma ação coletiva, como por um ato cotidiano
individual. Os movimentos reivindicatórios eclodiram na segunda metade da década de 1980,
com o fim do regime civil-militar. A abertura política permitiu o retorno dos sindicatos, das
associações de moradores, dos movimentos dos sem-terra e dos sem-teto entre outros que
passaram a se organizar e se mobilizar em torno de suas reivindicações. É nesse contexto que
está situada, a nível local, a Federação das Associações de Moradores e Conselhos Comunitá-
rios – FAMCC, ligada ao Movimento Nacional de Luta por Moradia – MNLM. Durante toda a
década de 1990, a FAMCC esteve à frente de muitas ocupações em Teresina. A rotina de ocu-
pações vivenciadas na cidade era acompanhada no mesmo ritmo dos processos de reintegra-
ções de posse dos terrenos ocupados. A entidade realizava reuniões constantemente com ob-
jetivo de resistir aos mandados de reintegração de posse e fortalecer o movimento com intui-
to de pressionar as autoridades e o poder público, sensibilizando-os para a questão. É nesse
contexto em que se insere a ocupação da Vila Irmã Dulce ocorrida em 1998, na zona Sul da
capital, na qual faremos uma análise sobre a luta dos moradores desse local e suas práticas na
tentativa de jogar com os micro poderes e práticas subversivas de que nos fala Michel Fou-
cault e Michel de Certeau.

Palavras-chave: Movimentos Sociais. Favela. Ocupação.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

MOVIMENTO ESTUDANTIL NO PIAUÍ: A ATUAÇÃO DA UNIÃO MUNICIPAL DOS ESTU-


DANTES DE TERESINA NO MOVIMENTO “FORA COLLOR!”
Lívia Beatriz da Silva Alencar, Cássio Fran Nunes Lima, Cristiana Costa da Rocha

O presente trabalho tem como objetivo apresentar uma análise sobre a atuação da União Mu-
nicipal dos Estudantes – UMES no contexto do movimento “Fora Collor!” em Teresina – PI. A
UMES representa os estudantes do ensino fundamental, médio e técnico de um mesmo muni-
cípio, e nesse contexto retomou as atividades quando o movimento estudantil retomou visibi-
lidade nacional com as manifestações de rua pelo Impeachment do então presidente Fernando
Collor de Mello. Esta pesquisa tem a oportunidade de historicizar as intervenções estudantis
desse período em Teresina, problematizando por meio de periódicos piauienses (“O Dia”, “Di-
ário do Povo”, “O Estado”, “Correio do Piauí” e “Jornal da Manhã”) quais representações eram
construídas acerca dos estudantes e sua participação no movimento “Fora Collor!” na Capital e
discutir o movimento estudantil no âmbito dos Novos Movimentos Sociais, referencial teórico
construído por Maria da Glória Gohn que caracteriza como “ações sociais coletivas de caráter
sociopolítico e cultural que viabilizam formas distintas de a população se organizar e expres-
sar suas demandas”, assim fazendo uma ligação desde o período pós-ditadura militar até a
redemocratização brasileira a nível nacional e local. A partir do uso de fontes hemerográficas
e revisão bibliográfica, são feitas algumas considerações sobre o modelo de política vigente
abordando a história do movimento estudantil no Piauí no que tange às ações dos estudantes
e militantes de esquerda, suas mudanças de comportamento, contestações, conquistas alcan-
çadas, memórias e experiências no período ditatorial e de redemocratização, além das defini-
ções nos movimentos sociais e na política brasileira entre 1960 e 1990. Na construção dessa
pesquisa, também se disserta sobre o processo de eleição ocorrida em 1989 com a chegada de
Fernando Collor de Mello à presidência do Brasil, as circunstâncias mais abrangentes de seu
governo, os desdobramentos que levaram ao processo de Impeachment ocorrido em 1992 e
as manifestações promovidas pelos estudantes universitários e secundaristas que ganharam a
marca de “Caras Pintadas”, que protagonizaram uma série de protestos pelo Brasil, inclusive
em Teresina – PI com a UMES – União Municipal dos Estudantes Secundaristas, denominada
campanha “Fora Collor!”, deixando claro que o movimento estudantil é e foi um espaço de a-
tuação que permite a juventude uma percepção de que os problemas brasileiros podem ser
discutidos e enfrentados, e não simplesmente sofridos ou ignorados. O estudo da história do
movimento pode trazer pistas sobre como os estudantes organizados formulam as questões
significativas da sociedade brasileira e qual a sua capacidade de propor ações relevantes e de
sustentar uma relação dialógica com outros atores, contribuindo para a solução dos proble-
mas sociais.

Palavras-chave: UMES. “Fora Collor!”. Teresina.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

ESTUDANTES NA RUA: O MOVIMENTO #CONTRAOAUMENTO


Viviane Lopes de Araújo, Rosângela Assunção

O presente trabalho discute o movimento #contraoaumento na cidade de Teresina, (em 2011),


o qual foi organizado pelo fórum Estadual em defesa do transporte público, abraçado por vá-
rias entidades e tinha como objetivos principais: um novo modelo de transporte público e
contra o aumento da tarifa. Na organização dos protestos em Teresina os estudantes secunda-
ristas e universitários foram os maiores protagonistas da luta. Durante os meses de agosto e
setembro de 2011, Teresina foi palco de uma das maiores manifestações da capital, a manifes-
tação contra o aumento da tarifa do transporte público de R$ 1,90 para R$ 2,10, provocou um
descontentamento da sociedade principalmente dos jovens estudantes. No dia 27 de agosto os
principais jornais da capital anunciavam a noticia do aumento da passagem, pegando todos
desprevenidos, durantes alguns dias que circulava a noticia, jovens estudante se preparavam
através das redes sociais para se unirem nas ruas para reivindicar contra o aumento da tarifa.
Logo no dia 29 de agosto acontece à primeira manifestação contra o aumento, com o apoio do
fórum de defesa do transporte público. As manifestações ocorreram nas principais ruas da
capital iniciando na avenida frei serafim e coelho de Rezende interrompendo o trânsito e de-
nunciando o aumento, os manifestantes seguiram rumo à prefeitura de Teresina. Este traba-
lho tem como objetivo analisar a participação dos estudantes secundaristas e universitários
no movimento #contraoaumento em Teresina; explicar as estratégias de organização dos es-
tudantes para conseguir seus objetivos. Foi utilizado como metodologia a análise de fontes
como jornais locais de circulação estadual e artigos publicados em revistas e sítios da internet.
Além disso, utilizamos como aportes bibliográfico Marc Bloch (2001) e Motta (2012). A partir
dai foi compreendido como um momento importante para a sociedade, pois fortaleceu a de-
mocracia no processo de inclusão social e na conquista de direitos, promovendo a participa-
ção da juventude em processos decisórios. O movimento #contraoaumento provocou uma
verdadeira revolução na cidade de Teresina, no dia 1 de setembro de 2011 foi o dia mais in-
tenso com queima de pneus, ônibus e uma enorme passeata conduzida pela juventude e traba-
lhadores totalmente indignados, gritando palavras de ordem e recebendo o apoio da popula-
ção. No dia seguinte, sexta feira 2 de setembro, o prefeito revogou o decreto por 30 dias. Os
manifestantes passaram à tarde na praça da liberdade comemorando, e planejando os próxi-
mos passos. Percebemos ao longo da pesquisa que esses jovens não se deixavam vencer facil-
mente, a cada passo dado pela prefeitura eles também planejavam novas ações comprovando
que o movimento tinha planejamento e lideranças capacitadas para conduzir o processo. Por
isso, foi vitorioso.

Palavras-chave: Movimento Estudantil. Transporte. Teresina.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


III Simpósio de História da UESPI: sociedade e mundos do trabalho
Livro de Resumos
139

SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

O MOVIMENTO DAS CORES: A PRIMEIRA PARADA GAY EM TERESINA


Marco Antonio Silva Marques Costa, Rosângela Assunção

Esse trabalho apresenta uma discussão, a primeira “Parada Gay” em Teresina, que ocorreu no
dia 28 de junho de 2002, sendo o evento organizado pela ONG Matizes e que contou com o
apoio da Secretaria Estadual da Saúde. O evento foi responsável por trazer olhares para mino-
ria LGBTT que estavam tentando conquistar o seu espaço. Em 28 de junho de 1969, em Nova
Iorque houve o primeiro movimento LGBTT (Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis e Transgê-
neros). O evento contou com 10 mil homossexuais. Somente em 2002, em Teresina, acontece-
rá movimento semelhante intitulado Parada Gay. Esse movimento foi noticiado nos jornais
locais facilitando a divulgação do evento. Os jornais denunciavam que o preconceito muitas
vezes tem levado pessoas ao suicídio. E que a primeira “Parada Gay” em Teresina, aconteceu
para defender a livre orientação sexual. O trabalho tem como objetivo analisar a primeira “Pa-
rada Gay” em Teresina, buscando identificar as principais conquistas dos homossexuais como
resultado desse movimento; elencar as várias atividades realizadas durante o evento com o
objetivo de quebrar o preconceito das pessoas em relação aos homossexuais. O trabalho faz
parte da monografia de final de curso. Nessa pesquisa, prioriza-se, como fonte, o jornal de cir-
culação estadual O Dia, com sede em Teresina, publicado em 2002. Foi analisada como a pu-
blicação retratou o movimento LGBTT na cidade. Na compreensão do assunto, lança-se mão
de autores que se debruçaram sobre a temática, tais como: Luana Molina (2011), Peter Fry
(2000), Edward MacRae (2000). A “Parada Gay” em Teresina foi importante para os gays co-
meçarem a ter mais espaço na cidade, apresentado dados que comprovaram que os homosse-
xuais não são as maiores notificações de caso de DST/AIDS. O público-alvo começa, então, a
ganhar mais direito, com a proposta da emenda à lei Orgânica do Município, que prevê multas
de até R$ 10 mil para quem praticar atos preconceituosos aos homossexuais. No caso de Tere-
sina, a “Parada Gay” contou com a presença de cerca de mil pessoas, que lutavam contra o
preconceito. No evento ainda foi divulgado dois projetos de proteção ao homossexual como: a
emenda no artigo 9º da Lei Orgânica do Município, e um disque cidadania homossexuais por
meio de um número telefônico, ambos de autoria de Flora Isabel, vereadora de Teresina. Com
o trabalho, pôde ser percebido o quanto, aos poucos, os homossexuais estão lutando para
conquistar o seu espaço, sua voz e seu direito, e por fim, acabar com os preconceitos ainda
existentes, por meio das Paradas LGBTT, ferramenta essencial dessa luta.

Palavras-chave: Parada Gay. Preconceito. Direitos.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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140

SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

O MOVIMENTO FEMINISTA NA LUTA DE CLASSE


Jully Gardemberg Burlamaqui das Neves

Com a expansão do capitalismo ocorreu a intensificação dos problemas e injustiças sociais


devido à desigualdade estrutural baseada na divisão de classes, burgueses e trabalhadores,
formada com a implantação do sistema. O capital começa a se concentrar nas mãos de poucas
pessoas, enquanto outras necessitam de um processo mais burocrático para sobreviverem, o
que acabou gerando uma desigualdade social. A sociedade capitalista desencadeou um pro-
cesso de exploração e opressão, sendo a primeira correspondente à apropriação do trabalho
excedente das massas trabalhadoras pelos detentores dos meios de produção, gerando a do-
minação de uma classe sobre a outra. Já a opressão é a relação de submissão de um grupo so-
bre o outro por conta de gênero, sexualidade, raça, na qual existe uma classe que é explorada e
subordinada ao outro. Contudo, essa relação entre opressão-exploração se intensifica quando
se trata de gênero. A opressão de gênero antecede o modo de produção capitalista, porém a
relação entre o sistema capitalista e o patriarcado fortalece as desigualdades entre homens e
mulheres na sociedade e principalmente no ambiente de trabalho. Neste contexto surge o mo-
vimento feminista que milita na ampliação do papel da mulher na sociedade, bem como na
luta pela construção de direitos iguais entre os gêneros. No entanto, devido a dupla jornada de
trabalho, além dos variados tipos de violências e salários inferiores, as mulheres acabam so-
frendo maiores opressões. Nesse sentido, o fator essencial para unificar as mulheres deve ser
a luta de classe, posto que é da divisão de classe que surgem as desigualdades, opressões e
explorações que incide de forma mais acentuada na vida das mulheres trabalhadoras. Dessa
forma, busca-se compreender a contribuição do movimento feminista classista para o fortale-
cimento da luta de classe, pois o movimento não discute apenas as diferenças de gênero e cul-
tura, mas se preocupa em expandir essa discussão para refletir sobre as reais condições das
mulheres trabalhadoras na sociedade. Assim sendo, para a construção deste trabalho foram
realizados estudos bibliográficos de abordagem qualitativa para desenvolver uma reflexão
acerca da contribuição do movimento feminista para a luta de classe. Nesse sentindo o movi-
mento feminista classista está relacionado ao marxismo, pois não se limita apenas em lutar
pela igualdade de gênero, mas também para o fim da divisão sexual do trabalho. Diante disso,
se faz necessário combater a opressão e a exploração de gênero, que são fatores determinan-
tes para desigualdade entre homens e mulheres, colocando a mulher trabalhadora em uma
posição inferior ao homem. Portanto não se deve observar a luta de gênero isoladamente da
luta de classe, pois é indispensável relacionar a luta das mulheres como uma importante con-
tribuição ao movimento da classe trabalhadora.

Palavras-chave: Capitalismo. Feminismo. Luta de Classe.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

A QUESTÃO FEMININA NA UNIVERSIDADE: UMA ANÁLISE SOBRE O CORPO DOCENTE DO


CAMPUS DE PINHEIRO - UFMA
Bruna Suene Silva Moreira, Fernanda Cunha de Carvalho

A temática sobre gênero muito tem sido estudada, decorrente de inúmeros movimentos soci-
ais que buscam almejar a igualdade e reconhecimento, bem como forma de sanar os prejuízos
que ficaram historicamente inculcados na sociedade. A questão de gênero ocupa atualmente
um campo grandioso de debates. Nessa perspectiva, o presente trabalho, tem como finalidade,
conhecer as relações de gênero dentro da Universidade Federal do Maranhão, Campus de Pi-
nheiro, e especificamente na área da docência superior. Sabemos que as mulheres, ocupam
espaços profissionais que em estão enviesados na divisão sexual do trabalho, sendo a profis-
são do Magistério, considerada tipicamente feminina. Considerando esses fatos, a presente
pesquisa, ora em andamento tenta comprovar se ainda há uma manutenção da desigualdade
de gênero no meio acadêmico, inclusive na docência superior das universidades, uma vez que
mesmo sendo a profissão do Magistério, considerada feminina ao longo da História edificada
sobre o patriarcalismo, as mulheres perdem espaços para os homens em se tratando da do-
cência superior, haja vista que tal ocupação necessita de titulações acadêmicas como Mestra-
do, Doutorado, o que podemos suscitar, que por algum motivo os homens, alcançam mais rá-
pido tais titulações em relação às mulheres, seja por aspectos subjetivos, ou cultural, que se
configura como um de nossos objetos de estudo. Para tal, será efetuado um estudo de caso
com o corpo docente da Universidade Federal do Maranhão, Campus de Pinheiro. Assim, o
objetivo geral desse trabalho é analisar a presença feminina no corpo docente do campus Pi-
nheiro. E os objetivos específicos são: a) Diagnosticar a participação feminina no quadro do-
cente; b) Perceber se há maior ou menor número de professoras no quadro docente; c) Identi-
ficar conforme a relação de gênero e da divisão sexual do trabalho, em qual curso está a maior
representatividade docente feminina; d) Perceber a existência de obstáculos de gênero; e)
Avaliar as dificuldades de gênero presentes na docência superior. E assim tentarmos compre-
ender essa relação que se modifica em relação às mulheres, mesmo se tratando de uma profis-
são que nos primeiros momentos, coube a esta exercer. Levando-se em conta que o termo,
Gênero torna-se uma maneira de indicar as “construções sociais”, a criação inteiramente soci-
al das ideias sobre os papeis próprios aos homens e às mulheres. Então é uma definição, uma
categoria que foi imposta sobre um corpo, sobre um ser (SCOTT, 1989, p.07). E que os estudos
e pesquisas de Relações de Gênero têm como finalidade conhecer e adentrar espaços outrora
inacessíveis as Mulheres. Caracterizando como objetivo central a busca por direitos. “Onde o
que se busca nada mais é que um equilíbrio de poder entre homens e mulheres “em termos de
recursos econômicos, direitos legais, participação, política e relações pessoais” (CRUZ, 2012,
p.197).

Palavras-chave: Gênero. Educação. Docência.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

QUEBRADEIRAS DE COCO NA BAIXADA MARANHENSE: CONFLITOS, IDENTIDADES E


MOVIMENTO SOCIAL
Rosimeiry da Silva Sena, Viviane Oliveira Barbosa

Após privatização de terras no Maranhão, pela Lei Sarney de Terras (1969), os anos de 1970 e
1980 foram palco de intensos conflitos agrários e, no final da década de 1980, quebradeiras
de coco criaram o MIQCB (Movimento Interestadual de Quebradeiras de Coco Babaçu), com
atuação no Piauí, Pará, Tocantins e Maranhão. Por meio desse movimento, elas se reúnem e
reivindicam direitos, levantando bandeiras de luta pela posse de terras, pelo acesso e preser-
vação de palmeiras de babaçu e por seu sustento familiar. O trabalho tem por objetivo contri-
buir para ampliar o conhecimento acerca da atuação política e organizativa de mulheres que-
bradeiras de coco em debate com as questões agrárias no Brasil, principalmente no Maranhão.
De modo mais específico, pretende abordar como as quebradeiras de coco da Baixada Mara-
nhense estão articuladas no MIQCB, suas principais demandas e problemáticas em relação ao
seu contexto histórico de luta. A pesquisa se efetivou através de observação de campo, com
participação em reuniões de quebradeiras de coco e realização de entrevistas. Além disso, foi
necessário o diálogo com a bibliografia sobre o tema, tais como: Barbosa (2008), Andrade
(2005), Almeida (2013), Muniz (2007), Linhares (2016), Fiabani (2009), Santos & Borba
(2012) Mesquita (1998), entre outros. Convém enfatizar que ainda não foi realizado um estu-
do sistemático de todos os municípios nos quais há atuação do MIQCB, e este é também o caso
da Regional Baixada Maranhense, que compreende cinco municípios: Cajari, Matinha, Viana,
Penalva e Monção. O recorte geográfico desta pesquisa é o município de Matinha-MA, que con-
tém 23 comunidades, sendo que três delas se localizam no Território Quilombola Sesmaria do
Jardim. Devido à abrangência do tema, relacionado às questões agrárias, foi possível observar
os motivos que contribuíram para o surgimento de conflitos em comunidades do município de
Matinha e as diversas estratégias de resistência levadas a cabo pelas quebradeiras de cocoe
demais camponeses da região. O trabalho de campo foi realizado em duas comunidades do
Território Sesmaria do Jardim – os quilombos Bom Jesus e São Caetano. Atualmente, as comu-
nidades vivem em conflitos e cada vez mais cercadas por proprietários que privam o acesso
dos quilombolas às terras e aos babaçuais. Como resultado disso, as quebradeiras de coco já
não tem mais onde buscar o coco para coletar e produzir sabonetes, azeite, e demais subpro-
dutos do babaçu em suas fábricas. O MIQCB, representado por lideranças dessas comunida-
des, vem buscando soluções para resolver tais situações, diante da falta de apoio das entida-
des governamentais que ainda invisibilizam os agroextrativistas face à dinâmica capitalista.

Palavras-chave: Quebradeiras de Coco. MIQCB. Baixada Maranhense.

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MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

VOZES OU SILÊNCIOS: HISTORICIZANDO AS EXPERIÊNCIAS DAS MULHERES NO SINDI-


CATO DOS BANCÁRIOS DO PIAUÍ (1986-1995)
Kamila Albuquerque de Araújo

O presente artigo analisa a experiência feminina no movimento sindical bancário em Teresina,


buscando-se compreender as relações de gênero nesse sindicato no período de 1986-1995. O
sindicalismo até os meados da década de 70 construiu-se como uma atividade predominan-
temente masculina, entretanto com o movimento de redemocratização do Brasil ocorrido a-
nos mais tarde, intensificou-se as lutas dessa categoria em prol dos seus direitos, acompanha-
das também pelo avanço da filiação feminina no sindicato. As fontes utilizadas na construção
dessa análise foram os jornais e as revistas produzidas pelo Sindicato dos Bancários que per-
mitiram perceber os valores atribuídos por essa categoria às questões femininas e a utilização
da história oral para entender a realidade vivenciada pelas mulheres no movimento sindical.
Suas narrativas nos forneceram então subsídios para elucidar questões a respeito dessa expe-
riência feminina no Sindicato dos Bancários, e, além disso, nos permitiu identificar as relações
de poder que permeiam esse universo. Neste sentido, dialogamos com Pierre Bourdieu
(2014), Paola Giulani (2006), Antônio Medeiros (1995), Michelle Perrot (1988), Margareth
Rago(1985), Joan Scott (1995), Souza-Lobo (1991).

Palavras-chave: Mulheres. Sindicato. Teresina.

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O POLÊMICO HORÁRIO NO COMÉRCIO DE TERESINA NA SEGUNDA METADE DA DÉCADA


DE 1990
Eliane Aparecida Silva

A questão do horário de funcionamento do comércio teresinense e o seu não cumprimento foi


um dos problemas mais comuns enfrentados pelos comerciários de Teresina nos anos 1990.
Isso por que, de acordo com denúncias feitas por representantes do Sindicato dos Comerciá-
rios de Teresina, muitos patrões colocavam os comerciários para trabalhar aos sábados, após
o expediente normal, e aos domingos, sem que recebessem hora extra. De um lado, os empre-
sários tentavam convencer a categoria sobre a necessidade de mudança; de outro, os comerci-
ários resistiam à medida e procuravam negociar uma forma de resolver o impasse. Neste re-
sumo pretende-se discutir a luta dos comerciários de Teresina contra a abertura do comércio
aos domingos e feriados na segunda metade da década de 1990. O percurso metodológico que
viabilizou esse estudo consistiu no uso de fontes hemerográficas, notadamente os jornais im-
pressos de circulação local O Dia, Diário do Povo e Meio Norte, bem como o periódico interno
do Sindicato intitulado Balcão. Afinal, o horário de funcionamento do comércio de Teresina
aos domingos e feriados gerou repercussão na imprensa local. A fiscalização por parte Delega-
cia Regional do Trabalho foi constantemente requisitada pela entidade para que constatasse
as infrações cometidas pelos lojistas da capital teresinense. Por seu turno, o Sindicato dos
Comerciários liderou vários protestos na Câmara Municipal teresinense, realizando uma
grande campanha publicitária de caráter nacional. Tratava-se de campanhas veiculadas na
imprensa e de pressão política sobre os membros do governo, pedindo apoio contra os proje-
tos que pretendiam a liberação do horário de funcionamento do comércio e da jornada de tra-
balho. No Balcão, os comerciários denunciavam expressivamente o desrespeito à legislação
trabalhista. Em matérias veiculadas neste informativo, os comerciários utilizavam os slogans
“Não aos Domingos”, “Domingo a gente não abre” e “Domingo é sagrado” como protestos con-
tra essa prática. Com efeito, a bandeira pelo repouso dominical permaneceu na agenda do sin-
dicato até o fim dos anos 1990. Observou-se que a postura de enfrentamento dos dirigentes
do Sindicato dos Comerciários, muitas vezes, encontrou a resistência do patronato. Tal fato
levou a entidade a deflagrar greves e manifestações que ocorreram na cidade de Teresina. Em
virtude dos intensos protestos, ainda no ano de 1999, segundo determinou o Código de Postu-
ra do município para os supermercados abrirem aos domingos, feriados e estender o horário
de trabalho, deveria haver acordo com o Sindicato dos Comerciários de Teresina. Conclui-se,
então, que o sindicato atuou no sentido legal de reivindicar benefícios para a categoria e de
ficar atento quanto ao cumprimento do que era determinado pela lei, no que tange ao horário
de funcionamento do comércio de Teresina.

Palavras-chave: Sindicatos dos Comerciários de Teresina. Horário. Imprensa.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 09
MOVIMENTOS SOCIAIS NA CONTEMPORANEIDADE: HISTÓRIAS DE LUTAS

A LUTA CONTINUA: A ADCESP E AS GREVES NA UESPI


Rosângela Assunção

A greve é uma forma de luta bastante utilizada pelos trabalhadores com o objetivo de conse-
guir o atendimento de suas reivindicações pelo Estado ou patronal. Ela é caracterizada pela
cessação do trabalho. Neste texto, tratamos do uso dessa estratégia pela Associação dos do-
centes da UESPI/ADCESP na luta pelos direitos dos docentes da instituição. A Adcesp, no perí-
odo de 2003 a 2012, realizou cinco greves docentes na UESPI. Na nossa análise, interessa o
estudo dessas greves a partir da característica do tipo de reivindicação que foi basicamente de
caráter econômico e político. Foi a partir dessas greves que o governo melhorou os salários
dos docentes, provocando uma valorização da categoria e de melhorias estruturais da IES.
Analisar as principais pautas de reivindicação dos docentes em greve; caracterizar as princi-
pais estratégias de mobilização utilizadas pela Adcesp para convencer os professores a aderi-
rem à greve. Para o estudo das greves, utilizamos análises de jornais locais de circulação esta-
dual como: O Dia e Diário do Povo; atas das assembleias do sindicato; ofícios expedidos pela
Adcesp e jornal produzido pelo sindicato, além de entrevistas com membros da diretoria da
Adcesp ao longo do período em estudo. Nas fontes, analisamos prioritariamente as estratégias
de mobilização e principais pautas de reivindicação dos docentes durante as greves. A análise
da documentação aponta para uma dificuldade da direção da Adcesp em conduzir as greves
devido a pouca adesão dos docentes sindicalizados. A estratégia da greve foi utilizada como
último recurso no processo de negociação com o governo, uma vez que esse dificultou marcar
audiências de negociação. As principais pautas em todas as greves analisadas teve a prepon-
derância de reivindicação econômica através das pautas de reajustes salariais e de melhoria
estrutural da UESPI. Também se lutou por concurso público para docentes. Mesmo assim, fo-
ram greves de pouca adesão. Embora o sindicato tenha utilizado vários meios de mobilização
dos docentes. Acreditamos que, embora a estratégia de greve se apresente como problemáti-
ca, devido à dificuldade de mobilização da categoria docente, ela ainda se torna uma estratégia
eficaz nessa luta contra o capital, Estado e seus representantes diretos como governador e
reitores da UESPI. Nas greves analisadas, o sindicato se mostrou combativo e persistente na
luta por direitos, não se deixou capitular pela pouca adesão às greves, conduziu o processo
com os poucos professores que abraçaram a luta e contou com o apoio dos estudantes da ins-
tituição que se apresentaram como grandes parceiros nessa luta por melhorias para docentes,
estudantes e instituição. As greves apresentaram bons resultados como a aprovação do plano
de cargos e salários dos docentes da UESPI; aprovação de eleições para reitor, diretores de
campus/centros e coordenadores de curso, concurso público para docentes, ampliando o
quadro.

Palavras-chave: ADCESP. Greves. Docentes.

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ST-10: Matizes da escravidão: sujeito escravo e experiências da conquista (séculos XVII a XIX)
Prof. Dr. Mairton Celestino da Silva (UFPI/ANPUH-PI)
Prof. Me. Reinaldo dos Santos Barroso Junior (UESPI/UEMA/SWP/NEAFRICA)

Este ST pretende discutir a experiência dos escravos e a conquista do território durante os séculos
XVII, XVIII e XIX. Entendemos que a conquista do espaço da América Portuguesa ocorreu com a ocupa-
ção dos espaços através do trabalho, ocupação e conquista engendrado pelas lógicas de trabalho do
mundo colonial e monárquico que se focam sobre a escravidão do nativo ameríndio e do escravo afri-
cano. Assim, as ações de conquista e a ocupação pelo trabalho escravo e os arquivos e documentos
usados no diálogo com esse passado é o foco desse ST.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

“BRANCAS PARA CASAR, MULATAS PARA FODER, NEGRAS PARA TRABALHAR:” O DIS-
CURSO ACERCA DA SEXUALIDADE NO CONTEXTO FAMILIAR APRESENTADO NA OBRA
CASA-GRANDE E SENZALA DE GILBERTO FREYRE
Carmina de Cassia das Chagas Silva, Isaac Gonçalves Souza

O presente trabalho é resultado de uma análise bibliográfica específica da obra Casa-Grande &
Senzala, de Gilberto de Mello Freyre, e de outras fontes analíticas da mesma, tendo como obje-
tivo principal enfatizar a maneira com a qual a sexualidade perpassou por entre as relações
existentes entre senhores e escravos, bem como a forma que esta é retratada no interior do
ensaio, dando ênfase especial ao processo de hibridismo racial como fator que favoreceu o
aparecimento da sexualidade, não esquecendo a presença dos aspectos sociais na vida cotidi-
ana da família colonial e ainda da figura da negra como predileta do português para a prática
do ato sexual. No intuito de corporificar este desígnio, atentou-se para o fato de a sexualidade
ser discursada durante o ensaio de Gilberto Freyre não como princípio da condição de vida no
Brasil em seu período colonial, nem tampouco como um fator que suaviza o processo de es-
cravidão (como mencionado em muitos discursos críticos da obra), mas como sendo um ele-
mento imprescindível para o contexto social e familiar da época, e que, portanto, não deveria
passar despercebido aos olhos de Freyre enquanto historiador e sociólogo. O processo meto-
dológico da pesquisa consistiu inicialmente na leitura e análise da obra Casa-Grande & Senza-
la, do autor em questão, para então realizar o mesmo procedimento analítico com textos críti-
cos sobre o ensaio, a fim de não permitir que o diagnóstico inicial se tornasse tendencioso,
considerando o fato de Casa-Grande & Senzala ser considerada por muitos autores uma obra
extremamente sexualizada. Para a discussão a cerca do conhecimento geral da obra, utilizou-
se como referencial teórico o ensaio de Araújo (2005), Freyre (2002) e Prado Jr (1942). Com
finalidade de estudos a respeito da sexualidade propriamente dita e ainda da mesma dentro
do espaço de tempo que compreende o período de colonização do Brasil e da América portu-
guesa, bem como de aspectos como a miscigenação e o processo de hibridação racial na histo-
riografia brasileira fez-se o uso de autores como Costa (2014), Gonçalves (2001) e Vainfas
(1999). O contexto e o ambiente social brasileiro no período colonial favorecia a atividade
sexual, os colonos que aqui chegavam quase sempre estavam desacompanhados de suas mu-
lheres, e a disponibilidade de escravas negras e índias para execução dessas práticas era e-
norme. Além disso, se o número de portugueses aqui presentes era – hiperbolicamente - infi-
nitamente inferior à quantidade de indígenas e negros a ponto de este aspecto comprometer o
desejo de “conquista” e dominação europeia, o sexo (com a finalidade da miscigenação e au-
mento da polução portuguesa) tornaria esta pretensão possível.

Palavras-chave: Sexualidade. Família. Miscigenação.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

ESCRAVIDÃO NO PIAUÍ: ESPECIFICIDADES LOCAIS


Jefferson Lucas Soares Maia, Joseanne Zingleara Soares Marinho

Odilon Nunes dizia não ter havido grande necessidade da utilização de mão de obra escrava
nas atividades produtivas no Nordeste do Brasil, inclusive no Piauí, devido ao caráter específi-
co da economia caracterizada pela incipiente participação dessa região no comércio exporta-
dor. A historiografia mais recente tem empreendido um revisionismo no tratamento da ques-
tão, na qual alguns pesquisadores demonstram a presença de escravos em território piauiense
durante o período colonial, embora com certas especificidades locais, com base na analise de
fontes primárias inovadoras, como jornais e inventários. Nesse sentido, a proposta é reforçar
que a escravidão existiu no Piauí de forma importante, e mais, que ela não foi branda como a
historiografia tradicional defendia, mesmo os escravos tendo direito à quarta e podendo de-
nunciar abusos cometidos pelos seus senhores, eles também articularam formas de resistir à
condição de cativos. Como metodologia desse trabalho, foram analisadas as obras de historia-
dores que se especializaram em tal abordagem, como: Brandão (1999), Vainfas (2006), Falci
(1875), Eugênio (2014), entre outros. Após a análise do trabalho pôde-se perceber que o pro-
cesso de escravidão no Piauí se apresentou de maneira diferente das demais regiões do Brasil,
devido ao modelo de atividade pecuarista. Os escravos atuavam em ofícios como: atividades
domésticas, fabricação de telhas, artesanatos e com a pecuária. Mesmo assim, não podemos
dizer que os escravos ficaram passivos diante desse processo de escravização, onde muitos
fugiam, suicidavam-se e matavam seus senhores, como forma de escapar de tal regime. A pre-
dominância era de escravos do sexo masculino, mas as mulheres também se fizeram presen-
tes, chegando a trabalhar até mesmo na atividade da pecuária. Dessa forma, concluiu-se que o
processo de escravização também se fez presente no Piauí, embora de maneira diferente, po-
rém ainda apresentando resistências e até mesmo crescimento no número de escravos. Além
disso, ao longo da pesquisa percebeu-se a importância de se aprofundar nos temas relaciona-
dos ao Piauí, como forma de traçar novos olhares a temas já abordados e, até mesmo, na busca
de novos temas até então ainda não analisados.

Palavras-chave: Escravidão. Características Locais. Revisão Historiográfica.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017


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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

HISTÓRIA DE VIDA NO TRABALHO BURGUÊS EM SOCIEDADE DE CORTE E ESCRAVO EM


CHARQUEADA (XVIII –XIX)
Francisca das Chagas Lopes Campos, Hernan Ramiro Ramirez

O presente artigo traz reflexão sobre as experiências de vida no trabalho de Antonio, escravo
do senhor Joaquim Rasgado, proprietário da charqueada onde o referido negro realizava a
“profissão importantíssima” de carneador. E faz uma breve comparação entre a vida de traba-
lho do escravo Antonio, com o músico austríaco Wolfgang Amadeu Mozart. Busquei tratar so-
bre os conflitos existenciais enfrentados por esses dois seres humanos: o primeiro se deu no
final do século XIX e o segundo no século XVIII. Norteiam o texto os estudos de Moreira
(2012) e Norbert Elias (1995). “Já que a desgraça assim queria”, Antonio, um feiticeiro, foi
sacrificado, acusado de curandeirismo, etnicidade e hierarquias sociais (Pelotas-RS, 1879).
Moreira apresenta a força de conflitos psicológicos e sociais na vida de indivíduos como Anto-
nio, que resistiam com as armas, onde também a “contratação de feitiços e mandingas” fazia
parte, na busca de soluções. O segundo, “Mozart: a sociologia de um Gênio” apresenta constru-
ção teórica que discute sobre a relação entre o indivíduo e a sociedade, suas distinções entre
diferentes sociedades e tempos históricos. Em um paralelismo à história do contraditório, An-
tonio, escravo pernambucano, viveu sua sina na charqueada de Joaquim Rasgado, em Pelotas,
na província do Rio Grande do Sul, século XIX. Quanto a Wolfgang Amadeus Mozart, homem
do século XVIII, nasceu em Salzburgo, na Áustria, e ali passou grande parte de sua vida, mas
passou seus últimos anos de vida nas cidades de Viena e Praga. Viveu apenas 35 anos de ida-
de. Antonio e Mozart, ambos tiveram infância especial. O primeiro viveu no regime escravista;
o segundo circulava em dois contextos: na burguesia, e na sociedade de corte. Sendo um Out-
sider, Mozart tinha dificuldade de se reconhecer burguês, e isto lhe causou dificuldades na
vida. Embora conhecido do público-alvo, nunca foi devidamente valorizado profissionalmente
pela corte. Mozart reconheceu suas potencialidades, além de saber que poderia ir muito mais
longe, desde que tivesse uma oportunidade. Entendeu que seria fácil conseguir emprego em
alguma orquestra de uma corte. Vagou nas cortes e não foi bem-sucedido na empreitada. Es-
perava progredir, ser reconhecido como o brilhante músico. Necessitava ser reconhecido co-
mo tal ali, na atualidade, junto à sociedade de corte, entrelaçado entre aristocratas e burgue-
ses. Nada disso aconteceu. Em 1900, o escravo Antonio encontrava-se cumprindo sua sina, em
regime prisional, e ainda faltando seis anos para findar a sua desgraça. E Wolfgang Amadeu
Mozart foi aclamado pela genialidade de sua obra, mas foi esquecido em razão do conservado-
rismo estético e moral de sua época. Ambiguidade que o acompanhou por toda sua vida e aca-
bou marcando o evento de sua morte Era dezembro de 1791, contava apenas 35 anos de ida-
de.

Palavras-chave: Charqueadas. Carneador. Músico e Compositor.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

SAMBAS, BATUQUES E BOIS: A REPRESENTAÇÃO DAS FESTAS NOS JORNAIS PIAUIENSES


DE 1870 A 1889
Aline da Silva Nacimento, Diego Marques

O presente trabalho é desdobramento da pesquisa de Mestrado em Estudos Étnicos e Africa-


nos PósAfro na Universidade Federal da Bahia em andamento, no qual trabalho com Festas
populares Negras. As festas são momentos onde se podem observar as rupturas, desigualda-
des e dissensos sociais, e mostrar como as desigualdades são ritualizadas. Esse trabalho tem
como objetivo analisar as representações das festas nos jornais piauienses do final do século
XIX, enfocando diferenças de classe e/ou raça existentes nessas festas e evidenciando a pre-
sença dos populares, sobretudo nos batuques e bois. O período monárquico é emblemático,
pois reflete um período de transformações significativas, a abolição, as transformações do
estado e a própria constituição dos limites sociais. As festas, nesse contexto adquiriam repre-
sentações diferentes de acordo com cada ocasião, tendo como exemplo as festas cívicas, que
tinha como objetivo representar uma monarquia forte, e um imenso sentimento de amor à
pátria. As festas de caráter popular eram organizadas geralmente pelas camadas mais pobres
da sociedade, podendo às vezes representar uma ameaça para as camadas mais altas da soci-
edade, tendo em vista que elas reuniam uma grande quantidade de indivíduos sendo negros
escravizados e libertos, além de pessoas brancas. Podendo assim ser fortalecido os laços soci-
ais e identitários. Para a pesquisa está sendo utilizadas notas de jornais, manchetes publicadas
nos jornais piauienses no período de 1870 a 1884. Esses jornais foram encontrados no acervo
do site Hemeroteca Digitais - portal de periódicos que disponibiliza livre consulta ao acervo
de - Jornais, revistas, anuários, boletins etc. – BNDigital e de publicações seriadas da Fundação
Biblioteca Nacionais de através da internet. A partir do mesmo é possível catalogar notícias
sobre as festas que aconteciam e eram anunciadas nesses jornais. Além outros elementos para
analisar as festas populares do período estudado, procurando entender os significados das
mesmas, onde aconteciam e quem eram seus frequentadores, a pesquisa trará contribuições
para se entender o Piauí não apenas no lado cultural, mas social. Pois esse é um momento em
que a sociedade está entrando em transformação e é propicio para reinvenção de tradições,
que segundo Hobsbawm (2008), é utilizado num sentido amplo, mas nunca definido. Pois in-
clui tanto as tradições realmente inventadas, construídas e formalmente institucionalizadas,
quanto às que surgiram de maneira mais difícil de localizar num período limitado e determi-
nado tempo. Pois se precisa criar novos mecanismos para explicar a sociedade já que os anti-
gos padrões não se encaixam nas novas estruturas.

Palavras-chave: Festa Popular. Sociedade. Imprensa.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

AS DROGAS DO SERTÃO: O PAPEL DOS MISSIONÁRIOS NO PROCESSO DE EXPLORAÇÃO


DOS BRAÇOS NATIVOS NO SERTÃO DO MARANHÃO EM MEADOS DO SÉCULO XVII
Esmeralda Lima da Silva, Reinaldo dos Santos Barroso Junior

Este trabalho é parte de pesquisa de iniciação cientifica desenvolvida com o apoio da Univer-
sidade Estadual do Maranhão (UEMA) sobre o tráfico de escravos e a transformação do traba-
lho escravo indígena em trabalho escravo africano na capitania do Maranhão em meados do
século XVIII. A partir desta pesquisa, pensamos a importância da fé no processo colonial, es-
tando intimamente ligada ao expansionismo e a evangelização missionária sobre os indígenas.
A mão de obra usada na exploração das riquezas da terra no processo de resgate das drogas
do sertão no Maranhão, em princípio, foi a dos nativos ameríndios de lógicas e formas de con-
vívio muito distintas dos novos habitantes que aqui chegavam. Nessas lógicas de exploração
do trabalho que os nativos iniciam levantamentos de resistência ao processo colonial em
guerras cada vez mais animosas. É nesse ponto que entra a figura do nativo, visto com um im-
pedimento à medida que ele procurou resistir à invasão e a usurpação de suas terras por par-
te dos conquistadores, começou a ser visto como inimigo da fé, impedindo a expansão do rei-
no de Deus. Se por um lado, temos a efetiva resistência ao processo pelas guerras declaradas
de indígenas, por outro, temos o pretenso “amansamento” de índios pela catequese que foi
usada como efetiva forma de dominação dissimulada tendo como principal agente os missio-
nários da Igreja Católica. Assim, esse trabalho, busca elencar as experiências dos escravos in-
dígenas no sertão do Maranhão, sobretudo as lógicas de exploração da mão de obra no pro-
cesso de resgate das drogas do sertão no Norte da América por parte do governo português.
No intuito de esmiuçar, o avanço do processo colonial na região, sobretudo por meio da ação
missionária que constantemente encontrava a resistência e o enfrentamento indígena em di-
ferentes espaços do Maranhão Colonial. Os “soldados da fé” tidos como os apaziguadores das
hostilidades ocasionadas em um momento de transformação das lógicas de trabalho no norte
do Brasil, pesquisa essa realizada a partir da documentação existente no arquivo Histórico
Ultramarino referente a temática proposta.

Palavras-chave: Escravidão Indígena. Drogas do Sertão. Missionários.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

DESCENDO O SERTÃO: O TRAFICO DE ESCRAVOS AFRICANOS PARA O SERTÃO DO MA-


RANHÃO NO TERCEIRO QUARTEL DO SÉCULO XVII
Thalita Costa Souza, Reinaldo dos Santos Barroso Junior

Este trabalho conta com o apoio da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA) e Fundação
de Amparo à Pesquisa e Desenvolvimento Científico do Maranhão (FAPEMA). O abastecimen-
to de escravos africanos para o Estado do Maranhão, por meio do tráfico é uma pratica indubi-
tável. O tráfico de escravos sustentava toda a região a partir de São Luís os escravos eram re-
distribuídos pelas fazendas e desciam os rios, chegando ao sertão. Os escravos possuíam valo-
res diferenciados e eram ofertados obedecendo lógicas de consumo locais. O sertão também
possuía suas peculiaridades no recebimento de escravos. Assim, sendo precisamos pensar
suas características, sua lógica de trabalho, seus espaços de consumo e valores. Esse trabalho
coopera no entendimento da necessidade de entrada de escravos no Maranhão e suas demais
peculiaridades quando destinados a serem escravos do sertão, no século XVII, sendo mais es-
pecifica de 1661 a 1673. Neste trabalho irei analisar o significado de destinar valores fixos aos
escravos do sertão vindo de Angola, Guiné e Cacheu a partir das Cartas 285; 429; 437 e 576 do
Arquivo Histórico Ultramarino – AHU, na qual tratam de pedidos de oficiais para entrada de
escravos e esclarecimentos para definição de valor para escravos do sertão tal como outros
pormenores oportunos.

Palavras-chave: Tráfico. Escravo do Sertão. Arquivo Histórico Ultramarino.

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SIMPÓSIO TEMÁTICO 10
MATIZES DA ESCRAVIDÃO: SUJEITO ESCRAVO E EXPERIÊNCIAS DA CONQUISTA (SÉCU-
LOS XVII A XIX)

MERCADORAS DE FEITIÇOS E SORTILÉGIOS: PROPRIETÁRIOS E ESCRAVIZADOS NA E-


CONOMIA DOS DONS SOBRENATURAIS NO SÉCULO XVII
Dimas Catai Santos Junior, Alan Santos Passos

Em 1696, o sumiço de uma canoa serviu como estopim de um escândalo que ganhou os ouvi-
dos e bocas dos mais diversos moradores da Ilha de Passé, na capitania da Bahia. Manoel de
Brito, pequeno lavrador do local, após perder seu tão estimado bem móvel resolveu apelar
para os dons sobrenaturais de Gracia, escrava de ganho pertencente a Paula Vieira. Habitantes
da Ilha de Maré, localidade próxima a da morada do contratante, os dons curativos e adivi-
nhatórios da dita escrava já conheciam fama local. Graças a eles – oferecidos aqueles que po-
diam pagar – conseguia conquistar algum pecúlio do qual a sua senhora retirava a parte que
lhe cabia. Empregar à magia como forma de acumular recursos não era uma novidade no im-
pério lusitano. Nas Ordenações Afonsinas compiladas em 1446 as práticas mágicas eram en-
caradas como crime passível de severa punição por contrariar os costumes católicos e os de-
sejos de Deus. Além disso, com o estabelecimento da Inquisição, o cerco contra os feiticeiros
tornou-se mais forte e a instituição tendeu a agir de maneira mais intensa contra este crime
em Portugal, condenando, inclusive, muitos dos sentenciados por estas faltas ao degredo para
partes remotas do império. Se não temos nenhuma novidade acerca das práticas ou da venda
de sortilégios e feitiços, por quais razões damos destaque ao caso relatado nos primeiros pa-
rágrafos? Para responder a esta pergunta chamaremos atenção para a relação estabelecida
entre a feiticeira e a sua proprietária. Gracia, diferente da maior parte das feiticeiras condena-
das por degredo em Portugal era uma escrava de ganho, ou seja, era propriedade de outrem
que podia limitar os seus movimentos, vendê-la ou simplesmente puni-la por suas faltas. Por
si só a escravidão representava uma novidade neste processo. Apesar da condição escrava ser
uma peculiaridade mais comum a partir dos finais do século XVII um outro fator merece ainda
mais destaque. Com o incremento do tráfico de escravizados para o Brasil em finais do século
XVI, chegava as terras da América lusitana um conjunto novas práticas de acesso e intermedi-
ação com o mundo sobrenatural classificadas pelo olhar cristão católico como feitiçaria. Essa
percepção ajudou no processo de incorporação de todo este universo africano ao conjunto de
ações mágicas largamente utilizadas desde antes da chegada destes povos. Neste artigo anali-
saremos as relações de trabalho estabelecidas entre feiticeiros escravizados, proprietários e
clientes no Brasil colonial de finais do século XVII e início do XVIII. Para tanto, usarei como
guia a denúncia realizada contra a escrava Gracia encontrada no Caderno do promotor e as
possíveis leituras que podemos fazer através deste documento.

Palavras-chave: Feitiçaria. Trabalho Escravo. Calundu.

ISBN: 978-85-8320-196-0 – v.1, n. 1, Teresina, 2017

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