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POLÍTICAS PÚBLICAS AMBIENTAIS

Profa. Dra. Maria Danise de Oliveira Alves


DEGRADAÇÃO X PERTUBAÇÃO AMBIENTAL

Sofreu distúrbios intensos


por isso NÃO POSSUI meios Sofreu distúrbios de menor
de regeneração natural. intensidade por isso POSSUI
meios de regeneração natural.
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981

DEGRADAÇÃO DA QUALIDADE AMBIENTAL (Artigo 3o. inciso II)

• Alteração adversa das características do meio ambiente


DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
A ação predatória sobre o meio ambiente sob diferentes formas,
destruindo os elementos que o compõem (ex. desmatamento),
contaminando-os com substâncias que lhes alterem a qualidade,
e/ou impedindo seu uso normal (poluição).
Atmosfera (ar, clima)
O impacto sobre um
compromete a saúde
ambiental do outro (direta ou
indiretamente)

Litosfera (solo)

Hidrosfera (rio, lagos, oceanos)


DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
SÁNCHEZ (2008, p. 27)

• A lei não evidencia se o causador da degradação é o ser humano


em si, uma consequência de atividade antrópica ou até mesmo
um fenômeno natural (ex.: um raio que atinge determinada
floresta e acaba por destruí-la por meio de um incêndio).

• O que fica explícito neste conceito é que a degradação ambiental


caracteriza-se como um impacto ambiental negativo.
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
• Caráter de adversidade, ou seja, negatividade!
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Causas históricas/atuais de degradação:
• Revolução industrial
• Capitalismo
• Consumismo
• Desemprego
• Antropocentrismo
DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
Degradação ambiental Economia

Percepção da
valoração dos “bens”
perdidos
DEGRADAÇÃO X IMPACTO
Uso errôneo dos termos técnicos científicos!

Impacto Ambiental (Resolução CONAMA nº 001 de 1986)


“Qualquer alteração das propriedades físicas, químicas ou
biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de
matéria ou energia resultante das atividades humanas, que
direta ou indiretamente afetem:

I. a saúde, a segurança e o bem-estar da população;


II. as atividades sociais e econômicas;
III. as condições estéticas e sanitárias do meio ambiente;
IV. a qualidade dos recursos ambientais.”
IMPACTO POSITIVO
• Forma errônea de empregar apenas como aspectos negativos
decorrentes de ação antrópica!

Desmatamento de mata ciliar Recuperação de mata ciliar


ATIVIDADES DE DEGRADAÇÃO AMBIENTAL
• Mineração;
• Uso intensivo do solo para fins agropecuários (herbicidas,
salinização, do solo, superpastejo, etc);
• Queimadas consecutivas;
• Desmatamento.
AÇÕES FÍSICAS DE DEGRADAÇÃO
• Solo compacto sem cobertura vegetal: impede que a água penetre,
causando o escoamento superficial, aumentando a erosão.
DESCARTE X POLUIÇÃO
Matéria orgânica: decomposição
Descarte
Poluição: sobras das atividades humanas - resíduos
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE
POLUIÇÃO (Artigo 3o., inciso III)
• A degradação da qualidade ambiental, resultante de atividades
que direta ou indiretamente:

a) prejudiquem a saúde, a segurança e o bem estar da população;


b) criem condições adversas às atividades sociais e econômicas;
c) afetem desfavoravelmente a biota;
d) afetem as condições estéticas ou sanitárias do meio ambiente; e
e) lancem matérias ou energia em desacordo com os padrões
ambientais estabelecidos;
POLUIÇÃO
• Essencialmente produzida pelo homem;
• Ligado aos processos de industrialização e consequente urbanização;
POLUIÇÃO
Poluição quanto ao seu meio receptor (visão fragmentada):
• Ar
• Água
• Solo
POLUIÇÃO
Legislações nacionais para combater ou controlar:
POLÍTICA NACIONAL DE MEIO AMBIENTE

POLUIDOR (Artigo 3o., inciso IV)

• A pessoa física ou jurídica, de direito público ou privado,


responsável direta ou indiretamente por atividade causadora de
degradação ambiental.
POLUENTES
Qualquer forma de material ou energia que produz impactos adversos
ao meio ambiente físico, biológico e social.

Fontes naturais

Fontes antropogênicas
FONTES POLUIDORAS
CRITÉRIOS DE CLASSIFICAÇÃO
EMISSÃO DAS FONTES

Pontual Difusa

fixas ou móveis identificáveis: poluição na praia, lixo nas


fábricas, hospitais, portos, ruas, fertilizantes carreados
domicílios, veículos. pela chuva.
POLUENTES

Primários

Diretamente emitidos por uma fonte


geradora, ou atingem o meio imediato
da forma como foram emitidos.
Secundários

Substâncias nocivas ao ambiente que


resultam da reação ou combinação de
poluentes primários ou destes com as
substâncias do meio receptor.
POLUENTES
POLUENTES
Lixo radioativo ou “lixo atômico”
• explosões nucleares - artefatos militares
• acidentes nucleares
• liberação e deposição de rejeitos radioativos

Radiação no mar de Fukushima passa


3.355 vezes o limite de segurança
POLUENTES
Rejeitos radioativos

Dumping
POLUENTES
Rejeitos radioativos

Problemas

3
1

2 4
POLUENTES
Deposição mundial de rejeitos radioativos

▪ Este barril, -
possivelmente radioativo,
chegou em terra na
Somália após o tsunami
de 2005.
▪ O tsunami "despertou
toneladas de resíduos
nucleares e tóxicos
descartados ilegalmente"
na costa da Somália.
AÇÕES GOVERNAMENTAIS
Efetividade da Gestão Ambiental pelos Governos

Baixa importância
ecológica e riqueza de
espécies
Escassez de recursos Poluição industrial

Ações governamentais corretivas e não preventivas!


AÇÕES GOVERNAMENTAIS
• Ações fragmentadas
• Medidas pontuais
• Pouca integração
• Baixa eficácia
POLÍTICAS GOVERNAMENTAIS
Década de 70: políticas públicas ambientais em vários países –
debates e acordos multilaterais

Questões ambientais de forma preventiva e articulada


POLÍTICA PÚBLICA AMBIENTAL

Conjunto de objetivos, diretrizes e instrumentos de ação que o Poder


Público dispõe para produzir efeitos desejáveis no meio ambiente.

Ex.: Plano diretor


POLÍTICA PÚBLICA AMBIENTAL
Instrumentos:
• Evitar novos problemas ambientais
• Eliminar ou minimizar os existentes
TIPOS DE INSTRUMENTOS

Instrumentos explícitos Instrumentos implícitos

Efeitos ambientais Efeitos ambientais alcançados


benéficos específicos indiretamente
INSTRUMENTOS
Exemplo:

Lei para Ordenamento de Trânsito:


• Evitar congestionamento
• Melhoria da qualidade do ar
• Redução dos ruídos
• Redução do uso de
combustíveis
INSTRUMENTOS EXPLÍCITOS
SERVIÇOS AMBIENTAIS
• Fornecidos pelas comunidades biológicas;
• Não consumidos pelo uso humano direto;
• Valor não consumista: de fácil cálculo
SERVIÇOS AMBIENTAIS
Valoração da polinização: valor estimado - cálculo
sobre o quanto a plantação tem seu valor
aumentado devido essa ação ou sobre quanto a
agricultura teria que pagar se estivesse que alugar
a “colmeia” de algum apicultor.
SERVIÇOS AMBIENTAIS
• Regulação da composição atmosférica;
• Ciclagem de nutrientes;
• Conservação dos solos;
• Qualidade da água;
• Fotossíntese;
• Decomposição;
• Polinização;
SERVIÇOS AMBIENTAIS
SERVIÇOS AMBIENTAIS
INSTRUMENTOS EXPLÍCITOS
INSTRUMENTOS DE COMANDO E CONTROLE
Ou Instrumentos de Regulação Direta:

Objetivam alcançar as ações que degradam o meio ambiente,


limitando ou condicionando (em benefício à sociedade):

• Uso de bens
• Realização de atividades
• Exercício de liberdades individuais
INSTRUMENTOS DE COMANDO E CONTROLE
Normas legais aos indivíduos e organizações:
• Proibições
• Restrições
• Obrigações
INSTRUMENTOS DE COMANDO E CONTROLE
Exemplos mais comuns: padrões ou níveis de concentração máximos
aceitáveis de poluentes

• Padrões de qualidade
• Padrões de emissão
• Padrões ou estágio tecnológico
PADRÃO DE QUALIDADE AMBIENTAL
• Níveis máximos admitidos para os poluentes constantes no
entorno do ambiente - ar, água e solo;
PADRÃO DE QUALIDADE AMBIENTAL

Índice de Qualidade do Ar (IQA)


PADRÃO DE QUALIDADE AMBIENTAL

Índice de Qualidade do Ar (IQA): dezembro/2013 a abril/2014


PADRÃO DE QUALIDADE AMBIENTAL
PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL
Qualidade da água
• A Resolução CONAMA 357/2005 estabelece as classes de qualidade
para as águas doces, salobras e salinas.

✓ Classe especial: condição


natural, sem lançamento de
efluentes, mesmo que
tratados;

✓ Classe 1: menores níveis;

✓ Classes 4 (águas-doces) e 3
(águas salobras e salinas):
maiores níveis de poluição.
PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL
PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL
PADRÕES DE QUALIDADE AMBIENTAL
PADRÃO DE QUALIDADE AMBIENTAL

• Médias aritméticas ou geométricas de concentração diária ou anual

80µg/m3

nível máximo de materiais particulados


em suspensão na atmosfera

Qualidade do ar normal: igual ou


abaixo desse nível
PADRÃO DE EMISSÃO
• Lançamentos de poluentes individualizados por fonte de emissão,
seja uma fonte fixa ou estacionária.

Fábricas
Hospitais
Armazéns
Lojas
Carros
Embarcações
Etc
PADRÃO DE EMISSÃO

• Quantidade máxima aceitável de cada tipo de poluente por fonte


poluidora (Ex.: 0,5mg/l de chumbo)
• Quantidade máxima por unidade de tempo (CO2 por dia, mês ou ano)
PADRÃO DE EMISSÃO
• Estabelecimento de exigências de desempenho de máquinas,
equipamentos e operações com o objetivo de reduzir a emissão
de poluentes específicos a um nível aceitável.
PADRÃO DE EMISSÃO

Estima-se que 5,3 teragramas


(Tg) de óxido nitroso sejam
emitidos pelo homem em um
ano (1 Tg é equivalente a 1
bilhão de kg).

Principais fontes humanas de emissão de óxido nitroso são a agricultura, indústria e


combustível fóssil, queima de biomassa, esgoto e aquicultura, sendo que a soma das três
últimas fontes não chega ao quanto a agricultura emite de óxido nitroso.
PADRÃO TECNOLÓGICO
• Controle da poluição por padrões tecnológicos a serem adotados
pelas fontes poluidoras.

Máquinas
Instalações
Ferramentas
Materiais
Avaliação de fornecedores
Métodos de inspeção
Roteiro de produção
Treinamento
PADRÃO TECNOLÓGICO
PADRÃO TECNOLÓGICO
PADRÕES TECNOLÓGICOS ADOTADOS
• Disponibilidade para todos os agentes produtivos
• Consultas com especialistas (fornecedores de tecnologia, responsáveis pelas unidades produtivas)

(BAT – Best Available Technology)

(BATNECC – Best Available Technology


Melhor Tecnologia Disponível Not Entailing Excessive Cost)

Brasil: padrões de qualidade e


emissão – BAT apenas na Melhor Tecnologia Disponível que
ausências desses padrões em Não Acarreta Custo Excessivo
normas legais

EUA e Europa
PADRÃO TECNOLÓGICO
INSTRUMENTOS DE COMANDO E CONTROLE

PADRÕES TECNOLÓGICO X PADRÕES DE EMISSÕES


• Ambos referem-se à fontes poluidoras individualizadas;
• Um estabelece níveis máximos de poluição para as fontes, sem
definir de que forma;
• Outro, o Poder Público restringe as opções e direciona a escolha
de equipamentos, instalações e práticas operacionais e
administrativas (uniformização)
INSTRUMENTOS ECONÔMICOS

Influência no comportamento das pessoas e organizações em


relação ao ambiente por meio de medidas que representam
benefícios ou custos adicionais para elas

Instrumentos fiscais Instrumentos de mercado


INSTRUMENTOS FISCAIS

Transferência de recursos entre agentes privados e o setor público

• Subsídios
Qual a diferença?
• Tributos
SUBSÍDIOS
• Qualquer tipo de renúncia ou transferência de receita dos entes
estatais em benefício dos agentes privados.

1. Promoção de ações ambientais


específicas;

2. Implementação de projetos de
controle e prevenção de poluição;

3. Substituição de recursos produtivos.


SUBSÍDIOS
• Isenções
• Reduções
• Diferimento de impostos
• Financiamentos em condições especiais
SUBSÍDIOS
SUBSÍDIOS
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
• Transferem recursos dos agentes privados para o setor público
em decorrência de alguma questão ambiental.

1. Impostos ambientais Defendidos pela Organização para


a Cooperação e o Desenvolvimento
2. Encargos ambientais Econômico - OCDE
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
Exemplos
• Tributação sobre emissões (encargos cobrados sobre a descarga de poluentes)
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)

Exemplos
• Tributação sobre a utilização de serviços públicos de coleta e
tratamento de efluentes;
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
Exemplos
• Tributação sobre os preços de produtos que geram poluição ao
serem utilizados em processos produtivos ou pelo consumidor
final (ex.: produtos derivados de petróleo, carvão, energia elétrica,
baterias, pneus, produtos que contém enxofre e CFCs);
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)

Exemplos
• Aerosóis e CFCs
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
Exemplos
• Tributação que incide sobre produtos supérfluos;
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
Exemplos
• Tributação baseada em alíquotas diferenciadas sobre produtos,
gravando-os de acordo com o seu grau de impacto ambiental, com
o objetivo de induzir a produção e consumo dos produtos mais
benéficos ao ambiente.
TRIBUTOS (OU ECOTAXAS)
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

Empresários: custo mínimo possível para maximização dos lucros

CUSTOS TOTAIS DA PRODUÇÃO DE BENS E SERVIÇOS

CUSTOS INTERNOS CUSTOS EXTERNOS

Empresa paga para Pagos pela sociedade


poder produzir e e futuras gerações
comercializar
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR
Externalidade: fenômeno externo ao mercado e que não afeta seu
funcionamento (impactos ao bem-estar de outras pessoas).
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

CUSTO SOCIAL
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

CUSTO SOCIAL
• Ação política pública coerente: forçar a internalização dos custos
sociais decorrentes da poluição por parte do poluidor;
• Poluidor estimulado a reduzir esses custos – melhorar o
desempenho ambiental.
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

Cobrança de um imposto ao poluidor é um modo de internalizar os


custos sociais no sistema de preço do poluidor, afetando desse modo
a demanda pelos seus produtos e a realização de lucros.

Dificuldade em determinar os custos externos


PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

Em situações de oligopólio ou monopólio, as empresas certamente


repassarão essa taxa aos consumidores.
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR

OBJETIVOS

Natureza fiscal – arrecadar receita


para custear os serviços públicos
ambientais, evitando que os
prejuízos causados pelos poluidores
privados recaiam sobre a sociedade;

Natureza extrafiscal – cumpre melhor


seu papel a medida que induz um
comportamento ambiental preventivo
por parte dos agentes privados.
PRINCÍPIO DO USUÁRIO-PAGADOR

Voltado para reduzir a exploração e o uso de certo recurso, como as


taxas cobradas pelo uso da água, dos derivados de petróleo e de
outros recurso naturais considerados escassos pelo Poder Público
PRINCÍPIO DO POLUIDOR-PAGADOR
Sistema Nacional de Gerenciamento de Recursos Hídricos – SINGREH

• Introduziu mecanismos econômicos, instituindo os conceitos


de poluidor-pagador e usuário-pagador.
• A água passa a ter valor econômico (pagamento de quem a
degrada e a utiliza).
ESTUDEM!

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