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Boletim Informativo da TEIA DE SOLIDARIEDADE DA ZONA OESTE

Ano 2022 - n. 2

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A militância da iyalorixá e quilombola Luizinha Nanã
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com mais respeito pela natureza e com o
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ane Nascimento entrevista Luizinha
de Nanã, Iyaorixa e Defensora de outro.”
Direitos Humanos. Militante contra O fato das pessoas verem com naturalidade
o racismo institucional, racismo religioso, o estado de poluição dos rios, canais e
racismo ambiental. Luta pelo incentivo à mangue, e aceitarem a poluição como se
educação do povo negro e da mulher negra fosse normal, foi o que chamou a atenção
através de programas sócio ambientalistas para a luta unido ao seu grande amor aos
e contra a poluição das águas, mangues orixás.
e matas. Participante ativa na luta contra Apresentou um abaixo assinado pela
as expulsões realizadas pela prefeitura limpeza e retirada de entulhos de poluição
da cidade do Rio de Janeiro, por ocasião na Av. Levy Neves na Brisa, recolheu 860
das Olimpíadas do Rio de Janeiro 2016, assinaturas, assim a COMLURB, limpou a
que culminou na retirada violenta de cerca rua. O Canal da Piaí costuma transbordar
de 76.000 pessoas de suas moradias. e invadir ruas e casas. Com a limpeza,
Ex-Integrante do movimento Liberte Nosso ouve um escoamento melhor das águas,
Sagrado junto às instituições públicas. diminuindo o perigo de contaminação.
Primeira liderança condecorada com o Ela finaliza revelando como renova suas
Prêmio Dandara (2015), concedido pela forças.” Peço muita força aos meus
ALERJ na atuação da defesa dos povos orixás. Faço meditação e Reiki, agradeço
tradicionais e da Comenda Pedro Ernesto a Olorun pelas redes de apoio que tenho
em relação aos Direitos Humanos (2015), encontrado.”
conferido pela Câmara Municipal do Rio
de Janeiro, nas defesas pelas violências O Jardim das Ervas Sagradas é um projeto
ocorridas na Vila Autódromo durante as de Educação Antirracista e socioambiental
remoções nas Olimpíadas Rio 2016.
Apresentou relatório de denúncia a ONU Visa a socialização das comunidades de
em 2018, sobre violência, agressões e culturas afro-brasileiras com as ervas, que
assassinatos contra templos e integrantes são sagradas por si só, independentemente
de religiões de matrizes afro-brasileiras no de religião. As religiões de matriz
Brasil. Integrante do grupo ONU Mulheres. afrobrasileira prezam estas ervas e a
Luta em defesa dos Quilombos e povos cultuam tendo nessas o motivo da dinâmica
das regiões das Vargens da baixada de da vida.
Jacarepaguá, Área dos Alagados, através da O projeto pretende ir as escolas levando
Teia de Solidariedade Zona Oeste. incentivo a construção de hortas,
Tem garra como enfrentamento necessário como também realizar um trabalho de
para evoluir no que se empenha a proteger, assistência as mulheres negras, com
“tenho que ter vontade muito grande para terapias tradicionais e alternativas
contribuir na evolução de uma sociedade holísticas e na aplicação de administração
melhor, com menos racismo e preconceito. de chás de ervas.
2 Boletim Informativo TEIA DAS PRETAS - Ano 1 - N.1
N.2 - 2022

Caminhando ou pedalando...
... temos que
lugar onde a gente mora não define o nosso caráter.
“O O cara pode morar num condomínio de luxo e ser
bandido. Eu gosto de pedalar e já perdi as contas dos

atropelar o
carros de polícia do Recreio que me pararam no caminho.
Por quê? Porque a gente é preto, com cabelo azul, de

racismo!
trança. Minha bike tem som, tem retrovisor. Estou
pedalando tranquilinho e nem preciso olhar para
trás. Ouvi aquele barulhinho UouUou!” E lá se foi
o Professor Kleberson Silva, super querido pela
juventude das Vargens, para mais uma batida
policial. RETINTAS PALAVRAS
Numa ocasião contou com a solidariedade
da mãe de um aluno que, ofereceu ajuda e,
de longe, filmou a abordagem. “Por que a gente Ao solo da terra preta
é preto, reforça”. Esta fala do Kleberson ilustra como o racismo que estrutura
A terra
o nosso relacionamento coloca empecilhos ao livre caminhar do cidadão. O
racismo impede o ir e vir em especial da juventude negra. O solo
O que tiramos dele?
Foi também por esse motivo que a educadora social Iara Oliveira criou o
Alfazendo, um grupo de impacto na educação ambiental da Cidade de Deus. Iara O que deixamos nele?
trouxe uma abordagem indispensável à nossa luta em prol da justiça ambiental. Enterra-se mudas
Para ela, o nosso primeiro ambiente é o nosso corpo. Ao nos deslocarmos
pela cidade, nosso corpo vai enfrentando resistências das instituições ou Colhe-se alimento
Saney Souza ha da
simplesmente das pessoas racistas que não aceitam a nossa liberdade. Enterra-se dor Mãe do Zaion, Fil

D. Hellen Andrews
Colhe-se sofrimento de
esq.), acadêmica RJ,
Ser antirracis ta é ser pela saúde física e mental . UE
Serviço Social na iva As
let
O mesmo solo de terra preta articuladora da Co
O
#21DiasdeAtivismocontraoRacismo Caboclas e da TeiaZ
O mesmo solo da mãe preta
Que se alimenta contemplando a vida

Horta comunitária do Que chora e não vê secar a ferida


O mesmo chão que aglutina alegrias
Quilombo Dona Bilina O mesmo chão que não se vê saídas
Olhando para as árvores eu respiro feliz
Quilombo Dona Bilina, fica no Rio da Prata, em Campo Grande RJ e nosso maior

O patrimônio cultural é a agricultura. Convidamos a comunidade a conduzir o


projeto da horta comunitária, que tem por objetivo desenvolver as práticas
de uma alimentação saudável e livre de agrotóxicos. Iniciamos em maio de
Olhando pro sangue eu me revolto e não revido.
Por um triz…
2020, com o apoio da Teia de Solidariedade ZO, que nos forneceu apoio financeiro para Como pensar?
limparmos o terreno. Recebemos apoio com ferramentas e insumos vindos da AS- Gente planta
PTA e a mão de obra desde o começo tem sido em forma de mutirão da comunidade.
Participam do projeto cerca de 30 famílias, jovens, crianças, Gente morre
mulheres e a adultos moradores da Candoca, Morro dos Gente se alegra
Caboclos e Batalha além de visitantes vindos de outros
locais. As atividades de mutirão são semanais, normalmente Gente sofre
as sextas feiras pela manhã. Sempre há uma roda de
Todo dia, toda hora …
conversas durante o café, onde tratamos de assuntos
sobre saúde, educação, meio ambiente e tradição local Como?
buscando assim, fortalecer nossa identidade remanescente
quilombola.
Além de hortaliças, plantamos ervas medicinais e PANCs.
Buscamos plantar dentro dos conceitos de agroecologia,
utilizando a vegetação nativa da Mata Atlântica em
consórcio com plantas comestíveis tradicionais, PANCs
(plantas Alimentícias não convencionais) e ervas
medicinais.
(21)98270-5354
QuilomboDonaBilinaRioDaPrata
Leonidia Insfran de Oliveira Carvalho
Professora de História | Mestranda em Ciência e Tecnologia Ambiental /UEZO
Boletim Informativo TEIA DAS PRETAS - Ano 1 - N.2 - 2022 3

Vacinação Diabetes
I n fa n t i l e o SUS

Sim!!!
ano era 2009, quando fui apresentada a este universo

O chamado diabetes, foi assustador receber esse


diagnóstico, ainda mais quando se trata de uma criança
de 7 anos.
Lidar com o desconhecido é difícil, desafiador, ainda se tratando
de uma doença tão complexa. Foi também quando eu conheci o

N
No último dia 10 de Fevereiro a população carioca
SUS pra valer, me apaixonei, e essa paixão me trouxe até aqui.
foi convocada com um importante chamamento
para estar na linha de frente pela vacinação de suas Busquei conhecer tudo sobre diabetes, e isso é algo que no
crianças de 5 a 11 anos e consequentemente imuniza-las começo parece difícil, mas domar o desconhecido, um gigante
contra a Covid 19 a fim de contribuir efetivamente no combate desconhecido renova esperanças e ressignifica a dor. Hoje não
sofremos por ter diabetes em nossas vidas, hoje o desafio é outro.
ao Coronavírus.
Nesse caminhar, entre blogueiros, médicos especializados em
Imbuídas desse espírito de luta responsabilidade e
diabetes, indústria farmacêutica, dados me chamaram atenção,
compromisso, nós mulheres da região de Santa Cruz, saímos
poucos centros especializados do SUS atendem com equidade, o
às ruas dos sub bairros que se organizam como territórios acesso a tecnologia de ponta e atendimento multidisciplinar de
importantes e populosos nesta região - Urucânia, Saquassu qualidade é para uma minoria, e ela não é preta.
, Barro Vermelho, Coqueiral, Aterrado do Leme, Morada dos
Existem diversos tipos de diabetes, o tipo 1, que acometeu
Sonhos, Jardim Nova Urucânia, Estrada da Boa Esperança e
meu filho, que é autoimune, o próprio organismo ataca células
Caminho do Furado. Ao lado do carro de som da Rádio Volante
do pâncreas e destrói. O tipo 2, que é o mais comum, e atinge
da Teia de Solidariedade da Zona Oeste, organização de adultos, as mulheres pretas estão mais propensas, é quando o
mulheres que tem enfrentado com muita responsabilidade e organismo tem resistência a ação da insulina. Além desses dois
combatividade os impactos da Pandemia na Zona Oeste na tipos citados, há muitos outros, e sim, uma pessoa pode ter dois
vida das mulheres e suas famílias . tipos de diabetes. Assustador não é mesmo?
Tivemos como colaboradora a grande FIOCRUZ responsável Não deveria ser.
pela produção de 138.000 milhões de doses de vacina para
Independente do tipo, as causas são multifatoriais, ou seja,
atender a nossa população no enfrentamento à pandemia. Em não podemos afirmar que determinado comportamento ou fato
parceria com o CMS Décio do Amaral Filho, com a Federação de foi a causa. Assim como as causas são diversas, o tratamento
Mulheres Fluminenses/FMF e da Confederação das Mulheres também deve ser individualizado. Os medicamentos agem de
do Brasil /CMB. Realizamos uma belíssima e contundente forma diferente em cada organismo.
Ação através das conversas com as mães, pais, avós,aquelas
Quando me perguntam: É difícil ter um bom controle do diabetes?
e aqueles que cercam a vida das nossas crianças. Orientamos
Eu respondo: Depende do ponto de vista!
sobre a importância e a necessidade permanente da
higienização das mãos, da moradia, da utilização de máscaras, O controle da glicose depende do acolhimento médico, do acesso
a informações de qualidade e políticas públicas.
do álcool gel, da importância em observar os protocolos de
saúde para que todos juntos possamos vencer essa Pandemia Tratar a diabetes adequadamente custa caro. Ter qualidade de
com bastante afinco e cuidados. vida custa caro. Mas não deveria ser assim.
Em 2007 o ex-presidente Lula sancionou uma lei que garante
ial:
Neste momento é cruc esse direito das pessoas com diabetes no SUS, a receber tudo que
imar precisam para seu tratamento, mas na prática isso não acontece.
Não podemos subest
a doença!
Elza Serra Quem mais sofre com sequelas causadas pelo mal
Moradora de Santa Cruz
controle do diabetes é a população preta e pobre.
Presidente da Federação de
Mulheres Fluminenses (FMF
Diabetes é uma das doenças mais políticas que eu conheço.
Secretária da Confederação
das Mulheres do Brasil - CMB Nessa minha trajetória entendi que precisava me voltar para a
luta junto à atenção básica, a porta de entrada no SUS, e hoje,
Conselheira no CEDIM
sou conselheira executiva no Conselho Distrital de Saúde da
Integrante da Teia ZO AP4.0 e presidente da Comissão de Doenças Crônicas contando
Vice- presidenta do com o apoio das companheiras Maria Teresa Aprigio e Maria
PCdoB Rio Bonfim, sou integrante da Comissão de Raça e Gênero porque
entendo, que a falta de acesso a políticas públicas tem uma
relação direta com a raça e gênero. Vamos juntos lutar por um
SUS com mais equidade.
Sarah Rúbia
Representante dos usuários do SUS pela AMAVAG
Presidente da Comissão de Doenças Crônicas na AP4
4 Boletim Informativo TEIA DAS PRETAS - Ano 1 - N.2 - 2022

SAÚDE DA Zona Oeste


, n ova C o n se l h e ira no
Sarah Rúbia l d e S a ú d e d a A P4
Conselho Dist r ita
onforme o diário oficial publicado
C
com a saúde, e também com protagonistas Sarah desempenha o papel também
em 5 de novembro de 2021, em 8 da agricultura familiar, que enfrentam de representante dos usuários do SUS
de fevereiro de 2022, às 18 horas, dificuldades para vender os produtos, pela AMAVAG. Presidente da comissão
no auditório da Camara comunitária da de onde tiram o sustento para si e seus de doenças crônicas na AP4, área que
Barra, tomaram posse os representantes do dependentes. atua desde 2009 na luta por direitos dos
Conselho Distrital de Saude da AP4 na Zona Essa interação é apenas um dos usuários e em defesa do SUS. “O SUS é
Oeste do Estado do Rio de Janeiro, dentre complementos de uma rede na qual a Teia de de todos e para todos, o que garante a
eles, Sarah Rúbia. Solidariedade da Zona Oeste tem abrigado equidade no acesso é a participação social,
Incansavelmente, Sarah vem se dedicando chefes de famílias, na maioria mulheres, sem ela o SUS não existe. A luta por acesso
há anos com questões de saúde a respeito em uma grande escala de pretas e pretos, ao atendimento de qualidade na atenção
das famílias dessa região. Como integrante da desempregadas e desempregados, sem básica e pela soberania alimentar precisam
Teia de Solidariedade da Zona Oeste, participa recursos para alimentar seus dependentes. estar alinhadas, queremos cuidar da saúde
de desempenhos a importantes atividades Muitas das vezes além dos filhos precisam e não apenas tratar doenças” ressalta.
contra a fome. Essa é uma linda tarefa onde cuidar da fome e da Saúde de idosos quase
Sarah junto com diversas companheira sempre o pai ou a mãe ou avó, avô, até Parabéns Sarah Rúbia
interagem com famílias que passam por mesmo irmãos mais velhos. Nessa tarefa por ser essa pessoa tão aguerrida
necessidades de alimentação e cuidados tão importante para a questão da Saúde, em prol da Saúde comunitária!

COMO ANDA SUA A Feira Solidária das Vargens é...


Rede de apoio?⁣⁣ ... uma iniciativa que surgiu para lutar pela soberania
alimentar no território, atendendo famílias em
omos seres relacionais, estar em contato de afeto e cumplicidade vulnerabilidade alimentar, ao mesmo tempo em que

S pode ser uma ferramenta importante em diversas situações como


suporte para lidar com nossas questões.⁣
fortalece a agricultura urbana. Porém, ainda que tenha
um caráter emergencial e prioritário, nosso interesse não
se resume a uma ação assistencialista de distribuição
Construir espaços seguros, onde se estabelece uma relação de confiança
é um processo de formar uma rede de apoio, com pessoas nas quais de cestas. Ou seja, para além disso, colocamos em nosso
recorremos quando entendemos que não podemos lidar com determinadas horizonte estratégico avançarmos na organização
situações sozinhas.⁣ ⁣A pressão do mundo nos impulsiona cada vez mais popular e garantir a geração de renda para as mulheres
ao individualismo e a auto suficiência, aflorando a competitividade envolvidas. Deste modo, neste ano de 2022, demos
nas relações com as outras pessoas. Romper com esta pressão é algo partida nas oficinas de economia feminista radical
trabalhoso, caminhar coletivamente exige uma dedicação para construir com foco em saúde. Foram realizadas duas ações, uma
uma estrutura de segurança, mas também proporciona parcerias Oficina de Produção de Desinfetante (Tintura-Mãe)
acolhedoras e muito potentes de cuidado mútuo e trocas significativas com Ervas Medicinais dos Quintais Produtivos e uma
para estarmos vivas.⁣ ⁣Reconhecer quem são essas pessoas em sua vida, Oficina de Diluição das Tinturas para Distribuição. Com
fortalecer os laços, compartilhar as angústias, se permitir pedir ajuda, os pés na terra, em roda, olho no olho e respiração, foi
pensar junto quais as melhores opções ao seu alcance e como construir possível trocar experiências e sentimentos, conversar
novas possibilidades é algo de grande potencial terapêutico. ⁣ ⁣Essa rede sobre essa produção agroecológica e refletir sobre as
de apoio pode ser formada de diversas maneiras, seja com sua psicóloga, possibilidades de comercialização com o objetivo de
com amigos, família, o pessoal da turma de forró que você faz parte, da gerar renda. Ao total, foram produzidos 13 litros de
academia, de um jogo, da faculdade, do teatro, os amigos de bar, grupos tintura-mãe para ser diluída, além de gerar um
na internet ou grupos religiosos, sempre podemos encontrar potenciais reencantamento pelos próprios quintais, lajes,
relações de confiança, e se propor a isso é um movimento transgressor. ⁣ terrenos baldios e qualquer outro espaço onde
se possa plantar ervas
Você já pensou sobre a construção dessas relações?⁣ que sirvam de base para
produtos como este. E virão
@corpo_nomundo mais produtos por aí!
Ana Gabriela Ribeiro - assistente social Monique Lima - psicóloga
Boletim Informativo Teia das Pretas - N. 2 - ano I - fevereiro/2022
Teia de Solidariedade da Zona Oeste
Contato: Marina Ribeiro E-mail: mulheres.cpmzo@gmail.com 21 97263-3910 teiasolidariedadzo teiasolidariedadzo
Editoria – Redação: Analice Madeira, Jane Nascimento, Silvia Baptista Projeto gráfico-editorial: Carlos D
Diagramação e ilustrações: Jane Nascimento e Carlos D Tiragem: 100 exemplares.

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