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A didática do professor
e a aprendizagem do aluno

Gislaine Correia LEITE1


Amanda Vaz dos SANTOS2
Pablo Rodrigo GONÇALVES3
Simone Gonçalves REGANHAN4
Resumo: O artigo trata sobre uma possível relação entre a didática do professor
e a aprendizagem do aluno no Ensino Fundamental I. A partir da reflexão sobre
a possibilidade de que a didática do professor possa interferir no processo
de aprendizagem do aluno, nota-se que a didática tem grande influência na
formação do educando durante sua vida escolar. A pesquisa indicou alguns
dados sobre a influência existente entre a aprendizagem do aluno e a didática do
educador. Este trabalho tem como objetivo compreender a relação existente entre
a didática e a aprendizagem do aluno no Ensino Fundamental. Além disso, define
e apresenta a história da didática, ressaltando a sua contribuição para a prática do
professor, e estabelece a relação entre a didática do professor e a aprendizagem
do aluno. A pesquisa teve como base de dados levantamento bibliográfico e
pesquisa de campo. De acordo com os resultados apresentados, verificou-se que
os professores possuem dificuldade em compreender a didática, e esta é uma
ferramenta importante na prática do professor para aulas significativas.

Palavras-chave: Didática. Formação do Aluno. Ensino-aprendizagem.

1
Gislaine Correia Leite. Discente do curso de Pedagogia do Claretiano – Centro Universitário de Rio
Claro. E-mail: <gislainecleite@gmail.com>.
2
Amanda Vaz dos Santos. Discente do curso de Pedagogia do Claretiano – Centro Universitário de
Rio Claro. E-mail: <amandadsvaz@gmail.com>.
3
Pablo Rodrigo Gonçalves. Coordenador do Núcleo de Pesquisa e Iniciação Cientifica (NUPIC), do
Claretiano – Centro Universitário de Rio Claro. Professor do Claretiano – Centro Universitário de Rio
Claro. E-mail: <pablogoncalves@claretiano.edu.br>.
4
Simone Gonçalves Reganhan. Mestre em Educação pela Universidade Estadual Paulista “Júlio
de Mesquita Filho” (Unesp). Professora do Claretiano – Centro Universitário de Rio Claro. E-mail:
<simonereganhan@claretianorc.com.br>.

Ensaios & Diálogos, Rio Claro, v. 11, n. 1, p. 9-31, jan./dez. 2018


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The didactics of the teacher


and the student’s learning

Gislaine Correia LEITE


Amanda Vaz dos SANTOS
Pablo Rodrigo GONÇALVES
Simone Gonçalves REGANHA
Abstract: The article deals with a possible relationship between teacher didactics
and student learning in Elementary School I. From the reflection on the possibility
that the didactics of the teacher can interfere in the student’s learning process, it
is noted that didactics has a great influence on the education of the student during
his school life. The research indicated some data about the influence that exists
between the student’s learning and the educator’s didactics. This work aims to
understand the relationship between didactics and student learning in Elementary
School. In addition, it defines and presents the history of didactics, highlighting
the contribution of didactics to teacher practice, and establishes the relationship
between teacher didactics and student learning. The research was based on
bibliographic survey and field research. According to the presented results, it
was verified that the teachers have difficulty in understanding the didactics and
this is an important tool in the practice of the teacher for significant classes.

Keywords: Didactics. Student Training. Teaching-learning.

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1.  INTRODUÇÃO

A didática é uma ferramenta essencial na prática pedagógica


do professor, pois estabelece a relação entre o docente, o ensino e
a aprendizagem. O processo didático pode se tornar um facilitador
no processo de ensino e aprendizagem, quando se trata de oferecer
um ensino significativo, que leve o aluno a apreender o conteúdo.O
professor pode ser interpretado como uma ponte entre o aluno e o
conhecimento, pois ele torna o ensino possível por meio de ferra-
mentas como: intervir, dialogar, questionar, criar estratégias, faci-
litar a aprendizagem.A prática pedagógica do professor será deter-
minada através do seu conhecimento, da noção de uma realidade
escolar, da sua experiência, do conhecimento a ser trabalhado em
cada faixa etária, do conhecimento das leis e documentos voltados
à educação, do respeito às diferenças raciais e sociais, entre outros
aspectos.
Observando o cenário da educação atualmente, torna-se ne-
cessária a reflexão sobre a possibilidade de que a didática escolhi-
da e usada pelo professor possa interferir no processo de aprendi-
zagem do aluno.Sendo assim, acredita-se que a didática definida
pelo professor de Ensino Fundamental I tenha grande influência no
processo de aprendizagem do aluno.A presente pesquisa justifica-
-se pelo fato de poder apresentar, em seus resultados, dados sobre
a influência que pode existir entre o processo de aprendizagem do
aluno e a didática escolhida pelo professor em sala de aula.Este
artigo tem o objetivo de entender a relação existente entre a didá-
tica e a aprendizagem do aluno no Ensino Fundamental I. Além
disso, busca definir didática e compreender seu processo histórico
na educação, compreender de que forma a didática contribui para o
trabalho do professor, estabelecer relação entre a didática escolhida
e aplicada pelo professor de Ensino Fundamental I e o desenvolvi-
mento do processo de aprendizagem do aluno.A pesquisa será de
natureza aplicada, que objetiva gerar conhecimentos para a prática
e dirigido à solução de problemas específicos voltados para o uso
da didática em sala de aula.O estudo é de caráter exploratório, que
visa proporcionar maior familiaridade com a questão da influência
da didática do professor na aprendizagem do aluno, com vistas a

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torná-lo explícito ou a construir hipótese, envolvendo levantamen-


to bibliográfico e pesquisa de campo.
Do ponto de vista dos procedimentos técnicos, este estudo
será bibliográfico. Será elaborado a partir de material já publica-
do, constituído de livros, artigos e materiais disponibilizados na
internet. Haverá também coleta de dados por meio de questionário,
com questões abertas e fechadas, aplicadas a cinco professores do
Ensino Fundamental I, de uma escola pública do município de Rio
Claro-SP. A forma de abordagem utilizada para a análise dos dados
coletados será qualitativa.

2.  DIDÁTICA: O QUE É? COMO SE TRANSFORMOU


AO LONGO DA HISTÓRIA? COMO ESTÁ A DIDÁTI-
CA NO BRASIL HOJE?

Quando se trata de educação, a didática é um dos termos im-


portantes que devem ser refletidos dentro do campo da pedagogia.
Para Coménio (2006, p. 45), didática significa a “arte de ensinar”.
Segundo o Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa (2009, p.
682), “[...] didática é arte de transmitir conhecimentos; técnica de
ensinar, parte da pedagogia que trata dos preceitos científicos que
orientam a atividade educativa de modo a torna-la mais eficiente”.
Sem dúvidas, a didática envolve diversos pontos do processo de
ensino e aprendizagem, desde o planejamento até a forma de atuar,
ensinar e aprender na sala de aula.
A didática não é um termo novo. Ao longo da história, foi
sofrendo modificações, até chegar à definição e conceito que se tem
hoje. Um dos primeiros registros da didática pode ser encontrado
no livro Didactica Magna, escrito por Coménio, que se empenhou
em desenvolver “[...] um método universal de ensinar tudo a to-
dos” (COMÉNIO, 2006, p. 45).Segundo Santos e Oliveira (1995,
p. 5), “[...] tomando COMÊNIO como ponto de partida, podem-se
identificar três fases iniciais na construção da Didática: naturalista-
-essencialista, psicológica e experimental”.
A fase naturalista-essencialista inicia-se em Comênio e vai
até o início do século XIX. Baseia-se no ensino a partir das leis da

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natureza, em que a didática trata dos elementos culturais a serem


dominados pelos indivíduos de uma sociedade.Na fase psicológica,
a didática está fundamentada na psicologia, a partir de Pestalozzi,
Herbart e Sikorsky. A didática passa a ser estudada sobre a perspec-
tiva de procedimentos e métodos do ensino, porém, não de maneira
efetiva, oscilando entre o método e a importância dada pelo aluno.
A fase experimental ocorre de 1879 até o século XX; a didá-
tica, aos poucos, vai assumindo um viés científico, a partir de um
caráter técnico, influenciado por Piaget no que se refere à aquisição
de métodos ativos de ensino. Em meados do século XX, devido à
sua metodologia de pesquisa e conteúdos, a didática experimental
passa a ser criticada.Surge, então, uma nova construção da didática,
numa linha progressista. Entre as décadas de 1950 e 1970, a didá-
tica passa a ser prescritiva, busca técnicas de ensino que visam fa-
cilitar a aprendizagem do aluno e passa a defender a concepção da
neutralidade científica e pedagógica (SANTOS; OLIVEIRA, 1995,
p. 6). Porém, entre as décadas de 1970 e 1980, esse novo conceito
de didática sofre novas críticas, tais como:
À não-cientificidade do campo (p. ex.: SOARES, 1976,
1985a, 1985b); Às visões parciais na abordagem do ensino
pela Didática, que enfatizam a sua dimensão ora huma-
na, ora técnica, ora político-social (CANDAU, 1983); Ao
caráter ideológico da Didática e à sua funcionalidade em
relação ao papel do ensino e da escola ligado à reprodu-
ção das relações sociais de produção (p. ex.: OLIVEIRA,
1988a). A Didática assume a característica de um campo
descritivo e explicativo da realidade do ensino, e tem seu
conteúdo na produção intelectual brasileira constituído de
discussões, de um lado, sobre aquelas críticas e sobre o
papel da Didática nos cursos de formação de professores
(SALGADO, 1982; CANDAU, 1983) e, de outro, acerca
das tendências pedagógicas no interior das quais a Didá-
tica se constrói (LIBÂNEO, 1985). Assim, ora se nega o
saber didático em si mesmo considerado, pelos argumen-
tos de sua falta de cientificidade, de sua fragmentação e
defesa funcional da neutralidade científica, ora se busca
resgatar sua validade, sua organicidade e seu comprometi-
mento com uma perspectiva crítica acerca das relações en-
tre Educação e sociedade, pela retomada da descrição dos
elementos e subprocessos do ensino – conteúdo que vem

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sendo então consolidado no campo – em suas relações com


conceitos e princípios pedagógicos ligados às tendências
ou teorias pedagógicas mais amplas. (SANTOS; OLIVEI-
RA, 1995, p. 5).
Surgem, então, novas discussões que se estendem até hoje,
com relação à construção de um novo papel para a didática. As
discussões são acerca do cunho ideológico e metodológico, tendo
agora a função de mediação, buscando unir o conhecimento escolar
ao sistematizado e as práticas sociais as pedagógicas.A didática no
Brasil, a partir do século XX, baseia-se no processo de aprendiza-
gem do aluno a partir de três correntes: o humanismo, o comporta-
mentalismo e o interacionismo construtivista; ou na prática social
(SANTOS; OLIVEIRA, 1995, p. 7).
Fazendo uma breve recordação sobre as abordagens, pode-se
ver quão diferentes elas são em suas particularidades. Começando
pela abordagem “Comportamentalista”, acredita-se que o homem é
um produto do meio, por isso, ele é modificado conforme a cultu-
ra do local onde ele vive, e o conhecimento acaba resultando des-
sa cultura. Ainda dentro dessa abordagem, o aluno é visto como
quem evolui em seu próprio ritmo, considerando fatores como a
economia. Na abordagem “Humanista”, o aluno aprende a partir
das experiências reais e concretas, e o principal objetivo do ensino
é atingir o aluno, criando condições para facilitar a sua aprendi-
zagem. Por fim, na abordagem “Interacionista Construtivista”, o
ensino é baseado em experiências, e o aluno constrói seu próprio
conhecimento (MIZUKAMI, 1986).
Na prática social, o ensino torna-se uma prática social real na
formação dos indivíduos. Esta segue duas linhas: a fenomenologia,
que são as pesquisas sobre didática, e o materialismo histórico dia-
lético, que se refere ao exercício do trabalho didático em relação ao
indivíduo.
Nas primeiras concepções de educação, de acordo com Mi-
zukami (1986, p. 14), a relação professor-aluno é vertical, sendo
que um dos polos (o professor) detém poder decisório quanto à
metodologia, conteúdo, avaliação, forma de interação na aula. Ou
seja, a aprendizagem era vista como passiva, na qual o aluno tinha,
basicamente, de decorar os conteúdos e, dessa maneira, “construía”

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sua aprendizagem. No entanto, o educando era restrito apenas ao


que o professor lhe transmitia, o conhecimento era limitado, e não
havia reflexão. Ou seja, não construíam seu próprio conhecimen-
to, apenas reproduziam o que já estava pronto.Alguns filósofos
contribuíram de forma significativa com suas teorias para a cons-
trução do conhecimento, sendo alguns deles Sócrates, Comênio,
Pestalozzi, Herbart e Dewey.Sócrates dizia que o conhecimento
não é algo transmitido por quem ensina, mas, sim, construído pelo
próprio educando (HAYDT, 2004, p. 15). O aluno deve participar
da construção do próprio conhecimento, e o educador tem a função
de proporcionar meios para que isto aconteça.
Comênio dizia que todos tinham direito à educação, indepen-
dentemente do sexo, e que o professor deve ensinar através da expe-
riência e mostrar qual é a utilidade no cotidiano do aluno (HAYDT,
2004, p. 16-17). Para que o conteúdo seja apreendido pelo aluno,
é importante que faça sentido e significado para ele, pois o aluno
deve conhecer o que é e quais as finalidades daquilo que está sen-
do ensinado.Herbart diz que, para que o educando possa assimilar
novas ideias às já existentes, será necessário que o professor o leve
a refletir sobre as suas particularidades e semelhanças (HAYDT,
2004). Sendo assim, Herbart ([s.d] apud HAYDT, 2004, p. 21)
[...] afirmava que o interesse não era apenas um meio para
garantir a atenção do aluno durante a aula, mas uma forma
de assegurar que as novas ideias ou representações fossem
assimiladas e integradas organicamente aquelas já existen-
tes, formando uma nova base de conduta.
Acredita-se que o papel da escola é oferecer aos alunos uma
educação que os leve a construir seu conhecimento através da refle-
xão e do senso crítico. Para Dewey ([s.d] apud HAYDT, 2004, p. 22),
[...] o papel da escola não é comunicar o saber pronto e aca-
bado, mas ensinar as crianças a adquiri-lo, quando lhes for
necessário [...] desenvolvendo a atenção e o pensamento
reflexivo, a capacidade de estabelecer relações entre fa-
tos e objetos, a habilidade para diferenciar o essencial do
acessório e para remontar as causas e prever os efeitos [...].
Para Pestalozzi ([s.d] apud HAYDT, 2004, p. 18), “[...] o prin-
cipal objetivo da educação era favorecer o desenvolvimento físico,

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intelectual e moral da criança e do jovem, através da vivencia de


experiências”, ou seja, a preocupação era trabalhar o indivíduo em
todos os aspectos, sempre partindo da experiência concreta, resul-
tando em um conhecimento completo para o educando, trabalhando
não só a mente, mas também o corpo.
Tais filósofos proporcionaram ideias que favoreceram o de-
senvolvimento da didática ao longo da história da educação, trazen-
do em comum o ensino reflexivo e construtivo, no qual o aluno atua
no processo de construção do seu próprio conhecimento. Segundo
Haydt (2004, p. 13):
Ensinar e aprender são como as duas faces de uma mes-
ma moeda. A Didática não pode tratar do ensino, por
parte do professor, sem considerar simultaneamente e
aprendizagem, por parte do aluno. O estudo da dinâmica
de aprendizagem é essencial para uma Didática que tem
como princípio básico não a passividade, mas sim a ativi-
dade da criança. Por isso, podemos afirmar que a Didática
é o estudo da situação instrucional, isto é, do processo de
ensino e aprendizagem e nesse sentido enfatiza a relação
professor-aluno.
Hoje, é possível notar que a didática é vista como a constru-
ção do ensino e da aprendizagem, e ambos devem caminhar juntos,
sendo a relação entre o aluno e o professor extremamente impor-
tante para uma aprendizagem significativa.A educação passiva vem
perdendo espaço ao longo do tempo, dando lugar à educação cons-
trutiva e reflexiva, na qual a principal característica é que o aluno
é ativo na sua educação. O professor ganha um novo papel; não é
mais transmissor do ensino, mas, sim, um facilitador da aprendiza-
gem, servindo como “ponte” entre o conhecimento e o aluno.

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3.  O PAPEL DA DIDÁTICA NO TRABALHO DO PRO-


FESSOR E O ALUNO COM QUE A ESCOLA TEM DE
LIDAR HOJE

A didática busca responder ao por quê, para quê e como ensi-


nar, além de abranger uma complexidade de temas relacionados ao
ensino que auxiliam no trabalho do professor. De acordo com Libâ-
neo (2011, p. 1-2), existem três tipos de professor: o transmissor de
conteúdo, o professor-facilitador e o professor mediador.
O primeiro tipo de professor é o transmissor de conteúdo.
As aulas são sempre as mesmas, e o método de ensino é quase o
mesmo para todas as matérias, independentemente da idade e das
características dos alunos. O mais comum é o aluno memorizar o
que o professor fala, decorar a matéria, fórmulas, definições etc. A
aprendizagem que acontece desse tipo de método serve para res-
ponder a questões de provas, mas ela não é intrínseca e não leva o
aluno à reflexão. O professor transmissor de conteúdo não permite
que o aluno dê conta de explicar uma ideia, uma definição, com
suas próprias palavras, nem na sala de aula nem fora dela. A parti-
cipação do aluno é pouca, e alunos desses professores não apren-
dem permanentemente, ou seja, não sabem lidar por si só com os
conhecimentos, não apreendem os conceitos, o modo de pensar e
raciocinar.
O segundo tipo é o professor-facilitador: aplica-se a profes-
sores que tentam variar mais os métodos de ensino. Alguns deles
se preocupam, realmente, com as características individuais e so-
ciais dos alunos; procuram conhecer as experiências dos alunos e
tentam investir no bom relacionamento com os educandos. Outros
tentam inovar organizando trabalhos em grupo, utilizando recursos
audiovisuais e dando tarefas que requerem algum tipo de pesquisa.
Existe, também, o professor que entende que a melhor forma de
aprender é colocar os alunos para terem experiências, manusear ma-
teriais, acreditando que, assim, eles vão assimilar melhor a matéria.
Porém, esses professores acabam voltando às práticas tradicionais,
por exemplo, ao avaliar a aprendizagem dos alunos por meio de
respostas memorizadas e de repetição.O terceiro tipo de professor
é o mediador, bem parecido com o professor facilitador, porém, a

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diferença é que este busca formas e meios diferentes do tradicional


para avaliar o aluno. Além disso, esse professor ensina/estimula o
aluno a estudar, a refletir, a criar seu próprio conhecimento e a ser
crítico, resultando na conexão dos conteúdos com a realidade em
que vive.Cada professor tem sua maneira de desenvolver a didática.
Alguns são mais tradicionais, e outros preferem uma abordagem
construtivista. Porém, independentemente da forma de trabalho do
professor, o importante é que a aprendizagem seja garantida. O pro-
fessor deve estar atento e buscar entender seu papel diante da sala
de aula, ser um orientador e facilitador que vai auxiliar o aluno na
aprendizagem e que o leva à reflexão dos conhecimentos que serão
abordados nas aulas, tornando-o o próprio sujeito do seu conheci-
mento. Para Masetto (1997, p. 47), o professor pode ser visto como:
[...] estimulador, orientador e facilitador da aprendizagem
dos seus alunos. Seu papel será o de ajudar o aluno a apren-
der. Ele não é só o transmissor de informações, mas tam-
bém aquele que cria condições para que o aluno adquira
informações; não é aquele que faz preleções para divulgar
a cultura, mas quem organiza estratégias para que o aluno
conheça a cultura existente e crie cultura.
Atualmente, acredita-se que o professor não é um mero trans-
missor do conhecimento. A escola assume um papel fundamental:
preparar o aluno para viver em sociedade e praticar a cidadania;
assim, ela, como um todo, vivencia diferentes gerações tecnoló-
gicas de alunos que possuem culturas, valores e crenças distintas.
Acredita-se que essas gerações podem ser classificadas em X, Y e
Z.
A geração X, de acordo com Zemke (2008 apud REIS et al.,
2013), nasce em 1966 e vai até 1977. Essa geração é resistente ao
que é novo e apresenta insegurança, preferindo, assim, estabilida-
de. Nesse período, também surge a tecnologia no Brasil. A geração
Y inicia-se em 1978 e vai até 1989. Ela acompanha os avanços
na tecnologia e é constituída por indivíduos multifacetados (fazem
diversas coisas ao mesmo tempo), gostam de vivenciar novas ex-
periências e batalham para alcançar metas. A geração Z surge por
volta de 1990 e caracteriza-se por indivíduos individualistas, co-
nectados à internet, cujos valores virtuais são mais importantes que

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os laços familiares. São pessoas inquietas, possuem dificuldades


em trabalhar em equipe, e é necessário desenvolver neles valores
como respeito e tolerância.
Essa mistura de gerações na escola pode gerar conflitos na
comunidade escolar, afinal, são diferentes as formas de pensar e
agir. Hoje, acredita-se que a escola está composta de indivíduos
que estão em uma geração totalmente tecnológica, que busca tudo
ao mesmo tempo, que está sempre ativa e possui acesso fácil a in-
formações. O desafio para o professor é conseguir o interesse desse
aluno, e, para isso, ele precisar estar em constante atualização e
buscar novas ferramentas de trabalho que o auxiliem. Sem dúvidas,
a tecnologia chama a atenção do aluno, e a escola precisa utilizar
essas novas ferramentas como forma de despertar a atenção do alu-
no, fugindo de tecnologias obsoletas.
Quando se trata do processo de aprendizagem, segundo Li-
blik (2012, p. 60), Vygotsky vê a aprendizagem como algo que mo-
vimenta o processo de desenvolvimento. Esse processo é adquirido
através do contato com o meio ambiente e as pessoas, ou seja, o
aprendizado, para ele, sempre está envolvido com o meio social.
Liblik também cita que, segundo Piaget, o conhecimento é cons-
truído através da assimilação, ou seja, processo que o indivíduo faz
de assimilar algo novo com algo que já conhece, e da acomodação,
que pode ser explicada, e de duas formas, segundo a autora:
[...] ou se cria um novo esquema no qual se possa “encai-
xar” o novo estímulo, ou se modifica um já existente, de
maneira que o novo estimulo possa ser incluído nele. Com
a acomodação, a criança tenta novamente encaixar o estí-
mulo no esquema, e então acaba ocorrendo uma assimi-
lação desse conceito recentemente apropriado. Por isso,
a acomodação não é determinada pelo objeto, e sim pela
atividade do sujeito sobre este, para tentar assimilá-lo. Ao
movimento pendular entre assimilação e acomodação é
dado o nome de adaptação. (LIBLIK, 2012, p. 61).
Segundo Masetto (1997, p. 45), “[...] para que a aprendiza-
gem realmente aconteça, ela precisa ser significativa para o aluno,
envolvendo-o como pessoa”. Então, para que o professor propor-
cione aulas significativas, é necessário um planejamento didático

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ou planejamento da ação didática, o qual irá direcioná-lo sobre


como será a sua aula, ajudando-o a atingir os objetivos educacio-
nais desejados, a superar as dificuldades e a controlar a improvi-
sação (HAYDT, 2004, p. 103).No planejamento, o professor vai
definir as metas a serem alcançadas, os recursos necessários, os
métodos, os objetivos, o tema, o tempo, o conteúdo, as atividades
e a avaliação. Todo esse planejamento resultará no plano didático.
O plano didático é um documento no qual o professor vai registrar,
de forma simples e precisa, suas conclusões planejadas e servirá
de instrumento de referência e consulta, possibilitando, assim, que
não se esqueça ou pule as etapas planejadas. De acordo com Haydt
(2004, p. 100), o trabalho didático do professor deve ser criativo,
jamais repetitivo, com base na realidade e nos objetivos definidos.
A didática vai auxiliá-lo nesse processo, proporcionando ao
professor novas pesquisas e conhecimentos, incentivando-o a bus-
car novidades sobre os problemas que os afetam, buscando troca
de conhecimentos e experiências vividas, despertando, no aluno, o
interesse pela aprendizagem (MASETTO, 1997, p. 16).
Para uma aula significativa, além de planejamento, o profes-
sor deve levar em consideração a “bagagem” do aluno, para que
este possa se interessar pelo conteúdo a ser tratado e fazer relações
entre a teoria e a prática, facilitando sua aprendizagem. Masetto
(1997, p. 46) afirma que aprendizagem:
Trata-se de um processo que permita ao aluno relacionar o
que está aprendendo com os conhecimentos e experiências
que já possui; que o incentive a perguntar e a apresentar
questões que o envolvam. Além disso, que lhe permita
entrar em contato com situações concretas de sua vida
fora da escola. Por fim, que lhe possibilite transferir o que
aprendeu na escola para outras circunstâncias e situações
de sua vida.
É através da mediação do professor que ocorre a aprendizagem,
ou seja, o professor é a ponte entre o conhecimento e o aluno.
Através de diálogos, intervenções e questionamentos, o professor
será um facilitador da aprendizagem, enquanto o aluno deve desen-
volver a autonomia de estudar para apreender o conhecimento de
novas capacidades. De acordo com Masetto (1997, p. 56-57):

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[...] alguns exemplos de ações do professor que podem


criar uma relação com os alunos marcada pelo trabalho em
equipe, pela participação, maturidade, criatividade e que
favoreça a autonomia: Favorecer situações em classe nas
quais o aluno se sinta à vontade para expressar suas opini-
ões, seus pontos de vista e seus sentimentos. Compartilhar
com a classe a busca de soluções para problemas surgidos
com um determinado conteúdo, com o professor, com o
programa ou com os colegas. Respeitar e fazer respeitar
diferenças de opiniões. Incentivar a participação, a inicia-
tiva, a cooperação dos alunos com os colegas. Demonstrar
que há explicações diversas para um mesmo fenômeno ob-
servado. Relacionar os temas estudados com as vivências
dos alunos. Ser flexível e capaz de adaptar a programação.
Solicitar a colaboração dos alunos. Fazer o planejamento
de curso juntamente com a classe. Incentivar os alunos a
buscar novas informações. Esclarecer ao aluno no início
do curso ou da unidade os critérios de avaliação que serão
utilizados.
O ensino envolve o pensar, o transmitir e a troca de conhe-
cimentos entre aluno e professor. Para que a mediação e o ensino
aconteçam com sucesso, é importante que haja uma boa relação en-
tre o professor e o aluno. Para uma boa relação, deve haver respeito
entre ambos, e o educador deve criar vínculos de confiança com os
educandos. Masetto (1997, p. 46) ainda afirma:
Toda aprendizagem precisa ser embasada em um bom re-
lacionamento entre os elementos que participam do pro-
cesso, ou seja, aluno, professor, colegas de turma: dialogo,
colaboração, participação, trabalhos e jogos (brincadeiras)
em conjunto ou em grupos, respeito mútuo etc.
O professor deve buscar utilizar métodos e abordagens de
acordo com seu público-alvo, ou seja, ao que ele responder bem e
que vá estimular e garantir sua aprendizagem. Além disso, o profes-
sor pode utilizar diferentes métodos e abordagens, e não se utilizar
apenas de um fator.
Pode-se dizer que o aluno que a escola tem hoje carrega muito
conhecimento devido ao fácil acesso à tecnologia. Por isso, muitas
vezes, o aluno não vê a escola como um desafio ou algo interessan-
te/novo, podendo causar a dificuldade do professor em envolver o
aluno nas atividades propostas em aula.

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Todos os tópicos abordados, tais como planejamento, ensino,


aprendizagem, plano de aula, estabelecimento de objetivos e metas,
fazem parte do desenvolvimento e estudo da didática – a questão
é se todos sabem e a utilizam de maneira coerente na sala de aula.

4.  A VISÃO DO PROFESSOR SOBRE A DIDÁTICA NA


SALA DE AULA

Foi realizada uma pesquisa por meio de questionário com oito


questões, sendo quatro dissertativas e quatro de múltipla escolha,
que foi respondido por cinco professores do Ensino Fundamental,
1º ao 5º ano, de uma escola pública do município de Rio Claro-SP.
As questões abordadas foram relacionadas à prática da didática na
sala de aula, com o objetivo de observar o ponto de vista e o en-
tendimento do professor sobre o assunto abordado e analisar como
este utiliza a didática na sala de aula.O objetivo da pesquisa foi par-
cialmente atendido, pois alguns professores demostraram dificul-
dades em responder ao questionário dentro das questões abordadas.
A seguir, será apresentada a análise dos dados coletados, em que os
professores foram nomeados como 1, 2, 3, 4 e 5.
A primeira pergunta questionava o professor sobre o que é
didática no seu ponto de vista. Apenas os professores 2 e 4 res-
ponderam corretamente ao que é a didática, dizendo que “a didá-
tica pressupõe uma linha de trabalho pedagógico a ser seguida; é
a teoria na prática, é o “norte” do seu plano de trabalho”, sendo
que o professor 3 deixou de responder à questão e os professores
5 e 1 responderam parcialmente, pois estes entendem a didática
apenas como técnica ou estratégia de passar o conteúdo aos alunos,
esquecendo-se de que a didática envolve também todo o processo
de planejamento para a aula.
De acordo com Libâneo (2011, p. 5):
A didática é uma disciplina que estuda o processo de ensi-
no no qual os objetivos, os conteúdos, os métodos e as for-
mas de organização da aula se combinam entre si, de modo
a criar as condições e os modos de garantir aos alunos uma
aprendizagem significativa. Ela ajuda o professor na dire-

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ção e orientação das tarefas do ensino e da aprendizagem,


fornecendo-lhe mais segurança profissional.
Nas segunda e terceira questões, todos responderam que en-
tendem que a didática é importante na sala de aula e acreditam que
ela influencia “totalmente” no processo de aprendizagem do aluno.

Gráfico 1. A didática é importante na sala de aula?

Fonte: elaborado pelos autores.

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Gráfico 2. Você acredita que a didática influencia no processo de


aprendizagem do aluno?

Fonte: elaborado pelos autores.

A didática é o ponto central quando se trata da questão do en-


sino e da aprendizagem; sendo assim, ganha grande importância no
meio escolar, já que envolve todo o processo e planejamento para a
prática do professor. Segundo Masetto (1997, p. 13): “Didática para
nós é uma reflexão sistemática sobre o processo de ensino-aprendi-
zagem que acontece na escola e na aula, buscando alternativas para
os problemas da prática social”.
A quarta questão pedia para o professor explicar como utili-
za a didática nas aulas, e apenas os professores 3 e 4 conseguiram
responder, sendo que o 3 explicou: “Procuro sempre trabalhar com
o concreto, para depois englobar o conteúdo, procuro sempre res-
peitar a opinião e as sugestões dos alunos”. O professor 5 “fugiu
do assunto”, e os professores 1 e 2 responderam parcialmente, pois
não explicaram como utilizam a didática nas aulas.
Com relação à dificuldade do professor em conhecer e com-
preender a didática, Zuck (2015, p. 146) afirma:

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Na atuação dos professores em diferentes níveis e moda-


lidades de ensino, por sua vez, a falta de conhecimentos
didáticos não é questão rara, e expressa-se em situações
nas quais “sabem para si” os conteúdos específicos de suas
áreas ou “não sabem explicá-lo”. Parecem desconhecer
como ocorre o processo de ensino e aprendizagem, e os
elementos que permeiam essa relação como os objetivos,
avaliação, métodos, como fazer para que os conteúdos
sejam transmissíveis e assimiláveis, ou seja, as formas
adequadas, propiciadas pela formação e fundamentação
didático-pedagógica.
Na quinta questão, foi questionado o nível de interesse dos
alunos nas aulas desses professores, e apenas o professor 4 respon-
deu “ótimo”; os demais responderam “bom”.
Gráfico 3. Qual é o nível de interesse dos alunos em sua aula?

Fonte: elaborado pelos autores.

Segundo Libâneo (2011, p. 5):


O papel do professor, portanto é o de planejar, selecionar
e organizar os conteúdos, programar tarefas, criar condi-

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ções de estudo dentro da classe, incentivar os alunos para


o estudo, ou seja, o professor dirige as atividades de apren-
dizagem dos alunos a fim de que estes se tornem sujeitos
ativos da própria aprendizagem.
A participação do aluno é essencial no processo de ensino e
aprendizagem. Para que esta seja realmente significativa, o aluno
deve estar sempre atento às aulas e, principalmente, interessado em
aprender, pois ele é o construtor do seu próprio conhecimento. Ma-
setto (1997, p. 46) afirma:
No processo de ensino-aprendizagem, o aluno é o sujeito
e o construtor do processo. A aprendizagem envolve sem-
pre alguma mudança de comportamento ou de situação, e
isto só acontece na pessoa do aprendiz. Ela é estritamen-
te pessoal. Dessa forma, ou o aluno aprende, ou ninguém
aprenderá por ele.
A sexta questão perguntava se o professor acreditava que a
sua didática influenciava na interação dos seus alunos durante as
aulas. Apenas os professores 1 e 3 conseguiram responder adequa-
damente, sendo que o professor 1 respondeu: “Sim, em algumas
situações, percebo que a didática adotada não foi a ideal, isso faz
com que eles não participem como era esperado, o que, em alguns
casos, se transforma em indisciplina”. Os demais não responderam
ao que foi perguntado.
De acordo com Libâneo (2011, p. 6):
Um professor que aspira ter uma boa didática necessita
aprender a cada dia como lidar com a subjetividade dos
alunos, seus motivos, sua linguagem, suas percepções, sua
prática de vida. Sem essa disposição, será incapaz de co-
locar problemas, desafios, perguntas, relacionados com os
conteúdos, condição para se conseguir uma aprendizagem
significativa.
Na sétima pergunta, foi questionado se o professor possibilita
a participação dos alunos durante as aulas, e, em caso afirmativo
ou negativo, foi necessário justificar. Todos responderam que pos-
sibilitam a participação e justificaram adequadamente, sendo que
o professor 4 respondeu: “Sim. Fazendo um levantamento dos co-
nhecimentos prévios dos alunos, considerando as experiências dos
alunos relacionada com o assunto em estudo. Os conhecimentos

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apresentados pelo professor são questionados e redescobertos pelos


alunos a partir do confronto coma realidade conhecida. É importan-
te ouvir os alunos no contexto em estudo, pois o professor caminha
com eles na busca de uma compreensão crítica e, ao mesmo tempo,
se cientifica da realidade global”. Na oitava e última questão, os
professores tiveram de classificar qual o nível de participação dos
seus alunos durante as aulas. Os professores 1 e 4 responderam que
a maioria participa, e os professores 2, 3 e 5 responderam que todos
participam.
Gráfico 4. Como é a participação dos seus alunos durante a aula?

Fonte: elaborado pelos autores.

Libâneo afirma (2011, p. 5):


O processo didático é o conjunto de atividades do pro-
fessor e dos alunos sob a direção do professor, visando à
assimilação ativa pelos alunos dos conhecimentos, habili-
dades e hábitos, atitudes, desenvolvendo suas capacidades
e habilidades intelectuais. Nessa concepção de didática, os
conteúdos escolares e o desenvolvimento mental se rela-
cionam reciprocamente, pois o progresso intelectual dos

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alunos e o desenvolvimento de suas capacidades mentais


se verificam no decorrer da assimilação ativa dos conteú-
dos. Portanto, o ensino e a aprendizagem (estudo) se mo-
vem em torno dos conteúdos escolares visando o desenvol-
vimento do pensamento.
Sendo assim, torna-se fundamental que o aluno participe das
aulas, pois é através da participação que ele assimila os conteúdos
abordados com os conhecimentos que já foram adquiridos durante
sua vida escolar; por isso, é importante que o professor estimule no
aluno o interesse pela participação.
No Brasil, existe um sistema que avalia o desempenho dos
alunos da Educação Básica, chamado “Índice de Desenvolvimento
da Educação Básica” (Ideb). O Ideb é um indicador de qualidade
educacional que sintetiza as informações de desempenho em exa-
mes padronizados, tais como Prova Brasil ou Saeb, com informa-
ções sobre rendimento escolar (taxa média de aprovação ao final de
cada etapa de ensino) ao final do 5º e 9º anos do Ensino Fundamen-
tal e 3ª série do Ensino Médio (INEP, 2016).O último Ideb realiza-
do, em 2016, apontou os resultados da qualidade da educação em
2015 para escola, município, unidade da federação, região e Brasil,
e foram calculados a partir do desempenho obtido pelos alunos que
participaram da Prova Brasil/Saeb 2015 e das taxas de aprovação,
calculadas com base nas informações prestadas ao Censo Escolar
2015 (INEP, 2016).
De acordo com o Ideb 2016, a escola em que foi realizada a
pesquisa tinha como meta, em 2015, alcançar média 7.0, porém,
o resultado obtido no Ideb foi 6.7. Enquanto a meta do município
(para o 5º ano) era alcançar a média 6.4, o resultado obtido no Ideb
foi 6.6 (INEP, 2016). Ao analisar as médias obtidas em relação às
metas projetadas, apesar de o município ter superado sua meta, a
escola em questão não conseguiu alcançar sua meta para o ano de
2015. Sendo assim, é possível que haja uma relação entre a dificul-
dade da escola, na compreensão e utilização da didática na sala de
aula, e o seu resultado obtido no Ideb.

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5.  CONSIDERAÇÕES FINAIS

A didática é uma ferramenta essencial quando se trata do


processo de ensino e aprendizagem no contexto escolar. Ela busca
ajudar o professor no planejamento e desenvolvimento das suas au-
las, tornando o trabalho do professor prático e qualitativo, quando
utilizada de maneira eficiente nesse processo. Libâneo (1994, p.
25-26) afirma:
A Didática [...] investiga os fundamentos, condições e
modos de realização da instrução e do ensino. A ela cabe
converter objetivos sócio-políticos e pedagógicos em ob-
jetivos de ensino, selecionar conteúdos e métodos em fun-
ção desses objetivos, estabelecer os vínculos entre ensino
e aprendizagem, tendo em vista o desenvolvimento das
capacidades mentais dos alunos.
Com base nos dados coletados, foi possível concluir que não
são todos os professores que entendem completamente e utilizam
a prática da didática no processo de ensino e aprendizagem. Isso
pode refletir, hipoteticamente, na relação didática-aprendizagem do
aluno, pois a didática é uma ferramenta importante para a apren-
dizagem real do aluno, então, espera-se que o professor entenda
completamente sobre o tema, mas é possível observar o quanto o
professor ainda possui dificuldades em entendê-la e utilizá-la.Por
isso, torna-se importante que o professor busque meios para com-
preender a didática e maneiras de utilizá-la da melhor forma possí-
vel no processo de formação do aluno. Através de pesquisas, rea-
lização de cursos, leituras, palestras, congressos e demais recursos
que são disponibilizados para o professor, este deve sempre perma-
necer em constante busca pelo aperfeiçoamento de sua prática.A di-
dática é indispensável em todas as etapas da vida escolar do aluno,
porém, no Ensino Fundamental I, é possível que seja mais impor-
tante para uma aprendizagem realmente significativa, já que, nessa
fase, o aluno ainda é muito dependente do professor em relação aos
conteúdos abordados. Além disso, o aluno está na fase de alfabeti-
zação, a qual é o ponto inicial para sua vida escolar e dela depende
o sucesso para acessar os outros conhecimentos que terá ao longo
da vida. Sendo assim, o professor tem uma grande responsabilidade

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na formação do aluno, e sua didática pode refletir de forma positiva


ou negativa no processo de ensino e aprendizagem.

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