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O que é o dom de cura?

O caminho de cura, porém, não é igual para todos. Deus trata cada um de
maneira única, particular. Ele não leva em consideração somente o que a
pessoa quer. O que mais lhe importa é o bem dela. Socorre porque ama,
não para demonstrar poder. Deus cura por que é amor, e o amor sempre
cura. Não há nada que ele não possa sarar. Amar é querer o bem de uma
pessoa ainda que ela não o mereça. É assim que as mães amam. Por pior
que seja um homem, sua mãe quer que ele seja feliz...Quando cura, faz
isso porque somos seus filhos, e não por outra razão. Não é porque somos
santos e perfeitos que o Senhor nos socorre, mas porque Ele é bom...Todas
as pessoas precisam de cura. Algumas necessitam urgentemente de uma
cura física, mas todas, sem exceção, precisam de libertação e cura interior.
(p.14-17. O Dom de Cura. Marcio Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

“Um Grupo de Oração que se reúne semanalmente para encontrar com Deus,
lhe prestar culto de louvor e ação de graças, certamente será visitado pelo
Senhor da vida.
As curas que ocorrem durante as reuniões de oração geralmente acontecem
como resultado da perseverança de seus membros na vida carismática. É a
partir da fé e da fidelidade à vida de oração, leitura da Palavra e frequência às
reuniões de oração que começa a se destacar em cada um a manifestação do
Espírito para proveito comum (I Cor. 12, 7), e nesta manifestação do Espírito
alguns recebem o dom de orar por cura.
Com o passar do tempo, os participantes do Grupo de Oração vão percebendo
e até mesmo reconhecendo que determinado irmão ou irmã tem o dom de orar
pelos enfermos, o que na maioria dos casos leva, segundo o que temos visto,
de quatro a sete anos de caminhada.
Mas o importante é ter em mente que o dom pertence ao seu doador, ou seja,
ao Espírito Santo, e que este, de maneira especial tem derramado seus dons
nas reuniões de oração e chamado alguns a este ministério.
As curas podem ocorrer a qualquer momento em uma reunião de oração
carismática, desde seu início, até o final, pois Deus age como quer, quando
quer e na hora em que quiser. Às vezes, ocorrem curas sem que ninguém as
peça, em um momento de louvor, por exemplo. Não são poucos os
testemunhos de irmãos curados durante a reunião, sem que haja uma oração
direta de algum servo para o restabelecimento de sua saúde.
A graça geralmente ocorre quando os membros do Grupo, dispostos e
desejosos de deixarem-se usar pelo Espírito Santo, abrem-se ao dom,
tornando-se canal de graça, intercedendo uns pelos outros, permitindo que o
Senhor, por meio de suas orações, manifeste seu amor, curando os doentes,
como sinal de sua presença.
Para que a cura ocorra constantemente no Grupo de Oração, os participantes
devem ser motivados a experimentar todos os dons, aprender a orar pelos
outros, sem se preocuparem de estar exercendo algum tipo de ministério. É
necessário fazer experiência de orar uns pelos outros. São Tiago nos ensina:
"orai uns pelos outros para serdes curados" (Tg 5, 16b).
O Senhor tem pressa e quer que aprendamos muito e rapidamente na
caminhada em um Grupo de Oração. Para isso, somos levados a participar por
períodos curtos em vários ministérios, motivados por uma vontade inexplicável
de crescer e aprender.
É importante que os mais experientes incentivem os iniciantes que estão nesta
busca de serem usados por Deus, levando-os a fazer vários cursos de
formação e obter a experiências em todos os serviços, sem aquela obrigação
de estarem atrelado a um ministério. Em outras palavras, não é necessário
pertencer ao Ministério de Oração por Cura e Libertação para orar pelos outros
e nem tampouco ter feito encontros de formação neste sentido. Todos podem
orar uns pelos outros, abrindo-se aos dons do Espírito Santo. À medida que os
dons vão sendo exercitados, orando e servindo aos irmãos, a comunidade vai
reconhecendo o carisma de cada um.
Se uma pessoa é reconhecida pela comunidade como alguém que ao orar pela
cura de um doente é atendida por Deus, esta, certamente, tem um chamado ao
ministério. E o sinal claro desse chamado é a insistência de irmãos pedindo
orações ou trazendo pessoas enfermas para que reze por elas. Quando o
carisma se torna ministério a partir do reconhecimento pela comunidade, então
a pessoa deve ser incentivada, principalmente pelo coordenador do Grupo de
Oração, a buscar formação específica por meio do Ministério de Oração por
Cura e Libertação, no intuito de se aprofundar na doutrina do carisma e
aprender com os mais experientes.
Em resumo, o que temos aprendido com esta intervenção do Espírito Santo é o
seguinte: primeiro o Dom de Curar acontece na Reunião de Oração, depois,
com o passar do tempo, o dom começa a se destacar em alguns de seus
membros, e só então, esses membros reconhecidos pela comunidade passam
a se dedicar ao ministério.
Pelo que vimos, devemos tomar cuidado e não ter pressa na formação de
ministros de oração por cura para não queimar etapas.
Para nossa reflexão: Uma pessoa que nunca orou pelos outros, ou que até
tenha orado esporadicamente, ao fazer um curso do Ministério de Oração por
Cura e Libertação, está pronta para exercer tal ministério?
Provavelmente, não. Fazer o curso e receber informações ajuda, mas por si só
não capacita alguém a entrar para o ministério.
Mas, se ao contrário, alguém que não tenha feito curso de formação, porém
vem sendo procurado pelos irmãos de forma sistemática na busca de oração
por cura, este sim, deve ser incentivado a fazer os cursos de formação e entrar
para o ministério, buscando aprofundar-se na doutrina do dom e compartilhar
com os irmãos as experiências adquiridas na caminhada.
Para esses é imprescindível que se aprofundem na doutrina do dom e, para
isso, devem buscar conhecimento, não somente nos cursos de formação dados
pelo Ministério de Cura e Libertação, mas também nas Sagradas Escrituras e
Doutrina da Igreja.
Também é importante a experiência dos irmãos de caminhada e a vasta
literatura hoje existente em nosso meio, em especial aquela oferecida dentro
de nossa espiritualidade.
Seguem aqui alguns pontos, que alguém que aspira ao Ministério de Oração
por Cura, não pode perder de vista:
1 - Ter sempre em mente que o Dom de Curar é um carisma do Espírito Santo
para o bem comum e não para satisfação ou projeção pessoal;
2 - Como os demais dons, à exceção do dom de línguas, só acontece quando
Deus quer e na hora que Deus quer, pelo simples fato de não estar sob o
domínio de quem ora e, por mais que haja fé, depende da vontade de Deus;
3 - É dado como sinal do amor de Deus por nós, geralmente para confirmar o
anúncio do Evangelho;
4 - A maior motivação para o exercício do dom é, e sempre será, a caridade,
sem se deixar levar pelo gosto do poder que o dom pode representar;
5 - Acontece com maior frequência quando se abre à unção do Espírito,
geralmente em assembléias de oração, tais como nas reuniões de oração, nos
Seminários de Vida no Espírito, nas Experiências de Oração, nos retiros,
Congressos e outros eventos semelhantes, ocorrendo geralmente após um
grande louvor, durante uma adoração ou momento de oração, mas podendo
ocorrer também durante uma pregação ou proclamação da Palavra ou em
qualquer momento em que o povo de Deus esteja reunido em seu nome,
porque, como já foi dito anteriormente, o dom é do doador e é Ele quem
escolhe o momento e a maneira de curar.
6 - É necessário desejar e pedir o dom ao Espírito Santo para se tornar um
canal de graça para os irmãos;
7 - Quando se aspira ao ministério de cura, o certo é iniciar orando por
enfermidades mais simples, sem se preocupar com resultados, após orar,
entregar a Deus e deixar por sua conta os resultados, confiantes no seu poder,
na certeza que depende d'Ele;
8 - É importante aprender a discernir. Às vezes, no inicio do ministério, tem-se
à impressão que ao orar a cura vai ocorrer, o que, algumas vezes, não
acontece. Mas, se, humildemente, refletirmos sobre a inspiração, pode-se
concluir que o Senhor não estava dizendo: "vai curar..., mas, aprenda a orar
para cura". Quando se sentir impulsionado a orar, ore, mas atento, porque o
Senhor pode estar apenas lhe dizendo: aprenda a orar.
Aqueles que coordenam uma reunião de oração devem estar preparados e
desejosos de que ela seja um transbordamento dos carismas, levando a
assembleia de oração a se entregar ao Espírito Santo num clima de muito
fervor e adoração.
É muito importante que o coordenador faça a graça acontecer, envolvendo
todos os participantes da reunião de oração e que esses, em momentos
próprios, orem uns pelos outros para obter as multiformes graças de Deus.
Um ponto privilegiado na reunião, para se obter a cura e libertação é o
momento quando o coordenador, movido pelo dom da fé, pode convocar todos
os membros a fazerem um ato de arrependimento, uma renúncia ou uma
entrega, oração esta que certamente será ouvida pelo Senhor Jesus através de
libertações e cura.
Outro ponto ocorre geralmente no momento do silêncio e escuta que acontece
logo após o grande louvor depois da pregação da Palavra e dinâmica de
oração que se segue. Geralmente neste momento ocorrem revelações de cura,
por meio de palavra de ciência dada a um ou outro servo. Curas e libertações
ocorrem ainda quando se faz uma grande intercessão pelos enfermos onde
todos oram uns pelos outros.
Curas acontecem também após uma pregação ungida onde, ao final, o
pregador ou o coordenador da reunião pede ao Senhor que confirme a palavra
com os sinais.
Enfim, são muitos os momentos em uma reunião de oração, em que a cura
ocorre. Tem-se visto grandes milagres durante o louvor, quando alguém
apresenta ao Senhor Jesus uma pessoa muito enferma, com sério risco de
morte (geralmente alguém que se encontra em alguma UTI de hospital),
oportunidade em que o coordenador da reunião, após ouvir o clamor daquela
pessoa, leva toda a assembleia a interceder pelo enfermo, pedindo a Jesus
que vá àquele hospital e visite a pessoa necessitada. Milagres têm ocorrido
quando todos oram.
Bem irmãos, o fato é que na vida da Renovação Carismática Católica, o Grupo
de Oração é o local mais privilegiado para a manifestação do dom de curar.
Podem surgir nesses grupos pessoas descricaos por Deus para exercer o
ministério, mas a cura na reunião de oração é uma constante,
independentemente do fato do grupo já ter ou não ministros de oração por
cura.
Finalmente, desejo e espero que todos aqueles que a comunidade reconheceu
como tendo o dom de curar, venham para o Ministério buscar a formação
especifica sobre o dom.”
Taciano Ferreira Barbosa
Fonte: Reavivando a Chama. Encarte da Revista Renovação nº 45.
http://rccbrasil.org.br/espiritualidade-e-formacao/carismas/571-o-dom-da-cura-
no-grupo-de-oracao.html

Padre Roger Luís nos ensina: “Não somos nós que curamos; é Jesus. Cheio do
Espírito Santo, Jesus saiu por todas as partes curando. Da mesma forma, o
Espírito quer se manifestar em nós - que somos membros do Corpo de Cristo;
as mãos e os pés do Corpo Místico de Cristo -, levando cura àqueles que dela
precisam. Geralmente pensamos que a cura seja uma coisa extraordinária.

Não. Para o povo cristão a cura, que vem por meio de Jesus, é algo normal,
ordinário. O problema é que a nossa fé foi esfriando. Se o Senhor não operado
curas, milagres, prodígios e sinais no meio do povo d'Ele, é porque este não
tem acreditado.

De nada adianta o médico dar um bom remédio ao doente, se depois o


enfermo chega em casa e faz o contrário do que foi indicado: não pode beber,
mas bebe; não pode fumar, mas fuma; precisa se deitar cedo, mas fica até de
madrugada fora de casa; não pode fazer esforço, mas sai por aí praticando
esporte; não pode tomar sereno, mas não somente o toma, como também
toma até chuva e se joga na piscina... É claro que assim não adianta nada o
médico ter lhe dado o medicamento.

O mesmo ocorre com o Senhor: Ele está querendo curar seu povo, mas este,
infelizmente, é rebelde; faz tudo contra Suas leis e mandamentos; e assim se
perde pelos descaminhos da vida. A coisa mais importante para sermos
curados pelo Senhor e conservados em plenitude de saúde é andar nos
caminhos d'Ele.

Grande parte das nossas doenças são chamadas de "psicossomáticas"; são


conseqüência de preocupações, ansiedade, angústia, ressentimento, rancor...
Causam problemas de estômago, vesícula, rim, coluna, dor de cabeça,
problemas respiratórios, pressão alta, baixa... São conseqüências de nossa
vida – desviada dos caminhos do Senhor.

O dom da cura e o dom da fé estão ligados. Porque acreditamos, oramos pelas


pessoas, como Jesus mandou: “Em qualquer casa onde entrardes, dizei: Paz a
esta casa. Se ali houver algum doente, orai por este doente. Recebestes de
graça, de graça dai” (...). E o Senhor garante: “E a oração da fé salvará o
enfermo. E o Senhor o levantará”.

Cristo não apenas mandou fazer isso, mas deu o exemplo. Os apóstolos viam-
No fazendo isso constantemente. Quando Ele chegou à casa de Pedro, viu que
a sogra deste estava doente, com uma febre altíssima. Jesus orou por ela, orou
com expectativa, e a cura aconteceu. Era assim constantemente, e os
apóstolos aprenderam. Quando foram mandados dois a dois, ao voltarem
contaram as maravilhas que o Senhor realizara.

Faça isso: comece a orar pelas pessoas, para que sejam curadas. Não espere
juntar uma platéia para começar. Comece em casa. Em geral, é mais fácil
começar pelas crianças. Elas são muito sensíveis, não têm pecado nem
barreiras. A cura acontece muito facilmente nelas. Você vai crescer na fé,
orando e vendo a cura se realizar; vai acreditar ao comprovar que o Senhor
cura por meio de nós. O Senhor quer que você acredite nisso. Não é você
quem vai curar, porque o próprio dom de cura vem do Espírito Santo. É o
Espírito quem cura; nós somos apenas instrumentos d'Ele.
http://www.cancaonova.com/portal/canais/eventos/novoeventos/cobertura.php?
tit=Dom+da+cura&cod=1511&sob=3281

INSTRUÇÃO
SOBRE AS ORAÇÕES PARA ALCANÇAR DE DEUS A CURA
Introdução

O anseio de felicidade, profundamente radicado no coração humano, esteve


sempre associado ao desejo de se libertar da doença e de compreender o seu
sentido, quando se a experimenta. Trata-se de um fenómeno humano que,
interessando de uma maneira ou de outra todas as pessoas, encontra na Igreja
particular ressonância. Esta, de facto, vê a doença como meio de união com
Cristo e de purificação espiritual e, para os que lidam com a pessoa doente,
como uma ocasião de praticar a caridade. Não é só isso porém; como os
demais sofrimentos humanos, a doença constitui um momento privilegiado de
oração, seja para pedir a graça de a receber com espírito de fé e de aceitação
da vontade de Deus, seja também para implorar a cura.
A oração que implora o restabelecimento da saúde é, pois, uma experiência
presente em todas as épocas da Igreja e naturalmente nos dias de hoje. Mas o
que constitui um fenómeno sob certos aspectos novo é o multiplicar-se de
reuniões de oração, por vezes associadas a celebrações litúrgicas, com o fim
de alcançar de Deus a cura. Em certos casos, que não são poucos, apregoa-se
a existência de curas alcançadas, criando assim a expectativa que o fenómeno
se repita noutras reuniões do género. Em tal contexto, faz-se por vezes apelo a
um suposto carisma de cura.
Essas reuniões de oração feitas para alcançar curas põem também o problema
do seu justo discernimento sob o ponto de vista litúrgico, nomeadamente por
parte da autoridade eclesiástica, a quem compete vigiar e dar as directivas
oportunas em ordem ao correcto desenrolar das celebrações litúrgicas.
Achou-se, portanto, conveniente publicar uma Instrução, de acordo com o can.
34 do Código de Direito Canónico, que servisse sobretudo de ajuda aos
Ordinários do lugar para melhor poderem orientar os fiéis neste campo,
favorecendo o que nele haja de bom e corrigindo o que deva ser evitado. Era
porém necessário que as disposições disciplinares tivessem como ponto de
referência um fundado enquadramento doutrinal que garantisse a sua justa
aplicação e esclarecesse a razão normativa. A tal fim, fez-se preceder a parte
disciplinar com uma parte doutrinal sobre as graças de cura e as orações para
alcançá-las.

I. ASPECTOS DOUTRINAIS
1. Doença e cura: seu significado e valor na economia da salvação
«O homem é destinado à alegria, mas todos os dias experimenta variadíssimas
formas de sofrimento e de dor».(1) Por isso, o Senhor, nas suas promessas de
redenção, anuncia a alegria do coração ligada à libertação dos sofrimentos (cfr.
Is 30,29; 35,19; Bar 4,29). Ele é, de facto, «aquele que liberta de todos os
males» (Sab 16,8). Entre os sofrimentos, os provocados pela doença são uma
realidade constantemente presente na história humana, tornando-se, ao
mesmo tempo, objecto do profundo desejo do homem de se libertar de todo o
mal.
No Antigo Testamento, «Israel tem a experiência de que a doença está
misteriosamente ligada ao pecado e ao mal».(2) Entre os castigos com que
Deus ameaça o povo pela sua infidelidade, as doenças ocupam espaço de
relevo (cfr. Dt 28,21-22.27-29.35). O doente que pede a Deus a cura reconhece
que é justamente castigado pelos seus pecados (cfr. Sal 37; 40; 106,17-21).
A doença porém atinge também os justos e o homem interroga- se sobre o
porquê. No livro de Job, essa interrogação está presente em muitas das suas
páginas. «Se é verdade que o sofrimento tem um sentido de castigo, quando
ligado à culpa, já não é verdade que todo o sofrimento seja consequência da
culpa e tenha um carácter de punição. A figura do justo Job é uma especial
prova disso no Antigo Testamento. (...) Se o Senhor permite que Job seja
provado com o sofrimento, fá-lo para demostrar a sua justiça. O sofrimento tem
carácter de prova».(3)
A doença, embora possa ter uma conotação positiva, como demonstração da
fidelidade do justo e meio de reparar a justiça violada pelo pecado, e também
como forma de levar o pecador a arrepender- se, enveredando pelo caminho
da conversão, continua todavia a ser um mal. Por isso, o profeta anuncia os
tempos futuros em que não haverá mais desgraças nem invalidez, e o decurso
da vida nunca mais será interrompido com doenças mortais (cfr. Is 35,5-6;
65,19-20).
É todavia no Novo Testamento que encontra plena resposta a interrogação
porque a doença atinge também os justos. Na actividade pública de Jesus, as
suas relações com os doentes não são casuais, mas constantes. Cura a muitos
deles de forma prodigiosa, tanto que essas curas milagrosas tornam-se uma
característica da sua actividade: «Jesus percorria todas as cidades e aldeias,
ensinando nas suas sinagogas, pregando o Evangelho do reino e curando
todas as doenças e enfermidades» (Mt 9,35; cfr. 4,23). As curas são sinais da
sua missão messiânica (cfr. Lc 7,20-23). Manifestam a vitória do reino de Deus
sobre todas as espécies de mal e tornam-se símbolo do saneamento integral
do homem, corpo e alma. Servem, de facto, para mostrar que Jesus tem o
poder de perdoar os pecados (cfr. Mc 2,1- 12); são sinais dos bens salvíficos,
como a cura do paralítico de Betsaida (cfr. Jo 5,2-9.19-21) e do cego de
nascença (cfr. Jo 9).
Também a primeira evangelização, segundo as indicações do Novo
Testamento, era acompanhada de numerosas curas prodigiosas que
corroboravam o poder do anúncio evangélico. Aliás, tinha sido essa a
promessa de Jesus ressuscitado, e as primeiras comunidades cristãs viam
nelas que a promessa se cumpria entre eles: «Eis os milagres que
acompanharão os que acreditarem: (...) quando impuserem as mãos sobre os
doentes, ficarão curados» (Mc 16,17-18). A pregação de Filipe na Samaria foi
acompanhada de curas milagrosas: «Filipe desceu a uma cidade da Samaria e
começou a pregar o Messias àquela gente. As multidões aderiam
unanimemente às palavras de Filipe, ao ouvi-las e ao ver os milagres que fazia.
De muitos possessos saíam espíritos impuros, soltando enormes gritos, e
numerosos paralíticos e coxos foram curados» (Actos 8,5-7). São Paulo
apresenta o seu anúncio do Evangelho como sendo caracterizado por sinais e
prodígios realizados com o poder do Espírito: «não ousaria falar senão do que
Cristo realizou por meu intermédio, para levar os gentios à obediência da fé,
pela palavra e pela acção, pelo poder dos sinais e prodígios, pelo poder do
Espírito» (Rom 15,18-19; cfr. 1 Tes 1,5; 1 Cor 2,4-5). Não é por nada arbitrário
supor que muitos desses sinais e prodígios, manifestação do poder divino que
acompanhava a pregação, fossem curas prodigiosas. Eram prodígios que não
estavam ligados exclusivamente à pessoa do Apóstolo, mas que se
manifestavam também através dos fiéis: «Aquele que vos dá o Espírito e
realiza milagres entre vós procede assim por cumprirdes as obras da Lei ou
porque ouvistes a mensagem da fé?» (Gal 3,5).
A vitória messiânica sobre a doença, aliás como sobre outros sofrimentos
humanos, não se realiza apenas eliminando-a com curas prodigiosas, mas
também com o sofrimento voluntário e inocente de Cristo na sua paixão, e
dando a cada homem a possibilidade de se associar à mesma. De facto, «o
próprio Cristo, embora fosse sem pecado, sofreu na sua paixão penas e
tormentos de toda a espécie e fez seus os sofrimentos de todos os homens:
cumpria assim quanto d'Ele havia escrito o profeta Isaías (cfr. Is 53,4-5)».(4)
Mais, «Na cruz de Cristo não só se realizou a Redenção através do sofrimento,
mas também o próprio sofrimento humano foi redimido. (...) Realizando a
Redenção mediante o sofrimento, Cristo elevou ao mesmo tempo o sofrimento
humano ao nível de Redenção. Por isso, todos os homens, com o seu
sofrimento, se podem tornar também participantes do sofrimento redentor de
Cristo».(5)
A Igreja acolhe os doentes, não apenas como objecto da sua solicitude
amorosa, mas também reconhecendo neles a chamada «a viver a sua vocação
humana e cristã e a participar no crescimento do Reino de Deus com novas
modalidades e mesmo mais preciosas. As palavras do apóstolo Paulo hão-de
tornar-se programa e, ainda mais, a luz que faz brilhar aos seus olhos o
significado de graça da sua própria situação: "Completo na minha carne o que
falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo que é a Igreja" (Col 1,24).
Precisamente ao fazer tal descoberta, encontrou o apóstolo a alegria: "Por isso,
alegro- me com os sofrimentos que suporto por vossa causa" (Col 1,24)».(6)
Trata-se da alegria pascal, que é fruto do Espírito Santo. Como São Paulo,
também «muitos doentes podem tornar-se veículo da "alegria do Espírito Santo
em muitas tribulações" (1 Tes 1,6) e ser testemunhas da ressurreição de
Jesus».(7)
 
2. O desejo da cura e a oração para alcançá-la
Salva a aceitação da vontade de Deus, o desejo que o doente sente de ser
curado é bom e profundamente humano, sobretudo quando se traduz em
oração confiante dirigida a Deus. O Ben-Sirá exorta a fazê-lo: «Filho, não
desanimes na doença, mas reza ao Senhor e Ele curar-te-á» (Sir 38,9). Vários
salmos são uma espécie de súplica de cura (cfr. Sal 6; 37; 40; 87).
Durante a actividade pública de Jesus, muitos doentes a Ele se dirigem, ou
directamente ou através de seus amigos e parentes, implorando a recuperação
da saúde. O Senhor acolhe esses pedidos, não se encontrando nos
Evangelhos o mínimo aceno de reprovação dos mesmos. A única queixa do
Senhor refere-se à eventual falta de fé: «Se posso? Tudo é possível a quem
acredita» (Mc 9,23; cfr. Mc 6,5-6; Jo 4,48).
Não só é louvável a oração de todo o fiel que pede a cura, sua ou alheia, mas a
própria Igreja na sua liturgia pede ao Senhor pela saúde dos enfermos. Antes
de mais, tem um sacramento «destinado de modo especial a confortar os que
sofrem com a doença: a Unção dos enfermos».(8) «Nele, por meio da unção e
da oração dos presbíteros, a Igreja recomenda os doentes ao Senhor
padecente e glorificado para que os alivie e salve».(9) Pouco antes, na bênção
da óleo, a Igreja reza: «derramai a vossa santa bênção para que [o óleo] sirva
a quantos forem com ele ungidos de auxílio do corpo, da alma e do espírito,
para alívio de todas as dores, fraquezas e doenças»;(10) e, a seguir, nos dois
primeiros formulários da oração após a Unção, pede-se mesmo a cura do
enfermo.(11) A cura, uma vez que o sacramento é penhor e promessa do reino
futuro, é também anúncio da ressurreição, quando «não haverá mais morte
nem luto, nem gemidos nem dor, porque o mundo antigo desapareceu» (Ap
21,4). Por sua vez, o Missale Romanum contém uma Missa pro infirmis, onde,
além de graças espirituais, se pede a saúde dos doentes.(12)
No De benedictionibus do Rituale Romanum existe um Ordo benedictionis
infirmorum que contém diversos textos eucológicos para implorar a cura: no
segundo formulário das Preces,(13) nas quatro Orationes benedictionis pro
adultis,(14) nas duas Orationes benedictionis pro pueris,(15) na oração do
Ritus brevior.(16)
É óbvio que o recurso à oração não exclui, antes encoraja, o emprego dos
meios naturais úteis a conservar e a recuperar a saúde e, por outro lado,
estimula os filhos da Igreja a cuidar dos doentes e a aliviá-los no corpo e no
espírito, procurando vencer a doença. Com efeito, «reentra no próprio plano de
Deus e da sua Providência que o homem lute com todas as forças contra a
doença em todas as suas formas e se esforce, de todas as maneiras, por
manter-se em saúde».(17)
 
3. O carisma da cura no Novo Testamento
Não só as curas prodigiosas confirmavam o poder do anúncio evangélico nos
tempos apostólicos; o próprio Novo Testamento fala de uma verdadeira e
própria concessão aos Apóstolos e aos outros primeiros evangelizadores de
um poder de curar as enfermidades em nome de Jesus. Assim, ao enviar os
Doze para a sua primeira missão, o Senhor, segundo a narração de Mateus e
de Lucas, concede-lhes «o poder de expulsar os espíritos impuros e de curar
todas as doenças e enfermidades» (Mt 10,1; cfr. Lc 9,1) e dá-lhes a ordem:
«Curai os enfermos, ressuscitai os mortos, sarai os leprosos, expulsai os
demónios» (Mt 10,8). Também na primeira missão dos setenta e dois, a ordem
do Senhor é: «curai os enfermos que aí houver» (Lc 10,9). O poder, portanto, é
concedido dentro de um contexto missionário, não para exaltar as pessoas
enviadas, mas para confirmar a sua missão.
Os Actos dos Apóstolos referem de modo genérico prodígios operados por
estes: «inúmeros prodígios e milagres realizados pelos Apóstolos» (Actos 2,43;
cfr. 5,12). Eram prodígios e sinais e, portanto, obras portentosas que
manifestavam a verdade e a força da sua missão. Mas, além destas breves
indicações genéricas, os Actos referem sobretudo curas milagrosas, realizadas
pelos evangelizadores individualmente: Estêvão (cfr. Actos 6,8), Filipe (cfr.
Actos 8,6-7) e sobretudo Pedro (cfr. Actos 3,1-10; 5,15; 9,33-34.40-41) e Paulo
(cfr. Actos 14,3.8-10; 15,12; 19,11-12; 20,9-10; 28,8-9).
Quer a parte final do Evangelho de Marcos quer a Carta aos Gálatas, como
antes se viu, alargam a perspectiva e não circunscrevem as curas prodigiosas
à actividade dos Apóstolos e de alguns evangelizadores que tiveram papel de
relevo na primeira missão. Neste particular contexto, são de extrema
importância as referências aos «carisma de cura» (1 Cor 12,9.28.30). O
significado de carisma é, por si, muito amplo: o de «dom generoso»; no caso
em questão, trata-se de «dons de curas obtidas». Estas graças, no plural, são
atribuídas a um único sujeito (cfr. 1 Cor 12,9) e, portanto, não se devem
entender em sentido distributivo, como curas que cada um dos curados recebe
para si mesmo; devem, invés, entender-se como dom concedido a uma
determinada pessoa de obter graças de curas em favor de outros. É dado in
uno Spiritu, sem contudo se especificar o modo como essa pessoa obtém as
curas. Não seria descabido subentender que o seja através da oração, talvez
acompanhada de algum gesto simbólico.
Na Carta de São Tiago, faz-se aceno a uma intervenção da Igreja, através dos
presbíteros, em favor da salvação, mesmo em sentido físico, dos doentes. Não
se dá, porém, a entender se se trata de curas prodigiosas: estamos num
contexto diferente do dos «carismas de curas» da 1 Cor 12,9. «Algum de vós
está doente? Chame os presbíteros da Igreja para que orem sobre ele,
ungindo-o com o óleo em nome do Senhor. A oração da fé salvará o doente e o
Senhor o confortará e, se tiver pecados, ser-lhe-ão perdoados» (Tg 5,14-15).
Trata-se de um acto sacramental: unção do doente com óleo e oração sobre
ele, não simplesmente «por ele», como se fosse apenas uma oração de
intercessão ou de súplica. Mais propriamente, trata-se de uma acção eficaz
sobre o enfermo.(18) Os verbos «salvará» e «confortará» não exprimem uma
acção que tenha em vista, exclusivamente ou sobretudo, a cura física, mas de
certo modo incluem-na. O primeiro verbo, se bem que nas outras vezes que
aparece na dita Carta se refira à salvação espiritual (cfr. 1,21; 2,14; 4,12; 5,20),
é também usado no Novo Testamento no sentido de «curar» (cfr. Mt 9,21; Mc
5,28.34; 6,56; 10,52; Lc 8,48); o segundo verbo, embora assuma por vezes o
sentido de «ressuscitar» (cfr. Mt 10,8; 11,5; 14,2), também é usado para indicar
o gesto de «levantar» a pessoa que está acamada por causa de uma doença,
curando-a de forma prodigiosa (cfr. Mt 9,5; Mc 1,31; 9,27; Actos 3,7).
 
4. As orações para alcançar de Deus a cura na Tradição
Os Padres da Igreja consideravam normal que o crente pedisse a Deus, não só
a saúde da alma, mas também a do corpo. A propósito dos bens da vida, da
saúde e da integridade física, Santo Agostinho escrevia: «É preciso rezar para
que nos sejam conservados, quando se os tem, e que nos sejam concedidos,
quando não se os tem».(19) O mesmo Padre da Igreja deixou-nos o
testemunho da cura de um amigo, alcançada graças às orações de um bispo,
de um sacerdote e de alguns diáconos na sua casa.(20)
A mesma orientação se encontra nos ritos litúrgicos, tanto ocidentais como
orientais. Numa oração depois da Comunhão, pede-se que «este sacramento
celeste nos santifique totalmente a alma e o corpo».(21) Na solene liturgia da
Sexta-Feira Santa convida-se a rezar a Deus Pai todo-poderoso para que
«afaste as doenças... dê saúde aos enfermos».(22) Entre os textos mais
significativos, destaca-se o da bênção do óleo dos enfermos. Nele pede-se a
Deus que derrame a sua santa bênção sobre o óleo, a fim de que «sirva a
quantos forem com ele ungidos de auxílio do corpo, da alma e do espírito, para
alívio de todas as dores, fraquezas e doenças».(23)
Não são diferentes as expressões que se lêem nos rituais orientais da Unção
dos enfermos. Citamos apenas alguns dos mais significativos. No rito bizantino,
durante a unção do enfermo reza-se: «Pai Santo, médico das almas e dos
corpos, Vós que enviastes o vosso Filho unigénito Jesus Cristo para curar de
toda a doença e libertar-nos da morte, curai também, pela graça do vosso
Cristo, este vosso servo da enfermidade do corpo e do espírito que o aflige».
(24) No rito copto pede-se ao Senhor que abençoe o óleo para que todos os
que com ele forem ungidos possam alcançar a saúde do espírito e do corpo.
Depois, durante a unção do enfermo, os sacerdotes, depois de terem
mencionado Jesus Cristo, mandado ao mundo «para curar todas as
enfermidades e libertar da morte», pedem a Deus «que cure o enfermo das
enfermidades do corpo e lhe indique o recto caminho».(25)
 
5. O «carisma de cura» no contexto actual
No decorrer dos séculos da história da Igreja, não faltaram santos taumaturgos
que realizaram curas milagrosas. O fenómeno, portanto, não estava
circunscrito ao tempo apostólico. O chamado «carisma de cura», sobre o qual
convém hoje dar alguns esclarecimentos doutrinais, não fazia parte porém
desses fenómenos taumaturgos. O problema põe- se sobretudo com as
reuniões de oração que os acompanham, organizadas no intuito de obter curas
prodigiosas entre os doentes que nelas participam, ou então com as orações
de cura que, com o mesmo fim, se fazem a seguir à Comunhão eucarística.
As curas ligadas aos lugares de oração (nos santuários, junto de relíquias de
mártires ou de outros santos, etc.) são abundantemente testemunhadas ao
longo da história da Igreja. Na antiguidade e na idade média, contribuíram para
concentrar as peregrinações em determinados santuários, que se tornaram
famosos também por essa razão, como o de São Martinho de Tours ou a
catedral de Santiago de Compostela e tantos outros. O mesmo acontece na
actualidade, como, por exemplo, há mais de um século com Lourdes. Estas
curas não comportam um «carisma de cura», porque não estão ligadas a um
eventual detentor de tal carisma, mas há que tê-las em conta ao procurar
ajuizar, sob o ponto de vista doutrinal, as referidas reuniões de oração.
No que concerne as reuniões de oração feitas com a finalidade precisa de
alcançar curas, finalidade, se não dominante, ao menos certamente influente
na programação das mesmas, convém distinguir entre as que possam dar a
entender um «carisma de cura», verdadeiro ou aparente, e as que nada têm a
ver com esse carisma. Para que possam estar ligadas a um eventual carisma,
é necessário que nelas sobressaia, como elemento determinante para a
eficácia da oração, a intervenção de uma ou várias pessoas individualmente ou
de uma categoria qualificada, por exemplo, os dirigentes do grupo que promove
a reunião. Não havendo relação com o «carisma de cura», é óbvio que as
celebrações previstas nos livros litúrgicos, se realizadas em conformidade com
as normas litúrgicas, são lícitas e até muitas vezes oportunas, como é o caso
da Missa pro infirmis. Quando não respeitarem as normas litúrgicas, perdem a
sua legitimidade.
Nos santuários são também frequentes outras celebrações que, por si, não se
destinam especificamente a implorar de Deus graças de curas, mas que nas
intenções dos organizadores e dos que nelas participam têm, como parte
importante da sua finalidade, a obtenção de curas. Com esse objectivo,
costumam fazer-se celebrações litúrgicas, como é o caso da exposição do
Santíssimo Sacramento com bênção, ou não litúrgicas, mas de piedade
popular, que a Igreja encoraja, como pode ser a solene reza do Terço.
Também estas celebrações são legítimas, uma vez que não se altere o seu
significado autêntico. Por exemplo, não se deveria pôr em primeiro plano o
desejo de alcançar a cura dos doentes, fazendo com que a exposição da
Santíssima Eucaristia venha a perder a sua finalidade; esta, de facto, «leva a
reconhecer nela a admirável presença de Cristo e convida à íntima união com
Ele, união que atinge o auge na comunhão sacramental».(26)
O «carisma de cura» não se atribui a uma determinada categoria de fiéis. É,
aliás, bem claro que São Paulo, quando se refere aos diversos carismas em 1
Cor 12, não atribui o dom dos «carismas de cura» a um grupo particular: ao
dos apóstolos ou dos profetas, ao dos mestres ou dos que governam, ou a
outro qualquer. A lógica que preside à sua distribuição é, invés, outra: «é um só
e mesmo Espírito que faz tudo isto, distribuindo os dons a cada um conforme
Lhe agrada» (1 Cor 12,11). Por conseguinte, nas reuniões de oração
organizadas com o intuito de implorar curas, seria completamente arbitrário
atribuir um «carisma de cura» a uma categoria de participantes, por exemplo,
aos dirigentes do grupo. Dever-se-ia confiar apenas na vontade totalmente livre
do Espírito Santo, que dá a alguns um especial carisma de cura para
manifestar a força da graça do Ressuscitado. Há que recordar, por outro lado,
que nem as orações mais intensas alcançam a cura de todas as doenças.
Assim São Paulo tem de aprender do Senhor que «basta-te a minha graça,
porque é na fraqueza que se manifesta todo o meu poder» (2 Cor 12,9) e que
os sofrimentos que se têm de suportar podem ter o mesmo sentido do
«completo na minha carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu
corpo que é a Igreja» (Col 1,24).
 
II. DISPOSIÇÕES DISCIPLINARES
Art. 1 - Todo o fiel pode elevar preces a Deus para alcançar a cura. Quando
estas se fazem numa igreja ou noutro lugar sagrado, convém que seja um
ministro ordenado a presidi-las.
Art. 2 - As orações de cura têm a qualificação de litúrgicas, quando inseridas
nos livros litúrgicos aprovados pela autoridade competente da Igreja; caso
contrário, são orações não litúrgicas.
Art. 3 - § 1. As orações de cura litúrgicas celebram-se segundo o rito prescrito e
com as vestes sagradas indicadas no Ordo benedictionis infirmorum do Rituale
Romanum.(27)
§ 2. As Conferências Episcopais, em conformidade com quanto estabelecido
nos Praenotanda, V, De aptationibus quae Conferentiae Episcoporum
competunt(28) do mesmo Rituale Romanum, podem fazer as adaptações ao
rito das bênçãos dos enfermos, que considerarem pastoralmente oportunas ou
eventualmente necessárias, com prévia revisão da Sé Apostólica.
Art. 4 - § 1. O Bispo diocesano(29) tem o direito de emanar para a própria
Igreja particular normas sobre as celebrações litúrgicas de cura, conforme o
can. 838, § 4.
§ 2. Os que estão encarregados de preparar ditas celebrações litúrgicas,
deverão ater-se a essas normas na realização das mesmas.
§ 3. A licença de realizar ditas celebrações tem de ser explícita, mesmo quando
organizadas por Bispos ou Cardeais ou estes nelas participem. O Bispo
diocesano tem o direito de negar tal licença a qualquer Bispo, sempre que
houver uma razão justa e proporcionada.
Art. 5 - § 1. As orações de cura não litúrgicas realizam-se com modalidades
diferentes das celebrações litúrgicas, tais como encontros de oração ou leitura
da Palavra de Deus, salva sempre a vigilância do Ordinário do lugar, em
conformidade com o can. 839, § 2.
§ 2. Evite-se cuidadosamente confundir estas orações livres não litúrgicas com
as celebrações litúrgicas propriamente ditas.
§ 3. É necessário, além disso, que na sua execução não se chegue, sobretudo
por parte de quem as orienta, a formas parecidas com o histerismo, a
artificialidade, a teatralidade ou o sensacionalismo.
Art. 6 - O uso de instrumentos de comunicação social, nomeadamente a
televisão, durante as orações de cura, tanto litúrgicas como não litúrgicas, é
submetido à vigilância do Bispo diocesano, em conformidade com o
estabelecido no can. 823 e com as normas emanadas pela Congregação para
a Doutrina da Fé na Instrução de 30 de Março de 1992.(30)
Art. 7 - § 1. Mantendo-se em vigor quanto acima disposto no art. 3 e salvas as
funções para os doentes previstas nos livros litúrgicos, não devem inserir-se
orações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas, na celebração da Santíssima
Eucaristia, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas.
§ 2. Durante as celebrações, a que se refere o art. 1, é permitido inserir na
oração universal ou «dos fiéis» intenções especiais de oração pela cura dos
doentes, quando esta for nelas prevista.
Art. 8 - § 1. O ministério do exorcismo deve ser exercido na estreita
dependência do Bispo diocesano e, em conformidade com o can. 1172, com a
Carta da Congregação para a Doutrina da Fé de 29 de Setembro de 1985(31) e
com o Rituale Romanum.(32)
§ 2. As orações de exorcismo, contidas no Rituale Romanum, devem manter-
se distintas das celebrações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas.
§ 3. É absolutamente proibido inserir tais orações na celebração da Santa
Missa, dos Sacramentos e da Liturgia das Horas.
Art. 9 - Os que presidem às celebrações de cura, litúrgicas ou não litúrgicas,
esforcem-se por manter na assembleia um clima de serena devoção, e actuem
com a devida prudência, quando se verificarem curas entre os presentes.
Terminada a celebração, poderão recolher, com simplicidade e precisão, os
eventuais testemunhos e submeterão o facto à autoridade eclesiástica
competente.
Art. 10 - A intervenção da autoridade do Bispo diocesano é obrigatória e
necessária, quando se verificarem abusos nas celebrações de cura, litúrgicas
ou não litúrgicas, em caso de evidente escândalo para a comunidade dos fiéis
ou quando houver grave inobservância das normas litúrgicas e disciplinares.

O Sumo Pontífice João Paulo II, na Audiência concedida ao abaixo assinado


Prefeito, aprovou a presente Instrução, decidida na reunião ordinária desta
Congregação, e mandou que fosse publicada.
Roma, Sede da Congregação para a Doutrina da Fé, 14 de Setembro de 2000,
Festa da exaltação da Santa Cruz.
+ Joseph Card. RATZINGER,
Prefeito
+ Tarcisio BERTONE, S.D.B.,
Arc. Emérito de Vercelli, 
Secretário
http://www.vatican.va/roman_curia/congregations/cfaith/documents/
rc_con_cfaith_doc_20001123_istruzione_po.html

“O modo como quem tem fé enfrenta o sofrimento é diferente. Quem confia


em Deus suporta a doença sem sair da presença dele. É diante do Senhor,
o Deus da vida e da morte, que a pessoa desabafa seu descontentamento
com a eenfermidade, e é dele que implora a sua cura: “Piedade, Senhor,
pois pereço; cura-me, Senhor, pois tremo até os ossos”(Sl 6, 3). Quando a
enfermidade se torna um caminho de conversão, o perdão de Deus dá início
ao processo de cura...O grande amor de Jesus pelos doentes e as inúmeras
curas que realizou demonstram que o Senhor está mais perto do que se
imagina, e que a mão poderosa de Deus está sempre pronta a fazer o bem.
Jesus não só tem o poder de curar, mas também de perdoar os pecados:ele
veio curar o homem inteiro, alma e corpo. Ele é o médico do qual os
doentes precisam. Seu amor pelos enfermos é tão grande, que chegou a
dizer que quem visita um doente é a ele que visita(cf. MT 25, 38)....O que
Jesus pede aos enfermos é que tenham fé. Em sua vida terrena, para curá-
los, usou de sinais, e impôs-lhes as mãos. Também os doentes procuravam
e ainda hoje procuram tocá-lo porque dele saía uma força que curava todos.
Jesus não apenas se deixa tocar pelos enfermos, como também assume
suas misérias, levando sobre ele mesmo a enfermidade de todos nós e
carregando nossas doenças(cf. Is 53, 4). Em sua cruz, Jesus tomou sobre si
todo o peso do mal e tirou o pecado do mundo. Cada cura que realizou é
sinal de uma graça ainda mais radical: a vitória sobre o pecado e a morte.
(p.19-21. O Dom de Cura. Marcio Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

“A lepra interior é a pior porque desfigura a alma, rouba o que a pessoa tem de
melhor e a torna irreconhecível. O pecado é a lepra do coração, é o câncer que
consome o espírito.” (p.28. O Dom de Cura. Marcio Mendes. Canção
Nova.12ª.ed.2010).

“O dom de cura não é uma capacidade humana extrassensorial de curar as


enfermidades. Não é transmissão de bons fluídos ou energias positivas. Não é
magia ou curandeirismo. Não é ciência nem técnica. Não é tampouco a
recuperação da saúde por meio de mantras, evocação de espíritos ou coisa
assim. Ele é entrega confiante nas mãos de Deus que cura como quer e no
tempo que lhe parecer melhor. A Sagrada Escritura nos previde a respeito de
certos milagres que são alcançados fora de Deus e nos proíbetais coisas. Ou
porque são mentiras e ali seremos enganados e roubados, ou por se tratar de
algo pior, movido por forças malignas(cf. II Tes 2, 8-12). A Palavra de Deus é
extremamente clara quando nos alerta sobre o perigo de algumas práticas
espirituais e nos revela que quem insiste em cometê-las se afasta de Deus,
tornando-se uma presa fácil do mal(Dt 18, 9-14).Deus é luz e nele não há treva
alguma(I Jo 1, 5). Portanto, não dá para estar na luz e ao mesmo tempo
caminhar nas trevas, no oculto. Em geral, quem busca uma cura espiritual fora
de Deus, além de não ser curado, acaba por atrair a si uma presença espiritual
perversa(cf. EF 6, 12). Se você necessita de uma cura que a ciência está
impossibilitada de lhe oferecer, aproxime-se do único que pode socorrê-lo:
Deus.  (P.33-34. O Dom de Cura. Marcio Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

O Espírito é quem realiza o nosso processo de cura, mas, para concretizá-lo,


ele também conta com a nossa cooperação. Isso não é um sinal de fraqueza,
mas da grandeza e bondade do Deus todo-poderoso. (p.36-37. O Dom de
Cura. Marcio Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

“Não podemos nos enganar quanto a uma questão: mesmo Deus tirando um
bem de coisas ruins, o mal é sempre um mal...Santa Catarina de Sena
costumava dizer, para os homens e mulheres que se escandalizavam e se
revoltavam com o que lhes acontecia, que tudo o que nos chega pelas mãos de
Deus procede do amor, tudo se realiza para fazer com que sejamos salvos.
Deus não faz nada  que não seja para o seu bem.(p.40. O Dom de Cura.
Marcio Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

“Quando passamos por grandes dificuldades ou somos atormentados por uma


doença ou fraqueza, não devemos pensar que Deus não nos ama ou que é
castigo pelos pecados que cometemos. Às vezes, essas coisas acontecem
para se opor a uma grande graça que Deus nos dará. Mas aquele que se
mantém firme, como diz a escritura, verá a tentação recuar, e o mal
enfraquecer dia após dia. Não precisamos nos desesperar diante dos perigos e
males, porque todos eles já foram vencidos pelo nosso Salvador. (p.43-44. O
Dom de Cura. Marcio Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

“São Lucas conta que, certo dia, “Jesus foi recebido por uma multidão que o
esperava. O chefe da sinagoga, chamado Jairo, foi ao seu encontro. Lançou-se
a seus pés e rogou-lhe que fosse á sua casa, porque tinha uma filha única, de
uns doze anos, que estava para morrer. Jesus dirigiu-se para lá, comprimido
pelo povo. Ora, uma mulher que padecia dum fluxo de sangue havia doze
anos, e tinha gasto com médico todos os seus bens, sem que nenhum a
pudesse curar, aproximou-se dele por detrás e tocou-lhe a orla do manto; e no
mesmo instante lhe parou o fluxo de sangue. Jesus perguntou: ‘Quem foi que
me tocou?’ Como todos negassem, Pedro e os que com ele estavam disseram:
‘Mestre, a multidão te aperta de todos os lados...’ Jesus replicou: ‘Alguém me
tocou, porque percebi sair de mim uma força’. A mulher viu-se descoberta e foi
tremendo e prostrou-se aos seus pés; e declarou diante de todo o povo o
motivo por que o havia tocado, e como logo ficara curada. Jesus disse-lhe:
‘Minha filha, tua fé te salvou; vai em paz’. Enquanto ainda falava, veio alguém e
disse ao chefe da sinagoga: ‘Tua filha acaba de morrer, não incomodes mais o
mestre’. Mas Jesus o ouviu e disse a Jairo: ‘Não temas, crê somente e ela será
salva’. Quando Jesus chegou à casa, não deixou ninguém entrar com ele,
senão Pedro, Tiago e João com o pai e a mãe da menina. Todos, entretanto,
choravam e se lamentavam, mas Jesus disse: ‘Não choreis; a menina não
morreu, mas dorme’. Zombavam dele, pois sabiam bem que estava morta. Mas
segurando ele a mão dela, disse em alta voz: ‘Menina, levanta-te!” Voltou-lhe a
vida e ela levantou-se imediatamente. Jesus mandou que dessem de comer.
Seus pais ficaram tomados de pasmo; Jesus ordenou que não contassem a
pessoa alguma o que se tinha passado.”(Lc 8, 40-56). A filhinha única de Jairo
estava desenganada. Sua morte era iminente e o pai nada poderia fazer para
salvá-la. Sem dúvida, ele já tinha usado todos os recursos possíveis para curá-
la, mas os médicos não tinham mais esperança e eram unânimes quanto ao
diagnóstico: a menina iria morrer logo. Jairo não media esforços para reverter o
quadro e usava de seu prestígio, influência e dinheiro para trazer qualquer um
que pudesse ajudar a garota...Sua filha havia recebido toda assistência de
especialistas...da parte do pai, nada lhe faltou...Já cansado de lutar, acreditava
sempre menos que alguma coisa pudesse ser feita. Sinceramente, ele nem
acreditava mais. Era seu amor pela menina que não o deixava desistir.
Aconteceu que...Jairo foi ao encontro de Jesus. E já havia caminhado um
bocado quando, ainda longe, pôde avistar o Senhor cercado de pessoas por
todos os lados. Foi aproximando-se devagar, ensaiando as palavras que iria
dizer ao Mestre. Já não era o chefe da sinagoga, mas um simples homem que
tinha o coração na mão e os olhos marejados de lágrimas...no momento em
que seus olhos cruzaram com os de Jesus, aquele pai não resistiu e, caindo
aos pés do Senhor, suplicou que fosse à sua casa. Mateus diz que ele rezou
pedindo: “Vem pôr suas mãos sobre a minha filha e ela viverá”(Mt 9, 18). O
Evangelho afirma que Jesus se levantou e foi atrás dele juntamente com seus
discípulos. Uma força inexplicável e um alívio imenso invadiram a alma daquele
pai. Pela primeira vez em muito tempo voltou a sentir alguma alegria. Mal
acreditava que Jesus tão prontamente havia aceitado seu pedido e já estavam
a caminho quando um inconveniente interrompeu a viagem. Sem mais nem
menos uma mulher parou Jesus. Enquanto o tempo passava...a vida de sua
filha se esvaía. Em cada minuto de demora, seu coração de pai sofria dentro
do peito. Todavia, aquela mulher também era doente e Jairo teria que esperar.
Ele estava despedaçado. Não sabia o que fazer. Jesus parou, pois queria
saber quem o havia tocado e ninguém se manifestava. Primeiro, a mulher que
lhe pôs a mão teve medo e não se apresentava; depois, quando se viu
descoberta, não parava de falar e foi contando em detalhes a longa história de
seus doze anos de sofrimento. Ao escutar a história, a aflição de Jairo foi se
transformando em esperança. A espera tinha valido a pena. Era mesmo
verdade o que falavam de Jesus e ele acabara de testemunhar um milagre.
Mas, antes mesmo que Jesus terminasse de conversar com a mulher, o que
ele mais temia aconteceu. Chegou alguém de sua confiança, dizendo: “Tua
filha acaba de morrer. Não incomodes o Mestre”. O socorro havia demorado
demais.  Nessa hora, foi como se o chão se abrisse debaixo de seus pés. Sua
filha única havia morrido e o seu coração morria com ela. A morte do pai era
pior que a da filha; dela morria o corpo, mas dele morria toda esperança. Sua
menina havia partido e ele não estava lá para segurar-lhe a mão e dizer adeus.
Completamente desalentado, ele chorava o amargo pranto de quem já não tem
razão para viver, nem tem em quem confiar. Jesus fixou seus olhos naquele
homem endurecido pela decepção. Não  lhe perguntou nada. Apenas disse-lhe:
“Não tenhas medo. Somente crê, e ela será curada”. ..O pai estava doente de
medo e descrença. Lucas não diz o que Jairo respondeu, mas conta o que ele
fez: acreditou. E levou Jesus á sua casa...Jairo, como alguém que não via mais
saída, recorreu a Jesus...E Jesus o ajudou. O Senhor nunca ignora nosso
pedido de socorro...Jesus deu sua palavra ao pai da menina, e ele acreditou
sem impor condições. Acreditou mais em Jesus do que naquela terrível notícia
que seus ouvidos escutaram. Acreditou mais em Deus do que no fato de que
sua filha estava morta. E, ao acreditar, sua fé o curou. Quando passou a
confiar mais em Deus do que em si mesmo e nos outros, quando nem a morte
da filha foi capaz de fazê-lo voltar atrás,um caminho se abriu diante dos seus
olhos...a esperança atrai milagres. Quem espera em Deus não se
decepciona...Foi a Jesus pedir a cura da menina e acabou encontrando a
própria cura. Jesus quis primeiro dar a vida ao seu coração destruído pela dor.
Socorreu primeiro o enfermo que precisava mais...a fé curou o coração
despedaçado do pai. Agora, Jesus iria devolver a vida ao corpo inerte da filha.
Mas, quando chegaram...fizeram uma terrível constatação: a garota havia
falecido mesmo. Uma coisa foi ouvir a notícia, outra muito pior era ver o fato.
Conta a Escritura que todo mundo que ali estava desacreditou de Jesus e
alguns até zombavam dele. Menos Jairo...Então, cheio de misericórdia, Jesus
aproximou-se da mocinha e, segurando sua mãe, disse com a autoridade de
Filho de Deus; “Menina, levanta-te”. Ela volteou a respirar e imediatamente se
levantou. Pai e mãe a abraçaram e juntos choraram, mas eram lágrimas de
alegria. Jesus aceitou entrar na casa de Jairo, mas antes precisou entrar em
seu coração. Para dar a vida a moça, queria que o pai experimentasse primeiro
a fé que dá a vida. Quando Jairo acreditou firmemente que sua filha poderia
serr curada, então o milagre aconteceu. (p.47-57. O Dom de Cura. Marcio
Mendes. Canção Nova.12ª.ed.2010).

“Conta a Escritura que “Deus fazia milagres extraordinários por intermédio de


Paulo, de modo que lenços e outros panos que tinham tocado o seu copo eram
levados aos enfermos; e afastavam-se deles as doenças e retiravam-se os
espíritos malignos(At 19, 11-12). Paulo garantia que todo esse poder brotava
de usa entrega: “Eu vivo, mas já não sou eu; é Cristo que vive em mim. A
minha vida presente, na carne, eu a vivo na fé no Filho de Deus, que me amou
e se entregou por mim”(Gl 2, 20). (p.74-75. Marcio Mendes. O dom da cura.
Canção Nova. 2010).

“Dentro do processo de cura, o carisma das línguas é um dom precioso. Com


gemidos inefáveis,Deus socorre a fraqueza do nosso corpo e nos sustenta
contra toda enfermidade. (p.90. Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova.
2010).

“A fé faz que aquilo que Deus prometeu se cumpra. Contudo, para que passe
de simples promessa a uma realização, o Senhor quis que dependesse de
nossa participação. O milagre se realiza quando acredito sem ver e colaboro
com ele, confiando naquele que tudo pode. Pela fé sabemos que Deus não se
engana nem engana, então podemos avançar, certos de que algo bom irá
acontecer.” (p.97. Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“Ficar lembrando mágoas é re-sentir, é sofrer de novo, para com a dor


alimentar forças de morte em nós: autopiedade, vingança, culpa, ódio, etc. Não
podemos deixar que a paixão do passado nos impeça de abrir de novo o
coração ao amor, nem deixar que a traição nos torne desconfiados de todos,
nem mesmo que a morte da pessoa amada nos torne amargurados.” (p.99.
Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“Curai os enfermos, disse Jesus(Mt 10, 8). O perdão gera cura. Tanto que o
sacramento mais diretamente voltado para o cuidado com a pessoa enferma
está intimamente ligado ao perdão. O Espírito Santo quer que obedeçamos a
essa ordem do Senhor tanto pelos cuidados com os doentes quanto pela
oração de cura. Onde se reza pelos defuntos, ali se faz presente o poder
restaurador de Jesus, médico da alma e do corpo. A presença viva e salvadora
de Jesus age particularmente através dos sacramentos e, de modo especial,
pela Eucaristia, que cura e dá a vida eterna. São Paulo afirma que, toda vez
que uma pessoa comunga, isso se reflete na saúde do corpo dela. (p.109.
Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“Testemunho de cura: ‘Em novembro de 2007 eu assistia, pela TV Canção


Nova, à Missa celebrada pelo padre Edmilson. Após a Missa, em um momento
de adoração ao Santíssimo Sacramento, eu pedi para Jesus me curar de uma
sudorese incomum. Eu transpirava demais. Não podia sequer sair de casa
porque nem chegava á porta e a roupa já estava encharcada de suor...Eu ia a
todos os lugares levando toalhinhas e era um incômodo sem fim. Tinha
consultado médicos e nada me curava. Fiz exame de laboratório e os
hormônios estavam bem. Então, a cada Missa pela TV eu rezava e pedia para
Jesus me curar. No dia quatorze de novembro o padre falou: ‘Jesus está
curando uma senhora que transpira demais e isso lhe causa incômodo. Eu
estou vendo Jesus curar você. Tome posse desta graça porque é para você.’
Eu não acreditei. Pensei que deveria ser para outra pessoa e não tomei posse.
Na outra quarta-feira, dia 21, o padre falou a mesma coisa: que Jesus estava
curando uma mulher que transpirava muito e que eu tomasse posse porque era
para mim. Então, assumi, acolhi aquela palavra de cura e a partir de então não
transpirei mais como antes. Hoje transpiro normalmente, graças ao Senhor
Jesus.”( p.112-113. Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“Deve ficar claro quer não é a auto-confiança, o pensamento positivo e otimista,


ou o desejo intenso de mudar que cura a pessoa, mas o Senhor que nos cura
usando também esses meios. Fé não é se convencer de que a doença irá
embora se você nisso. Fé não é obstinação em algo, mas esperar em alguém,
no Salvador. (p.114. Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“O enfermo deve, ele mesmo, recorrer a Jesus e pedir a cura. O Senhor não
curou todos os doentes de seu tempo, mas sim os que lhe pediam que os
socorresse. Todo aquele que pede recebe, mas quem não pede não é
atendido. É preciso suplicar a cura. Não basta dizer; “Deus sabe o que eu
preciso. De que me adianta ficar rezando? Acaso posso dizer a Deus o que
fazer? É verdade, Deus sabe todas as coisas, mas quer que façamos aquilo
que nos cabe e nos acheguemos a ele pela oração, quer que lhe peçamos
saúde e proteção. As histórias do Evangelho mostram...como procederam os
que foram curados pelo Senhor: eles seguiam Jesus pelas ruas, gritavam pelo
seu nome, procuravam tocá-lo, suplicavam insistentemente por seu socorro,
subiam em árvores, telhados, e até mesmo enfrentavam a reprovação do povo
para conseguirem aquilo que precisavam.(p.118. Marcio Mendes. O dom da
cura. Canção Nova. 2010).

“Há muitas pessoas que não são curadas simplesmente porque não rezam.
Não estão convencidas de que vá fazer diferença mostrar a Jesus os
sofrimentos que as atormentam. Não se sentem amadas por Deus e não
conseguem acreditar que estão doentes, buscam todo tipo de alternativa,
algumas inclusive nocivas e superticiosas. Somente quando todas as
alternativas de melhora fracassam é que ousam recorrer timidamente ao único
que poderia salvá-las. (p.119. Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova.
2010).

“Quando rezamos, dizia João Crisóstomo, antes de terminarmos a exposição


das nossas súplicas, Deus já nos atende. É preciso ter fé ao pedir cura. É
preciso estar convencido de que ela vai acontecer. A fé não dá espaço à
dúvida, à desconfiança, ao medo, ou a qualquer impaciência na oração.  Não
devemos rezar para ver se alguma coisa boa nos acontecerá, mas porque
temos certeza de que Deus agirá em nosso favor. P.121-122. Marcio Mendes.
O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“Se, em geral, a cura física se dá de um modo milagroso, a cura interior exige


de nós que enfrentemos as situações dolorosas e difíceis. Cura interior dói. E
Deus, inúmeras vezes, se vale das coisas, situações e pessoas que nos
cercam para operar essa cura. O sofrimento funciona nas mãos de Deus como
o bisturi nas mãos do médico: com ele o Senhor nos liberta de algum mal ou
libera algo do nosso potencial que estava retido. Há circunstâncias em que as
tribulações funcionam como remédio, correção e oportunidade de
fortalecimento. No momento em que Deus interfere em nossa vida por esse
caminho, isso nos causa dor e nem sempre compreendemos. Mas uma coisa é
certa: não é hora de nos acorvadar e fugir. É hora de permanecer firme, pois é
por essa estrada que nos virá o remédio: ‘Portanto, firmai as mãos
enfraquecidas e os joelhos vacilantes, tornai retas as trilhas para os vossos
pés, para que não se destronque o que é manco, mas antes seja curado”.(Hb
12, 12)...Não rezemos pedindo uma vida fácil. Oremos pedindo força.
(p.130;131. Marcio Mendes. O dom da cura. Canção Nova. 2010).

“Se na vida a pessoa foi ferida, na vida será curada. As feridas de um


relacionamento não se curam quando nos trancamos num quarto e nos
escondemos de todos. Deus irá usar outros relacionamentos para curar essas
feridas. É claro que isso nos custa.” (p.132. Marcio Mendes. O dom da cura.
Canção Nova. 2010).

“São Paulo fala da relação que existe entre a Eucaristia e a cura quando
afirma: ‘Quem come e bebe sem distinguir devidamente o corpo, come e bebe
sua própria condenação; É por isso que há entre vós muitos enfermos e
doentes, e não poucos têm morrido”(1 Cor 11, 29-30). Quem não reconhece na
Eucaristia o corpo do Senhor deixa de receber a saúde que dele emana. Isso é
tão evidente para os santos, que Dom Bosco afirmava: “Quereis que o Senhor
vos dê muitas graças? Visitai-o muitas vezes. Quereis que Ele vos dê poucas
graças? Visitai-o raramente. Quereis que o demônio vos assalte? Visitai
raramente a Jesus sacramentado. Quereis que o demônio fuja de vós?m
Visitais a Jesus muitas vezes. Não omitais nunca a visita ao Santíssimo
Sacramento, ainda que seja muito breve, mas contanto que seja constante”.
Santo Antônio Claret exortava quem fosse adorar a Jesus eucarístico que
procurasse ouvir em seu coração a voz de Jesus a dizer-lhe: “pede-me que eu
venha em teu auxílio nos poucos ou muitos esforços que fazes para te livrares
de tuas faltas. Não te envergonhes! Há muitos justos, muitos santos no céu,
que tinham exatamente os mesmos defeitos. Mas pediram com humildade, e
pouco a pouco se viram livres deles. Tampouco deixes de me pedir saúde, bem
como bons resultados nos seus trabalhos, nos teus negócios ou estudos.
Posso dar-te e realmente te darei tudo isso, contanto que não se oponha á tua
santificação, mas antes a favoreça. Mas quero que o peças. O que é
necessitas precisamente hoje? Que posso fazer por ti? Ah! Se soubesses
quanto eu desejo ajudar-te!”. ‘

Muitas curas acontecem durante a adoração a Jesus eucarístico.


Homens e mulheres são revigorados por Deus depois de se confessarem e
voltarem a comungar. Da Eucaristia continua jorrando uma força capaz de
curar. (p.135-136. O Dom da Cura. Marcio Mendes. Canção Nova. 12ª Ed.
2010).
“Não buscamos a Deus para sermos curados e felizes, buscamos
porque queremos estar com ele. A presença dele  já é a própria cura.”(p.137. O
Dom da Cura. Marcio Mendes. Canção Nova. 12ª Ed. 2010).

“Cura interior é o processo pelo qual o Espírito Santo trabalha no homem


para restaurá-lo conforme a vontade de Deus e torná-lo feliz. ...Na oração de
cura interior, Deus costuma dar uma revelação por uma palavra de ciência ou
pelo discernimento dos espíritos, para que a pessoa possa rezar melhor, de
maneira mais acertada e eficaz. (p.138-139. O Dom da Cura. Marcio Mendes.
Canção Nova. 12ª Ed. 2010).

            São Francisco de Sales, escrevendo sobre a maledicência afirma que


ela é uma espécie de assassino, porque mata a vida social da pessoa, destrói
sua boa fama, e os seus relacionamentos ficam prejudicados.(p.172. O Dom da
Cura. Marcio Mendes. Canção Nova. 12ª Ed. 2010).

            Deus sempre cumpre o que promete. Ele nos prometeu fechar nossas
feridas e curá-las se o invocarmos(cf. Jr 33, 2-9) e agora é o momento em que
ele vai agir. O Senhor é fiel e atenderá ao seu clamor. Confie!..p.211..”Deus
não nos cura porque somos bons, mas porque nos ama e se compadece de
nós..p.212..A cura física pode ser imediata, mas também pode ser lenta,
processual e gradativa.(p.215. O Dom da Cura. Marcio Mendes. Canção Nova.
12ª Ed. 2010).

            Algumas pessoas, inclusive apoiadas na Sagrada Escritura, pregam


que “a enfermidade é contrária à vontade de Deus, que ela é fruto do pecado e
que Deus quer curar sempre”. Sim. Há muita verdade nisso. Mas, não se pode
esquecer que depois que Jesus ‘sofreu e morreu’, a morte e o sofrimento foram
redimidos por ele. O sofrimento já não é sinal de pecado e herança da culpa
dos nossos primeiros pais, mas tornou-se instrumento de redenção e união a
Cristo: “Assim, pois, como Cristo padeceu na carne, armai-vos também vós
deste mesmo pensamento: quem sofreu na carne rompeu com o pecado’.(1 Pd
4, 1).p.217. “Carregar uma enfermidade sem perder a paciência nem
desesperar é uma maneira muito superior de vencer a doença...p.219.

“Estes milagres acompanharão os que crerem(...) imporão as mãos aos


enfermos e eles ficarão curados(cf. Mc 16, 15-18). Jesus não diz que esses
milagres acompanharão os perfeitos, os santos, os homens, as mulheres, os
padres, os leigos, mas diz que acompanharão aquele que tiver fé. (p.226.
Marcio Mendes. Canção Nova. 12ª Ed. 2010).
“Devemos receber o enfermo com respeito e carinho. Começar o atendimento
com uma breve oração(um ou dois minutos), fazer o sinal da cruze pedir ao
Senhor proteção sobre todos os que estão ali conosco.”p.230 ...”Devemos
incentivar o enfermos a crer e confiar no poder de Deus que irá se manifestar.
Se ele se envolveu com falsas doutrinas, expliquemos-lhe a necessidade de
fazer uma oração de renúncia e rezemos com ele pedindo a
libertação...p.231...É preciso aproveitar o momento de silêncio para escutar o
que Deus revela no coração....p. 232....Sempre que proclamarmos uma palavra
de ciência no meio de um grupo de pessoas, sobretudo se for a revelação de
uma cura, devemos pedir que a pessoa curada levante a mão e de o seu
testemunho para que Deus seja glorificado. P.233...É bom que, ao orar por
uma mulher, haja sempre outra mulher presente para ajudar na oração. Do
mesmo modo, ao orar por um homem, é importante a presença de outro
homem no momento. É de suma importância evitar atitudes e lugares que
deem margem para comentários escandalosos. Por exemplo, é inconcebível
que para atender uma mulher em oração um homem se ponha com ela a sós e
a portas fechadas.p.234.(O Dom da Cura. Marcio Mendes. Canção Nova. 12ª
Ed. 2010).

Catecismo da Igreja Católica:

1506. Cristo convida os discípulos a seguirem-no, tomando a sua cruz (113).


Seguindo-O, eles adquirem uma nova visão da doença e dos doentes. Jesus
associa-os à sua vida pobre e servidora. Fá-los participar no seu ministério de
compaixão e de cura: E eles «partiram e pregaram que era preciso cada um
arrepender-se. Expulsavam muitos demônios, ungiam com óleo numerosos
doentes, e curavam-nos» (Mc 6, 12-13).

1507. O Senhor ressuscitado renova esta missão («em Meu nome... hão-de
impor as mãos aos doentes, e estes ficarão curados»: Mc 16, 1 7-18) e
confirma-a por meio dos sinais que a Igreja realiza invocando o seu nome
(114). Estes sinais manifestam de modo especial, que Jesus é
verdadeiramente «Deus que salva» (115).

1508. O Espírito Santo confere a alguns o carisma especial de poderem curar


(116) para manifestar a força da graça do Ressuscitado. Todavia, nem as
orações mais fervorosas obtêm sempre a cura de todas as doenças.
Assim, São Paulo deve aprender do Senhor que «a minha graça te basta:
pois na fraqueza é que a minha força atua plenamente» (2 Cor 12, 9), e que
os sofrimentos a suportar podem ter como sentido que «eu complete na minha
carne o que falta à paixão de Cristo, em benefício do seu corpo, que é a Igreja»
(Cl 1, 24).

1509. «Curai os enfermos!» (Mt 10, 8). A Igreja recebeu este encargo do
Senhor e procura cumpri-lo, tanto pelos cuidados que dispensa aos doentes,
como pela oração de intercessão com que os acompanha. Ela "crê na
presença vivificante de Cristo, médico das almas e dos corpos, presença que
age particularmente através dos sacramentos e de modo muito especial da
Eucaristia, pão que dá a vida eterna (117) e cuja ligação com a saúde corporal
é insinuada por São Paulo (118).

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