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Livro Eletrônico

Aula 00

Direito Civil p/ PGE-SP (Procurador do Estado)


Professor: Paulo H M Sousa
DIREITO CIVIL – PGE/SP
Teoria e Questões
Aula 00 – Prof. Paulo H M Sousa

AULA 00
TEORIA GERAL
(ITENS 3,4,5,7 E 8 DO EDITAL)

Sumário
Sumário .............................................................................................. 1
Direito Civil na Prova da PGE/SP .............................................................. 2
Cronograma de Aulas ............................................................................. 5
Metodologia do Curso............................................................................. 6
Apresentação Pessoal............................................................................. 8
Considerações Iniciais .......................................................................... 10
3 – PESSOA NATURAL. PESSOA JURÍDICA ............................................... 10
3.1 – Pessoa natural. Personalidade ..................................................... 10
3.2 – Pessoa jurídica ......................................................................... 13
3.2.1. Classificação das pessoas jurídicas.............................................. 14
3.2.2. Desconsideração da personalidade jurídica ................................... 19
4 – DOMICÍLIO ................................................................................... 24
5 – CAPACIDADE................................................................................. 27
7 – AUSÊNCIA .................................................................................... 31
8 – BENS ........................................................................................... 34
Questões ........................................................................................... 43
Questões sem comentários................................................................. 43
Gabaritos ........................................................................................ 55
Questões com comentários................................................................. 57
Legislação pertinente ........................................................................... 67
Jurisprudência e Súmulas Correlatas....................................................... 69
Considerações Finais ............................................................................ 71

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DIREITO CIVIL – PGE/SP
Teoria e Questões
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Direito Civil na Prova da PGE/SP


Hoje vamos iniciar o nosso Curso de Direito Civil para o Concurso da
Procuradoria Geral do Estado de São Paulo, a PGE/SP, focado na prova
objetiva, ainda sem data marcada.
Se você está acompanhando nossa aula demonstrativa e resolver
adquirir o pacote de Direito Civil ou o pacote integral do Concurso, você
já está um passo à frente da concorrência! Isso porque, como ainda não há
data marcada para a prova, mas tudo indica que ela será rea lizada no final
deste ano, enquanto muitos estão estudando para outros concursos, você já
está focado.
Segundo as informações que temos, das 318 vagas a serem preenchidas , nada
menos que 228 serão para os quadros de nível superior. Dessas, 180 vagas
serão destinadas para o cargo de Procurador do Estado, cuja
remuneração inicial da carreira é R$19.352,88.
O que nos deixa otimista quanto à realização da prova ainda em 2016 é que já
está prevista no orçamento do Estado de São Paulo dotação orçamentária
própria, em valores que superam os R$750 milhões (vide a Lei Complementar
nº. 16.083/2015). Ou seja, a prova só depende de autorização do Governo
Estadual, já contando com orçamento aprovado.
A última prova, realizada em 2012, foi elaborada pela Fundação Carlos Chagas
– FCC, e contou com 105 vagas para Procurador. Na primeira fase, objetiva,
que é o objeto central desse Curso, foram 90 questões que trataram dos
seguintes temas: Direito Administrativo, Direito Constitucional, Direito
Processual Civil, Direito Civil, Direito Previdenciário, Direito Ambiental, Direito
do Trabalho, Direito Processual do Trabalho, Direito Tributário, Direito
Financeiro, Direito Econômico e Direito Empresarial.
Quanto ao Direito Civil, tivemos 8 questões, o que significa
aproximadamente 10% da Prova! É muita coisa!

Questões

Di reito Ci vil
9%

Demais
91%

Direito Civil Demais

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E qual a razão de tamanha importância para o Direito Civil? Pela extensão da


matéria. Pra usar uma analogia rápida, imagine qual é o “maior dos Códigos”.
Assim, se você quer acertar as 7 questões e carimbar seu sucesso em quase
10% da prova (e ajudar em outras tantas), o Direito Civil é imprescindível!
Como fazer para saber o foco necessário para a prova? Nós analisamos
TODAS as questões de TODOS os últimos concursos das PGEs estaduais
(PGE/AC, PGE/AM, PGE/BA, PGE/GO, PGE/MA, PGE/MG, PGE/MT, PGE/PA,
PGE/PI, PGE/PR, PGE/RS, PGE/SP e outros), além de outros concursos de
Procuradoria, como PGFN, PGR, PGM (de alguns Municípios de provas mais
difíceis) e de outras carreiras jurídicas do mesmo nível, como Ministério
Público e Magistratura.
Ou seja, nosso foco é exatamente os concursos de nível superior que es t ão no
mesmo “nível” da PGE. Nosso foco é a matéria voltada à resolução das questões
que você precisa para obter a aprovação. Parte das questões ficará disponível
para você treinar, com o gabarito na sequência, e outra parte ficará comentada.
A quantidade de questões comentadas e de questões para exercício dependerá
da quantidade de questões que foram cobradas. Assim, em tópicos nos quais
temos quantidade grande de questões, como nas próximas aulas, teremos uma
quantidade de questões de treino maior, ao passo que nos tópicos nos quais
temos uma quantidade menor de questões, como Direito de Família, teremos
uma quantidade de questões de treino menor, com mais questões comentadas .
Como você verá, na próxima aula, sobre a teoria do fato jurídico,
teremos uma quantidade enorme de questões, o que torna esse um dos
temas quentes para estudar para a prova da PGE/SP. Fique ligado!
Analisando a última prova da PGE/SP, podemos visualizar, por alto, o que
esperar da próxima prova. Vou dividir o Direito Civil de uma maneira bem
tradicional, para você ter em mente o que caiu:
a. Pessoas, bens e fatos jurídicos (Parte Geral, Livros I, II e III);
b. Obrigações (Parte Especial, Livro I);
c. Contratos (Parte Especial, Livro I);
d. Responsabilidade Civil (Parte Especial, Livro I);
e. Coisas (Parte Especial, Livro III);
f. Família (Parte Especial, Livro IV);
g. Sucessões (Parte Especial, Livro V).
Com essa divisão, chegamos à seguinte conclusão estatística:

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Pessoas, bens e fatos


jurídicos
3
2.5
Sucessões 2 Obrigações
1.5
1
0.5
Questões da 1ª Fase (2012)
0

Família Contratos

Coisas Responsabilidade Civil

Podemos observar desse gráfico que na última prova da PGE/SP, de 2012,


tivemos um foco bastante grande nas questões da Parte Geral, que
envolve pessoas, bens e fato jurídico. Tivemos uma questão que era mis t a, de
Família e Sucessões; e não tivemos nenhuma questão de Responsabilidade
Civil.
A explicação para isso é óbvia: as questões de Responsabilidade Civil, numa
prova de PGE, se relacionam com a Responsabilidade Civil do Est ado, pelo que
ficarão elas agrupadas dentro do Direito Administrativo, e não dentro do Direit o
Civil, cujo foco é o Direito Privado, apesar de o CC/2002 estabelecer as linha
gerais da disciplina.
No que tange às última modificações legais que tivemos, é de se esperar que o
examinador traga questões que envolvam um tema relevante e extremamente
novo: o Estatuto da Pessoa com Deficiência (Lei 13.146/2015), que
entrou em vigor há poucos meses. Igualmente, o NCPC trouxe algumas
modificações no CC/2002, pelo que é de se esperar que ele também seja
cobrado, para averiguar se o candidato anda ligado nas recentes mudanças
legislativas.
Nós, obviamente, ao longo do curso, vamos chamar sua atenção para essas
mudanças, para que você não perca os detalhes, que, por vezes, podem ser
cobrados na sua prova.
O foco é importante. Tão importante que nós também vamos guiar os seus
estudos de maneira focada. Como? Nosso Curso foi desenhado especificamente
em cima do Edital da última prova da PGE/SP. É de se esperar que o Edital da
sua prova não mude muita coisa em relação àquele, dado que tive mos
pouquíssimas mudanças de grande impacto na legislação civil desde aquele
concurso. No entanto, se tivermos alguma mudança, nós te avisaremos, para
que você preste atenção e não deixe algum detalhe passar batido!

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Por isso, como você poderá ver ao longo das aulas e como poderá ver já nes t a
aula, os itens das nossas aulas CORRESPONDEM EXATAMENTE AOS
ITENS DO EDITAL, inclusive na numeração. Assim você poderá
ACOMPANHAR EXATAMENTE A MATÉRIA QUE CONSTARÁ DO
CONCURSO, SEM ESTUDAR TEMAS DESNECESSÁRIOS E SEM PERDER OS
NECESSÁRIOS. Nosso Curso foi pensado e desenvolvido na medida para
você!
Assim, em vista das informações que levantamos desenvolveremos um Curso
objetivo e direto, com base nos assuntos mais cobrados em prova.

Cronograma de Aulas
O nosso Curso compreenderá um total de 15 aulas, além desta aula
demonstrativa. Como vocês podem perceber as aulas são distribuídas para que
possamos tratar cada um dos assuntos com tranquilidade, transmitindo
segurança a vocês para um excelente desempenho em prova.
Elas ficarão distribuídas conforme cronograma abaixo:

AULA DATA CONTEÚDO

Pessoas e bens (3, 4, 5,


00 10/05/2016
7, 8)

Fato jurídico. Prescrição


01 25/05/2016
e decadência (9, 10, 11)

02 08/06/2016 Obrigações I (12)

03 22/06/2016 Obrigações II (12)

04 06/07/2016 Contratos I (13)

05 13/07/2016 Contratos II (13)

06 20/07/2016 Contratos III (13)

Responsabilidade Civil
07 10/08/2015
(14)

08 17/08/2015 Direito das coisas I (17)

Direito das coisas II (18,


09 24/08/2016
19, 21)

10 14/09/2016 Direito das coisas III

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(20, 27, 28, 29)

Direito de família I (22,


11 21/09/2016
23)

12 28/09/2016 Direito de família II (24)

Direito das sucessões


13 12/10/2016
(25)

Direitos da personalidade
14 19/10/2016
e do autor (6)

Direito intertemporal e
15 26/10/2016
hermenêutica (1, 2)

Você pode reparar que os itens 15, 16, 26, 28, 29, 30 e 31 estão ausentes.
Significa que você não os verá? Absolutamente não. Como eu te disse, nosso
Curso é focado no Edital da PGE/SP. Por isso, achamos melhor inserir esses
itens em outras disciplinas: Direito Empresarial, Direito do Consumidor e Ética e
Deontologia Jurídica, pois são itens que, a despeito de estarem contidos na
ementa de Direito Civil, são mais afeitos a essas disciplinas. Como sempre,
queremos otimizar seus estudos, sempre!
Eventuais ajustes de cronograma poderão ser realizados por questões didáticas
e serão sempre informados com antecedência.

Metodologia do Curso
Vistos esses aspectos iniciais referentes ao concurso, vamos tecer algumas
observações prévias importantes a respeito do nosso Curso:
PRIMEIRA, como a disciplina e conteúdo são vastos vamos priorizar os
assuntos mais recorrentes e importantes para a prova. Desse modo, os
conceitos e informações apresentados serão objetivos e diretos, visando à
resolução de provas objetivas.
SEGUNDA, serão utilizadas, ao longo do curso, as questões do último concurs o
da PGE/SP, de 2012, além das demais provas que mencionamos acima. NOSSO
INTUITO SERÁ, PORTANTO, FOCAR EXCLUSIVAMENTE NO EDITAL DO
SEU CONCURSO PARA QUE SUA PREPARAÇÃO SEJA 100%!
É bom registrar que todas as questões do material serão comentadas de
forma analítica. Sempre explicaremos o porquê de a assertiva estar correta
ou incorreta. Isso é relevante, pois o aluno poderá analisar cada uma delas,
perceber eventuais erros de compreensão e revisar os assuntos tratados.
TERCEIRA, os conteúdos desenvolvidos observarão a doutrina mais abalizada à
prova atualmente. Além disso, dado o conteúdo exigido nas questões,
levaremos em consideração especialmente a legislação pertinente e, se

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necessário, o posicionamento dos tribunais superiores, notadamente do


STJ, a respeito dos temas. Essa é a nossa proposta!
As aulas em .pdf têm por característica essencial a didática. Vamos abordar
assuntos doutrinários, legislativos e jurisprudenciais com objetividade,
priorizando a clareza, para facilitar a absorção.
Isso, contudo, não significa superficialidade. Pelo contrário, sempre que
necessário e importante os assuntos serão aprofundados de acordo com o
nível de exigência das provas anteriores.
Para tanto, o material será permeado de esquemas, gráficos
informativos, resumos, figuras, tudo com o fito de “chamar
atenção” para os conteúdos que possuem relevância para a prova.
Sempre que houver uma “corujinha” no material redobre a
atenção.
Sugere-se acompanhar as aulas com a legislação pertinente. Citaremos, por
razões óbvias, apenas os dispositivos mais relevantes , dado o volume enorme
de legislação que existe no Direito Civil.
Outro aspecto muito importante dos nossos cursos é a possibilidade de contato
direto e permanente com o Professor. Temos um fórum de dúvidas, por
intermédio do qual o aluno poderá manter contato com o Professor. Durante o
estudo dos materiais, podem surgir dúvidas ou dificuldades de compreens ão. É
direito do aluno e dever do Professor atendê-lo.
Foco, objetividade e didática conduzirão todo o nosso curso.

Destaque das principais aspectos de cobrança em


prova.
CARACTERÍSTICAS DO

Utilização de recursos didáticos (esquemas, quadros,


resumos, gráficos).
CURSO

Questões comentadas analíticamente.

Material objetivo

Fórum de Dúvidas

Por fim, nossas aulas seguirão uma estrutura padronizada. Haverá uma parte
inicial, onde abordaremos os assuntos que serão tratados, informações sobre
aulas passadas (tais como esclarecimentos, correções etc.). Em seguida,
teremos a parte teórica da aula, permeadas por questões.
Por fim, além da lista de questões apresentadas, da legislação e juris prudência
correlatas, faremos o fechamento da aula, com sugestões para a revisão e dicas
de estudo.
Vejamos a estrutura das aulas:

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•Observações sobre aulas passadas, eventuais


CONSIDERAÇÕES INICIAIS
ajustes e assuntos a serem estudados

•Teoria, questões comentadas, esquemas e


AULA gráficos explicativos, legislação pertinente,
doutrina e jurisprudência

•Questões "secas", sem comentários, para você


QUESTÕES treinar, o gabarito, para que você possa rever o
conteúdo e as questões comentadas

•Observações quanto a elementos pontuais da


LEGISLAÇÃO PERTINENTE
legislação, para você gravar

•Análise de jurisprudência e entendimentos


JURISP. E SÚMULAS
sumulares, quando pertinentes

•Dicas e sugestões de estudo e informações sobre


CONSIDERAÇÕES FINAIS
a próxima aula.

Apresentação Pessoal
Por fim, resta uma breve apresentação pessoal. Meu nome é Paulo H M Sous a.
Sou graduado e Mestre em Direito pela Universidade Federal do Paraná (UFPR).
Atualmente, sou Doutorando em Direito pela mesma Instituição e visiting
researcher no Max-Planck-Institut für ausländisches und internationales
Privatrecht, em Hamburgo/Alemanha.
Estou envolvido especificamente com concursos há algum tempo. Atualmente,
sou o responsável pelo Curso de Direito Civil para a Primeira e Segunda Fases
da OAB do Estratégia Concursos. Produzo tanto o material em pdf quanto as
videoaulas para essas provas desde quando o Estratégia Concurs os lançou
esses cursos. Igualmente, leciono Direito já há 6 anos. Desde então exerço a
advocacia e me dediquei à docência, profissões que exerço ainda hoje.
Leciono as disciplinas de Direito Civil, desde a Introdução ao Direit o Civil at é o
Direito das Sucessões, e de Bioética, na graduação e na pós -graduação em
Direito em diversas instituições privadas. Recentemente empreendemos o
projeto das Carreiras Jurídicas aqui no Estratégia e eu me tornei o res pons ável
pela área do Direito Civil.
Deixarei abaixo meus contatos para quaisquer dúvidas ou sugestões. Será um
prazer orientá-los da melhor forma possível nesta caminhada que se inicia hoje.
Sempre que precisar, utiliza um desses canais de comunicação, o que for mais
fácil e conveniente para você:

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prof.paulosousa@yahoo.com.br

https://www.facebook.com/PauloHenriqueSousa

Fórum de Dúvidas do Portal do Aluno

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AULA 00 – TEORIA GERAL DO DIREITO CIVIL:


PESSOAS E BENS

Considerações Iniciais
Na aula de hoje vamos tratar dos conceitos iniciais de Direito Civil, com
algumas noções introdutórias importantes para a compreensão da Parte Geral
do Código.
Além dos conceitos mais abrangentes, passaremos pelas noções que formam a
==0==

base de compreensão dos demais institutos de Direito Civil, que costumam cair
com grande frequência nas provas. Embora pareça apenas introdutória, esta
aula representa parcela significativamente importante da matéria, com a
abordagem de temas exigidos em provas anteriores das Procuradorias.
Só para você ver, na última prova da PGE/SP, das 8 questões de Direito
Civil, tivemos 3 questões envolvendo o tema “Pessoas, Bens e Fato
Jurídico”. Hoje analisaremos a primeira parte desse conteúdo (itens 3, 4, 5, 7
e 8 do Edital), dando continuidade a ele (itens 9, 10 e 11 do Edital), na aula
que vem.
Só pra você saber, após o levantamento que fiz em relação às questões das
PGEs e outras Procuradorias (PGMs, PGR, PGFN), A PARTE GERAL DO
CÓDIGO CIVIL É A QUE TEM, DISPARADO, O MAIOR NÚMERO DE
QUESTÕES NAS PROVAS. Por isso, nessas duas aulas, fique atento!

3 – PESSOA NATURAL. PESSOA JURÍDICA


3.1 – Pessoa natural. Personalidade
O termo “pessoa” vem do latim persona, que era a máscara teatral utilizada
para empostar a voz durante a apresentação. Na perspectiva positivista, ser
humano e pessoa são conceitos distintos, ainda que tenham um espaço de
confusão.
É possível, portanto, haver pessoa que não é ser humano e ser humano que
não é pessoa. Como? A resposta à primeira parte da pergunta ainda pode ser
dada atualmente. Uma empresa, apenas de não ser humana, é considera uma
pessoa. A resposta à segunda parte da pergunta já não é mais possível, dado o
fim da escravidão. Porém, até 1888, determinados seres humanos não eram
considerados pessoas, mas bens.
Mas, o que é ser humano? A resposta a essa pergunta não está no mundo
jurídico, porque esse conceito não é um conceito jurídico, é um conceito
biológico, médico e histórico-sociológico.

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O Direito Civil, portanto, não se preocupa com essa divisão entre humano e
não-humano, mas com outra distinção: sujeitos e objetos. Aí é que o conceito
de Pessoa Jurídica pode ser entendido, pois somente as pessoas são
consideradas sujeitos, ainda quando não sejam humanas.
Cria-se, assim, a categoria de sujeito de direito: “Sujeito de direito é quem
participa da relação jurídica, sendo titular de direitos e deveres”. Esse
conceito da doutrina parte do art. 1º do CC/2002, que estabelece que “Toda
pessoa é capaz de direitos e deveres na ordem civil”.
A pessoa, portanto, é um estado jurídico de potência em relação ao direit o, ou
seja, a possibilidade de ser titular de direitos e obrigações. Não há, portanto,
um sujeito sem direitos ou direitos sem sujeito que os titularize, por lógica.
Atualmente, porém, a tendência é confundir os conceitos, pois todo ser humano
é também pessoa e, consequentemente, sujeito de direito.

Pessoa
Ser humano
Física/Natural
Sujeito de
Direito
Pessoa
Coisa/Bem
Jurídica

A personalidade é “a possibilidade de alguém participar de relações


jurídicas decorrente de uma qualidade inerente ao ser humano, que o
torna titular de direitos e deveres”. 1 Segundo Francisco Amaral, a
capacidade é, portanto, uma qualidade intrínseca da pessoa.
O autor parte da concepção naturalista, lecionando que a personalidade é
uma qualidade intrínseca, própria, do ser humano. Se partirmos da concepção
formalista, a qualificação jurídica que transforma o ser humano em pessoa é
exatamente a personalidade.
Assim, podemos dizer que a personalidade é a sombra de um ser humano
projetado através de um vidro e esse vidro é o Direito. A personalidade é,
assim, um valor, um princípio jurídico fundamental.

1
Segundo AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2014.

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Concepção naturalista

Personalidade

Ser humano Pessoa

Concepção formalista

Ser humano Personalidade Pessoa

De outro lado temos a capacidade. É possível que alguém tenha


personalidade, mas não plena capacidade; ou, ao contrário, que alguém
tenha capacidade sem plena personalidade. No primeiro caso temos os
menores de 16 anos, que têm personalidade, mas não têm capacidade,
segundo estabelece o art. 3º, inc. do CC/2002. Já no segundo caso temos as
Pessoas Jurídicas, que têm plena capacidade, mas não tem plena
personalidade, especialmente em relação aos direitos de personalidade que s ão
próprios das pessoas humanas (direito de disposição do corpo, direito de voz,
direito à liberdade religiosa etc.)
A capacidade é a medida da personalidade. Pode-se fazer uma analogia
com um copo: a personalidade é o copo, a capacidade é a marcação desse
copo. Alguns têm um copo pequeno, com poucas marcações de medida e pouca
capacidade; outros possuem um copo grande, com muitas marcações e grande
capacidade.
Por isso, pode-se ser mais ou menos capaz, mas nunca mais ou menos
pessoa. A capacidade é “manifestação do poder de ação implícito no conceito
de personalidade”. 2

Personalidade

Capacidade

2 Segundo AMARAL, Francisco. Direito Civil: introdução. 8ª Ed. Rio de Janeiro: Renovar, 2014.

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3.2 – Pessoa jurídica


Mas, o que é pessoa jurídica? As pessoas jurídicas são entidades que
conglobam seres humanos, bens ou ambos, seres humanos + bens. Elas
são aptas a titularizar relações jurídicas de maneira bastante ampla e, por is s o,
as pessoas jurídicas têm personalidade jurídica, como as pessoas físicas ou
naturais.
E quais são as características da pessoa jurídica? Depende do autor que você
escolher, mas podemos indicar, a partir de diversas obras, as seguintes, mais
importantes do ponto de vista prático:
a. Capacidade de direito e capacidade de fato;
b. Estrutura organizativa artificial;
c. Objetivos comuns dos membros que a formam;
d. Patrimônio próprio e independente dos membros que a formam;
e. Publicidade de sua constituição, dado que, diferente da pessoa física, a pessoa jurídica
não tem nascimento físico.

Quais são as características da Pessoa Jurídica?

Capacidade fática e jurídica

Estrutura organizativa

Objetivos comuns dos membros

Patrimônio próprio e independente

Publicidade de constituição

Segundo a Teoria da Realidade Técnica, adotada pelo CC/2002, a pessoa


jurídica resulta de um processo técnico, a personificação, que depende
da lei. Assim, a pessoa jurídica é assim uma realidade, ainda que produzida
pelo Direito, a partir de uma forma jurídica. Essa teoria, por conta do
Positivismo Jurídico, é a teoria mais aceita no mundo.
Atualmente, ela se encontra no art. 45 do CC/2002, que assim dispõe:
Começa a existência legal das pessoas jurídicas de direito privado com a inscrição do ato
constitutivo no respectivo registro, precedida, quando necessário, de autorização ou
aprovação do Poder Executivo, averbando-se no registro todas as alterações por que
passar o ato constitutivo.

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Ou seja, cumpridos os atos exigidos por lei, a pessoa jurídica passa a


existir, como se pessoa fosse (no sentido de “ser humano”).
A esse processo se dá o nome de personificação, que nada mais é do que dot ar
de personalidade jurídica algo que não tem personalidade ainda, para que es s e
“algo” possa se tornar uma pessoa. Ou seja, a
personificação constitui a pessoa jurídica. Pode ser
um ser humano, que ainda não é pessoa, lembre-se, por
só se tornar pessoa após o nascimento com vida, s egundo
o art. 2º do CC/2002. Ou pode ser um aglomerado de seres humanos, bens ou
ambos, seres humanos + bens, que precisa de um “processo de personificação”
para se tornar algo diferente do que realmente é.

PGE/MT – 2011
35. O registro da pessoa jurídica no órgão competente tem eficácia
(A) resolutiva.
(B) declaratória.
(C) rescisória.
(D) discriminatória.
(E) constitutiva.
Comentários
Em realidade, a resolução dessa questão não demanda análise detalhada de
cada um dos itens. Como dissemos acima, o registro serve para “criar” a pessoa
jurídica. Qual o sinônimo de “criar”? Constituir! Logo, a alternativa E está
correta.
O registro não resolverá (“acabará, destruirá”), não declarará (se fosse
“declarar” a pessoa jurídica, ela já deveria existir previamente, mas ela só
existe com o registro), não rescindirá (“desconstituirá”) e não discriminará
(“especificará, detalhará”) a pessoa jurídica.
Diferentemente da pessoa física/natural, é possível anular o “nascimento”
de uma pessoa jurídica. Isso se descumpridos os requisitos legais de
sua instituição. É o que estabelece o art. 45, parágrafo único do CC/2002:
Decai em três anos o direito de anular a constituição das pessoas jurídicas de direito
privado, por defeito do ato respectivo, contado o prazo da publicação de sua inscrição no
registro.

3.2.1. Classificação das pessoas jurídicas


Quais são as pessoas jurídicas trazidas pelo CC/2002? São dois grupos, as
pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado,
conforme dicção do art. 40 do CC/2002. As pessoas jurídicas de direito público
são regidas por regime jurídico de direito público, típico do Direito

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Administrativo, e as pessoas jurídicas de direito privado são regidas por regime


jurídico de direito privado, típico do Direito Civil/Empresarial.
Os arts. 41 e 42 do CC/2002 classificam as pessoas jurídicas de direit o público
da seguinte forma:
PJ de Direito Público
PJ de Direito Interno
Externo

União Estados da
comunidade
internacional
Estados

Demais pessoas
regidas pelo Direito
Municípios Internacional Público

Distrito
Federal

Territórios

Autarquias

Associações
Consórcios

Cuidado com o art. 41, parágrafo único! As pessoas


jurídicas de direito público interno que tiverem
estrutura de direito privado serão regidas pelas
regras do Direito Privado. Ou seja, apesar de serem
públicas são tratadas como se privadas fossem. Ainda assim, há diferenças,
analisadas pelo Direito Administrativo, que não nos interessam aqui.
O art. 44 do CC/2002 classifica as pessoas jurídicas de direito privado da
seguinte forma:

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2. Sociedades (art. 44, inc. II): são a reunião de


1. Associações (art. 44, inc. I): são pessoas
pessoas e bens ou serviços com objetivo
jurídicas de direito privado formadas para fins
econômico e partilha de resultados, ou seja, têm
não econômicos;
natureza eminentemente lucrativa;

4. Organizações religiosas (art. 44, inc. IV): têm


por objetivo a união de leigos para o culto
3. Fundações (art. 44, inc. III): são um complexo
religioso, assistência ou caridade. Por isso, não
de bens. Curiosamente, são pessoas jurídicas
sem quaisquer pessoas físicas/naturais em sua podem ter fim econômico, segundo estabelece
o art. 53 do CC/2002. Sua criação, organização e
composição;
funcionamento não podem sofrer intervenção
estatal (art. 44, § 2º);

5. Partidos políticos (art. 44, inc. V): são


associações com ideologia política, cujos
membros se organizam para alcançar o poder e
6. Empresas individuais de responsabilidade
satisfazer os interesses de seus membros. Os limitada - EIRELI (art. 44, inc. VI);
partidos, apesar de serem pessoa jurídicas de
direito privado, regem-se pela legislação
eleitoral específica (art. 44, § 3º);

7. Sindicatos (art. 8º, inc. VII da CF/1988 e art.


511 da CLT): são associações de defesa e 8. OSCIPs (art. 1º da Lei nº. 9.790/1999): são
coordenação dos interesses econômicos e organizações da sociedade civil de interesse
profissionais de empregados, empregadores e público;
trabalhadores autônomos;

10. Sociedades de economia mista: art. 5º, inc.


9. Empresas públicas: art. 5º, inc. II do Decreto- III do Decreto-Lei 200/1967, sempre
Lei 200/1967, sempre com patrimônio próprio constituídas sob a forma de S.A. e com maioria
e capital exclusivo da União; do capital votante público (União ou
Administração Indireta);

11. Organizações Sociais (art. 1º da Lei nº. 12. Cooperativas (art. 1º da Lei nº. 5.764/1971):
9.637/1998): são organizações cujas atividades conglomerado de pessoas que reciprocamente
sejam dirigidas ao ensino, à pesquisa científica, se obrigam a contribuir com bens ou serviços
ao desenvolvimento tecnológico, à proteção e para o exercício de uma atividade econômica,
preservação do meio ambiente, à cultura e à de proveito comum, sem objetivo de lucro. Elas
saúde; também podem ser públicas.

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PGE/AC – 2014
36 – Não são pessoas jurídicas de direito privado:
(A) as associações.
(B) os partidos políticos.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as autarquias.
Comentários
Essa era uma questões bem decoreba. Ela poderia confundir um pouco mais em
relação ao item C, já que a sociedade de economia mista é titularizada, em
larga medida, pelo Estado, o que dá a ela um ar “público”.
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 44, inc. I.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 44, inc. V.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 5º, inc. III do Decreto-Lei
20/1967;
A alternativa D está correta, conforme o art. 41, inc. IV.
Como disse mais acima, o nascimento da PJ depende de um ato formal, já que
ela “naturalmente” não existe. Esse ato é o registro do ato constitutivo,
consoante regra do art. 45 do CC/2002. Mas, o que é necessário para o
registro? O art. 46 do CC/2002 estabelece quais são os requisitos gerais do
registro, em seus incisos:
I - a denominação, os fins, a sede, o tempo de duração e o fundo social, quando houver;
II - o nome e a individualização dos fundadores ou instituidores, e dos diretores;
III - o modo por que se administra e representa, ativa e passivamente, judicial e
extrajudicialmente;
IV - se o ato constitutivo é reformável no tocante à administração, e de que modo;
V - se os membros respondem, ou não, subsidiariamente, pelas obrigações sociais;
VI - as condições de extinç ão da pessoa jurídica e o destino do seu patrimônio, nesse
caso.

Cumpridos esses requisitos, a pessoa jurídica “nasce”, adquire personalidade e


passa a ter autonomia completa, desde que seus administradores exerçam seus
poderes nos limites de seus poderes definidos no ato constitutivo, na dicção do
art. 47.
O art. 52, por fim, traz dicção bastante polêmica.
Consolidou-se o entendimento de que os direitos da
personalidade eram parte subjetiva da própria
personalidade, pensada, na corrente formal, para ser a
qualificação jurídica do ser humano, transformando-o em pessoa. Partindo

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dessa premissa, o art. 52 estabelece que se aplica às pessoas jurídicas,


no que couber, a proteção dos direitos da personalidade. A extensão
dos direitos da personalidade à pessoa jurídica depende, obviamente,
da possibilidade de a pessoa jurídica poder ser titular de determinados
direitos e obrigações.
O Código detalha diversas espécies de pessoas jurídicas. Algumas delas, porém,
são próprias do estudo do Direito Empresarial, pelo que não vamos nos deter
nelas. Duas delas, no entanto, estão tratadas na Parte Geral do Código, pelo
que sua prova pode questionar algum aspecto relevante nesse sent ido. Vamos
ver cada uma delas
1. Associações
As associações são pessoas jurídicas de direit o privado formadas para fins não
econômicos, conforme estabelece o art. 53 do CC/2002.
No entanto, pode a associação ter lucro? Pode ela exercer atividades
produtivas? Pode, mas o objetivo da associação não pode ser a distribuição
de lucro social, exatamente o contrário de uma sociedade. Se há
distribuição de lucro, portanto, trata-se de uma sociedade, e não de uma
associação.
Os requisitos da associação encontram-se no art. 54:
I - a denominação, os fins e a sede da associação;
II - os requisitos para a admissão, demissão e exclusão dos associados;
III - os direitos e deveres dos associados;
IV - as fontes de recursos para sua manutenção;
V - o modo de constituição e funcionamento dos órgãos deliberativos e administrativos;
V – o modo de constituição e de funcionamento dos órgãos deliberativos;
VI - as condições para a alteração das disposições estatutárias e para a dissolução.
VII – a forma de gestão administrativa e de aprovação das respectivas contas.

Todos esses requisitos devem estar contidos no Estatut o Social. Es s e Es t at ut o


pode prever categorias de associados com vantagens especiais, mas todos eles
devem ter iguais direitos (art. 55 do CC/2002). Por isso, nenhum associado
poderá ser impedido de exercer direito ou função, a não ser nos casos e
pela forma previstos na Lei ou no Estatuto (art. 58 do CC/2002).
O Estatuto ainda tem de prever normas de admissão e a possibilidade de
demissão dos associados. A exclusão do associado, assim, só é admissível se
houver justa causa, assim reconhecida em procedimento que assegure direito
de defesa e de recurso, nos termos previstos no Estatuto, conforme est abelece
o art. 57.
Ele deve prever, ainda, os órgãos deliberativos e os administradores. Em regra,
tais previsões podem ser feitas livremente, desde que se obedeça a alguns
limites legais.
2. Fundações

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As fundações são um complexo de bens, ou seja, são pessoas jurídicas sem


quaisquer pessoas físicas/naturais em sua composição. Ela, assim, configura o
caso mais explícito da concepção formal de pessoa, bem como da Te oria da
Realidade Técnica.
O objetivo das fundações é sempre público, apesar do caráter privado
que possuem. Esses objetivos podem ser assim resumidos, segundo o art . 62
do CC/2002:
I – assistência social;
II – cultura, defesa e conservação do patrimônio histórico e artístico;
III – educação;
IV – saúde;
V – segurança alimentar e nutricional;
VI – defesa, preservação e conservação do meio ambiente e promoção do
desenvolvimento sustentável;
VII – pesquisa científica, desenvolvimento de tecnologias alternativas, modernização de
sistemas de gestão, produção e divulgação de informações e conhecimentos técnicos e
científicos;
VIII – promoção da ética, da cidadania, da democracia e dos direitos humanos;
IX – atividades religiosas.

Na instituição da fundação, seu instituidor deve designar o patrimônio que a


compõe. Quando, porém, insuficientes os fundos para constituir a
fundação, os bens a ela destinados serão, se de outro modo não
dispuser o instituidor, incorporados em outra fundação que se
proponha a fim igual ou semelhante, segundo dispõe o art. 63 do CC/2002.
Contrariamente às associações, a alteração do Estatuto das fundações tem
algumas exigências legais, conforme estabelece o art. 67 do CC/2002:
I - seja deliberada por dois terços dos competentes para gerir e representar a fundação;
II - não contrarie ou desvirtue o fim desta;
III - seja aprovada pelo órgão do Ministério Público, e, caso este a denegue, poderá o juiz
supri-la, a requerimento do interessado.
IV – seja aprovada pelo órgão do Ministério Público no prazo máximo de 45 dias, findo o
qual ou no caso de o Ministério Público a denegar, poderá o juiz supri-la, a requerimento
do interessado.

3.2.2. Desconsideração da personalidade jurídica


José Lamartine Corrêa de Oliveira apontou um fenômeno que ele chamou de
dupla crise da pessoa jurídica. Não é uma crise do conceito de pessoa jurídica
ou da própria noção de pessoa jurídica, mas da deformação causada pelo
formalismo. Esse formalismo atribui um apartamento absoluto entre a pessoa
jurídica e a pessoa física/natural.
E esse apartamento absoluto é fonte de abuso pela pessoa física/natural,
que se aproveita disso para se utilizar da pessoa jurídica com fins diversos do
imaginado a ela. Mas, o que caracteriza o abuso, mencionado pela teoria?

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Se configuraria no caso de abuso de direito, de fraude, de descumprimento de obrigações


contratuais e legais, de atos ilícitos praticados pela sociedade, de confusão patrimonial
entre o patrimônio pessoa do sócio e o patrimônio da pessoa jurídica, de desvio da
finalidade contratual prevista no Estatuto etc.

E quando cabe a desconsideração? Depende da situação. Se for uma relação


trabalhista, há regra própria por aplicação do art. 2º da CLT. Se for uma relação
tributária, há aplicação dos arts. 134 e 135 do CTN. Na parte do Direito Privado,
é preciso compreender duas diferentes teorias.
A primeira teoria é a chamada Teoria Maior, adotada pelo art. 50 do CC/2002.
Esse artigo diz que:
Em caso de abuso da personalidade jurídica, caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério
Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas
relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradore s ou
sócios da pessoa jurídica.

Em outras palavras, além de se verificar um abuso na utilização da


personalidade jurídica, deve se caracterizar o desvio de finalidade ou a
confusão patrimonial. Se não se caracterizar nem uma dessas situações, não
se pode desconsiderar a personalidade jurídica, ainda que a pessoa jurídica seja
insolvente, por exemplo. Daí o nome de Teoria Maior, pois ela exige a
verificação de mais requisitos.
Já a Teoria Menor é adotada pelo art. 28 do CDC, que assim dispõe:
O juiz poderá desconsiderar a personalidade jurídica da sociedade quando, em detrimento
do consumidor, houver abuso de direito, excesso de poder, infração da lei, fato ou ato
ilícito ou violação dos estatutos ou contrato social. A desconsideração também será
efetivada quando houver falência, estado de insolvência, encerramento ou inatividade da
pessoa jurídica provocados por má administração.

Veja que o juiz pode desconsiderar a personalidade jurídica ainda que


não tenha havido confusão patrimonial ou desvio de finalidade, basta
que se configure alguma das hipóteses previstas no art. 28. Daí o nome
de Teoria Menor, pois ela exige menos requisitos para ser aplicada.
No Direito Civil, portanto, aplica-se a Teoria Maior:

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TEORIA MAIOR

previsão: art. 50 do CC

Requisitos:
abuso de personalidade +
desvio de finalidade ou
confusão patrimonial

Não é incomum que as questões de concursos exijam exatamente essa


distinção presente no CC/2002 e no CDC sobre as chamadas Teorias Maior e
Menor. O problema é que geralmente elas tentarão te confundir, já que, em
regra, quando pensamos na aplicação do CDC, pensamos numa aplicabilidade
maior, em maior proteção do consumidor, em relações jurídicas mais
frequentes, o que nos induz em erro.
Fica a dica: a Teoria Maior é aplicável à maioria das
relações jurídicas, o que abrange o CC/2002 e o CDC,
ao passo que a Teoria Menor é mais limitada,
aplicada a um conjunto menor de relações jurídicas,
ao microssistema do CDC, apenas! DECORE!!!

PGM/SP – 2014
65. Assinale a alternativa correta acerca da responsabilidade patrimonial
da pessoa jurídica, de seus sócios e administradores.
(A) O Código Civil de 2002 adotou a teoria menor da desconsideração da
personalidade jurídica.
(B) A desconsideração da personalidade jurídica afasta o princípio da
subsidiariedade da responsabilidade dos sócios, admitindo-se a c ons t riç ão
dos bens particulares deste, ainda que a sociedade possua patrimônio.
(C) No âmbito da relação cível, aplica-se a desconsideração da
personalidade jurídica sempre que a personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos credores.

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(D) Para que seja decretada a desconsideração da personalidade jurídica


em razão de confusão patrimonial, é necessária a comprovação de que a
confusão se deu com o objetivo de fraudar credores.
(E) A responsabilidade dos administradores por culpa no desempenho de
suas funções independe de desconsideração da personalidade jurídica.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que o art. 50 do CC/2002, segundo a
doutrina e a jurisprudência, adota a chamada “Teoria Maior”, cujos requisitos
são o abuso da personalidade jurídico somado ao desvio de finalidade/confus ão
patrimonial.
A alternativa B está incorreta. Veja-se que, num Juízo de plausibilidade já é
possível descartar essa hipótese. Se a sociedade tem patrimônio suficiente para
arcar com o débito, por que eu, credor, iria pedir a desconsideração, que é um
processo mais difícil, custoso e demorado? Por isso, não se fala em alteração da
subsidiariedade da responsabilidade, ainda que a personalidade jurídica tenha
sido desconsiderada.
A alternativa C está incorreta, pois, mais uma vez, não basta que ela s eja um
obstáculo ao ressarcimento, já que, em determinadas hipóteses, a sociedade
“quebra” e os credor ficam sem o crédito, sem maiores repercussões. O art . 50
exige dois requisitos: o abuso da personalidade jurídico somado ao desvio de
finalidade/confusão patrimonial. Mesmo havendo prejuízo, se não tivermos a
reunião desses requisitos, não se pode falar em desconsideração.
A alternativa D está incorreta, pois, novamente, o requisito de confusão
patrimonial é objetivo, bastando demonstrá-lo, sem que se procure trazer a
razão pela qual isso ocorreu (se com intuito fraudatório ou não).
A alternativa E está correta, conforme estabelece o art. 1.016 do CC/2002:
“Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os
terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções ”. A
desconsideração é independente da responsabilidade pela admi nistração; são
duas situações completamente diferentes.
Ao contrário, cabe também a chamada “desconsideração
inversa da personalidade jurídica”, quando a pessoa
física se utiliza da pessoa jurídica, indevidamente,
para se “blindar” de ataques contra seu patrimônio.
O fundamento é o mesmo: evitar o abuso no uso da
personalidade jurídica. Faz-se, nesse caso, uma
interpretação teleológica do art. 50 do CC/2002, de
modo a permitir que se busque o patrimônio da
pessoa física “escondido” atrás da pessoa jurídica. O STJ, nesse sentido,
tem reiteradas decisões afirmando a possibilidade da desconsideração invers a.
Eu recomendo a leitura do leading case que está mais á frente, no tópico da
jurisprudêncoa correlata.

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PGE/PR – 2015
73. Assinale a alternativa CORRETA em relação à temática da pessoa
jurídica.
A) A desconsideração da personalidade jurídica é admitida sempre que a
pessoa jurídica seja utilizada para fins fraudulentos ou diversos daqueles
para os quais foi constituída e equivale à sua desconstituição para todos os
efeitos.
B) Os bens dominicais integrantes do patrimônio das pessoas jurídic as de
direito público não podem ser adquiridos por usucapião nem alienados.
C) Ao admitir que se aplica às pessoas jurídicas a proteção aos direit os da
personalidade, o ordenamento jurídico o faz em total simetria com a
proteção da personalidade humana.
D) A desconsideração inversa da pessoa jurídica dá-se quando s e at ingem
bens da pessoa jurídica para solver dívidas de seus sócios. Esse proceder é
expressamente vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro porque
proporciona prejuízo aos demais participantes da sociedade.
E) As associações públicas são pessoas jurídicas de direito público
formadas por entes da Federação que se consorciam para realização de
objetivos que consagrem interesses comuns. Uma vez constituídas, as
associações públicas passam a integrar a Administração Pública indireta de
todos os entes federativos que participaram de sua formação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a desconstituição deve ser vista
casuisticamente, para cada situação concreta. A desconstituição ocorrerá numa
dada situação, não valendo para todas e quaisquer outras, com eficácia ampla.
A alternativa B está incorreta, pois, apesar de em regra os bens públicos não
se sujeitarem à usucapião ou alienação, conforme veremos à frente, na Aula
sobre Direito das Coisas, algumas categorias de bens são alienáveis , como é o
caso dos bens dominicais, que são os bens públicos sem destinação definida.
Esse é, a rigor, tema de Direito Administrativo, sendo lá melhor visto.
A alternativa C está incorreta, porque, como vimos anteriormente,
determinados direitos de personalidade são inaplicáveis às pessoas jurídicas.
Nesse sentido, vide a previsão do art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no
que couber, a proteção dos direitos da personalidade.”
A alternativa D está incorreta, porque, como disse acima, a jurisprudência
reiterada do STJ admite a desconsideração inversa. Recomendo, mais uma vez,
a leitura do REsp, localizado no tópico “jurisprudência e súmulas correlatas”.
A alternativa E está correta, conforme art. 6º, inc. I, da Lei 11.107/2005,
melhor vista no Direito Administrativo.

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4 – DOMICÍLIO
O domicílio é a localização espacial da pessoa, ou seja, local onde ela
estabelece suas atividades. Como um atributo da personalidade, o domicílio é
considerado a sede jurídica da pessoa, seja ela pessoa fís ica/natural ou pes s oa
jurídica.

REQUISITOS

Objetivo Residência

Subjetivo Ânimo definitivo

O domicílio segue três regras:

Todos têm domicílio, ainda que residência não tenham (art. 73 do CC/2002).
Ou seja, o domicílio é necessário, sempre. O domicílio é obrigatório e mesmo
os que não têm residência têm domicílio, como os sem-teto ou os errantes,
que se deslocam constantemente. Em geral, como se fixa o domicílio dos que
A. Necessidade não têm residência? Utiliza-se o local onde for encontrada a pessoa como seu
domicílio, segundo o art. 73 do CC/2002.

O domicílio é fixo, apesar de se permitir mutabilidade (art. 74 do CC/2002).


Por isso, é possível tem domicílio e residência diferentes. Como? Imagine que,
apesar de aprovado, você resolva seguir a carreira policial e é aprovado num
Concurso de Delegado da Polícia Federal. Durante um semestre, você passará
B. um período em Brasília/DF, fazendo um curso de treinamento. Se você não é
Fixidez de Brasília, nesse período em que você estiver lá, seu domicílio continua
sendo a sua cidade de origem, mas a sua residência será, nesse caso, Brasília;

Toda pessoa tem apenas um domicílio. O Direito brasileiro admite pluralidade


de domicílios, excepcionalmente (art. 71 do CC/2002). Assim, o ator que tem
uma casa em São Paulo/SP, uma casa no Rio de Janeiro/RJ e outra casa em sua
C. cidade de origem, pode ter considerado qualquer dessas residências como
Unidade domicílio seu.

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O domicílio, como disse antes, em geral se fixa com a residência. A partir do


CC/2002 podemos estabelecer uma divisão do domicílio em dois:
A. Domicílio voluntário: em regra, o domicílio é voluntário, salvo as exceções
legais;
B. Domicílio necessário/legal: é a situação em que a Lei determina um
domicílio mesmo que a pessoa queira ter outro. Quando isso acontece?
Vejamos:

P T -se-á por domicílio da pessoa natural, que não tenha residência habitual, o

I T

“ T
função pública;

M T o
órgã o a o qual está vi nculado ou subordinado (batalhão, capitania dos portos etc.);

P T

A O B
s em designar onde tem, no país, o seu domicílio, poderá ser demandado no Distrito Federal ou no último ponto do

Com relação à pessoa jurídica, o CC/2002 fixa algumas regras no art. 75, que
estabelece que o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu e statuto ou atos constitutivos.

Além disso, caso a pessoa jurídica tenha diversos


estabelecimentos em lugares diferentes, cada um
deles será considerado domicílio para os atos nele
praticados. Se a sede (administração ou diretoria)
ficar no exterior, o §2º estabelece que o domicílio da

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pessoa jurídica será, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das
suas agências, o lugar do estabelecimento, situado no Brasil, a que ela
corresponder.
Por isso, como já localizamos nossa pessoa no espaço (domicílio) e no tempo
(extinção da pessoa), vamos focar no nosso próximo tema da aula de hoje.

PGM/SP – 2014
62. Acerca das regras de domicílio estabelecidas pelo Código Civil de 2002,
assinale a alternativa correta.
(A) As pessoas jurídicas de direito público interno possuem domic ílio fixo,
na capital do país.
(B) O incapaz possui domicílio próprio e facultativo, independendo do
domicílio de seu representante ou assistente.
(C) No atual sistema não se admite a pluralidade de domicílios para a
pessoa física.
(D) O servidor público possui domicílio necessário, sendo o local onde
exerce permanentemente suas funções.
(E) A pessoa jurídica que conta com mais de um estabelecimento tem
domicílio exclusivo em sua sede.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, como vimos, o art. 75 estabelece que o
domicílio das pessoas jurídicas de direito público interno variará conforme o
ente federativo tratado. Seria, inclusive, incoerente estabelecer que o domicílio
de um pequeno Município do interior do Amazonas ou do extremo sul do Rio
Grande do Sul ficasse em Brasília.
A alternativa B está incorreta, dado que o parágrafo único do art. 76 é claro
ao dispor que o domicílio do incapaz, que é necessário, corresponde ao
domicílio do representante legal (“O domicílio do incapaz é o do seu
representante ou assistente”).
A alternativa C está incorreta, pois, novamente, o art. 71 permite a
variabilidade de domicílios, sem maiores restrições, tendo a pessoa mais de
uma residência (“Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências , onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas”).
A alternativa D está correta, por expressa previsão do art. 76, parágrafo único
(“o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas
funções”). Assim, quando você for aprovado na PGE/SP, seu domicílio será,
necessariamente, o Município para o qual você será mandado,
independentemente de onde você fixe residência!

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A alternativa E está incorreta, pois o art. 75, §1º claramente permite que a
pessoa jurídica tenha considerado como domicílios os diversos locais nos quais
tenha estabelecimento comercial (“Tendo a pessoa jurídica diversos
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados”).

5 – CAPACIDADE
Determinada pessoa pode ter capacidade jurídica, mas é faticament e limitada,
em todos os sentidos. Nesses casos, a incapacitação é absoluta, pelo que
nenhum ato pode ser praticado, sob pena de nulidade. Os dois elementos
limitadores da capacidade são a idade e a saúde.
Temos aqui uma importe e recente modificação da
legislação civil trazida pela Lei 13.146/2015, a Lei
Brasileira de Inclusão da Pessoa com Deficiência, ou
Estatuto da Pessoa com Deficiência. Sancionado em
06/07/2015, o Estatuto entrou em vigor 180 dias
após sua publicação, ocorrida em 07/07/2015.
Ou seja, já em Janeiro de 2016, por força do art. 127, o Estatuto da
Pessoa com Deficiência entrou em vigor, pelo que ele é tema que
constará, certamente, de sua prova. Por que ele é relevante? Porque
trouxe profundas alterações no CC/2002 em matéria de capacidade e
há grande chance de que essa novidade seja explorada já no seu
concurso, por isso, atenção!
O antigo art. 3º estabelecia três casos de incapacidade absoluta, veja só:
I - os menores de dezesseis anos;
II - os que, por enfermidade ou deficiência mental, não tiverem o necessário
discernimento para a prática desses atos;
III - os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua vontade.

Porém, o novo art. 3º limita a incapacidade absoluta


aos menores de 16 anos apenas. No caso de
incapacidade absoluta, há a representação do incapaz
pelos pais, tutores ou curadores, que exercem os atos em
nome da pessoa. Em geral, os pais serão os representantes do menor, por
facilidade. Eventualmente, porém, na ausência dos pais, o absolutamente
incapaz, por conta da idade (art. 3º, inc. I), será representado pelo tutor.
Já na incapacidade relativa a limitação é parcial, pois se entende que o
discernimento é maior. O art. 4º, igualmente modificado pelo Estatuto da
Pessoa com Deficiência, estabelece quais são os casos de incapacidade relativa:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais, os viciados em tóxicos (foram retirados “os que, por deficiência
mental, tenham o discernimento reduzido”);
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
IV - os pródigos.

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ATENÇÃO ESPECIAL!!! O inc. III do art. 4º fala daqueles


que, por causa transitória ou permanente, não puderem
exprimir sua vontade. Antes do Estatuto da Pessoa
com Deficiência essa situação se enquadrava na
incapacidade absoluta; agora se trata de uma causa de incapacidade
relativa!

PGE/MA – 2003
32. São relativamente incapazes
(A) os pródigos e os que por causa transitória não puderem exprimir sua
vontade.
(B) os ébrios habituais e os excepcionais sem desenvolvimento mental
completo.
(C) os menores entre dezesseis e vinte e um anos.
(D) os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário
discernimento para a prática dos atos da vida civil.
(E) os silvícolas e os ausentes.
Comentários
Como essa questão é anterior ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, há
mudanças em sua análise. Farei a correção e os comentários com base na
lei atualizada!
A alternativa A está correta, pois, segundo o art. 4º, inc. IV, os pródigos são
relativamente capazes. Igualmente, segundo o inc. III desse artigo, com a
redação dada pelo Estatuto, “aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade” são igualmente relativamente incapazes.
A alternativa B está incorreta, já que, pelo novo art. 4º, inc. II, apesar de os
ébrios habituais e viciados em tóxicos serem relativamente capazes, os
excepcionais ganharam status de capacidade plena, com algumas
características peculiares a serem observadas, com a revogação do inc. III.
A alternativa C está incorreta, dado que é relativamente incapaz o menor
entre 16 e 18 anos desde a edição do CC/2002, segundo o art. 4º, inc. I.
A alternativa D está incorreta, pois “os que por enfermidade ou deficiência
mental não tiverem o necessário discernimento para a prática dos at os da vida
civil” não são mais nem absoluta nem relativamente capazes.
A alternativa E está duplamente incorreta, pois a capacidade dos indígenas é
regida por lei especial, segundo o art. 4º, parágrafo único e a ausência não é
causa de incapacitação, sequer estando prevista nos arts. 3º e/ou 4º .
Voltando à pessoa com deficiência, elas, inclusive, não têm mais limitação ao
testemunho. O art. 228, incs. II e III, do CC/2002 não admitia como

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testemunhas aqueles que, por enfermidade ou retardamento mental, não


tinham discernimento para a prática dos atos da vida civil e os cegos e s urdos ,
quando a ciência do fato que se quer provar dependa dos sentidos que lhes
faltam. Essas limitações deixaram de existir e a avaliação sobre o
testemunho depende da análise judicial acerca das possibilidades
específicas de cada pessoa.
Como ele fará isso? O §1º estabelece que para a prova de fatos que só elas
conheçam, pode o juiz admitir o depoimento das pessoas a que se refere este
artigo. Nesse caso, diz o §2º, a pessoa com deficiência poderá testemunhar em
igualdade de condições com as demais pessoas, sendo-lhe assegurados todos
os recursos de tecnologia assistiva.
Mas, e como ficou a questão da capacidade das pessoas com deficiências depois
da Lei nº. 13.146/2015, o Estatuto da Pessoa com Deficiência? Primeiro, você
tem de entender que o objetivo do Estatuto é dar paridade de status às pessoas
com deficiência. Tais pessoas não passam mais, a partir da vigência da Lei, a se
submeterem ao regime geral da tutela e curatela, típico dos relativa e
absolutamente incapazes.
O Estatuto reconhece, em seu art. 6º, que a deficiência não afeta a plena
capacidade civil da pessoa, inclusive para:
I - casar-se e constituir união estável;
II - exercer direitos sexuais e reprodutivos;
III - exercer o direito de decidir sobre o número de filhos e de ter acesso a informações
adequadas sobre reprodução e planejamento familiar;
IV - conservar sua fertilidade, sendo vedada a esterilização compulsória;
V - exercer o direito à família e à convivência familiar e comunitária; e
VI - exercer o direito à guarda, à tutela, à curatela e à adoção, como adotante ou
adotando, em igualdade de oportunidades com as demais pessoas.

Em outras palavras, o Estatuto reconhece que as pessoas com deficiência


necessitam tomar suas decisões autonomamente, mas com apoio especial
daqueles que lhes apoiam, permanecendo intacto o princípio da dignidade
humana, previsto na Constituição Federal, e estampado no art. 4º da Lei.
Para isso, é necessário avaliar a deficiência da pessoa em questão,
considerando, conforme estabelece o art. 2º do Estatuto:
I - os impedimentos nas funções e nas estruturas do corpo;
II - os fatores socioambientais, psicológicos e pessoais;
III - a limitação no desempenho de atividades; e
IV - a restrição de participação.

Apenas quando necessário for a pessoa com deficiência será submetida


à curatela, nos termos do art. 84, §1º do Estatuto, que constitui me dida
protetiva extraordinária, proporcional às necessidades e às
circunstâncias de cada caso, que deve durar o menor tempo possível,
conforme estabelece o §3º do mesmo artigo. Extraordinária que é, na sent ença

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devem constar as razões e motivações de sua definição, preservados os


interesses do curatelado (art. 85, §2º)
Veja-se que, de maneira bastante interessante, o art. 1.768, inc. IV do
CC/2002 permite que a própria pessoa – a pessoa com deficiência – tem
legitimidade ativa para promover o processo que estabelece os termos
da curatela. É o reconhecimento de que a pessoa tem capacidade suficiente
inclusive para esclarecer quais são os limites do exercício de sua capacidade
para os atos negociais e patrimoniais.
Esse processo de tomada de decisão apoiada f oi instituído pela criação do Capítulo III, que
estabelece, no art. 1.783-A do CC/2002 que estabelece, em seus 11 parágrafos, a
chamada “tomada de decisão apoiada”, que é “é o processo pelo qual a pessoa com
deficiência elege pelo menos 2 (duas) pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e
que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão sobre atos da
vida civil, fornecendo-lhes os elementos e informações necessários para que possa
exercer sua capacidade.”

Os relativamente incapazes não são representados,


seja por tutor, seja por curador, como os
absolutamente incapazes. Eles são assistidos, o que
consiste na intervenção conjunta do assistente e do
assistido para a prática do ato.
A lei civil permite que o incapaz, em determinas situações, atinja a plena
capacidade ainda que se inclua nos casos de incapacidade, por se entender que,
apesar de lhe faltar a idade necessária, atingiu maturidade suficiente. A
emancipação, assim, é a aquisição da plena capacidade antes da idade legal.
Quando isso ocorre? Segundo o art. 5º, parágrafo único, nas seguintes
hipóteses:

I - pela concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento


público, independentemente de homologação judicial, ou por sentença do juiz, ouvido o
tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos;
II - pelo casamento;
III - pelo exercício de emprego público efetivo;
IV - pela colação de grau em curso de ensino superior;
V - pelo estabelecimento civil ou comercial, ou pela existência de relação de emprego ,
desde que, em função deles, o menor com dezesseis anos completos tenha economia
própria.

PGE/PA – 2012
61. Analise as proposições a seguir:
III - A emancipação judicial não prescinde da exigênc ia de idade mínima,
estando sujeita a registro público de caráter constitutivo da capac idade do
emancipado.

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Comentários
A questão era mais ampla, contando com tópicos que traremos adiante, pelo
que vou focar no item III, que está correto.
A emancipação por intervenção judicial necessita de idade mínima de 16 anos ,
segundo o art. 5º, inc. I (“Cessará, para os menores, a incapacidade pela
concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sent enç a do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos”).
Há casos em que a emancipação ocorrerá antes dos 16 anos, mas pelo
casamento, e não por decisão judicial (“Art. 1.520. Excepcionalmente, será
permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil, para evitar
imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.”), em
conformidade com o art. 5º, parágrafo único, inc. II (“Cessará, para os
menores, a incapacidade pelo casamento”).
O registro terá o condão de constituir a capacidade, por leitura do Enunciado
397 do CJF (“Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do
juiz está sujeita a desconstituição por vício de vontade.”)

7 – AUSÊNCIA
Neste tópico, a rigor trataremos da extinção da pessoa natural, de
maneira mais ampla que a mera ausência. Além da ausência, veremos
também a presunção de morte e a comoriência, institutos jurídicos todos
ligados à extinção da pessoa, de modo direto ou indireto, a depender do caso.
Em realidade, o fim da pessoa significa o fim de sua capacidade. De
acordo com o art. 6º do CC/2002, ela termina, no caso da pessoa nat ural, com
a morte. A extinção da pessoa jurídica tem regimento próprio, como veremos
mais adiante. Mais uma vez, assim como o termo ser humano, o termo mort e é
um conceito que não pertence ao Direito.
O que significa morte é, atualmente, um conceito médico, de morte encefálica,
ou seja, a cessação da atividade cerebral atestada por médico. Por isso,
atualmente, a morte sempre deve ser estabelecida mediante atestado de
morte, segundo o art. 9º, inc. I do CC/2002.
Em algumas situações, a pessoa não pode ter sua morte atest ada por médico,
porque não se sabe se ela morreu, com absoluta certeza. Aí é que entram as
situações de ausência e presunção de morte. A ausência é estabelecida pelo art.
22 do CC/2002:
Art. 22. Desaparecendo uma pessoa do seu domicílio sem dela haver notícia, se não
houver deixado representante ou procurador a quem caiba administrar -lhe os bens, o juiz,
a requerimento de qualquer interessado ou do Ministério Público, declarará a ausência, e
nomear-lhe-á curador.
Art. 23. Também se declarará a ausência, e se nomeará curador, quando o ausente deixar
mandatário que não queira ou não possa exercer ou continuar o mandato, ou se os seus
poderes forem insuficientes.

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Em outras palavras, a ausência ocorre quando a pessoa desaparece do


domicílio sem deixar representante, havendo dúvida quanto a sua
existência. Nesse caso, segundo tal artigo, instaura-se um processo para que
possa o juiz decretar a ausência. Esse processo é regulado pelo CC/2002 e pelo
CPC. Como?
Primeiro, o juiz vai mandar arrecadar os bens do ausente e nomear um curador,
que será, segundo o art. 25, prioritariamente, o cônjuge do ausente, sempre
que não estejam separados judicialmente, ou de fato por mais de dois anos
antes da declaração da ausência. Caso não tenha cônjuge, ou seja, já separado,
a curadoria dos bens do ausente ficará a cargo dos pais, segundo o §1º.
Se o ausente não tiver pais, serão seus descendentes nomeados, primeiro os
mais próximos e depois os mais distantes. Ou seja, primeiro verifica se tem
filhos, se não tiver, serão nomeados os netos. Por fim, se não tiver nenhuma
dessas pessoas, o juiz nomeia o curador (§3º)
Para facilitar sua compreensão, eis um quadro que
resume o procedimento todo:

Desaparecimento Nomeação de Curador Arrecadação dos bens

Se não reaparece, abertura Citação dos herdeiros e do


Publica editais por 1 ano
da Sucessão Provisória Curador

Se ninguém requisitar em 30
Sentença determinando a
dias a abertura do
Habilitação dos herdeiros abertura da Sucessão
Inventário, vira herança
Provisória (6 meses depois)
jacente (bens vagos)

Conversão em Sucessão
Definitiva: certeza de morte, Se não regressa, termina a
Se regressa nos 10 anos
10 anos da abertura da Sucessão Definitiva e não
seguintes, retoma os bens no
Provisória ou se o ausente pode mais reclamar nada,
estado em que se encontram
for maior de 80 anos e ainda que retorne
passados 5 anos do sumiço

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Se, nesses 10 anos, o ausente não regressar e nenhum interessado promover a


sucessão definitiva, os bens arrecadados passarão ao domínio público do
Município, Distrito Federal ou da União, a depender de sua localização (art . 39,
parágrafo único do CC/2002).
Pode haver a presunção de morte sem decretação de
ausência? Sim, em situações específicas. Quando?
Geralmente, em situações em que a morte é altamente
provável, ainda que não comprovada, segundo o art. 7º do
CC/2002. Porém, para tanto, nesses casos somente poderá ser requerida a
decretação de morte presumida depois de esgotadas as buscas e averiguações ,
devendo a sentença fixar a data provável do falecimento:
1. se for extremamente provável a morte de quem estava em perigo de vida (inc. I do art.
7º), como nos casos de acidentes aéreos no mar, desaparecido durante uma nevasca
numa expedição de montanhismo, um jornalista em uma zona de distúrbio civil;
2. se alguém, desaparecido em campanha ou feito prisioneiro, não for encontrado até dois
anos após o término da guerra (inc. II do art. 7º);
3. no caso de pessoas desaparecidas entre 02/09/1961 a 05/10/1988 (Regime Militar de
exceção vigente no país, incluindo período pré-Golpe e pós-Golpe), sem notícias delas,
detidas por agentes públicos, envolvidas em atividades políticas ou acusadas de participar
dessas atividades (Lei nº. 9.140/1995).

Nesses casos, pula-se todo o procedimento inicial e se vai direto à


Sucessão Definitiva.

Presunção de morte
(sem decretação de
ausência)

Situações de morte Regime Militar


Guerra
provável (1961 a 1988)

PGE/MA – 2003
33. Poderão os interessados requerer a sucessão definitiva do ausente
(A) dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória.
(B) somente quando o ausente contar oitenta anos de idade e que de cinc o
anos antes datem suas últimas notícias ou vinte anos depois de passada
em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória.
(C) apenas se ficar provada sua morte.

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(D) dez anos após a arrecadação de seus bens ou se o ausente contar


oitenta anos de idade e de cinco anos antes forem suas últimas notícias.
(E) somente depois de quinze anos de seu desaparecimento, ou s e c ont ar
setenta anos de idade e de cinco anos antes forem suas últimas notícias.
Comentários
A alternativa A está correta, por expressa previsão do art. 37: “Dez anos
depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da s uces s ão
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva”.
A alternativa B está incorreta, já que segundo o art. 38, “pode-se requerer a
sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de
idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.” Não, porém, 20 anos
depois da sucessão provisória, mas 10 anos, como dito no tópico acima.
A alternativa C está incorreta, pois mesmo a presunção de morte autoriza a
abertura da sucessão provisória e, subsequentemente, a sucessão definitiva;
igualmente na ausência, sem que se prove a morte da pes soa.
A alternativa D está incorreta, pois o prazo de 10 anos conta-se do trânsito
em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória. A arrecadação dos
bens ocorrerá, segundo o art. 28, §2º, depois de 30 dias depois do trâns it o em
julgado da sentença que manda abrir a sucessão provisória.
A alternativa E está duplamente incorreta. Como vimos, o prazo para a
sucessão definitiva, que é de 10 anos, conta-se do trânsito em julgado da
abertura da sucessão provisória, independentemente do tempo do
desaparecimento da pessoa, que pode ser maior ou menor que esse. Segundo,
permite-se o mesmo quando a pessoa contar com 80 e não 75 anos de idade.
Já a comoriência é a presunção de morte simultânea de pessoas
reciprocamente herdeiras (art. 8º do CC/2002). É importante observar dois
pontos.
Primeiro, deve-se esgotar as possibilidades de averiguar medicamente a
precedência de quem morreu. Se houver meio de identificar quem morreu
primeiro, não se aplica a regra da comoriência. Segundo, apesar de o artigo não
mencionar, uma pessoa deve ser herdeira da outra, ou ter outro direito
patrimonial derivado dessa relação, ou a verificação da comoriência é
desnecessária.

8 – BENS
Quanto aos bens, o que é relevante tratar para o seu concurso é a classificação
deles, pois a aplicação das regras jurídicas variará em função dessa
classificação que se faz. Vejamos ela:

Móveis e imóveis
A noção de bens imóveis está no art. 79 do CC/2002: o
solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente. Igualmente, ainda que não sejam, na

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prática, imóveis, consideram-se imóveis para os efeitos legais outros bens e


direitos relativos a imóveis, segundo os arts. 80 e 81:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
III - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem
removidas para outro local;
IV - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Cesar Fiúza (Direito Civil: curso completo, 18ª ed., p. 237) categoriza os bens
imóveis em quatro:
1.ª bens imóveis por sua natureza. São o solo e suas adjacências naturais,
compreendendo as árvores e frutos pendentes, o espaço aéreo e o subsolo;
2.ª bens imóveis por acessão física. É tudo aquilo que o homem incorpora
permanentemente ao solo, como sementes e edifícios;
3.ª bens imóveis por acessão intelectual. É tudo aquilo que se mantém intencionalmente
no imóvel para sua exploração, aformoseamento ou comodidade. A categoria dos bens
imóveis por acessão intelectual foi retirada do Código, que a substituiu pela categoria das
pertenças.
4.ª bens imóveis por força de lei. São aqueles que, por sua própria natureza, não se
podem classificar como móveis ou imóveis. Nessa categoria se incluem os direitos reais
sobre imóveis e as ações que os asseguram, além do direito à sucessão aberta.

Já no conceito do art. 82 do CC/2002, são móveis os


bens suscetíveis de movimento próprio, ou de
remoção por força alheia, sem alteração da
substância ou da destinação econômico-social.
Ainda que não sejam visivelmente móveis, consideram-se móveis para os
efeitos legais, segundo os arts. 83 e 84:
I - as energias que tenham valor econômico;
II - os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes;
III - os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações.
IV - os materiais destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados,
conservam sua qualidade de móveis;
V - os materiais provenientes da demolição de algum prédio.

PGE/AC – 2014
37 - Consideram-se bens móveis:
(A) o que for artificialmente incorporado ao solo.
(B) as ações que versarem sobre bens imóveis.
(C) os materiais destinados a uma construção enquanto não forem
utilizados.

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(D) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se


reempregarem.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, segundo o art. 79, os bens incorporados
ao solo, ainda que artificialmente, são imóveis (“São bens imóveis o solo e t udo
quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.”).
A alternativa B está incorreta, já que também são consideradas bens imóveis
as ações que tratam de bens imóveis, na dicção do art. 80, inc. I (“Consideram -
se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que
os asseguram”).
A alternativa C está correta, na dicção literal do art. 84 (“Os materiais
destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis”).
A alternativa D está incorreta, porque, por força do art. 81, inc. II, mesmo os
bens provisoriamente separados do imóvel continuam sendo imóveis (“Não
perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente separados de um
prédio, para nele se reempregarem”).

PGE/AM – 2010
53. São imóveis por definição legal
(A) somente os bens móveis pertencentes à herança, enquanto não for
partilhada.
(B) o direito à sucessão aberta e os direitos reais sobre bens imóveis.
(C) somente os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os
asseguram.
(D) tudo quanto se incorpora natural ou artificialmente ao solo.
(E) os materiais separados de um prédio para nele ou em outro prédio
serem reempregados.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, segundo o art. 80, inc. II, somente o “o
direito à sucessão aberta” se considera imóvel, mas os bens móveis da herança
não perdem a característica de imóveis.
A alternativa B está correta, já que também são consideradas bens imóveis os
direitos à sucessão aberta e os direitos que tratam de bens imóveis , na dicção
do art. 80, incs. I e II (“Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos
reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão
aberta”).
A alternativa C está incorreta, novamente, pela dicção do inc. II do art. 80,
que inclui no rol dos bens imóveis também o direito à sucessão aberta.

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A alternativa D está incorreta, porque, como vimos a partir da obra de Fiúza,


a doutrina classifica os imóveis em quatro diferentes categorias. O que se
incorpora ao solo, natural ou artificialmente, será bem imóvel por nat ureza (s e
for uma árvore) ou bem imóvel por acessão física (edifício), mas não bem
imóvel por definição legal.
A alternativa E está incorreta, pois os materiais são imóveis por acessão física,
na classificação supramencionada, e não imóveis por definição legal.

Fungíveis e infungíveis
Na dicção do art. 85 do CC/2002, são fungíveis os móveis que podem
substituir-se por outros da mesma espécie, qualidade e quantidade.
Infungíveis, portanto, serão aqueles que, ao contrário, possuem peculiaridades
próprias que os tornam únicos, insubstituíveis.

Consumíveis e inconsumíveis
São consumíveis os bens móveis cujo uso importa destruição imediata da
própria substância, sendo também considerados tais os destinados à
alienação, segundo leciona o art. 86. Inconsumíveis, consequentemente,
aqueles cuja fruição os mantém hígidos, sem destruição.

Divisíveis e indivisíveis
Os bens divisíveis são os que se podem fracionar sem alteração na sua
substância, diminuição considerável de valor, ou prejuízo do uso a que
se destinam, consoante o art. 87 do CC/2002. Além disso, os bens
naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis por determinação da lei ou
por vontade das partes (art. 88).

Singulares e coletivos
A regra do art. 89 do CC/2002 estabelece que são singulares os bens que,
embora reunidos, se consideram de per si, independentemente dos
demais. É o caso, por exemplo, de uma árvore frutífera ou de uma garrafa de
refrigerante.
Coletivos serão os bens singulares – iguais ou diferentes – reunidos em um
todo. Passa-se a considerar o todo, ainda que não desapareça a peculiaridade
individual de cada um. É o caso de um pomar de árvores frutíferas ou de um
carregamento de garrafas de refrigerante.
Nesse sentido, inclui-se a universalidade de fato, que constitui a pluralidade
de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa, tenham destinação
unitária, conforme o art. 90. É o caso de uma biblioteca que, apesar de poder
ser compreendida através de cada um dos livros, constitui uma destinação
unitária, um todo maior.
Já a universalidade de direito, como o nome diz, não constitui uma
totalidade na prática. Porém, para efeito do Direito, determinado o complexo de
relações jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico, constitui uma

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unitariedade, segundo o art. 91. É o caso, por exemplo, da herança ou do


patrimônio. Ambos, ainda que na prática constituam diversas singularidades,
são tomadas como uma universalidade, juridicamente falando.

PGE/MA – 2003
36. Constitui universalidade de fato
(A) o conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si,
independentemente dos demais.
(B) o complexo de relação jurídicas de uma pessoa, dotado de valor
econômico.
(C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa,
tenham destinação unitária.
(D) a pluralidade de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas
próprias, devendo sempre ser alienados como um todo.
(E) a construção feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao
proprietário deste.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que essa é a definição do bem singular (“ Art .
89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.”). Veja que a própria noção (se consideram
independentemente dos demais) contraria a noção de universalidade
(destinação unitária).
A alternativa B está incorreta, dado que essa é a definição de universalidade
de direito (“Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.”).
A alternativa C está correta, conforme a literalidade do art. 90: “Constitui
universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.”
A alternativa D está incorreta, porque contraria expressamente a previsão do
art. 90, parágrafo único, que permite que os bens que formam essa
universalidade possam ser objeto de relações jurídicas próprias.
A alternativa E está incorreta, por estar contida no conceito de acessão por
plantação ou construção (conforme art. 1.248, inc. V), melhor desenvolvida no
tópico do direito das coisas, algumas aulas ainda à frente.

Principais e acessórios
Segundo o art. 92 do CC/2002, principal é o bem que existe sobre si,
abstrata ou concretamente. Exemplo é o solo, ou um veículo automotor. Já o

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bem acessório é aquele cuja existência pressupõe a existência do principal,


como, por exemplo, a casa que se liga ao solo ou os pneus do carro.
Os bens acessórios podem ser subdivididos em: 1.
Frutos; 2. Produtos; 3. Benfeitorias; 4. Acessões; 5.
Pertenças; 6. Partes integrantes. Vejamos cada um deles:

1. Frutos
São os bens que se derivam periodicamente do bem principal, sem que
ele se destrua, ainda que parcialmente, como, por exemplo, as frutas de uma
árvore ou o aluguel de um imóvel. O art. 95 do CC/2002 estabelece que, apesar
de ainda não separados do bem principal, os frutos podem ser objeto de
negócio jurídico.

2. Produtos
Ao contrário dos frutos, sua obtenção significa redução do valor do bem,
pois não são produzidos periodicamente, como, por exemplo, a madeira da
árvore ou o petróleo de um campo. O art. 95 do CC/2002 estabelece que,
apesar de ainda não separados do bem principal, os produtos podem ser objet o
de negócio jurídico.

3. Benfeitorias
São acréscimos realizados num bem preexistente,
com diversas finalidades. Segundo o art. 96, as
benfeitorias podem ser voluptuárias, úteis ou necessárias.
São voluptuárias as de mero deleite ou recreio, que
não aumentam o uso habitual do bem, ainda que o tornem mais
agradável ou sejam de elevado valor, como, exemplificativamente, uma
piscina residencial ou uma estátua de mármore colocada na entrada da casa.

São úteis as que aumentam ou facilitam o uso do bem, como a construção


de uma calçada ou a substituição de esquadrias de ferro por esquadrias de
alumínio.
São necessárias as benfeitorias que têm por fim conservar o bem ou
evitar que se deteriore, como, por exemplo, a recolocação de uma viga
deteriorada pela chuva ou a reconstrução de um muro de arrimo.
Na dicção do art. 97 do CC/2002, não se consideram benfeitorias os
melhoramentos ou acréscimos sobrevindos ao bem sem a intervenção do
proprietário, possuidor ou detentor. São, em geral, fenômenos vistos mais à
frente, na aquisição da propriedade.

4. Acessões
Diferentemente das benfeitorias, as acessões não agregam alguma coisa a
algo preexistente, elas são criações – naturais ou artificiais – de bens. É

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o caso, por exemplo, a edificação de uma casa num terreno baldio. O


regramento das acessões obedece ao Direito das Coisas.

5. Pertenças
Segundo dispõe o art. 93, são pertenças os bens que, não constituindo
partes integrantes, se destinam, de modo duradouro, ao uso, ao serviço
ou ao aformoseamento de outro. É o caso, por exemplo, de um rádio
destacável do veículo ou de um piano numa casa.
Em regra, o negócio estipulado entre as partes não abrange as pertenças, salvo
se o contrário resultar da lei, da manifestação de vontade, ou das
circunstâncias do caso, segundo o art. 94 do CC/2002.

6. Partes integrantes
São bens acessórios que se ligam de tal modo ao principal, que sua
remoção tornaria o bem principal incompleto. É o caso de uma torneira
numa casa ou das rodas e pneus de um veículo. Lendo os arts. 93 e 94 em
reverso, chagamos à conclusão de que as partes integrantes seguem a coisa
principal.

PGE/RS – 2015
QUESTÃO 71 – Assinale a alternativa INCORRETA.
A) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídic as
dotadas de valor econômico.
B) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento,
muito embora possam se tornar indivisíveis por vontade das partes.
C) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem
principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças.
D) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demoliç ão
de algum prédio.
E) São pertenças os bens que, constituindo partes int egrantes, se destinam
ao aformoseamento de outro.
Comentários
A alternativa A está correta, conforme literal disposição do art. 91: “Constitui
universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa,
dotadas de valor econômico.”
A alternativa B está correta, pois o art. 87 estabelece que “Bens divisíveis s ão
os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.” Porém, o art . 88
estabelece que “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis
por determinação da lei ou por vontade das partes.”

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A alternativa C está correta, novamente por expressa previsão do art. 94: “Os
negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vont ade, ou
das circunstâncias do caso”.
A alternativa D está correta, segundo dicção do art. 84: “Os materiais
destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
demolição de algum prédio.”
A alternativa E está incorreta, pois as pertenças não constituem partes
integrantes. Partes integrantes são partes integrantes e pertenças são
pertenças, não se confundindo. Vide, novamente, o art. 93: “São pertenças os
bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.”

Públicos e privados
São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno, segundo o art. 98 do CC/2002. Nesse
sentido, constituem bens públicos, na dicção do art. 99:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a serviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os
de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.

Atenção, pois o parágrafo único do art. 99 do CC/2002 estabelece que não


dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens pertencent es às
pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de direito
privado.
Por exclusão, todos os demais bens são particulares, seja qual for a
pessoa a que pertencerem.
Consequência dessa distinção é que os bens públicos
em geral não estão sujeitos a usucapião, conforme
regra do art. 102. Segundo o art. 100, os bens públicos
de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis, enquanto conservarem tal qualificação. Já os
bens públicos dominicais podem ser alienados,
observadas as exigências da lei, segundo dispõe o art. 101.
Maiores detalhes sobre essa distinção serão tratados pelo Direito
Administrativo, já que é lá que essa matéria terá ampla relevância, acerca do
regime jurídico dos bens da Administração Pública.

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35 – Assinale a alternativa correta.


A) De acordo com o Código Civil, são bens públicos aqueles pertencentes
às pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública.
B) Os bens públicos de uso comum, de uso especial e dominicais são
insuscetíveis de alienação.
C) Os bens pertencentes às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos em regime de exclusividade são impenhoráveis, se a lei assim
determinar.
D) Os bens públicos podem ser adquiridos por usucapião urbano, desde
que não estejam afetados a serviço público.
E) Os bens públicos imóveis podem ser gravados com hipoteca, des de que
em garantia de dívidas da Fazenda Pública com credores públicos.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois de acordo com o art. 98, “São públicos os
bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno”. Há aqui, uma distinção, que você verá melhor em Direito
Administrativo, decorrente do bem público X bem estatal. Há autores que
consideram que os bens da Administração Indireta não se incluem nos bens
públicos e outros adotam posições intermediárias, como é o caso de Celso
Antonio Bandeira de Mello.
A alternativa B está incorreta, dado que os bens dominicais podem ser objet o
de alienação, conforme regra do art. 101: “Os bens públicos dominicais podem
ser alienados, observadas as exigências da lei.”
A alternativa C está correta, pela dicção invertida do art. 98, parágrafo único:
“Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado”. Ou seja, a rigor os bens da empresas estatais
prestadoras de serviço público serão tratados como bens dominicais, muito
próximos ao regime jurídico privado; no entanto, se a lei tratar especificamente
do tema, serão eles tratados como bens de uso especial, dentro do regimes dos
bens públicos em geral e, portanto, insuscetíveis de penhora.
A alternativa D está incorreta. Há jurisprudência, ainda incipiente, permitindo
a usucapião de determinados bens públicos, como os dominicais, mas essa
corrente é francamente minoritária. Vale, então, a previsão geral do a rt. 102:
“Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.”
A alternativa E está incorreta, eis que ao passo que o art. 100 estabelece que
“Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis”, são eles, consequentemente, impassíveis de hipoteca.

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Questões
Questões sem comentários

As questões abaixo apresentação gabarito na sequência e, ao final,


comentários:

PGM/SP – 2014
62. Acerca das regras de domicílio estabelecidas pelo Código Civil de 2002,
assinale a alternativa correta.
(A) As pessoas jurídicas de direito público interno possuem domic ílio fixo,
na capital do país.
(B) O incapaz possui domicílio próprio e facultati vo, independendo do
domicílio de seu representante ou assistente.
(C) No atual sistema não se admite a pluralidade de domicílios para a
pessoa física.
(D) O servidor público possui domicílio necessário, sendo o local onde
exerce permanentemente suas funções.
(E) A pessoa jurídica que conta com mais de um estabelecimento tem
domicílio exclusivo em sua sede.

PGM/SP – 2014
65. Assinale a alternativa correta acerca da responsabilidade patrimonial
da pessoa jurídica, de seus sócios e administradores.
(A) O Código Civil de 2002 adotou a teoria menor da desconsideração da
personalidade jurídica.
(B) A desconsideração da personalidade jurídica afasta o princípio da
subsidiariedade da responsabilidade dos sócios, admitindo-se a c ons t riç ão
dos bens particulares deste, ainda que a sociedade possua patrimônio.
(C) No âmbito da relação cível, aplica-se a desconsideração da
personalidade jurídica sempre que a personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos credores.
(D) Para que seja decretada a desconsideração da personalidade jurídica
em razão de confusão patrimonial, é necessária a comprovação de que a
confusão se deu com o objetivo de fraudar credores.
(E) A responsabilidade dos administradores por culpa no desempenho de
suas funções independe de desconsideração da personalidade jurídica.

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PGE/AC – 2014
36 – Não são pessoas jurídicas de direito privado:
(A) as associações.
(B) os partidos políticos.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as autarquias.

PGE/AC – 2014
37 - Consideram-se bens móveis:
(A) o que for artificialmente incorporado ao solo.
(B) as ações que versarem sobre bens imóveis.
(C) os materiais destinados a uma construção enquanto não forem
utilizados.
(D) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se
reempregarem.

PGE/AM – 2010
53. São imóveis por definição legal
(A) somente os bens móveis pertencentes à herança, enquanto não for
partilhada.
(B) o direito à sucessão aberta e os direitos reais sobre bens imóveis.
(C) somente os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os
asseguram.
(D) tudo quanto se incorpora natural ou artificialmente ao solo.
(E) os materiais separados de um prédio para nele ou em outro prédio
serem reempregados.

PGE/MA – 2003
32. São relativamente incapazes
(A) os pródigos e os que por causa transitória não puderem exprimir sua
vontade.

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(B) os ébrios habituais e os excepcionais sem desenvolvimento mental


completo.
(C) os menores entre dezesseis e vinte e um anos.
(D) os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário
discernimento para a prática dos atos da vida civil.
(E) os silvícolas e os ausentes.

PGE/MA – 2003
33. Poderão os interessados requerer a sucessão definitiva do ausente
(A) dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória.
(B) somente quando o ausente contar oitenta anos de idade e que de cinc o
anos antes datem suas últimas notícias ou vinte anos depois de passada
em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória.
(C) apenas se ficar provada sua morte.
(D) dez anos após a arrecadação de seus bens ou se o ausente contar
oitenta anos de idade e de cinco anos antes forem suas últimas notícias.
(E) somente depois de quinze anos de seu desaparecimento, ou s e c ont ar
setenta anos de idade e de cinco anos antes forem suas últimas notícias.

PGE/MA – 2003
36. Constitui universalidade de fato
(A) o conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si,
independentemente dos demais.
(B) o complexo de relação jurídicas de uma pessoa, dotado de valor
econômico.
(C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa,
tenham destinação unitária.
(D) a pluralidade de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas
próprias, devendo sempre ser alienados como um todo.
(E) a construção feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao
proprietário deste.

PGE/MT – 2011

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35. O registro da pessoa jurídica no órgão competente tem eficácia


(A) resolutiva.
(B) declaratória.
(C) rescisória.
(D) discriminatória.
(E) constitutiva.

PGE/PA – 2012
61. Analise as proposições a seguir:
III - A emancipação judicial não prescinde da exigênc ia de idade mínima,
estando sujeita a registro público de caráter constitutivo da capac idade do
emancipado.

PGE/PR – 2015
73. Assinale a alternativa CORRETA em relação à temática da pessoa
jurídica.
A) A desconsideração da personalidade jurídica é admitida sempre que a
pessoa jurídica seja utilizada para fins fraudulentos ou diversos daqueles
para os quais foi constituída e equivale à sua desconstituição para todos os
efeitos.
B) Os bens dominicais integrantes do patrimônio das pessoa s jurídic as de
direito público não podem ser adquiridos por usucapião nem alienados.
C) Ao admitir que se aplica às pessoas jurídicas a proteção aos direit os da
personalidade, o ordenamento jurídico o faz em total simetria com a
proteção da personalidade humana.
D) A desconsideração inversa da pessoa jurídica dá-se quando s e at ingem
bens da pessoa jurídica para solver dívidas de seus sócios. Esse proceder é
expressamente vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro porque
proporciona prejuízo aos demais participantes da sociedade.
E) As associações públicas são pessoas jurídicas de direito público
formadas por entes da Federação que se consorciam para realização de
objetivos que consagrem interesses comuns. Uma vez constituídas, as
associações públicas passam a integrar a Administração Pública indireta de
todos os entes federativos que participaram de sua formação.

PGE/RS – 2015

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71 – Assinale a alternativa INCORRETA.


A) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídic as
dotadas de valor econômico.
B) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento,
muito embora possam se tornar indivisíveis por vontade das partes.
C) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem
principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças.
D) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demoliç ão
de algum prédio.
E) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam
ao aformoseamento de outro.

PGE/RS – 2015
35 – Assinale a alternativa correta.
A) De acordo com o Código Civil, são bens públicos aqueles pertencentes
às pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública.
B) Os bens públicos de uso comum, de uso especial e dominicais são
insuscetíveis de alienação.
C) Os bens pertencentes às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos em regime de exclusividade são impenhoráveis, se a lei assim
determinar.
D) Os bens públicos podem ser adquiridos por usucapião urbano, desde
que não estejam afetados a serviço público.
E) Os bens públicos imóveis podem ser gravados com hipoteca, des de que
em garantia de dívidas da Fazenda Pública com credores públicos.

As questões abaixo apresentação gabarito, mas não apresentarão


comentários específicos, pois orbitam em torno das questões acima. É
pra você treinar!

PGE/MA – 2003
34. Constituída uma fundação de direito privado por negócio jurídi c o ent re
vivos,
(A) o instituidor não precisará fazer a dotação de bens desde logo,
podendo reservar-se para fazê-la por testamento.
(B) o instituidor, necessariamente, declarará no mesmo instrumento a
maneira de administrá-la.

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(C) seu objeto poderá ter finalidade lucrativa.


(D) se o instituidor não lhe transferir a propriedade dos bens ou outro
direito real sobre os bens dotados, serão registrados em nome dela por
mandado judicial.
(E) os bens imóveis objeto da dotação podem estar hipotecados,
facultando-se ao instituidor levantar o ônus no prazo de dez anos.

PGE/MA – 2003
35. A desconsideração da pessoa jurídica para que os efeitos de certas
relações de obrigações sejam estendidas aos bens particulares de seus
administradores ou sócios é ato
(A) privativo do Ministério Público, a bem da Fazenda pública ou de
incapazes.
(B) que o Juiz pode praticar sempre de ofício verificadas as causas legais.
(C) do Juiz ou de autoridade administrativa incumbida da administração
fazendária.
(D) praticado sob responsabilidade exclusiva da parte, cabendo ao Juiz
apenas determinar a penhora dos bens.
(E) do Juiz a requerimento da parte ou do Ministério Público quando lhe
couber intervir no processo.

PGE/MG – 2012
36. Assinale, dentre as alternativas abaixo, qual se refere a bem imóvel:
a) os direitos reais sobre objetos móveis e as ações correspondentes
b) os direitos pessoais de caráter patrimonial e respectivas ações
c) as energias que tenham valor econômico
d) o direito à sucessão aberta
e) os bens suscetíveis de movimento próprio ou de remoção por força
alheia, sem alteração da substância ou destinação econômico-social

PGE/MT – 2011
34. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer
(A) os menores de dezesseis anos.
(B) os pródigos, ainda que casados.

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(C) os que, mesmo por causa transitória, não puderem exprimir sua
vontade.
(D) os maiores de dezesseis anos e menores de dezoito anos, ainda que
casados.
(E) os maiores de dezesseis e menores de vinte e um anos.

PGE/PI – 2014
18. A respeito da pessoa natural, da pessoa jurídica e dos bens, ass inale a
opção correta.
A) A vontade humana não constitui elemento da personificação da pes s oa
jurídica.
B) O atual Código Civil adotou a teoria ultra vires como regra; assim, a
pessoa jurídica sempre responde pelos atos que seus administradores
praticarem com excesso dos poderes conferidos a eles pelos atos
constitutivos.
C) O direito à sucessão aberta é bem móvel por determinação legal.
D) Atento ao princípio da dignidade da pessoa, o Código Civil em vigor
exige, para a aquisição da personalidade, que o sujeito tenha vida viável,
forma humana e condição social.
E) Comoriência corresponde à simultaneidade do falecimento de duas ou
mais pessoas, sendo impossível determinar-se qual delas morreu primeiro.
Nesse contexto, é dispensável que as mortes decorram do mes mo event o
fático, sendo essencial apenas o momento dos óbitos.

PGE/PI – 2008
30. Em relação aos bens jurídicos, assinale a opção correta.
A O direito à sucessão aberta é considerado como bem imóvel, ainda que a
herança seja formada por bens móveis ou abranja apenas direitos
pessoais.
B São pertenças os bens acessórios que se incorporam ao bem principal
para que este atinja suas finalidades. Os negócios jurídicos que dizem
respeito ao bem principal abrangem as pertenças, pois essas não podem
ser negociadas autonomamente.
C Infungíveis são os bens móveis que não se identificam pela sua
individualidade, mas pela quantidade. Por isso, podem ser frac ionados em
partes distintas, sem alteração de suas qualidades essenciais e sem
prejuízo ao uso a que se destinam.

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D Bens móveis por antecipação são aqueles que eram imóveis, mas que
foram mobilizados por uma intervenção humana. Essa mudança de
natureza, no entanto, não dispensa os requisitos para a transmissão da
propriedade imóvel.
E Os bens dominicais são bens públicos disponíveis à utilização direta e
imediata do povo ou dos usuários de serviços, não se submetendo a
qualquer tipo de discriminação ou fruição.

PGE/PR – 2015
77. Assinale a alternativa CORRETA.
A) A emancipação do menor com 16 anos completos, concedida por ambos
os pais por escritura pública, depende, para a sua validade, de
homologação judicial.
B) A atuação do mandatário que age extrapolando os limites da procuração
que lhe foi outorgada é inválida e não produz quaisquer efeitos jurídicos.
C) Os efeitos da declaração de nulidade do negócio jurídico retroagem ao
momento da sua celebração, sendo que ele nunca convalesce, não pode
ser confirmado e nem ratificado. Poderá, todavia, subsistir convertido em
outro negócio jurídico cujos requisitos de validade estiverem present es , s e
atingir o fim visado pelas partes.
D) A relativa incapacidade do menor entre 16 e 18 anos autoriza-o a
invocar a anulabilidade de negócio jurídico realizado sem assistência,
mesmo que tenha se declarado maior no momento de sua celebração.
E) A fixação de condição resolutiva física ou juridicamente impossível
invalida todo o negócio jurídico.

PGE/PR – 2011
49. Não é hipótese de cessação da incapacidade para os menores:
a) a concessão dos pais, se o menor tiver pelo menos 14 anos de idade;
b) o casamento;
c) o exercício de emprego público efetivo;
d) a existência de relação de emprego em função da qual o menor, com 16
anos de idade, tenha economia própria;
e) a colação de grau em curso de ensino superior.

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PGE/PR – 2011
55. No que se refere aos bens públicos, assinale a alternativa correta:
a) os bens dominicais constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de
direito público, constituindo-se objeto de direito real de cada uma delas;
b) a alienação dos bens públicos somente acontece quando houver
interesse social, independentemente de sua condição de uso pela
administração;
c) os bens públicos dominicais não podem ser alienados, tendo em vista
que potencialmente úteis à função pública;
d) se não houver disposição contrária de lei, consideram-se dominic ais os
bens pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha
dado estrutura de direito privado;
e) o uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido por ato administrativo da entidade a que
pertencerem.

PGE/RS – 2015
70 – Em relação ao domicílio, conforme legislação vigente, analise as
seguintes assertivas:
I. Ressalvada hipótese de abandono, o domicílio do chefe de família
estende-se ao cônjuge e aos filhos não emancipados.
II. Exercendo profissões em locais diversos, cada um destes pode constituir
domicílio para as relações que lhes corresponderem.
III. O servidor público, o militar e o preso têm domicílio necessário, sendo,
respectivamente, o lugar onde exercem permanentemente suas funções,
onde servem e onde cumprem a sentença.
IV. Muda-se de domicílio pela alteração de localização do lugar,
independente da intenção da pessoa.
Quais estão corretas?
A) Apenas I e III.
B) Apenas I e IV.
C) Apenas II e III.
D) Apenas II e IV.
E) Apenas I, II e III.

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PGE/RS – 2011
55 - Assinale a alternativa INCORRETA.
A) São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas
jurídicas de direito público interno; todos os outros são particulares, seja
qual for a pessoa a que pertencerem.
B) Bens dominicais, porque desafetados de um interesse ou utilidade
pública, são passíveis de alienação e, portanto, também de usucapião.
C) O uso comum dos bens públicos pode ser gratuito ou retribuído,
conforme for estabelecido legalmente pela entidade a cuja administração
pertencerem.
D) Segundo jurisprudência do Supremo Tribunal Federal, quando afetados
para a prestação de um serviço público, os bens de empresas públicas e de
sociedades de economia mista podem gozar dos privilégios dos bens
públicos, tal como, por exemplo, a impenhorabilidade.
E) Sobre bens públicos em espécie, no regime jurídico vigente, inexistem
águas públicas sob domínio dos Municípios; todas as águas públ ic as es t ão
ou sob domínio da União ou dos Estados ou do Distrito Federal.

PGE/RS – 2011
62 - Em se tratando de fundações, é correto afirmar que:
A) O Ministério Público fiscaliza as que forem públicas e não as privadas.
B) A sua instituição poderá ser feita por contrato particular se for fundaç ão
privada.
C) Se funcionarem em mais de um Estado, a fiscalização compete a cada
Ministério Público Estadual em que houver atividade.
D) A fiscalização do Ministério Público outorga-lhe o poder de fazer os
estatutos caso haja omissão do instituidor e desde que seja fundação
pública.
E) Caso haja insuficiência de bens para instituir a fundação, os que
existirem serão destinados ao Estado membro no qual ela teria sua
atividade principal.

PGE/RS – 2011
63 - Assinale a alternativa correta:
A) A universalidade de fato diferencia-se da de direito, pois, embora ambas
dependam de reconhecimento legal, a primeira precisa da vontade do
titular para instituí-la.

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B) A universalidade de fato não autoriza que haja relação jurídica a não


ser sobre cada um dos bens.
C) A universalidade de direito representa o complexo de relações ju rídic as
de uma pessoa, ainda que não dotadas de valor econômico.
D) A universalidade de fato prescinde de determinação legal, dependendo
da vontade do titular e da destinação que este atribua ao complexo de
bens.
E) A universalidade de direito, além do reconhecimento legal, precisa da
vontade do titular atribuindo uma destinação específica ao complexo de
bens.

PGM/CURITIBA – 2015
65 - Depois de cinco dias de trabalho, as buscas pelo guarda municipal J.C.
(27 anos) e seu irmão M. (23 anos), desaparecidos em enxurrada durante
temporal que atingiu a capital, foram encerradas pelo corpo de bombeiros ,
conforme declaração do capitão Rodrigo Lima, que chefiou a operação.
Sobre a situação relatada, é correto afirmar que:
a) para a abertura da sucessão, é necessário processo judicial de jurisdição
voluntária, em que qualquer interessado ou o Ministério Público pode
pleitear a declaração judicial de ausência e a nomeação de curador(es)
para os bens dos ausentes, já que paira incerteza quanto ao paradeiro dos
irmãos.
b) a abertura da sucessão provisória só ocorrerá depois de transcorridos
dois anos da arrecadação dos bens dos falecidos e será convertida em
sucessão definitiva dez anos depois da abertura.
c) é dispensável a declaração de ausência, pois, mesmo sem cadáver, a
requerimento dos interessados, o juiz está autorizado a declarar a morte
presumida dos desaparecidos, ensejando, desde logo, a abertura da
sucessão definitiva.
d) a presunção decorrente da comoriência é no sentido de que, em se
tratando de simultaneidade de mortes entre irmãos, a morte do mais velho
precede a morte do mais novo.
e) do registro de sentença declaratória de morte presumida constará c omo
data do óbito a data de encerramento das buscas pelos desaparecidos.

PGM/CURITIBA – 2015
69 - Quanto aos bens públicos dominiais, identifique as afirmativas a seguir
como verdadeiras (V) ou falsas (F):

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() São inalienáveis, imprescritíveis e impenhoráveis.


() Podem ser desapropriados pelos entes da federação no sentido
“descendente”, ou seja, a União pode desapropriar bens dos Estados e dos
Municípios e os Estados podem desapropriar bens dos Municípios.
() Só podem ser gravados com direitos reais de garantia em favor de
terceiros quando destinados a garantir débitos de natureza alimentar.
() É defeso aos particulares ocupantes desses bens o manejo das aç ões de
natureza possessória, porque há entendimento jurisprudencial consolidado
de que não se pode reconhecer a posse de bens públicos, mas tão somente
a detenção.
Assinale a alternativa que apresenta a sequência correta, de cima para
baixo.
a) F – V – F – V.
b) V – V – F – F.
c) V – F – V – V.
d) V – F – V – F.
e) F – V – V – F.

PGM/CURITIBA – 2015
73 - Quanto à desconsideração da pessoa jurídica, considere as s eguint es
afirmativas:
1. Permite-se ao magistrado, no caso concreto, a pedido da parte
interessada ou do Ministério Público, desconsiderar a personalidade da
empresa, fazendo cessar a sua autonomia patrimonial, tornando possível
atingir o patrimônio pessoal dos sócios, quando houver a prática de ato
irregular limitadamente aos administradores ou sócios que nela hajam
incorrido.
2. O Código Civil brasileiro de 2002 adota a chamada Teoria Menor da
Desconsideração da Pessoa Jurídica, que trata como tal toda e qualquer
hipótese de comprometimento do patrimônio pessoal do sócio por
obrigação da empresa. Fundamenta o seu cerne no simples prejuízo do
credor, para afastar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica.
3. Não é possível desconsiderar a pessoa jurídica para responsabilizá -la por
obrigações assumidas pelos seus sócios quando estes atuaram
ostensivamente, ocultando os seus bens na sociedade ou des viando s eus
bens pessoais para ela, com prejuízo a terceiros.
Assinale a alternativa correta.
a) Somente a afirmativa 1 é verdadeira.
b) Somente as afirmativas 1 e 2 são verdadeiras.

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Teoria e Questões
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c) Somente as afirmativas 1 e 3 são verdadeiras.


d) Somente as afirmativas 2 e 3 são verdadeiras.
e) As afirmativas 1, 2 e 3 são verdadeiras.

Gabaritos

Gabaritos das questões com comentários

PGM/SP – 2014
62. D

65. E

PGE/AC – 2014
36. D

37. C

PGE/AM – 2010
53. B

PGE/MA – 2013
32. A

33. A

36. C

PGE/MT – 2011
35. E

PGE/PA – 2012
61. Correto

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Teoria e Questões
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PGE/PR – 2015
73. E

PGE/RS – 2015
71. E
35. C

Gabaritos das questões sem comentários

PGE/MA – 2003
34. D

35. E

PGE/MG – 2012
36. D

PGE/MT – 2011
34. B

PGE/PI – 2014
18. E

PGE/PI – 2008
30. A

PGE/PR – 2015
77. C

PGE/PR – 2011
49. A

PGE/PR – 2011

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Teoria e Questões
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55. D

PGE/RS – 2015
70. E

PGE/RS – 2011
55. B
62. C
63. D

PGM/Curitiba – 2015
65. C
69. A
73. A

Questões com comentários

PGM/SP – 2014
62. Acerca das regras de domicílio estabelecidas pelo Código Civil de 2002,
assinale a alternativa correta.
(A) As pessoas jurídicas de direito público interno possuem domic ílio fixo,
na capital do país.
(B) O incapaz possui domicílio próprio e facultativo, independendo do
domicílio de seu representante ou assistente.
(C) No atual sistema não se admite a pluralidade de domicílios para a
pessoa física.
(D) O servidor público possui domicílio necessário, sendo o local onde
exerce permanentemente suas funções.
(E) A pessoa jurídica que conta com mais de um estabelecimento tem
domicílio exclusivo em sua sede.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, como vimos, o art. 75 estabelece que o
domicílio das pessoas jurídicas de direito público interno variará conforme o
ente federativo tratado. Seria, inclusive, incoerente estabelecer que o domicílio
de um pequeno Município do interior do Amazonas ou do extremo sul do Rio
Grande do Sul ficasse em Brasília.

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Teoria e Questões
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A alternativa B está incorreta, dado que o parágrafo único do art. 76 é claro


ao dispor que o domicílio do incapaz, que é necessário, corresponde ao
domicílio do representante legal (“O domicílio do incapaz é o do seu
representante ou assistente”).
A alternativa C está incorreta, pois, novamente, o art. 71 permite a
variabilidade de domicílios, sem maiores restrições, tendo a pessoa mais de
uma residência (“Se, porém, a pessoa natural tiver diversas residências , onde,
alternadamente, viva, considerar-se-á domicílio seu qualquer delas”).
A alternativa D está correta, por expressa previsão do art. 76, parágrafo único
(“o do servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas
funções”). Assim, quando você for aprovado na PGE/SP, seu domicílio será,
necessariamente, o Município para o qual você será mandado,
independentemente de onde você fixe residência!
A alternativa E está incorreta, pois o art. 75, §1º claramente permite que a
pessoa jurídica tenha considerado como domicílios os diversos locais nos quais
tenha estabelecimento comercial (“Tendo a pessoa jurídica diversos
estabelecimentos em lugares diferentes, cada um deles será considerado
domicílio para os atos nele praticados”).

PGM/SP – 2014
65. Assinale a alternativa correta acerca da responsabilidade patrimonial
da pessoa jurídica, de seus sócios e administradores.
(A) O Código Civil de 2002 adotou a teoria menor da desconsideração da
personalidade jurídica.
(B) A desconsideração da personalidade jurídica afasta o princípio da
subsidiariedade da responsabilidade dos sócios, admitindo-se a c ons t riç ão
dos bens particulares deste, ainda que a sociedade possua patrimônio.
(C) No âmbito da relação cível, aplica-se a desconsideração da
personalidade jurídica sempre que a personalidade for obstáculo ao
ressarcimento de prejuízos causados aos credores.
(D) Para que seja decretada a desconsideração da personalidade jurídica
em razão de confusão patrimonial, é necessária a comprovação de que a
confusão se deu com o objetivo de fraudar credores.
(E) A responsabilidade dos administradores por culpa no desempenho de
suas funções independe de desconsideração da personalidade jurídica.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que o art. 50 do CC/2002, segundo a
doutrina e a jurisprudência, adota a chamada “Teoria Maior”, cujos requisitos
são o abuso da personalidade jurídico somado ao desvio de finalidade/confus ão
patrimonial.
A alternativa B está incorreta. Veja-se que, num Juízo de plausibilidade já é
possível descartar essa hipótese. Se a sociedade tem patrimônio suficiente para

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Teoria e Questões
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arcar com o débito, por que eu, credor, iria pedir a desconsideração, que é um
processo mais difícil, custoso e demorado? Por isso, não se fala em alteração da
subsidiariedade da responsabilidade, ainda que a personalidade jurídica tenha
sido desconsiderada.
A alternativa C está incorreta, pois, mais uma vez, não basta que ela s eja um
obstáculo ao ressarcimento, já que, em determinadas hipóteses, a sociedade
“quebra” e os credor ficam sem o crédito, sem maiores repercussões. O art . 50
exige dois requisitos: o abuso da personalidade jurídico somado ao desvio de
finalidade/confusão patrimonial. Mesmo havendo prejuízo, se não tivermos a
reunião desses requisitos, não se pode falar em desconsideração.
A alternativa D está incorreta, pois, novamente, o requisito de confusão
patrimonial é objetivo, bastando demonstrá-lo, sem que se procure trazer a
razão pela qual isso ocorreu (se com intuito fraudatório ou não).
A alternativa E está correta, conforme estabelece o art. 1.016 do CC/2002:
“Os administradores respondem solidariamente perante a sociedade e os
terceiros prejudicados, por culpa no desempenho de suas funções ”. A
desconsideração é independente da responsabilidade pela administração; são
duas situações completamente diferentes.

PGE/AC – 2014
36 – Não são pessoas jurídicas de direito privado:
(A) as associações.
(B) os partidos políticos.
(C) as sociedades de economia mista.
(D) as autarquias.
Comentários
Essa era uma questões bem decoreba. Ela poderia confundir um pouco mais em
relação ao item C, já que a sociedade de economia mista é titularizada, em
larga medida, pelo Estado, o que dá a ela um ar “público”.
A alternativa A está incorreta, segundo o art. 44, inc. I.
A alternativa B está incorreta, segundo o art. 44, inc. V.
A alternativa C está incorreta, segundo o art. 5º, inc. III do Decreto-Lei
20/1967;
A alternativa D está correta, conforme o art. 41, inc. IV.

PGE/AC – 2014
37 - Consideram-se bens móveis:
(A) o que for artificialmente incorporado ao solo.
(B) as ações que versarem sobre bens imóveis.

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Teoria e Questões
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(C) os materiais destinados a uma construção enquanto não forem


utilizados.
(D) os materiais provisoriamente separados de um prédio para nele se
reempregarem.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, segundo o art. 79, os bens incorporados
ao solo, ainda que artificialmente, são imóveis (“São bens imóveis o solo e t udo
quanto se lhe incorporar natural ou artificialmente.”).
A alternativa B está incorreta, já que também são consideradas bens imóveis
as ações que tratam de bens imóveis, na dicção do art. 80, inc. I (“Consideram -
se imóveis para os efeitos legais os direitos reais sobre imóveis e as ações que
os asseguram”).
A alternativa C está correta, na dicção literal do art. 84 (“Os materiais
destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis”).
A alternativa D está incorreta, porque, por força do art. 81, inc. II, mesmo os
bens provisoriamente separados do imóvel continuam sendo imóveis (“Não
perdem o caráter de imóveis os materiais provisoriamente separados de um
prédio, para nele se reempregarem”).

PGE/AM – 2010
53. São imóveis por definição legal
(A) somente os bens móveis pertencentes à herança, enquanto não for
partilhada.
(B) o direito à sucessão aberta e os direitos reais sobre bens imóveis.
(C) somente os direitos reais sobre bens imóveis e as ações que os
asseguram.
(D) tudo quanto se incorpora natural ou artificialmente ao solo.
(E) os materiais separados de um prédio para nele ou em outro prédio
serem reempregados.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois, segundo o art. 80, inc. II, somente o “o
direito à sucessão aberta” se considera imóvel, mas os bens móveis da herança
não perdem a característica de imóveis.
A alternativa B está correta, já que também são consideradas bens imóveis os
direitos à sucessão aberta e os direitos que tratam de bens imóveis , na dicção
do art. 80, incs. I e II (“Consideram-se imóveis para os efeitos legais os direitos
reais sobre imóveis e as ações que os asseguram e o direito à sucessão
aberta”).

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Teoria e Questões
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A alternativa C está incorreta, novamente, pela dicção do inc. II do art. 80,


que inclui no rol dos bens imóveis também o direito à sucessão aberta.
A alternativa D está incorreta, porque, como vimos a partir da obra de Fiúza,
a doutrina classifica os imóveis em quatro diferentes categorias. O que se
incorpora ao solo, natural ou artificialmente, será bem imóvel por nat ureza (s e
for uma árvore) ou bem imóvel por acessão física (edifício), mas não bem
imóvel por definição legal.
A alternativa E está incorreta, pois os materiais são imóveis por acessão física,
na classificação supramencionada, e não imóveis por definição legal.

PGE/MA – 2003
32. São relativamente incapazes
(A) os pródigos e os que por causa transitória não puderem exprimir sua
vontade.
(B) os ébrios habituais e os excepcionais sem desenvolvimento mental
completo.
(C) os menores entre dezesseis e vinte e um anos.
(D) os que por enfermidade ou deficiência mental não tiverem o necessário
discernimento para a prática dos atos da vida civil.
(E) os silvícolas e os ausentes.
Comentários
Como essa questão é anterior ao Estatuto da Pessoa com Deficiência, há
mudanças em sua análise. Farei a correção e os comentários com base na
lei atualizada!
A alternativa A está correta, pois, segundo o art. 4º, inc. IV, os pródigos são
relativamente capazes. Igualmente, segundo o inc. III desse artigo, com a
redação dada pelo Estatuto, “aqueles que, por causa transitória ou permanente,
não puderem exprimir sua vontade” são igualmente relativamente incapazes.
A alternativa B está incorreta, já que, pelo novo art. 4º, inc. II, apesar de os
ébrios habituais e viciados em tóxicos serem relativamente capazes, os
excepcionais ganharam status de capacidade plena, com algumas
características peculiares a serem observadas, com a revogação do inc. III.
A alternativa C está incorreta, dado que é relativamente incapaz o menor
entre 16 e 18 anos desde a edição do CC/2002, segundo o art. 4º, inc. I.
A alternativa D está incorreta, pois “os que por enfermidade ou deficiência
mental não tiverem o necessário discernimento para a prática dos at os da vida
civil” não são mais nem absoluta nem relativamente capazes.
A alternativa E está duplamente incorreta, pois a capacidade dos indígenas é
regida por lei especial, segundo o art. 4º, parágrafo único e a ausência não é
causa de incapacitação, sequer estando prevista nos arts. 3º e/ou 4º.

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Teoria e Questões
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PGE/MA – 2003
33. Poderão os interessados requerer a sucessão definitiva do ausente
(A) dez anos depois de passada em julgado a sentença que concede a
abertura da sucessão provisória.
(B) somente quando o ausente contar oitenta anos de idade e que de cinc o
anos antes datem suas últimas notícias ou vinte anos depois de passada
em julgado a sentença que concedeu a sucessão provisória.
(C) apenas se ficar provada sua morte.
(D) dez anos após a arrecadação de seus bens ou se o ausente contar
oitenta anos de idade e de cinco anos antes forem suas últimas notícias.
(E) somente depois de quinze anos de seu desaparecimento, ou s e c ont ar
setenta anos de idade e de cinco anos antes forem suas últimas notícias.
Comentários
A alternativa A está correta, por expressa previsão do art. 37: “Dez anos
depois de passada em julgado a sentença que concede a abertura da s uces s ão
provisória, poderão os interessados requerer a sucessão definitiva ”.
A alternativa B está incorreta, já que segundo o art. 38, “pode-se requerer a
sucessão definitiva, também, provando-se que o ausente conta oitenta anos de
idade, e que de cinco datam as últimas notícias dele.” Não, porém, 20 anos
depois da sucessão provisória, mas 10 anos, como dito no tópico acima.
A alternativa C está incorreta, pois mesmo a presunção de morte autoriza a
abertura da sucessão provisória e, subsequentemente, a sucessão definitiva;
igualmente na ausência, sem que se prove a morte da pessoa.
A alternativa D está incorreta, pois o prazo de 10 anos conta-se do trânsito
em julgado da sentença de abertura da sucessão provisória. A arrecadação dos
bens ocorrerá, segundo o art. 28, §2º, depois de 30 dias depois do trâns it o em
julgado da sentença que manda abrir a sucessão provisória.
A alternativa E está duplamente incorreta. Como vimos, o prazo para a
sucessão definitiva, que é de 10 anos, conta-se do trânsito em julgado da
abertura da sucessão provisória, independentemente do tempo do
desaparecimento da pessoa, que pode ser maior ou menor que esse. Segundo,
permite-se o mesmo quando a pessoa contar com 80 e não 75 anos de idade.

PGE/MA – 2003
36. Constitui universalidade de fato
(A) o conjunto de bens que, embora reunidos, consideram-se de per si,
independentemente dos demais.
(B) o complexo de relação jurídicas de uma pessoa, dotado de valor
econômico.

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(C) a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à mesma pessoa,


tenham destinação unitária.
(D) a pluralidade de bens que não podem ser objeto de relações jurídicas
próprias, devendo sempre ser alienados como um todo.
(E) a construção feita sobre terreno alheio e que passa a pertencer ao
proprietário deste.
Comentários
A alternativa A está incorreta, já que essa é a definição do bem singular (“ Art .
89. São singulares os bens que, embora reunidos, se consideram de per si,
independentemente dos demais.”). Veja que a própria noção (se consideram
independentemente dos demais) contraria a noção de universalidade
(destinação unitária).
A alternativa B está incorreta, dado que essa é a definição de universalidade
de direito (“Art. 91. Constitui universalidade de direito o complexo de relações
jurídicas, de uma pessoa, dotadas de valor econômico.”).
A alternativa C está correta, conforme a literalidade do art. 90: “Constitui
universalidade de fato a pluralidade de bens singulares que, pertinentes à
mesma pessoa, tenham destinação unitária.”
A alternativa D está incorreta, porque contraria expressamente a previsão do
art. 90, parágrafo único, que permite que os bens que formam essa
universalidade possam ser objeto de relações jurídicas próprias.
A alternativa E está incorreta, por estar contida no conceito de acessão por
plantação ou construção (conforme art. 1.248, inc. V), melhor desenvolvida no
tópico do direito das coisas, algumas aulas ainda à frente.

PGE/MT – 2011
35. O registro da pessoa jurídica no órgão competente tem eficácia
(A) resolutiva.
(B) declaratória.
(C) rescisória.
(D) discriminatória.
(E) constitutiva.
Comentários
Em realidade, a resolução dessa questão não demanda análise detalhada de
cada um dos itens. Como dissemos acima, o registro serve para “criar” a pessoa
jurídica. Qual o sinônimo de “criar”? Constituir! Logo, a alternativa E está
correta.
O registro não resolverá (“acabará, destruirá”), não declarará (se fosse
“declarar” a pessoa jurídica, ela já deveria existir previamente, mas ela só

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Teoria e Questões
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existe com o registro), não rescindirá (“desconstituirá”) e não discriminará


(“especificará, detalhará”) a pessoa jurídica.

PGE/PA – 2012
61. Analise as proposições a seguir:
III - A emancipação judicial não prescinde da exigênc ia de idade mínima,
estando sujeita a registro público de caráter constitutivo da capac idade do
emancipado.
Comentários
A questão era mais ampla, contando com tópicos que traremos adiante, pelo
que vou focar no item III, que está correto.
A emancipação por intervenção judicial necessita de idade mínima de 16 anos ,
segundo o art. 5º, inc. I (“Cessará, para os menores, a incapacidade pela
concessão dos pais, ou de um deles na falta do outro, mediante instrumento
público, independentemente de homologação judicial, ou por sent enç a do juiz,
ouvido o tutor, se o menor tiver dezesseis anos completos”).
Há casos em que a emancipação ocorrerá antes dos 16 anos, mas pelo
casamento, e não por decisão judicial (“Art. 1.520. Excepcionalmente, será
permitido o casamento de quem ainda não alcançou a idade núbil, para evitar
imposição ou cumprimento de pena criminal ou em caso de gravidez.”), em
conformidade com o art. 5º, parágrafo único, inc. II (“Cessará, para os
menores, a incapacidade pelo casamento”).
O registro terá o condão de constituir a capacidade, por leitura do Enunciado
397 do CJF (“Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do
juiz está sujeita a desconstituição por vício de vontade.”)

PGE/PR – 2015
73. Assinale a alternativa CORRETA em relação à temática da pessoa
jurídica.
A) A desconsideração da personalidade jurídica é admitida sempre que a
pessoa jurídica seja utilizada para fins fraudulentos ou diversos daqueles
para os quais foi constituída e equivale à sua desconstituição para todos os
efeitos.
B) Os bens dominicais integrantes do patrimônio das pessoas jurídic as de
direito público não podem ser adquiridos por usucapião nem alienados.
C) Ao admitir que se aplica às pessoas jurídicas a proteção aos direit os da
personalidade, o ordenamento jurídico o faz em total simetria com a
proteção da personalidade humana.
D) A desconsideração inversa da pessoa jurídica dá-se quando s e at ingem
bens da pessoa jurídica para solver dívidas de seus sócios. Esse proceder é

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expressamente vedado pelo ordenamento jurídico brasileiro porque


proporciona prejuízo aos demais participantes da sociedade.
E) As associações públicas são pessoas jurídicas de direito público
formadas por entes da Federação que se consorciam para realização de
objetivos que consagrem interesses comuns. Uma vez constituídas, as
associações públicas passam a integrar a Administração Pública indireta de
todos os entes federativos que participaram de sua formação.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois a desconstituição deve ser vista
casuisticamente, para cada situação concreta. A desconstituição ocorrerá numa
dada situação, não valendo para todas e quaisquer outras, com eficácia ampla.
A alternativa B está incorreta, pois, apesar de em regra os bens públ icos não
se sujeitarem à usucapião ou alienação, conforme veremos à frente, na Aula
sobre Direito das Coisas, algumas categorias de bens são alienáveis , como é o
caso dos bens dominicais, que são os bens públicos sem destinação definida.
Esse é, a rigor, tema de Direito Administrativo, sendo lá melhor visto.
A alternativa C está incorreta, porque, como vimos anteriormente,
determinados direitos de personalidade são inaplicáveis às pessoas jurídicas.
Nesse sentido, vide a previsão do art. 52: “Aplica-se às pessoas jurídicas, no
que couber, a proteção dos direitos da personalidade.”
A alternativa D está incorreta, porque, como disse acima, a jurisprudência
reiterada do STJ admite a desconsideração inversa. Recomendo, mais uma vez,
a leitura do REsp, localizado no tópico “jurisprudência e súmulas correlatas”.
A alternativa E está correta, conforme art. 6º, inc. I, da Lei 11.107/2005,
melhor vista no Direito Administrativo.

PGE/RS – 2015
QUESTÃO 71 – Assinale a alternativa INCORRETA.
A) Trata-se de universalidade de direito o complexo das relações jurídic as
dotadas de valor econômico.
B) Bens naturalmente divisíveis são aqueles passíveis de fracionamento,
muito embora possam se tornar indivisíveis por vontade das partes.
C) Salvo se o contrário resultar da lei, quando relacionados ao bem
principal, os negócios jurídicos não abrangem as pertenças.
D) Readquirem a qualidade de bens móveis os provenientes da demoliç ão
de algum prédio.
E) São pertenças os bens que, constituindo partes integrantes, se destinam
ao aformoseamento de outro.
Comentários

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Teoria e Questões
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A alternativa A está correta, conforme literal disposição do art. 91: “Constitui


universalidade de direito o complexo de relações jurídicas, de uma pessoa,
dotadas de valor econômico.”
A alternativa B está correta, pois o art. 87 estabelece que “Bens divisíveis s ão
os que se podem fracionar sem alteração na sua substância, diminuição
considerável de valor, ou prejuízo do uso a que se destinam.” Porém, o art . 88
estabelece que “Os bens naturalmente divisíveis podem tornar-se indivisíveis
por determinação da lei ou por vontade das partes.”
A alternativa C está correta, novamente por expressa previsão do art. 94: “Os
negócios jurídicos que dizem respeito ao bem principal não abrangem as
pertenças, salvo se o contrário resultar da lei, da manifestação de vont ade, ou
das circunstâncias do caso”.
A alternativa D está correta, segundo dicção do art. 84: “Os materiais
destinados a alguma construção, enquanto não forem empregados, conservam
sua qualidade de móveis; readquirem essa qualidade os provenientes da
demolição de algum prédio.”
A alternativa E está incorreta, pois as pertenças não constituem partes
integrantes. Partes integrantes são partes integrantes e pertenças são
pertenças, não se confundindo. Vide, novamente, o art. 93: “São pertenças os
bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.”

PGE/RS – 2015
35 – Assinale a alternativa correta.
A) De acordo com o Código Civil, são bens públicos aqueles pertencentes
às pessoas jurídicas integrantes da Administração Pública.
B) Os bens públicos de uso comum, de uso especial e dominicais são
insuscetíveis de alienação.
C) Os bens pertencentes às empresas estatais prestadoras de serviços
públicos em regime de exclusividade são impenhoráveis, se a lei assim
determinar.
D) Os bens públicos podem ser adquiridos por usucapião urbano, desde
que não estejam afetados a serviço público.
E) Os bens públicos imóveis podem ser gravados com hipoteca, des de que
em garantia de dívidas da Fazenda Pública com credores públicos.
Comentários
A alternativa A está incorreta, pois de acordo com o art. 98, “São públicos os
bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de direito público
interno”. Há aqui, uma distinção, que você verá melhor em Direito
Administrativo, decorrente do bem público X bem estatal. Há autores que
consideram que os bens da Administração Indireta não se i ncluem nos bens

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Teoria e Questões
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públicos e outros adotam posições intermediárias, como é o caso de Celso


Antonio Bandeira de Mello.
A alternativa B está incorreta, dado que os bens dominicais podem ser objet o
de alienação, conforme regra do art. 101: “Os bens públicos dominicais podem
ser alienados, observadas as exigências da lei.”
A alternativa C está correta, pela dicção invertida do art. 98, parágrafo único:
“Não dispondo a lei em contrário, consideram-se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado
estrutura de direito privado”. Ou seja, a rigor os bens da empresas estatais
prestadoras de serviço público serão tratados como bens dominicais, muito
próximos ao regime jurídico privado; no entanto, se a lei tratar especificame nte
do tema, serão eles tratados como bens de uso especial, dentro do regimes dos
bens públicos em geral e, portanto, insuscetíveis de penhora.
A alternativa D está incorreta. Há jurisprudência, ainda incipiente, permitindo
a usucapião de determinados bens públicos, como os dominicais, mas essa
corrente é francamente minoritária. Vale, então, a previsão geral do a rt. 102:
“Os bens públicos não estão sujeitos a usucapião.”
A alternativa E está incorreta, eis que ao passo que o art. 100 estabelece que
“Os bens públicos de uso comum do povo e os de uso especial são
inalienáveis”, são eles, consequentemente, impassíveis de hipoteca.

Legislação pertinente

Fique atento às modificações feitas pelo Estatuto da Pessoa com Deficiência


ao CC/2002:
Art. 3o São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os
menores de 16 (dezesseis) anos.
Art. 4o São incapazes, relativamente a certos atos ou à maneira de os exercer:
I - os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos;
II - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
III - aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua
vontade;
IV - os pródigos.
Parágrafo único. A capacidade dos indígenas será regulada por legislação especial.

Distinga as pessoas jurídicas de direito público das pessoas jurídicas de


direito privado:
Art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno:
I - a União;
II - os Estados, o Distrito Federal e os Territórios;

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III - os Municípios;
IV - as autarquias, inclusive as associações públicas;
V - as demais entidades de caráter público criadas por lei.
Parágrafo único. Salvo disposição em contrário, as pessoas jurídicas de direito público, a
que se tenha dado estrutura de direito privado, regem -se, no que couber, quanto ao seu
funcionamento, pelas normas deste Código.
Art. 44. São pessoas jurídicas de direito privado:
I - as associações;
II - as sociedades;
III - as fundações.
IV - as organizações religiosas;
V - os partidos políticos.
VI - as empresas individuais de responsabilidade limitada.

Atente para as regras do domicílio:


Art. 75. Quanto às pessoas jurídicas, o domicílio é:
I - da União, o Distrito Federal;
II - dos Estados e Territórios, as respectivas capitais;
III - do Município, o lugar onde funcione a administração municipal;
IV - das demais pessoas jurídicas, o lugar onde funcionarem as respectivas diretorias e
administrações, ou onde elegerem domicílio especial no seu estatuto ou atos constitutivos.
§ 1o Tendo a pessoa jurídica diversos estabelecimentos em lugares diferentes, cada um
deles será considerado domicílio para os atos nele praticados.
§ 2o Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver -se-á por
domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas
agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder.
Art. 76. Têm domicílio necessário o incapaz, o servidor público, o militar, o marítimo e o
preso.
Parágrafo único. O domicílio do incapaz é o do seu representante ou assistente; o do
servidor público, o lugar em que exercer permanentemente suas funções; o do militar,
onde servir, e, sendo da Marinha ou da Aeronáutica, a sede do comando a que se
encontrar imediatamente subordinado; o do marítimo, onde o navio estiver matriculado; e
o do preso, o lugar em que cumprir a sentença.

Memorize quais são os bens imóveis, lembrando de sua distinção doutrinária:


Art. 79. São bens imóveis o solo e tudo quanto se lhe incorporar natural ou
artificialmente.
Art. 80. Consideram-se imóveis para os efeitos legais:
I - os direitos reais sobre imóveis e as ações que os asseguram;
II - o direito à sucessão aberta.
Art. 81. Não perdem o caráter de imóveis:

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I - as edificações que, separadas do solo, mas conservando a sua unidade, forem


removidas para outro local;
II - os materiais provisoriamente separados de um prédio, para nele se reempregarem.

Reveja a distinção entre os diferentes bens públicos:


Art. 98. São públicos os bens do domínio nacional pertencentes às pessoas jurídicas de
direito público interno; todos os outros são particulares, seja qual for a pessoa a que
pertencerem.
Art. 99. São bens públicos:
I - os de uso comum do povo, tais como rios, mares, estradas, ruas e praças;
II - os de uso especial, tais como edifícios ou terrenos destinados a s erviço ou
estabelecimento da administração federal, estadual, territorial ou municipal, inclusive os
de suas autarquias;
III - os dominicais, que constituem o patrimônio das pessoas jurídicas de direito público,
como objeto de direito pessoal, ou real, de cada uma dessas entidades.
Parágrafo único. Não dispondo a lei em contrário, consideram -se dominicais os bens
pertencentes às pessoas jurídicas de direito público a que se tenha dado estrutura de
direito privado.

Jurisprudência e Súmulas Correlatas

Para a desconsideração da personalidade jurídica não basta dissolução


irregular:
AGRAVO REGIMENTAL NO AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. CUMPRIMENTO DE
SENTENÇA. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA. INDÍCIO DE
ENCERRAMENTO IRREGULAR DA SOCIEDADE. CIRCUNSTÂNCIA INSUFICIENTE PARA
AUTORIZAR A DESCONSIDERAÇÃO. AGRAVO IMPROVIDO.
1. Não é possível deferir a desconsideração da personalidade jurídica sem prova concreta
de fraude ou de abuso de personalidade. Precedentes.
2. A mera dissolução irregular da sociedade não autoriza a desconsideração da
personalidade jurídica da sociedade para alcançar bens dos sócios. Precedentes.
3. Agravo regimental a que se nega provimento.
(AgRg no AREsp 757.873/PR, Rel. Ministro MARCO AURÉLIO BELLIZZE, TERCEIRA TURMA,
julgado em 15/12/2015, DJe 03/02/2016)

A decretação da fraude é consequência, não fundamento, para a


desconsideração da personalidade jurídica:
DIREITO CIVIL E PROCESSUAL CIVIL. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE
JURÍDICA. FRAUDE CONTRA CREDORES. CONFUSÃO PATRIMONIAL. RECONHECIMENTO.
INCIDÊNCIA DA SÚMULA 7/STJ. CERCEAMENTO DE DEFESA. INEXISTÊNCIA.
1. No sistema de persuasão racional adotado pelo Código de Processo Civil nos arts. 130 e
131, em regra, não cabe compelir o magistrado a autorizar a produção desta ou daquela
prova, se por outros meios estiver convencido da verdade dos fatos, tendo em vista que o

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juiz é o destinatário final da prova, a quem cabe a análise da conveniência e necessidade


da sua produção.
2. O acórdão recorrido tem fundamentação robusta acerca da existência de confusão
patrimonial entre empresas do mesmo grupo econômico, com a finalidade de fraudar
credores. Assim, é cabível a desconsideração da personalidade jurídica, nos termos do art.
50 do Código Civil, bem como o reconhecimento da fraude à execuç ão, com amparo na
Súmula n. 375/STJ: "O reconhecimento da fraude à execução depende do registro da
penhora do bem alienado ou da prova de má-fé do terceiro adquirente". Incidência da
Súmula 7/STJ.
3. Agravo regimental não provido.
(AgRg no AREsp 231.558/PR, Rel. Ministro LUIS FELIPE SALOMÃO, QUARTA TURMA,
julgado em 18/12/2014, DJe 02/02/2015)

Permite-se a desconsideração inversa da personalidade jurídica, quando o


sócio “usa” a sociedade para esconder seu patrimônio pessoal:
PROCESSUAL CIVIL E CIVIL. RECURSO ESPECIAL. EXECUÇÃO DE TÍTULO JUDICIAL. ART.
50 DO CC/02. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA INVERSA.
POSSIBILIDADE.
I A ausência de decisão acerca dos dispositivos legais indicados como violados impede o
conhecimento do recurso especial. Súmula 211/STJ.
II Os embargos declaratórios têm como objetivo sanear eventual obscuridade, contradição
ou omissão existentes na decisão recorrida.
Inexiste ofensa ao art. 535 do CPC, quando o Tribunal a quo pronuncia -se de forma clara
e precisa sobre a questão posta nos autos, assentando-se em fundamentos suficientes
para embasar a decisão, como ocorrido na espécie.
III A desconsideração inversa da personalidade jurídica caracteriza -se pelo afastamento
da autonomia patrimonial da sociedade, para, contrariamente do que ocorre na
desconsideração da personalidade propriamente dita, atingir o ente coletivo e seu
patrimônio social, de modo a responsabilizar a pessoa jurídica por obrigações do sócio
controlador.
IV Considerando-se que a finalidade da disregard doctrine é combater a utilização
indevida do ente societário por seus sócios, o que pode ocorrer também nos casos em que
o sócio controlador esvazia o seu patrimônio pessoal e o integraliza na pessoa jurídica,
conclui-se, de uma interpretação teleológica do art. 50 do CC/02, ser possível a
desconsideração inversa da personalidade jurídica, de modo a atingir bens da sociedade
em razão de dívidas contraídas pelo sócio controlador, conquanto preenchidos os
requisitos previstos na norma.
V A desconsideração da personalidade jurídica configura-se como medida excepcional. Sua
adoção somente é recomendada quando forem atendidos os pressupostos específicos
relacionados com a fraude ou abuso de direito estabelecidos no art. 50 do CC/02.
Somente se forem verificados os requisitos de sua incidência, poderá o juiz, no próprio
processo de execução, levantar o véu da personalidade jurídica para que o ato de
expropriação atinja os bens da empresa.
VI À luz das provas produzidas, a decisão proferida no primeiro grau de jurisdição,
entendeu, mediante minuciosa fundamentação, pela ocorrência de confusão patrimonial e
abuso de direito por parte do recorrente, ao se utilizar indevidamente de sua empresa
para adquirir bens de uso particular.

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VII Em conclusão, a r. decisão atacada, ao manter a decisão proferida no primeiro grau de


jurisdição, afigurou-se escorreita, merecendo assim ser mantida por seus próprios
fundamentos.
Recurso especial não provido.
(REsp 948.117/MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI, TERCEIRA TURMA, julgado em
22/06/2010, DJe 03/08/2010)

O Enunciado 512 do CJF torna desnecessária a autorização para o casamento


de menor já emancipado:
512) Art. 1.517. O art. 1.517 do Código Civil, que exige autorização dos pais ou
responsáveis para casamento, enquanto não atingida a maioridade civil, não se aplica ao
emancipado.

O Enunciado 397 do CJF estabelece indiretamente que a emancipação se


opera por decisão com efeitos constitutivos:
397) Art. 5º. A emancipação por concessão dos pais ou por sentença do juiz está sujeita a
desc onstituição por vício de vontade.

Considerações Finais
Chegamos ao final da aula inaugural! Vimos uma pequena parte da matéria,
que corresponde apenas aos dois primeiros livros da Parte Geral do CC/2002.
Esse é um pontapé inicial bastante importante, pois a compreensão desses
temas amplos facilita sua vida quando chegar aos livros especiais.
No entanto, mesmo que sejam temas mais genéricos, são assuntos bastante
exigidos nas provas da 1ª Fase, como deixei bem claro no início da aula. Na
verdade, com as modificações realizadas pela Lei 13.146/2015, o
Estatuto da Pessoa com Deficiência, é muito provável que o examinador
cobre alguma coisa nesse sentido. Vimos que há, inclusive, algumas
pegadinhas que podem te trazer problemas se você não prestar atenção, por
isso, todo cuidado é pouco! Podemos esperar questões que envolvam o
Estatuto na 1ª Fase da PGE/SP!
Na próxima aula daremos continuidade à Parte Geral do CC/2002, agora com os
fatos jurídicos. Será uma aula mais teórica e um tanto mais pesada, porém
muito importante, pois traremos os conceitos básicos da matéria que
subsidiarão nossos estudos ao longo de todo o curso.
Além disso, esse tópico é responsável, sozinho, por numerosas questões d as
últimas provas de PGEs, PGFN, PGMs e PGRs.
Quaisquer dúvidas, sugestões ou críticas entrem em contato conosco. Estou
disponível no fórum no Curso, por e-mail e, inclusive, pelo Facebook.
Aguardo vocês na próxima aula. Até lá!

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