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Embriogenese

tenha alcançado o estágio de duas células, ele passa


por uma série de divisões mitóticas, aumentando o
número de células. Essas células, que se tornam
menores a cada divisão de clivagem, são conhecidas
A embriogênese corresponde às sucessivas etapas do
como blastômeros. Até o estágio de oito células, elas
desenvolvimento do embrião humano, as quais se formam um grupo sem associações entre si.
sucedem após a fecundação e formação da célula-ovo Entretanto, após a terceira clivagem, os
(zigoto). A embriogênese abrange as divisões, blastômeros maximizam seus contatos uns com os
multiplicações e diferenciações que a célula geminada outros, formando uma bola compacta de células
sofrerá durante o crescimento do embrião. mantidas unidas por junções de oclusão. Esse
processo, a compactação, segrega as células internas,
que se comunicam intensamente por junções
comunicantes, das células externas.
Aproximadamente 3 dias após a fertilização, as
células do embrião compactado se dividem
novamente, formando uma mórula de 16 células (que
lembra uma amora). As células internas da mórula
constituem a massa celular interna, e as células
circunjacentes compõem a massa celulare xterna. A
massa celular interna origina os tecidos do embrião
em si e a massa celular externa forma o trofoblasto,
que mais tarde contribui para a formação da placenta.

Depois da formação dos gametas na gametogênese,


pode ocorrer a fecundação, ou seja, o encontro entre
essas células germinativas. A partir daí, sucede-se o
desenvolvimento embrionário, ou embriogênese,
onde é possível ver inúmeras divisões celulares que
originarão outras células, processo conhecido como
mitose. Inicialmente, as células formadas são iguais e,
conforme vão acontecendo as divisões, elas vão
diminuindo de tamanho, onde não há a diferenciação Da célula zigoto, são formadas duas células idênticas
celular. Depois, ocorre essa diferenciação, que dará entre si. Depois, a partir dessas duas são formadas
origem aos folhetos embrionários e, posteriormente, quatro células, também idênticas. Das quatro, são
formadas oito e dessas são formadas dezesseis, assim
à organogênese, ou formação dos órgãos.
sucessivamente. No intervalo entre 16 e 32 células,
esse aglomerado celular é chamado de mórula. Este
Segmentação nome foi dado porque essas células juntas parecem
Gastrulação Organogênese uma amora. Neste momento, as células migram para
ou clivagem
a periferia, dando origem a um espaço oco no interior,
A fase de embriogênese, de forma geral, é dividida em chamado blastocele. Essa fase é chamada de blástula
segmentação, gastrulação e organogênese. Dentro de e corresponde às células indiferenciadas, que também
são chamadas de células-tronco.
cada uma dessas etapas, outros processos
importantes acontecem.
 Características da etapa de segmentação
 Ocorrem sucessivos processos de mitose
Segmentação (clivagem).

A segmentação, também chamada de clivagem,  Aumento do número de células, mas sem


corresponde à primeira etapa do desenvolvimento aumentar o tamanho (volume).
embrionário, na qual é possível visualizar, ainda, as
estruturas de mórula e blástula. A segmentação se
inicia durante as primeiras 24 horas após a  Conforme a regra de Balfour, a segmentação é
fecundação e corresponde à primeira semana do tanto mais rápida quanto menos vitelo houver
desenvolvimento embrionário. Uma vez que o zigoto na célula-ovo.
espaços intercelulares se tornam confluentes e,
 Formação da mórula e blástula (essa com uma finalmente, é formada uma única cavidade, a
cavidade chamada de blastocele). blastocele. Nesse período, o embrião é denominado
blastocisto. As células da massa celular interna,
chamada agora de embrioblasto, estão em um polo, e
Mórula as da massa celular externa, ou trofoblasto, achatam-
A mórula é um dos estágios da segmentação, se e formam a parede epitelial do blastocisto.
precisamente o quarto estágio da segmentação
celular que acontece após o óvulo ser fertilizado pelo
espermatozoide. A formação da mórula precede o
blastocisto. Nessa etapa, o zigoto tem entre 16 e 32
blastômeros. Essa mórula já apresenta uma
organização. As células (blastômeros) estão
organizadas em células internas e externas. As células
internas se organizam naquilo que é chamado de
massa celular interna ou embrioblasto. As células
externas se organizam naquilo que é chamado de
massa celular externa ou trofoblasto. O trofoblasto
contribui para a formação da placenta, enquanto que
o embrioblasto contribui para a formação do tecido
do embrião.
Antes do blastocisto atingir a parede uterina, o
mesmo precisa passar por vários estágios de
diferenciação. Após um processo contínuo de
Blástula clivagem e compactação, a mórula origina o
A blástula é uma fase do desenvolvimento que ocorre trofoblasto e o embrioblasto, que são os
após a fase de mórula. Em mamíferos, a blástula é componentes promários do blastocisto. O líquido
conhecida como blastocisto, a blastoderme como uterino passa pela zona pelúcida para formar a
trofoblasto e a massa interna de células recebe o cavidade do blastocisto. Quando o blastocisto atinge o
nome de embrioblasto. Essa estrutura é então endométrio, a implantação começa pelo trofoblasto
composta por uma blastoderme (trofoblasto), dividindo-se em citotrofoblasto e sinciociotrofoblasto,
embrioblasto e por uma cavidade chamada de sendo o sinciciotrofoblasto o principal responsável por
blastocele. invadir o endométrio. O embrioblasto divide-se em
epiblasto e hipoblasto, os quais são responsáveis pelo
OBS: é durante a etapa de blástula que ocorre a surgimento da cavidade amniótica e do saco vitelínico,
nidação (implantação do embrião na parede uterina). respectivamente.

 Trofoblasto
Camada de células epiteliais que forma a parede
externa da blástula dos mamíferos (blastocisto) e
atua na implantação e nutrição do embrião. O
trofoblasto é a camada celular externa que
formará a parte embrionária da placenta. Cerca de
6 dias após a fecundação, o blastocisto adere ao
epitélio endometrial por ação de enzimas
proteolíticas (metaloproteinases) e a implantação
Por volta do período em que a mórula entra na
sempre ocorre do lado onde o embrioblasto está
cavidade uterina, um fluido começa a penetrar os
localizado. Logo, o trofoblasto começa a se
espaços intercelulares da massa celular interna diferenciar em duas camadas: sinciciotrofoblasto e
através da zona pelúcida. Gradualmente, esses citotrofoblasto.
 Sinciciotrofoblasto: camada externa das células. Surgimento da linha primitiva
Invade o endométrio
A Linha Primitiva é formada por um segmento linear
 Citotrofoblasto: camada interna das cpelulas. espesso do epiblasto, no início da terceira semana, é o
camada mitoticamente ativa que fornece indício do início da gastrulação. Este segmento
células para o sinciciotrofoblasto. (fragmento linear) é originado a partir da proliferação
e migração das células do epiblasto para o centro do
disco embrionário.
 Embrioblasto
É a massa interna de células do blastocisto, que
formará o embrião propriamente dito. Com a
progressão da implantação do blastocisto, ocorrem
mudanças no embrioblasto que resultam na
formação de uma placa bilaminar – o disco
embrionário- formado por duas camadas:
 Epiblasto: camada celular espessa e colunar,
que desenvolve rapidamente à cavidade
amniótica. Serve como assoalho da cavidade
amniótica.
Essa linha primitiva vai determinar o eixo crânio-
caudal do embrião. Ao mesmo tempo em que a linha
 Hipoblasto: camada celular delgada e cubóide,
primitiva é formada, aparece juntamente um nó
que forma o saco vitelino. Serve como teto da primitivo, fosseta primitiva e sulco primitivo.
cavidade vitelínica.

Gastrulação

O evento mais característico durante a terceira


semana de gestação é a gastrulação. A gastrulação
Formação das três camadas
ocorre logo após o processo de segmentação. A germinativas
gastrulação consiste no processo pelo qual as três
camadas germinativas – que são as precursoras de A partir da linha primitiva vai ocorrer a formação das
todos os tecidos embrionários e a orientação axial – três camadas germinativas (três folhetos
são estabelecidos nos embriões. Durante essa fase, o embrionários). Para a formação dessas três camadas,
disco embrionário previamente bilaminar (epiblasto e as células desprendem-se do epiblasto e deslizam
o hipoblasto) é convertido em um disco embrionário para baixo em um movimento conhecido como
trilaminar (ectoderma, mesoderma e endoderma). ingressão.
Além disso, é na etapa de gastrulação que há o
desenvolvimento da notocorda. Todos esses
processos que caracterizam a gastrulação são
mediados por inúmeras proteínas morfogenéticas
ósseas e outras moléculas de sinalização (como, FGF –
fator de crescimento do fibroblasto, SHH – sonic
hedgehog).
A ingressão é um fenômeno que ocorre com a presença  Ectoderma e seus derivados
da linha primitiva e corresponde ao processo de  Ectoderma não neural: estrutura que, após um
proliferação de células do epiblasto através da linha tempo de formação, se transforma na epiderme.
primitiva em direção ao hipoblasto a partir de um
movimento de interiorização (ingressão).  Neuroectoderma: estrutura que, após um tempo
de formação, forma a placa neural, tubo neural e,
 1º grupo de células: conjunto de células que
por fim, o sistema nervoso central. Além dessa
imigra do epiblasto pela linha primitiva irá ocupar placa neural, forma a crista neural que se
o espaço das células do hipoblasto, formando transforma em sistema nervoso periférico,
assim o endoderma. músculos, ossos da face e pescoço e melanócitos.

 2º grupo de células da ingressão: as células que  Mesoderma e seus derivados


imigram num segundo momento, organizam-se
frouxamente entre o epiblasto e o endoderma,
formando o mesoderma.

 3º grupo de células da ingressão: as células que


permanecem no epiblasto (sem migrar) após os
movimentos de imigração através da linha
primitiva e do nó primitivo darão origem ao
ectoderma. Portanto, este é o último folheto
embrionário a se formar.
 Forma a notocorda a partir do mesoderma axial.

 Forma a mesoderma paraxial que, por sua vez,


forma uma série de somitos.

 Forma a mesoderma intermediário, que origina o


sistema urogenital
 Forma a placa lateral (somatopleura e
esplancnopleura)

 Endoderma e seus derivados


 Forma o tubo digestivo primitivo

 Transição epitélio-mesenquimal  Forma o tubo digestório


Para que a ingressão aconteça, é necessário que
elas sofram uma transformação, como a transição  Forma o sistema respiratório
epitélio-mesenquimal. Se o epiblasto é um tecido
epitelial e suas células estão bem aderidas, na
região da linha primitiva elas perdem essa
característica e deixam de fazer parte do epitélio Notocorda
para assumir uma característica mesenquimal, que
nada mais é do que uma célula com pouca adesão A notocorda é um bastão celular que se desenvolve
às suas vizinhas e altamente migratória. Assim, por transformações do processo notocordal. A
nessa linha primitiva, as células do epiblasto notocorda tem origem da mesoderma axial. A
notocorda é uma estrutura que só existe durante a
sofrem a transformação epitélio-mesenquimal
embriogênese, de modo que desaparece
(deixam de fazer parte do epitélio e assumem posteriormente ao formar parte da região dos discos
característica mesenquimal). intervertebrais. Sinais instrutivos da linha primitiva
induzem as células precursoras notocordais.
OBS: as células mesenquimais são pluripotenciais.
OBS: a formação da notocorda só acontece se,
anteriormente, houver a formação da linha primitiva.

 Formação da notocorda
Sinais instrutivos da linha primitiva vão estimular
células presentes na fosseta primitiva. Essas células
estimuladas, vão adentrar pela fosseta
(invaginação no epiblasto ou ectoderma) e vão se
alongar entre o ectoderma e endoderma e,
posteriormente, vão invaginar e se associar às
células do endoderma.

 Funções da notocorda
 Define o eixo do embrião e lhe dá alguma
rigidez.

 Serve como base para o desenvolvimento axial


do esqueleto (como os ossos da cabeça e
coluna vertebral).

 Indica o futuro local dos corpos vertebrais.

Neurulação

A neuralação é o processo em que a placa neural e as


pregas neurais são formadas, e ocorre o fechamento
que forma o tubo neural, rudimento do sistema
nervoso central. Nesta etapa, o embrião é chamado
de neurula. Vale destacar que a neurulação faz parte
da organogênese, etapa do desenvolvimento
embrionário caracterizado pela formação
À medida que as células da notocorda se dos órgãos e demais tecidos que compõem o
proliferam, a placa notocordal vai se dobrando, de organismo.
modo que o que era apenas um sulco começa a
tomar uma forma similar a um tubo. Por fim, após OBS: essa neurulação, com a formação da placa, do
muito se proliferar, essas células da placa se tubo, é estimulada pela notocorda. Logo, na medida
dobram completamente e se fundem (um lado da em que a notocorda vai se desenvolvendo, ela
placa se funde ao outro lado da placa), formando estimula o ectoderma a se diferenciar.
um tubo chamado de notocorda. A notocorda está
localizada entre o ectoderma e endoderma.
Neuroectoderma Tubo neural
O sistema nervoso inicia sua formação no final da 3a O tubo neural é uma estrutura do embrião que será
semana de desenvolvimento, por ação da notocorda, responsável pela formação do sistema nervoso
que induz a diferenciação do ectoderma em neural e central.
superficial. O ectoderma neural ou neuroectoderma
consiste em um espessamento de células na região  Formação do tubo neural
mediana do disco embrionário, que corresponde à placa O tubo neural se origina da placa neural, uma área
neural e à futura crista neural. Marcando o início da espessada do ectoderma neural na região dorsal
neurulação, o que acontece é que, em relação a média, que surge por volta da terceira semana,
induzida pela notocorda e mesoderma paraxial.
ectoderma não neural, que está nas partes mais
laterais, é que a estrutura na região medial está mais
alongada, mais espessa.

A placa neural, muda sua conformação, com elevação


das suas bordas laterais (pregas neurais), passando a
se chamar sulco neural.

OBS: a neuroectoderma é uma modificação da parte


medial e anterior do fosso primitivo. Forma os dois tipos
de sistema.

 Placa neural: a placa neural, que fica logo acima


da notocorda, na região mais medial do
ectoderma neural, forma, posteriormente, o tubo
neural e o sistema nervoso central (medula e
encéfalo).

OBS: por estar localizada logo acima da notocorda, é As pregas neurais vão se aproximando e o sulco
induzida a se transformar por conta dessa estrutura neural se aprofundando, formando a goteira neural.
(notocorda). Quando as pregas neurais se fundem, forma-se então
o tubo neural.
 Crista neural: a crista neural, que está na região
lateral do ectoderma neural, forma os órgãos e
estruturas do sistema nervoso periférico
(gânglios, sistema nervoso autônomo, simpático).

A formação do tubo neural começa em torno do 22º


ao 23º dia, induzido pela epiderme da região dorsal e
pela notocorda. O tubo neural se fecha
primeiramente na região medial do embrião.
OBS: observando a evolução das imagens, é possível Crista neural
perceber que, ao final, além da formação do tubo
neural, o mersoderma se diferencia em mesoderma Originada a partir da interação da placa neural com o
paraxial, o qual também se diferencia e forma os
tecido ectodérmico não neural durante a gastrulação,
somitos (estrutura importante para a formação da
a crista neural é uma população de células
estrutura associada ao esqueleto).
multipotentes. As cristas neurais formam o sistema
nervoso periférico e gânglios sensitivos e motores,
melanócitos, células de Schwann.

OBS: tanto o sulco neural quanto a crista neural


surgem do ectoderma neural ou neuroectoderma.

 Formação das cristas neurais


Durante a formação do tubo neural, em embriões
de cerca de três semanas e meia, na região de
fusão das pregas neurais, células se desprendem
da superfície e migram para as laterais do tubo
OBS: observando a evolução das imagens, é possível neural, essas células constituem a crista neural. A
perceber que, ao final, além da formação do tubo crista neural se forma até no mínimo quatro
neural, o mersoderma se diferencia em mesoderma semanas e meia, no encéfalo, e durante muito
paraxial, o qual também se diferencia e forma os
mais tempo na medula espinhal.
somitos (estrutura importante para a formação da
estrutura associada ao esqueleto). Também final da  Transição epitélio-mesenquimal: as cristas
neurulação, a crista migra completamente para os neurais sofrem transição epitélio mesenquimal
lados do tubo neural, o tubo neural está e, por apresentarem essa característica, não
completamente fechado entre o ectoderma e o expressam moléculas de adesão caderina e n-
endoderma e os pares de somitos ficam evidentes na caderina, migrando bastante para formar o
região do mesoderma.
sistema nervoso periférico.
 Funções do tubo neural  Funções das células da crista neural
O tubo neural vai ser o primórdio do sistema São células responsáveis pela formação do sistema
nervoso central. Ou seja, o tubo neural formará o nervoso periférico, ou seja, gânglios e nervos do
cérebro e a medula espinhal. sistema nervoso periférico.

 Defeitos do tubo neural


O cérebro e a medula espinhal no feto se
desenvolvem sob a forma de um sulco que se
Histogênese
desdobra e se transforma em um tubo denominado
tubo neural. Camadas de tecido originadas a partir
desse tubo normalmente se transformam no cérebro A histogênese, assim como a neurulação, é uma etapa
e na medula espinhal e nos tecidos que os recobrem, da organogênese. A histogênese é a formação e
incluindo parte da coluna vertebral e das meninges. desenvolvimento dos diferentes tecidos embrionários
Às vezes o tubo neural não se desenvolve de um organismo a partir de células indiferenciadas.
Estas células são constituintes das três primeiras
normalmente, o que pode afetar o cérebro, a medula
camadas germinativas, a endoderme, a mesoderme e
espinhal e as meninges. Os dois principais exemplos
a ectoderme.
de defeitos do tubo neural são a espinha bífida e
anencefalia  Ectoderma: origina órgãos e estruturas do
sistema nervoso, tecido epitelial e seus anexos,
glândulas salivares, lacrimais e mamárias,
hipófise, encéfalo, medula espinal.
 Mesoderma: origina órgãos e estruturas do
sistema cardiovascular, reprodutor, excretor,
tecido conjuntivo, cartilagem ossos, tecido
muscular.

 Endoderma: origina órgãos e estruturas do


sistema digestório, respiratório, tireoide,
paratireoide, fígado, pâncreas, timo.
Embriologia do Correto posicionamento do coração
Durante a quarta semana do desenvolvimento

sistema cardiovascular embrionário, há dois dobramentos do embrião, que é


o dobramento mediano e o dobramento lateral.

O sistema cardiovascular é o primeiro a funcionar no  Dobramento no plano mediano


embrião, principalmente devido à necessidade de um O dobramento mediano é responsável por
método eficiente de captação de oxigênio e posicionar o coração primitivo na região ventral,
nutrientes. A embriologia cardiovascular envolve o uma vez que está acontecendo também o
desenvolvimento inicial do coração (dobramentos dos desenvolvimento do sistema nervoso central (placa
planos, formação do tubo cardíaco primário, neural).
regionalização do tubo cardíaco durante seu
alongamento), formação dos átrios (remodelação da
extremidade de influxo do coração, diferenciação do
átrio primitivo, absorção da veia pulmonar pelo átrio
esquerdo) e septação do coração (formação dos
coxins endocárdicos, septação atrial com formação do
septo primário, septação atrial com formação do
septo secundário, septação definitiva dos átrios,
septação ventricular da porção muscular do septo
interventricular e septação ventricular da porção
membranosa do septo interventricular).

Desenvolvimento
inicial do coração

OBS: celoma pericárdico forma a cavidade pericardial.


Septo transverso forma o diafragma.
Na terceira semana, o embrião já tem formado os três
folhetos embrionários: ectoderma, mesoderma e  Dobramento no plano horizontal e formação do
endoderma. Além disso, esse embrião já apresenta tubo endocárdico primitivo
uma divisão do seu mesoderma em paraxial, O dobramento do embrião no plano horizontal é
intermediário e lateral. Como já se formou o celoma responsável por dar a forma cilíndrica do embrião.
extraembrionário, o mesoderma lateral ainda se É a partir desse dobramento que tubo endocárdico
subdivide em duas porções: mesoderma esplâncnico e primário é formado, uma vez que esse
mesoderma somático. É justamente nessa região do dobramento permite a junção dos dois tubos
mesoderma esplâncnico que se observa o endocárdicos originados dos cordões
aparecimento do primórdio do coração chamado de angioblasticos que canalizam.
cordões angioblasticos. Esses cordões são maciços de
células que surgem no mesoderma esplâncnico na
porção cranial do embrião. Futuramente, esses
cordões se canalizam e formam os tubos
endocárdicos.
Regionalização do tubo cardíaco durante
seu alongamento
Essa regionalização acontece alguns dias após o
dobramento no plano e no plano horizontal. À medida
que o embrião vai se desenvolvendo, o coração passa
a também crescer dentro da região pericárdica, de
modo que alguns regiões passam a ser melhores
delimitadas. São elas o seio venoso (trato de entrada
do sangue no coração através dos cornos do seio
venoso), átrio, ventrículo, bulco cardíaco e tronco
arterioso (trato de saída do sangue no coração)

Com esse dobramento, há a formação de duas pregas


laterais chamadas de tubos endocárdicos, uma vez
que os cordões angioblasticos se canalizam e dão
origem a essa estrutura. À medida que o embrião
dobra no plano horizontal, esses tubos tendem a se
aproximar, até se juntar e formar um tubo cardíaco
único. Quando esses tubos se unem, o coração já
apresenta um batimento.

OBS: é importante lembrar que o coração ainda não


está dividido, de modo que ele é um tubo único.
Então, o sangue chega pelo trato de entrada, passa
pelo futuro átrio, pelo futuro ventrículo e sai no trado
de saída.

Formação dos átrios


cardíacos

Conforme vai ocorrendo o desenvolvimento do tubo


endocárdico primitivo, regiões no coração passam a
O coração em 22 dias já se localiza na cavidade ser delimitadas, como os átrios cardíacos.
pericárdica, tendo a presença de um tubo
endocárdico primitivo originado da fusão dos dois Remodelação da extremidade de influxo
tubos endocárdicos. Nesse momento, as três camadas do coração
do coração (endocárdio, miocárdio e epicárdio) já O seio venoso é remodelado e começa a fazer parte
estão definidas também. Nesse momento, a geleia da parede do átrio. A remodelação do seio venoso é
cardíaca também é formada. Essa geleia é uma matriz chamada de remodelação da extremidade de influxo
extracelular sintetizada e secretada pelas células do (chegada) do coração.
miocárdio, estando localizada entre o miocárdio e o
endocárdio. Essa geleia cardíaca é bastante
importante para a formação dos coxins endocárdicos,
que são responsáveis pela septação atrioventricular.
Absorção da veia pulmonar pelo átrio
esquerdo
A absorção da veia pulmonar pelo átrio esquerdo é
essencial para a formação da estrutura que
caracteriza esse átrio.

Com 24 dias de desenvolvimento, o seio venoso


bilateralmente simétrico, de modo que se tem três
veias chegando de cada lado do coração: veias
vitelínicas esquerda e direita, umbilicais esquerda e
direita e cardinais esquerda e direita. A porção direita
acaba por se desenvolver mais, enquanto que a
porção direita forma, futuramente, apenas o seio
coronário.
No lado esquerdo, ocorre a absorção da veia
Diferenciação do átrio primitivo pulmonar pelo átrio esquerdo, que consiste na
entrada das veias pulmonares e formação das paredes
lisas do átrio esquerdo. A veia pulmonar começa a
entrar no átrio primitivo esquerdo. Logo em seguida,
essa veia começa a sofrer bifurcações e vão sendo
incorporadas à parede do átrio esquerdo. Assim, o
átrio primitivo que, a princípio, apresentava os dois
lados bem parecidos, já a se diferencia mais. O lado
direito tem a entrada da veia cava inferior e superior,
e o lado esquerdo já tem a entrada das veias
pulmonares. Assim, quando houver a separação, esse
coração já vai estar apto para ter a divisão correta e
ter também a circulação sistêmica e pulmonar

OBS: a circulação pulmonar só se inicia depois do


nascimento

O lado direito do seio venosos visto anteriormente


passa a ser incorporado à parede do átrio (região roxo Septação do corção
é a região lisa do átrio direito). Com esse movimento
do seio venoso para a parede do átrio, as entradas
A septação do coração é importante para formar a
para o átrio (veia cava superior e inferior) começam a
circulação sistêmica e pulmonar. Esse processo de
ser formadas.
septação é importante durante o desenvolvimento
embrionário e também porque é durante esse
momento que muitas malformações são
desenvolvidas.
Septação atrial – formação do septo
primário
Concomitantemente à fusão dos coxins endocárdicos
(esses agem como uma valva que impedem a
regurgitação de sangue dos ventrículos para os átrios
e separa essas duas câmaras), o septo interatrial
primitivo também começa a se formar.

Secretada pelo miocárdio, a geleia cardíaca é uma


estrutura formada por matriz extracelular espessa.
Essa geleia cardíaca assume papel fundamental no
processo de septação.

Formação dos coxins endocárdicos


A formação dos coxins endocárdicos é essencial para a
septação atrioventricular.

Inicialmente, o septo interatrial primitivo ele é uma


estrutura membranosa fina e em forma de meia-lua
que se origina no teto dos átrios primitivos e cresce
em direção ao coxim endocárdico. Essa membrana é
conhecida como septo primário (septum primum), e
separa os átrios primitivos em átrio direito e átrio
esquerdo. A borda livre do septo primário,
juntamente com a borda superior do coxim
endocárdico, constituem os limites superior e inferior
(respectivamente) de uma abertura chamada
de forame primário. Com o passar do tempo, o septo
primário continua crescendo em direção aos coxins
endocárdicos até se fundir com eles, obliterando
(desaparecendo), assim, o forame primário.
Como observado na imagem, a região da geleia OBS: esse septo primum tem uma área em sua porção
cardíaca está sofrendo um espessamento em função superior em que as células vão sofrer apoptose.
da formação dos coxins endocárdicos. Para que haja a Quando essas células entram em apoptose, há a
formação desses coxins, as células do miocárdio formação do chamado forame secundum. Esse
passam a enviar sinais para as células do endocárdio. forame permite a mistura de sangue entre o átrio
Quando esses sinais vindo do miocárdio atravessam a direito e o átrio esquerdo. Então, o septum primum
geleia cardíaca e chegam nas células do endocárdio, tem o chamado foramen primum que fecha e,
essas células do endocárdio se diferenciam posteriormente, o foramen secundum.
(diferenciação epitélio mesenquimal). Essas células
diferenciadas começam a ocupar a região de matriz
extracelular da geleia. As células dos coxins se formam
em ambos os lados e se fundem, dando origem à
divisão entre átrio e ventrículo.
Septação atrial – formação do septo  Porção muscular do septo interventricular
secundário O septo muscular se inicia com o aparecimento de
Entre a 5ª e a 6ª semanas de gestação, um outro uma crista muscular mediana a partir da
septo muscular, mais espesso, começa a se proliferação de mioblastos que formam uma crista
desenvolver a partir do teto dos átrios: o septo (primórdio do septo interventricular primitivo,
secundário (septum secundum). Assim como o septo como na imagem A). Essa crista cresce em direção
primário e à sua direita, o septo secundário cresce ao coxins até formar o septo muscular
inferiormente em direção aos coxins endocárdicos, (interventricular).
cobrindo parcialmente o forame secundário porém
sem ocluí-lo. A margem livre do septo secundário
forma uma abertura de forma oval chamada
de forame oval.

 Porção membranosa do septo interventricular


O septo membranoso já apresenta uma formação
mais complexa. Ele é formado pelos coxins
endocárdicos e pelas cristas bulbares direita e
esquerda.

Um novo septo é formado (em verde na imagem), o


qual apresenta o chamado forame oval

OBS: então, o septo secundum apresenta o chamado


forame oval.

OBS: todos esses forames existem porque, no início


do desenvolvimento, não há circulação pulmonar. OBS: a maior parte das malformações associadas às
Assim a circulação fetal precisa apresentar várias falhas na septação ventricular acontece justamente
adaptações para que o pulmão possa se desenvolver e nessa área do septo membranoso.
o sangue ser desviado dessa circulação pulmonar.
Então, o sangue chega ao átrio direito com grande Alteração da
pressão, atravessa o forame oval e secundum e chega
circulação natal para a
ao átrio esquerdo.
neonatal

Septação dos ventrículos A circulação sofre sucessivas mudanças com o


desenvolvimento do embrião, de modo que a
Os ventrículos são divididos a partir da formação de circulação fetal e neonatal se difere. Existem três
dois septos: muscular e membranoso. A divisão do estruturas vasculares importantes na transição da
ventrículo primitivo inicia-se com a formação do septo circulação fetal para a neonatal: ducto venoso, forame
interventricular (IV) primário, no assoalho do oval e ducto arterial.
ventrículo próximo do seu ápice.
O sangue oxigenado chega da placenta através da
veia umbilical. Ao se aproximar do fígado o sangue
passa diretamente para o ducto venoso, um vaso
fetal que comunica a veia umbilical com a veia
cava inferior. Percorrendo a veia cava inferior, o
sangue chega no átrio direito e é direcionado
através do forame oval para o átrio esquerdo.
Assim, neste compartimento o sangue com alto
teor de oxigênio vindo da veia cava se mistura com
o sangue pouco oxigenado vindo das veias
pulmonares, já que os pulmões extraem oxigênio e
Nessa primeira imagem (A), a pressão do lado direito não o fornece. O ducto arterial, ao desviar o
é mais alta, de modo que o sangue passa com tudo sangue da artéria pulmonar para a artéria aorta,
pelo forame oval, forame secundum e chega ao átrio protege os pulmões da sobrecarga e permite que o
esquerdo. Já quando o pulmão passa a funcionar ventrículo direito se fortaleça para a sua total
depois do nascimento (B), de modo que a circulação capacidade funcional ao nascimento.
pulmonar passa a existir, a pressão forte do átrio
direito deixa de existir. Essa pressão mais alta passa  Circulação neonatal
para o lado esquerdo. Então, o sangue chega com
tudo do lado esquerdo e faz com que o septo primum
(membrana delgada) fique bem fixada ao septo
secundum (prega muscular). Isso faz com que a
comunicação entre os átrios seja fechado de forma
fisiológica. Isso fecha o forame oval e origina a
chamada fossa oval.

 Circulação fetal

Após o nascimento o ducto arterial, o ducto


venoso, o forame oval e os vasos umbilicais não
são mais necessários. Dessa forma, ocorre o
fechamento do forame oval e o ducto venoso e
arterial se contraem. O fechamento do forame oval
ocorre pelo aumento de pressão no átrio esquerdo
que pressiona a sua válvula contra o septum
secundum.

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