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CURSO BÁSICO DE MERGULHO


(Elaboração Raimundo Sampaio)

1. HISTÓRICO DO MERGULHO
Permanecer embaixo d’água pôr um tempo indeterminado parece ter sido o sonho de
todos aqueles que se compraziam na apnéia. Podemos imaginar, numa época de tecnologia
praticamente nula, tal qual era na antigüidade, a falta completa de conhecimentos que
fossem capazes de materializar este ideal.
Os objetivos que despertavam este interesse certamente não se dirigiam para o lazer.
Somos inclinados a pensar que reis e governantes, caso pudessem e soubessem
permanecer respirando sob as águas, tratariam imediatamente de procurar todos os
tesouros e valores que, muitas vezes, a vista dos próprios olhos, submergiam em naufrágios
comerciais ou guerreiros.
Nas antigas épocas, sendo pôr todos sabido que tal proposta era impossível ao ser
humano, a imaginação e a fantasia tomavam o lugar da tecnologia e sempre se conseguia
alguma razão mágica para se iniciar contos ou odisséias em que o herói dispunha de
possibilidades de praticar suas façanhas sob o mar. Importa nisso descobrirmos que, pôr
baixo de todo “pensamento mágico” de então, ficava evidenciada esta aspiração da
humanidade.
É partir do período conhecido como Renascença (onde o gênio de diversos notáveis
estudiosos e artistas evidenciou-se) que vamos observar os primeiros rudimentos do domínio
tecnológico de então ser empregado em função do mergulho. Não obstante a Lei de Boyle
ter sido enunciada, pela primeira vez, no ano de 1660, a maioria dos projetos antigos era
fantasiosa demais. Uma vez postos à comprovação, geralmente não funcionavam,
encerrando-se com frustrações e até acidentes letais para o “mergulhador de prova”.
Em 1669, partindo do já conhecido (desde a antigüidade mais remota) “sino de
mergulho”, Denis Papin descobriu um sistema que era capaz de fornecer ar fresco para o
interior deste, em fluxo contínuo. Isso prolongava consideravelmente a permanência de um
mergulhador no interior do sino e, pôr conseguinte, sob a água.
Tal fato se constituiu num grande salto e revolucionou as técnicas de mergulho, tendo
sido adotado com freqüência, até recentemente, sob a forma de escafandria, que nada mais
do que o sino de mergulho colocado em volta da cabeça do mergulhador e com fluxo
contínuo de ar, fornecido a partir da superfície.
A seqüência de inventos, desde 1669, foi vasta e ingênua, muitas vezes. Na tentativa
de obterem notoriedade, alguns inventores apresentavam resultados que, hoje sabemos,
jamais poderiam ter sido obtidos.
Em 1715, um inglês chamado John Lethbridge projetou um “tanque” de couro, onde o
mergulhador se deitava, mas tinha a possibilidade de deixar os braços para fora. O
dispositivo era baixado pôr um cabo. O inventor dizia já ter descido nesse tanque lacrado
profundidades superiores a 10 braças (próximo dos 20 metros), pôr mais de 100 vezes. Não
havia suprimento de ar. Provavelmente o inventor também deve ter se confundido ao relatar
os resultados.
Em 1865, Benoit Rouquayrol e Auguste Denayrouze, idealizaram e construíram um
engenho que permitia ao mergulhador levar uma pequena quantidade de ar comprimido, nas
costas. Este pequeno reservatório estava conectado à superfície pôr meio de uma
mangueira de ar que partia de um compressor. Isso tinha pôr finalidade manter o pequeno
tanque cheio, enquanto durasse o mergulho.
Como tal equipamento permitia que o mergulhador se desligasse da mangueira de ar
que o mantinha conectado à superfície (e que também servia para o constante
reabastecimento do seu tanque), datam desta época os primeiros movimentos do homem se
deslocando livre e solto pelo fundo do mar. Naturalmente o equipamento era bastante
rudimentar, quando comparado a qualquer similar atual, mas já possuía um regulador que
ajudava a controlar o fluxo de ar, do mini reservatório de mergulho até a boca do
mergulhador. A permanência, “livre” e respirando ar sob o mar era bastante curta, mas
acontecia.
Em 1878, Henri Fleuss inventou um equipamento de respiração que fornecia oxigênio
puro ao mergulhador, cujas exalações eram filtradas pôr um agente químico, para evitar o
dióxido de carbono.
Em 1888, George Comheines inventou um regulador semi-automático; Fixado num
reservatório de ar comprimido. Já era alguma coisa com funcionamento bem mais

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semelhante ao que hoje se usa. Infelizmente, naquele tempo de pioneirismo, o inventor


morreu num dos primeiros mergulhos realizados.
Em 1938 um grupo de marinheiros fundeia um escaler proveniente do cruzador
Suffren, da marinha francesa, em frente da praia de Porquerolles, na Reviera Francesa. Um
jovem oficial chamado Jacques-Yves Cousteau lança-se mar a baixo, testando um
equipamento de respiração a oxigênio, praticamente de sua autoria. Vai até os 14 metros de
profundidade e, a partir, daí sente os lábios e as pálpebras tremerem. Percebendo que vai
perder os sentidos, descarta o cinto de lastro e aflora, inconsciente na superfície. Os
marinheiros recolhem o oficial a bordo do escaler.
Em 1939 o persistente oficial repete a experiência, trazendo uma válvula reguladora
mais aperfeiçoada. O equipamento ainda utiliza oxigênio. Aos 14 metros de profundidade o
mergulhador é acometido pôr contrações e convulsões, chegando novamente inconsciente à
superfície. E assim Cousteau descobre e aprende que o oxigênio puro é extremamente
perigoso a partir já dos 7 metros de profundidade. O oficial abandona o uso do oxigênio em
suas experiências.
Em 1942, durante a guerra, Cousteau conhece, casualmente, em Paris, um
engenheiro perito em equipamentos de gás. Chamava-se Émile Gagnan e tinha construído
uma válvula reguladora para alimentar com gás os motores de automóveis, uma vez que a
gasolina era escassa. Poucas semanas depois, Cousteau e Gagnan realizam a primeira
experiência no mar, mergulhando com um equipamento pôr eles construído. Tal
equipamento consistia numa garrafa com ar comprimido, feito de aço. Dela saia uma válvula
de respiração que controlava automaticamente o fluxo do volume de ar fornecido ao
mergulhador, de acordo com o princípio distribuidor de gás de Gagnan.
Entretanto tal equipamento só funcionou satisfatoriamente quando o mergulhador
ficou na posição horizontal. Descoberta a modificação que precisava ser feita, o
equipamento foi ajustado e funcionou perfeitamente, conforme nova experiência realizada
em Paris, em tanque de água doce.
Em junho de 1943, Cousteau realizou o primeiro passeio submarino em seu
equipamento de mergulho autônomo, recebendo ar comprimido em condições satisfatórias e,
a partir daí, marcou o início de uma outra modalidade de submersão que permitia ao
mergulhador usufruir, finalmente, de um estado de liberdade.
Conforme podemos constatar, o desenvolvimento da arte de submergir permaneceu
quase estagnada pelos três últimos séculos, vindo a receber o impulso decisivo só muito
recentemente. O problema técnico que obteve solução significativa foi à formulação do
princípio de funcionamento da válvula reguladora do suprimento de ar a fluxo regulado. A
partir de um protótipo aceitável, diversas variações e aperfeiçoamentos não cessaram de
ocorrer até os dias de hoje. Interessante é ressaltar que, até bem pouco tempo o processo
era muito empírico. Problemas como narcose ou intoxicação pôr oxigênio, antes de serem
equacionados produziram muitas vítimas. A Doença Descompressiva (DD) espalhou seus
efeitos durante muitos anos, de maneira desordenada, desafiando mergulhadores e
pesquisadores. Barotraumas, os mais diversos ainda ocorriam com freqüência na década de
60 e o mergulho possuía, aos olhos de muitos espectadores, uma mística de atividade de
considerável risco. Quanto ao mergulhador, era um desbravador ou um insensato.
O panorama atual do mergulho se reveste de conotações bastante diferenciadas,
quando em comparação à década acima citada. O grande segmento do mergulho de lazer,
hoje, é uma realidade permitida a qualquer pessoa que queira experimentá-lo. Regulado e
conhecido, é atividade segura, benéfica e desmistificada. Sobre esta conquista estruturou-se
o mercado do turismo subaquático, propiciando o desfrute do visual submarino a gerações
de jovens e idosos, ao mesmo tempo em que cria e assegura empregos a uma faixa
considerável, direta ou indiretamente, da população.

1.1 Conceito de Atividade Adaptada


As atividades recreativas, esportivas, praticadas por pessoas portadoras de
deficiências, são consideradas adaptadas. Refletindo sobre o significado da palavra
“adaptada” e compreendendo a deficiência como, diferença característica da individualidade,
podemos perceber que adaptados são os recursos e técnicas utilizadas para a realização da
atividade.
As adaptações são meios para respeitarmos as necessidades individuais. Partindo
deste princípio, nosso aluno pode realizar, com ou sem auxílio, o conjunto de habilidades
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necessárias para sua formação, pois o importante é a realização que explore o potencial de
ação e compreenda a limitação. Podemos concluir que o mergulho adaptado é o mesmo
para todos e a designação adaptado representa um sentido de referência quando participam
da atividade pessoas portadoras de deficiência.

Histórico do Mergulho Recreativo Adaptado


Fundação e desenvolvimento da HSA
O mergulho Adaptado foi reconhecido formalmente em 1981, através da Fundação
Handicapped Scuba Association International, na Califórnia, pelo Instrutor e Biólogo James
Gatacre (Jim). A HSA viabilizou a certificação de mergulhadores portadores de deficiência
físicas, visuais e auditivas, rompendo com a marginalização por falta de informação a
respeito das potencialidades de pessoas rotuladas como deficientes, incapazes. Jim
trabalhou em conjunto com médicos, profissionais do mergulho, mergulhadores portadores
de deficiências, entre outros, para desenvolverem a certificação multinível.
A HSA realiza Cursos de Treinamento de Instrutores (ITC), nos quais difunde, a nível
internacional, o trabalho da certificadora, que reúne profissionais de diversas entidades e
nacionalidades. A HSA possui mérito incontestável, pela criação e reconhecimento da
atividade internacionalmente.
Implantação e desenvolvimento da HSA no Brasil
Lúcia Sodré, atual Presidente e uma das fundadoras da SBMA, formou-se em
Monitora de Mergulho em 1982. Em 1983, conheceu o esporte adaptado, e decidiu cursar
Educação Física.
Mergulhando por lazer, descobriu que existia nos Estados Unidos, o Mergulho
Adaptado, e a vontade de realizar o trabalho tornou-se predominante. Em 1991 formou-se
em Instrutora, e em agosto desse mesmo ano, realizou, na cidade do Rio de Janeiro, o
primeiro curso de especialização em Mergulho Adaptado (ITC) no Brasil. Em agosto de 1993
em São Paulo, realizaram o segundo ITC. Neste curso, a HSA propôs oficialmente a criação
da HSA - Brasil, com Lúcia na direção, a qual aceitou a proposta por acreditar que poderia
desenvolver o trabalho. Em 1994, participaram do SUBAQUA (SP). Reuniram profissionais
representantes de todas as entidades certificadoras existentes naquele período no país
(PADI, SSI, CMAS, PDIC), e realizaram no Rio de Janeiro com a participação de 21 pessoas
portadoras de deficiências, em agosto desse ano, o terceiro ITC da HSA no Brasil.
Fundação e Desenvolvimento da SBMA
“Buscarmos transcender as dificuldades que inviabilizam a realização do que
idealizamos pode representar a necessidade de mudanças para que possamos prosseguir
de acordo com nossos valores e prioridades, mobilizados pela alegria e significado em
nossas ações.” Diz Lúcia Sodré.
A Handicapped Scuba Association Intenational mantém seu relevante valor. Porém,
se tornou inviável o trabalho com uma estrutura tão cara e distante, no sentido da
mobilização para nosso contínuo desenvolvimento.
A Sociedade Brasileira de Mergulho Adaptado (SBMA) é uma certificadora
direcionada para o Mergulho Recreativo com pessoas portadoras de “deficiências” físicas e
visuais. Idealizada em setembro 1995, reúne profissionais de diversas entidades. Atua
predominantemente, nas áreas de especialização profissional e formação de mergulhadores.
Decidimos desenvolver áreas interligadas de trabalho, coordenadas por pessoas que
participam, direta ou indiretamente, da atividade. estruturamos áreas de cursos, eventos,
adaptações arquitetônicas e vendas. Criamos também a área de colaboradores, constituída
por médicos, fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos, instrutores, supervisores,
assistentes, mergulhadores e todas as pessoas que participam de acordo com suas
possibilidades, contribuindo preciosamente.
Compreendemos que a Sociedade cria uma imagem irreal quando associa deficiência
à doença ou ineficiência. As pessoas não conseguem perceber que deficiência é diferença.
É uma característica a mais sobre a individualidade de alguém, pois cada um de nós é
portador de limitações e potencialidades.
Não existem pessoas deficientes. Existem pessoas portadoras de limitações, que não
determinam impedimento para realizações, se as diferenças forem respeitadas. Deficiente é
a sociedade, que necessita ser continuamente transformada para viabilizar a participação
natural de todos que a constituem. Não existem super-heróis ou “vítimas”. Muito menos

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pessoas especiais. existem apenas pessoas que buscam viver da melhor forma,
direcionando a vida para realizar seus objetivos e ideais.
Mergulhar é fascinante e está ao alcance de todos que desejam compartilhar com o
mar. Para todas as dificuldades existem soluções. Para todas as limitações existem
adaptações. O importante é o prazer pela realização.
Pretendemos utilizar o Mergulho recreativo como meio para somar ao processo de
mudança de valores e ações, a partir da conscientização sobre a qualidade da
individualidade humana, com suas limitações e potencialidades, rompendo com os conceitos
errôneos a respeito das pessoas portadoras de “deficiências”, evitando a manipulação para
fins autopromocionais e sensacionalistas da atividade, que possam prejudicar os objetivos
almejados.

2. EQUIPAMENTOS
2.1 BÁSICO

2.1.1 Máscaras
O olho humano é naturalmente projetado para funcionar no ar. Diretamente em
contato com a água a visão é distorcida, o olho não consegue foco (imagens precisas). A
solução para que o ser humano consiga ver as imagens em foco quando com os olhos
submersos é manter uma camada de ar entre os olhos e a água. A máscara desempenha
este papel, contando com uma superfície de vidro transparente para que o mergulhador veja
o mundo submerso corretamente. A manutenção da camada de ar entre os olhos e o vidro é
feita por uma estrutura de borracha ou silicone que adere à face do mergulhador, represando
este ar.
A característica mais importante de uma máscara é
a sua adaptação à face. Porque as faces humanas
apresentam uma infinita variedade de formas não há uma
máscara perfeita para todos. Cada pessoa deve encontrar
a que melhor se adapte à sua face. O primeiro passo na
aquisição de uma máscara é colocá-la sobre a face sem
passar a tira de suporte pela cabeça; a seguir inspire pelo
nariz para que a máscara seja sugada de encontro à face.
Se a máscara for adequada, ela não cairá mesmo que você
abaixe ou balance a cabeça. Previna-se sempre contra a queda da máscara no chão
quando deste teste! Se entrar ar e a máscara cair, tente outra. Só então parta para a análise
de outras características importantes; muitas máscaras
modernas combinam um volume interno pequeno com um
grande campo de visão, duas características boas. algumas
tem janelas laterais que estendem o campo de visão, dando
ao mergulhador uma visão periférica que permitirá que ele
mantenha seu companheiro de mergulho à vista sem ter que
virar-se constantemente para o lado.
Considerações sobre o volume interno: Quanto menor o
volume interno, mais fácil é manter-se a pressão do ar dentro da máscara igual à pressão
ambiente (importante para que a máscara não seja pressionada dolorosamente contra o
rosto, podendo causar problemas - vide barotrauma de máscara mais a frente). Também se
torna mais fácil expulsar água que porventura entre na máscara, manobra esta que deverá
ser treinada durante o curso até que seja executada com simplicidade).
Considerações sobre o formato - Uma boa máscara deve permitir que seu usuário
tenha fácil acesso ao nariz, para execução da manobra de equalização de pressão das
cavidades aéreas da face e ouvidos (manobra de Valsalva, fundamental para o mergulhador
- vide barotrauma de ouvido mais a frente).
Muitas máscaras modernas permitem uma rápida regulagem na tensão da tira de
suporte, sem que o mergulhador precise retirá-la da face para tal. É interessante colocar
aqui que o excesso de tensão não deve ser importante para manter a máscara estanque; a
máscara deve vedar com um mínimo de tensão, para que o rosto não fique marcado após o
mergulho.

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Lente única ou lente dupla ? É uma questão de gosto, adaptação individual, e


qualidade de visão. Para os que usam lentes corretivas há dois caminhos: Usar lentes de
contato sob a máscara (se a máscara inundar, há o risco de perder as lentes; fisicamente
não há problema. Caso você use lentes, feche os olhos se sua máscara alagar) e usar
lentes corretivas na própria máscara. No primeiro caso não importa se a lente é única ou
dupla; no segundo caso o ideal é que a máscara seja de lente dupla, e as lentes originais
sejam substituídas por lentes com o seu grau. Muitas óticas fazem este tipo de serviço.
Há no mercado estrangeiro vários fabricantes de máscara que já vendem lentes de
grau para seus modelos, prontas para substituição, nos graus mais comumente utilizados.
Considerações sobre o material: O vidro (ou vidros) deve(m) ser temperado(s);
normalmente esta informação vem gravada nas lentes. O material mais comumente usado
no corpo da máscara é a borracha de silicone. Embora máscaras feitas deste material são
mais caras que as feitas de borracha natural, elas duram três a quatro vezes mais. A
borracha de silicone é geralmente mais macia e proporciona um melhor caimento na face. E
pessoas que podem ter algumas reações alérgicas à borracha natural se beneficiarão da
borracha de silicone, que é hipoalergênica. As máscaras de borracha de silicone podem ser
transparentes ou opacas. As transparentes são mais bonitas, permitem que mais luz atinja o
rosto do mergulhador, uma característica importante para aqueles que aparecerão em fotos
submarinas; mas mergulhadores que irão procurar peixes em tocas, olhar detalhes em
corais, etc. terão problemas por causa deste excesso de luz, principalmente próximo à
superfície. Estes últimos deverão usar máscaras com borracha de silicone de cor escura,
que eliminarão a entrada indesejável de luz e manterão as características de adaptação e
conforto.

2.1.2 Snorkel (tubo respirador)

É o famoso "canudo" tão conhecido pelos leigos na terminologia de mergulho. Se


você já o conhece e se refere a ele com este nome, mude rapidamente para snorkel, para
que não seja comentado nas rodas de mergulhadores. A função de um
snorkel é permitir que a pessoa respire confortavelmente enquanto
nada ou descansa à superfície com a face voltada para a água, sem
que tenha que levantar a cabeça para isso. Mesmo no mergulho
autônomo ele é útil, pois permite que o mergulhador economize ar de
seu tanque enquanto nada para o ponto combinado para a descida ou
no retorno ao barco, por exemplo.
Snorkels são basicamente tubos curvos com uma peça
adequada à boca (bocal) em uma extremidade e uma abertura na outra.
As duas mais importantes considerações na escolha de um snorkel são
o conforto e o tamanho. Os snorkels de melhor qualidade tem bocais
que são macios e confortáveis para uso por longos períodos de tempo.
Bocais menores são disponíveis para mergulhadores menores.
Tamanho adequado, no caso de snorkels, se refere ao tamanho do tubo
e seu diâmetro. Tubos muito pequenos ou muito longos tornam a
respiração difícil. Tubos muito largos tornam difícil a expulsão da água
após mergulhos, antes que se retome a respiração pelos mesmos.
Procure a orientação de um entendido no ramo quando for adquirir o seu material; não o
compre em lojas de variedades. Em tempo: Se você alguma vez viu "canudos" com bolinhas
de pingue-pongue no extremo oposto ao do bocal para vedá-los, esqueça; não servem para
nada.
Uma popular implementação nos snorkels é a adição de uma válvula de purga
próxima à base (bocal). Esta válvula de uma única direção permite que a maior parte da
água, no snorkel, saia sem que seja necessário um esforço maior no sopro comumente
usado para expulsão da mesma. Outros snorkels tem uma seção flexível próximo ao bocal
que permite que este não fique atrapalhando quando não estiver sendo usado. Detalhe
interessante: O contato com borracha natural preta, mancha o silicone transparente.

2.1.3 Nadadeiras
As nadadeiras permitem ao mergulhador mover-se na água com menor esforço e
muito mais eficiência do que na natação convencional, desequipada. Com o uso de

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nadadeiras, o mergulhador deve dispensar o uso dos braços e mãos para nadar; basta usar
as pernas para se locomover no meio aquático.
Há vários modelos de nadadeiras, algumas projetadas com o uso de computadores,
cada fabricante alardeando as vantagens de seus produtos. Basicamente pode-se dividir as
nadadeiras em dois tipos: Fechadas (o espaço para o pé é de um tamanho determinado,
devendo o usuário escolher o tamanho certo conforme seu pé) e abertas ( ajustáveis,
prendendo-se aos pés no calcanhar através de tiras elásticas). A seguir estão representados
os dois tipos.

As nadadeiras fechadas são geralmente menores e mais flexíveis do que as abertas,


prestando-se melhor para o mergulho em apnéia e o mergulho autônomo em águas quentes,
onde não há a necessidade de fazer-se muito esforço para locomoção e usa-se equipamento
mais leve, com menor arrasto hidrodinâmico. Estas nadadeiras são projetadas para uso com
pés nus, o que as desapropria para mergulhos em águas com menos de 20 graus
centígrados. Abaixo desta temperatura o uso de botas ou meias protetoras térmicas
(veremos mais tarde) se faz necessário para manutenção da temperatura nos pés.
O "sapato" nas nadadeiras ajustáveis cobre apenas uma parte dos pés. Uma tira
elástica mantém a nadadeira no lugar correto. Este tipo deve ser usado com botas ou meias
de neoprene (borracha) para proporcionar melhor ajuste e evitar machucados nos pés. Isso
faz com que sirvam para águas de qualquer temperatura. As nadadeiras ajustáveis são mais
recomendadas para mergulho autônomo, por causa do seu maior tamanho e rigidez.
O mais significante avanço no desenho de nadadeiras nos últimos anos foi a
introdução de material termoplástico na fabricação das lâminas propulsoras, que eram feitas
apenas de borracha natural. Este material oferece um melhor desempenho com menor
esforço, é mais leve, tem variedade de cores, e é mais resistente ao desgaste.
Dentre os dois tipos de nadadeiras há alguns modelos chamados "turbo". Estes
apresentam fendas para a passagem de água nas lâminas para reduzir o esforço da natação
(redução de atrito quando o pé "sobe.
Quando selecionando nadadeiras, as considerações principais são tamanho, estilo e
composição da lâmina. Independentemente do estilo que você escolha, o tamanho e
composição da lâmina deve se adequar ao tamanho do seu corpo e ao tipo de mergulho
quer você vai fazer. Uma nadadeira muito apertada pode restringir a circulação e causar
caimbras, enquanto uma nadadeira solta pode causar atrito, cair ou causar caimbras por
tentar mantê-la no pé. Como nos demais equipamentos, busque a orientação com pessoas
mais experientes ou com vendedores especializados no ramo.

2.1.4 Roupas úmidas


Embora com a máscara, o snorkel e as nadadeiras o mergulhador possa se
locomover e enxergar embaixo d'água, a sua permanência fica ameaçada por um outro
importante fator, principalmente nas águas das regiões Sudeste e Sul do Brasil: O frio. A
perda de calor do corpo do mergulhador para a água é 25 vezes mais rápida do para o ar, o
que significa que mesmo que a água esteja tolerável no início do mergulho, a tendência é de
que o mergulhador desprotegido sinta frio rapidamente, tendo que interromper seu mergulho
para evitar problemas maiores. Há também a ocorrência muito comum de faixas de água
com temperaturas diferentes (as chamadas termoclinas). As vezes a água está quente e
agradável na superfície e abaixo de uma determinada profundidade fica fria e turva.
Normalmente, em águas com temperatura em torno de 25 graus centígrados um
mergulhador de compleição física mediana leva mais de uma hora para sentir frio, o que
permite que se mergulhe sem roupa protetora. A medida em que esta temperatura cai o
tempo de tolerância se reduz drasticamente, tornando o uso de roupa protetora
importantíssimo para o aproveitamento e satisfação com o mergulho (afinal, você estará
mergulhando por lazer, e não para sofrer).
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As roupas úmidas são feitas geralmente de neoprene (um tipo de borracha sintética),
algumas forradas por dentro e por fora com tecidos sintéticos, outras não. Há roupas mais
finas feitas de outros materiais, que se prestam como proteção para mergulhos em águas
quentes. O seu princípio de funcionamento é o seguinte:
Ao mergulhar, a água entra no interior da roupa e é rapidamente aquecida pelo corpo.
Uma roupa adequada não conseguirá impedir completamente a entrada da água, mas
impedirá que esta água aquecida circule, evitando a entrada de novo volume de água fria.
Ao mesmo tempo o material de que é feita a roupa funciona como isolante térmico,
reduzindo a troca de calor do corpo com a massa de água externa.
O neoprene contém bolhas de ar em seu interior, como o tradicional queijo suíço.
Estas bolhas, além de ajudarem na isolamento térmico, ajudam a dar flexibilidade ao
material, oferecendo um certo conforto aos usuários das roupas. Quanto mais grosso o
neoprene, maior sua capacidade de reter o calor corpóreo, mas também mais desconfortável
e menos flexível ele será. As roupas são fabricadas com espessuras de 2mm (usadas por
surfistas) até 7mm usadas por mergulhadores de águas bem frias.
Tipos de roupas: Há peças de neoprene para cobrir-se todo o corpo. Há jaquetas de
manga curta ou manga comprida, há bermudas, calças e macacões tipo jardineira, há meias
e botas, há capuzes, há luvas. A composição adequada ao mergulho será ditada pela
temperatura da água.
Outra função importante da roupa de mergulho é a proteção contra encontros
involuntários com seres urticantes (águas-vivas, certos tipos de corais, etc.), esbarrões em
ouriços e conchas afiadas. Assim, o ato de mergulhar com roupa completa assegura uma
proteção não somente contra o frio como também contra estes "infortúnios".
Cuidados com as roupas de mergulho:
⇒ Lave em água doce, por dentro e por fora.
⇒ Deixe secar à sombra.
⇒ Não dobre a roupa; deixe-a pendurada em cabides roliços (que não marquem o
neoprene) ou então enrolada. Dobras enfraquecem o neoprene.
⇒ Lubrifique os zíperes e partes metálicas.
Acompanhando as roupas temos também o uso de luvas, indicado para aquecer as
mão e evitar o contato direto com seres urticantes. Devem estar bem ajustadas para que não
fujam das mãos dentro d’água.

2.1.5 Cinto de Lastro


Consiste em um cinto normalmente de nylon com fivela de plástico ou aço inox e
lastros de chumbo ou chumbo revestido com vinil, com pesos variando de 0,5 à 6 kg cada,
que deverão estar bem distribuídos pela cintura do mergulhador. Sua função básica é
neutralizar a flutuabilidade positiva do mergulhador quando na superfície e fazendo com que
o mesmo tenha uma descida suave e sem esforço.
Para determinar a quantidade exata de peso,
coloque todo o equipamento que você usa num mergulho.
Entre na água e comece acrescentar e/ou subtrair peso
até que você afunde levemente depois de expirar e suba
levemente quando inspirar completamente. esvazie seu
colete até que possa determinar a quantidade necessária.
Como flutua-se um pouco mais na água salgada do que
na doce, lembre-se de acrescentar ou retirar entre 1 e 2
Kg de peso conforme for mergulhar em água doce ou
salgada. Vale ressaltar que isto é apenas um guia, pois as necessidades de peso são
individuais.

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2.1.6 Faca
Ao contrário do que muitos pensam, a faca do mergulhador não é uma arma para que
este se defenda de tubarões e outros seres marinhos. A função da faca é ser a ferramenta
genérica do mergulhador, que pode usá-la como
alavanca, como martelo, como serra, etc. É importante
para safar o mergulhador de situações provocadas por
enrosco em linhas de pesca, cabos de arpões, etc.
A faca deve ser de aço inoxidável de boa
qualidade, grossa o suficiente para que possa ter as
funções dadas acima, e com fio bom e confiável. No topo
das boas facas existe uma cabeça em aço para facilitar o
uso como martelo. A bainha deve ter tiras elásticas que
facilitem a sua retenção no corpo do mergulhador, e
deve ter meios de evitar que a faca caia no fundo e se
perca quando o mergulhador estiver nadando. A posição
mais usual para colocar a faca é a face interna da perna
do mergulhador.

2.2 AUTÔNOMO

2.2.1 Cilindro
Este é o principal item do equipamento de
mergulho autônomo. Os vários tipos de tanques que
existem são desenhados para carga com ar comprimido
filtrado (sem umidade, partículas solidas, impurezas de
qualquer tipo), a pressões de trabalho que variam de
2.250 a 3.500 psi (do inglês "pounds per square inch" ou
libras por polegada quadrada). A capacidade de um
tanque é determinada, em pés cúbicos ou litros, pelo
volume que o ar dentro deste tanque iria ocupar se
pudesse se expandir à pressão atmosférica (1 ATM ou
14,7 psi). Os tamanhos mais comuns são de 50, 72 e 80
pés cúbicos.
Os tanques podem ser feitos de aço ou alumínio.
Alumínio é atualmente o mais popular material para
tanques, e é extremamente resistente à corrosão.
Tanques de aço devem ser galvanizados para auxílio na prevenção de ferrugem externa,
mas podem corroer-se por dentro se não mantidos com cuidados próprios. Por outro lado, os
tanques de aço são menos flutuantes na água, reduzindo a necessidade de lastro para os
mergulhadores que os usam. Com os devidos cuidados, ambos os tipos podem proporcionar
uma vida inteira de serviços.
A mais importante consideração na escolha de tanques é o tamanho. Um tanque
deve ser grande o suficiente para prover um bom tempo de fundo. Mas se for muito grande,
pode ser difícil de manusear e desconfortável para se usar. Mergulhadores menores
geralmente sentem-se melhor com tanques de 50 a 67 pés cúbicos. A grande maioria
mergulha com tanques de 80 pés cúbicos, e poucos usam tanques maiores, de 92 a 104 pés
cúbicos.
De 5 em 5 anos deve ser feito um teste de resistência no tanque, chamado de "teste
hidrostático". Neste teste o tanque recebe pressão acima da sua pressão normal de trabalho
para ver-se a resistência do material, através da medição da sua dilatação (aumento de
volume); para cilindros de aço caso não seja efetuado inspeção visual interna, o tempo será
reduzido para 3 anos.
Identificação dos cilindros:
Como a maioria dos cilindros utilizados no Brasil são fabricados nos EUA, a
marcação apresentada será a realizada naquele país.

Alumínio. Aço
CTC/DOT - 3al PPPP - S CC DOT - 3 AA PPPP

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(Elaboração Raimundo Sampaio)

XXXXXX mm M aa XXXXX mm M aa

CTC/DOT - órgão fiscalizador dos fabricantes DOT - órgão fiscalizador dos fabricantes
3al - indica "alumínio" 3aa - indica "aço cromo-molibdênio"
S CC - capacidade do tanque cheio. Ex.: s80: PPPP - pressão de trabalho em psi
80 pés cúbicos.

XXXXX número de série dado pelo fabricante


mm M aa - mês/ano do primeiro teste hidrostático, sendo M a marca do responsável pelo
teste.

2.2.2 Torneiras ou Registros


A função de uma torneira ou registro é liberar ou impedir a passagem do ar, para
dentro ou para fora do tanque. Há dois tipos atualmente em uso de torneiras ou registros:
Tipo J ou "com reserva" - Este tipo de registro oferece ao mergulhador uma
interrupção de alerta no seu fluxo de ar, para preveni-lo de que o ar está acabando e é hora
de encerrar o mergulho. Há uma alavanca de acionamento da reserva que o mergulhador
deve utilizar tão logo sinta dificuldades no ato de respirar, para liberar o ar restante no
tanque. Este tipo existe para atender o mergulhador que não usa um instrumento de
medição instantânea do volume de ar acoplado ao tanque, chamado "manômetro de
imersão". Atualmente está em desuso, e todas as certificadoras e operadoras importantes
só consideram o mergulho autônomo seguro com o uso do "manômetro de imersão".
Tipo K ou "Komum" - É apenas um "liga-desliga" do ar no tanque. É o tipo
comumente utilizado, e depende do "manômetro de imersão" para a avaliação da
quantidade de ar no tanque.
As torneiras devem ser sempre abertas totalmente (sem forçar ao final) quando em
uso. Não há, como nas torneiras de água, usos para torneiras meio-abertas, etc.

2.2.3 Reguladores
Reguladores pegam o ar sob alta pressão na saída
da torneira do tanque e automaticamente reduzem esta
pressão à mesma pressão da água que circunda o
mergulhador (pressão ambiente). Isso permite que o
mergulhador respire sem esforço embaixo d'água, com se
estivesse respirando na superfície. Os reguladores
trabalham sob demanda, isto é, liberam o ar quando
solicitado pelo mergulhador (sucção normal da inspiração).
Os reguladores modernos são sistemas
multi-componentes. O coração do regulador é o primeiro
estágio - a parte dele que fica acoplada ao registro. A
função do primeiro estágio é reduzir a pressão do tanque a
um nível intermediário, normalmente em torno de 150 psi
(10 atm.) acima da pressão ambiente. No primeiro estágio há vários orifícios de saída, para
ligação de outros componentes do sistema. Um deles é utilizado para a ligação do segundo
estágio primário, a parte do regulador na qual o mergulhador respira, que fica acoplada ao
primeiro estágio através de uma mangueira por onde passa o ar. Um segundo estágio
consiste de um bocal, um botão de "purga" (libera o ar dentro do segundo estágio sem que
seja necessário inspirar - serve para que se expulse a água do regulador quando este é
removido da boca debaixo d'água) e uma válvula de exaustão (libera o ar da expiração para
a água). O mergulhador inspira e expira através do bocal o tempo todo.

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Os reguladores podem ser balanceados ou não


balanceados. Em um regulador dito não balanceado a
pressão fornecida ao segundo estágio cai quando o
tanque começa a ficar vazio, dificultando um pouco a
respiração (maior esforço de inspiração) com o tanque
quase vazio. O balanceado mantém o mesmo esforço
inspiratório do início ao fim do mergulho. Como não se
deve mergulhar até que a garrafa fique vazia, os
reguladores não balanceados tem um lado bom: A
dificuldade inspiratória serve de alerta para que o
mergulhador consulte seu manômetro de imersão.

2.2.4 Colete Equilibrador


Conforme vimos anteriormente, o problema da flutuabilidade não é totalmente
resolvido pelo uso de lastro com roupa de neoprene. Com o aumento de pressão ambiente o
volume da roupa diminui e sua flutuabilidade também diminui, fazendo com que o
mergulhador que estava em equilíbrio na superfície fique negativo no fundo. É muito
desagradável mergulhar-se negativo;
temos que nadar constantemente para
não afundarmos e batermos no fundo;
cansa-se muito mais, o que faz com que o
consumo de ar aumente e o mergulho
dure menos. O colete equilibrador (em
inglês BCD - Buoyancy Compensator
Device, ou simplesmente BC) foi
projetado para compensar esta
flutuabilidade variável com a
profundidade.
O BC tem dispositivos que
permitem que o mergulhador o infle e
desinfle durante o mergulho, fazendo com
que o seu aumento ou diminuição de
volume restaure o equilíbrio a cada
profundidade em que o mergulhador se
encontre. Todos BC's podem ser inflados
oralmente, e alguns deles tem dispositivos que são ligados diretamente em uma saída de
baixa pressão do primeiro estágio do regulador (baixa pressão é a pressão que vai para o
segundo estágio primário e para o octopus), para que sejam inflados com o ar do tanque, a
partir do toque de um botão. Para desinflar todos tem um botão que libera a saída do ar; o
colete possui uma válvula de purga automática caso exista excesso de gás ao infla-lo.
Na superfície o BC é usado cheio, como suporte, evitando que o mergulhador afunde
ou que tenha que ficar nadando para boiar confortavelmente. É útil enquanto se espera pelo
companheiro que ainda não caiu na água, quando se vai nadar para um ponto determinado
para o início da descida, etc. Novamente o BC "jaqueta" é melhor, já que o ar está
concentrado em torno da cintura do mergulhador, fazendo com que este flutue com maior
porção do corpo fora da água, com mais conforto.
Outro uso do BC é como local de guarda de acessórios. No BC "jaqueta"
normalmente há vários bolsos e presilhas, onde colocamos lanterna, o octopus, prendemos
o console para que este não fique batendo no fundo, etc.
Os coletes podem possuir ajuste dos ombros, pelos dois lados, por apenas um ou
simplesmente não ter ajuste, como é o caso dos coletes tipo “banana”. São equipados com
uma válvula de sobrepressão para liberar automaticamente o ar, caso o colete esteja cheio
demais.

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2.3 ACESSÓRIOS

2.3.1 Profundímetro
No mergulho autônomo é muito importante que o mergulhador saiba sua
profundidade instantânea e a profundidade máxima alcançada no mergulho, pois estes são
dados fundamentais para serem confrontados com os cálculos de segurança que devem ser
efetuados antes de cada mergulho, mormente os mergulhos mais fundos (abaixo de 10
metros) e os mergulhos sucessivos. Um bom profundímetro deve ter sua escala o mais
precisa possível (de metro em metro, ou ao menos
de 3 em 3 pés). Há profundímetros digitais, que
facilitam a observação da profundidade e
normalmente registram a profundidade máxima
alcançada. Nos profundímetros analógicos esta
profundidade máxima é registrada através de um
ponteiro de arrasto, um ponteiro extra que é
empurrado pelo ponteiro principal e não retorna com
este, quando se sobe para profundidades menores.
O ponteiro de arrasto deve ser colocado na posição
"zero" antes de cada mergulho. Os profundímetros
americanos tem sua escala em "pés", e os europeus
em "metros". de qualquer forma, um mergulhador
deve saber fazer a conversão de metros para pés e vice-versa com rapidez.

As fórmulas são as seguintes: 1 metro: 3,3 pés


1 pé: 0,3 metros
Uma sugestão é que se guarde a seguinte relação: 10 pés = 3 metros e parta-se daí
para fazer as conversões por regra de três simples.

Ex.: Quantos pés representam 15 metros? Outro exemplo:

10 pés estão para 3 metros assim como x pés O profundímetro marca 75 pés de
estão para 15 metros; profundidade; a quantos metros
Assim: 10 pés ---- 3 metros estou?
x pés ----- 15 metros 10 pés estão para 3 metros assim
Então: x = 10 x 15 / 3 ; x = 50 pés. como 75 pés estão para x metros;
Assim: 10 pés ---- 3 metros
Uma maneira também simples, mas mais
75 pés ----- x metros
difícil de guardar é: Para saber metros a partir de
Então: x = 3 x 75 / 10 ; x = 22,5
pés, multiplique por 3 e divida por 10. Para saber
metros.
pés a partir de metros, multiplique por 10 e divida
por três.

2.3.2 Manômetro de Imersão


manômetro é o instrumento utilizado para a medição de pressão. Através da medição da
pressão em um tanque não sabemos a quantidade exata de ar que há nele, mas
conseguimos monitorar se este ar esta acabando ou não. O manômetro de imersão é assim
chamado porque é levado em imersão (mergulho) durante a atividade do mergulhador. O
manômetro é conectado ao primeiro estágio do regulador através de uma mangueira
específica (preparada para suportar alta pressão). Todo primeiro estágio tem ao menos uma
saída (orifício) assinalada como HP (High-Pressure ou alta pressão) para este fim. Alguns
manômetros tem sua escala marcada em "bar", outros em "psi". Uma garrafa padrão de
alumínio com pressão de trabalho de 3000 psi, se cheia, deverá acusar este valor quando
acoplada a um regulador com manômetro.

Como converter escalas:


1 "bar" = 14,7 "psi"
assim, por exemplo, 3000 "psi" são 204 "bar".

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2.3.3 Bússola
A bússola é um item de equipamento que além de facilitar a navegação quando
submerso, aumenta o grau de segurança dos mergulhos. Ela é a única maneira de manter
alguma orientação em águas turva, quando a visibilidade é pequena. No mergulho noturno, a
bússola é essencial tanto debaixo d’água quanto na superfície. Em alguns locais, é comum
iniciar-se o mergulho sob um céu azul e termina-lo envolto em uma neblina. A bússola indica
a direção da costa e é um instrumento de grande valor para a navegação mesmo quando a
visibilidade é excelente, evitando constantes subidas à superfície para verificar o rumo e
posição.

2.3.4 Lanterna
As lanternas são importantes
para o caçador submarino, que as utiliza
para olhar dentro de tocas escuras à
procura de seus peixes, e para o
mergulhador autônomo que com ela
pode recuperar as cores perdidas pela
absorção da luz solar na água, pode
iluminar seu caminho nos mergulhos
noturnos, etc. Há lanternas de vários
tipos e tamanhos, desde as pequenas
utilizadas pelos caçadores às grandes
utilizadas pelos mergulhadores noturnos.
Obviamente todas devem ser especialmente desenhadas para mergulho, para que resistam
à pressão e permaneçam estanques.

2.3.5 Apito
É interessante como sinalizador para chamar a atenção na superfície, seja para um
barco que passa, ou para um companheiro que desgarrou, indo parar longe com a
correnteza. É mais fácil ouvir-se um apito do que um grito, e é mais fácil ao mergulhador
apitar do que gritar.

2.3.6 Bóia e Bandeira


A bóia de sinalização é uma
importante referência que o
mergulhador tem para dar a quem
quer localizá-lo. O ideal é que a bóia
tenha uma das duas bandeiras de
mergulho (vide ilustração), para
avisar a outras embarcações sobre a
presença de mergulhadores na área.

2.3.7 Livro de registro


O Livro de registros ou
LogBook é o local onde o
mergulhador registra sua experiência,
comando nota de todos os seus mergulhos. Pode servir como fonte de consulta para ele
mesmo ou para outros companheiros que desejem mergulhar no mesmo local, e
constantemente é solicitado em operadoras de mergulho internacionais com prova de
experiência. Normalmente se anota as características do ponto de mergulho, temperatura e
visibilidade da água, o que há de interessante para se ver, o tempo de mergulho, intervalos
de superfície para cálculos de mergulhos sucessivos (veremos mais adiante), etc.

2.3.8 Tabela de Mergulho


As tabelas de mergulho são importantíssimas no planejamento de mergulhos. Elas
informam o tempo que se deve ficar a cada profundidade para que se evite a chamada
“Doença Descompressiva" ou "DD", que veremos mais tarde. As tabelas serão
detalhadamente vistas neste curso.

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2.3.9 Kit de Reparos


As vezes um passeio é estragado por causa de pequenos problemas com
equipamentos de mergulho, simples de serem resolvidos caso se tenha em mãos peças
sobressalentes. As principais são: tira de nadadeira; tira de máscara ou máscara de reserva;
o'rings (anéis de borracha para vedação) para a torneira do tanque; fita adesiva a prova
d'água; ferramentas (chave de fenda, chave inglesa, alicate); pilhas sobressalentes, etc.

2.3.10 Sacola de equipamentos


Guarde todo seu equipamento em uma sacola única, para facilitar o seu
deslocamento. Apenas o cinto de lastro e o tanque devem ficar de fora. Boas sacolas de
mergulho tem compartimentos a prova d'água para que se guarde itens tais como camisas
secas, carteira, etc. Verifique bem se a bolsa que você quer comprar resistirá ao peso do seu
equipamento molhado, e se há objetos nela passíveis de corrosão. Guarde os itens na bolsa
de modo que no fundo da mesma fiquem os itens que você usará por último quando for se
equipar, para evitar que tenha que espalhar tudo no barco ou na praia antes do mergulho.

2.3.11 Computadores de mergulho


Os últimos anos trouxeram uma grande evolução tecnológica na eletrônica.
Computadores que há alguns anos eram do tamanho de armários hoje são do tamanho de
livros. A miniaturização de componentes permitiu o uso de computadores nos mais diversos
ramos da indústria, e um deles foi o de
mergulho. Programas de computador foram
criados para calcular, a partir da profundidade
e do tempo de mergulho (medidos
instantaneamente pelo próprio computador), o
tempo de permanência em segurança no
fundo, sem o risco de "Doença
Descompressiva" (vista mais a frente); há
computadores que também "lêem" a pressão
de ar do tanque em cada instante, calculando
a taxa de consumo do mergulhador e o tempo
de mergulho com o ar remanescente.

Os computadores de mergulho são


quase do tamanho de relógios, podendo ser
levados no pulso ou acoplados a consoles
de instrumentos. Seu uso é simples, mas
requer um aprendizado prévio com o modelo
específico, já que há uma grande variedade
de modelos de diversos fabricantes. De
qualquer forma é sempre importante que o mergulhador que tem computador faça também o
controle dos seus mergulhos pelos métodos tradicionais (relógio, profundímetro, manômetro,
tabelas), pois em caso de falha do computador (pode acabar a bateria, pode entrar água,
etc.) os dados do mergulho estarão assegurados pelo caminho alternativo.

3. FÍSICA DO MERGULHO
Debaixo d’água, o homem está em um ambiente completamente diferente do seu
habitual, o ar. Alguns dos princípios da física que normalmente nos passam desapercebidos
podem gerar efeitos que, se não forem perfeitamente compreendidos, podem se tronar
perigosos. O entendimento de algumas leis simples da física e de seus efeitos durante o
mergulho é importante para que esta atividade seja conduzida de forma simples, segura e
agradável.

3.1 Conceito de Temperatura


A temperatura é a qualidade comparativa da matéria em qualquer dos seus estados e
exprime graus de calor. O calor é o resultado sensível (pelos nossos sentidos) da vibração e
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fricção das moléculas da matéria. Os três estados da matéria se distinguem pela maior ou
menor proximidade das moléculas que a formam. No estado sólido, as moléculas estão mais
próximas umas das outras, do que, no estado líquido e este, por sua vez, possui moléculas
mais próximas do que a matéria no estado gasoso. O calor e o frio nos são intuitivos e se
dissermos que o calor é o resultado do movimento das moléculas, se essas não se movem,
é claro teremos o frio absoluto. A essa situação ideal, ainda não atingida pelo homem,
embora se tenha chegado perto, chama-se Zero Absoluto, ou seja a total ausência do calor.

3.2 Conceito de Pressão


Por pressão entende-se o resultado de uma força agindo sobre a superfície. Um peso
de 2 quilos aplicado sobre uma superfície de um centímetro quadrado, exerce o dobro de
pressão nessa área do que se aplicado, nesta, o peso de um quilo.
A massa de ar que envolve a terra exerce uma pressão sobre todas as coisas, e não
sentimos esta pressão porque estamos imersos na atmosfera, e a esta nosso corpo está
acostumado, isto é, suas cavidades, líquidos corpóreos, etc., estão em equilíbrio de pressão.
A pressão exercida por centímetro quadrado pela massa de ar, chamamos de 1 atmosfera, o
que eqüivale a 1,033 Kg/cm2.
Em mergulho amador, os 0,033 Kg/cm2 nas profundidades praticadas, são
esquecidas e usa-se 1 atmosfera = 1 Kg/cm2. Uma coluna d’água que possua um
centímetro quadrado de base, para ter 1 Kg de peso seria necessário ter 10 m de altura e
efetivamente, uma atmosfera eqüivale a uma coluna d’água com 10,33 m de altura. Com
isto, a cada 10 metros da superfície no mar, acrescentamos uma atmosfera à pressão que
se suporta. Devido ao fato de que os líquidos transmitem as pressões em todas as direções,
a pressão de um corpo submerso é uniforme.
Se um corpo está a 10 metros de profundidade, ele está suportando a pressão d’água
e mais a pressão atmosférica que possuímos na superfície, assim ele encontra-se sob 2
atmosferas de pressão, ou seja 2 ATA, na linguagem do mergulhador. A 20 metros de
profundidade um mergulhador está a 3 ATA. Para calcularmos a pressão em determinado
instante utilizamos a seguinte fórmula: (P/10)+1, onde P = profundidade.
Outra unidade de pressão utilizada para o mergulho é o PSI (de pound per square
inch - libras por polegada quadrada), e para conversão de PSI para atmosfera utilizaremos a
seguinte equivalência 1 atmosfera = 14,7 PSI. Para simples informação, saiba-se que 1 Kg
= 2,2 libras e 1 polegada quadrada (in2) = 6,45 cm2.
O aparelho que mede pressões chama-se manômetro. Como os manômetros
utilizados em mergulho são calibrados com seu 0 (zero) já nas condições da superfície e não
como deveria ser, partindo de 1 atmosfera de pressão do nosso ambiente, devemos no caso
da pressão manométrica, tomar o cuidado de acrescentar 1 (um) para obter ATA.

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3.3 LEI DE BOYLE


“A temperatura constante, o
volume de um gás varia inversamente
com a pressão absoluta a que está
sujeito”.
P0 x V0 = P1 x V1
A pena máxima para o
mergulhador que ignorar a Lei de Boyle
é a Embolia Traumática pelo Ar, com
explosão dos alvéolos pulmonares e até
a morte. Um balão de ar com 10 litros
de volume à superfície, a 10 metros de
profundidade estará reduzido à metade
do seu volume, pois acrescentamos
mais uma atmosfera. Ele passou de 1
ATA para 2 ATA, se acrescentarmos
mais 10 metros o balão estará a 3 ATA
e assim sucessivamente. Suponhamos
um volume pulmonar ocupado com ar à
superfície (1 ATA) de 6 litros. A 10 m
estará com 2 ATA de pressão e
portanto com metade do volume ou 3
litros, a 3 ATA ou 20 m estará reduzido
a 1/3 ou 2 litros. Tudo bem, se o
mergulhador desce em apnéia, seus
pulmões expandidos a 6 litros na
superfície contraíram-se a 2 litros a 20
metros e no retorno à superfície
voltarão aos 6 litros iniciais.
Vamos agora supor que o
mergulhador esteja nos 20 m de
profundidade e encha o peito com ar da
garrafa de um “amigo” lá embaixo, e
suba à superfície sem soltar o ar, pela lei
Boyle P0 x V0 = P1 x V1, ou 3 (ATA) x 6
(litros) = 18 litros. Se o mergulhador
sobreviver, ele terá aprendido a lei de
Boyle para o resto da vida.
O mergulhador consciente da Lei de
Boyle e que está usando equipamento
de mergulho a ar comprimido, garrafa ou
narguilhe, sempre sobe à superfície
respirando normalmente, mantendo
constante o equilíbrio do volume
pulmonar com respeito à pressão
d’água.
Não devemos pensar que a
grande profundidade é o maior problema
na ignorância da Lei de Boyle, senão
vejamos: Quando o mergulhador passa
dos 30 m para os 20 de profundidade, o
seu volume pulmonar ocupado pelo ar
que era de 4 litros, não variará muito;
usando a equação temos:
4 (l) x 4 (ATA) = V x 3 (ATA)
V= 5,333 l
Esses mesmos 10 m perto da superfície tem porém efeitos tremendos, pois,:
4x2=Vx1
V=8
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Se o mergulhador sobe de 10 m para a superfície sem exalar, ele dobra o volume dos
pulmões. Dobrar o volume é fisicamente pior que aumentar em 1/3, portanto a Lei de Boyle
tem que ser respeitada sempre, principalmente quando se está próximo à superfície e
utilizando equipamento autônomo.
A regra prática para que a Lei de Boyle não prejudique o mergulhador é, que ele suba
à superfície na mesma velocidade das bolhas de ar exaladas durante a respiração. A
velocidade de subida tomada em todos os cálculos é de 18 m / min.

3.4 LEI DE CHARLES ( ou Lei de Gay Lussac)


“A pressão constante, o volume de um gás, varia diretamente com a temperatura a
que está sujeito”.
V1 V 2
=
T1 T 2
A pena máxima para o mergulhador que ignora a Lei de Charles é, tendo sua garrafa
exposta ao sol (calor), explodir com ela se a válvula de segurança e o “anjo de guarda”
falharem.
Exemplo: V1 = 2000 e T1 = 298o KC (25o C). Supondo-se que com a garrafa ao sol a
temperatura atinja 90o C (363o C), teremos:
2000 x 363
V2 = = 2436l
298
Ora, a garrafa não se dilata a esse ponto, o que acontece é que a pressão
interna aumenta em 21,75%. As garrafas possuem válvulas de segurança que
toleram aumentos de até 50% mas, há garrafas que não tem a válvula ou que esta
não tenha manutenção e, “o caso mais famoso é o da garrafa que explodiu dentro de
um carro só deixando o chassis”.
Para não ser prejudicado pela lei de Charles, mantenha as garrafas cheias
sempre a sombra e jamais ao calor excessivo.

3.5 LEI DE DALTON


“A pressão total de uma mistura de gases em um recipiente fechado é igual à
soma das pressões parciais de cada componente como se ele estivesse só e
ocupando o volume do recipiente”.
A pressão parcial de um gás em uma mistura de gases é portanto proporcional
ao número de moléculas desse gás presente, ou seja, à concentração. O ar é uma
mistura de Nitrogênio (77,14%), Oxigênio (20.63%), gases raros (0,93%), Gás
Carbônico (0,03%) e vapor d’água (1,20%). No que interessa ao mergulho,
tomaremos as concentrações dos dois componentes importantes N2 e O2 como 80%
e 20%, esquecendo-se pelo momento o CO2 e os outros gases.
Ptotal = Pparcial N2 + Pparcial O2
Assim, a pressão parcial do N2 é 0,80 e a do O2 é 0,20, sendo 1 (um) a
pressão parcial total. A seguir são mostradas as pressões parciais dos gases no ar
para várias pressões.
Profundidade (m) 0 10 20 30 40 100
Pressão Absoluta (ATA) 1 2 3 4 5 11
P N2 (Kgf/cm2) 0,78 1,56 2,34 3,12 3,90 8,58
P O2 (Kgf/cm2) 0,21 0,42 0,63 0,84 1,05 2,31
P Outros gases (Kgf/cm2) 0,01 0,02 0,03 0,04 0,05 0,11

Lembramos que nosso organismo está acostumado as pressões parciais grifados em


negrito, na tabela anterior. O conhecimento do que acontece aos gases nos líquidos sob
alterações de pressão é útil para entender a descompressão e os procedimentos especiais
usados no mergulho profundo.

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3.6 LEI DE HENRY


“A temperatura constante, a quantidade de um gás que se dissolve em um líquido é
diretamente proporcional à pressão parcial desse gás”.
Na superfície do mar, temos dissolvido em nosso sangue, aproximadamente 1 (um)
litro de N2. Segundo a lei de Dalton, a 40 m a PN2 é de 3,9 ATA e pelo enunciado da Lei de
1 V
Henry, de proporcionalidade de dissolução, temos: = , donde, V = 5 litros.
0,78 3,9
Este N2, que foi dissolvido no sangue e tecidos enquanto o mergulhador permaneceu
submerso, não será eliminado com a mesma rapidez. Supondo-se, que um mergulhador não
acredite na Lei de Henry, e suba de uma profundidade relativa, de modo brusco e sem
cumprir as etapas de uma tabela de mergulho (quando necessário) ou exceda a velocidade
de subida (que será abordado mais a frente), o N2 dissolvido no sangue e tecidos entra
subitamente em supersaturação e ultrapassado determinado limite, formará bolhas que irão
prejudicar a irrigação de órgãos importantes e mais uma série de complicações que serão
vistas com maiores detalhes na Fisiologia do mergulho. Outra conseqüência da Lei de
Henry, que será apreciada na fisiologia do mergulho, é a narcose pelo N2. Por último temos a
aplicação prática das leis de Dalton e Henry ao mergulhador “pão-duro”. Este é aquele que
insiste em prender a respiração por tempo exagerado, para economizar o ar dos cilindros.
O organismo humano suporta na superfície, uma concentração limite de CO2 que
situa-se em torno de 10% da mistura de gases que é o ar, quando essa concentração
aproxima-se de 5%, já há porém, distúrbios na coordenação motora, excesso de fadiga, etc.
Normalmente as garrafas são cheias dom ar limpo onde o CO2 se apresenta em baixas
concentrações de 0,03%. Se porém, for admitida uma contaminação inicial que, na superfície
do mar não apresente maiores problemas, a pressão parcial desse gás em ATA nas
condições hiperbáricas do mergulho, poderá trazer problemas.
Mas, mesmo supondo que não haja contaminação inicial, o CO2 é o produto natural
da respiração pela queima de O2 no organismo. Se o mergulhador “pão-duro”, não elimina
esse CO2 regularmente, ele passa para a corrente sangüínea, segundo sua pressão parcial
como manda a lei de Henry. Isto vai até que o mergulhador comece a sofrer os efeitos de
sua “economia”. Na fisiologia do mergulho, o mecanismo de ação do CO2 na respiração, será
visto com maiores detalhes.

3.7 FLUTUABILIDADE
A flutuação, força exercida num
objeto imerso ou flutuante, foi explicada
primeiramente por Arquimedes, um antigo
matemático e inventor grego. Ele afirma:
“um corpo imerso num líquido, total ou
parcialmente, flutua com a força igual ao
peso do volume do líquido deslocado”.
Isto significa que podemos determinar a
flutuação de um objeto imerso subtraindo
o peso do objeto do peso do volume do
líquido deslocado. Se o peso do líquido
deslocado for maior que o do objeto
imerso, a flutuação será positiva e o
objeto flutuará. Se o peso do objeto for
exatamente igual ao do líquido deslocado,
a flutuação será neutra, e o corpo
permanecerá suspenso no líquido a qualquer profundidade. Se o peso do objeto for maior
que o do volume do líquido deslocado, a flutuação será negativa e o objeto afundará.
Positiva, neutra e negativa são os termos utilizados em mergulho para descrever os estados
de flutuação.
Em alguns objetos, como balões, é possível alterar o volume do objeto com alteração
desprezível da densidade. Quando um balão cheio de ar for imerso num líquido, a flutuação
pode ser variada alterando-se o volume do balão. Isto varia a quantidade de água deslocada
e resulta numa alteração da flutuação.

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A densidade do corpo humano é aproximadamente a mesma que a densidade


d’água, o que faz um corpo humano ter flutuação quase neutra. Se acrescentarmos
isolamento (uma roupa) ao mergulhador, o volume aumentará e, assim, a flutuação também,
devido ao material da roupa ser muito menos denso do que a água. para compensar esta
flutuação, usa-se pesos, de chumbo, como lastro, pois, são muitos mais densos que a água.
Ajustando-se a quantidade de peso, atinge-se um ponto onde o mergulhador e o
equipamento usado deslocam uma quantidade d’água igual ao seu peso, tendo desta forma
alcançado a flutuação neutra.
Sendo a densidade da água doce 3% menor que a da água salgada, ela irá oferecer
uma flutuação menor. Isto significa que para mergulho em água doce será necessário menos
peso do que em água salgada.
As alterações de volume de um objeto afetam a flutuação, permitindo desta forma que
esta seja controlada durante um mergulho. A quantidade de ar nos pulmões e o Colete
Equilibrador afeta a quantidade de água deslocada (flutuação) pelo mergulhador.
Aumentando-se o volume do pulmão ou do colete, a flutuação aumentará; uma redução no
volume diminui a flutuação. Ajustando adequadamente os pesos e controlando os volumes
dos espaços aéreos, pode-se controlar completamente a flutuação ao mergulhar, e assim
obter flutuação positiva, neutra ou negativa, de acordo com o que desejar.

3.8 PERDA DE CALOR CÓRPOREO


Se tentarmos aquecer massas iguais de água e ar, poderemos notar que vamos
precisar de quatro vezes mais calor para a água do que para o ar para obtermos a mesma
diferença de temperatura. Se repetirmos a mesma experiência com os volumes iguais de ar,
a diferença aumenta para 3200 vezes. Isto se dá devido as diferenças de densidades,
capacidades e condutividade térmica dos fluidos.
A água é capaz de conduzir o calor 25 vezes mais rápido que o ar, que é um péssimo
condutor de calor. A quantidade de calor sob o corpo é fundamental para o conforto e a
segurança do mergulhador, pois o corpo humano só funciona bem em uma faixa muito
estreita de temperatura. Como é possível perceber a manutenção da temperatura do corpo
dentro d’água depende de uma série de fatores. A 21o C pode parecer confortável, mas pode
gerar um caso de hipotermia em um mergulhador desprotegido, pois o calor do corpo é
perdido mais rapidamente para a água do que é possível repor.
Se um bom material isolante, como espuma de neoprene, for colocado entre o corpo
do mergulhador e a água, a troca de calor é diminuída drasticamente. Com uma roupa
adequada, é possível mergulhar em águas cobertas de gelo. Sem proteção, mesmo águas
de 25o c podem criar problemas.

3.9 PROPAGAÇÃO DO SOM SOB A ÁGUA


O som nada mais é que uma vibração mecânica transmitida aos ouvidos por um meio
material (sólido, líquido ou gasoso). Quanto mais denso for o meio, melhor e mais rápida,
será a transmissão dos sons. Como a água é mais densa que o ar, os sons serão ouvidos
mais claramente e mais distantes, nela, do que no ar (velocidade do som no ar = 350 m/seg.,
e na água =1400 m/seg. ), porém sendo difícil direcionar sua origem, pois o homem
determina a direção de um som através da diferença de tempo entre o momento em que ele
atinge um ouvido ao outro. Como a velocidade n’água é quatro vezes maior que no ar, fica
praticamente impossível detectar esta diferença e, consequentemente determinar a direção
de que se origina o som, como o motor de um barco ou um mergulhador batendo em seu
cilindro com a faca.
A não ser que seja usado algum dispositivo para transferir sons do ar para a água, é
difícil a conversa debaixo d’água. Quando for necessária uma comunicação mais precisa
entre mergulhadores, existem diversos equipamentos especialmente desenvolvidos e
destinados a solucionar este problema. Normalmente utiliza-se sinais para comunicação
subaquática, este serão vistos mais adiante.

3.10 LUZ E VISÃO SOB A ÁGUA (Hidro-ótica)


Na água, existem alguns fatores que fazem com que a luz propague-se de maneira
diferente (difusão, refração e absorção) que no ar. A difusão (ou espalhamento) e a absorção
afetam a quantidade e as cores da luz disponíveis. Vale notar que a luz branca é a
composição de diversas cores e que cada uma delas é absorvida de maneira diferente pela
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água. Nos primeiros 10 m são absorvidos os tons de vermelho e laranja; até os 20 m


desaparecem o amarelo e o verde. em alguns casos, abaixo de 40 m a escuridão é,
praticamente, total.
DISTÂNCIA Tamanho
Real: 2 m

Aparente: 1,2 m
Aparente: 1,2 m

Real: 0,9 0 m

O efeito da refração é um pouco mais complexo e afeta de maneira pelo qual vemos
os objetos. A luz se propaga por um meio transparente em linha reta até encontrar outro
meio (também transparente, mas de densidade diferente). Caso entre perpendicularmente
neste outro meio, a propagação continua na mesma direção, mas se a mudança de meio se
der em qualquer outro ângulo, a direção de propagação muda como se os raios de luz
fossem “dobrados”. Este fenômeno é chamado de refração. Isto faz com que os objetos
pareçam mais próximos (e consequentemente maiores) quando observados através da
máscara embaixo d’água. Este efeito é parcialmente invertido se o objeto estiver a mais de
três metros do mergulhador, devido a redução do contraste e da distorção: embora pareçam
maiores, eles parecem, também estar mais distantes. Outro efeito de refração é quando uma
pessoa na superfície olha para um objeto embaixo d’água: com o “dobramento” dos raios de
luz, o objeto não estará onde é visto. Embora a percepção de distancias e posições debaixo
d’água seja prejudicada pela refração, com alguma experiência aprende-se a compensar
estes efeitos e a estima-los corretamente.

4. FISIOLOGIA DO MERGULHO

4.1 RESPIRAÇÃO
O processo de respiração envolve o uso do oxigênio para auxiliar o corpo a produzir
energia. Durante o gasto de energia, o corpo produz resíduo gasoso, chamado dióxido de
carbono, que precisa ser eliminado.
O ar é levado para dentro dos pulmões e expelido pela boca e pelo nariz por um
processo mecânico. Cada pulmão é revestido por uma membrana, pleura, estando entre ela
os mesmos um fluido lubrificante que reduz a fricção criada pelo movimento de uma
membrana contra a outra; estão separados dos órgãos abdominais pelo diafragma.
Como o espaço aéreo dos pulmões se comunica diretamente com o ambiente externo
através da boca, do nariz e da traquéia, a pressão dentro dos pulmões em descanso é igual
à pressão atmosférica, a não ser que alguma alteração de volume ocorra. Durante o ato da
inspiração, as costelas se elevam e o diafragma é abaixado pela contração muscular. Esta
ação aumenta o volume dos pulmões, criando uma pressão negativa dentro da área
pulmonar em relação a pressão externa. O ar é levado para dentro dos pulmões para
equalizar a pressão. Durante a expiração, os músculos do diafragma e as costelas relaxa,
voltando à posição normal. A pressão do ar dentro dos pulmões se eleva em relação à
pressão externa devido ao recuo elástico dos pulmões.
O ar entra no corpo através da boca e nariz, este é capaz de filtrar partículas
estranhas e evitar que elas entrem no corpo. O ar, então, passa via garganta através da
glote (válvula da garganta) aberta, sobre a caixa vocal e pela via respiratória, que leva o ar
direto para os pulmões. Esta via respiratória (traquéia) fica aberta por anéis circulares de
cartilagem. Na posição aberta permite que o ar passe para os pulmões e na fechada evita
entrada de material estranho. A via respiratória se ramifica em dois pequenos tubos
(brônquios), um para cada pulmões. Dentro da área pulmonar, os brônquios se ramificam e
re-ramificam até que a passagem de ar se torne extremamente pequena e a camada dos
tubos seja muito fina. Localizados nas pontas de cada tubo estão pequenas bolsas de ar
elásticas com espessura aproximadamente uma célula, chamadas de alvéolos.

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Os sensores nervosos através do corpo excitam setores do cérebro para controlarem


a velocidade de respiração em vários caminhos. Estes extremos nervosos especializados
(quimiorreceptores) são extremamente sensíveis às alterações nos níveis de CO2 e de O2 na
corrente sangüínea. Como a pressão parcial de CO2 aumenta e a pressão parcial do O2
diminui, a velocidade da respiração aumenta. A velocidade respiratória também reage a
acidez do sangue, ao movimento dos músculos e as juntas, a à extensão das costelas e
diafragma. Além do estímulo químico e mecânico, os estados emocionais, como ansiedade
ou pânico, podem engatilhar aumentos ou diminuições na velocidade respiratória.
O CO2 é um produto residual do metabolismo e deve ser eliminado logo após sua
produção pelas células, pois, o corpo humano só funciona adequadamente com margens
muito pequenas deste gás. De todos os mecanismos envolvidos no controle da respiração o
CO2 é o mais eficaz para modificar a velocidade de ventilação. Um excesso de CO2 no corpo
é conhecido como hipercapnia, e uma diminuição no conteúdo normal de CO2 chama-se
hipocapnia. Ambos podem produzir problemas fisiológicos no mergulhador livre ou
autônomo. A hipercapnia normalmente resulta em respiração curta e fadiga. Confusão,
sonolência, espasmos musculares, dor de cabeça, náusea, músculos peitorais feridos e
inconsciência também já foram relatados devido ao aumento nos níveis de CO2 no corpo. A
hipocapnia pode resultar em tremores musculares, contração dos pulsos e mãos, “pontadas”
nos membros ou lábios, tontura e inconsciência.
O uso prolongado dos músculos durante atividade cansativa requer uma maior
liberação de energia e, além disso, um aumento no uso do oxigênio, o que acarreta aumento
da produção de CO2 podendo causar hipercapnia. No corpo humano uma velocidade de
respiração maior que a normal continuará mesmo depois que seja parado o esforço
excessivo, até que os níveis de CO2 e O2 voltem ao normal. Este atraso entre o final do
exercício e a redução da velocidade respiratória é geralmente chamada de “falta de ar”. Para
manter a eficiência respiratória e evitar a hipercapnia causada por exercícios prolongados,
um mergulhador deve equilibrar a tomada de O2 e a retirada de CO2 através da respiração
profunda e devagar, em todo o tempo do mergulho. Se uma “falta de ar” ocorrer, pare toda a
atividade física, adquira flutuação neutra ou positiva (dependendo de estar-se embaixo
d’água ou na superfície), e respire profundamente e devagar até que uma velocidade de
respiração normal e regular se estabeleça.
Num esforço para conservar ar embaixo d'água, muitos mergulhadores não treinados
deliberadamente reduzem sua velocidade de respiração prendendo a respiração entre cada
inspiração, esta técnica é chamada “pular respirações”. Pular uma respiração não reduz o
consumo de ar e instantaneamente resultará numa elevação no nível de CO2 do corpo.
Mesmo se parecer que uma quantidade de ar respirada está reduzida, níveis maiores que o
normal de CO2 eventualmente aumentarão a velocidade da respiração do mergulhador. Por
tempo prolongado “pular respirações” pode levar a muitas alterações fisiológicas
indesejáveis (sintomas de hipercapnia, como dor de cabeça e respiração curta), e não
conservação do suprimento de ar.
Os espaços mortos criados pela boca, nariz, garganta e brônquios, também
contribuem para a hipercapnia, pois abrigam ar com quantidades de CO2 maiores que o
normal, pela pouca renovação de ar provocada por uma respiração rápida.

4.2 HIPERVENTILAÇÃO
A regularização respiratória é sensível ao comportamento humano e ao controle
voluntário. Poucos sistemas do corpo humano respondem tão rapidamente a situações de
pânico, ansiedade e aumento de pressão. O aumento da velocidade e/ou profundidade de
respiração pode levar a uma super-respiração deliberada ou não. Isto se chama de
hiperventilação. Inspirar e expirar rapidamente e profundamente além das necessidades do
corpo, resultará numa redução do CO2 e num pequeno aumento na pressão parcial do O2 na
corrente sangüínea.
Reduzindo a quantidade de CO2 no corpo, as capacidades do mergulhador livre
aumentam muito. A hiperventilação prolongada reduzirá o nível de CO2 no corpo e romperá o
equilíbrio sangüíneo ácido/base, resultando em muitos sintomas de hipocapnia:
formigamento nos dedos, contração dos pulsos e mãos, ou mesmo perda da consciência.
Algumas vezes, a hipocapnia causada pela hiperventilação será um resultado direto da
ansiedade ou pânico.

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O mergulho em apnéia, se continuado após hiperventilação excessiva, atrasará a


necessidade de respirar e poderá resultar em hipoxia ou falta de suprimento suficiente de
oxigênio. Em profundidades, a pressão d'água comprime os pulmões dos mergulhadores de
forma que a pressão de ar dentro destes seja igual à pressão circundante. quando isso
ocorre, a pressão parcial do oxigênio nos pulmões aumentará, permitindo que mais O2 seja
absorvido à pressão atmosférica. Este aumento rápido e temporário de oxigênio no sangue
leva os mergulhadores a sentirem que podem ficar mais tempo ainda embaixo d'água.
Durante a subida, a pressão nos pulmões diminui, assim como a pressão parcial do O2. O
corpo de um mergulhador pode conter O2 insuficiente para permanecer consciente e pode
ocorrer uma perda de consciência durante a subida para profundidades menores ou logo
após alcançar a superfície, devido a esta condição isto chama-se apagamento ou sincope de
apnéia.

4.3 ACIDENTES DO MERGULHO


Como vimos anteriormente em nossos estudos de física, o mergulhador ao ingressar
no ambiente submarino, sofrerá não só os efeitos diretos da pressão mas, como também,
efeitos indiretos. Tais ações, ocasionadas pela pressão são sentidas por nosso organismo e
se nós não nos adaptarmos convenientemente a estas mudanças ou recorrermos a artifícios
e regras para faze-lo, poderá então advir os acidentes.
EFEITOS LEI DE FÍSICA DENOMINAÇÃO
DIRETOS BOYLE • BAROTRAUMAS
• EMBOLIA TRAUMÁTICA P/ AR
ACIDENTES INDIRETOS HENRY • DOENÇA DESCOMPRESSIVA
DALTON • INTOXICAÇÃO
• APAGAMENTO
• NARCOSE
• OUTROS
Nesta tabela temos dividido os acidentes que virão a ser estudados, bem como, as leis da
física destes acidentes. Ainda na tabela, podemos constatar que os acidentes indiretamente
estão subdividos, separando o 1o que ocorre por ação biofísica, do 2o que agem por ações
bioquímicas.

4.3.1 BAROTRAUMAS
Este acidente ocorre em formas variadas, sendo que seu fator causal é sempre o
mesmo, o desequilíbrio de pressões, entre o interior das cavidades pneumáticas do
organismo com a pressão ambiente em variação.
Além das cavidades pneumáticas naturais, estrutura aéreas artificiais criadas pelo
equipamento de mergulho podem provocar lesões. Vejamos as formas de barotraumas
existentes:

4.3.1.1 Barotrauma Facial ou da Máscara


Talvez seja a forma mais comum de barotrauma, apesar de as estatísticas apontarem
o contrário. Na maior parte das vezes a sua sintomatologia é tão leve que nem a menos é
percebida.
Este acidente quando ocorre há desequilíbrio entre as pressões interna e externa da
máscara. Quando o mergulhador inicia sua descida deve manter a pressão interna de sua
máscara equilibrada com a pressão externa. Caso a pressão, no interior da máscara se torne
menor que a externa, teremos a máscara se achatando em nosso rosto e funcionando como
uma ventosa, tracionando os tecidos da face.
Nos casos mais leves, constataremos o desenho da máscara no rosto do
mergulhador. Podendo em formas mais graves, apresentar equimoses e hematomas,
sangramento nasal e hemorragia sub-escleróticas e sub-conjuntivais.
No caso de acidentes, as formas leves poderão ser tratadas com compressas
geladas e analgésicos. Nos casos mais graves, é recomendável procurar um especialista.

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4.3.1.2 Barotrauma Cutâneo ou da Roupa


De forma idêntica ao facial, o barotrauma cutâneo ocorre com o uso da roupa de
mergulho mau ajustada em que se formam bolsas de ar entre a pele e a vestimenta. O
aumento da pressão externa cria áreas de pressão negativa e o efeito ventosa ocorre.
Equimoses e hematomas compõem o quadro. Para isto não ocorrer devemos usar roupas
que se ajustem bem ao nosso corpo.

4.3.1.3 Barotrauma Otológico


Segundo as estatísticas, é o barotrauma mais comum e manifesta-se de duas formas
distintas: do ouvido médio e do ouvido externo.
Como se sabe, o ouvido médio separa-se do externo pela membrana timpânica e
comunica-se com a faringe através da Trompa de Eustáquio. Esta é o elemento regulador do
equilíbrio das pressões e sua abertura se faz por deglutição, laterodidução da mandíbula ou
de manobra de expiração forçada (Manobra de Valsava - é a mais clássica das manobras
usada pelo mergulhador para equilibrar durante a descida, as pressões do ouvido médio com
a pressão externa em variação. A Trompa de Eustáquio também funciona como dreno
permanente de secreções.
1- Conduto auditivo externo
2- Ossículos
3- Canais semicirculares
4- Cóclea
5- Tímpano
6- Ouvido médio
7- Trompa de Eustáquio

4.3.1.3.1 Barotrauma do Ouvido Médio


Se a Trompa de Eustáquio encontra-se obstruída por
secreções (durante uma gripe, por exemplo), o
mergulhador não conseguirá equilibrar as pressões,
levando a um abaulamento da membrana timpânica, de
fora para dentro, podendo mesmo ocorrer sua ruptura.
Quando isto acontece, o ouvido interno (responsável
pelo equilíbrio) é tomado pela água fria que, no primeiro
momento, instalara um quadro de desorientação
espacial. Podendo também ocorrer tonteiras, náuseas,
vômitos, zumbido, sangramento pelo ouvido ou pelas
fossas nasais.
Nunca mergulhe gripado ou com algum problema nas vias aéreas superiores.
O barotrauma do ouvido médio, é um acidente que normalmente ocorre na descida e
vem precedido de dor em 9054 dos casos. Portanto, não insista em ir mais fundo, caso não
esteja conseguindo equilibrar as pressões. A velocidade de descida deverá ser controlada de
indivíduo para indivíduo pois, cada um, conforme seu treinamento ou conformação da
Trompa de Eustáquio, terá maior ou menor capacidade de compensação.
O uso de descongestionante nasal ajuda a reduzir as probabilidades de obstrução
das Trompas de Eustáquio. Porém, seu uso deverá ser limitado a casos imprescindíveis de
mergulho. Caso se acidente, interrompa toda e qualquer atividade hiperbárica, e procure um
otorrinolaringologista.
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4.3.1.3.2 Barotrauma do Ouvido Externo


O bloqueio do conduto auditivo externo, por
tampões de cerume ou corpo estranho, criará uma câmara
entre este e a membrana timpânica que não equilibrará
sua pressão com a externa em variação. Neste caso, o
abaulamento da membrana timpânica ocorrerá de dentro
para fora e toda sintomatologia de dor, hemorragia e
ruptura da membrana pode ocorrer.
Observações:
É aconselhável que o mergulhador faça anualmente,
um exame no conduto auditivo externo.
O uso de gorro de neoprene muito justo deverá ser
evitado, bem como, os tampões de plásticos (de
qualquer tipo) usados por nadadores.
No caso de acidente vale o mesmo procedimento do ouvido médio.
Vertigem alterno-bárica: Quadro que se caracteriza por tonteiras, enjôos e
desorientação espacial, decorrente da dificuldade ou impossibilidade de equilibrar as
pressões em um ou ambos os ouvidos.

4.3.1.4 Barotrauma Sinusal


Os seios da face são cavidades existentes nos
ossos da face cuja função parece ter sido
determinada evolutivamente no sentido de diminuir
o peso da cabeça. Comunica-se coma a faringe
através dos óstios sinusais. Da mesma forma que
no barotrauma otológico, a obstrução destes óstios
promoverão desequilíbrio de pressões durante o
mergulho e conduzirá a um quadro inicialmente
doloroso (na maioria das vezes) e poderá progredir
com edema de mucosas, sensação de peso na face
ou mesmo episódios hemorrágicos, caso o
mergulhador não aborte o mergulho logo no
primeiro sinal. Os estado gripais e a sinusite
favorecem a ocorrência deste barotrauma

4.3.1.5 Barotrauma Dental

Bolhas de ar na polpa dentária ou próximos a esta


em dentes trabalhados podem conduzir a quadros dolorosos
por tração do nervo dental. Nestes casos convém rever o
tratamento efetuado no dente para eliminar possíveis
causas.

4.3.1.6 Barotrauma Pulmonar ou Torácico


No mergulho livre os pulmões vão se comprimindo e reduzindo seu volume à medida
que a pressão ambiente vai aumentando. Assim, segundo a Lei de Boyle, a capacidade total
dos pulmões que na superfície é de 6 litros, aos 30 metros passa ser de 1,5 litros, o que
corresponde ao volume residual.
A partir deste ponto, os pulmões passam a se comportar como cavidades
incompreensíveis e se o mergulhador prosseguir haverá congestão e passagem de
transudato para o interior dos alvéolos e finalmente edema agudo de pulmão ou cor-
pulmonale. Da mesma forma no mergulho com equipamento, se o homem prende a
respiração ou o suprimento de ar é interrompido bruscamente na descida, pode ocorrer a
mesma seqüência de iguais conseqüências.
O primeiro sinal da ocorrência do barotrauma pulmonar é a dor torácica,
posteriormente se o mergulhador retornar a superfície imediatamente, estará ele agravando

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o quadro que pode referir falta de ar, tosse, secreção sanguinolenta ou mesmo hemorragias
graves.
Observações:
Os iniciantes na prática do mergulho livre deverão nas primeiras incursões se limitar à
pequenas profundidades.
As decidas intempestivas deverão ser sempre evitadas e a qualquer sinal de desconforto
torácico o mergulhador deverá interromper o mergulho e voltar à superfície, encerrando
suas atividades neste dia.
No mergulho com equipamento devem ser evitadas manobras para economizar ar,
principalmente na descida.
Nos casos de acidentes, por mais leve que sejam os sintomas, deverá o acidentado
encaminhar-se aso serviços de um especialista.

4.3.2 EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR (ETA)


Quando mergulhamos utilizando fonte de ar comprimido (garrafa, narguilhe e outros),
observamos que as bolhas de ar exaladas aumentam consideravelmente seu volume, à
medida que, seguem sua trajetória para a superfície. Isto é explicado pela Lei de Boyle.
Vimos em assuntos abordados anteriormente, que um mergulhador em apnéia, tem
suas cavidades pneumáticas comprimidas (pulmão, por exemplo). Contudo, ao retornar à
superfície, desde que não tenham respirado ar comprimido durante o mergulho, as áreas
afetadas retornam ao seu volume inicial.
Porém, se o mergulhador respirar ar comprimido durante incursões ao meio
subaquático, estará este ar sendo respirado à pressão ambiente e o volume pulmonar não
se alterará (um pulmão que contenha 6 litros na superfície, manterá 6 litros não importando a
profundidade que se alcance).
Suponhamos agora, que este mergulhador que respira ar comprimido esteja a 20
metros e que por qualquer razão retenha o ar em seus pulmões e venha para a superfície
sem exalá-lo: Aos 10 m, com a redução da pressão, o volume do ar contidos nos pulmões,
que aos 20 era 6 l, chegará aos 9 l e chegando à superfície conterá 18 l.
Isto hipoteticamente, pois nenhum pulmão suportaria tamanha distensão rompendo-
se antes. A este acidente, damos o nome de EMBOLIA TRAUMÁTICA PELO AR, e é um
dos mais graves acidentes.
Os fenômenos embelecos podem assumir formas variadas, desde simples tonteira
até a morte súbita. Passando por uma escala de gravidade que inclui náuseas, vômitos, falta
de ar, dor torácica, estrabismo convulsões e dores em extremidades.
Quando ocorre a ruptura dos alvéolos, próximos a vasos, as bolhas de ar atingem a
corrente sangüínea e devido a posição vertical do mergulhador, durante a subida, as bolhas
tenderão a trafegar pelas correntes ascendentes (aquelas que vão irrigar o sistema nervoso
central) o que pode causar danos neurológicos múltiplos.

Observações:
Este acidente de conseqüências arrasadoras pode ser facilmente evitado desde que,
sendo inevitável o retorno do mergulhador à tona., este o faça exalando o ar
ininterruptamente evitando que o ar contido no seu pulmão, expandam-se a ponto de
provocar lesões.
Vimos no exemplo dado para este caso que as maiores variações de volume se deram
nas proximidades com a superfície, portanto, tome cuidado, mesmo que esta subida de
emergência se dê a pequenas profundidades.
No caso de acidente, mesmo que os sinais apontem formas leves ou moderadas de
embolia, o indivíduo acidentado deverá ser encaminhado a um local onde haja uma
câmara hiperbárica e médicos especializados.
Nos casos mais graves, recomenda-se na transferência do paciente colocá-lo em
decúbito intermediário entre o ventral e lateral esquerdo, com a cabeça mais baixa, o que
dificulta a chegada das bolhas à circulação cerebral e coronária.

4.3.3 DOENÇA DESCOMPRESSIVA (DD)


“A quantidade de um gás que se dissolve em um líquido a determinada temperatura é
proporcional à pressão parcial do gás” - Lei de Henry.

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Ao estudarmos física, vimos que o ser humano tem cerca de 1 litro de N2 dissolvido
em seu organismo. pois, vivendo na superfície onde seu corpo suporta a pressão de 1
Kg/cm2 (coluna atmosférica) composta basicamente de N2, foi seu organismo saturando-se
com o tempo com volumes proporcionais. Se dobramos a pressão ambiente pela descida
aos 10 m, dobra o volume de N2 dissolvido, aos 20 m triplica e assim por diante. Se o
mergulhador deixar o fundo lentamente, o excesso de N2 que se dissolverá será
gradativamente conduzido pelo sangue aos pulmões e eliminado para o meio ambiente.
Numa subida precipitada, seria como se abríssemos rapidamente uma garrafa de
Coca-cola, o gás entra em supersaturação e, excedido um certo limite, formam-se bolhas
que obstruem a circulação sangüínea e de órgãos importantes, ocasionando a Doença
Descompressiva.
Em função das bolhas de N2 no organismo do mergulhador e de suas proporções,
surgirão sinais e sintomas de maior ou menor gravidade com manifestações que poderão ser
de ordens neurológicas, pulmonares, cutâneas, ósteo musculoarticular e outras.

4.3.3.1 Sintomas e Sinais


Em 90% dos casos de DD a dor ósteo musculoarticular é manifestada. Sua instalação
é geralmente gradativa, aumentando com o passar do tempo, podendo chegar a níveis
insuportáveis. Freqüentemente inicia-se por um foco limitado, estendendo-se por áreas cada
vez maiores. Pode vir acompanhada de edema e hiperemia localizada. As articulações mais
afetadas por ordem decrescente são: Ombro, cotovelo, joelho e quadril.
A DD com manifestações neurológicas poderá ocorrer em decorrência do comprometimento
do sistema nervoso central, centros nervosos superiores ou do sistema nervoso periférico.
Sinais como: manifestações sensitivas, motoras, confusão mental, alterações de
personalidade, distúrbios visuais, paraplegia e outros poderão compor o quadro.
Mal-estar ou queimação retroesternal, acessos de tosse irreprimíveis são algumas
das manifestações pulmonares de DD e com graves conseqüências para o mergulhador
acidentado se não for prontamente socorrido com tratamentos adequados.
Entre manifestações cutâneas temos: sensação mal definidas de picadas, queimação
da pele, durante ou logo após a descompressão de um mergulho, manchas com ou sem
coceiras espalhadas pelo corpo todo.
Observações
A DD, é um acidente ocasionado pela descompressão inadequada do mergulhador
quanto à duração e profundidade do mergulho. Portanto facilmente evitado se respeitado
a programação prévia que o mergulhador deve fazer antes de qualquer mergulho com
auxílio da “Tabela de descompressão”.
Em águas muito frias, faça uso de roupa de neoprene, pois, temperaturas baixas
favorecem o aparecimento da DD.
Durante o mergulho, evite esforços demasiados. O crescimento dos níveis de CO2 no
sangue aumentam a incidência e a gravidade da DD.
Não faça o uso de bebidas alcóolicas antes do mergulho.
Sinais e sintomas de DD poderão manifestar-se em minutos, horas, ou até em semanas
após o mergulho, o que não invalida a necessidade do acidentado procurar um centro de
medicina hiperbárica, que deverá contar com uma câmara de recompressão.

4.3.4 NARCOSE PELO N2 (embriaguez das profundidades)


A narcose pelo N2 é um quadro semelhante a embriaguez alcóolica, provocado pela
impregnação difusa do sistema nervoso central, pelo N2, com manifestações psíquicas,
sensitivas e motoras.
Manifesta-se normalmente a partir dos 30 m nos indivíduos mais predispostos, e aos
60 m poucos são os que não demonstrarão algum sinal dos efeitos narcóticos do N2.
Quando manifestado quaisquer sinais da narcose, basta que o indivíduo retorne
alguns metros para cima, para que cessem os sinais sem deixar seqüelas. Caso o
mergulhador prossiga sua incursão ao fundo submarino, o quadro inicial que era um simples
sensação de leveza, pequenas descoordenações motoras, evoluirá para convulsões e até
desmaio.
Observações:

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Indivíduos transnoitados ou alcoolizados, não deverão mergulhar, pois, são fatores


potencializadores de Narcose pelo N2 o álcool e a estafa.
Os principiantes deverão moderar a velocidade de descida, bem como, policiar-se para
que ao menor sinal interrompam sua descida.
Indivíduos que estejam sob tratamento de anticinetósicos, só poderão mergulhar perante
consulta prévia a um especialista em medicina hiperbárica.

4.3.5 INTOXICAÇÃO PELO O2


Este gás é altamente tóxico quando sua pressão encontra-se elevada. Quando se
utiliza O2 puro para mergulho em uma profundidade moderada de 30 m, o mergulhador
estará inalando um gás sob a pressão total de 4 ATA. A esses níveis, em poucos minutos,
esse mergulhador é tomado de violentas convulsões generalizadas, acompanhada de perda
da consciência.
Estudos realizado em câmaras hiperbáricas demonstraram que o O2 puro apenas
pode ser utilizado em profundidades inferiores à 12 m.
OBS: O O2 puro não é utilizado nas atividades subaquáticas amadora. Contudo, o O2 é um
dos componentes do ar comprimido respirado pelo mergulhador amador e poderá conforme
a profundidade ter sua pressão parcial atingindo níveis perigosos.

4.3.6 INTOXICAÇÃO PELO GÁS CARBÔNICO (CO2)


O aumento do CO2 no organismo, pode ser conseqüente a contaminação do ar
respirado ou a dificuldade de eliminação.
Falta de ar é o sintoma mais evidente, acompanhado ou não de confusão mental e
descoordenação motora. Podem ocorrer perda da consciência e parada cárdio-respiratória.
Observações:

Evite esforços durante o mergulho.


Não “poupe” o ar da garrafa, respire normalmente.
No caso de intoxicações pelo CO2, o mergulhador deve vir ou ser trazido para a superfície
imediatamente e exposto ao ar fresco. O quadro regride rapidamente na maioria das
vezes, sem maiores problemas.

4.3.7 INTOXICAÇÃO PELO MONÓXIDO DE CARBONO (CO)


Ocorre por contaminação de mistura e provoca bloqueio da hemoglobina levado a um
apagamento do mergulhador, evoluindo com lesões graves do sistema nervoso central,
podendo acarretar a morte.
Os sintomas são: náuseas, vômitos, desorientação motora e desorientação espacial.
Desmaios súbitos são freqüentes e raramente ocorre sensação de falta de ar (característica
de CO2).

4.3.8 APAGAMENTO
Este acidente é um dos mais perigosos da prática do mergulho e, lamentavelmente,
tem sido fatal para vários de nossos mergulhadores. Seu maior perigo reside no fato de ser
insidioso. O efeito básico é o afogamento.
Como já vimos no estudo da Fisiologia, que não conseguimos prender a respiração
por um período muito longo porque o aumento da pressão parcial de CO2 ( pCO2) corrente
sangüínea, dispara mecanismos reflexos que nos provocam a necessidade urgente da
respiração.
A medida que melhoramos nossos resultados no mergulho livre, mas difícil se torna
qualquer progresso em relação ao aumento do tempo de fundo. Isto reflete proximidade do
nosso limiar de eficiência.
Nesta fase, alguns mergulhadores lançam mão da prática da hiperventilação,
baseados no princípio que uma maior iluminação de CO2 implicaria em um aumento direto
da Pressão parcial de O2 (pO2). Esta premissa demostra-se falsa, pois, o O2 é transportado,
principalmente pela hemoglobina e, esta encontra-se quase toda ligada a este gás. Desta
forma, com a hiperventilação apenas conseguimos diminuir a pCO2.
Com o mergulho, após a hiperventilação, ocorre um consumo progressivo de O2
pelos tecidos e consequentemente aumento da pCO2. Esta subida da pCO2 leva à
28
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(Elaboração Raimundo Sampaio)

necessidade de respirar e o mergulhador inicia a subida. Durante esta, a expansão dos


gases provoca um aumento das pressões relativas e inicia-se um fluxo de CO2 do sangue
para os pulmões e de O2 no sentido inverso. Com isto, desaparece a necessidade de
respirar. Se o mergulhador não completa sua subida o O2 será rapidamente consumido e ele
desmaiará. esta é a razão pela qual o apagamento ocorre, normalmente, na subida.

Existe a possibilidade, também do apagamento ocorrer no fundo, se a hiperventilação


levar a um declínio acentuado das taxas de pCO2. Assim, não há sequer a necessidade de
respira, ocorrendo o apagamento pela queda brusca da pO2.
Na ocorrência de um acidente desta natureza, o mergulhador de ser, imediatamente,
retirado d’água e mesmo que não hajam conseqüências graves, a avaliação médica
posterior é imprescindível, pelo risco de pneumonia.
Se o afogamento implicar em para cárdio-respiratória, as medidas de ressuscitação
devem ser adotadas imediatamente.

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Doenças do Mergulho

BAROTRAUMA✹ CAUSA SINAIS E SINTOMAS PRIMEIROS COMO EVITAR


SOCORROS
Inalação de Fluidos Tosse, respiração curta, dor no peito, Buscar restabelecer a respiração (boca a respeite seus próprios limites, mantenha
estado de choque, arrouxeamento dos boca), se houver parada cardíaca fazer a calma, a capacidade de raciocínio, a
lábios e da língua, salivamento RPC, ministrar oxigênio, aquecer o flutuação e poupe energias em situações
AFOGAMENTO borbulhante, parada respiratória, paciente, encaminha-lo para exames inesperadas, não enfrente correntes e
ausência de pulsação. médicos. mar revolto.

Desmaio causado por baixa taxa de Perda da consciência, tremedeiras nas O mesmo que afogamento. Não abuse da HIPERVENTILAÇÃO,
oxigênio no organismo, ocorre por pernas, distúrbios visuais. não mergulhe muito fundo, não
HIPERVENTILAÇÃO excessiva no ultrapasse seu tempo normal de apnéia
APAGAMENTO✹ mergulho em apnéia ou intoxicação por ficando sem ar para o retorno a
CO2, Gás SULFÍDRICO ou O2. superfície.

Incapacidade do mergulhador de elevar Dores de ouvido fortíssimas, podendo Leve o paciente imediatamente a um Efetue a manobra de VALSALVA,
a pressão do ar dentro da cavidade do causar ruptura do TÍMPANO, sangue otorrinolaringologista. inicie o seu mergulho devagar, desça
ouvido médio equalizando-se a pressão no canal externo do ouvido, vertigem e sempre pelo cabo da âncora. Nunca use
OUVIDO MÉDIO✹ da água fora do tímpano durante a desorientação. tampões de ouvido.
decida.

Compreensão da máscara de mergulho Sensação de incomodo causado pela Equalizar a pressão interna da máscara
contra o rosto por causa da pressão. pressão da máscara contra o rosto. expelindo ar pelo nariz para dentro da
DE MÁSCARA✹ máscara.

Obstrução na comunicação dos seios da Sintomas de gripe e resfriado. Nunca mergulhe se você tiver sinusite,
SINUSAL✹ face com o nariz e garganta. resfriado ou gripado.

Bolsão de ar dentro de uma obstrução Fortes dores de dente durante o Consulte seu dentista para refazer a Volte a superfície caso sinta estes
DENTAL✹ dental. mergulho. obstrução. sintomas e consulte seu dentista.

Retenção de ar na subida durante um Dores de cabeça, escarro róseo, tosse Manter respiração (boca a boca) se Nunca prenda a respiração durante a
EMBOLIA ✹ mergulho autônomo. com sangue, inconsciência, cianose, necessário, manter a cabeça mais baixa subida na prática de mergulho
TRAUMÁTICA PELO distúrbios visuais e morte. que o corpo sobre o seu lado esquerdo, autônomo, suba devagar, nunca
AR (ETA) dar oxigênio, buscar ajuda médica ultrapasse a velocidade das bolhas
imediata. liberadas pela sua expiração.
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Doenças do Mergulho

CAUSA SINAIS E PRIMEIROS COMO EVITAR


SINTOMAS SOCORROS
DOENÇA Bolhas de NITROGÊNIO que Mal estar, tonteiras, Deitar o paciente sobre seu lado Respeite as TABELAS DE
DESCOMPRESSIVA aparecem devido a uma formigamento e coceiras na pele, esquerdo, com a cabeça mais baixa que o DESCOMPRESSÃO, respeite a
descompressão INCORRETA. dores nas articulações, corpo, ministrar oxigênio, aspirina, velocidade de subida (18 m/min), nunca
insensibilidade de membros, líquidos não alcoólicos. Leve o paciente ultrapasse a velocidade das bolhas
confusão mental, perda de mais rápido possível para uma liberadas pela sua expiração, proteja-se
consciência, paralisia, parada CÂMARA HIPERBÁRICA. do frio com roupas de neoprene.
respiratória, parada cardíaca.
Em águas frias dê 20% de margem de
segurança sobre as tabelas. Mantenha-se
hidratado antes de mergulhar, não
consuma bebidas alcóolicas antes de
mergulhar. Controle a sua obesidade, se
é obeso dê uma margem de 10% nas
tabelas. Evite voar nas próximas 12
horas seguintes ao seu último mergulho.

Mergulhos em águas muito frias sem a Tremedeira, entorpecimento, Secar o paciente, proteger do frio, Usando roupa (neoprene) para proteção
proteção adequada provocando a confusão mental, perda de aquecer o paciente. isotérmica sempre que a temperatura da
HIPOTERMIA diminuição da temperatura do corpo consciência, morte. água seja desconfortável para o corpo.
abaixo dos 35 graus.

Respiração incorreta, apnéia Dores de cabeça, falta de Não fume antes do mergulho, respire
controlada, roupa muito apertada, coordenação motora, confusão corretamente, mantenha-se em boa forma
exercícios físicos no fundo, ar mental, náuseas, respiração física, mantenha o seu equipamento em
contaminado, captação de ar para o ofegante. boas condições.
tanque em local com muita fumaça,
INTOXICAÇÃO POR aliado a problemas no compressor.

CO2
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5. TABELAS DE MERGULHO
A quantidade de N2 absorvido pelo corpo aumenta com cada mergulho executado,
e este total absorvido depende da profundidade do mergulho e do tempo gasto no fundo.
Se a quantidade de N2 que é dissolvido nos tecidos do corpo exceder a um certo nível, a
subida precisa ser devagar para permitir aos tecidos eliminarem este excesso de N2. O
resultado de um falha nesta subida devagar é a doença descompressiva. Um tempo
específico a uma profundidade específica com a finalidade de dessaturar os tecidos é
chamado de parada de descompressão.

5.1 Tabelas sem descompressão


Mergulhos rápidos ou rasos suficientes para não necessitarem paradas de
descompressão são chamados mergulhos sem descompressão. Mergulhos até 10 m ou
menos, não requerem paradas de descompressão. Com o aumento da profundidade, o
tempo de fundo para mergulhos sem descompressão é decrescido.
5 minutos à 190 pés é o mais profundo mergulho sem parada de descompressão.
Estes mergulhos estão na lista de mergulhos sem descompressão na tabela de
designação do grupo repetitivo para limite de mergulhos sem descompressão, e só
requer que a subida seja feita numa velocidade de 60 pés por minuto (18 m/min).

5.2 Tabelas que requerem paradas descompressivas.


Todos os mergulhos além dos limites da tabela sem descompressão requerem
paradas descompressivas. estes mergulhos são apresentados na tabela standart de
descompressão com ar.

5.3 Definições dos Termos


Termos que são freqüentemente usados em tabelas descompressivas, são
definidos a seguir:
Profundidade: Quando usado para indicar a profundidade do mergulho. Significa sempre
a profundidade máxima atingida pelo mergulhador durante o mergulho, medida em pés
ou metros.
Tempo de Fundo: É o tempo total decorrido desde o início do mergulho, quando se
deixa a superfície até o início da subida quando termina o mergulho, medido em minutos.
Parada p/ Descompressão: É a profundidade específica a qual o mergulhador deverá
permanecer por um tempo específico para eliminar os gases de seus tecidos do corpo.
Mergulhos Simples: Um mergulho realizado após 12 horas de um outro mergulho.
N2 Residual: Gás nitrogênio, que ainda permanece nos tecidos do mergulhador depois
dele ter chegado a superfície.
Intervalo de Superfície: É o tempo o qual o mergulhador permanece na superfície após
um mergulho; começa tão logo ele chega a superfície e termina tão logo ele inicie a
próxima descida.
Mergulho Repetitivo: Qualquer mergulho antes de 12 horas do período de um mergulho
prévio.
Designação do Grupo Repetitivo: É a letra a qual relaciona diretamente o total de N2
residual no corpo do mergulhador para as 1as horas de período após o mergulho.
Tempo de N2 Residual: É um total de tempo, em minuto, o qual precisa ser somado ao
tempo de fundo do mergulho repetitivo para compensar o N2 ainda dissolvido em solução
nos tecidos do mergulho, de um anterior.

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PERFIL DO
MERGULHO

5.4 Instruções de Uso


O tempo da para de descompressão é em minutos. Entrar na tabela com a
profundidade exata ou a próxima maior profundidade alcançada durante o mergulho.
Selecionar o tempo de fundo exato ou o próximo maior do tempo de fundo do
mergulho. A velocidade de subida entre paradas não é crítico entre paradas de 50 (17 m)
ou menos. Comece a tomar os tempos de cada parada na chegada da profundidade de
descompressão e inicie então a subida até a próxima parada quando este tempo
específico terminar. Exemplo: Mergulho de 82 pés por 36 minutos. Para determinar o
procedimento certo de descompressão, a próxima maior profundidade encontrada na
tabela será 90 pés. E o próximo maior tempo de fundo encontrado na tabela será de 40
min. Pare 7 min à 10 pés (3 m), de acordo com a tabela de 90/40.
Variações Na Velocidade De Subida
A subida de todos os mergulhos a velocidade de 60 pés /min.
No caso de impossibilidade de manter a subida na velocidade de 60 pés/min
• Se a demora for a profundidade maior que 50 pés: Aumente o tempo de fundo pela diferença entre o
tempo usado na subida e o tempo que deveria ter sido usado na velocidade de 60 pés/mini. Descomprima
de acordo como novo tempo de fundo.
• Se a demora for a profundidade menor que 50 pés: Aumente o tempo da 1a parada de descompressão
pela diferença entre o tempo usado na subida e o tempo, o qual deveria ter sido usado para velocidade de
60 pés/min
No caso de exceder a velocidade de 60 pés/min
• Se não for necessário para de descompressão: Pare aos 10 pés por um tempo equivalente a sua
subida na velocidade de 60 pés/min.
Se for necessário descompressão: Pare 10 pés mais fundo que a 1a parada e permaneça o tempo
necessário para vir do fundo até a 1a parada na velocidade de 60 pés/min.

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U.S. Navy Standart Air Descompression Table


Profundidade em metros > > > >

3 4,5 6 7,5 9 10,5 12 15 18 21 24 27 30 33 36 39 42


A 60 35 25 20 15 5 5 < < < < TEMPO EM MINUTOS > > > >

B 120 70 50 35 30 15 15 10 10 5 5 5 5
C 210 110 75 55 45 25 25 15 15 10 10 10 7 5 5 5 5
D 300 160 100 75 60 40 30 25 20 15 15 12 10 10 10 8 7
E 225 135 100 75 50 40 30 25 20 20 15 15 13 12 10 10
F 350 180 125 95 60 50 40 30 30 25 20 20 15 15 15
1
G 240 160 120 80 70 50 40 35 30 25 22 20 15
2
H 325 195 145 100 80 60 50 40 35 30 25 25 20 20
3 2 4
I 245 170 120 100 70 55 45 40 30 25 20
3 6 6
J 315 205 140 110 80 60 50 40 30 30 25
7 7 14 10
K 250 160 130 90 70 60 50 40
2 8 10 15
L 310 190 150 100 80 70 60 50 100 LIMITE SEM
7 14 17 18 DESCOMPRESSÃO
M 220 170 140 100 80 70 60
10 14 18 23 25
N 270 200 160 120 90 90 >
TEMPO TOTAL DE FUNDO
21 26 23 23 >
PARADA AOS 3 m

Grupo Repetitivo
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6. AMBIENTE DO MERGULHO
A exploração pessoal de ambientes aquáticos pode ser agradável. Se deseja
permanecer seguro e confortável dentro de novo ambiente, você deve antes ter um
conhecimento geral sobre suas características físicas e biológicas.
Você talvez tenha tido a oportunidade de mergulhar num lago, lagoa, rio ou
oceano. Aproximadamente 75% da superfície da Terra é recoberta por água, e quase
todo mergulhador está próximo a um copo d’água, pequeno ou grande. Cada ambiente
aquático tem suas características próprias. Entender o ambiente aquático pode
esclarecer dúvidas que você possa ter sobre o mergulho em áreas diferentes.
O material apresentado neste capítulo não é de forma alguma suficiente para
prepará-lo para mergulhar em qualquer local sem antes obter instruções no local ou
mergulhar sob supervisão de um mergulhador local experiente. As descrições das
considerações ambientais e das técnicas de mergulho apresentadas aqui, destinam-se a
dar a você um melhor entendimento de como se portar com segurança sob diferentes
condições ambientais.

6.1 BIOLOGIA MARINHA


Observar e estar em contato próximo ás diversas formas de organismos aquáticos
torna o mergulho agradável. Medos pré-consebidos de muitos animais subaquáticos são
justificados. Os animais aquáticos são na maior parte selvagens, mas quase nunca
agressivos. Geralmente é pela falta de cuidado do mergulhador que os ferimentos
acontecem. A maior parte dos animais aquáticos protege seu território, se invadido, e a si
mesmos, se assustados. Os animais aquáticos são criaturas defensivas e não ofensivas.
Como mergulhador você deve respeitar os organismos aquáticos e não temê-los.
Ser capaz de reconhecer animais aquáticos potencialmente perigosos, evitando
ferimentos, e saber como administrar os primeiros socorros adequados em machucados,
são habilidades do mergulhador seguro. As informações seguintes não se destinam a
apresentar a você os animais capazes de causarem machucados. Quando viajar a locais
desconhecidos, consulte mergulhadores, instrutores ou livros referentes à vida marinha
perigosa deste local.

6.2 URTICANTES
Os organismos aquáticos que causam lesões pelo contato, semelhantes a
queimaduras pertencem quase todos (90%) a um grupo de animais conhecido como
celenterados. Estes possuem três subdivisões: hidróides, anêmonas do mar e corais, e
águas-vivas. Algumas espécies vivem como indivíduos isoladamente, como as anêmonas
e água vivas. Outras vivem em colônias, ou seja, vários indivíduos vivendo juntos, como
os corais e caravelas portuguesa.
Esta reunião de animais é muito diversa, com muitos indivíduos diferentes dos
outros membros do grupo. Mas, não importa quão diferente seja sua aparência, os
celenterados são todos caracterizados por terem milhares de nematocistos (células
urticantes) para defesa, na superfície dos tecidos se seus corpos ou tentáculos. Quando
um mergulhador encosta no dispositivo detonador, um tubo oco com uma barbela no
final, este, penetra na pele e injeta veneno na vítima. Se você entrar em contato com os
tentáculos de um celenterado, estará tocando milhares de células com minúsculos
ferrões.
Os sintomas produzidos pelo contato com celenterados variam de acordo com as
espécies, com o local da ferroada, a reação individual e a duração o contato.

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Basicamente, os sintomas aparecem como irritações de pele que podem ir desde


sensações leves de pontadas até dores latejando, ou queimação. Sintomas graves são
raros. Porém, o contato com algumas espécies podem produzir caimbras musculares,
rigidez abdominal, náuseas, vômitos, dificuldade respiratória, paralisia, convulsões,
choques e até mesmo inconsciência.
As técnicas de primeiros socorros para contatos com celenterados são as
seguintes:
1. Aplique amônia diluída, esfregue álcool ou formalina na área atingida, para evitar mais
descargas de nematocistos e neutralizar a s toxinas. se o descrito acima não for
possível utilize água do mar.
2. Limpe cuidadosamente a área para retirar tentáculos residuais com uma toalha, faca,
etc. Nunca use as mãos, pois as células urticantes não desagregadas afetarão a
palma e os dedos.
3. Analgésico tópico - pomada de antiistamina deve ser aplicada na área atingida após
uma lavagem total.
4. Monitore a vitima com reações graves ou choques. Procure um médico caso
desenvolvam -se sintomas sérios.
Os mergulhadores devem evitar
água-viva celenterados desconhecidos e usar roupas
inteiras, luvas e botas para evitar contato
com as células urticantes. Algumas águas-
vivas tem tentáculos extremamente longos e
obélia transparentes que se estendem a uma
distância grande de seu corpo principal.
Mantenha uma distância grande das águas-
vivas. Evite também as águas-vivas levadas
para a praia, pois o animal pode estar morto,
mas as células urticantes vivem muita horas,
mesmo fora d’água.
Os mergulhadores deve ser capazes
de reconhecer vários grupos de celenterados
que causam ferimentos:
Água-viva: são indivíduos únicos,
anêmona
possuem um corpo em forma de sino que os
propulsiona lentamente pela água por
contrações rítmicas. Os tentáculos seguem o corpo que pulsa. Várias espécies são
perigosas, portanto, todas devem ser evitadas. As vespas-do-mar são potencialmente
perigosas, e tem um formato de corpo muito distinto, e apenas quatro tentáculos.
Coral de fogo: embora não seja um coral verdadeiro, o coral de fogo é hidróide
colonial que não possui uma estrutura dura. De cor escura, o coral de fogo é geralmente
de dois tipos - incrustados e chapados. As espécies de incrustadas crescem sobre
pedras e podem cobrir até mesmo as gorgônias. As espécies chapadas crescem para
cima, formando protuberâncias chapadas de várias polegadas de altura. O coral de fogo
chapado geralmente cresce em profundidades de 4 a 6 metros.
Caravela portuguesa: sempre confundida com a água viva, estas colônias de
hidróides que se movimentam livremente, são formadas por milhares de animais. Os
tentáculos são conectados a uma bóia azul-arroxeada, transparente, semelhante à
gelatina. A bóia restringe a colônia a flutuar na superfície, embora os tentáculos possam
se estender embaixo dela por alguns metros. A bóia tem formato de vela e propulsiona a
colônia pelo vento. As células urticantes contém uma toxina perigosa e os sintomas vão

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desde irritações leve até queimaduras, choques e paradas respiratória. As caravelas são
sazonais e geralmente chegam até a costa em grupos, as vezes em centenas.
Hidróides plumoides: alguns hidróides que vivem em colônias possuem uma
estrutura similar a plumagens. Estes hidróides, como o coral de fogo, ficam presos ao
fundo. Eles podem ser encontrados em rochas, corais, e colunas (piers, marinas, etc.).
Podem ter células fortemente urticantes e podem causar irritação grave quando em
contato com a pele. As anêmonas-do-mar são animais também solitários. A maior parte
dos membros desta grupo não possui toxinas poderosas. Porém, evite o contato, a
menos que seja familiarizado com espécies individuais.

6.3 LESÕES
Vários animais aquáticos podem espetar os mergulhadores. Alguns destes podem
injetar venenos através de aparatos pontiagudos.
Coral: A maior parte dos corais duros possui pontas agudas que podem cortar. Os
mergulhadores feridos com coral devem remover os pedaços de coral do corte, lavar a
ferida com água fresca corrente e sabão anti-bacterial, aplicar anti-séptico tópico e
bandagens, se necessário. As feridas de coral tem a fama de causarem coceira, ferindo
lentamente. Se ocorrerem complicações, consulte um médico, pois é comum infecção
secundária. Use roupas, luvas e botas ao mergulhar próximo a corais.
Cracas e mexilhões. embora não pertençam ao mesmo grupo animal, as cracas
adultas e os mexilhões desenvolvem conchas duras com as pontas agudas. Podem ser
encontradas em profundidades rasas ou fundas, presas a pedras, naufrágios e colunas
(piers, marinas, etc.). Como as conchas são pontiagudas, podem ser perigosas
principalmente durante as entradas e saídas. Cortes e arranhões são facilmente obtidos
quando os mergulhadores esbarram neles. Os primeiros socorros para feridas obtidas
por estes animais são os mesmos dos corais.
Ouriços-do-mar. Os membros deste grupo possuem espinhos longos e rígidos no
corpo em forma de globo. As vezes encontrados em grande quantidade, estes animais
cesseis podem ser encontrados em qualquer profundidade. A maior parte dos ouriços
possui espinhos pontiagudos, esguios e extremamente quebradiços, mas alguns
possuem espinhos afiados o suficiente para penetrar luvas e roupas grossas. As feridas
nas mãos, braços e pernas são mais comuns. Os sintomas variam desde dor local até
paralisia. Algumas espécies de ouriços excretam venenos tóxicos. O principal problema é
a extração de espinhos quebrados na pele. Como são quebradiços, é difícil extrair um
espinho inteiro. retire o máximo que conseguir com uma pinça ou agulha esterilizada.
Lave com sabão anti-bacterial e aplique bandagens se necessário. Se ocorrer
complicações, consulte um médico. Evite manusear ouriços que possuem espinhos
agudos e use roupas protetoras ao mergulhar. Muitas espécies de ouriços são noturnas,
portanto tenha cuidado durante atividades de mergulho noturno. O contato acidental com
ouriços do mar geralmente ocorrem em áreas onde o mar é agitado.
Conchas em cone. Um grande grupo de moluscos marinhos conhecido como
cones são encontrados por todos os mares tropicais. Os cones geralmente são
encontrados sobre pedras e corais. Eles possuem um aparato venenoso que consiste
numa “seta” pontiaguda que é ejetada. Um ferimento feito por estas setas permite a
entrada de veneno. Cada concha possui um veneno particular àquela espécie. Algumas
espécies são extremamente perigosas e a toxina pode produzir dormência sobre a ferida,
sensações de queimação, tremor pelo corpo, paralisia, e até coma. O tratamento inclui
lavar a ferida com sabão e água e aplicar sucção no local da ferida com um kit “mordida
de cobra”. Coloque a ferida na água em maior temperatura que a vítima puder suportar
durante 30 min. Isto auxilia a desativar o veneno e a aliviar a dor. Transporte a vítima ao

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hospital mais próximo para cuidado médico imediato. Pegue conchas em cone com
cuidado para evitar tocar na parte mole. Consulte mergulhadores locais ou livros para
identificar as espécies perigosas.
Poliquetas. Muitas espécies de vermes marinhos tem tufos de pelos eriçados nos
lados do corpo segmentado que podem se estender quando os animais são
incomodados. Os pelos pontiagudos são capazes de produzir lesões. Pode-se usar
esparadrapo para remover os pelos da pele da vítima. Aplique álcool para aliviar o
desconforto. Evite pegar estes animais sem usar luvas.
Peixes. Muitos tipos de peixes, arraias e tubarões encontrados por todo o mundo
produzem feridas com nadadeiras modificadas transformadas em espinhos. Peixes
espinhosos de água doce, como bagre, também podem ser perigosos. Alguns tubarões e
peixes possuem nadadeiras pontiagudas e espinhos operculares; arrais possuem barbas
ósseas nas caudas; todos devem ser evitados. Muitos destes animais são habitantes do
fundo do mar, e muito camuflados, sendo difíceis de se ver. o tratamento para todas as
feridas causadas por peixes, tubarões e arraias venenosos devem incluir: aliviar a dor,
combater os efeitos do veneno e choque, e evitar infecção.
Os primeiros socorros incluem retirar cuidadosamente qualquer pedaço de
espinho remanescente e lavar a ferida com água. Mergulhe em água quente ou aplique
compressas. Sucção no local com um kit ”mordida de cobra” pode auxiliar a extração de
uma parte do veneno. Geralmente é necessário cuidado médico para tratamento
adicional. Os sintomas relatados de feridas por espinhos de peixes variam e podem
incluir dor localizada, dormência, náuseas, fraqueza, vermelhidão e inchaço em volta da
ferida, e até inconsciência.
Os mergulhadores devem evitar manusear peixes que se movimentam lentamente
ou sejam camuflados, tubarões e arrais, pois estes animais geralmente possuem
espinhos venenosos. Tenha cuidado ao colocar as mãos em grutas ou em pedras sem
antes procurar peixes camuflados. Durante entradas e saídas em areia, arraste os pés
pela água rasa para evitar feridas por arraia-lixa nos calcanhares e pés. Pergunte a
mergulhadores ou consulte livros atuais sobre peixes perigosos do local, sua aparência, e
onde são geralmente encontrados.

6.4 MORDIDAS
Há poucos organismos aquáticos que podem morder um mergulhador. Muitos
destes animais são curiosos, tímidos ou reclusos, mas geralmente se defendem se
ameaçados, molestados ou provocados.
Moreia. A maior parte das moreias vive entre fendas, em orifícios ou sob corais ou
pedras. Possuem mandíbulas poderosas e muitos dentes pontiagudos capazes de
morder com força. Tenha cuidado ao explorar fendas escuras ou buracos com as mãos.
As moreias raramente atacam, a menos que se sinta sob ataque, portanto, não as
moleste.
Barracuda. Estes peixes naturalmente curioso não são um perigo para os
mergulhadores. Não há registro de ataques sem provocação. Porém, elas mordem
pescadores quando manuseadas e podem ser potencialmente perigosas por causa disso.
Polvos. Os polvos não precisam ser temidos pelos mergulhadores. Eles são
criaturas tímidas, inteligentes e delicadas, com sentidos altamente desenvolvidos,
principalmente a visão. Podem ser encontrados geralmente em fendas e grutas durante o
dia. À noite, movimentam-se em busca de alimento. Todos os polvos possuem uma boca
, em forma de bico, localizada na parte de baixo do corpo, no centro dos braços. Evite
deixar um polvo “passear” em seu braço ou mão, pois podem morder. Use luvas grossas
ao lidar com estas criaturas. As mordidas produzem queimação, vermelhidão e inchaço

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localizado. Limpe a ferida e mergulhe em água quente por 30 min. Uma espécie pequena
na Austrália é venenosa e deve ser evitada.
Cobras aquáticas. Estas são completamente aquáticas e podem ser encontradas
principalmente no Oceano Pacífico tropical. São geralmente, venenosa. A maior parte
das espécies raramente excede 1 m de comprimento. Algumas áreas de água doce
também possuem cobras aquáticas, como a “boca-de-algodão”. Evite pegar ou provocar
estes animais. Se mordido, não faça exercícios, trate como mordida de cobra e busque
cuidados médicos imediatamente.
As raias elétricas (1) são o único de animais marinhos encontrado pelos
mergulhadores que são capazes de produzir corrente elétrica. Estes animais são
encontrados no Oceano Pacífico e
Atlântico. Elas possuem o mesmo formato
de corpo geral que a raia-lixa, mas diferem
porque possuem asas mais grossas e
caudas com nadadeiras modificadas para
natação. Muitas são capazes de produzir
descargas elétricas de 35 a 60 volts. No
corte (2) vê-se o órgão elétrico em uma
asa; a direção da descarga elétrica é
perpendicular à superfície chata da raia.
(3) mostra como as células elétricas estão
dispostas em colunas, oferecendo o
aspecto de uma bateria elétrica de células
múltiplas. Os mergulhadores devem ter
cuidado se estiverem próximo a raias
elétricas e evitar tocá-las.
Mamíferos marinhos. Leões-
marinhos e focas são curiosos por
natureza, mas geralmente não são agressivos. Se for mordido, procure cuidado médico.
A orca, “baleia assassina”, na verdade, não é baleia nem tão pouco assassina. Ela, como
o cachalote e golfinhos fazem parte dos cetáceos que possuem dentes, enquanto que as
baleias verdadeiras são cetáceos sem dentes. Deve-se evitar o mergulho próximo a todo
e qualquer cetáceo, pois comprovadamente, isto pode interferir na sensível ecologia
destes inteligentes animais.
Tubarões. Tubarões, são encontrados em todos os oceanos do mundo. Várias
espécies se aventuram, até mesmo, em rios e lagos de água doce e salobra. Ataques
não provocados de tubarões são mais freqüentes a nadadores ou pessoas que agitam
seus braços ou pernas na superfície, quase nunca a mergulhadores cuidadosos. A
seguir, várias dicas importantes com relação aos tubarões:
• Não mergulhe sozinho;
• Saia da água se alguma espécie perigosa de tubarão for vista ou se você
estiver machucado e sangrando.
• Evite nadar em água de visibilidade restrita, principalmente na superfície.
• Nunca tente agredir ou provocar um tubarão.
• Não entre em pânico ao avistar um tubarão. Se possível, suba devagar e volte
com calmamente para o barco ou para a praia. Se o tubarão vier na sua
direção, fique no fundo com seu companheiro e movimente-se lentamente pela
área.
• Peixes arpoados nuca devem ser carregados durante um mergulho.
• Mantenha braços e pernas dentro do barco.

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• Respeite todas as espécies de tubarões( segundo estatísticas, ataque de


tubarões a mergulhadores é menos de 1%, baixando este número, ainda mais,
em águas brasileiras).
• Em possível contato perigoso, nade com os braços junto ao corpo, e as pernas
uma próxima a outra.

7. MULHER NO MERGULHO
O mergulho é uma atividade normal para qualquer pessoa em condições físicas e
mentais de acordo com os requisitos do mergulho. Uma mulher é tão capaz como um
homem de se tornar certificada a seguir uma carreira de mergulho. A maior parte das
considerações do mergulho são importantes para ambos os sexos. Algumas porém, só
cabem às mulheres.
Esta seção é dedicada basicamente às mulheres, mas os homens podem se
beneficiar com o entendimento das considerações sobre suas companheiras de
mergulho. As principais incluem equipamento, sensibilidade térmica, menstruação, uso
de pílulas anticoncepcionais e gravidez.

Equipamento
Os requisitos básicos que fazem um mergulho seguro e prazeroso são a instrução
rigorosa e competente, bem como aquisição de equipamento adequado. Por muitos anos,
os únicos equipamentos disponíveis eram desenhados para homens. Encontrar um
caimento perfeito era muito rara. As mulheres eram forçadas a fazer alterações, da
melhor maneira possível.
Hoje, as indústrias do mergulho são mais sensíveis às necessidades das
mulheres do que antes. As roupas úmidas sob medida, máscara de baixo volume de ar,
snorkels de fácil respiração, coletes equilibradores adequados, reguladores leves e
nadadeiras potentes e flexíveis são apenas alguns exemplos dos avanços nos
equipamentos desenhados especificamente para mulheres. A maioria destes novos
desenhos tem beneficiado ambos sexos.
Uma boa atitude mental é tão importante quanto treinamento e equipamento.
Enquanto aprende a mergulhar, e mais tarde, ao desfrutar da atividade, mantenha uma
atitude positiva. Faça perguntas, seja voluntária quando necessário, tome parte das
decisões no local do mergulho, e carregue seu equipamento.

Sensibilidade térmica
O controle de temperatura é outra consideração importante. O calor do corpo é
retido com mais facilidade por uma mulher do que por um homem, devido à presença de
mais gordura subcutânea e menos glândulas sudoríparas. A temperatura do corpo de
uma mulher será alguns graus maior que a de um homem antes que se inicie o processo
de resfriamento causado pelo suor. Não é incomum superaquecer-se enquanto se veste
para um mergulho. Devido ao calor excessivo que pode ser perigoso, resfrie-se na água
de vez em quando se sentir muito calor.
As mulheres também podem ficar com frio mais rapidamente do que os
companheiros mergulhadores, devido à maior razão superfície/massa do corpo. Isto é
mais verdadeiro para mulheres magras, com menos de 27% de gordura no corpo. Uma
roupa úmida adequada ou uma roupa seca pode ajudar a aliviar o problema. Se ficar
muito rio, saia da água e aqueça-se.

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Menstruação
Outra consideração é o mergulho durante a menstruação. Não há motivos para
não mergulhar se você se sentir bem. O mito dos ataques de tubarão é infundada. A
retenção de líquidos e a circulação enfraquecida, porém, são fatos. Estas condições
podem aumentar sua suscetibilidade à doença descompressiva. Mergulhe
conservadoramente e diminua o tempo de fundo mais do que o recomendado pelas
tabelas da Marinha Americana.

Anticoncepcionais
Embora o método de controle seja uma decisão pessoal, você deve estar alerta
para algumas considerações relacionadas ao mergulho. Infelizmente, há uma falta geral
de informação adequada e confiável sobre o uso de contraceptivos com relação ao
mergulho. Qualquer método que enfraqueça a circulação ou cause formação de coágulos
no sangue pode aumentar a suscetibilidade à doenças descompressiva. Mais uma vez, o
conselho é mergulhar conservadoramente e evitar mergulhos descompressivos. Se você
está pretendendo engravidar, ou suspeita que está grávida não mergulhe. A Undersea
Medical Society faz esta recomendação devido aos possíveis efeitos maléficos ao feto
durante seus primeiros estágios de desenvolvimento.

Gravidez
A principal consideração para mulheres é o mergulho durante a gravidez. Há
muita pesquisa ainda por ser feita e não há informações documentadas e confiáveis para
se fazer conclusões finais. A maior parte das pesquisas tem sido feita com animais. Os
resultados tem variado e são um tanto conflitantes. um exemplo são os primeiros
experimentos com ratos e cães, onde se descobriu que o feto era mais resistente à
doença descompressiva do que a mãe. Mas pesquisas com cabras e ovelhas (cuja
placenta se parece mais com a humana) mostraram uma incidência maior de bolhas de
N2 no sangue do feto. Há alguma controvérsia sobre os resultados terem sido causados
por manipulação cirúrgica. Os efeitos conhecidos e suspeitos de mergulhar durante a
gravidez são vários. O inchaço maior e a sensibilidade das membranas mucosas em
algumas mulheres causa dificuldade ao tentar equalizar a pressão nos ouvidos. Algumas
podem experimentar náuseas e vômitos, uma condição potencialmente perigosa para
qualquer mergulhador. Uma mulher grávida pode ser mais suscetível à doença
descompressiva por dois motivos: edema nos tecidos (retenção de líquidos) que pode
afetar a capacidade de liberar o N2 do sistema da mãe; e maior quantidade de gordura no
corpo. Como o N2 é mais solúvel em gordura, não pode ser eliminado tão rápido quanto
seria normalmente com o uso das tabelas de descompressão.
O feto é suscetível à doença descompressiva porque tem um sistema circulatório
diferente da mãe. Diferentemente da mãe, o sangue do feto não passa pelos pulmões,
que auxiliam a filtrar algumas bolhas de N2 maléficas. Em vez disso, estas bolhas viajam
mais diretamente ao cérebro, coração e outros órgãos, onde podem causar problemas
sérios.
Uma mulher grávida que mergulha está expondo seu filho a uma pressão parcial
de O2 maior, que pode causar defeitos. As mulheres grávidas devem mergulhar
conservadoramente o suficiente para evitar tratamento em câmara hiperbárica, já que o
O2 puro usado no tratamento causa defeitos congênitos nos bebês.
Outra consideração com relação à mergulhadora grávida é a reação adversa
possível a picadas e mordidas de animais marinhos. Reações graves ocorrem e, embora
não esteja provocado, o feto pode sofrer efeitos maléficos.

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Especialistas em mergulho não chegaram a uma conclusão unânime sobre se a


mulher deve mergulhar durante a gravidez. Uma recomendação conservadora da
Undersea Medical Society é parar completamente de mergulhar.

8. TÉCNICAS DE MERGULHO

8.1 NATAÇÃO / MERGULHO


O elemento motor do bater de pernas é a coxa, que sozinha, trabalha com força, e
sua potência é suavemente transmitida à nadadeira: elemento propulsor, por intermédio
das articulações do joelho, tornozelo e do pé.
O movimento do bater das pernas, diferente do crawl “pernas duras”, deve ser
ondulatório desde a coxa até os pés, com ligeira flexão do joelho ao descer, esticando a
perna ao máximo ao subir. A ponta dos pés deverá ser esticada ao máximo no
movimento ascendente, dobrando naturalmente para dentro no movimento descendente.

Relaxado, o corpo submerso, braços Evite: levantar as nadadeiras, bater as pernas


ao longo do corpo. com força, ajudar-se com os braços.

A batida de pernas do crawl, com as


Pedale suavemente.
“pernas duras”, não convém.

Sem esforço aparente, é perfeito.


Para mergulhar, inspire e prenda a respiração, dobre o corpo formando um angulo
reto com a superfície (baixando bem a cabeça) e eleve as pernas na vertical deixando o
próprio peso do corpo afundar (não bata as pernas até estar totalmente imerso). Após
total imersão, bater as pernas lentamente, efetuando a compensação quando necessário.

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8.2 RESPIRAÇÃO
Quando na superfície, seja no
mergulho livre ou autônomo, o instrumento
que o mergulhador possui para sua
respiração é o “snorkel”, que deverá estar
fixado por fora da cinta da máscara, de
preferência pelo lado esquerdo, a fim de
evitar confusão com o regulador (lado
direito). Para esgotar a água do respirador
existem duas maneiras diferentes. O
método mais comum é soprar com força e
rapidamente. Este método é chamado
“explosão”, porque força a água para cima e
para fora do tubo rapidamente. Depois de
desalaga-lo, a respiração deve ser lenta e
rasa para evitar que respire a água que
pode ter ficado no tubo.
O método de desalagamento por
deslocamento pode ser utilizado ao retornar
à superfície. Quando descer, olhe para cima
em direção à superfície. isto aponta o
snorkel para baixo. Quando você se
aproximar da superfície, expire levemente o
snorkel. O ar expande naturalmente e
desalaga. Este método é mais fácil do que
soprar, mas ‘só funciona na subida.

8.3 DESALAGAR MÁSCARA / EQUALIZAR PRESSÃO


Saber desalagar a máscara - remover toda a água da máscara e substituir por ar
embaixo d’água - é uma habilidade fácil, mesmo quando ela está completamente
alagada. Apertando a parte de cima da máscara contra a testa, e expirando rapidamente
pelo nariz, cria-se uma pressão dentro da máscara maior que a de fora. Isto força o ar e a
água para fora pela parte de baixo, ou por uma válvula de purga. O ar expirado substitui a
água que sai de dentro da máscara.
A media que se desce, deve-se equalizar a pressão dentro da máscara, soprando
ar pelo nariz delicadamente; se não o fizermos, quando a pressão da água aumentar,
apertará a máscara contra o rosto, podendo vir a causar um barotrauma.

8.4 RECUPERAÇÃO DO REGULADOR


Durante um mergulho podemos deparar com a situação de termos soltado o regulador da
boca, por algum motivo, sendo necessário recuperá-lo de imediato. A técnica de
recuperação poderá ser efetuada de duas formas:
Lateral: com o braço direito esticado e próximo ao corpo, movendo-o para trás, e
ao mesmo tempo damos uma leve inclinação com o tronco para a direita. Quando o
braço chegar no curso final voltamos o corpo a posição inicial, e ao mesmo tempo
fazemos um semicírculo com o braço a fim de redirecionar o regulador à boca.
Frontal (flexão): movimentar o corpo à frente baixando a cabeça, sem permitir
que a mesma choque-se com o chão, e com a mão direita sobre o ombro direito pegar a
mangueira do regulador e redireciona-lo para a boca.

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8.5 RESPIRAÇÃO A DOIS


A respiração a dois é um procedimento no qual dois mergulhadores dividem um
mesmo suprimento de ar, em situações de emergência quando obstruções (como
cavernas e naufrágios) se interpõe entre o mergulhador e a superfície.
Este tipo de respiração tem início quando o mergulhador que necessita de ar ( o
receptor) avisa, utilizando os sinais adequados, ao mergulhador que tem ar (o doador)
que necessita de ajuda.
O controle do ritmo respiratório (duas inspirações) e a velocidade de subida deve
ser controlado pelo doador. Os dois devem estar posicionados frontalmente, com o
doador deslocado um pouco a direita para facilitar a troca do bocal sem dobrar a
mangueira. Devem se segurar nas tiras do equipamento. A subida deverá ser iniciada,
assim que a respiração estabelecer um rítmico. Evitar a flutuabilidade negativa e a
positiva, controlando estas pelo colete.
A respiração a dois utilizando regulador com octopus é, obviamente, muito mais
fácil. Assim que o receptor passa a utilizar o octopus os dois mergulhadores podem fazer
uma subida simples e segura.

8.6 TIPOS DE ENTRADAS NA ÁGUA


As técnicas de entrada devem levar em
consideração os seguintes fatores: altura do barco, força
do mar, profundidade local e tipo de equipamento utilizado.
As entradas mais comuns são:
Queda dorsal: utilizada em pequenos barcos, onde não é
possível levantar-se ou quando o mar, muito agitado, dificulta o
equilíbrio em pé com o equipamento (recomendável para barcos
com altura do costado não superior à 1,5m). Sentado o mais
possível na borda da embarcação, com as pernas para dentro,
verifique se não há ninguém no ponto de queda; firme a garrafa,
forçando-a para baixo através do colete, flexione o pescoço na
direção do peito (previne choque da nuca com 1o estágio), segure a máscara / regulador e
impulsione levemente o corpo para trás, mantendo as pernas num ângulo de 90o com o corpo até
atingir a água. Após imersão deixar o corpo voltar a posição normal pela flutuabilidade do colete.
Os problemas nesta técnica são: não ver o ponto no mar onde a entrada ocorrerá, o perigo da
nuca bater no 1o estágio e o fato de se ficar de cabeça para baixo no primeiro momento submerso.

Salto Vertical (passo do Gigante): recomendado quando a borda do barco for maior que
1,5 m. Possui as vantagens de atingir a água com os pés e monitorar o ponto de contato com a
superfície. Em pé na borda do barco, segurando a máscara/regulador e garrafa, afasta-se da
embarcação com um passo largo. Se a altura for maior que 2 m, procurar unir as pernas
esticando-as no ar, de modo que as nadadeira atinjam a água unidas. Isto possibilitará melhor
postura e entrada mais suave. O problema desta técnica é o esforço necessário para firma-se em
pé com o equipamento, pois, com o balanço da embarcação, há risco de desequilíbrio e queda.

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Entrada Silenciosa: utilizada


em barcos que possuam plataforma de
popa no nível da superfície. Sentado
nela, já todo equipado e com as pernas
dentro d’água, gire o corpo para um dos
lados, apoiando as mãos na plataforma,
o que provocará sua rotação; neste
momento, basta escorregar suavemente
para água, flexionando os braços. Com
o corpo deixando a superfície, segure a
máscara e o regulador com uma das
mãos, e com a outra, afaste seu corpo
da plataforma. Nesta técnica, o
equipamento e o mergulhador não
sofrem impacto contra água e muito
pouco barulho é produzido, o único
cuidado deve ser no sentido de não
bater o rosto na plataforma quando se
executa a manobra.
Entrada Frontal: Sentado o mais possível na borda da embarcação, com as pernas para
fora, verifique se não há ninguém no ponto de queda; direção do peito (previne choque da nuca
com 1o estágio), segure a máscara / regulador e impulsione o corpo para frente. Após imersão
deixar o corpo voltar a posição normal pela flutuabilidade do colete.
Entrada Lateral: mesmo procedimento que o frontal, com a diferença de uma leve torção
no corpo para o lado direito antes do impulso.
Entrada Leve: se possuir um colete tipo jacket poderá entrar na água só com o
equipamento básico. O
cilindro será entregue, por
alguém a bordo, e nele já
estarão instalados o BC (
ligeiramente inflado) os
reguladores (1o e 2o
estágios) e o manômetro. Na
água abra as fivelas do
colete. Cruzando os braços
na frente do corpo, coloque
as mãos, até os pulsos, pelo
interior das alças do colete, puxando-o para as costas enquanto um dos braços passa sobre a
cabeça; em seguida abasta ajustar as presilhas. A colocação nas costas, tanto pelo método
supra-referido, como colocando um braço de cada vez, é fácil, devido à conformação do
dispositivo jackete. Esta técnica deve ser evitada quando o mar estiver agitado, a água muito fria
ou houver correnteza.

8.7 SUBIDAS DE EMERGÊNCIA

8.7.1 Sem regulador


Uma subida de emergência é uma das opções disponíveis ao mergulhador se o ar
acabar embaixo d’água, e basicamente o companheiro não estiver perto para fornecer o
ar. O exercício é muito interessante, pois você começa com ar nos pulmões, expira
durante todo o caminho e quando chega na superfície ainda tem ar. Isto se deve a
expansão do ar causada pela queda de pressão durante a subida (Lei Boyle). O único

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risco potencial é uma expansão do pulmão, mas isto pode ser facilmente evitado não
prendendo a respiração.
Para praticar uma subida de emergência, simplesmente nade para cima com todo
o equipamento no lugar, deixando o ar sair dos seus pulmões constantemente durante a
subida. Em vez de soprar, o que é difícil de controlar, faça um som contínuo “ahh”
durante a subida. Isto permite que sai ar suficiente dos pulmões, sem expirar muito. O
objetivo é manter um volume neutro nos pulmões.
As subidas de emergência são basicamente praticadas nadando-se
horizontalmente e fazendo um som contínuo para expirar. Você tem ar suficiente nos
pulmões para nadar um longo caminho enquanto expira continuamente, mas 15 metros é
o suficiente para um treinamento. Depois de expirar continuamente por 15 m nadando
horizontalmente, será fácil fazer uma subida de emergência vertical por uma distância
curta, onde há expansão do ar.
Talvez o maior valor deste treinamento seja o desenvolvimento da confiança.
Quando você perceber que não há motivo para pânico mesmo se o pior acontecer (o que
é raro), você irá relaxar, e será um mergulhador experiente.

8.7.2 Sem o lastro


Soltar o cinto de lastro mergulhando é um fato raro, mas poderá vir à acontecer.
Neste momento ficaremos positivos, e a tendência será uma subida rápida para a
superfície. Para evita-la, devemos posicionar o corpo horizontalmente e abrir os braços
para aumentar a resistência durante a subida, diminuindo assim a velocidade; esta
posição é conhecida com subida tipo Pára-quedista. A velocidade de subida também
poderá ser reduzida com o auxílio do dupla, o qual segura o companheiro (na posição de
Pára-quedista) pela gola do colete.

8.8 MONTAGEM / DESMONTAGEM DO EQUIPAMENTO AUTÔNOMO

8.8.1 MONTAGEM
• Com o cilindro seguro pelas pernas, checar o “O” ring (anel de vedação em forma de
“O”) na torneira e se existe qualquer vazamento.
• Instalar o colete do mesmo lado que a saída de ar da torneira (para que o 1o estágio
fique protegido). O colete deverá ficar na mesma altura que a torneira (utilizar a palma
da mão como referência)
• Instalar o regulador posicionando o 1O estágio na torneira, atentando para que o 2o
estágio fique pelo lado direito.
• Instalar a mangueira de inflar o colete.
• Abrir totalmente a torneira, tomando o cuidado de posicionar o manômetro com o visor
para baixo e fora do alcance do companheiro, pois, caso o vidro deste venha a partir
(devido a alta pressão) não irá atingi-los. Quando a torneira atingir todo o seu curso
aberta, voltar 1 a 1,5 volta para evitar que esta emperre durante o fechamento.
• Checar a pressão de ar do cilindro pelo manômetro e inflar levemente o colete.
• Verificar todo o equipamento para detecção de possíveis vazamentos.

8.8.2 DESMONTAGEM
• Fechar a torneira do cilindro
• Despressurizar o ar que ficou nas mangueiras, através da válvula de purga do 20
estágio, checando a indicação no manômetro (deve ser zero).

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• Desengatar a mangueira do colete e remover o 10 estágio da torneira. Após ter


liberado este da torneira, efetuar uma rápida limpeza com o ar do cilindro antes de
instalar o protetor do filtro do 1o estágio.
• Remover o colete, posicionar o cilindro na horizontal, e purgar o colete, a fim de
remover a água do seu interior.

8.9 PREPARAÇÃO PARA ENTRADA N’ÁGUA


• Checar todos os equipamentos a serem utilizados.
• Vestir a roupa; utilizar sacos plásticos nos pés e mãos facilita o deslizamento do
neoprene.
• Colocar o cinto de lastro, de pé, com leve inclinação do corpo para frente.
• Calçar as nadadeiras e a posicionar a máscara no rosto.
• Equipe-se com o equipamento autônomo montado e colete levemente inflado.
• Pouco antes de entrar na água, observe a posição da corrente marinha, trafego de
barcos no seu trajeto pela superfície e a presença de redes de pesca - elas podem ser
detectadas na superfície por bóia que seguram sua extremidades.
• Quando obtiver o OK da tripulação, você poderá entrar na água; a técnica escolhida
será em função do tipo do barco, no entanto alguns cuidados servem a todas as
técnicas:
Antes de entrar na água, verificar se todos os equipamentos estão em ordem:
presilhas de máscaras e nadadeiras, fivelas, funcionamento do regulador, etc.
Verifique se não há equipamentos presos no barco, ou obstáculos entre você e
a água.
Escolha sempre o método de entrada seguro, prevenido-se contra tombos no
convés que poderia ter conseqüências graves. O supervisor de mergulho
poderá informar-lhe o melhor meio de entrar na água, considerando o barco
utilizado.
Caia na água sempre com ar suficiente no colete, para traze-lo de volta à tona;
um colete muito cheio poderá até rasgar com o empuxo da água no impacto do
mergulhador com a superfície. Lembre-se de fazer o sinal de OK na superfície,
caso esteja tudo bem, e substituir o regulador pelo snorkel.
Lembre-se sempre de segurar a máscara/regulador e garrafa para evitar
deslocamento do material no impacto com a superfície; a entrada deve ser
sempre com o regulador na boca, garantindo suprimento de ar até retorno à
superfície.
Espere para entrar na água até seu companheiro estar pronto; evite ficar
parado no local de entrada do mergulho, impedindo que outros mergulhadores,
já prontos, possam iniciar o mergulho.
Na superfície, antes do mergulho, verifique todo o equipamento para certificar-
se de que tudo continua perfeito. Observe também o equipamento de seu
parceiro, procurando possíveis vazamentos de ar ou outros problemas.
Na superfície, se desejar retirar a máscara, evite coloca-la na testa, pois além
de deforma-la poderá vir a perde-la com o choque de uma onda. A maneira
correta é coloca-la no pescoço.
Equipamentos frágeis como lanternas e material fotográfico devem ser
passados do companheiro a bordo para quem já está no mar, evitando o
choque deles contra a água.

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8.10 SINAIS
Sob a superfície, a comunicação pela voz é quase impossível, exceto com o uso de
sistemas eletrônicos elaborados, que são muito caros para o mergulhador amador. São
usados métodos mais primitivos, como sinais de mão, escrever em placas ou fazer
barulho para atrair a atenção. Para se comunicar, você primeiro precisa atrair a atenção
dos outros mergulhadores, para isso poderá toca-los ou bater no cilindro com a faca ou
outro objeto. Os sinais padrão estão ilustrados a seguir. Encontram-se vários tipos de
placas nas lojas de mergulho.

Espere, fique aí Algo errado OK ? - OK OK ? - OK


(com luvas)

Socorro de superfície OK ? - OK OK ? - OK
(na superfície) (com mão ocupada)

Perigo Subir Descer

Estou sem ar,


Estou com pouco ar, dê-me ar. Vamos trocar ar
entrei na reserva

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Venha aqui Eu, ou Observe-me Embaixo, aqui


(junte-se)

Nivelar nesta profundidade Siga nesta direção Que direção ?

Calma, fique tranqüilo


Não consigo compensar os ouvidos
Estou com frio

Junte-se ao seu companheiro Você guia eu sigo


Dar as mãos

8.11 Adaptações Básica para o Aluno Portador de Deficiência Física e/ou


Visual

Cinto: Todos os alunos portadores de deficiências físicas que tenham atrofias da


musculatura de quadril e membros inferiores, associado ou não a perda de sensibilidade,
deverão colocar o cinto de lastro em decúbito dorsal, ajustar o cinto perfeitamente na
cintura e fechar a fivela com cuidado redobrado. As pedras deverão se colocadas de
forma a auxiliarem o posicionamento ideal na água e, por este motivo, poderão estar
mais lateralizadas ou centralizadas no sentido da concentração do lastro. Poderão estar
assimétricas ou simétricas para atender às necessidades individuais de cada aluno. Em
geral, nas paralisias de membros inferiores, trabalhamos com concentração de lastro
anterior e, nas amputações unilaterais de membros inferiores ou escolioses acentuadas
em função de uma pólio que cause seqüelas de tronco e membros, com uma
concentração de lastro maior do lado oposto.
Cilindro: Pela sua negatividade, os cilindros de aço dificultam a flutuabilidade de
mergulhadores portadores de deficiências físicas com seqüelas motoras de membros
inferiores ou superiores. estes cilindros “puxam” para trás, tendendo a verticalizar e
horizontalizar posteriormente em decúbito dorsal o mergulhador. Os de 80 pés cúbicos

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auxiliam o posicionamento sentado na superfície, em função de sua altura,


principalmente a mergulhadores que não possuem equilíbrio de tronco.
Colchonetes/Almofadas: na praia, piscina ou embarcação, devem ser utilizados
para o conforto do aluno que necessite deitar no chão para se equipar ou desequipar,
como também permanecer fora de sua cadeira de rodas durante a atividade. Além do
conforto, previne o aparecimento de escaras para os portadores de seqüelas por lesão
medular.
Faixas: Para os mergulhadores portadores de deficiência física dos membros
inferiores, que necessitam utilizar faixas nas pernas ou coxas, visando aproximar ou
estender os membros, aconselha-se faixas de velcro, para facilitar o ajuste e não
comprometer a circulação.
Balde: O superaquecimento em conseqüência de longas exposições ao calor,
pode prejudicar os mergulhadores portadores de deficiências físicas por lesões
medulares. Durante a navegação ou na praia, os mergulhadores devem se molhar e
preservar a temperatura normal do corpo.
Entradas: As entradas poderão ser em pé ou sentadas, com rolamentos laterais,
frontais ou dorsais. Todos os mergulhadores que não utilizam entradas com passo de
gigante deverão escolher a forma de entrar de acordo com sua individualidade. Os
mergulhadores com fragilidade óssea não devem realizar quedas bruscas para evitarem
fraturas. A musculatura atrofiada também pode facilitar deslocamentos articulares.
Deslocamento/ Transporte: Os mergulhadores que necessitam de auxílio para
os deslocamentos na água devem estabelecer com o dupla Guia uma perfeita
comunicação e harmonia de movimentos. O dupla deve ser uma extensão do
mergulhador e o transporte executado de forma que nenhuma parte do corpo do
mergulhador fique vulnerável, arrastando-se ou chocando-se com o fundo. O dupla Guia
deve ter domínio total do equilíbrio hidrostático par a garantir a segurança e conforto do
mergulhador transportado. Os duplas de mergulhadores que usem os membros
superiores para o deslocamento devem manter uma distância para evitar acidentes (2 m
aproximadamente).
Sinais
Deve ser criado ou adaptado com o aluno portador de deficiência física que tenha
comprometimento ou ausência dos membros superiores, sinais que facilitem ou permitam
uma comunicação.
Toda a comunicação subaquática realizada com mergulhadores portadores de
deficiências visuais deve ser precedida quando necessário de pelo sinal pare (indicação
de que o dupla deseja comunicar-se. Exemplo: pare + retirar a máscara; perigo (sem
sinal prévio).
Habilidades com o equipamento devem ser indicadas por toque no equipamento
(com ou sem o contato na mão do aluno). .As habilidades podem ser aprendidas de
forma ativa (representação do movimento executado no corpo do aluno), passiva (aluno
acompanha o movimento tocando o corpo do Instrutor ou Assistente) ou mista
(associação de passiva e ativa).

9. MEDIDAS

COMPRIMENTO , PROFUNDIDADE PRESSÃO


1 Metro ( 1 m ) = 100 cm = 3,3 Pés ( Ft ) 1 Atmosfera (ATM ) = 1,033 Kgf/cm2 = 14,7 Psi = 1,03
1 Quilometro ( Km ) =1000 m Bar = 760 mm Hg
1 Milha Marítima (nm)=1,852 Km

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1 Ft ( pé ) = 30,49 cm = 12 Polegadas (In) VELOCIDADE


1 Milha Terrestre ( mi ) = 1,609 km 1 Nó = 1 Milha por hora ( nm/ h ) = 1,85 Km pôr hora
TEMPERATURA
VOLUME Graus Celcius ( 0 C ) = Graus Kelvin ( K ) - 273
1 Metro Cúbico ( m3 ) = 1000 Litros ( l ) Graus Celcius = 5,9 x [Graus Fahrenheit ( 0 F ) - 32]
1 Decímetro Cúbico ( dm3 ) = 1 Litro
1 Galão ( Gal ) = 4,55 Litros PRESSÕES MAIS USUAIS DE
1 Pé Cúbico ( Ft3 ) = 28,317 litros CARREGAMENTO ( CILINDROS )
1 Polegada Cúbica ( In3 )=16,38 cm3 2250 Libras = 150 Atm.
3000 Libras = 200 Atm.

BIBLIOGRAFIA

I. AMARANTE, A., Guia multimídia de mergulho autônomo, Scuba ware (PDIC), Rio de
Janeiro, 1995.
II. BARNES, R.D., Zoologia do invertebrados. Ed. Roca, 4ª Ed., São Paulo, 1984.
III. CARVALHO, M., Manual de mergulho - Técnicas avançadas, PDIC, Rio de Janeiro,
1995.
IV. CATÁLOGO DE PRODUTOS, Mares - 1995.
V. MOREIRA, C.A.B., Apostila sobre compêndio de mergulho. CBPS/CMAS, 1996.
VI. ORR, R.T., Biologia dos vertebrados, Ed. Roca, 5ª Ed., São Paulo, 1986.
VII.REVISTAS MERGULHAR, SUB E SCUBA (Vários números).
VIII.SILVEIRA, L.T., ARAGÃO, F., Apostila curso básico de mergulho.
IX. SODRÉ, L. Apostila sobre o curso de especialização de instrutor para mergulho
adaptado. SBMA, Rio de Janeiro, 1996.
X. WERNECK, M., Manual de mergulho - Open water. PDIC, Rio de Janeiro, 1995.

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