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MASSUELEN
CRISTINA
TERREIROS -
ÀS MARGENS
DO VELHA
O Rio das Velhas já foi chamado pelo nome de ‘Uaimií’, que em Tupí, sig-
nifica Velha Água. Esse afluente do Rio São Francisco vai serpenteando
e cortando todo o Estado de Minas Gerais, sendo o Bem Natural mais
importante para diversas culturas Indígenas, mas também possuindo
valor crucial durante a Invasão Europeia no território Brasileiro, sendo
o assentamento (Morada) de diversos Povos Africanos na região de
Minas Gerais.
A mesma elite que morava dentro dos limites do Rio, inutilizou sua água,
poluiu seus córregos e aterrou suas fontes, provocando mudanças drás-
ticas no comportamento das cheias, resultando em enchentes e nas
barragens ao longo de seu trajeto.
VITÚ DE SOUZA
Curador
MASSUELEN CRISTINA
Premiada nos Prêmios Vozes Agudas para Mulheres Artistas(2020), Prêmio Itaú
Cultural de Artes Visuais(2020) e 7º Prêmio BDMG CULTURAL/FCS (2021) parti-
cipou também com trabalhos no MIP4 - Mostra internacional de performance
(2021) Festival Internacional de arte do Rio de Janeiro- FIAR (2021), MOSTRA VERBO
nas Galeria Vermelho em São Paulo e Galeria Chão SLZ em São Luiz (2022), além
de Residências Artísticas como LAB CULTURAL BDMG (2021) e Instituto de Arte
Contemporânea de Ouro Preto (2021).
Montagem Diagramação
Sérgio Arruda Maria T Morais
MOSTRAS BDMG CULTURAL CICLO 2022
BRUNO RIOS
PEDRO DAVID
BÁRBARA LISSA E
MARIA VAZ
MASSUELEN CRISTINA
LGBT + RESISTÊNCIAS
MEMÓRIA E MUSEOLOGIA
SEMINÁRIO MUSEUS,
Sumário
Oxum e Narciso
Vitú de Souza
Vitor Luiz Medeiros de Souza
vitorluismedeiroos@gmail.com
Museologia - Universidade Federal
do Auto-afeto de
de Minas Gerais
Museologia Kilombola
Núcleo de Pesquisa em Raças -
Universidade Federal de Minas
Gerais
ou LGBTQ+
Núcleo de Pesquisa em Raça,
Gênero e Performance -
NUPERGEPE - Coletivo Erês
Coletivo Corporeidade
28 | MEMÓRIA LGBTIQ+
- A marginalidade
e pessoas Pretas e
MEMÓRIA LGBTIQ+ | 29
Oxum ção. A cor dourada para muitos iniciados está
Ìba Òsun sekese justamente vinculada ao reflexo do sol na
Ìba Òsun olodi água, ou da energia que surge, quando a água
Latojoki awede we’mo Ìba Òsun ibu kole bate na pedra e irradia as pessoas, seu culto,
Yeye kari está sempre vinculado a coisas belas e leves
Latokoko awede we’mo Yeye opo e o ritmos tocados a Orixá (o Ijexá e Agueres)
O san rere o são os mais lentos e compassado, quando
Àse comparados aos outros orixás, é a deusa da
Ora yê yê ô Beleza, do Amor e de tudo que é belo.
Então porque, a auto estima negra é asso-
Dos 15 (quinze) e até hoje, com 22 (vinte e ciada a Narciso e Não a Oxum ?
dois), ainda utilizo o termo Narciso, não no O trabalho do colonizador-europeu, foi tão
sentido original, pois aprendi a identificar no poderoso, que agiu num nível simbólico in-
meu reflexo, em outras potência e idiossin- tuitivo, que fez um dos maiores símbolos de
crasias, foi quando conheci Oxum, Yabá das afetividade e auto estima, ser também vin-
Águas doce, deusa da maternidade e afe- culado a uma prática, tida como errada, (vin-
tividade, no Panteão Iorubá, foi quando eu culada ao narcisismo e as patologias dessa
entendi o poder do reflexo e como Narciso, doença) Mesmo que a energia de Oxum seja
não conseguiria, suprir de significado, o ato de fato Luxuosa, e ou Ambiciosa, o 'Princípio
de minha auto estima. de seu culto’ está justamente ligado ao afeto
Oxum possui um Caráter Histórico, um Ca- e energia vinda das águas e de como a água
ráter Psíquico e tantos outros Caráteres é a mãe da terra e que e por consequência,
Simbólicos-Sincréticos, entre eles, existem todos na terra são seus filhos.
abismos conceituais extremos. A esperança que vem de Oxum, deveria ser
Como a ‘Função Epistemológica de Feminili- o guia, para nosso reflexo e refletir, assim
dade e Maternidade’ para os povos Iorubás, como ela reflete o Sol para que possamos
foi sexualizada e subvertida e Narcisada ? ter energia, Oxum reconhece e reflete nossa
Para os Iorubás, Oxum é a força-regente energia vital e nos convida a nos enxergar
da própria afetividade e força vital, Oxum com mais afeto.
também nessa cosmovisão é a ‘Maternida- Eu diria até que Oxum reconhece dentro de
de Personificada’, e assim em caráter sim- gente a energia que ela nos cedeu, nos em-
bólico é a Orixá responsáveis pelos Rios e prestou, quando nós nascemos, quase como
Água Doce. numa permuta, não de modo egoísta, para
Oxum é justamente a rainha do reino que rei- dar continuidade com seu culto, mas para
na todas as terras, o Rio que é sagrado em que no ato do ‘Auto Amor’ e Auto Louvação’,
todas as esferas, para todas as pessoas, que possamos retribuir o amor que elas nos deu
banha e reflete todos os corpos, sem distin- em benevolência.
30 | MEMÓRIA LGBTIQ+
Nossa beleza é oriunda dela, nosso afeto Se a imagem de Narciso é branca, isso não
e afetividade, são extensões das águas de se pode ter certeza, contudo sua estigma e
Oxum no nosso corpo, quando olhamos pro culpa é em absoluto são europeias, estigma
espelho-rio, vemos a energia que deveríamos esta que se expandiu e sincretizou outras re-
e poderíamos ter, não como Narcisos, mas ferências de 'auto-reflexão e auto-amor’, a
como Filhos de Oxum, como filhos de um Rio. sacralização da patologia de Narciso, inaugu-
rou uma culpa convicta no auto amor, que ao
meu ver, segregou as expressões e demons-
trações de afeto para brancos-europeus e
condicionou negros e latinos ao ódio a auto
imagem, podemos ser pretos-amerindios bo-
nitos, mas não podemos ser narcisistas.
Oxum não têm a mesma energia de Narci-
so, o afeto para a Yabá é algo expansivo en-
quanto para Narciso é exclusivo, contudo os
filhos de Oxum, continuam sendo estigma-
tizados por Narciso, continuaram a ser ta-
xados e reprimidos, a encontrar o ‘afeto-re-
flexo’, que nos foi originalmente concebido.
Afeto É um ato consumado, que todos os pretos
O Afeto de Oxum e de Narciso, são oposi- em uníssono, sofram de auto estima e se
tórios ? estigmatizam por isso, por não nos ser per-
O Afeto para Oxum e para Narciso são lidos mitido, sermos belos e termos consciência
de formas desiguais, se para Narciso temos disso, sem sermos erroneamente vestidos
termos como feitiços (na noção europeia de como Narcisos.
feitiço, enquanto mal), enquanto patologia, Eu mesmo utilizei do título de Narciso, quan-
para Oxum o afeto é algo empírico e simbólico. do associei o meu passado a uma patologia,
Narciso é um homem, em muitas lendas lido quando não compreendia, a pureza e potên-
como branco, ainda que não existam provas cia do espelho.
concretas que os Gregos fossem, genuina- Desde aquele dia no Rio Cachoeira, tenho
mente caucasianos, concluem um arqué- revisto e refletido, meu reflexo e frente a
tipo Narciso, vinculado a branquitude e a todo o contexto que me foi imposto e repri-
metrosexualidade, e dessa forma, acabam mido, e desde então não fujo mais do espe-
por bestializar a sua existência e condição, lho, hoje tenho um de cada formato e estilo,
de-olhar-para-seu-reflexo-de-forma-com- para cada ocasião e para cada pedido.
pulsória, associando ao Narciso, o vício da Hoje eu não sou mais Narciso
própria imagem. Sou Filho do Rio
MEMÓRIA LGBTIQ+ | 31
Envie sua história, conte suas
memórias, denuncie a discriminação.
revista@memorialgbt.org
Revista Memórias LGBT
Ed. 13 - Ano 8 - 1o Semestre de 2021
ISSN 2318‑6275
pretos em afeto
memórias e corpos
Sexualidade:
Etnia, Raça e
Sumário
Histórico Entrevista Memórias Ensaio Poesia Artigo Exposição
Vitú de Souza
Graduando em Performance
Dorso
Museologia pela
Universidade Federal
de Minas Gerais (UFMG),
é Músico pelo Centro
Interescolar De Cultura,
Artes, Linguagens e
A
Tecnologias (CICALT).
Possui experiência em
produção/gestão cultural performance trata das de‑
e suas ramificações. cepções amorosas sofridas
Artista e produtor por jovens LGBTQ's, em es‑
do Coletivo Erês -
pecial jovens negros. Como
Mensageiras dos Ventos
e do Grupo de Samba alguém bissexual (biafetivo) sempre es‑
de Coco - Coquistas de tive de cara com um velho estereótipo, o
Tia Toinha, exercendo as de que gostar de homens e mulheres me
funções de arranjador,
daria mais oportunidades sexuais. Con‑
compositor, cantante
e poli instrumentista. tudo, minha sexualidade só aumentou a
Pesquisador do Núcleo quantidade de decepções.
de Pesquisa em Raças, Quando mais jovem, achei que estas
Gêneros e Performances
decepções mudariam todo meu futuro e
(NUPERGEPE – Coletivo
Erês), onde realiza que jamais iria esquecer o amor passado.
pesquisas sobre Eu tinha um padrão. Eu me interessava
arte, memória e pela cabeça da pessoa, depois pela fala,
pertencimento, bem
depois me apaixonava por elas e, por fim,
como organização
cultural. Também atua sentia atração sexual. Esta atração estava
como fotógrafo do sempre ligada ao dorso. Eu sempre gostei
projeto “Cinematografia dessa parte anatômica dos corpos. Nas
Extrassensorial”, que
aulas de biologia, sempre circulava essa
explora as relações entre
foto e movimento. É parte das pessoas. Depois de tantos ca‑
editor de som e vídeo do sos frustrados de amor, sinto que conti‑
Projeto Corporeidade nuo capturando dorsos por aí.
e articulador da Rede
Museologia Kilombola no
sudeste do Brasil, onde
pesquisa as relações
das culturas negras e o
patrimônio cultural.
98 | MEMÓRIA LGBTIQ+
MEMÓRIA LGBTIQ+ | 99
Poema Dorso
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Série Idiossincrasias Dalber Brito - Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto
Ibirapitanga
O Arquivo Fotográfico Negro Nagôgrafia, faz a alusão direta ao termo do Idioma Iorubá (falado na Nigéria e Benin) – ‘NAGÔ’ – que, em sua
tradução livre, sinaliza os Caminhos e possíveis Aberturas e Encruzilhadas.
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25/02/2024, 13:57 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
ENCRUZILHADAS
DA ARTE
AFRO-BRASILEIRA
Série Idiossincrasias Dyana Santos- Contagem/ MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo
rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
Em consequência ao tráfico de africanos pelo Atlântico (ocorrido entre os séculos XVI e XIX), o termo foi amplamente utilizado para descrever os
povos da Costa Ocidental Africana, e posteriormente subvertido como metodologia de materialização destas culturas, se organizando, deste
modo, enquanto aquilombamento. ‘O Povo Nagô’ ou ‘Nação Nagô’, indo da Costa da Bahia em Salvador e se ramificando por todo o território
brasileiro, através dos Terreiros e outras Organizações Culturais, que em suas confluências com as Tradições dos Povos Bantus (da África
Central), desenvolveram outros diversos arcabouços estéticos, de uma unidade negra comum. Sendo: ‘NAGÔ’, um dos sinônimos possível para a
‘Negridão’ e todas as suas afluências, reunidas sob esse nome. Não mais, como ‘Folclore Racista’, e sim, como uma dupla afirmação estético-
visual da Negrura.
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25/02/2024, 13:58 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
ENCRUZILHADAS
DA ARTE
AFRO-BRASILEIRA
Série Idiossincrasias Marcel Diogo -Contagem/ MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
Enquanto projeto, o Arquivo teve a possibilidade de documentar o ateliê de 11 artistas, residentes de Belo Horizonte–MG. em novembro de 2023,
numa série de fotografias comissionadas por Deri Andrade para a exposição “Encruzilhadas da Arte Afro-Brasileira”, onde foi possível
identificar processos similares de ‘Aquilombamento’ e ‘Afirmação Estética’ que os Nagôs fizeram pelo território brasileiro.
Apesar das tradições Nagôs terem chegado ao estado de Minas Gerais, importadas do trânsito religioso (SALVADOR – SUL), foram
especificamente perpetuadas pelas contribuições de Carlos Olojukan, fundador do Terreiro Ilê Wopo Olojukan, em 1964, esta fundação só foi
possibilitada com os diálogos e intercâmbio entre o Terreiro e as Corporações Negras dos Reinados (Congados, Moçambiques e Candombes),
que empregavam métodos seculares de perpetuação de suas raízes filosóficas, na materialidade da arte.
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25/02/2024, 13:58 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
ENCRUZILHADAS
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AFRO-BRASILEIRA
Série Idiossincrasias Will – Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm
Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
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25/02/2024, 13:58 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
ENCRUZILHADAS
DA ARTE
AFRO-BRASILEIRA
Série Idiossincrasias Pedro Neves – Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo rag 308 21 x
29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
Um exemplo deste contexto é o histórico do processo de Tombamento do Terreiro Olojukan, que ocorreu em paralelo à Primeira Edição do
Festival de Arte Negra (FAN) em 1995, quando as culturas negras, encorajadas pelos ‘Movimentos Negros Organizados’ da época, pressionaram
a Prefeitura de Belo Horizonte a criar uma política para a preservação desta Casa de Axé. Mesmo havendo outros Terreiros mais antigos que o
Wopo Olojukan, como o próprio Nzo Kuna Nkos’i (Primeiro terreiro de Nação Angola do Estado de Minas Gerais). Não houveram competições ou
equiparações de relevância, por entenderem que os caminhos de ambas tradições perpassam por serem contemporâneas uma da outra, tendo
caminhos imbricados pela luta contra o racismo, utilizando na Materialidade da Arte com a forma de protegerem suas fundamentações filosóficas,
memórias e suas respectivas tangibilidades.
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ENCRUZILHADAS
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Série Idiossincrasias Iago Marques – Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto
Ibirapitanga
Série Idiossincrasias Marcus Deusdedit – Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto
Ibirapitanga
Dos 11 artistas fotografados pelo Nagôgrafia, respectivamente: Will; Massuelen Cristina; Marcel Diogo; Dyana Santos; Dalber Brito;
Juliana Oliveira; Marcus Deusdedit; Pedro Neves; Iago Marques; Desali e Gamba. Contemporâneos, uns dos outros, compartilham em
seus trabalhos as noções de Caminhos e Aquilombamentos, que os possibilitaram ‘Se Encruzilharem’ entre si, em diversas oportunidades. Cientes
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de seus direitos à autonomia simbólica, estes artistas visuais documentam a realidade através de suas obras, seus protestos, linhas de pesquisa,
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seus idiomas e sincrasias únicas, indissociáveis de seus desempenhos individuais e propósitos pessoais mais íntimos. Para além de enunciados à
beleza, são manifestos públicos da sobrevivência e persistência azeviche, enquanto fiscalizam e protegem as existências uns dos outros, assim
como as tradições negras seculares faziam.
ENCRUZILHADAS
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Série Idiossincrasias Massuelen Cristina- Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel
Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
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Série Idiossincrasias Juliana de Oliveira- Belo Horizonte / MG Impressão fotográfica sobre papel
Hahnemuhle Photo rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
Isto ocorre porque Belo Horizonte é um território construído pelas materialidades das pessoas pretas, trazidas para mão-de-obra da construção da
cidade-modelo, configurando-a paralelamente em obra e em ateliê. Num território de memória, (circunscrita) de estéticas e filosofias negras,
apropriadas, havendo não somente uma Sankofa em cada portão, mas sim, negro em todos os traços da cidade, mesmo que nenhum negro esteja
morando no território construído por seus ancestrais. O processo de Cura e Enegrecimento dessa Região é retroalimentado por cada artista que
residente, dando novas camadas ao que existia anteriormente, tornando negro o que foi embranquecido e instaurando espaços de confluência os
quais não foram planejados para este território, indo além de cidade cosmopolita, para Região ‘Quilombozilhada’, sendo a antítese aos paradigmas
coloniais (posteriormente republicanos) subvertendo as estruturas modernas. Havendo sempre um negro ou um conjunto de negridões,
desafiando os alicerces brancos impostos.
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25/02/2024, 13:58 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
ENCRUZILHADAS
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Série Idiossincrasias Desali – Belo Horizonte/ MG Impressão fotográfica sobre papel Hahnemuhle Photo
rag 308 21 x 29,7 cm Coleção Projeto Afro, com apoio do Instituto Ibirapitanga
Referências:
ALMEIDA, Amarildo Fernando – A SENIORIDADE INICIÁTICA DO ILÊ WOPO OLOJUKAN: origem e extensão do Candomblé em Belo Horizonte
– MG e as narrativas
MARQUES, Nathália. Entrevistada durante a Exposição Cidade Palimpséstica, 2019 disponível <https://www.youtube.com/watch?
v=1Jk5ZCvlbP8>
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25/02/2024, 13:58 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
CACCIATORE, Olga Gudolle. Dicionário de Cultos Afro-Brasileiros. Com origem das palavras’- Rio de Janeiro, RJ, 1988
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SODRÉ, Muniz. ‘Pensar nagô’ – Petrópolis, RJ, 2017 <https://www.professores.uff.br/ricardobasbaum/wp-
content/uploads/sites/164/2022/03/Sodr%C3%A9_Muniz-Pensar-Nag%C3%B4.pdf>
SOBRE O AUTOR
Graduando em Museologia pela Universidade Federal de Minas Gerais - UFMG, realiza trabalhos de curadorias de forma autônoma e presta serviços
para Museus, Galerias de Arte e Colecionadores Privados, pesquisa Produção e Gestão Cultural, áreas onde é técnico pelas instituições Serviço Nacional
de Aprendizagem Comercial - SENAC ‘Técnico em Produção Cultural’ e Fundação de Educação para o Trabalho de Minas Gerais - UTRAMIG. Gere a
Curadoria e Expografia da Galeria Luzia Pinta, no Centro Cultural Casa Amarela em Sabará - Minas Gerais, cidade onde também atua como Agitador e
Produtor Cultural no É membro da Articulação Nacional da Rede de Museologia Kilombola - RMK, organização independente que pesquisa e propõe
políticas para os patrimônios amefricanos. Compõe o Comitê Internacional de Museologia no Brasil - ICOM BR, onde propõe o recorte racial nos debates
das Ciências Sociais do Patrimônio e da Informação. Além disso é Fotógrafo, Documentarista, realizando os registros das tradições e manifestações
populares afrobrasileiras, em seu projeto NAGÔGRAFIA inserido na Produtora OJÚ, pelo qual foi consagrado com a 1° Edição do Prêmio Dona
Generosa, edital de ocupação do Museu dos Quilombos e Favelas Urbanas - MUQUIFU, com a sua exposição NJILAS.
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25/02/2024, 13:58 CAMINHOS ABERTOS COM AS MÃOS | PROJETO AFRO
ENCRUZILHADAS
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25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
OUVIR RÁDIO
REVISTA Nº 10
CONHECIMENTO , ARTIGOS
VITÚ DE SOUZA
Festa de Seu Luciano Vagueiro - N'zo KiaKutuima Mujilo - Maio 2023. Acervo NAGÔGRAFIA
Este texto parte de uma pesquisa que busca produzir um glossário que
experimenta as justaposições de conceitos praticados na Museologia em
(con)dissonância com as visões negras de mundo, esmiuçando as possíveis
divergências que essas leituras possam acarretar – contudo, fazendo-as assim
mesmo. Tais proposições e associações livres partem da releitura e tradução de
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 1/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
Ọmọlú pè olóre
a àwúre ẹ kú àbọ
Que Omolu (filho de Deus) faça seu trabalho
para nos dar a boa sorte (e memória)
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 2/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 3/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
Alguns impedimentos
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25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 5/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
ARTHUR, LAÍRA, LUCIANA E RITA E MÃE ANA DE IROKO – FESTA DE CABOCLO, NZO KABILA – OUTUBRO DE 2021.
ACERVO NAGÔGRAFIA
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 6/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 7/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
anos. Com esse gesto, a rede propõe um novo mito de criação dos Museus, que
ultrapassa as concepções greco-romanas de “Casa das Musas” para alcançar um
processo anterior em África, defendendo, assim, a preservação da memória na
“Casa dos Pretos”.
SAMBADEIRAS DO SAMBA DA DONA DALVA. CACHOEIRA – RECÔNCAVO DA BAHIA, 04 DE JULHO DE 2023. FOTO:
VITÚ DE SOUZA
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 8/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
FESTA DE SEU LUCIANO VAGUEIRO – N’ZO KIAKUTUIMA MUJILO, MAIO DE 2023. ACERVO NAGÔGRAFIA
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 9/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
ÀKÒSÓRÍ
Guarde na memória
Referências
https://bdmgcultural.mg.gov.br/artigos/kilombo-e-a-cidade-o-museu-sao-as-pessoas-que-vivem-nela/ 10/12
25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
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25/02/2024, 13:57 Kilombo é a cidade, o museu são as pessoas que vivem nela - BDMG Cultural
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DOBRAR VARIAS VEZES
EM TORNO DE SI
SEM SE ROMPER.
Abayomi em sua tradução mais popular, é Encontrar Panos Preciosos, ou Panos que se Massuelen Cristina, fruto e filha dos
associada com a flexão de duas palavras do tornam preciosos por terem a exata diversos processos de aquilombamentos
idioma Yorubá: Abay - Encontro e Omi - desenvoltura, para poder se dobrar várias em Sabará, fez do seu encontro precioso,
Precioso, contudo essa flexão pode muito vezes em torno de si sem se quebrar ou registrar a diáspora que viu, utilizando o
bem ser uma associação diásporica, romper. Desenvolvendo-se assim em mais mesmo contexto Nagô, de representar as
comumente encontradas em diversas fontes um Enunciado de Cura, através das culturas etnias que mesmo torcidas ou trançadas
do nosso português e do Iorubá Brasileiro visuais, tão presentes para estes povos, que em torno delas mesmas, não rompem
(praticado no Brasil, por tanto em seu grande sistema filosófico suas estruturas, volvendo suas
reimaginado). Pondo a etimologia em especulativo, tange, refletir e criar idiossincrasias de dentro para fora num
segundo plano, podemos nos lançar sobre metáforas sobre a própria negridão e processo constante de dança, cada rosto
certos aspectos mais possíveis para a leitura mestiçagem. retratado pela artista é um enunciado de
das Boneca Abayomis, de ir além de um Os Nagôs deste modo influenciaram outras esperança, de poder salvaguardar e
encontro precioso, entre a Bonequeira culturas, milenares outras, anteriores a percutir a memória do seu povo para a
Artesã e a Criança Presenteada, formação Iorubá de Mundo, que já possuíam posterioridade, tecendo novos
compreendendo a própria tessitura do outros arcabouços e metáforas visuais para documentos e catalogações das
brinquedo. brinquedos preciosos oferecidos às crianças, tangibilidades negras possíveis
Abayomis, são feitos sem costura, são panos que por concórdia, incorporaram a
torcidos e trançados por sua anatomia, mas atribuição filosófica Nagô, de enxergar a
que, contudo, possuem adornos e preciosidade encontrada na matéria-prima, Vitú de Souza
vestimentas próprias, que não são presas para promover eventos de curas, sendo Curadoria e Gestão da Galeria Luzia Pinta
por botão ou cola, essas bonecas se muito provavelmente por este motivo, que
autorreferenciam em suas formas e há Abayomis em Kilombos até os dias de
estruturas, mas, mais profundamente em hoje enquanto na Nigéria brincam com
seu próprio nome, a exaltação e o alvoroço Bonecas feitas de Louça Branca.
que o fenômeno da descoberta está presente
nas culturas Nagôs (Iorubás e
circunvizinhas).
Curadoria: Massuelen Cristina e Vitú de Souza
Produção: Ojú Arte
Realização: Casa Amarela
Montagem: Vitú de Souza e Masuelen Cristina
Iluminação: Vitú de Souza