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METODOLOGIA

DOS ESPORTES
COLETIVOS E
INDIVIDUAIS
UNIDADE II
Esportes Individuais,
Histórico, Natureza,
Metodologia e a Cultura
Corporal de Movimento
Luciano Bernardes Leite
Esportes Individuais, Histórico,
Natureza, Metodologia e a
Cultura Corporal de Movimento

Introdução
Nesta unidade, compreenderemos a história dos esportes individuais, bem como
suas características e funções, os esportes mais praticados no mundo e as primeiras
modalidades esportivas praticadas. Além disso, analisaremos como deve ser realizado
o processo de ensino e aprendizagem dos esportes individuas, suas principais
semelhanças e diferenças com os esportes coletivos.

Objetivos da Aprendizagem
Ao final do conteúdo, esperamos que você seja capaz de:

• Conhecer os esportes individuais aquáticos, terrestres e aéreos.


• Conhecer a natureza e a metodologia de ensino dos esportes individuais.

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Histórico dos Esportes Individuais
Como já mencionado nesta disciplina, o surgimento do esporte remonta à antiguidade,
sendo a sociedade grega a grande responsável por isso. Historicamente, a prática de
atividade física tinha uma finalidade educativa pelos gregos, com o objetivo principal
de formar um atleta com um físico robusto e ágil, pois os gregos consideravam que o
cuidado com o corpo era de suma importância (TUBINO, 1987).

De acordo com Tubino (1987), as civilizações antigas (chinesa, grega e indígena) já


tinham a prática de atividade física presente em suas culturas, e tais práticas possuíam
características singulares. Por exemplo, países como Japão e China já tinham as
artes marciais como principal prática esportiva; no Egito, eram realizados corridas e
arremessos, e os povos indígenas praticavam um esporte chamado de tiachi, que é
muito semelhante ao futebol. Porém, o esporte moderno surgiu em meados do século
XIX, na Inglaterra, com dois objetivos principais: proporcionar prazer para os jogadores
e espectadores e promover uma formação moral.

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Indivíduo praticando karatê

Fonte: Pixabay (2023).


#pratodosverem: imagem de uma mulher praticando karatê, um exemplo de
arte marcial.

Ademais, a passagem do século XIX para o século XX também foi importante para a
história do esporte, pois nessa época foram criadas diversas federações internacionais
de modalidades esportivas, por exemplo, a Federação Internacional de Ginástica (FIG),
em 1881; a Federação Internacional de Remo (Fisa), em 1892; a Federação Internacional
de Futebol Associado (Fifa), em 1904; a Federação Internacional de Natação (Fina),
em 1908; a Associação Internacional das Federações de Atletismo (IAAF), em 1912;
entre outras (TAVARES, 2008).

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Curiosidade
Como mencionamos anteriormente, o esporte moderno surgiu
na Inglaterra. No entanto, a criação da maioria das federações
internacionais está sempre ligada à aristocracia francesa
(TAVARES, 2008).

Em 1894, também foi criado o Comitê Olímpico Internacional (COI), que tem como
objetivo organizar o movimento olímpico e promover a realização dos Jogos Olímpicos
da Era Modera. A criação do COI contribuiu para a realização dos primeiros Jogos
Olímpicos em Atenas no ano de 1896, organizando os jogos de uma forma mais efetiva
e contribuindo para a expansão do esporte (RUBIO, 2010). No entanto, não é finalidade
desta unidade discutir a história dos jogos olímpicos.

Atenção
O COI tem a função de legislação e controle das olimpíadas.
Além disso, é o COI quem decide sobre qual local os jogos serão
realizados. Por exemplo, quando uma determinada cidade tem
a intenção de sediar os jogos, seus representantes entregam
uma carta para o COI, e este, por sua vez, decide onde eles serão
realizados.

Em relação às modalidades individuais, o atletismo é, sem sombras de dúvidas,


o esporte mais antigo. Historicamente, as primeiras competições de atletismo
aconteceram em 1.200 a.C., na Grécia Antiga, no monte Olimpo. Nesse local, os
homens exibiam suas habilidades físicas, sua força e seu controle mental. Naquela
época, essa demonstração servia como homenagem a Zeus, que era o rei dos deuses
da mitologia grega. Já as mulheres, naquela época, não tinham permissão para
participar e muito menos assistir a esses jogos, no entanto, a cada quatro anos era
realizado um evento esportivo apenas para elas em homenagem a esposa de Zeus,
Hera (DARIDO; SOUZA JR., 2007).

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Pista de atletismo

Fonte: Freepik (2023).


#pratodosverem: imagem de uma pista de atletismo, esporte individual mais
antigo a ser praticado.

Saiba mais
Sabe-se que os Jogos Olímpicos da Antiguidade eram compostos
por 13 esportes, todos eles individuais, e alguns deles com a
utilização de objetos e animais. Essas modalidades eram: stadio
ou dromo, diaulos, dolichos, luta, pentatlo, pugilato, tethrippon,
pancrácio, corrida equestre, hoplitódromos, apene, calpe e synoris.
Caso queiram conhecer mais sobre essas 13 modalidades, leia
a matéria “13 modalidades esportivas das Olimpíadas na Grécia
antiga”. Para acessá-la, clique aqui.

Atualmente, as modalidades individuais evoluíram de forma significativa e são


praticadas por inúmeros indivíduos de diferentes faixas etárias. A seguir, discutiremos
sobre os esportes individuais aquáticos, terrestres e aéreos.

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Esportes Individuais Aquáticos

A utilização do meio aquático não é uma exclusividade dos tempos atuais, pois há
relatos de que o homem da pré-história já utilizava o meio aquático com frequência
(TAHARA; SANTIAGO; TAHARA, 2006).

Segundo Skinner e Thomson (1985), há cerca de cinco mil anos, na Índia, existiam
piscinas de água quente nas quais os indivíduos nadavam. Ademais, em 460-375
a.C., Hipócrates já utilizava a água no tratamento de doenças, já os romanos usavam
banhos como forma de recreação.

Exemplo de esporte aquático individual

Fonte: Pixabay (2023).


#pratodosverem: imagem de um nadador dentro da piscina durante uma com-
petição de natação.

De acordo com Tahara, Santiago e Tahara (2006),

[...] o interesse em relação às atividades na água aumentou entre


estudiosos, professores e pesquisadores das diversas áreas de estudo,
como exemplos a Educação Física e suas atividades físicas, a Fisioterapia
e suas terapias aquáticas, entre outras, bem como elevados índices de
procura e aceitação pela população em geral. As expectativas presentes
no ser humano em busca de alternativas com maiores qualidades, frente à
exacerbação centrada na cultura do trabalho e do consumo, podem recair

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sobre a crescente procura por vivências mais significativas, tornando
as atividades aquáticas uma nova perspectiva, no sentido da tentativa
de preenchimento desta inquietação humana em busca da melhoria da
qualidade existencial.

Em relação às modalidades esportivas individuas aquáticas, o quadro a seguir mostras


as mais populares.

Exemplos de modalidades individuais aquáticas

Modalidades esportivas individuais aquáticas


Natação

Caiaque (individual ou coletiva)

Vela (individual ou coletiva)

Mergulho

Surfe (individual ou coletiva)


Fonte: elaborado pelo autor (2023)
#pratodosverem: exemplos de modalidades individuais aquáticas: natação,
caiaque, vela, mergulho e surfe.

Ao longo dos anos, essas modalidades passaram por diversas evoluções que
contribuíram para o seu desenvolvimento. Não discutiremos a evolução dessas
modalidades, pois não é de relevância para a disciplina.

Esportes Individuais Terrestres

Os esportes individuais terrestres são aquelas em que o atleta está em constante


contato com o solo. Essas modalidades são disputadas contra um indivíduo ou contra
vários, que também competem de forma individual e estão obrigatoriamente em
contato com o solo.

Sabe-se que nessas modalidades as pernas são as principais formas de transporte,


no entanto, em alguns esportes são utilizados equipamentos com rodas para sua
prática, porém ainda assim as pernas desempenham um papel importante no impulso.
Ainda assim, essas modalidades possuem um enorme potencial de ensino dentro das
escolas, pois são de fácil aplicação e proporcionam às crianças inúmeros benefícios.
Dentre esses benéficos, podemos citar: permite o envolvimento e o desenvolvimento
global do aluno e permite a ele o desenvolvimento da superação de desafios (SOUZA;
CAVALCANTE; SCHWINGEL, 2019).

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Exemplos de modalidades individuais terrestres

Modalidades esportivas individuais terrestres


Mountain bike

Trail running

Escalada

Rapel

Montanhismo

Skate

Atletismo

Lutas

Ginástica
Fonte: elaborado pelo autor (2023).
#pratodosverem: exemplos de modalidades individuais terrestres: mountain
bike, trail running, escalada, rapel, montanhismo, skate, lutas e ginástica.

Esportes Individuais Aéreos

Os esportes individuais aéreos são aqueles em que o atleta não está em contato direto
com o solo nem com a água, ou seja, o indivíduo está se deslocando em locais altos, no
ar, na maioria das vezes utilizando equipamentos para execução das atividades. Essas
modalidades são conhecidas pela população, apesar de não serem tão praticadas
quanto outras modalidades (GONZÁLEZ; DARIDO; OLIVEIRA, 2014).

Historicamente, o ser humano sempre buscou maneiras de alcançar lugares que antes
não poderiam ser visitados. Deslocamentos em vias terrestres e marítimas sempre
acompanharam a evolução tecnológica e industrial, apenas as vias aéreas precisavam
ser alcançadas (SILVA, 2014).

Dessa forma, o ser humano sempre buscou a criação de equipamentos que pudessem
ultrapassar essas barreiras. No esporte não é diferente, já que inúmeros equipamentos
foram criados para a prática de esportes no ar. Alguns exemplos de esportes aéreos
são: a asa-delta, o paraquedismo, o balonismo e o parapente etc.

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Asa-delta

Fonte: Pixabay (2023).


#pratodosverem: imagem de uma pessoa voando de asa-delta.

Natureza dos Esportes Individuais


Sabe-se que os esportes individuais possuem características que os diferem das
modalidades coletivas. No entanto, essas modalidades também proporcionam
inúmeros benefícios aos seus praticantes. A seguir, analisaremos as principais
diferenças entre esses esportes e como deve ser o processo de ensino e aprendizagem
deles.

Metodologia de Ensino-Aprendizagem dos Esportes Individuais

Sabe-se que o processo de ensino e aprendizagem das modalidades individuais


se diferenciam das modalidades coletivas, pois, na maioria das vezes, naquelas
modalidades, o principal desafio é superar suas próprias marcas, ao invés de
adversários, como pode ser observado nas modalidades coletivas.

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Dessa forma, Vancini et al., (2015) apresentam possíveis diferenças e semelhanças
entre as modalidades individuais e coletivas, que influenciam nesse processo de
ensino e aprendizagem dos esportes.

Em relação às diferenças entre essas modalidades, Vancini et al. (2015, p. 151- 152)
afirmam que os esportes individuais

[...] são [centrados] nas provas diferentemente das modalidades coletivas


que são centradas no jogo. O foco é o gesto técnico (ação executada
isoladamente) ao invés do fundamento que é o gesto técnico (ação)
executado num contexto, no caso o jogo, como nas modalidades
coletivas. Tem como foco central mais os componentes técnicos do que
os componentes táticos (estratégicos) como nas modalidades coletivas.
Dependendo da modalidade, o conjunto de ações executadas é mais
previsível diferentemente das modalidades coletivas onde as ações
motoras possuem um componente de imprevisibilidade predominante
(situações-problema). Na maioria das vezes não exigem ações
cooperativas como nas modalidades coletivas. Centrada no rendimento
individual e não no coletivo. Muito embora o rendimento individual de
cada jogador, numa modalidade coletiva, possa interferir no resultado e
qualidade do rendimento coletivo.

Em relação às semelhanças entre as modalidades individuais e coletivas, Vancini et


al. (2015, p. 152) afirmam:

[...] no seu ensino apresentam e compartilham de habilidades motoras


básicas assim como nas modalidades coletivas. Podem trabalhar as
mesmas capacidades físicas que as modalidades coletivas. Em alguns
casos é preciso estabelecer relações de oposição (por exemplo, ensino
das lutas) como nas modalidades coletivas. Em algumas situações ambas
exigem confronto entre equipes. Assim como nas modalidades coletivas,
onde o foco é a bola, algumas modalidades individuais têm como foco
adquirir a habilidade de manipulação de um implemento. Possuem regras
a serem respeitadas como nas modalidades coletivas. Em geral, possuem
um terreno delimitado no qual acontecem as atividades, assim como nas
modalidades coletivas.

Diante dessas características, o futuro profissional de educação física deve ficar


atento ao desenvolvimento das modalidades esportivas individuas no processo de
ensino e aprendizagem.

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Esportes Individuais e a Cultura Corporal de Movimento

Os esportes individuais devem ser aplicados nas aulas de Educação Física, no entanto,
observa-se que essas modalidades muitas vezes são negligenciadas. Isso ocorre pelo
fato de que esses esportes são mais difíceis de serem trabalhados nas aulas, pois,
na maioria das vezes, essas modalidades precisam de materiais específicos para sua
prática. Como exemplos, podemos citar o atletismo, que precisa de equipamentos
específicos, a natação, que precisa de piscina etc. Porém, há modalidades em que o
professor pode adaptar materiais para fomentar a prática desses esportes.

Exemplo de esporte individual

Fonte: Pixabay (2023).


#pratodosverem: imagem de uma mulher jogando tênis, um exemplo de modali-
dade esportiva individual.

A literatura tem mostrado as contribuições de diversas modalidades esportivas para o


desenvolvimento de habilidades para a vida, principalmente estudos com os esportes
coletivos. No entanto, evidências recentes têm mostrado que os esportes individuais
também são importantes para o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes.

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Atenção
Os esportes individuais proporcionam aos participantes o aumento
da autoconfiança, da motivação intrínseca, da capacidade de
superar adversidades e mais responsabilidade sobre o próprio
desempenho (FREIRE et al., 2020).

Esportes Individuais mais Praticados Atualmente

Segundo Santos (2019, p. 32),

Compreende-se esporte individual como uma ação individual em situação


de disputa dentre outras pessoas, sendo com vários participantes ao
mesmo tempo, ou apenas de lados opostos. Assim, ao inserir mais um
jogador, além do que já se opõe, ou modificar o sistema de organização,
como por pontuação total das participações individuais, tal generalização é
inválida para caracterização de esporte individual, pois a responsabilidade
é grupal.

Diversas modalidades esportivas individuas estão em crescimento. Um levantamento


realizado pela Sports brief, que é um site de uma empresa de mídia/notícias esportivas
especializada na publicação de notícias on-line para a indústria esportiva, mostrou as
20 modalidades esportivas mais praticadas no mundo (TENDU; APINDI, 2023):

• 20º - badmington;
• 18º - artes marciais mistas (MMA);
• 17º - boliche;
• 15º - atletismo;
• 13º - ciclismo;
• 11º - fórmula 1;
• 9º - boxe;
• 5º - tênis; e
• 4º - golfe.

Essas foram as modalidades esportivas individuas que estavam entre os 20 esportes


mais praticadas em todo o mundo.

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Saiba mais
Para compreender mais sobre a importância dos esportes
individuais para o desenvolvimento de habilidades, leia o artigo
“Desenvolvimento de habilidades para vida em adolescentes
praticantes de esportes individuais”. Para acessá-lo, clique aqui.

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Conclusão
Ao longo desta unidade, compreendemos um pouco da história dos esportes individuais,
que se assemelha com a história dos esportes no geral. Pudemos aprender também
sobre o processo de ensino e aprendizagem desses esportes e suas semelhanças
e diferenças com as modalidades coletivas. Por fim, identificamos as modalidades
individuais mais praticadas atualmente.

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Referências
DARIDO, S. C.; SOUZA JR., O. M. Para ensinar Educação Física: possibilidades de
intervenção na escola. Campinas: Papirus Editora, 2007.

SOUZA, M. J. de, CAVALCANTE, J. D. de A.; SCHWINGEL, J. C. Esportes de aventura


na Educação Física Escolar: realidade, necessidades e possibilidades. Revista
Panorâmica online, [s. l.], v. 27, n. 2, p. 93-108, 2019.

FREIRE, G. L. M. et al. Desenvolvimento de habilidades para vida em adolescentes


praticantes de esportes individuais. Research, Society and Development, [s. l.], v. 9, n.
8, p. 1-19, 2020.

GONZÁLEZ, F. J.; DARIDO, S. C.; OLIVEIRA, A. A. B. de. Lutas, capoeira e práticas


corporais de aventura. Maringá: Eduem, 2014.

RUBIO, K. Jogos olímpicos da Era Moderna: uma proposta de periodização. Revista


Brasileira de Educação Física e Esporte, São Paulo, v. 24, n. 1, p. 55-68, jan. 2010.

SANTOS, J. P. P. Fundamentos teóricos de esportes individuais e coletivos. Curitiba:


Fael , 2019.

SKINNER, A. T.; THOMSON, A. M. Duffield: exercícios na água. 3. ed. São Paulo: Manole,
1985.

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a experiência turística. Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Turismo) –
Universidade Federal Fluminense, Rio de Janeiro, 2014.

TAHARA, A. K.; SANTIAGO, D. R. P.; TAHARA, A. K. As atividades aquáticas associadas


ao processo de bem-estar e qualidade de vida. EFDsports.com Revista Digital, Buenos
Aires, ano 11, n. 103, dez. 2006.

TAVARES, O. Educação olímpica no Rio de Janeiro: notas iniciais para o desenvolvimento


de um modelo. In: DACOSTA, L. et al. Legado de megaeventos esportivos. Brasília:
CONFEF, 2008. p. 343-355.

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TENDU, B.; APINDI, C. Top 20 most popular sports in the world in 2023 revealed. Sports
Brief, [s. l.], 3 fev. 2023. Disponível em: https://sportsbrief.com/other-sports/16715-
revealed-top-20-popular-sports-world-2023/. Acesso em: 14 abr. 2023.

TUBINO, M. J. G. Teoria geral do esporte. São Paulo: Ibrasa, 1987.

VANCINI, R. L. et al. A pedagogia do ensino das modalidades esportivas coletivas e


individuais: um ensaio teórico. Conexões: Revista da Faculdade de Educação Física
da Unicamp, Campinas, v. 13, n. 4, p. 137-154, out./dez. 2015.

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