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Trata-s l
diretamenl n ss
PAULUS
ERIK ODEBLAD
Professor Emérito do Departamento de Biofísica Médica,
da Universidade de Umea, Suécia.
A DESCOBERTA
DE DIFERENTES TIPOS DE
MUCO CERVICAL
/
E O METODO
,..,
DE .
OVULAÇAO BILLINGS
PAULUS
Título original Resumo
The Discovery of Different Typ es of Cervical Mucus and the Billings Ovulation
Method. -Bul/etin of the Natural Famlly Plannlng Council of Victoria - Volume 21,
number 3, september 1994. - Centro Australiano de Pesquisa e Referência sobre Introdução e novos aspectos anatômicos e fisiológicos
o Método de Ovulação
do cérvix e da vagina, bem como uma explicação da bios-
síntese e da estrutura molecular do muco.
Tradução
Lavínia Henderson Cotrim
Sandra Helena Rocha da Cruz Aqui segue o relato histórico das minhas descobertas
dos diferentes tipos de muco. Ao analisar minhas pesqui-
Revisão sas microbiológicas suspeitei da existência de diferentes
Ivone Corbó
Lúcia Aparecida Vieira tipos de criptas e muco cervical e, em 1959, comprovei a
Márcia Helena Vieira existência destes diferentes tipos.
O método para examinar a viscosidade através da
Capa ressonância magnética foi aplicado a microamostras de
Visa
muco extraído da parte externa de diversas criptas. Em
1966, estudos preliminares comprovaram a existência de
dois tipos de muco e, em 1977, foram descritos os três tipos
- G, L e S. As células do sêmen eram transportadas pelo
Coleção PLANEJAMENTO FAMILIAR muco S. O muco L atraía sêmen com más-formações e o
muco G formava um tampão no canal cervical durante o
• Amar de corpo e alma, Dr. Billings · período não-fértil.
·Como planejar sua família naturalmente com sucesso (folheto)
• Planejamento familiar com o método da ovulação, G. Gibbons e D. ' Em 1990, um novo tipo de muco - o muco P - também
Santamaria foi identificado. Uma enzima mucolítica que, provavel-
• O método Billings, Ora. E. Billings e A. Westmore
· O método da ovulação (o método Billings) folheto
mente vinha do ístmo do cérvix, se associava a esse muco
• Ensinando o método da ovulação Billings, Ora. Evelyn L. Billings e facilitava o movimento de subida das células do sêmen.
• Sexualidade na contramão, Gerson A. Silva e Maria Celina T . Martins Ao final de 1993, outro tipo de muco - o muco F - foi iden-
• A descoberta de diferentes tipos de muco cervical e o método de ovulação
Billings, Erik Odeblad tificado. É provável que esse muco seja produzido por
células fetais remanescentes na parede do colo uterino.
Abaixo são apresentadas e discutidas as variações
desses diferentes tipos de muco no decorrer da vida e
durante um mesmo ciclo, e sua importância para o Método
de Ovulação Billings.
© PAULUS -1996
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (011) 575-7403
Tel. (011) 572-2362
ISBN 85-349-0682-3
3
Apresentação
Estou muito satisfeito em poder apresentar meu
estudo sobre os diferentes tipos de secreções do cérvix e
sua relação com o Método de Ovulação Billings (Billings
et. al, 1972; Billings, 1983; Billings e Westmore, 1992).
A principal indicação dos dias férteis durante um ciclo
menstrual é o aparecimento e a sensação de uma subs-
tância úmida (muco) que emana da membrana epitelial
do cérvix. Esse sinal a ntecede a ovulação e depende do
crescimento, no ovário, de um folículo que produz estro-
gênio, geralmente seguido pela ruptura e liberação de um
óvulo (ovulação). O último dia em que essa substância com
características férteis é observada se chama "dia ápice".
Em 80% dos ciclos esse é o dia da ovulação. Em cerca de
10% dos ciclo, a ovulação ocorre no dia anterior, e em cerca
de outros 10% do ciclo, nos dias após o "dia ápice".
Além da secreção cervical há aindá uma maturação e
um descamamento das células superficiais da vagina. Tam-
bém há algumas contribuições que emanam do ístmo, do
endométrio e das trompas.Já foi demonstrado que o fluido
peritoneano e o fluido dos folículos durante a ovulação
contribuem para o fluxo cervical.
Geralmente, nos períodos não-férteis, os fluidos vagi-
nais são reabsorvidos pelas bolsas de Shaw, reentrâncias
situadas na parte inferior da vagina (Odeblad, 1964). O
elemento manganês (Mn) tem um papel importante nesse
processo (Rudolfsson e Odeblad, 1971). A proliferação epi-
'
telial pré-ovulatória reduz a reabsorção, e o fluxo do lado
externo da vagina aumenta. Como conseqüência, aumenta
também a sensação de umidade durante a fase fértil.
Sabe-se desde o início do século XX que o ciclo ovaria-
no causa variações nas secreções da membrana mucosa do
cérvix. Há referências a isso em Billings (1983). Naquela
época, acreditava-se que a secreção das glândulas - ou
5
criptas - do cérvix mudavam de forma ao se sincronizar com Anatomia e fisiologia
o curso do ciclo. Desejo informar que as diretrizes elabora-
das por John e Evelyn Billings não foram influenciadas Sei que todos conhecem a anatomia e a fisiologia do
pela minha pesquisa. Suas regras continuam válidas. trato genital feminino, mas quero enfatizar alguns fatos
novos (cf. Figuras 1e14). O ístmo é uma parte do útero que
se situa entre o corpo e o cérvix, medindo apenas 5-7mm.
nervos
simpáticos canal do ísbno
ligamento
Suas glândulas produzem um fluido - a secreção Z - que
cavidade
ütero-ovariano
com vasos linfáticos )
provavelmente contém diversas enzimas.
uterina O cérvix tem quatro tipos de criptas diferentes, co-
nhecidas como G, L, Se P, que produzem os quatro tipos
de muco - G, L, Se P. Além disso, entre as aberturas das
criptas há algumas células - as células F - que não são
diferenciadas. Essas células produzem o muco F, prova-
velmente sem qualquer função fisiológica. Já os tipos de
muco G, L, S e P têm funções específicas no processo
reprodutivo e são importantes em relação aos sintomas de
fertilidade e infertilidade.
Há duas bolsas de Shaw na parte distal da vagina
(reentrâncias vaginais - Krantz, 1959), que podem absor-
ver água e matéria de baixo peso molecular. O manganês
tem um papel importante nesse processo.
A função dos nervos do cérvix não é bem conhecida.
Mesmo assim, sabemos que o neurotransmissor noradre-
nalina tem um efeito estimulante na secreção do muco S.
Meus estudos mostraram que algumas criptas estão
localizadas de forma que dois diferentes tipos de criptas te-
nham uma abertura comum (Figura 1). Uma outra variação
mü sculos do pelve da anatomia e fisiologia é a fusão de duas criptas vizinhas.
As criptas se unem para formai uma única cripta, com duas
aberturas. Essa fusão pode acontecer durante a gravidez.
voe tfbulo O sistema linfático do trato genital, especialmente
um dos nódulos linfáticos em cada virilha, tem um papel
especial como indicador da ovulação (Figura 1). Isto de-
pende, em parte, da conexão entre o ovário e a virilha ao
Figura 1. Estruturas anatômicas importantes do sistema genital feminino. Os
feixes de nervos estão indicados à esquerda e a drenagem linfática à direita. longo de um cordão fibroso chamado o governáculo, du-
6 7
rante o desenvolvimento inicial do embrião (Figura 13a). identificação imunológica das células. A substância loca-
Esses problemas ser ão discu tidos em outro trabalho. lizada na membrana basal é um produto semelhante,
provavelmente secretado pelas células da membrana
mucosa, assim como as moléculas de ligação ou adesão das
células.
O que é o muco?
10 11
Esselborn ( 194 7) das variações cíclicas das secreções
cervicais. O segun do foi um trabalho realizado por Rydberg Extração da maior parte
do muco do canal cervical
(1948) acerca da cristalização do muco cervical. O terceiro
foi um estudo de Bloembergen et al. (1948) sobre o novo
método de Ressonâ ncia Magnética Nuclear par a medir a
viscosidade.
e muco diferentes
Já comentei as variações cíclicas das culturas dos s
micoplasmas. Observamos outra situação interessante: - -L
em três mulheres casadas, saudáveis, que não estavam G
grávidas, os micoplasmas foram recuperados da mesma -- p
forma cíclica, apesar do fato de não ser possível que essas
mulheres tivessem sido reinfectadas. Se todas as criptas
produzem um muco antimicrobiano na fase pós-ovulatória
Observação spinnbarkheit
do ciclo todos os micoplasmas morreriam e, portanto, não fiabilidade
tarde e publicada por meu colaborador (Rudolfsson, 1971). Figu ra 5 Figura 8 Figura 11
Ao final de 1968, eu já havia identificado e caracteri- Também isolamos a fase líquida (ou aquosa 1) do muco.
zado dois tipos de muco, um com muita viscosidade (G) e Essa fase foi chamada de secreção B porque era seme-
outro com pouca viscosidade (E). O muco E era estimulado lhante ao soro sangüíneo (Odeblad e Rosenberg, 1968). O
por estrogênios e o muco G por progesterona. O muco G componente B é secretado temporariamente de forma
era produzido nas criptas G e o muco E nas criptas E. excessiva uma hora após a estimulação mecânica do
14 15
cérvix. Como o muco P (como ver emos abaixo), pode
transportar enzimas da r egião do ístmo para baixo no
canal cervical. A secreção B será comentada em mais
detalhe em um outro trabalho, a ser publicado.
A descoberta dos mucos G, L e S foi apr esentada pela
primeira vez na Universidade de Surrey, Ingla terra, em
1976 e depois, em Rottach-Egern, Estocolmo, Nova Delhi,
Seattle e Sydney, Austrália, em 1977. A maioria dos
participantes não compreendia como aplicar esses novos
I~
conhecimentos. O Dr. Max Elstein, da Inglaterra, aceitou
o modelo G-L-S de imediato, mas o Dr. Kevin Rume, de
Sydney, Austrália, efetivamente compreendeu o signifi-
cado da descoberta. O Dr. Rume fazia parte do grupo
Billings. Ele chamou minha atenção para o fato de que o 1·0 1·5
IL\;,
2·0 2·5 3·0
muco G poderia estar presente na fase não-fértil do ciclo Log Tl (tempo de relaxamento "spin-lattice", prótons de água) - >
menstrual feminino, e que os tipos de muco L e S estariam 100 30 10 3
presentes durante a fase fértil. Também enfatizou que o <- Viscosidade da fase aquosa do muco Água pura
muco S correspondia com o dia ápice. Foi assim que Figura 5. Viscosidade das microamostras dos diferentes tipos de muco.
comecei a participar, colaborar e me envolver com o
Método Billings de Ovulação. Seguindo a recomendação
do Dr. Rume e mostrei em diversos ciclos de diferentes (Odeblad 1985). Já o muco G tem uma grande viscosidade,
durações em mulheres de idades diferentes, que a concor- e forma uma espécie de tampão impenetrável.
dância era estatisticamente significativa. Essa descober- Se tomarmos uma macroamostra do muco cervical e
ta foi apresentada em uma série de conferências em vários permitirmos que ele se espalhe numa lâmina de vidro
países, cidades e universidades, tais como Acapulco, 1982 poderemos ver, com o auxílio de um microscópio, alguns
(publicado em 1983), Melbourne, em 1983 e Paris, 1986 desenhos interessantes (Figura 6). O muco L mostra
(Odeblad 1987). cristais finíssimos, com a forma de folhas retangulares.
Diversos estudos (Odeblad et al., 1984) mostraram No muco S vemos cristais com outra configuração - agu-
que o muco Sera muito fluido (Figura 5), e que as células lhas pequenas e estreitas. O muco G não mostrou nenhum
do sêmen se movimentavam pelo canal muito rapidamen- cristal, mas apresentou células epiteliais, leucócitos e
te nesse tipo de muco, chegando às criptas S em 3-10 linfócitos. Essas células têm núcleos abundantes (Figura
minutos. O muco L apresentava uma viscosidade média. 7). Estudos através de Ressonância Magnética Nuclear
A estrutura unitária do muco L atraía células do sêmen indicam que a água do muco S se associa ao muco e forma
com más-formações ou células que se moviam lentamen- uma estrutura que facilita o movimento das células do
te, e essa "filtragem" das células do sêmen era eficaz sêmen para a frente (Figura 8, Odeblad, 196a).
16 17
11
•'·
G-
Figura 6. Todos os tipos de muco presentes em uma amostra do cérvix obtidos mu~o F , Na imagem da secreção Z podemos ver (à esquerda) que os ~rânulos da
de uma jovem de 18 anos, virgem. A Figura 6 (a) mostra os tipos L (x 30), G (x enzima tendem a se agregar em estruturas na forma de anéis. A direita os
80) e G+ (x 160). Observe que os aumentos são diferentes para os diferentes grânulos são absorvidos pelo muco Pa. Observem que os aumentos são diferen-
tipos de muco. A Figura 6 (b) mostra as secreções P6( x80), Pa ( x80), F (x480) tes nas diferentes fotos. A amostra foi obtida no dia após a ovulação, aproxima-
e Z (x 320). A secreção F contém alguns leucócitos (células arredondadas) entre damente 17 horas após a ovulação ocorrer. A mulher era saudável e a grande
as células epiteliais (alongadas), porque um pouco de secreção G se sobrepõe ao quantidade de leucócitos e linfócitos na amostra G é um fenômeno normal.
18 19
I'
li
1
1 0·502
11 ppm Água J.251 ppm
1
li
-----~
0·530
-
ppm Muco G+
0·502
ppm 3·251 ppm
Água
20 21
I'
1
progesterona estão altos e estimulam fortemente as crip- linfócitos, mas há grandes variações, dependendo de dife-
tas G. Nessa fase o muco G é muito denso (muco G+ ). rentes fatores. Algumas mulheres sempre têm muitos
Geralmente não há nenhuma sensação associada ao linfócitos, outras têm muitos leucócitos. As interleucinas
muco G, e nos dias da fase não-fértil não há produção de podem ter um papel na presença dos linfócitos e leucócitos
muco.Quando o nível de estrogênio aumenta, o muco L co- (Cannon e Dinarello, 1985). Inflamações locais ou gerais
meça a ser produzido, causando, no início, uma ligeira podem influenciar as proporções.
sensação de umidade. Mais tarde, quando os níveis de As viscosidades do muco G- e G+ são apresentadas na
estrogênio estão altos e o muco S está sendo produzido, há Figura 5 e na Tabela 2. Os dois tipos são impermeáveis às
uma sensação escorregadia ou de lubricidade (Figura 15), células do sêmen. Em ciclos não-ovulatórios, não há pro-
que continua até o dia ápice. Neste dia os níveis de estro- dução do muco G+. Durante a gravidez, o muco G+ é mais
gênio já estão baixandó, mas a atividade do sistema nervo- viscoso e é chamado de muco Gp (p = pregnancy, ou
so simpático semelhante à noradrenalina causa uma esti- gravidez em inglês).
mulação do muco S. A Figura 15 mostra as relações tem-
porais das diferentes secreções. Após o dia ápice G, o muco
é acompanhado por uma volta da sensação seca devido à Idade, gravidez, anticoncepcionais
abundante secreção de progesterona pelo corpo lúteo. e microcirurgia
Nas jovens púberes, as criptas S..,são bastante nume-
Os mucos G- e G+ rosas. Geralmente são substituídas por criptas L e, na
pré-menopausa, a quantidade de criptas S é bastante
As duas variações do muco G são produzidas pelas reduzida. Essa transformação das criptas L->S é um
mesmas criptas, dependendo dos níveis de progesterona processo normal. Também há uma transformação G->L.
no sangue. Meus estudos, em Melbourne, mostraram uma Algumas células de secreção, no portio vaginal, são subs-
correlação positiva entre a quantidade de progesterona e tituídas pelo epitélio estratificado que avança, de forma
o conteúdo de mucina e a quantidade de células no muco. centrípeta, até a abertura do cérvix. As transformações
É provável que o muco G, especialmente o muco G+, con- L->S e G->L são parcialmente revertidas por altera-
tenha globulinas antimicrobianas, que deve ser a subs- ções durante a gravidez, mas podem ser parcialmente
tância que causou a inativação de micoplasmas nos meus aceleradas por anticoncepcionais. Essas circunstâncias
estudos microbiológicos, ao passo que os micoplasmas podem ser identificadas pela seguinte expressão: uma
puderam sobreviver nas criptas L e S que estavam inati- gravidez rejuvenesce o cérvix em 2-3 anos, mas para cada
vas na fase pós-ovulatória. ano em que se tome anticoncepcionais, o cérvix envelhece
É importante reconhecer que há três tipos de células um ano.
de muco G: (i) células epiteliais, (ii), leucócitos, (iii) Se uma mulher tomar anticoncepcionais durante 10-
linfócitos. Sua proporção varia; geralmente há em torno 15 anos e os suspende para engravidar, pode ter certa
de 50% de células, epiteliais, 25% de leucócitos e 25% de dificuldade. Diversos estudos indicam que a quantidade
22 23
de criptas S é muito pequena e que, além disso, o canal
cervical fica muito estreito. Em tais casos, tentei imitar,
através de microcirurgia, o rejuvenescimento que, geral-
mente acontece durante a gravidez para permitir que as
células S "tomem" as criptas L. Às vezes (em cerca de 40%
dos casos) essa microcirurgia não é bem-sucedida.
OmucoP
24 25
anulares ou de. estrela (Figuras 6b e 10). E ssa secreçao
-
1
granu ar se chama secreção Z (cf o z de enzima) E obtidas de diferentes locais no canal cervical, demons-
- d . . ssa tram que os diferentes tipos de criptas têm "locais prefe-
secreçao, pro uzida pelas glândulas ou criptas do ístmo
provavelm~nte não varia durante o ciclo e pode conte; ridos" (Figura 12). Tanto as redes macromoleculares
outras :nz~mas ou substâncias bioquímicas. Estudos re- quanto a localização das criptas são, portanto, específicas
centes md1cam, porém, que as células z podem estar para cada tipo de muco.
1
presentes no canal cervical propriamente dito.
1
OmucoF
Cérvix, corte
longitudinal
s
p
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~p-·1&m»rw.m~~~~
L
x 400 um
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/!ii:Rt/'191LlC-- s
x 30um L
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11
Sub-unidade P Mice lla de S Microbolsa
30umx 20 um x 4 um 3um de diâmetro 8 um x 8 um x 5 um
Água.-
Há uma grande quantidade de relatórios sobre o
desenvolvimento embrionário (p.ex., Davies e Kusuma,
-1 D 1 3 1962; Copplesson et al., 1967;;Hiersche, 1970; O'Rahilly,
2 4 5 ppm
1973; Forsberg, 1976; Graham, 1976; Pixley, 1976). A
seguinte descrição é talvez admissível.
Os órgãos urogenitais de um embrião com 8-12 mm
Figura 11. Espectometria RMN de próton de cinco tipos de muco cervical - F,
de comprimento (Figura 13 a) são bastante semelhantes
P, G+, L e S. Todos os espectros são diferentes, indicando que a composição dos em ambos os sexos. De cada lado da cavidade abdominal
cinco tipos de muco é diferente. há uma prega - a prega urogenital (UGF) - contendo dois
28 29
dutos, desde o início cordões sólidos de células, chamados epitelial. Estruturas glandulares são visíveis no cérvix 2-
de dutos de Wolffian (W) e de Müller (Mü). O duto.de 3 meses antes do nascimento. O epitélio do cérvix é,
W olffian está localizado mais perto do plano médio do porém, muito diferente da membrana mucosa madura.
corpo e tem três grupos de ramificações horizontais a três Antes do nascimento é composta de duas ou mais camadas
órgãos primitivos, denominados pronefros (P), gônada de células (Figura 13b ). As células superficiais têm a
primitiva (Ov) e metanefros (K). Os pronefros logo desa- aparência das células secretoras do cérvix maduro e uma
parecem completamente e a gônada primitiva se desen- atividade secretória pode ser demonstrada por métodos
volve, virando um testículo ou um ovário. Os metanefros histoquímicos. (Nonnis-Marzano e Zinelli, 1959). As célu-
desenvolvem-se e se transformam em rins, deslocando-se las basais são claras e transparentes. Reid et al. (1967)
para cima, enquanto a gônada desloca-se para baixo. Esse propuseram que essas células podem se originar de
movimento da gônada para baixo, é sustentado por uma monócitos que passam através das paredes capilares e se
estrutura fibrosa chamada gubernáculo (Gu). O testículo movem para suas posições epiteliais.
desce, consideravelmente, através do canal inguinal em As células claras ou transparentes estão sujeitas a
direção ao escroto, enquanto o ovário desce só um pouco, regressão, e finalmente são encontradas somente em
mas conserva a conecção fibrosa via gubernáculo através certos lugares. O significado fisiológico dessa distribuição
do canal inguinal com vasos sangüíneos e linfáticos. não é conhecido até hoje. Minha sugestão é que essas ilhas
No homem, o duto de Müller sofre uma regressão, de células basais produzem substâncias indutoras, levan-
enquanto os dutos de Wolffian se desenvolvem, transfor- do à diferenciação das células F em., células P, S, e L
mando-se no uas deferens e no epidídimo. Na mulher, os (Figuras 13a e 13b ).
dutos de Wolffian sofrem uma regressão e os dutos de As primeiras estruturas secretoras podem ser desig-
Müller se transformam nas trompas, no útero (com o nadas por criptas primordiais G, L, Sou P. Mais tarde, são
cérvix) e na parte superior da vagina. Porém, em algumas estimuladas hormonalmente para se desenvolverem e se
mulheres, resíduos dos dutos de Wolffian podem ainda transformarem nas criptas maduras G, L, Se P (Figura
estar presentes. 13b ). Um estímulo transitório, que depende da produção de
No embrião feminino, o gubernáculo e o duto de estrogênio placentário, acontece no último mês antes do
Müller se cruzam (emx na Figura 13 a) e aderem no ponto nascimento. Após o nascimento, esse estímulo cessa e as
de cruzamento. O duto de Müller, acima do ponto de criptas atrofiam, "a crise genital do recém nascido" (Courrier,
cruzamento, torna-se um tubo. Abaixo do ponto de cruza- 1945). Novas proliferações começam antes e durante a
mento os dois dutos de Müller se fundem em uma única puberdade. No início, as criptas L, S, e P são estimuladas;
estrutura, formando o útero e a parte superior da vagina. após alguns anos as criptas G são estimuladas, por
A parte inferior da vagina (incluindo as bolsas de Shaw) progesterona, quando do início dos ciclos ovulatórios.
se desenvolve a partir do seio urogenital (UGS). Os mecanismos através dos quais as células F são
A parte fundida dos dutos de Müller é, desde o início, transformadas em células G, L, S ou P ainda são desco-
um cordão de células sólidas, mas ela se liquefaz central- nhecidos. Provavelmente, chegar-se-á a uma conclusão
mente e forma o canal cervical com seu revestimento através dos estudos da biologia molecular, pela introdu-
30 31
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Escala expandida
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As Figuras 13(a) e 13(b) indicam, esquematicamente, o deseiÍvolvimento das criptas cervicais. A figura 13(a) cobre o período
que vai do embrião até a metade da gestação, e a Figura 13(b) vai da metade da gestação até o final da puberdade tardia e o
adulto. Os estágios são: (i) embrião com 8-12 mm de comprimento, com 35-40 dias de idade; (ii) embrião com 27-33 mm de
comprimento, 50-55 dias de idade; (iii) corte longitudinal de (ii) em uma escala expandida; (iv) feto com 4-5 meses de idade; (v)
feto 1-2 meses antes do nascimento, indução completa; (vi) 2-4 meses após nascimento - criptas primordiais; (vii) infância,
criptas secundárias; (viii) início da adolescência: as criptas P, Se L se desenvolvem (ix) final da adolescência, maturidade. As
criptas G também se desenvolvem. Os estágios (v) a (vi) e (vi) a (vii) podem ser estimulados pelos hormônios GH, EGF e pela
tiroxina. O código para o sombreamento indica os diferentes tipos de células presentes e está do lado direito da Figura 13(b).
w Mü, dutos de Müller, W, dutos de Wolffian; Pr, pronefros ; Ov, ovário primitivo; Me, meta nefros (que se tornam em rins); UGF,
w prega urogenital; UGS, seio urogenital; x, ponto de cruzamento do gubernáculo (Gu) e dutos de Müller.
ção de células fetais transparentes no grupo de cultura de sificada como transformando o fator de crescimento
célula F in vitro. beta (TGF-b).
Durante a infância, a membrana mucosa do cérvix é Sugeri que o MIS pode estar envolvido no desenvol-
chata ou dobrada, ou algumas vezes granulosa, mas há vimento do "sintoma do muco perdido", uma doença rara,
poucas criptas. Produzem somente quantidades mínimas mas interessante que foi apresentada em público pela
de muco. As células são provavelmente, mais freqüen- primeira, vez durante o Congresso Anual do Conselho de
temente células F. Da mesma forma, após a menopausa, Planejamento Familiar Natural de Victoria, em Melbour-
as células diferenciadas incomuns e as células F são mais ne, Austrália. Mulheres nessa condição, freqüentemente
freqüentes, sendo que as células G, L, Se P diferenciadas procuram ajuda por causa de infertilidade. Suas tabelas
se esfoliaram ou degeneraram. revelam que algumas vezes elas perdem seu sintoma do
É provável que o,muco F seja formado por um excesso muco, aparentemente devido a um fechamento temporá-
de glicoproteínas membranosas das células F que são rio do osso externo. Isso, por sua vez, se deve à contração
esfoliadas e visíveis no muco. Leucócitos e linfócitos são dos dois ligamentos sacro-uterinos que contêm feixes
raros. Os cristais da secreção F são poucos e, indistintos musculares estimulados por contraçõe,s pelos hormônios
ou não estão presentes de modo algum e geralmente, os estrogênicos. A tensão na contração é mediada para a
núcleos das células F são somente visíveis em lâminas região do osso externo por cordões fibrosos, remanescen-
depois que o muco F seca. Muitas vezes quantidades tes dos dutos de Wolffian, um de cada lado do cérvix.
'I mínimas de muco Festão misturadas com secreções G, L, Essas mulheres podem ter outros sinais da atividade
Sou P, e os cristais L, Se P estão alterados e formam "anti-Müller" tais como, quantidade de mucosa cervical
I' padrões irregulares. Nas mulheres em idade de reprodu- e função ovariana prejudicada.
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~ normal, e um exame citológico mostra mais células inter-
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Os diferentes tipos de secreções e o método
de ovulação Billings
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"Padrão Básico de Infertilidade" é usada por Billings et al mulheres atingindo a menopausa ou que tomaram anti-
(1989) para a situação durante a primeira fase não-fértil concepcionais por vários anos.
antes do início da maturação do folículo, e em outras O último dia da sensação escorregadia é o dia ápice,
situações onde há uma ausência ou retardamento do que coincide com o dia da ovulação em 80% dos c:,asos. A
crescimento folicular. Anteriormente, nesse texto, co- probabilidade de engravidar nesse dia é maior. E muito
menta-se que o Padrão Básico de Infertilidade pode ser importante saber que a quantidade de muco, geralmente
tanto: (i) dias secos, indicados por carimbos marrons, (ii) não está no seu máximo no dia ápice. A quantidade e
um padrão contínuo do muco sem mudança (carimbos também o período são maiores no dia anterior ao ápice.
amarelos), ou (iii) um padrão combinado (carimbos mar- Uma exceção são as mulheres mais idosas. Para elas a
rons para dias secos, carimbos amarelos para dias de fase fértil é muito curta, somente um ou dois dias, e nesse
muco sem alteração). Nessa mesma publicação (Odeblad, caso, a quantidade e o período são máximos durante o dia
1989) são feitas algumas considerações acerca do papel ápice.
combinado da vagina e do colo com a descarga vaginal. Em Em mulheres mais jovens, o muco P aumenta mais
um trabalho futuro essas considerações serão ampliadas uma vez, próximo da época da ovulação e a atividade
à luz de novas descobertas sobre o muco P, o fator mucolítica idem. Há dois efeitos desse fenômeno : (i) a
mucolítico, o muco F e a secreção B. sensação lubrificante aumenta; (ii) se for desejada a
gravidez, ocorre a lise do muco acima das criptas S e os
espermatozóides movem-se para cima da cavidade uterina.
Os dias de possível fertilidade Algumas vezes, essa sensação lubrificante aumenta-
da dura até dois dias em mulheres jovens.
Após o dia ápice há 3 dias de fertilidade possível, mas
Níveis aumentados de estrogênio extraem uma se- decrescente. Carimbos marrons são usados na tabela, a
creção do muco nas criptas L. A reabsorção pelas bolsas de menos que alguns traços de descarga estejam presentes,
Shaw está reduzida (Figura 14) e começa uma sensação de quando serão utilizados carimbos amarelo-claros.
umidade, viscosidade. Nessa época, usam-se carimbos
brancos na tabela. Com freqüência, e sobretudo em mu-
lheres jovens, há uma secreção do muco P que tem uma Dias de infertilidade tardios
atividade mucolítica (os grânulos); o tampão de muco G é
desalojado e expelido. Após 1-3 dias há uma mudança, os A fase de infertilidade tardia (Figura 15) começa no
altos níveis de estrogênio estimulam as criptas Se há uma quarto dia após ápice. O muco G+ é produzido e forma
sensação de umidade e melado (Odeblad et al. 1986), uma barreira impenetrável no cérvix. Geralmente, a
dependendo da presença do muco L e S. Essa fase é sensação é de secura, e utilizam-se carimbos marrons.
geralmente mais longa em mulheres jovens (Tabela 3) e Normalmente há uma preponderância de muco G+ e
também em mulheres maduras que já tiveram filhos. A muito menos muco F no cérvix, e a secreção de muco
sensação de umidade e de melado é muito mais curta em vaginal é mínima. Há Üma reabsorção ativa pelas bolsas
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~ Tabela 2. Algumas propriedades fisicas, químicas e biológicas de várias secreções cervicais e de secreções do ístmo e da vagina
Local da Terço inferior Terço inferior Todo o cérvix Metade Quinto Quinto Todo o cérvix Oístmo Vagina
biossíntese superior superior superior
no cérvix
Estimu lação Nível de Nível de proges- Níveis de Altos níveis Níveis altos Níveis de Provavelmente Provavelmente Níveis de
hormonal progesterona terona alto: estrogênios de estrogênio: e decrescentes estrogên ios nenhum nenhum estrogênio
e ou tras baixo interleuci na 1 médios e noradrenalina estrogênios: de altos e baixos e
aumentando noradrenalína decrescentes: méd ios
noradrenali~a
Viscosidade
média
registrada pelo 11 30 3.5 1.3 2.0 2.0 7 7 5
RMN: (6 a 17) (15 a 45) (2.4 a 5) (0.9 a 2.2) (1.4a3) (1.4 a 3) (2 a 11) (2 a 11) (2 a 10)
(intervalo de 95%);
Viscosidade Pouca ou
aparente Muita Muita Média Fluída Fluída Fluída · Média Médi a média
Função da Barreira ao Barreira ao Atrai Leva o Leva Absorve a Nenhuma N en hum a
subida dos avanço dos avanço dos espennatazriides esperma espermatozóides secreção função função
esperma to- espennato- espennato- mal-formados normal norma is das Z e reali za a conhecida conhecida
zóides zóides zóides às criptas criptas para mucólise
cima
Presença Primeira fase Segunda fase Fase fértil Fase pré- 1n ício e final Início e final Durante todo Durante todo Fase não-
durante não-fértil não-fé rtil ovulatória da fase fértil da fase férti l o ciclo o ciclo fértil
o ciclo e dia ápice
Sensação da Seca Seca Molhada, Molhada, No dia ápice, Solta o tampão. Melada Molhada Escamando
vulva melada lubrificada muito molhad a Molhada
e lubrificada e muito
lubrificada
Tempo 24 horas 36 horas 5 horas 5 horas 15 horas 15 horas 24 horas - 36 horas
aproximado
para m ucólise
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