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O intuito deste trabalho foi descrever e analisar os diálogos de professor e aluno, apontar seus anseios e sugerir
como a Didática de qualidade pode contribuir para melhorar a relação professor-aluno no seio escolar. A
presente pesquisa foi realizada através de fontes de dados de alguns pesquisadores sobre o assunto, além de uma
pesquisa de campo promovida numa escola da rede pública estadual de ensino no município de Porto Nacional -
TO. Na realização dessa reflexão participaram 26 alunos do Ensino fundamental, em uma turma do 9° ano, os
quais tinham entre doze e quatorze anos, além de dois professores. A pesquisa foi executada em vários
momentos com os alunos e professores dentro da sala de aula, onde os diálogos, entrevistas e as experiências
proporcionaram confrontar com o tema em questão. Diante disso, infere-se que o seguimento didático em sala de
aula está ligado, conectado, dotado de uma concepção do processo de ensino-aprendizagem; nesse processo, o
relacionamento humano está sempre em atividade, criando novos métodos de ensino e novos saberes. Nesse
sentido, a escola surge como uma importante aliada a motivar e a sensibilizar tanto os professores bem como
alunos a criarem condições mais favoráveis na relação professor-aluno em sala de aula.
Abstract
The purpose of this paper was to describe and analyze the dialogues of a teacher and a student, a way to do their
own exercises and suggest how quality didactics can help improve the teacher-student relationship in the school
environment. The present research was carried out through data sources of some researchers on the subject,
besides a field research promoted in the public network of education without municipality of Porto Nacional-TO.
The existence of the reflection was constituted by 26 students of Elementary School, in a class of the 9th year,
with the participation of twelve consecutive years, besides two teachers. The research was conducted at different
times with students and teachers within the classroom, where dialogues, interviews and questions provided a
confrontation with the topic in question. Thus, it is inferred that the didactic follow-up in the classroom is
connected and punctuated, in a teaching-learning process; the human process is always in activity, with new
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Graduando em Letras do Curso de Letras do Campus Universitário de Porto Nacional da UFT.
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Professora Adjunta do Curso de Letras do Campus Universitário de Porto Nacional da UFT.
teaching methods and new knowledge. In this sense, the school emerges as an important ally to motivate and
sensitize both teachers and students to become more favorable in the teacher-student relationship in the
classroom.
Segundo Libâneo (2004) “[...] a didática tem o compromisso com a busca da qualidade
cognitiva das aprendizagens, esta, por sua vez, associada à aprendizagem do pensar. Cabe-lhe
investigar como ajudar os alunos a se constituírem como sujeitos pensantes e críticos, capazes
de pensar e lidar com conceitos, argumentar, resolver problemas, diante de dilemas e
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problemas da vida prática”. (p.5).
Ao observarmos o conceito da didática vimos que seu campo de estudo é muito amplo
e está sempre se reformulando, aderindo às novas perspectivas que surgem em torno das
reflexões sobre sua função na educação. Sendo assim, ela é vista como uma importante aliada
nas metodologias aplicadas no dia a dia das escolas, criando condições capazes de influenciar
no ensino do professor e na aprendizagem do aluno, visto que supera as relações no ambiente
escolar.
Em conformidade com o assunto em questão a pesquisadora Veiga afirma que:
Reafirmando esse conceito, Veiga (1989) diz que, o conceito educativo precisa ser
apropriado pelos alunos, pois, se pela exclusão se processa a reprodução, é pela melhoria da
qualidade do ensino que a função transformadora poderia se efetuar, ao buscar a melhor
maneira de trabalhar este conteúdo educativo.
Na visão de Surghi (1972) situando-se como um dentre outros instrumentos de
conscientização, a Didática “parte de uma análise crítica, de um questionamento da totalidade
de formas vigentes, da estrutura da instituição, dos papéis de seus membros, do significado
ideológico que se esconde por trás de tudo isso”.
Retomando os pensamentos de Veiga (1996) ela considera que a sociedade, como
finalidade para a qual se destina a educação escolar, é condição determinante para a
objetivação do ensino. Nesse caso, a “didática” será analisada e compreendida como forma
teórico-prática de ensino e, como tal, expressa determinada educação do homem para a vida
em sociedade.
Nesse sentido a Didática é de extrema importância para que o professor possa
construir e reconstruir sua identidade profissional valorizando a si mesmo e também ao
educando enquanto ser social, e sobretudo, para que haja um bom funcionamento e
Dessa forma, a Didática é uma disciplina tão importante que completa todas as
outras, pois é por meio dela que o professor procura a melhor forma de desenvolver seu
método de ensino. Com isso, se compreende que a didática é uma disciplina extremamente
fundamental no processo de formação do educador, pois, o capacita a trabalhar na sala de
aula, ambiente de desafios, com domínio dos conteúdos científicos e práticos, na busca da
interação com seus alunos.
Se, na experiência de minha formação, que deve ser permanente, começo por aceitar
que o formador é sujeito em relação a quem me considero o objeto, que ele é o
sujeito que me forma e eu, o objeto por ele formado, me considero como um
paciente que recebe os conhecimentos-conteúdos-acumulados pelo sujeito que sabe
e que são a mim transferidos. Nesta forma de compreender e de viver o processo
formador, eu, objeto agora, terei a possibilidade, amanhã, de me tornar o falso
sujeito da “formação” do futuro objeto de meu ato formador. É preciso que, pelo
contrário, desde os começos do processo, vá ficando cada vez mais claro que,
embora diferentes entre si, quem forma se forma e reforma ao formar e quem é
formado forma-se e forma ao ser formado. É nesse sentido que ensinar não é
transferir conhecimentos, conteúdos nem formar é ação pela qual um sujeito criador
dá forma; não há docência sem discência, as duas se explicam. (FREIRE,1996,
p.25).
ou de refazer o ensinado, em que o ensinado que não foi apreendido não pode ser realmente
aprendido pelo aprendiz”. (idem).
A realização do processo de ensino-aprendizagem é complexa, emblemática e
multifacetada. A respeito disso, vários estudiosos do assunto têm-se desdobrado para procurar
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argumentos convincentes na tentativa de definir o tema. Com isso, a tarefa é entender esse
processo e sistematizá-lo na educação, delimitando a sala de aula como espaço desse sistema.
Para Goulart (2010) “[...] a aprendizagem vai muito além de memorizar fatos. É
preciso dar significação ao que se aprende. Na verdade é preciso que os alunos tenham acesso
ao conhecimento sistematizado para que possam pensar sobre ele, discuti-lo, refutá-lo e
reconstruí-lo, tornando-o seu”. (p.71).
Nessa linha de raciocínio Libâneo (2004) apresenta que: “[...] o suporte teórico de
partida é o princípio de Vygotski de que a aprendizagem é uma articulação de processos
externos e internos, visando a internalização de signos culturais pelo indivíduo, o que gera
uma qualidade autorreguladora às ações e ao comportamento dos indivíduos”. (p.6).
Delimitando esse conceito, Libâneo esclarece que:
Nessa mesma base Libâneo (2004) [...] “afirma que no sócio - cultural deve – se levar
em consideração o desenvolvimento biológico e psicológico do aluno, a partir da relação e
através da socialização dos saberes de valor igual, possibilitando o desenvolvimento da
consciência crítica e da liberdade como sujeitos criadores.” (p.6).
Ao concordarmos que o processo de ensino-aprendizagem se concretiza mediante
socialização dos conteúdos e dos saberes compartilhado por seus sujeitos no ambiente da sala
de aula, logo afirmamos que tal processo se torna eficiente, quando este se apropria dos
conhecimentos específicos-teóricos-práticos, relacionando-os ao desenvolvimento intelectual
e físico do aluno.
Nesse sentido, Libâneo vai dizer que:
Nas reflexões de Pereira e Gonçalves (2010) “[...] Muitos são os fatores que afetam a 122
aprendizagem do aluno, principalmente quando a afetividade não faz parte de alguns
momentos de sua vida cotidiana e escolar. Portanto, a afetividade é capaz de derrubar a baixa
estima e rótulos comuns em sala de aula quando o aluno não aprende.” (p.13).
Assim, para Goulart o entendimento é de que a:
O aluno não está preparado para entrar na escola e o afastamento dos pais se torna
difícil para ele. Em meio a esse quadro, durante o processo de construção de
conhecimento o aluno tem necessidade de se sentir aceito e acolhido dentro de suas
limitações. Por isso, o afeto do professor é o ponto principal para o aluno interagir
com a escola. (PEREIRA E GONÇALVES, 2010, p.13).
Conforme Oliveira (1988) no que tange aos métodos de ensino, a preocupação deverá
se dar nas atitudes dos “[...] professores e suas influências sobre os alunos, uma vez que há
modelos teóricos a serem seguidos para o aprimoramento da prática pedagógica em sala de
aula. Entretanto, o professor precisa estar estimulado para desenvolver estratégias didáticas
diferenciadas próprias.” (p. 31). Com esses elementos prosseguiremos na apresentação e
discussão dos dados empíricos da pesquisa.
com uma faixa etária entre doze e quatorze anos, além de 2 (dois) professores. É importante
ressaltar que a referida instituição está localizada numa região periférica da cidade, fato este
que chama bastante atenção, visto que nessas escolas o contexto social, econômico e político
interferem no modo de trabalho do professor e no processo de aprendizagem dos alunos.
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Objetivando uma aproximação dos interlocutores, no que concerne aos professores e
alunos, a presente pesquisa estabeleceu-se numa visão qualitativa, visto que os entrevistados
ficam mais livres para defender suas opiniões, facilitando assim na seleção dos dados e na
contribuição dos possíveis resultados das análises. Para esse fim, os participantes deste estudo
responderam indagações a fim de que, das possíveis respostas, obtivéssemos algumas
conclusões, no tocante a prática do ensino da didática na sala de aula e no que ela implica na
relação professor-aluno.
Ao serem informados de que se concordassem, seriam entrevistados e analisados
criticamente, tanto professores, quanto alunos se mostraram bastante otimistas frente ao
debate, e firmaram e reafirmaram o compromisso e a importância do estudo de campo no
esclarecimento das dúvidas referente ao espaço escolar, palco este de interações, experiências
e da promoção do ensino-aprendizagem.
É importante aqui fazermos uma ressalva quanto ao conteúdos das questões elaboradas,
pois foram relacionadas aos professores e alunos, com objetivos em promover uma
aproximação de suas realidades.
A metodologia utilizada no campo da investigação foi realizada através de cincos
encontros na escola, aplicada da seguinte forma:
onde num mesmo ambiente, professores e alunos responderam as mesmas perguntas, visto
que o objetivo da pesquisa era descobrir os mesmos anseios, e como são encarados pelos
educadores e educandos.
Na oportunidade em que estávamos reunidos no mesmo ambiente, foi aplicado um
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questionário impresso com algumas perguntas, onde os alunos, divididos em dois grupos, e
professores se posicionaram frente às questões.
A primeira questão era como a Didática, como fator de qualidade, pode contribuir
nos seus ensinamentos?
Os professores responderam da seguinte forma:
“Nós professores precisamos se apropriar das variedades metodológicas e suas
concepções, afim de elaborarmos nossos planejamentos e direcionarmos a Didática para nosso
ambiente, que é a sala de aula”. (Professores).
Ao fazermos a mesma pergunta, sendo agora os alunos objetos da análise, como a
Didática, como fator de qualidade, pode contribuir nas suas maneiras de aprender?
Os grupos de alunos responderam:
“Apesar de não termos total conhecimento do assunto, acreditamos que, se nossos
professores mudarem as formas atuais das aulas, para uma melhor, menos repetitivas todos os
alunos não queriam que as aulas terminassem mais cedo” (Grupo A).
“A gente compreende a Didática como a forma que nosso professor nos ensina.
Nossos professores até nos ajudam nas atividades, mas eles repetem muito as mesmas formas,
e isso, é muito chato”. (Grupo B).
Diante do questionário e análises das respostas foi possível atribuir algumas
conclusões. Nas respostas, ficam explícitos que professores e alunos precisam mudar suas
concepções de ensino-aprendizagem; eles compreendem que a Didática voltada para a
qualidade das aulas é um de seus maiores anseios. Apesar de a escola, compreendida aqui,
como instituição acolhedora de sujeitos, não atender de forma emergencial as necessidades
destes, eles firmam seus compromissos em buscar alternativas na efetivação do processo
didático-ensino-aprendizagem.
No sentido de concluir a referida pesquisa, a partir da análise dos anseios dos
participantes, apontando dificuldades e objetivando uma definição concreta do fato
investigado, foi proposto uma última questão, onde todos, mais um vez, deram suas opiniões.
Conteúdos complicados;
Conteúdos repetitivos;
Não agradam da forma que o professor ministra suas aulas;
Mau relacionamento com o professor;
Não agradam do ambiente da sala;
4. Considerações finais
No momento que foram estabelecidos alguns caminhos à realização dessa pesquisa,
foi possível perceber a necessidade de rompimento com as incógnitas que permeiam o
contexto social, didático e pedagógico. Nesse sentido, a investigação, dada por alguns
questionamentos, se confirmou, ao serem feitas comparações dos dados referenciais
estudados, com as questões analisadas no campo da investigação, visto que há uma grande
preocupação de ambos os lados, em buscar meios adequados na efetivação do relacionamento
escolar.
É importante aqui fazermos uma ressalva, quanto alguns aspectos pesquisados. Apesar
de perscrutarmos todas as faces do processo de ensino-aprendizagem e analisarmos,
4. Referências
_____. José C. Didática. (Coleção magistério. 2° grau. Série formação do professor). São
Paulo, Cortez, 1994.
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MARTINS, P. Lúcia Oliver. A didática e as contradições da prática. Campinas, SP:
Papirus, 1998. – (Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).
______. Ilma Passos Alencastro. Didática: o ensino e suas relações. Campinas, SP: Papirus,
1996. –(Coleção Magistério: Formação e Trabalho Pedagógico).