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Oceanografia Costeira e Estuarina

Turbulência e Mistura

Lição No 2: Solução de equação de advecção-difusão

Equação a ser resolvida é a [23b]

C C C C   2C  2C  2C 
 U V W  K  2  2 

[23b]
t x y z  x
2
y z 
VariacaoLocal Adveccao
Difusao

Solução da equação de advecção-difusão

1. Simplificação da geometria – considerando uma dimensão, que seja ao longo do eixo ox. Esta
simplificação é correcta quando se pretende modelar advecção e difusão ao longo de
estuários, em que o comprimento do estuário é muito maior que a sua largura e sua
profundidade, assim pode se negligenciar o escoamento em largura e em profundidade.
Assim, V=W=0, e só ficamos com U.

Assim, a equação [23] simplifica-se para:

C C  2C
 U K 2 [24]
t x x

Equação de advecção e difusão em uma dimensão. É uma equação diferencial de segundo


grau em x e em t.

1.1. Simplificação de processos


A equação [24] pode ainda ser simplificada omitindo a advecção, se se pretender
modelar apenas a difusão, o que está correcto se se pretender estudar a mistura, porque a
difusão é o processo que mais contribui para misturar massas de água que a advecção. Assim,
a equação [24] e simplificada para:

C  2C
K 2 [25]
t x

Equação de difusão apenas. É uma equação diferencial de segundo grau em x e em t.


1
Considera que no instante inicial um contaminante de massa “M” é despejado
instantaneamente no ponto x=0, no estuário (Figura 5). Depois o contaminante é difundido
com tempo ao longo do comprimento do estuário. As concentrações são consideradas
homogéneas em largura e em profundidade.

Figura 5. Contaminante de massa “M” é despejada instantaneamente no ponto x=0, no


estuário.

Pode se obter facilmente uma solução analítica para esta equação. A solução é:

M
C ( x, t )  e ( x
2
/ 4 Kt )

4Kt
[26a]

Esta equação representa uma distribuição normal ou Gaussiana com variância   2 K  t


2

(Figura 6). Assim a solução fica:

M
C ( x, t )  e ( x / 2 )
2 2

2 [26b]

2
Figura 6. Distribuição Normal ou Gaussiana

Características da distribuição Gaussiana

(i) A concentração é máxima no local de despejo (i.e. x=0)


1
(ii) No local de despejo a concentração diminui segundo a relação C (0, t )  t 2
(iii) A largura de contaminação ou seja a espessura da expansão da contaminação
1
(variância e desvio padrão) aumenta segundo a relação  2  2kt ou seja   t 2
(iv) Cerca de 95% da quantidade (massa ou numero) total do elemento a difundir esta
contida entre  2

Exercícios
a) Mostrar que a variação da concentração com tempo no local de despejo é dada por
M
C (0, t ) 
4Kt

b) Determine a variação da concentração de um contaminante com tempo na posição


x  2 , para um coeficiente de difusão turbulenta de um contaminante é K=0,1 m 2 s-1

1.1.1 Despejo em função do espaço ou do tempo.

O despejo de poluente ao invés de ser despejado num único ponto, pode ser feito
simultaneamente em diferentes pontos, assim sendo função de espaço f (x ) , ou ao invés de
ser instantâneo pode ser função de tempo g (t ) , isto é vários despejos num único ponto
(Figura 7).

3
Figura 7. Difusão de despejos em função de tempo ou em função de espaço.

Difusão de vários despejos simultâneos ao longo de x, i.e. em função de espaço f (x ) .

A difusão (solução) do contaminante despejado em x1 é dada por:

f ( x1 )dx1 ( x  x1 ) 2 / 4 Kt
C ( x, t )  e
4Kt [27]

Adicionando as outras contribuições de outros locaias de despejo, deve se integrar no espaço:


f ( x1 ) ( x  x1 )2 / 4 Kt
C ( x, t )  
 4Kt
e dx1 [28]

O mesmo método aplica-se para o caso de despejos com tempo g (t ) . No instante t o


contaminante despejado no instante t1 terá sido difundindo por um período t  t1 . E a concentração
total no instante t é dada por integração no tempo:

t
g (t1 )
C ( x, t )   e  x / 4 K ( t t1 ) dt1
2

0 4K (t  t1 ) [29]

1.1.2 Difusão perto de fronteiras.

Na estimativa de difusão perto de fronteiras deve ser ter o cuidado para que a solução
não permita que o contaminante se difunda para além das fronteiras. Isso é feito
4
estabelecendo um despejo “imagem” na posição simétrica ao do despejo real (Figura
8).

Figura 8. Difusão perto de fronteiras. Despejo imagem é estabelecida para evitar que
a difusão do despejo real atravesse a fronteira.

A solução é dada por:

 
M  2 2 
C ( x, t )   ( x / 4 Kt )  (2 L  x) / 4 Kt 
4Kt e despejo Re al e Despejo Im agem  [30]

2. Difusão em 2 e em 3 dimensões.

A equação de difusão em duas dimensões é:

C  2C  2C
 Kx 2  K y 2 [31]
t x y

Onde K x e K y são os coeficientes de difusão turbulenta em x e em y,


prospectivamente.

A matemática para o desenvolvimento da solução de difusão em 2 dimensões é


idêntica a solução desenvolvida para 1 dimensão.

Consideremos que a contaminação se difunde independentemente em x e em y, assim,


teremos que a concentração total se decomponha em duas funções independentes,
uma em x e outra em y, mas ambos em tempo, como se segue:

5
C( x, y, t )  C1 ( x, t )C2 ( y, t ) [32]

Assim, a equação de difusão [31] pode ser escrita da seguinte maneira:

C2 C  2C1  2 C2
C1  C2 1  C2 K x  C K [33a]
t t x 2 y 2
1 y

Dividindo ambos os membros da equação [33a] por C1C2, e juntando termos em C1 e


C2 obtém-se:

1  C2  2C2  1  C1  2C1 


 K y    K x 2   0 [33b]

C2  t 2  
y  C1  t x 
Funcaodexapenas Funcaode yapenas

Cada um dos termos em parentese devem ser independentemente igual a zero para a
solução. Assim, se obtém soluções parciais em x e m y que somados dão a solução
total:

M ( x 2 / 4 K x t  y 2 / 4 K y t )
C ( x, y, t )  e
4K x t  4K y t [34a]

Ou seja,

M ( x 2 / 4 K x t  y 2 / 4 K y t )
C ( x, y , t )  e
4t K x K y [34b]

Caso o coeficiente de difusão em x e em y forem iguais, regra geral a difusão


horizontal é a mesma independentemente da direção z ou y, i.e.
K x  K y  K H (Excepto difusa vertical que é inferior a cerca de 2-3 grandeza em relação ao
difusão vertical), teremos:

M
C ( x, y , t )  e ( x  y ) / 4 K H t [34c]
2 2

4K H t

Características desta difusão em duas dimensões:

(i) A concentração é máxima no local de despejo (i.e. (x,y)=(0,0)

6
(ii) No local de despejo a concentração diminui segundo a relação C (0,0, t )  t 1
(iii) A área de contaminação ou de expansão da contaminação (variância e desvio padrão)
aumenta segundo a relação  x  2k xt e  y  2k y t ou seja   t
2 2

(iv) Cerca de 95% da quantidade (massa ou número) total do elemento a difundir esta
contida entre  2 x e  2 y

A equação de difusão em três dimensões é:

C  2C  2C  2C
 Kx 2  K y 2  Kz 2 [35]
t x y z

Onde K x , K y e K z são os coeficientes de difusão turbulenta em x, y e em z,


prospectivamente.

A matemática para o desenvolvimento da solução de difusão em 3 dimensões é


idêntica a solução desenvolvida para 1 dimensão.

Consideremos que a contaminação se difunde independentemente em x, y e em y,


assim, teremos que a concentração total se decomponha em duas funções
independentes, uma em x outra em y e ainda outra em z, mas ambos em tempo, como
se segue:

C ( x, y, t  C1 ( x, t )C2 ( y, t )C3 ( z, t ) [36]

Seguem-se os procedimentos similares as aplicadas em [33]:

C3 C C  2C1  2 C2  2C3


C1C2  C1C3 2  C2C3 1  C2C3 K x  C C K  C C K [37]
t t t x 2 y 2 z 2
1 3 y 1 2 z

Dividindo ambos os membros da equação [37] por C1C2C3, e juntando termos em C1,
C2 e C3 obtém-se:

1  C1  2C1  1  C2  2C2  1  C  2C3 


      
y 2   C  t  K z x 2   0
K K
C1  t x 2  C2  t
x y 3 [38]
3 
Funcaode xapenas Funcaode yapenas Funcaodezapenas

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Cada um dos termos em parentese devem ser independentemente igual a zero para a
solução. Assim, se obtém soluções parciais em x, y e m z que somados dão a solução
total:

M ( x 2 / 4 K x t  y 2 / 4 K y t  z 2 / 4 K z t )
C ( x, y, z, t )  e [39a]
4K xt  4K yt  4K z t

Ou seja,

M ( x 2 / 4 K xt  y 2 / 4 K y t  z 2 / 4 K z t )
C ( x, y , z , t )  e [39b]
43  3 K x K y K z t 3

Características desta difusão em tres dimensões:

(i) A concentração é máxima no local de despejo (i.e. (x,y,z)=(0,0,0)


3
(ii) No local de despejo a concentração diminui segundo a relação C (0,0,0, t )  t 2
(iii) O volume de contaminação ou de expansão da contaminação (variância e desvio
padrão) aumenta segundo a relação  x  2k xt ,  y  2k y t e  z  2k z t ou seja
2 2 2

3
 t 2

(iv) Cerca de 95% da quantidade (massa ou número) total do elemento a difundir esta
contida entre  2 x e  2 y

3. Advecção – difusão em uma dimensão (i.e. ao longo de x)

O caso mais simples de advecção-difusão é de advecção por um escoamento estável


com velocidade constante segundo a equação [24]:

C C  2C
 U K 2 [24]
t x x

Este caso pode ser reduzido ao caso de difusão sem advecção, para isso estabelece-se
um sistema de referência que se desloca com o escoamento uniforme x  x  Ut . A
equação reduz se a:

C  2C
K 2 [40]
t x

Semelhante a equação de difusão [25], e por conseguinte, a solução também é


semelhante [26] substituindo o x por advecção x  x  Ut :

8
M
C ( x, t )  e ( x Ut ) / 4 Kt
2

4Kt [41]

Este é o caso de sobreposição de um escoamento residual e um escoamento


turbulento. A nuvem de difusão é transportada (advectada) pelo escoamento residual
de intensidade U ao longo de x (Figura 9).

Figura 9. Advecção e difusão em uma direcção, com escoamento uniforme.

4. Advecção em x com velocidade U e difusão em 3 dimensões e com uma fonte



dM
contínua de poluente M  .
dt

Este problema pode ser simplificado para o caso de advecção em uma dimensão (x) e
difusão em duas dimensões (y e z). Omite-se a difusão ao longo de x, considerando
que nesta direcção tem se também advecção, e esta é maior que a difusão. E assume-
se que a difusão em y é igual a difusão em z, i.e. K y  K z  K (Figura 10).

Figura 10. Advecção em uma direcção (com escoamento uniforme ao longo de x) e


difusão em 3 dimensões.
9

dM
Considerando uma fonte continua de poluente a uma taxa de M  , os círculos de
dt
 
x x
contaminação separados por x , recebem o input M t  M , uma vez que t 
U U
Assim, a solução deste problema de 3 dimensões reduz se a u solução de equação de
difusão em 2 dimensões apenas, semelhante a [34] com t substituído por x/U.


M
C ( x, y , z , t )  e ( y  z )U / 4 K H x
2 2

4K H x [42]

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Apêndices – Revisão de cálculo diferencial relevante a este capítulo

Derivada total de uma função de varias variáveis. Seja uma função de quatro variáveis:

S  S ( x, y, z, t ) [A.1]

O diferencial total é dado por:

S S S S
S  x  y  z  t [A.2]
x y z t

S S S t
Onde , , , são derivadas parciais [A.3]
x y z z

Se se pretender determinar a derivada total com respeito a tempo então divide ambos
os termos com t :

S S x S y S z S t
    [A.4]
t x t y t z t t t

A derivada total em função de tempo é dada por:

S dS S S S S
Lim( )  u  w [A.5]
t 0 t dt t x y z

S
Este é o caso particular de derivadas na mecânica de fluidos, em que o primeiro termo éa
t
S S S
aceleração local e os restantes termos u , ,w são devidos a aceleração do campo,
x y z
também conhecidos por termos advectivos (de advecção).

Operador delta

     
Onde   ( i j  k ) [A.6]
x y z
Gradiente

Seja uma grandeza escalar S  S ( x, y, z ) [A.7]

      S  S  S 
Gradiente de S é dado por: S  ( i j  k )S  i j k [A.8]
x y z x y z

O resultado é um vector

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Divergência

  
Seja uma grandeza vectorial A  ( A1i  A2 j  A3k ) [A.7]

Divergência de A é dado por:

         A A A
  A  DivA  ( i j  k )  ( A1i  A2 j  A3k )  1  2  3 [A.8]
x y z x y z

O resultado é um escalar

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