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férteis .

Trata-s l
diretamenl n ss

PAULUS
ERIK ODEBLAD
Professor Emérito do Departamento de Biofísica Médica,
da Universidade de Umea, Suécia.

A DESCOBERTA
DE DIFERENTES TIPOS DE
MUCO CERVICAL
/

E O METODO
,..,
DE .
OVULAÇAO BILLINGS

PAULUS
Título original Resumo
The Discovery of Different Typ es of Cervical Mucus and the Billings Ovulation
Method. -Bul/etin of the Natural Famlly Plannlng Council of Victoria - Volume 21,
number 3, september 1994. - Centro Australiano de Pesquisa e Referência sobre Introdução e novos aspectos anatômicos e fisiológicos
o Método de Ovulação
do cérvix e da vagina, bem como uma explicação da bios-
síntese e da estrutura molecular do muco.
Tradução
Lavínia Henderson Cotrim
Sandra Helena Rocha da Cruz Aqui segue o relato histórico das minhas descobertas
dos diferentes tipos de muco. Ao analisar minhas pesqui-
Revisão sas microbiológicas suspeitei da existência de diferentes
Ivone Corbó
Lúcia Aparecida Vieira tipos de criptas e muco cervical e, em 1959, comprovei a
Márcia Helena Vieira existência destes diferentes tipos.
O método para examinar a viscosidade através da
Capa ressonância magnética foi aplicado a microamostras de
Visa
muco extraído da parte externa de diversas criptas. Em
1966, estudos preliminares comprovaram a existência de
dois tipos de muco e, em 1977, foram descritos os três tipos
- G, L e S. As células do sêmen eram transportadas pelo
Coleção PLANEJAMENTO FAMILIAR muco S. O muco L atraía sêmen com más-formações e o
muco G formava um tampão no canal cervical durante o
• Amar de corpo e alma, Dr. Billings · período não-fértil.
·Como planejar sua família naturalmente com sucesso (folheto)
• Planejamento familiar com o método da ovulação, G. Gibbons e D. ' Em 1990, um novo tipo de muco - o muco P - também
Santamaria foi identificado. Uma enzima mucolítica que, provavel-
• O método Billings, Ora. E. Billings e A. Westmore
· O método da ovulação (o método Billings) folheto
mente vinha do ístmo do cérvix, se associava a esse muco
• Ensinando o método da ovulação Billings, Ora. Evelyn L. Billings e facilitava o movimento de subida das células do sêmen.
• Sexualidade na contramão, Gerson A. Silva e Maria Celina T . Martins Ao final de 1993, outro tipo de muco - o muco F - foi iden-
• A descoberta de diferentes tipos de muco cervical e o método de ovulação
Billings, Erik Odeblad tificado. É provável que esse muco seja produzido por
células fetais remanescentes na parede do colo uterino.
Abaixo são apresentadas e discutidas as variações
desses diferentes tipos de muco no decorrer da vida e
durante um mesmo ciclo, e sua importância para o Método
de Ovulação Billings.
© PAULUS -1996
Rua Francisco Cruz, 229
04117-091 São Paulo (Brasil)
Fax (011) 575-7403
Tel. (011) 572-2362

ISBN 85-349-0682-3
3
Apresentação
Estou muito satisfeito em poder apresentar meu
estudo sobre os diferentes tipos de secreções do cérvix e
sua relação com o Método de Ovulação Billings (Billings
et. al, 1972; Billings, 1983; Billings e Westmore, 1992).
A principal indicação dos dias férteis durante um ciclo
menstrual é o aparecimento e a sensação de uma subs-
tância úmida (muco) que emana da membrana epitelial
do cérvix. Esse sinal a ntecede a ovulação e depende do
crescimento, no ovário, de um folículo que produz estro-
gênio, geralmente seguido pela ruptura e liberação de um
óvulo (ovulação). O último dia em que essa substância com
características férteis é observada se chama "dia ápice".
Em 80% dos ciclos esse é o dia da ovulação. Em cerca de
10% dos ciclo, a ovulação ocorre no dia anterior, e em cerca
de outros 10% do ciclo, nos dias após o "dia ápice".
Além da secreção cervical há aindá uma maturação e
um descamamento das células superficiais da vagina. Tam-
bém há algumas contribuições que emanam do ístmo, do
endométrio e das trompas.Já foi demonstrado que o fluido
peritoneano e o fluido dos folículos durante a ovulação
contribuem para o fluxo cervical.
Geralmente, nos períodos não-férteis, os fluidos vagi-
nais são reabsorvidos pelas bolsas de Shaw, reentrâncias
situadas na parte inferior da vagina (Odeblad, 1964). O
elemento manganês (Mn) tem um papel importante nesse
processo (Rudolfsson e Odeblad, 1971). A proliferação epi-
'
telial pré-ovulatória reduz a reabsorção, e o fluxo do lado
externo da vagina aumenta. Como conseqüência, aumenta
também a sensação de umidade durante a fase fértil.
Sabe-se desde o início do século XX que o ciclo ovaria-
no causa variações nas secreções da membrana mucosa do
cérvix. Há referências a isso em Billings (1983). Naquela
época, acreditava-se que a secreção das glândulas - ou

5
criptas - do cérvix mudavam de forma ao se sincronizar com Anatomia e fisiologia
o curso do ciclo. Desejo informar que as diretrizes elabora-
das por John e Evelyn Billings não foram influenciadas Sei que todos conhecem a anatomia e a fisiologia do
pela minha pesquisa. Suas regras continuam válidas. trato genital feminino, mas quero enfatizar alguns fatos
novos (cf. Figuras 1e14). O ístmo é uma parte do útero que
se situa entre o corpo e o cérvix, medindo apenas 5-7mm.
nervos
simpáticos canal do ísbno
ligamento
Suas glândulas produzem um fluido - a secreção Z - que
cavidade
ütero-ovariano
com vasos linfáticos )
provavelmente contém diversas enzimas.
uterina O cérvix tem quatro tipos de criptas diferentes, co-
nhecidas como G, L, Se P, que produzem os quatro tipos
de muco - G, L, Se P. Além disso, entre as aberturas das
criptas há algumas células - as células F - que não são
diferenciadas. Essas células produzem o muco F, prova-
velmente sem qualquer função fisiológica. Já os tipos de
muco G, L, S e P têm funções específicas no processo
reprodutivo e são importantes em relação aos sintomas de
fertilidade e infertilidade.
Há duas bolsas de Shaw na parte distal da vagina
(reentrâncias vaginais - Krantz, 1959), que podem absor-
ver água e matéria de baixo peso molecular. O manganês
tem um papel importante nesse processo.
A função dos nervos do cérvix não é bem conhecida.
Mesmo assim, sabemos que o neurotransmissor noradre-
nalina tem um efeito estimulante na secreção do muco S.
Meus estudos mostraram que algumas criptas estão
localizadas de forma que dois diferentes tipos de criptas te-
nham uma abertura comum (Figura 1). Uma outra variação
mü sculos do pelve da anatomia e fisiologia é a fusão de duas criptas vizinhas.
As criptas se unem para formai uma única cripta, com duas
aberturas. Essa fusão pode acontecer durante a gravidez.
voe tfbulo O sistema linfático do trato genital, especialmente
um dos nódulos linfáticos em cada virilha, tem um papel
especial como indicador da ovulação (Figura 1). Isto de-
pende, em parte, da conexão entre o ovário e a virilha ao
Figura 1. Estruturas anatômicas importantes do sistema genital feminino. Os
feixes de nervos estão indicados à esquerda e a drenagem linfática à direita. longo de um cordão fibroso chamado o governáculo, du-

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rante o desenvolvimento inicial do embrião (Figura 13a). identificação imunológica das células. A substância loca-
Esses problemas ser ão discu tidos em outro trabalho. lizada na membrana basal é um produto semelhante,
provavelmente secretado pelas células da membrana
mucosa, assim como as moléculas de ligação ou adesão das
células.
O que é o muco?

O muco cervical é produzido pela atividade bios-


sintética das células de secreção do cérvix e contém três
®
componentes importantes: ( 1) moléculas do muco; (2)
Moléculas
água; (3) compostos químicos e bioquímicos (cloreto de de Água

sódio, cadeias de proteínas, enzimas etc.).


As moléculas do muco têm duas propriedades impor-
tantes: (a) podem se unir para produzir polímeros ou uma
ampla rede tridimensional (i.e. um gel); (b) como são
glicoproteínas, suas propriedades podem variar bastante.
Assim diferentes tipos de muco são produzidos, como por
exemplo os mucos G, L, Se P, que formam diferentes
cadeias ou tipos de gel. Além disso, outras substâncias -
íons, cadeias de proteínas e enzimas - podem alterar a
interação das moléculas de muco e, conseqüentemente,
suas propriedades biofísicas. O peso molecular do muco é
cerca de 70.000 daltons, e acreditamos que deve ser de
vários milhões de daltons para gels. A Figura 2 ilustra a
estrutura genérica de um gel.
.Essas estruturas fazem com que o muco não seja um
fluido normal e sim anormal (i.e., não-Neutoniano - Lofdahl
e Odeblad, 1980); sua viscosidade não pode ser m edida
utilizando-se a técnica do fluxo líquido. É, porta nto, ne-
cessário utilizar outras técnicas, de prefer ência a Resso- Moléculas
de ãgua
nância Magnética Nuclear, que não lida dir etamente com
o fluxo, mas que utiliza os movimentos térmicos das
moléculas no fluido (James, 1975).
Assim como as glicoproteína s secretadas, as células Figura 2. Estrutura molecular do muco. 1, ader ência iônica; H, ader ência de
produzem glicoproteínas membr anosas, ligadas à mem- hidrogênio; D , elos de disulfetos; V. aderência de Van de Walls; E, enrosco de
moléculas do muco.
brana das células. Essas glicoproteínas tornam possível a
9
8
Há três grupos de célu las na membrana mucosa do Após apresentação de informações básicas, descreve-
cérvix: (1) células cilíndricas (colunares) de secreção, que rei a descoberta dos diversos tipos de muco.
são a maioria; (2) células cilíndricas (colunares) ciliadas;
(3) células "de reserva". A origem das célula s de secreção
é conhecida, mas a forma de desenvolvimento dos dois O início da pesquisa
outros grupos de células ainda não fo i identificada. As
células da membrana mucosa se soltam lenta mente e se Minha pesquisa sobre o cérvix começou em 1949,
deslocam com o muco. Novas células surgem para substi- durante meus estudos de microbiologia que enfocavam
tuí-las. micoplasmas nos tratos genitais de mulheres saudáveis e
A biossíntense do muco é um processo complexo. As doentes. Eu era responsável pelos exames ginecológicos e
células epiteliais são estimuladas por estrogênio (as célu- pela coleta de amostras microbiológicas. Essa pesquisa foi
las S, L ou P) ou pela progesterona (células G-). O hor- publicada em 1951 e, em 1952 (cfMélen e Odeblad, 1951-
mônio é ligado a um receptor no citoplasma e a seguir é 1952). Fizemos algumas observações interessantes nas
transportado para o núcleo da célula. Em seguida o com- mulheres saudáveis examinadas durante as fases pré e
plexo receptor+ hormônio ativa determinadas partes do pós-ovulatórias.
material genético (DNA), transportado para outro tipo de (1) Os micoplasmas foram cultivados diversas ve-
material genético (RNA) que, por sua vez, leva a mensa- zes em 5 de 32 mulheres casadas não-grávidas,
gem genética para o local na célula, onde os aminoácidos mas em nenhuma das 13 mülheres virgens ou
são armazenados na seqüência correta para formar o nas outras 11 mulheres virgens estudadas por
núcleo de proteína da molécula. Moléculas de carb?idratos Frisk et al.. (1952) (x2 test,P<0.05). Esse re-
são ligadas, por enzimas, ao núcleo de proteína. E prová- sultado concorda com a transmissão sexual
vel que as instruções dadas à célula de como fazer isso dos micoplasmas proposta por Dienes et al.
sejam diferentes nas células S, L, P e G devi<;lo a informa- (1948).
ções que se acumulam nas células durante o seu período (2) Nas mulheres casadas saudáveis, de 17 culturas,
de desenvolvimento embrionário. 6 tiveram um resultado positivo na primeira
A resposta das células a estímulos de estrogênio e parte do ciclo, mas nenhuma deu resultado po-
progesterona é relativamente lenta (de uma a várias ho- sitivo na última parte (x2 test,P<0.01), uma indi-
ras). As células Se P também parecem ter acesso a um cação que o muco p ós-ovulatório pode ter um
1
mecanismo de resposta muito mais rápido - o estímulo por efeito antimicrobiológico (Barton e Wiesner, 1945;
noradrenalina que age sobr e um recept or bet a localizado Pommerenke, 1946). Falarei mais acerca disso
em uma membrana da célula. Essa resposta ocorre, pro- mais adiante.
vavelmente, em alguns minutos, e deve ser responsável
pela descarga "instantânea" que algumas mulheres sen- Durante a coleta das amostras observei variações
tem quando submetidas a alguma grande tensão ou dis- características no muco durante o ciclo. Também li três
túrbio emocional repentino. trabalhos importantes. O primeiro foi um estudo feito por

10 11
Esselborn ( 194 7) das variações cíclicas das secreções
cervicais. O segun do foi um trabalho realizado por Rydberg Extração da maior parte
do muco do canal cervical
(1948) acerca da cristalização do muco cervical. O terceiro
foi um estudo de Bloembergen et al. (1948) sobre o novo
método de Ressonâ ncia Magnética Nuclear par a medir a
viscosidade.

Observação, por micróscopio,


A existência de três tipos de criptas do muco espalhado e ressecado

e muco diferentes
Já comentei as variações cíclicas das culturas dos s
micoplasmas. Observamos outra situação interessante: - -L
em três mulheres casadas, saudáveis, que não estavam G
grávidas, os micoplasmas foram recuperados da mesma -- p
forma cíclica, apesar do fato de não ser possível que essas
mulheres tivessem sido reinfectadas. Se todas as criptas
produzem um muco antimicrobiano na fase pós-ovulatória
Observação spinnbarkheit
do ciclo todos os micoplasmas morreriam e, portanto, não fiabilidade

reapareceriam. Algum tempo depois, em 1952, imaginei


que os micoplasmas poderiam sobreviver em criptas ina-
tivas secretórias após a ovulação.
Para estudar os problemas associados às criptas
cervicais, estudei biofísica na Universidade da Califórnia,
especializando-me em técnicas de Ressonância Magnéti-
ca Nuclear e Radioativação. Após voltar para a Suécia, em
1954, comecei a aplicar esses métodos ao estudo das se-
creções das criptas cervicais. No texto abaixo, descrevi
apenas a utilização da Ressonância Magnética Nuclear. Figura 3. Macroamostra dd muco no canal cervical.
Os estudos de radioativação confirmara m a s conclusões
obtidas através da RMN. mente, uma combinação de dois ou mais tipos
(Odeblad andBryhnm, 1957);
Em princípio, duas abordagens eram possíveis:
(2) estudar o muco obtido de dentro das criptas
(1) estudar o muco intracanalicular através de através de microamostras (Figura 4) (Odeblad,
macroamostras (Figura 3) que eram, possivel- 1966b).
12 13
Extração do muco
O estudo das macroamostras n ão foi difícil, mas o de uma única cripta
do colo do útero
estudo das microamostras exigiu um equipamento novo,
muito preciso, cuja elaboração levou alguns anos. Duran-
te esses anos encontrei na literatura m édica, certo apoio
para a hipótese da existência de diferentes criptas. Obser-
vações por Roland (1958) sobre cristalização e por
Montgomery (1959) sobre a composição do muco incenti- O muco é t ransferido
para um pequ eno tubo de
varam minha pesquisa e, em 1959, apresentei pela pri- e nsaio par a micro-RNM

meira vez os resultados de exames microscópicos que Magneto


demonstravam que o muco cervical era composto por pen nanente,
com espirais de
vários tipos de muco' diferentes, produzidos por criptas modulação elétrica Amplificador RF
Detector
diferentes (Odeblad, 1959). Amplificador DC
Gravador

Em 1966 (Odeblad, 1966b) conseguiu provar, através


do exame de microamostras, a existência de criptas ("glân-
dulas") que respondiam de forma diferente aos mesmos
estímulos hormonais. Entre as 70 criptas estudadas, re-
gistros por Ressonância Magnética Nuclear e amostras de
lâminas indicavam que 38 apresentavam apenas um tipo
de muco, com diferentes graus de viscosidade (muita e
pouca). 21 microamostras foram contaminadas durante o • Tempo de rela- Medida de precisão • Mudança química
xame nto "spin - da mudança qu ímica dos prótons de
procedimento de extração. A existência de criptas que lattice" Tl
• Viscosida de da
da águ a
• Tipo de ligação da
mucina
• Composiçã o
apresentavam dois tipos de muco foi comprovada mais água do muco água do muco química do muco

tarde e publicada por meu colaborador (Rudolfsson, 1971). Figu ra 5 Figura 8 Figura 11

É provável que essas criptas tenham duas ramificações,


com uma abertura comum (Figura 1), sendo que as rami-
ficações têm diferentes funções de secreção.

Figura 4. Microamostra do muco numa cripta cervical


Identificação e descrição dos mucos G, L e S

Ao final de 1968, eu já havia identificado e caracteri- Também isolamos a fase líquida (ou aquosa 1) do muco.
zado dois tipos de muco, um com muita viscosidade (G) e Essa fase foi chamada de secreção B porque era seme-
outro com pouca viscosidade (E). O muco E era estimulado lhante ao soro sangüíneo (Odeblad e Rosenberg, 1968). O
por estrogênios e o muco G por progesterona. O muco G componente B é secretado temporariamente de forma
era produzido nas criptas G e o muco E nas criptas E. excessiva uma hora após a estimulação mecânica do

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cérvix. Como o muco P (como ver emos abaixo), pode
transportar enzimas da r egião do ístmo para baixo no
canal cervical. A secreção B será comentada em mais
detalhe em um outro trabalho, a ser publicado.
A descoberta dos mucos G, L e S foi apr esentada pela
primeira vez na Universidade de Surrey, Ingla terra, em
1976 e depois, em Rottach-Egern, Estocolmo, Nova Delhi,
Seattle e Sydney, Austrália, em 1977. A maioria dos
participantes não compreendia como aplicar esses novos
I~
conhecimentos. O Dr. Max Elstein, da Inglaterra, aceitou
o modelo G-L-S de imediato, mas o Dr. Kevin Rume, de
Sydney, Austrália, efetivamente compreendeu o signifi-
cado da descoberta. O Dr. Rume fazia parte do grupo
Billings. Ele chamou minha atenção para o fato de que o 1·0 1·5
IL\;,
2·0 2·5 3·0
muco G poderia estar presente na fase não-fértil do ciclo Log Tl (tempo de relaxamento "spin-lattice", prótons de água) - >
menstrual feminino, e que os tipos de muco L e S estariam 100 30 10 3

presentes durante a fase fértil. Também enfatizou que o <- Viscosidade da fase aquosa do muco Água pura

muco S correspondia com o dia ápice. Foi assim que Figura 5. Viscosidade das microamostras dos diferentes tipos de muco.
comecei a participar, colaborar e me envolver com o
Método Billings de Ovulação. Seguindo a recomendação
do Dr. Rume e mostrei em diversos ciclos de diferentes (Odeblad 1985). Já o muco G tem uma grande viscosidade,
durações em mulheres de idades diferentes, que a concor- e forma uma espécie de tampão impenetrável.
dância era estatisticamente significativa. Essa descober- Se tomarmos uma macroamostra do muco cervical e
ta foi apresentada em uma série de conferências em vários permitirmos que ele se espalhe numa lâmina de vidro
países, cidades e universidades, tais como Acapulco, 1982 poderemos ver, com o auxílio de um microscópio, alguns
(publicado em 1983), Melbourne, em 1983 e Paris, 1986 desenhos interessantes (Figura 6). O muco L mostra
(Odeblad 1987). cristais finíssimos, com a forma de folhas retangulares.
Diversos estudos (Odeblad et al., 1984) mostraram No muco S vemos cristais com outra configuração - agu-
que o muco Sera muito fluido (Figura 5), e que as células lhas pequenas e estreitas. O muco G não mostrou nenhum
do sêmen se movimentavam pelo canal muito rapidamen- cristal, mas apresentou células epiteliais, leucócitos e
te nesse tipo de muco, chegando às criptas S em 3-10 linfócitos. Essas células têm núcleos abundantes (Figura
minutos. O muco L apresentava uma viscosidade média. 7). Estudos através de Ressonância Magnética Nuclear
A estrutura unitária do muco L atraía células do sêmen indicam que a água do muco S se associa ao muco e forma
com más-formações ou células que se moviam lentamen- uma estrutura que facilita o movimento das células do
te, e essa "filtragem" das células do sêmen era eficaz sêmen para a frente (Figura 8, Odeblad, 196a).

16 17
11

•'·

G-
Figura 6. Todos os tipos de muco presentes em uma amostra do cérvix obtidos mu~o F , Na imagem da secreção Z podemos ver (à esquerda) que os ~rânulos da
de uma jovem de 18 anos, virgem. A Figura 6 (a) mostra os tipos L (x 30), G (x enzima tendem a se agregar em estruturas na forma de anéis. A direita os
80) e G+ (x 160). Observe que os aumentos são diferentes para os diferentes grânulos são absorvidos pelo muco Pa. Observem que os aumentos são diferen-
tipos de muco. A Figura 6 (b) mostra as secreções P6( x80), Pa ( x80), F (x480) tes nas diferentes fotos. A amostra foi obtida no dia após a ovulação, aproxima-
e Z (x 320). A secreção F contém alguns leucócitos (células arredondadas) entre damente 17 horas após a ovulação ocorrer. A mulher era saudável e a grande
as células epiteliais (alongadas), porque um pouco de secreção G se sobrepõe ao quantidade de leucócitos e linfócitos na amostra G é um fenômeno normal.

18 19
I'

li
1
1 0·502
11 ppm Água J.251 ppm
1

li

-----~

0·530

-
ppm Muco G+

0·502
ppm 3·251 ppm

Água

Figura 8. Espectro de muco S, L e G+ obtido por RMN ampliado comparado com


o espectro da água. Esse estudo demonstrou uma ligação por hidrogênio na fase
aquosa (A) dos mucos S, L e G+. As ondas H e M são pontos de referência que
possibilitam a obtenção dos sinais aquosos com quase total precisão. As
mudanças das curvas indicam que "à água do muco S tem uma pequena
resistência a células do sêmen, mas a água do muco G+ tem uma resistência
muito maior.

lado por níveis médios que aumentavam, e que o muco s


era estimulado por altos níveis de estrogênio. Mais tarde,
Em 1983, tive o privilégio de trabalhar com os Drs. demonstrei que o muco S também era estimulado por
John e Evelyn Billings, em Melbourne, e também com o noradrenalina. O muco Gera estimulado por progesterona.
prof. James Brown e outros pesquisadores do Método de Na primeira fase não-fértil do ciclo o nível de progesterona
Ovulação. As respostas hormonais dos mucos G, L e S é baixo, mas suficiente para estimular as criptas G de
foram estudadas. Observamos que o muco Lera estimu- forma fraca (muco G-). Após a ovulação, os níveis de

20 21
I'
1

progesterona estão altos e estimulam fortemente as crip- linfócitos, mas há grandes variações, dependendo de dife-
tas G. Nessa fase o muco G é muito denso (muco G+ ). rentes fatores. Algumas mulheres sempre têm muitos
Geralmente não há nenhuma sensação associada ao linfócitos, outras têm muitos leucócitos. As interleucinas
muco G, e nos dias da fase não-fértil não há produção de podem ter um papel na presença dos linfócitos e leucócitos
muco.Quando o nível de estrogênio aumenta, o muco L co- (Cannon e Dinarello, 1985). Inflamações locais ou gerais
meça a ser produzido, causando, no início, uma ligeira podem influenciar as proporções.
sensação de umidade. Mais tarde, quando os níveis de As viscosidades do muco G- e G+ são apresentadas na
estrogênio estão altos e o muco S está sendo produzido, há Figura 5 e na Tabela 2. Os dois tipos são impermeáveis às
uma sensação escorregadia ou de lubricidade (Figura 15), células do sêmen. Em ciclos não-ovulatórios, não há pro-
que continua até o dia ápice. Neste dia os níveis de estro- dução do muco G+. Durante a gravidez, o muco G+ é mais
gênio já estão baixandó, mas a atividade do sistema nervo- viscoso e é chamado de muco Gp (p = pregnancy, ou
so simpático semelhante à noradrenalina causa uma esti- gravidez em inglês).
mulação do muco S. A Figura 15 mostra as relações tem-
porais das diferentes secreções. Após o dia ápice G, o muco
é acompanhado por uma volta da sensação seca devido à Idade, gravidez, anticoncepcionais
abundante secreção de progesterona pelo corpo lúteo. e microcirurgia
Nas jovens púberes, as criptas S..,são bastante nume-
Os mucos G- e G+ rosas. Geralmente são substituídas por criptas L e, na
pré-menopausa, a quantidade de criptas S é bastante
As duas variações do muco G são produzidas pelas reduzida. Essa transformação das criptas L->S é um
mesmas criptas, dependendo dos níveis de progesterona processo normal. Também há uma transformação G->L.
no sangue. Meus estudos, em Melbourne, mostraram uma Algumas células de secreção, no portio vaginal, são subs-
correlação positiva entre a quantidade de progesterona e tituídas pelo epitélio estratificado que avança, de forma
o conteúdo de mucina e a quantidade de células no muco. centrípeta, até a abertura do cérvix. As transformações
É provável que o muco G, especialmente o muco G+, con- L->S e G->L são parcialmente revertidas por altera-
tenha globulinas antimicrobianas, que deve ser a subs- ções durante a gravidez, mas podem ser parcialmente
tância que causou a inativação de micoplasmas nos meus aceleradas por anticoncepcionais. Essas circunstâncias
estudos microbiológicos, ao passo que os micoplasmas podem ser identificadas pela seguinte expressão: uma
puderam sobreviver nas criptas L e S que estavam inati- gravidez rejuvenesce o cérvix em 2-3 anos, mas para cada
vas na fase pós-ovulatória. ano em que se tome anticoncepcionais, o cérvix envelhece
É importante reconhecer que há três tipos de células um ano.
de muco G: (i) células epiteliais, (ii), leucócitos, (iii) Se uma mulher tomar anticoncepcionais durante 10-
linfócitos. Sua proporção varia; geralmente há em torno 15 anos e os suspende para engravidar, pode ter certa
de 50% de células, epiteliais, 25% de leucócitos e 25% de dificuldade. Diversos estudos indicam que a quantidade

22 23
de criptas S é muito pequena e que, além disso, o canal
cervical fica muito estreito. Em tais casos, tentei imitar,
através de microcirurgia, o rejuvenescimento que, geral-
mente acontece durante a gravidez para permitir que as
células S "tomem" as criptas L. Às vezes (em cerca de 40%
dos casos) essa microcirurgia não é bem-sucedida.

OmucoP

Exames de microamostras das criptas, cujas células


não puderam "tomar" uma cripta L, apresentaram novos
resultados. Os cristais não tinham a forma de agulhas
nem extensões retangulares. A ramificação era hexago-
nal (Figura 9) e os cristais eram finíssimos. Um novo
. exame das lâminas, obtidas durante ciclos completos,
indica que esse muco costumava estar presente em maior
quantidade durante o dia ápice. Esse novo muco foi
chamado de muco P (=pico).
Nos anos que se seguiram a 1985 diversas jovens,
entre 15 e 22 anos que estudavam na universidade ou no
curso secundário quiseram aprender a acompanhar seus
ciclos. A maior parte delas também queria um exame Figura 9. Comparações do muco P6 com o muco Pa em uma amostra espalhada
numa lâmina. No muco P6 os cristais estão presentes com uma forma hexago-
ginecológico. Seu muco foi colocado em lâminas e exami- nal e de estrela. No muco Pa os cristais se apresentam no feitio de uma pluma
nado. Fiquei surpreso com a grande quantidade de muco ou de forma irregular.
P dessas jovens. Eu já havia observado que uma grande
área das lâminas ficava coberta pelo muco P, especial- muco pela primeira vez. Em 1991, observei (Odeblad, 1994)
mente no dia ápice, e no dia antes do ápice. Nesses casos que o muco P tinha duas funções: (i) uma atividade muco lítica,
as moças descreveram uma sensação de extrema lubri- com uma variante Pa; (ii) a çapacidade de conduzir cé-
cidade durante esses dois dias. lulas do sêmen das criptas S à ~avidade uterina - a varian-
Após a identificação e caracterização do muco P, em te P6. Essas duas variantes são ilustradas na figura 9.
1990, percebi ao ler publicações médicas, que os cristais Observei ainda que a atividade mucolítica é efetuada
desse muco já haviam sido fotografados por diversos por uma enzima associada aos grânulos (esferas) do
autores, como por exemplo Roland (1958) e Rydberg tamanho de 1 µm de tamanho que aderem ao muco P. Os
(1948), sendo que esse último descreveu a cristalização do grânulos têm a capacidade de se agregar e tomar formas

24 25
anulares ou de. estrela (Figuras 6b e 10). E ssa secreçao
-
1
granu ar se chama secreção Z (cf o z de enzima) E obtidas de diferentes locais no canal cervical, demons-
- d . . ssa tram que os diferentes tipos de criptas têm "locais prefe-
secreçao, pro uzida pelas glândulas ou criptas do ístmo
provavelm~nte não varia durante o ciclo e pode conte; ridos" (Figura 12). Tanto as redes macromoleculares
outras :nz~mas ou substâncias bioquímicas. Estudos re- quanto a localização das criptas são, portanto, específicas
centes md1cam, porém, que as células z podem estar para cada tipo de muco.
1
presentes no canal cervical propriamente dito.
1
OmucoF

A análise detalhada de cerca de 600 gráficos, vários


dos quais guardados por um período de 2 a 4 anos (no total
mais de 12.000 ciclos), mostraram que diversas jovens,
geralmente marcavam diversos dias com marcas amare-
las ("dias amarelos") durante a fase n~o-fértil, apesar de .
seus exames ginecológicos darem resultados absoluta-
mente normais. A maior parte dessas jovens eram virgens
que jamais haviam tido qualquer infecção genital. Um
estudo cuidadoso de suas lâminas mostrou a existência de
um muco semelhante ao muco G- ou G+, praticamente
sem a presença de leucócitos e linfócitos. Uma aspiração
precisa desse muco, mostrou que ele não era produzido
nas criptas, mas no epitélio que cobre a parede endocervical
entre as aberturas para as criptas (Figura 1).
As células que cobrem as paredes do canal são prova-
velmente, mais originais ou fundamentais que as células
Figura 1O. A varredura por Microscopia Eletrônica a resenta que diferenciam as criptas. Esse pressuposto é reforçado
P6(~esquerda)edemucoP4(àdireita)espalhadasn~alâmiumaüamostrpademuco pela observação de que quanto mais jovem a mulher, mais
ramificações hexa · al , na. muco 6mostra
O p gonais e guns granulos (esferas brancas arredondadas) x 1000
tir:uco ~~ostra '.31guns grânulos (esferas escuras arredondadas) x 7500 Foto~
abundante é a quantidade de muco desse tipo. Chamei essa
sidad:sJe\~~~~ ~~p:enhlaaMenarguleboz, Departamento de Biologia Celular, Univer, secreção de muco F (=fundam~ntal) e as células, de células F.
, , em co a raçao com o autor.
A descrição do cérvix maduro e das criptas mostrados
nas Figuras 1 e 12, é válida para os anos férteis da mulher
A espectometria RMN com prótons indica que os saudável. Para entender o cérvix maduro, é importante
c~mp~sto~ moleculares dos diferentes tipos de muco tam- estudar o desenvolvimento do cérvix durante a vida em-
bem sao diferentes (Figura 11). Estudos de microamostras brionária, a infância e a adolescência e também sua
regressão durante e após a menopausa.
26
27
i
1
s, Diâ me tro
dos g rânulos 0.5 - 2 um

Cérvix, corte
longitudinal

s
p
1

~p-·1&m»rw.m~~~~
L
x 400 um
x 400um
/!ii:Rt/'191LlC-- s
x 30um L

s
_) \.,,., G

11
Sub-unidade P Mice lla de S Microbolsa
30umx 20 um x 4 um 3um de diâmetro 8 um x 8 um x 5 um

Figura 12. Distribuição e Composição macromolecular do muco cervical tipos S,


L, G e P também a secreção Z proveniente do ístmo.

Água.-
Há uma grande quantidade de relatórios sobre o
desenvolvimento embrionário (p.ex., Davies e Kusuma,
-1 D 1 3 1962; Copplesson et al., 1967;;Hiersche, 1970; O'Rahilly,
2 4 5 ppm
1973; Forsberg, 1976; Graham, 1976; Pixley, 1976). A
seguinte descrição é talvez admissível.
Os órgãos urogenitais de um embrião com 8-12 mm
Figura 11. Espectometria RMN de próton de cinco tipos de muco cervical - F,
de comprimento (Figura 13 a) são bastante semelhantes
P, G+, L e S. Todos os espectros são diferentes, indicando que a composição dos em ambos os sexos. De cada lado da cavidade abdominal
cinco tipos de muco é diferente. há uma prega - a prega urogenital (UGF) - contendo dois
28 29
dutos, desde o início cordões sólidos de células, chamados epitelial. Estruturas glandulares são visíveis no cérvix 2-
de dutos de Wolffian (W) e de Müller (Mü). O duto.de 3 meses antes do nascimento. O epitélio do cérvix é,
W olffian está localizado mais perto do plano médio do porém, muito diferente da membrana mucosa madura.
corpo e tem três grupos de ramificações horizontais a três Antes do nascimento é composta de duas ou mais camadas
órgãos primitivos, denominados pronefros (P), gônada de células (Figura 13b ). As células superficiais têm a
primitiva (Ov) e metanefros (K). Os pronefros logo desa- aparência das células secretoras do cérvix maduro e uma
parecem completamente e a gônada primitiva se desen- atividade secretória pode ser demonstrada por métodos
volve, virando um testículo ou um ovário. Os metanefros histoquímicos. (Nonnis-Marzano e Zinelli, 1959). As célu-
desenvolvem-se e se transformam em rins, deslocando-se las basais são claras e transparentes. Reid et al. (1967)
para cima, enquanto a gônada desloca-se para baixo. Esse propuseram que essas células podem se originar de
movimento da gônada para baixo, é sustentado por uma monócitos que passam através das paredes capilares e se
estrutura fibrosa chamada gubernáculo (Gu). O testículo movem para suas posições epiteliais.
desce, consideravelmente, através do canal inguinal em As células claras ou transparentes estão sujeitas a
direção ao escroto, enquanto o ovário desce só um pouco, regressão, e finalmente são encontradas somente em
mas conserva a conecção fibrosa via gubernáculo através certos lugares. O significado fisiológico dessa distribuição
do canal inguinal com vasos sangüíneos e linfáticos. não é conhecido até hoje. Minha sugestão é que essas ilhas
No homem, o duto de Müller sofre uma regressão, de células basais produzem substâncias indutoras, levan-
enquanto os dutos de Wolffian se desenvolvem, transfor- do à diferenciação das células F em., células P, S, e L
mando-se no uas deferens e no epidídimo. Na mulher, os (Figuras 13a e 13b ).
dutos de Wolffian sofrem uma regressão e os dutos de As primeiras estruturas secretoras podem ser desig-
Müller se transformam nas trompas, no útero (com o nadas por criptas primordiais G, L, Sou P. Mais tarde, são
cérvix) e na parte superior da vagina. Porém, em algumas estimuladas hormonalmente para se desenvolverem e se
mulheres, resíduos dos dutos de Wolffian podem ainda transformarem nas criptas maduras G, L, Se P (Figura
estar presentes. 13b ). Um estímulo transitório, que depende da produção de
No embrião feminino, o gubernáculo e o duto de estrogênio placentário, acontece no último mês antes do
Müller se cruzam (emx na Figura 13 a) e aderem no ponto nascimento. Após o nascimento, esse estímulo cessa e as
de cruzamento. O duto de Müller, acima do ponto de criptas atrofiam, "a crise genital do recém nascido" (Courrier,
cruzamento, torna-se um tubo. Abaixo do ponto de cruza- 1945). Novas proliferações começam antes e durante a
mento os dois dutos de Müller se fundem em uma única puberdade. No início, as criptas L, S, e P são estimuladas;
estrutura, formando o útero e a parte superior da vagina. após alguns anos as criptas G são estimuladas, por
A parte inferior da vagina (incluindo as bolsas de Shaw) progesterona, quando do início dos ciclos ovulatórios.
se desenvolve a partir do seio urogenital (UGS). Os mecanismos através dos quais as células F são
A parte fundida dos dutos de Müller é, desde o início, transformadas em células G, L, S ou P ainda são desco-
um cordão de células sólidas, mas ela se liquefaz central- nhecidos. Provavelmente, chegar-se-á a uma conclusão
mente e forma o canal cervical com seu revestimento através dos estudos da biologia molecular, pela introdu-

30 31
w
N
Mü (a)
Pr

Canal cervical primitivo


Forro epitelia l
Tecido conectivo
Forro epi telial

·- -
Lúmen
- ·-

Gu
UGS UGS
-
• I~-
Escala expandida

(i) (ii) (iii) (iv)

Esti mulação por


estrogênio Estimul ação por
Indução
(b) estrogênio
Células e progesterona Tipos de células
transparentes na mucosa cervical

l? 1? +
Estrngénio l +
F
1 ~1 J
r-~
\ ·~
- \

- ~

~ ----

(iv) (v) (v i ) (vii) (viii)

As Figuras 13(a) e 13(b) indicam, esquematicamente, o deseiÍvolvimento das criptas cervicais. A figura 13(a) cobre o período
que vai do embrião até a metade da gestação, e a Figura 13(b) vai da metade da gestação até o final da puberdade tardia e o
adulto. Os estágios são: (i) embrião com 8-12 mm de comprimento, com 35-40 dias de idade; (ii) embrião com 27-33 mm de
comprimento, 50-55 dias de idade; (iii) corte longitudinal de (ii) em uma escala expandida; (iv) feto com 4-5 meses de idade; (v)
feto 1-2 meses antes do nascimento, indução completa; (vi) 2-4 meses após nascimento - criptas primordiais; (vii) infância,
criptas secundárias; (viii) início da adolescência: as criptas P, Se L se desenvolvem (ix) final da adolescência, maturidade. As
criptas G também se desenvolvem. Os estágios (v) a (vi) e (vi) a (vii) podem ser estimulados pelos hormônios GH, EGF e pela
tiroxina. O código para o sombreamento indica os diferentes tipos de células presentes e está do lado direito da Figura 13(b).
w Mü, dutos de Müller, W, dutos de Wolffian; Pr, pronefros ; Ov, ovário primitivo; Me, meta nefros (que se tornam em rins); UGF,
w prega urogenital; UGS, seio urogenital; x, ponto de cruzamento do gubernáculo (Gu) e dutos de Müller.
ção de células fetais transparentes no grupo de cultura de sificada como transformando o fator de crescimento
célula F in vitro. beta (TGF-b).
Durante a infância, a membrana mucosa do cérvix é Sugeri que o MIS pode estar envolvido no desenvol-
chata ou dobrada, ou algumas vezes granulosa, mas há vimento do "sintoma do muco perdido", uma doença rara,
poucas criptas. Produzem somente quantidades mínimas mas interessante que foi apresentada em público pela
de muco. As células são provavelmente, mais freqüen- primeira, vez durante o Congresso Anual do Conselho de
temente células F. Da mesma forma, após a menopausa, Planejamento Familiar Natural de Victoria, em Melbour-
as células diferenciadas incomuns e as células F são mais ne, Austrália. Mulheres nessa condição, freqüentemente
freqüentes, sendo que as células G, L, Se P diferenciadas procuram ajuda por causa de infertilidade. Suas tabelas
se esfoliaram ou degeneraram. revelam que algumas vezes elas perdem seu sintoma do
É provável que o,muco F seja formado por um excesso muco, aparentemente devido a um fechamento temporá-
de glicoproteínas membranosas das células F que são rio do osso externo. Isso, por sua vez, se deve à contração
esfoliadas e visíveis no muco. Leucócitos e linfócitos são dos dois ligamentos sacro-uterinos que contêm feixes
raros. Os cristais da secreção F são poucos e, indistintos musculares estimulados por contraçõe,s pelos hormônios
ou não estão presentes de modo algum e geralmente, os estrogênicos. A tensão na contração é mediada para a
núcleos das células F são somente visíveis em lâminas região do osso externo por cordões fibrosos, remanescen-
depois que o muco F seca. Muitas vezes quantidades tes dos dutos de Wolffian, um de cada lado do cérvix.
'I mínimas de muco Festão misturadas com secreções G, L, Essas mulheres podem ter outros sinais da atividade
Sou P, e os cristais L, Se P estão alterados e formam "anti-Müller" tais como, quantidade de mucosa cervical
I' padrões irregulares. Nas mulheres em idade de reprodu- e função ovariana prejudicada.
1

ção, o muco F chega a 1-4% do muco cervical total (Figura


1 i 14b).
Já foi proposto por J ost ( 194 7) que poderia haver
O papel da vagina
um fator, mais tarde chamado de substância de inibição
de Müller (MIS) ou fator de Jost, que auxilia na regres-
são do duto de Müller, no feto masculino. Estudos Não só as células do cérvix, mas também as células da
posteriores (Takahashi et al 1986; Vigier et al 1989) vagina produzem um muco que é feito de glicoproteínas
mostraram que o MIS também está presente na mu- membranosas. Na vagina há células intermediárias que
lher, e que pode inibir a meiose do oócito na puberdade podem contribuir para a pres;ença de muco nos dias não-
e reduzir a atividade de aromatase ovariana, um passo férteis. Uma razão para o aparecimento muito freqüente
bioquímico na bio síntese de estrogênios. No feto mas- de um fluxo fora da vagina, durante esses dias é a redução
culino e em meninos jovens, o MIS promove a descida da reabsorção pelas bolsas de Shaw (Figuras 1 e 14). As
dos testículos no escroto. Bioquimicamente, o MIS pa- bolsas estão situadas na parte inferior da vagina, e a
rece ser uma glicoproteína com uma atividade geral contribuição do muco vaginal emana da parte superior.
"anti-Müller" e "pro-Wolffian". Funcionalmente, é elas- Nesse caso, o resultado do exame ginecológico é bastante

34 35
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gJ "d-
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~ normal, e um exame citológico mostra mais células inter-
.o."" U1 mediárias. O exame de uma lâmina pelo microscópio tam-
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"expandidas".
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.s . . r.n epitélio pré-ovulatório vaginal (Odeblad, 1989). A capaci-
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.s u ~ dade de reabsorção durante a adolescência pode ser re-
-~ ão
1, o ü i:Q tardada, e pode não haver dias secos. Se uma mulher
~,.:..:: ~- jovem começa a tomar anticoncepcionais a maturação das
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.... ~ e,- secreções mucosas
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Células e cristais
observados no muco G- G+ L s P6 Pa F
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Irregular (+) (+) o o o + (+)
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36 37
Os diferentes tipos de secreções e o método
de ovulação Billings

As características mais importantes dos cinco tipos


de secreções de muco são apresentadas nas Tabelas 1e2.
As secreções das glândulas do ístmo também são apresen-
tadas nessas tabelas. Gostaria de explicar agora o ciclo
ovulatório normal baseado em nosso conhecimento desses
tipos de muco cervical (Tabela 3). Explicarei a situação em ,, -
'
. i;

geral, para mulheres maduras de 23-37 anos de idade e - ---++ ~-- ~ ~


- + t - - -- - -- ______;_ : - ~ - -~ ~
explicarei, (através de exemplos), a situação de mulheres - H - - - - - --
• 1
·--L..l
1
..,
\ ! ' ~
jovens de 13-22 anos de idade, bem como de mulheres ----- ·------~-! ,. ~
alcançando a menopausa (38-4 7 anos). Também chama- - ----- -·· ·- ·---~/ - - N
1/i - g
rei a atenção para alguns fatores que surgem durante a
lactação.

Dias não-férteis precoces

Geralmente, após a menstruação, há alguns dias de


secura nas partes genitais fora da vagina, e carimbos
(marcadores) marrons que são usados para o registro. O
muco G e quantidades mínimas de muco F e fluido vaginal
são produzidos (Figura 15). São viscosos e não fluem
."' ""
rapidamente na vagina. Há uma reabsorção ativa nas
bolsas de Shaw e todos os fatores contribuem para uma
sensação de secura. Algumas vezes, na mulher jovem, o • 1
muco F é muito abundante e como os processos de ~--·---==~=~~~~~ ; O.
•• 1
••
reabsorção ainda não se desenvolveram tem-se a sensa- ++~~---,- -,- .\ ;-L
ção de fragmentação ou secura; nesse caso usam-se carim-
bos amarelos. Em mulheres mais velhas uma situação
semelhante prevalece, já que a reabsorção diminui após a
menopausa. Não só o muco F, mas também contribuições
vaginais levam ao uso de carimbos amarelos. A expressão

38 39
"Padrão Básico de Infertilidade" é usada por Billings et al mulheres atingindo a menopausa ou que tomaram anti-
(1989) para a situação durante a primeira fase não-fértil concepcionais por vários anos.
antes do início da maturação do folículo, e em outras O último dia da sensação escorregadia é o dia ápice,
situações onde há uma ausência ou retardamento do que coincide com o dia da ovulação em 80% dos c:,asos. A
crescimento folicular. Anteriormente, nesse texto, co- probabilidade de engravidar nesse dia é maior. E muito
menta-se que o Padrão Básico de Infertilidade pode ser importante saber que a quantidade de muco, geralmente
tanto: (i) dias secos, indicados por carimbos marrons, (ii) não está no seu máximo no dia ápice. A quantidade e
um padrão contínuo do muco sem mudança (carimbos também o período são maiores no dia anterior ao ápice.
amarelos), ou (iii) um padrão combinado (carimbos mar- Uma exceção são as mulheres mais idosas. Para elas a
rons para dias secos, carimbos amarelos para dias de fase fértil é muito curta, somente um ou dois dias, e nesse
muco sem alteração). Nessa mesma publicação (Odeblad, caso, a quantidade e o período são máximos durante o dia
1989) são feitas algumas considerações acerca do papel ápice.
combinado da vagina e do colo com a descarga vaginal. Em Em mulheres mais jovens, o muco P aumenta mais
um trabalho futuro essas considerações serão ampliadas uma vez, próximo da época da ovulação e a atividade
à luz de novas descobertas sobre o muco P, o fator mucolítica idem. Há dois efeitos desse fenômeno : (i) a
mucolítico, o muco F e a secreção B. sensação lubrificante aumenta; (ii) se for desejada a
gravidez, ocorre a lise do muco acima das criptas S e os
espermatozóides movem-se para cima da cavidade uterina.
Os dias de possível fertilidade Algumas vezes, essa sensação lubrificante aumenta-
da dura até dois dias em mulheres jovens.
Após o dia ápice há 3 dias de fertilidade possível, mas
Níveis aumentados de estrogênio extraem uma se- decrescente. Carimbos marrons são usados na tabela, a
creção do muco nas criptas L. A reabsorção pelas bolsas de menos que alguns traços de descarga estejam presentes,
Shaw está reduzida (Figura 14) e começa uma sensação de quando serão utilizados carimbos amarelo-claros.
umidade, viscosidade. Nessa época, usam-se carimbos
brancos na tabela. Com freqüência, e sobretudo em mu-
lheres jovens, há uma secreção do muco P que tem uma Dias de infertilidade tardios
atividade mucolítica (os grânulos); o tampão de muco G é
desalojado e expelido. Após 1-3 dias há uma mudança, os A fase de infertilidade tardia (Figura 15) começa no
altos níveis de estrogênio estimulam as criptas Se há uma quarto dia após ápice. O muco G+ é produzido e forma
sensação de umidade e melado (Odeblad et al. 1986), uma barreira impenetrável no cérvix. Geralmente, a
dependendo da presença do muco L e S. Essa fase é sensação é de secura, e utilizam-se carimbos marrons.
geralmente mais longa em mulheres jovens (Tabela 3) e Normalmente há uma preponderância de muco G+ e
também em mulheres maduras que já tiveram filhos. A muito menos muco F no cérvix, e a secreção de muco
sensação de umidade e de melado é muito mais curta em vaginal é mínima. Há Üma reabsorção ativa pelas bolsas
40 41
~ Tabela 2. Algumas propriedades fisicas, químicas e biológicas de várias secreções cervicais e de secreções do ístmo e da vagina

Característica Tipos de Muco "Muco


do muco G- G+ L s P6 Pa F z Vaginal"

Local da Terço inferior Terço inferior Todo o cérvix Metade Quinto Quinto Todo o cérvix Oístmo Vagina
biossíntese superior superior superior
no cérvix
Estimu lação Nível de Nível de proges- Níveis de Altos níveis Níveis altos Níveis de Provavelmente Provavelmente Níveis de
hormonal progesterona terona alto: estrogênios de estrogênio: e decrescentes estrogên ios nenhum nenhum estrogênio
e ou tras baixo interleuci na 1 médios e noradrenalina estrogênios: de altos e baixos e
aumentando noradrenalína decrescentes: méd ios
noradrenali~a
Viscosidade
média
registrada pelo 11 30 3.5 1.3 2.0 2.0 7 7 5
RMN: (6 a 17) (15 a 45) (2.4 a 5) (0.9 a 2.2) (1.4a3) (1.4 a 3) (2 a 11) (2 a 11) (2 a 10)
(intervalo de 95%);
Viscosidade Pouca ou
aparente Muita Muita Média Fluída Fluída Fluída · Média Médi a média
Função da Barreira ao Barreira ao Atrai Leva o Leva Absorve a Nenhuma N en hum a
subida dos avanço dos avanço dos espennatazriides esperma espermatozóides secreção função função
esperma to- espennato- espennato- mal-formados normal norma is das Z e reali za a conhecida conhecida
zóides zóides zóides às criptas criptas para mucólise
cima
Presença Primeira fase Segunda fase Fase fértil Fase pré- 1n ício e final Início e final Durante todo Durante todo Fase não-
durante não-fértil não-fé rtil ovulatória da fase fértil da fase férti l o ciclo o ciclo fértil
o ciclo e dia ápice
Sensação da Seca Seca Molhada, Molhada, No dia ápice, Solta o tampão. Melada Molhada Escamando
vulva melada lubrificada muito molhad a Molhada
e lubrificada e muito
lubrificada
Tempo 24 horas 36 horas 5 horas 5 horas 15 horas 15 horas 24 horas - 36 horas
aproximado
para m ucólise

,o
Ot:Jt:Jt:J"' tj - - '""'t:J"t:l Ot:Jt:Jt:J"' t:J- - tt> '""'t:J"t:l ~ g~
'""'t:J"t:l~~ ...... 1-' • -· 1-'• rn -· e 1-' • :::'!
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Dia ápice (muito Lactação


escorregadio) + ++ +++ o o
Dia 1 pós-ápice 1 o o + o +++ Alguns meses após o nascimento um número muito
Dia 2 pós-ápice 1 o o o + +++
pequeno de folículos começa a crescer. Mas eles não
Dia 3 pós-ápice 1 o o o + +++
Late infertile dias 10.5 (8 a 16) o o o + +++ alcançam a maturidade. Durante essas tentativas, o au-
Ciclo inteiro mento e a redução dos níveis de estrogênio são evidentes,
e dias úmidos são detectados. No final, um nível de
estrogênio é suficiente P,ara levar à maturação e ovulação
de Shaw e a situação é muito semelhante à da primeira quando do dia ápice. E importante que esses eventos
fase de infertilidade. Em algumas ocasiões - raras - algum sejam explicados pelo professor.
muco viscoso ou descarga vaginal pode fluir; utiliza-se um Eu tive acesso apenas a um pequeno número de
carimbo amarelo na' tabela. No primeiro dia após ápice é amostras obtidas durante a amamentação. Mas parece
comum achar numa lâmina os tipos de muco G, L, S, P e notável que haja uma grande quantidade inesperada de
F, bem como a secreção Z, especialmente em mulheres muco, durante o retorno de um episódio de crescimento do
Jovens. folículo, não levando à maturação. Essa questão deverá
ser investigada futuramente.
Ciclos anovulatórios
Doenças e o método de ovuláção Billings
Esses ciclos variam enormemente. Freqüentemente,
há uma regressão de um folículo por uma semana e Esse é um assunto muito amplo, e só posso citar alguns
secreção cervical assemelha-se à situação nos primeiros exemplos. As doenças podem ser gerais ou específicas
dias de infertilidade. No dia após o folículo alcançar seu
tamanho máximo, todos os tipos de muco são visíveis na Doenças gerais
lâmina do microscópio (Figuras 6a e 6b ). Algumas vezes, Anemias - Anemias são geralmente acompanhadas
o folículo persiste por 2-3 semanas após a regressão por uma quantidade aumentada de muco L e S. Após
começar; em outros períodos, a regressão é muito rápida, tratamento, esses sintomas cessam.
até 2-3 dias antes da menstruação. Asma - Essa doença não altera as secreções, mas
tratamentos onde usam-se medicamentos semelhantes à
adrenalina, levam a um aumento da sensação de lubrifi-
cação.
Icterícia - A icterícia é acompanhada por um mau-
funcionamento do fígado, inclusive do metabolismo dos
hormônios esteróides. Irregularidades na menstruação e
na secreção de muco são comuns.
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Doenças específicas um estudo cuidadoso de microcirurgia sem sucesso levou
à descoberta das criptas P e do muco P.
Infiamação do Cérvix e da Vagina - Essas doenças são
acompanhadas por uma descarga e alterações elevadas
na qualidade de fluxo. Fases férteis e não-férteis são, O futuro
algumas vezes, indistinguíveis. Após tratamento, essa
imprecisão melhora. Acredito que as secreções principais do cérvix já
foram identificadas e caracterizadas. Mesmo assim espe-
Anticoncepcionais - É muito freqüente aparecerem ram-se ainda várias novas descobertas, especialmente as
complicações devido ao uso de anticoncepcionais. A não- enzimas produzidas no ístmo do cérvix. Outro campo
fertilidade após seu uso por 7-15 anos é um problema importante é o dos mecanismos celulares envolvidos na
muito sério. As criptás S são muito sensíveis à estimulação diferenciação e proliferação das células do muco no cérvix
normal e cíclica por estrogênios naturais, e os anticoncep- do feto. Os processos de reabsorção dos fluidos vaginais
cionais causam a atrofia dessas criptas. A fertilidade é constituirá objeto para investigação posterior ao nível de
prejudicada, já que o movimento do espermatozóide até o biologia molecular.
canal, é reduzido. O tratamento é difícil. Em alguns casos, Sabemos que o Método de Ovulação Billings tem sido
um tratamento hormonal é possível. Em outros casos não- usado por, provavelmente, mais do que 50 milhões de
tratáveis, tenho tentado reconstruir as criptas S através mulheres e famílias no mundo, mas também sabemos que
de microcirurgia, com resultados aceitáveis, mas o trata- muitas mulheres tem dificuldade em aplicá-lo. Hoje, mu-
mento é difícil, e consome tempo. Como já foi mencionado, lheres jovens estão sob uma pressão cada vez maior para
tomarem anticoncepcionais e outros contraceptivos hor-
monais (injetáveis, DIU's com progesterona ou implantes).
Para responder a essas pressões é necessário conhecer e
entender a fisiologia cérvico-vaginal da adolescente. As-
sim, seremos capazes de tratar de mulheres jovens de modo
que elas não sejam iludidas e, por causa disso deixem de
usar o Método de Ovulação Billings. Elas irão superar as
dificuldades e usar o método pelo resto de suas vidas.
*As anotações semi-quantitativas O, (+), +, ++ e +++ tem o mesmo Também é importante a propagação do Método de Ovula-
significado que na Tabela 1, ou seja: O, não presente; (+)algumas vezes presente
em pequenas quantidades; ++ quantidade moderada, +++ grande quantidade.
ção para a próxima geração de mulheres e famílias
Eles são importantes para o diagnóstico médico de, por exemplo, a causa de
infertilidade. Para a mulher colocar na tabela a sensação qualitativa na vulva Agradecimentos
é muito importante, e para isso são utilizados marcadores coloridos (veja Figura
15) e trabalhos suplementares. Gostaria de agradecer em particular a meus colabo-
++ algumas vezes um tampão radores, o Professor Axel Ingelman-Sundberg e o Dr.
Bertil Melén, de Estocolmo; Astrid Hõglund, Unto

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l'i'I'

Leppãnen, Carin Rudolfsson-Asberg, Carol Sjorgren e ÍNDICE


Lena Bergstróm, de Umea; os Doutores John e Evelyn
Billings, Professor James Brown e Mrs Kath Smyth, de
Melbourne, além do Dr. Kevin Rume, de Sidney. Gostaria
também de agradecer a ajuda dada a mim pela minha 3 Resumo
família e agradecer à Dra. Mikaela Menarguez-Carreno 5 Apresentação
da Universidade de Múrcia, Espanha, pelo trabalho de 7 Anatomia e fisiologia
microscopia eletrônica, assim como à Sra. Susan Freyer 8 O que é o muco?
de Calgary, Canadá, pela tradução de trabalhos do fran- 11 O início da pesquisa
cês para o inglês. Também gostaria de expressar meus 12 A existência de três tipos de criptas e muco
agradecimentos ao Professor Lars-Eric Thornell pela per- diferentes
missão de usar o TV-fotomicroscópio do Departamento de 14 Identificação e descrição dos mucos G, L e S
Anatomia, de Umea. 22 Os mucos G- e G+
23 Idade, gravidez, anticoncepcionais
e microcirurgia
24 O muco P
27 O muco F
35 O papel da vagina
88 Os diferentes tipos de secreções e o
Método de Ovulação Billings
38 Dias não-fértis precoces
tl.O Os dias de possível fertilidade
4.1 Dias de infertilidade tardios
'14 Ciclos anovulatórios
, '15 Lactação
'15 Doenças e o Método de Ovulação Billings
t1 7 O futuro
'17 Agradecimentos

PAULUS Gráfica, l 996


Rua Padre Tiago Albcrionc, 290 (São Ciro)
95057-530 Caxias do Sul, RS

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