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Natação: origem,

história e evolução
Salime Donida Chedid Lisboa

OBJETIVOS DE APRENDIZAGEM

>> Explicar o percurso histórico e evolutivo da natação no mundo.


>> Descrever a origem da natação como modalidade esportiva no Brasil.
>> Analisar as regras gerais da natação e sua evolução.

Introdução
Desde os primórdios, o ser humano, um ser terrestre, lutou nesse meio para
sobreviver e, mais tarde, prosperar. Em alguns momentos, porém, adaptações a
diferentes meios foram necessárias para garantir a subsistência e o progresso da
humanidade. É o caso do meio aquático, ao qual o ser humano teve de se adaptar
visando à busca de alimento e que, posteriormente, serviu de caminho para a
expansão comercial, sobretudo no período das Grandes Navegações. Assim, com
o passar do tempo e o aumento da necessidade de locomoção por meio aquático,
a criação e a especialização de técnicas que garantissem uma travessia eficiente e
segura foram necessárias, demanda que culminou com o surgimento da natação e,
milênios depois, com sua transformação em esporte e em competição organizada.
O termo natação consiste, assim, no ato de movimentar o corpo n’água em
propulsão, combinando movimento de braços e de pernas com flutuação e equilí-
brio (SWIMMING, [2019?]). Trata-se, portanto, de uma atividade física que se baseia
na capacidade de o indivíduo se locomover no meio aquático. É considerada uma
das atividades físicas mais antigas da civilização, sendo registrada há milênios,
como veremos a seguir (NADAR, 2004).
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Neste capítulo, vamos traçar o percurso histórico da natação desde a pré-


-história até hoje. Também vamos explicar como o esporte se iniciou em nosso
País e evoluiu em regras e competições.

Conceito e história da natação


Embora a água seja um recurso essencial para a existência humana, o meio
aquático não é nosso meio natural, de forma que muitas pessoas acabam
entrando em pânico quando se encontram totalmente imersas. Instintiva-
mente, a maioria das pessoas não treinadas começam a bater os braços e as
pernas de forma descoordenada dentro d’água, na busca desesperada por
continuar respirando. Dessa forma, vê-se que movimentos de braços e de
pernas constituem um importante método para se manter vivo nesse meio
não natural, sustentando a aprendizagem adaptativa do homem em água.
Segundo Catteau e Garoff (1988), com a evolução e a especialização dessa
aprendizagem, a natação acabou por se um esporte importantíssimo para
a sobrevivência do ser humano no meio aquático e, mais tarde, um esporte
formal e competitivo.
Vemos, portanto, que o surgimento da natação está enraizado na neces-
sidade humana de sobreviver no meio aquático. É notável, assim, a relação
da natação com a evolução do homem, visto que o domínio da locomoção
em água se tornou uma ferramenta extremamente importante para a sobre-
vivência da espécie, fosse para a busca de alimentos ou para sobreviver a
algum perigo eminente. Ainda, por poder adaptativo ao meio, o homem deu
origem a habitações lacustres.
É impossível, porém, estabelecer uma data precisa do surgimento do
ato de nadar. O que se sabe é que houve circunstâncias voluntárias (como
encurtar caminhos, pescar, etc.) e involuntárias (fugir de animais, salvar-se em
emergências, etc.) que levaram o ser humano a se aventurar no meio aquático.
Portanto, inspirado no movimento de alguns animais aquáticos, mas utilizando
movimentos possíveis de serem realizados conforme as limitações do corpo
humano, o homem ganhou as águas (CATTEAU; GAROFF, 1988).
À medida que o homem deixou de ser nômade e iniciou agrupamentos
permanentes, a natação seguiu sua evolução histórica, passando de somente
uma maneira de sobrevivência para atuar em benefício de atividades como
navegações e guerras (tanto navais quanto terrestres), auxiliando combatentes
em travessias aquáticas. Assim, o deslocamento em meio aquático seguiu sua
evolução tanto para ataques quanto para defesas aquáticos, com retiradas
de feridos nas águas (JARDÍ, 1996).
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Após a Era Glacial, com o recuo das geleiras que escondiam boa parte da
terra, foram observados os primeiros rios, lagos e mares. Assim, o primeiro
registro (e mais antigo) do que poderia ser chamado de natação foram os
nadadores pré-históricos observados em desenhos nas rochas de Wadi Sora,
no platô Gilf Kebir, no Egito, que remontam há mais de 8.000 anos (Figura 1)
(KRUG; MAGRI, 2012).

Figura 1. Pinturas nas cavernas em Wadi Sora: primeiras evidências arqueológicas do ato de
nadar de que se tem registro.
Fonte: Bradshaw Foundation ([20--?], documento on-line).

Para o povo egípcio, que floresceu à beira do Rio Nilo, a água, de fato, era
uma segunda casa. Gravuras e hieróglifos do império egípcio mostravam pes-
soas nadando no Rio Nilo, utilizando nados como forma de ataque (Figura 2).
Na Grécia e em Roma, a natação fazia parte do treinamento marcial e, junto
com o alfabeto, também fazia parte da educação elementar masculina, sendo,
ainda, reconhecida como uma forma de definir harmoniosamente a muscu-
latura (SAAVEDRA; ESCALANTE; RODRÍGUEZ, 2003).

Figura 2. Técnica de lutas e retiradas de feridos do meio aquático.


Fonte: Adaptada de Sobrinho (1975).
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Em Roma, a natação era considerada um requinte da sociedade. O


indivíduo que sabia nadar era considerado culto. Platão, inclusive,
afirmava que indivíduos que não sabiam nadar não poderiam ser educados
(SAAVEDRA; ESCALANTE; RODRÍGUEZ, 2003).

No Oriente, a natação remonta, pelo menos, ao século I a.C., havendo


algumas evidências de corridas de natação no Japão. Por volta do século
XVII, um decreto imperial tornou o ensino da natação obrigatório nas escolas.
Eventos de natação organizados foram realizados no século XIX, antes de o
Japão ser aberto ao mundo ocidental (KRUG; MAGRI, 2012).
Entre os povos marítimos pré-letrados do Pacífico, a natação era ensinada
às crianças quando davam seus primeiros passos, ou, até mesmo, antes. Entre
os gregos antigos, há notas de corridas ocasionais, e um famoso boxeador
que nadava como parte de seu treinamento. Os romanos construíram piscinas,
distintas de seus tradicionais banhos. Ainda, há relatos de que, no século I a.C.,
o romano Gaius Mecenas construiu a primeira piscina aquecida (KRUG; MAGRI,
2012).
A falta de natação na Europa durante a Idade Média é explicada, por
alguns historiadores, como tendo sido causada pelo medo de que o esporte
propagasse infecções e causasse epidemias. Existem algumas evidências
de natação em resorts litorâneos da Grã-Bretanha no final do século XVII,
utilizada como apoio à imersão terapêutica. Apenas no século XIX, porém,
a popularidade da natação como recreação e esporte começou para valer
(KRUG; MAGRI, 2012).
O primeiro campeonato de natação foi uma corrida de 400 metros reali-
zada na Austrália, em 1846, e anualmente a partir de então. O Metropolitan
Swimming Clubs of London, fundado em 1869, acabou se tornando a Associa-
ção de Natação Amadora, o órgão regulador da natação amadora britânica.
Federações nacionais de natação foram formadas em vários países europeus
de 1882 a 1889. Nos Estados Unidos, a natação foi organizada pela primeira
vez nacionalmente como um esporte pela Associação Atlética Amadora (AAU)
quando de sua fundação, em 1888 (KRUG; MAGRI, 2012).
Desde então, a natação se consolidou como um dos esportes mais im-
portantes, estando presente desde a primeira edição dos Jogos Olímpicos
(1896), na cidade de Atenas. Doze anos depois, durante os Jogos Olímpicos
de Londres, foi fundada a Federação Internacional da Natação (FINA), que,
atualmente, também regulamenta as demais modalidades aquáticas (KRUG;
MAGRI, 2012).
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Evolutivamente, a modalidade se adaptou, passando somente de movimen-


tos de braços e de pernas para nados sistematizados. O primeiro manual de
que se tem registro data de 1538 e foi escrito pelo suíço Nikolaus Wynmann:
O nadador ou um diálogo acerca da arte de nadar (escrito em latim e logo
traduzido para o alemão sob o título Der Schwimmer oder ein Zwiegespräch
über die Schwimmkunst). Já na época, Nikolaus afirmava que homem precisa
de um mestre para aprender a nadar, primeiro em terra, por meio de movi-
mentos simulados, depois na água. Porém, nessa época, ainda não se falava
em tipos de nados ou em regras (KRUG; MAGRI, 2012).
Os quatro nados conhecidos atualmente foram criados em tempos diferen-
tes e por pessoas diferentes. O primeiro criado foi o nado peito, desenvolvido
pelo francês M. Theneval, no ano de 1696, com movimentos semelhantes aos
utilizados atualmente. Em seguida, em 1794, o italiano Bernardi criou o nado
costas, que, diferentemente de hoje, utilizava giros simultâneos dos braços
para trás. Após 79 anos, o inglês John Trudgen criou o nado livre, ou crawl,
aprimorado anos depois pelo australiano Richard Cavill. O último nado criado
foi o borboleta, em 1933, advindo do nado peito, por Henry Myers, embora
haja controvérsias sobre essa autoria (KRUG; MAGRI, 2012).

Ao longo dos anos, ocorreram diversas modificações na regras da


natação. Atualmente, as piscinas podem ser de 25 ou 50 metros,
medidas utilizadas na modalidade Olímpica, com profundidade de três metros.
As provas são variadas, de 50 a 1.500 metros, entre os quatro nados de maneira
individual ou com revezamento em equipes com quatro competidores. Além
disso, descobertas tecnológicas aperfeiçoaram o esporte, como trajes para
nadadores que diminuem o atrito entre o nadador e a água para redução de
milésimos de segundos, determinantes para a vitória (MEZZADRI, 2016).

Natação no Brasil
Em nosso país, a primeira tentativa de fundação de uma entidade que re-
presentasse esportes náuticos ocorreu em 1895, quando os clubes Botafogo,
Luiz Caldas, Gragoatá, Icahary e Union de Canotiers fundaram, sem sucesso,
a União de Regatas Fluminense. Assim, a modalidade natação iniciou, de
maneira oficial, em 31 de julho de 1897, quando uma nova formação de clubes
se organizou para formalizar sua prática no País, fundando, com sucesso, a
União de Regatas Fluminense na cidade do Rio de Janeiro (NOLASCO; PÁVEL;
MOURA, 2005).
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Muito antes disso, porém, a primeira competição oficial do País (com


registros), foi a travessia da Baía de Guanabara, disputada, em 1881, entre o
comerciante brasileiro Joaquim Antonio Souza e o relojoeiro alemão Theodor
John. O percurso estipulado foi da ponta da Armação (Niterói) até o morro
da Viúva, na região de Botafogo. Os nadadores levaram em torno de 2 horas
e 30 minutos para percorrer as quase seis milhas.
Quatro anos após o início das disputas, foi construída, em Porto Alegre
(RS), a primeira piscina brasileira, chamada de “Badeanstalt” (Figura 3), pela
Sociedade Ginástica Deutscher Turnverein (Sogipa). O local era ponto de
partida e de chegada das primeiras competições de natação do Rio Grande
do Sul, além de ser utilizado para aulas do esporte. Porém, para usufruir o
Badeanstalt era necessário seguir regras rígidas, com subdivisões de horários
em decorrência da capacidade de nado de cada indivíduo (NOLASCO; PÁVEL;
MOURA, 2005).

Figura 3. A primeira piscina do Brasil. O “Badeanstalt” ficava nas margens do Guaíba, no


final da Rua da Conceição, e tinha um piso móvel de madeira que era erguido ou abaixado
conforme a idade (e a estatura) dos banhistas que estavam usando o “equipamento”. Foi
inaugurado em 1885, após intensa movimentação dos associados, que contribuíram com
cotas extras em dinheiro para sua construção.
Fonte: Sogipa (2020, documento on-line).
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O primeiro campeonato oficial brasileiro aconteceu em 1898, na modalidade


1.500 m nado livre, com o percurso da fortaleza Villegaignon até a praia de
Santa Luzia, no Rio de Janeiro. Com o decorrer do tempo, demais competições,
regras e competidores engajaram-se na prática da natação. Assim, em 1905,
iniciaram-se as competições no Rio Tietê, em comemoração ao aniversário
do clube poliesportivo Esperia. Além disso, nosso país participou dos Jogos
Olímpicos de Antuérpia, em 1920. Naquela época, as disputas ocorriam no
mar, e somente após a década de 1930 passaram a ocorrer em piscinas, em
ambientes fechados. Nesse mesmo período, por volta de 1935, foi inserida a
categoria feminina (REYES, 1998).
Com relação a conquistas, a natação brasileira demorou certo período para
alcançar níveis de destaque mundial. Somente na edição de Helsinque, em
1952, o País conquistou a primeira medalha, de bronze, com Tetsuo Okamoto,
na prova de 1.500 metros livre (KRUG; MAGRI, 2012). Outro feito importante
ocorreu oito anos depois, em Roma, quando Manoel dos Santos conquistou
o 3º lugar nos 100 metros livre. Após esses feitos, o esporte seguiu evoluindo
no Brasil.
Durante a década de 1990, diversos atletas surgiram, como Gustavo Borges,
que tem, em seu currículo, três medalhas olímpicas. O ápice de desempenho
de nosso país se deu no ano de 2008, quando César Cielo se tornou o primeiro
medalhista de ouro da história da natação brasileira, nos 50 metros livre. A
natação é, hoje, uma das modalidades mais fortes do Brasil, com grandes
chances de render medalhas para o País nos Jogos Olímpicos (KRUG; MAGRI,
2012).

Regras gerais da natação


Na Era Moderna, os Jogos Olímpicos em Atenas ocorreram de 6 a 15 de abril
de 1896, simbolizando o reconhecimento e o retorno do culto ao esporte.
No fim do século XIX, a Grécia estava enfrentando uma forte crise política e
econômica, então não possuía recursos para organizar as Olímpiadas. Então,
ela somente ocorreu devido ao custeio de um milionário empresário (George
M. Averoff), o qual revitalizou e construiu espaços para disputas. Assim, as
provas de natação foram realizadas em mar aberto, na Baía de Zea, no mar
mediterrâneo, com baixíssima temperatura da água (10°C, temperatura que
hoje não seria aceita para a realização de provas em águas abertas), por recusa
de gastos para construir espaço específico para as provas (KRUG; MAGRI, 2012).
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Nessa edição, a natação olímpica teve 19 nadadores, de quatro países, em


quatro provas diferentes (livre, 100, 500 e 1.200 metros). Apesar da Grécia ter
ótimo desempenho, com sete medalhas, a Hungria foi o grande sucesso em
1896, com dois ouros de Alfred Hajos (KRUG; MAGRI, 2012).
No século XIX, portanto, o foco da natação já não era nadar para sobreviver,
muito menos consistia em uma atividade em que bastava saltar na água e se
locomover, do jeito que fosse. Assim, são enormes as diferenças encontradas
entre os primórdios do esporte e os tempos atuais, iniciando com os locais
de disputa (de mar aberto para piscinas especiais, destinadas à prática do
esporte). Essa modificação ocorreu nas três primeiras edições olímpicas e
perduram até hoje.

As dimensões de uma piscina olímpica são de 50 × 25 metros, com


profundidade de 3 metros, podendo estar em locais abertos ou
fechados. Algumas competições internacionais utilizam, também, piscinas
curtas, com 25 metros de largura e 25 de comprimento. Todas as piscinas uti-
lizadas para competições são divididas em oito raias, mais uma livre adicional
de cada lado, de 2,5 metros de largura (com um faixa ao fundo da piscina ou
material flutuante), e as piscinas curtas utilizam raias de 2 metros (FÉDÉRATION
INTERNATIONALE DE NATATION, 2017).

As competições, hoje, podem ser realizadas de maneira individual ou


por equipe, e são subdividas em nados. As principais competições atuais
de natação são disputadas em piscinas de 50 metros, sendo divididas em
(FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE NATATION, 2017):

„„ nado livre (50, 100, 200, 400, 800 e 1.500 metros);


„„ nado costas (50, 100 e 200 metros, sendo os 50 metros não olímpicos);
„„ nado peito (50, 100 e 200 metros, sendo os 50 metros não olímpicos);
„„ nado borboleta (50, 100 e 200 metros, sendo os 50 metros não olímpicos);
„„ medley (quatro nados, 200 metros, 50 metros destinado para cada
estilo);
„„ revezamento (4 × 100 livre, 100 metros cada integrante da equipe;
4 × 200, 200 metros cada integrante; 4 × 100 medley, 100 metros cada
integrante, um nado realizado por cada nadador).

Ainda, juntamente aos diferentes tipos de metragens e de nados, as lar-


gadas de início das provas também diferem. Nas provas dos nados livre,
borboleta, peito e medley, o início da prova dá-se com o mergulho. Já nas
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provas de costas e no revezamento medley, o início ocorre com o nadador já


na água. Após o início do nado, cada nadador tem a liberdade de manter-se
submerso por 15 metros, período que costuma ser destinado à realização da
técnica “golfinhada”, a fim de quebrar a resistência da água, avançando mais
rapidamente (FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE NATATION, 2017).
As competições atuais são regidas por muitas regras, que determinam o
que pode e o que não pode ser feito em cada nado. As regras do nado crawl
são as seguintes (FÉDÉRATION INTERNATIONALE DE NATATION, 2017).

„„ “Nado livre” significa que, em uma prova assim denominada, o competi-


dor pode nadar qualquer nado, exceto nas provas de medley individual
ou de revezamento medley. “Nado livre”, portanto, significa qualquer
nado diferente do nado de costas, peito ou borboleta.
„„ Alguma parte do nadador tem que tocar a parede ao completar cada
volta e no final.
„„ Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante
a prova, exceto quando é permitido, ao nadador, estar completamente
submerso durante a volta e a uma distância não maior que 15 metros
após a partida e a cada volta. Nesse ponto, a cabeça deve ter quebrado
a superfície da água.

Com relação ao nado peito, as orientações são as seguintes (FÉDÉRATION


INTERNATIONALE DE NATATION, 2017).

„„ Após a saída e a cada volta, o nadador pode dar uma braçada com-
pleta até as pernas, durante a qual pode estar submerso. Uma única
pernada de borboleta é permitida em qualquer momento antes da
primeira pernada de peito após a saída e após cada virada. A cabeça
deve romper a superfície da água antes que as mãos virem para dentro
na parte mais larga da segunda braçada.
„„ A partir da primeira braçada após a saída e após cada virada, o corpo
deve ser mantido sobre o peito. Não é permitido ficar na posição de
costas em nenhum momento, exceto quando da volta, após o toque
na parede, quando é permitido girar de qualquer maneira, contanto
que, quando deixar a parede, o corpo esteja na posição sobre o peito.
„„ A partir da saída e durante a prova, o ciclo do nado deve ser uma bra-
çada e uma pernada, nessa ordem. Todos os movimentos dos braços
devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal, sem movimentos
alternados.
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„„ As mãos devem ser lançadas juntas, para a frente, a partir do peito,


abaixo ou sobre a água. Os cotovelos deverão estar abaixo da água,
exceto quando da última braçada antes da volta, durante a volta e
quando da última braçada antes da chegada.
„„ As mãos deverão ser trazidas para trás na superfície ou abaixo da
superfície da água. As mãos não podem ser trazidas para trás além
da linha dos quadris, exceto durante a primeira braçada, após a saída
e a cada volta.
„„ Durante cada ciclo completo, alguma parte da cabeça do nadador
deve quebrar a superfície da água. Todos os movimentos das pernas
devem ser simultâneos e no mesmo plano horizontal, sem movimentos
alternados.
„„ Os pés devem estar virados para fora durante a parte propulsiva da
pernada. Não são permitidos movimentos alternados ou pernada de
borboleta, exceto o descrito no primeiro item. É permitido quebrar
a superfície da água com os pés, exceto seguido de uma pernada de
borboleta para baixo.
„„ Em cada virada e na chegada da prova, o toque deve ser feito com as
duas mãos separadas e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível
da água. No último ciclo do nado antes da virada e no final da prova,
uma braçada não seguida da pernada é permitida. A cabeça pode sub-
mergir após a última braçada anterior ao toque, contanto que quebre
a superfície da água em qualquer ponto durante o último completo
ou incompleto ciclo anterior ao toque.

Para o nado borboleta, as regras são as seguintes (FÉDÉRATION INTERNA-


TIONALE DE NATATION, 2017).

„„ A partir do início da primeira braçada, após a saída e a cada volta, o


corpo deve ser mantido sobre o peito.
„„ Não é permitido ficar na posição de costas em nenhum momento,
exceto quando da volta. Após o toque na parede, é permitido girar de
qualquer maneira, mas, quando deixar a parede, o corpo deve estar
na posição sobre o peito.
„„ Ambos os braços devem ser levados simultaneamente à frente por
sobre a água e trazidos para trás simultaneamente por baixo da água
durante todo o percurso.
„„ Todos os movimentos para cima e para baixo das pernas devem ser
simultâneos. As pernas ou os pés não precisam estar no mesmo nível,
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mas não podem alternar um em relação ao outro. O movimento de


pernada de peito não é permitido.
„„ Em cada virada e na chegada, o toque deve ser efetuado com ambas
as mãos separadas e simultaneamente, acima, abaixo ou no nível da
superfície da água.
„„ Após a saída e na volta, ao nadador é permitido uma ou mais pernadas e
uma braçada sob a água, que deve trazê-lo à superfície. É permitido, ao
nadador, estar completamente submerso até uma distância não maior
do que 15 metros após a partida e após cada virada. Nesse ponto, a
cabeça deve quebrar a superfície. O nadador tem que permanecer na
superfície até a próxima volta ou final.

Por fim, são estas as regras do nado costas (FÉDÉRATION INTERNATIONALE


DE NATATION, 2017).

„„ Antes do sinal de partida, os competidores devem alinhar-se na água,


de frente para a cabeceira de saída, com ambas as mãos colocadas nos
suportes de agarre. Manter-se na calha ou dobrar os dedos sobre a borda
da calha é proibido. Quando o suporte de partida para o nado costas
estiver sendo usado na saída, os dedos de ambos os pés devem estar
em contato com a borda ou com a placa de toque do placar eletrônico.
Curvar os dedos dos pés na parte superior da placa de toque é proibido.
„„ Ao sinal de partida e quando virar, o nadador deve dar um impulso e
nadar de costas durante o percurso, exceto quando executar a volta.
A posição de costas pode incluir um movimento rotacional do corpo
até, mas não incluindo os 90° a partir da horizontal. A posição da
cabeça não é relevante.
„„ Alguma parte do nadador tem que quebrar a superfície da água durante
o percurso. É permitido, ao nadador, estar completamente submerso
durante a volta e por uma distância não maior que 15 metros após a
saída e cada volta. Nesse ponto a cabeça deve ter quebrado a superfície.
„„ Quando executar a volta, tem que haver o toque na parede com alguma
parte do corpo em sua respectiva raia. Durante a volta, os ombros
podem girar além da vertical para o peito; após, uma imediata contínua
braçada ou uma imediata contínua e simultânea dupla braçada pode
ser usada para iniciar a volta. O nadador tem que retornar à posição
de costas após deixar a parede.
„„ Quando do final da prova, o nadador tem que tocar a parede na posição
de costas em sua respectiva raia.
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Ainda, algumas atitudes podem render a desclassificação do atleta, como


impedir o avanço de algum competidor, ter alguma conduta imprópria, usar
linguagem abusiva, tocar ao chão da piscina, trocar de raia durante a prova,
utilizar equipamentos para aumento de desempenho e não seguir as regras
do nado.

Visando ao excelente rendimento esportivo e com o acirramento da


competitividade, houve uma impressionante evolução da tecnologia
esportiva. A busca por recordes e vantagens econômicas tem crescido com o
passar do tempo. Assim, houve um significativo investimento no traje utilizado
para a prática da natação, sobretudo competitiva.
De acordo com as regras do esporte, são permitidos equipamentos para o
favorecimento de mobilidade no meio aquático (óculos e touca), mas alguns
trajes criados foram motivos de polêmicas. No século XXI, supermaiôs de te-
cido ultrafino, que repelia a água e comprimia os músculos, foram inventados.
Eles diminuíam o atrito do corpo do atleta com a água, diminuindo, assim, a
resistência, o que resultou em novos recordes, dando ideia de que somente a
vestimenta era responsável pelo aumento de desempenho. Após essa grande
evolução, no ano de 2010, os trajes foram padronizados pela Fina. Desde então,
somente é possível utilizar trajes de material têxtil.

Apesar de sua atual popularidade, a natação demorou muito para se


transformar em um esporte, efetivamente, com processo de ensino e apren-
dizagem e competições organizadas. Felizmente, hoje se reconhece seu papel
na evolução do homem e da sociedade, de forma que se tornou importante
parte da história mundial.

Referências
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Leituras recomendadas
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24 Natação: origem, história e evolução

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