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1. INTRODUÇÃO

1.1 Drenagem Linfática Manual

Tendo o nome originado do latim vasa limpidus (água límpida), a linfa é justamente
o avesso do sangue: este logo brota, em tons vivos de vermelho, no momento em que as veias
e artérias sofrem algum dano. Aquela não, permanecendo escondida dentro dos canais por
onde passa. E talvez seja esta a causa de ter ficado por tanto tempo oculta aos olhos dos
estudiosos. Somente no século 17, o pesquisador francês Jean Pecquet começou a decifrar os
segredos deste processo. No entanto, sua descoberta passou despercebida, e foram necessários
20 anos para ser aceita pela Academia de Ciências daquela época.

Em 1930, finalmente, descreveu-se com precisão o funcionamento do sistema


linfático. Emil Vodder foi o Pai e a Escola para a Drenagem Linfática e mais tarde para
Terapia Física Descongestiva. Iniciou com movimentos circulares, suaves e rítmicos em
centros de linfonodos para tratamentos de sinusites, e percebeu que aliviava diferentes
patologias e reduzia edemas. Foi o primeiro método a influenciar a coleta, transporte e
purificação da linfa. Inicialmente seu tratamento limitava-se ao membro atingido.

A terminologia "DRENAGEM LINFATICA MANUAL" é conhecida desde 1933,


com a apresentação do Dr. Phil. Emil Vodder deste novo conceito, em um congresso em
Paris.

MICHAEL FÖLDI, em 1963 criou a Terapia Física Complexa, e em 1995 o Comitê


da Sociedade Internacional de Linfologia indicou sua drenagem como sendo a Terapia para
Linfedema. Földi salientou a importância das Anastomoses, pois todo linfotoma bloqueado, a
linfa deverá ser drenada para outra adjacente, direcionando para territórios sadios. Principais
vias anastomóticas: axilo-axilar, axilo-inguinal, inguino-inguinal, áxilo-supraclavicular, por
estas vias pode-se drenar cerca de 25 a 40% da linfa estagnada.

Iniciada pelo cirurgião austríaco Winiwater no final do século passado, redescoberto


em 1932 pelo Dr. Emil Vodder e desenvolvido por renomados cientistas como Casley-Smith,
Földi, Leduc e tantos outros, a Massagem de Drenagem Linfática ou Drenagem Linfática
Manual (DLM), é uma técnica de massagem altamente especializada, feita com pressões
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suaves, lentas, intermitentes e relaxantes, que seguem o trajeto do sistema linfático, tendo
como objetivo aprimorar algumas de suas funções, trazendo vários benefícios como redução
dos edemas linfáticos, inchaços pós-operatórios, lipoedema, celulite, retenção hídrica, acne,
estimulando a regeneração e a defesa dos tecidos, aumentando a diurese e a eliminação das
toxinas, devolvendo assim, o equilíbrio hídrico e homeostático do organismo.

Esta técnica de massagem era revolucionária na época, no sentido de que ele


propunha mobilizar os líquidos do corpo através de novas manobras e, sobretudo
massageando as regiões de linfonodos que então, eram qualificados como zona proibida pelos
terapeutas da época.

Vodder desenvolveu sua técnica de maneira intuitiva enquanto que a linfologia não
estava mais do que em seus primeiros dias de existência. Seu método era empírico, mas eficaz
levando numerosos médicos a se interessarem pelo mesmo, entre eles: E. Künhnke, M.
Collard, H. Mislin e Michael Földi. Eles esperavam poder utilizar o método de E. Vodder em
medicina, a fim de tratar os linfoedemas. Em efeito, até então os tratamentos e as técnicas
cirúrgicas não ofereciam solução satisfatória para os pacientes afetados pelo linfoedema.

Após muitos anos de pesquisa em linfologia, Földi se consagra ao aspecto clinico


desta disciplina abrindo sua própria clinica de linfologia na Alemanha em 1978. Logo depois
de descrever os vários tipos de insuficiências do sistema linfático o que constitui a referência
há muitos anos em linfologia médica, Földi teve o mérito de achar uma combinação de meios
terapêuticos, dos quais a Drenagem Linfática Manual, para tratar com sucesso os linfoedemas.
A Drenagem Linfática Manual utilizada por Földi é inspirada no método de Vodder, do qual
as técnicas foram analisadas e adaptadas às patologias linfáticas e tratamentos estéticos.

O objetivo da drenagem linfática é direcionar o fluxo linfático, promovendo, assim,


uma remoção mais rápida do excesso de líquidos do espaço intersticial. Apesar da ação da
drenagem linfática ser diretamente em cima do sistema linfático, notamos também efeitos
consideráveis na circulação sangüínea, no metabolismo, no tecido muscular, na pele e no
sistema neurovegetativo.

Tendo a função de limpeza, desintoxicação do organismo, referente às macro


moléculas, mantendo-as em níveis normais de concentração, auxiliando na reeducação do
sistema linfático, prevenindo recorrência de alterações circulatórias, restabelece ou acelera a
circulação linfática, aumentando a motricidade do linfangion e ativando capilares inativos.
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Portanto este trabalho tem a finalidade de fazer um estudo comparativo das três
técnicas de Drenagem, e o que difere são pequenos detalhes quanto o local de aplicação, tipo
de movimento, um trabalha em ciclos, outro em fases, outro salientou as anastomoses. Numa
linha geral, apresentam os mesmos princípios, segue o sentido da drenagem fisiológica de
retorno, suas técnicas vão sendo adaptadas isoladamente ou associadas.

2. DESENVOLVIMENTO

A Drenagem Linfática compreende uma massagem suave e superficial sobre as


trilhas de circulação linfática, visando estimulá-la. Através desta massagem, busca abrir as
eclusas dos canais linfáticos, procurando facilitar a passagem mais rápida da linfa. O sistema
linfático compreende uma via secundária de acesso, por onde os líquidos provenientes do
interstício são devolvidos ao sangue.

Esta circulação está intimamente ligada à circulação sangüínea e aos líquidos


teciduais, pois estes são absorvidos e transportados para a extensa rede de capilares linfáticos
e, através de vasos progressivamente maiores, desembocam no sistema venoso pelo coletor
principal. O sistema linfático possui uma função essencial de transporte e absorção de
líquidos. Os linfonodos são distribuídos em pontos específicos da rede linfática e formados
por tecido linfóide, vasos de grande e médio calibre, capilares linfáticos e tecido linfóide que
compõem o sistema linfático.

É uma técnica manual específica, cuja ação principal é sobre o sistema linfático
superficial e toda sua estrutura anatômica e fisiológica, de grande eficácia terapêutica e
estética, com efeitos iniciais imediatos, onde drenará os líquidos excedentes que circundam as
células, mantendo o equilíbrio hídrico dos espaços intersticiais.

Estimula a circulação linfática nos vasos linfáticos ao acelerar a absorção de líquidos


e das macro-moléculas do tecido intersticial, pela ativação da capacidade peristáltica destes
vasos. Por isso, a Drenagem Linfática Manual faz absorver inúmeras formas de Edemas.

Não só absorve formas de edemas aparentes, como também o faz a formas menos
visíveis, como, por exemplo: os edemas pós-operatórios dos membros, o edema do braço
depois de uma mastectomia, assim como os edemas pós-traumáticos, como os que aparecem
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quando se faz uma fratura óssea; mas também é eficaz em formas de edemas ainda menos
visíveis, como os que podem dar origem a dores de cabeça, dores da coluna vertebral, de uma
tendinite ou bursite. A Drenagem Linfática Manual segundo Földi estimula o processo
imunitário, ao aumentar, na zona cortical dos linfonodos, a produção de linfócitos.

A Drenagem Linfática Manual é indicada de forma indiscutível em todos os casos de


Linfoedemas, ou seja, de edemas resultantes de uma debilidade ou de uma diminuição de
capacidade de transporte do sistema linfático. A Drenagem Linfática Manual favorece a
regeneração dos tecidos. Este efeito regenerativo pode explicar-se pela eliminação do edema
intersticial, fator de diminuição da velocidade da micro circulação.

Segundo Földi, este fato também se poderia explicar pelo aumento da produção de
linfócitos, cujo núcleo tem um papel alimentício e regenerador para os tecidos. Este fenômeno
foi observado em úlceras varicosas, osteoporoses, celulite e enxertos de órgãos. A Drenagem
Linfática Manual exerce uma ação sedante, tranqüilizante e relaxante.

Favorece o predomínio do sistema nervoso parassimpático, à parte do sistema


nervoso autônomo que preside à recuperação de forças e à regeneração de tecidos. De fato,
quando se inicia o tratamento, a maioria dos pacientes sente que os seus músculos se relaxam,
as suas pálpebras pesam e uma sensação de torpor invade-os.

A Drenagem Linfática Manual tem indicação nos casos de edema tecidual, pré e pós-
operatório, circulação sanguínea de retorno comprometida, desintoxicação e regeneração
tecidual, e no auxílio do relaxamento. Apesar de ser uma massagem suave, o DLM produz
efeitos profundos e sistêmicos, tendo suas contra-indicações absolutas e relativas, o que
significa que não pode ser usado em qualquer caso, o que exige do profissional conhecimento
maior em anatomia e fisiologia humana, principalmente em sistema linfático.

Todos estes aspectos e muitos outros fazem da DLM uma massagem de altíssimo
nível, o que a coloca no rol das melhores técnicas do mundo. Desde que, por volta dos anos
30, o Dr. Vodder e a sua esposa criaram e introduziram com êxito a Drenagem Linfática
Manual no tratamento de afecções crônicas das vias respiratória superiores, o seu campo de
aplicações médicas foi-se ampliando e aprofundando com o passar do tempo e vários outros
pesquisadores desenvolveram métodos próprios de DLM.

Hoje a DLM esta padronizada segundo o método Foldi. Em alguns casos a DLM,
constitui um procedimento principal de tratamento, como é o caso dos Linfoedemas, enquanto
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em outros casos há que considerá-la simplesmente como uma terapia acompanhante ou de


apoio. Será inconcebível não pensar nela quando se fala de Pós-mastectomia ou de qualquer
outra intervenção cirúrgica estética ou terapêutica.

Dentre as muitas técnicas de terapias manuais, a Drenagem Linfática Manual


destaca-se por seus efeitos no organismo como um todo, não apenas na prevenção como
também no tratamento de diversos problemas. A Drenagem Linfática Manual possui um
vasto campo de atuação na área estética ou terapêutica, pré e pós-operatórios, em tratamentos
de stress ou doenças musculares.

2.1 TÉCNICAS DE DRENAGEM LINFÁTICA MANUAL

A Drenagem Linfática Manual segundo Földi comporta quatro manobras de base e


diferentes manobras específicas em função da localização e da qualidade dos tecidos, em um
vasto leque que permite aos profissionais abordarem os diferentes problemas de maneira
especifica. O tratamento de um linfoedema, por exemplo, se distingue do que é usado para e
celulite e consiste, nestes dois casos, em drenar os tecidos congestionados.

O método Földi de Drenagem Linfática Manual está associado a bandagens redutoras


com multicamadas, ginástica e exercícios respiratórios descongestionantes. A respeito do
tratamento da celulite, o conhecimento terapêutico continua mais diversificado e varia de
acordo com cada escola. Földi fala dentro deste contexto de lipoedema. Para reduzi-la, ele
propõe um conjunto de medidas terapêuticas onde a Drenagem Linfática Manual e as
compressões representam meios absolutamente indispensáveis.

Dr. Földi desenvolveu um método eficaz de DLM que atua drenando, tanto a linfa
superficial como a linfa profunda, pois somente com um fluxo constante e correto da linfa
teremos resultados realmente eficazes. Neste método trabalhamos a linfa de forma que o
paciente obtém resultados rápidos e comprovados, podendo atuar em situações que os outros
métodos não atuam.

Com o correto conhecimento e aplicação da técnica Földi, pode-se intervir em quase


todas as patologias que alteram o fluxo linfático ou artério-venoso já conhecido, inclusive,
tratando edemas pós-cirúrgicos de câncer, pacientes com pressão arterial elevada. Dr. Földi,
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utiliza desde manobras de drenagem manual até bandagens compressivas, havendo manobras
próprias para lipoedema (celulite). Com todas estas aplicações, o método Földi tem a
vantagem de ser prático e fácil, que hoje, na Europa, é considerado o mais completo, sendo
muito indicado em tratamentos pré e pós- cirúrgicos, relaxamento corporal, tratamentos de
patologias músculo-tendíneas, HLDG (celulite), entre outros muitos problemas.

Leduc, doutor em Kinesiterapia praticante na Bélgica, se inspirou igualmente no


método de Vodder. Após ter conseguido objetivar a eficácia de duas manobras que ele
qualifica de manobra do chamado e manobra de reabsorção, Leduc as aplicou dentro do
tratamento de edemas.

Albert Leduc adaptou o método de Földi e Vodder, em 1977 comprovou a Ação


acelerante da Drenagem linfática manual através da radioscopia eletrônica, foi o fundador do
grupo Europeu de Linfologia, seu tratamento era baseado no tipo de distúrbio encontrado.
Leduc trabalha em caso de edemas com abordagem, se for um edema menos importante
utiliza a drenagem linfática manual mais exercícios, e em casos de edema mais acentuado
Drenagem linfática manual mais pressoterapia e bandagens.

Quanto ao local de aplicação, Leduc trabalha na zona sã ou infiltrada, de proximal


para distal ou vice-versa, no caso de linfedema primeiro drena a raiz do membro, sendo que
Vodder trabalha de proximal para distal, primeiro as zonas próximas ao coração e vai
afastando no sentido da extremidade, seguindo o fluxo linfático, e se tratando de Földi inicia a
drenagem na raiz do membro, criando um reservatório vazio, vazando os gânglios colaterais
linfáticos via anastomose.

Quanto aos aparatos linfopressores, ambos os autores os utilizam, sendo que Leduc,
em edemas importantes utiliza a pressão antes da Drenagem Linfática Manual e Földi salienta
os aparatos linfopressores seqüenciais, por simular o efeito de bomba, e indica primeiro
drenar a área central com a Drenagem Linfática Manual, para não formar uma banda fibrótica
constritiva e contra indica em casos de mastectomia radical, linfedema secundário e lesão de
plexo braquial.

A drenagem linfática manual representada pela técnica de Leduc é baseada no trajeto


dos coletores linfáticos e linfonodos, associando basicamente duas manobras: manobras de
captação ou de reabsorção e manobras de evacuação ou de demanda. Na captação ou
reabsorção, os dedos imprimem sucessivamente uma pressão, sendo levados por um
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movimento circular do punho. Na evacuação ou demanda, os dedos desenrolam-se a partir do


indicador até o anular, tendo contato com a pele que é estirada no sentido proximal ao longo
da manobra. Preconiza-se a utilização de cinco movimentos. A combinação destes
movimentos forma seu sistema de massagem:

Drenagem dos linfonodos: realizada por meio do contato direto dos dedos indicador
e médio do terapeuta com a pele do paciente, posicionados sobre os linfonodos e vasos
linfáticos de maneira perpendicular. É executada com pressão moderada e de forma rítmica,
baseada no processo de evacuação. A drenagem dos linfonodos visa à evacuação da linfa e
deve ser realizada diretamente sobre as regiões ganglionares. Os dedos estabelecem contato
com a pele, e em posição quase perpendicular exercem leve pressão no nível dos gânglios
linfáticos. De acordo com a região anatômica, esta manobra pode ser feita com os dedos
indicadores e médios, com todos os dedos ou com os dedos de uma mão sobre a outra.

Movimentos circulares com os dedos: realizados de maneira circular e concêntrica,


utilizando desde o dedo indicador até o mínimo. A manobra de círculos fixos visa à captação
de linfa, e é realizada no percurso das vias linfáticas ou em direção a essas vias. É realizada
em movimentos circulares dos dedos, a pele é deslocada sob os dedos, ou seja, os dedos não
deslizam sobre a pele. A pressão deve ser intermitente, no início e no final do círculo, a
pressão deve ser zero. A pressão maior do círculo deve coincidir com a direção do fluxo
linfático. Devem ser leves, rítmicos e obedecer a uma pressão intermitente na área
edemaciada, seguindo o sentido da drenagem fisiológica.

 Recomenda-se executar de 5 a 7 movimentos no mesmo local;

 Movimentos circulares com o polegar: realizada da mesma maneira que a anterior, só


que com o polegar.

 Movimentos combinados: executada através da combinação dos dois movimentos


descritos anteriormente.

 Bracelete: mais utilizada quando o edema atinge grandes áreas. Pode ser feita uni ou
bimanual de acordo com a necessidade. A manobra de pressão em bracelete visa o
aumento do fluxo linfático, a ser recolhido em direção aos linfonodos regionais. É
realizada por meio de pressões intermitentes. A fase de pressão deve durar em torno de
dois segundos, segue-se relaxamento com o mesmo tempo de duração e assim
sucessivamente.
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Se tratando da especificidade de indicação inicial, Leduc direcionou mais para


edemas, Vodder primeiro direcionou para edemas e após novos estudos e utilizou a
compressão para fazer parte da gestão do linfedema, sendo que Foldi seu tratamento foi eleito
para o tratamento do linfedema, devido à eficácia nos linfoedemas de extremidades, tendo
redução de circunferência de 57 a 100%. O método de Drenagem Linfática Manual Dr.
Vodder teve origem na Alemanha no ano de 1932. O Dr. Emil Vodder e sua esposa Estrid
desenvolveram o Método após ficarem intrigados coma s pesquisas de Alex Carrel em 1912,
que ganhou o Premio Nobel por manter células de frango vivas trocando o líquido linfático
em que estavam mergulhadas.

Vodder começou, experimentalmente, a tratar pacientes manipulando os gânglios do


pescoço com movimentos suaves e rotativos, com sucesso. A partir daí desenvolveram o
método até hoje amplamente utilizado e serviu como base para outros métodos de drenagem
Linfática Manual. A verdadeira Drenagem Linfática Manual é um método todo original,
bastante diferente da Massagem tradicional, possuindo manobras preciosas e monótonas,
feitas em direções especificas, com velocidade e pressão corretas.

As manobras do método de Drenagem Linfática Dr. Vodder consistem em círculos


que variam da pressão zero a uma pressão máxima, que coincide com a direção da circulação
linfática, conduzindo a linfa para a região de gânglios. Devem-se drenar as regiões proximais
antes das distais para garantia do livre escoamento da linfa desemboca na corrente sanguínea
venosa. Dentro de uma área, as manobras serão de distal para proximal.

Por exemplo, ao drenar o membro superior, primeiramente trabalhamos o braço,


antebraço, punho, mão e dedos. Em cada parte destas, trabalhamos da parte mais distante para
a mais próxima. O objetivo destas manobras é aumentar a velocidade da linfa nos vasos
linfáticos e ductos.

As manobras do método Vodder aumentam a capacidade dos capilares linfáticos, a


velocidades da linfa, a filtração e a absorção dos capilares sanguíneos, a quantidade de linfa
processada nos gânglios, a motricidades dos intestinos. Age diretamente sobre a musculatura
lisa dos capilares linfáticos, sobre a musculatura esquelética e influi diretamente sobre o
sistema nervoso vegetativo. Melhora a nutrição celular, a oxigenação dos tecidos, a absorção
de nutrientes pelo trato digestivo. Desintoxica os tecidos intersticiais e a musculatura
esquelética. Provoca uma maior diurese.
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As manobras do método Dr. Vodder são lentas. Devem-se executar cada manobra em
aproximadamente 1 segundo. Devem-se repetir cada manobra de cinco a sete vezes no mesmo
lugar. A pressão será mais leve quanto maior for o edema. O paciente não pode sentir dor em
nenhuma hipótese e a pele não deverá ficar avermelhada. Devem-se começar toda e qualquer
drenagem linfática pela liberação do ângulo venoso. As manobras do método Dr. Vodder são:
efleurage, rotação no lugar, deslizamento em anel(bracelete), enfuso (vôo do cisne), passo de
ganso, balancinho, fricção digital superficial, amassamento deformante, descolamento(fazer
inhoque), patão, pirâmide, roda gigante e bombeamento.

Quanto ao sentido das rotações podem ser de duas maneiras: nadar (imaginando um
nado de peito, girando a mão esquerda no sentido anti-horário e a direita no sentido horário)
ou contrario de nadar (mão esquerda no sentido horário e direita anti-horário). Dentre as
manobras de drenagem propostas por Vodder, distinguem-se quatro tipos de movimentos:
círculos fixos, movimentos de bombeamento, movimento doador, movimento de rotação.

Círculos Fixos

Coloca-se a mão espalmada sobre a pele e com os dedos realizam-se movimentos


circulares, que promovem um estiramento do tecido, efetuando uma pressão/descompressão.
Os movimentos são realizados de 5 a 7 vezes no mesmo lugar (fixos).

Movimento de Bombeamento

As mãos são acopladas no tecido a ser drenado, iniciando-se movimentos


ondulatórios, com pressões decrescentes da palma para os dedos, de forma intermitente
(compressão/descompressão) num total de 5 a 7 movimentos. A direção e o sentido da pressão
da drenagem é determinada pela localização das vias.

Movimento Doador

O movimento é iniciado com as palmas das mãos posicionadas perpendicularmente


às vias de drenagem, sendo a técnica baseada em manobras de arraste envolvendo uma
combinação de movimentos. Primeiro toca-se com a borda medial da mão a área a ser
drenada, seguido dos movimentos de pronação do antebraço e abdução braço. Na seqüência, a
outra mão com o polegar em extensão realiza um movimento de arraste com a borda lateral
associando movimentos de supinação do antebraço com adução do braço. O movimento é
repetido novamente na região imediatamente adjacente à região manipulada.
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Movimento Giratório ou de Rotação

Este movimento é empregado em superfícies planas. O braço é posicionado em leve


abdução no plano da escápula, com o antebraço em máxima pronação. A mão que inicia o
movimento toca a superfície do segmento com a face palmar e realiza um movimento de
desvio ulnar na direção e sentido da drenagem proposta, simultaneamente aos movimentos de
supinação e adução. A outra mão terá o mesmo posicionamento e realizará os mesmos
movimentos descritos anteriormente, tendo-se o cuidado para que os movimentos sejam
seqüenciais e rítmicos, alternando-se as mãos para a região imediatamente adjacente. O
posicionamento das mãos depende da seqüência realizada, e podem ser posicionadas proximal
ou distalmente, seguindo sempre o fluxo da linfa.

A paciente encontra-se em decúbito dorsal, com o membro superior afetado em


abdução e em posição de declive. A drenagem deve ser iniciada no nível dos linfonodos da
pirâmide axilar. A demanda não pode, com efeito, se produzir além da cadeia ganglionar, no
entanto, a proximidade da desembocadura terminal do trajeto linfático na circulação venosa
permite supor que, no caso de drenagem do braço, não é inútil drenar as vias linfáticas
terminais situadas no nível da fossa retroclavicular. Por essa razão inicialmente utilizam-se as
manobras circulares com os dedos dirigindo a pressão para o espaço centro-mediastinal.

Várias séries de quatro a cinco círculos ajudarão a liberar os grandes coletores


linfáticos. A drenagem de demanda propriamente dita começa nos linfonodos axilares. Os
dedos são colocados sobre o grupo central. As pressões são orientadas em direção aos
linfonodos subclaviculares. A drenagem da via anastomótica que promove curto-circuito nos
linfonodos axilares é realizada por meio de movimentos do polegar, inicialmente numa
manobra de demanda e, em seguida, com compressão, enquanto a outra mão drena os
linfonodos umerais, as duas mãos enlaçam a raiz do braço.

As manobras em braceletes mobilizam a linfa ao longo dos coletores superficiais até


os linfonodos umerais, ou seja, a pressão é transversal em relação ao braço. Os círculos com
os dedos das duas mãos se deslocam em direção aos cotovelos. Os polegares exercem
pressões mais profundas a fim de atuar sobre os coletores profundos da veia umeral. A
pressão dos polegares é axial, ao passo que a dos dedos, de transversal a raiz do braço, se
torna oblíqua na medida em que as mãos se deslocam em direção ao cotovelo.
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A drenagem dos linfonodos supra-epitrocleares, com as pontas dos dedos, envia a


linfa em duas direções, uma superficial, até os linfonodos umerais, e outra profunda, até os
coletores umerais profundos. Os polegares permanecem sob a prega do cotovelo no local de
encontro dos coletores radiais e ulnares anteriores com seus homólogos posteriores que
desembocam na face anterior após terem atravessado a membrana interóssea.

As mãos progridem por meio de manobras combinadas, polegares e dedos


direcionados ao punho. As pressões são orientadas, por um lado, em direção à cadeia
ganglionar supra-epitroclear e, de outro, aos coletores profundos. A face externa do cotovelo e
do antebraço é drenada em direção à face externa do braço e à prega do cotovelo. No nível do
punho, as manobras se limitam a movimentos com as pontas dos dedos e dos polegares ao
longo dos coletores radiais e ulnares anteriores e posteriores.

A drenagem da mão começa com a drenagem das eminências tênar e hipotênar por
meio de círculos com os polegares, com a pressão levando a linfa às evacuações radiais e
ulnares. A palma da mão é drenada por meio de círculos com os polegares até as articulações
metacarpo falangeanas. Os dedos são drenados por meio de círculos combinados com as
pontas dos dedos e do polegar ao longo das massas laterais.

As manobras aplicadas sobre o membro superior, a partir da raiz do braço até os


dedos, foram executadas inicialmente sob a forma de manobras de demanda e, em seguida,
sob a forma de manobras de pressão a partir dos dedos até a raiz do braço. A drenagem é
finalmente terminada pela drenagem dos linfonodos axilares.

3. RESULTADOS

Todas as versões seguem os mesmos parâmetros técnicos, ou seja, não há diferença


técnica de drenagem linfática manual terapêutica e estética, apesar da existência de versões
adaptadas e evoluídas da drenagem linfática manual, aprimoradas por diferentes escolas
científicas ao longo da história.

O que ocorre nas diversas situações de seu uso em indivíduos saudáveis ou com
doenças e lesões mais graves, ou ainda submetidos a cirurgias oncológicas,
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vasculares e plásticas, dentre outras, são adaptações de alguns componentes da técnica,


conforme o quadro clínico individual vigente, sem descaracterizá-la (BADGER
et al., 2002; ARIEIRO et al., 2007).

Os linfedemas, edemas e outros distúrbios correlacionados (discretos ou graves)


podem apresentar um caráter inestético, e a melhora clínica destas condições
patológicas normaliza a função de órgãos e sistemas orgânicos, melhorando,
conseqüentemente, a aparência corporal dos indivíduos, fato que desperta grande
interesse da população.

Aproveitando-se disto, muitos serviços de estética e embelezamento, nos últimos


anos, passaram a oferecer estes tratamentos ao público, sendo notificados
no Estado de São Paulo (até outubro de 2007), pelo Conselho Regional de Fisioterapia e
Terapia Ocupacional da 3ª Região (Crefito-3), cerca de 1,3 mil estabelecimentos que faziam o
uso indevido do termo drenagem linfática e ofereciam a técnica sem profissionais habilitados
(PERES, 2008).

Godoy, Belczack & Godoy (2005) alertaram que várias técnicas de massagem são
utilizadas de maneira inadequada e denominadas falsamente como drenagem linfática manual,
causando prejuízos aos pacientes. Para Casley-Smith (NIETO, 1994), uma drenagem linfática
mal aplicada é um dos piores impedimentos para a função do sistema linfático. Além disso,
ela apresenta contra indicações de seu uso para diversas situações clínicas, oferecendo alto
risco para a saúde, no caso da não observância destas e/ou do despreparo técnico-científico
por parte dos profissionais que a utilizam (GODOY, BELCZACK & GODOY, 2005; VIÑAS,
1998; NIETO, 1994; HERPERTZ, 2006; FÖLDI & STRÖBENREUTHER, 2005;
FERRANDEZ, THEYS & OUCHET, 2001; GUIRRO & GUIRRO, 2002; CAMARGO &
MARX, 2000).
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4. CONCLUSÃO

Independentemente da escola de origem ou do estilo da técnica, a drenagem linfática


manual, respeita a anatomia e a fisiologia do sistema linfático, além da integridade dos
tecidos superficiais, e, para tanto, deve ser executada de forma suave, lenta e rítmica, sem
causar, em hipótese nenhuma, danos ou lesões aos tecidos e, tampouco, dor ao paciente.

Devido a esse consenso na literatura, conclui-se que não existe diferença nos
parâmetros de aplicação da técnica de drenagem linfática manual para finalidades terapêuticas
e estéticas. Outras técnicas de massagem e terapias manuais são indicadas como coadjuvantes
e complementares para o tratamento de algumas disfunções estéticas, porém devem respeitar a
integridade dos tecidos manipulados e não podem ser denominadas como drenagem linfática
manual.

Portanto este trabalho teve a finalidade de fazer um estudo comparativo das três
técnicas de Drenagem, e o que difere são pequenos detalhes, quanto o local de aplicação, tipo
de movimento, um trabalha em ciclos, outro em fases, outro salientou as anastomoses. Numa
linha geral, apresentam os mesmos princípios, seguem o sentido da drenagem fisiológica de
retorno, suas técnicas vão sendo adaptadas isoladamente ou associadas.
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REFERENCIAS
BADGER, Caroline; SEERS, Kate; PRESTON, Nancy & MORTIMER, Peter. Physical
therapies for reducing and controlling lymphoedema of the limbs (Protocol for a
Cochrane review). Cochrane Library, 2002; Issue 1. Oxford: Update Software.

CAMARGO, M. C.; MARX, A.G. – Reabilitação Física no câncer de mama. São Paulo:
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FÖLDI, Ethel. The treatment of lymphedema. Cancer, 1998; 83 (12 Supp/American):


2.833-34.

FÖLDI M, Földi E, Kubik S. Lymphostatic diseases. In: Textbook of lymphology for


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FÖLDI, Michael & STRÖBENREUTHER, Roman. Foundations of manual lymph
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GALLEGO, V.; EXPÓSITO, M. – El Masaje Drenaje Linfático Manual. Madrid: Mandala,


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GODOY, José Maria P.; BELCZACK, Cleusa E. Q. & GODOY, Maria de Fátima G.


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