Você está na página 1de 16

1

COORDENAÇÃO PEDAGÓGICA: UM ESTUDO DE CASO NA


ESCOLA FILOMENA MARTINS DOS SANTOS

Maria Veridiana de Farias¹

Resumo: O município de Cruz-CE vem investindo numa política focada no trabalho da


coordenação pedagógica, que deve está voltado para a prática de formação continuada dos
professores. Assim, a presente pesquisa buscou analisar a visão do coordenador pedagógico
na perspectiva das políticas educacionas do munice compreender como os acompanhamentos
a sala de aula, ao planejamento e a condução da formação continuada realizados pelo
coordenador pedagógico nas turmas de 1º ao 5º ano da Escola Filomena Martins dos Santos
vem contribuindo com as práticas pedagógicas que os professores desenvolvem em sala. A
prática de acompanhar e promover ações de formação continuada, de observar as aulas
ministradas pelos professores e de acompanhar os planejamentos estão difundindo-se no
ambiente escolar. Compreende-se que esse trabalho contribui para que o coordenador
pedagógico possa apreender melhor se as ações docentes estão se pautando pelas formações
continuadas e intervenções que receberam, favorecendo o aperfeiçoamento da prática de sala
de aula e consequentemente o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos. Na metodologia
adotada, optou-se pela abordagem qualitativa tendo como procedimento metodológico a
pesquisa bibliográfico-científica como também a pesquisa de campo, através de observações
da realidade estudada, de entrevista com o coordenador pedagógico e professores para captar
as explicações e interpretações do que acontece no ambiente escolar para conhecimento desta
realidade. Com base na análise das informações obtidas no estudo de caso, foi possível
perceber que a relação entre coordenador e professores é satisfatória tendo em vista que as
atribuições pedagógicas desenvolvidas pelo coordenador têm fins que prioriza a melhoria da
qualidade do processo de ensino-aprendizagem atendendo aos objetivos das políticas
educacionais do município de Cruz.

Palavras chave: Coordenador pedagógico. Formação continuada. Ensino-aprendizagem.

INTRODUÇÃO
Diante de uma realidade contemporânea em busca de uma educação de qualidade,
onde os índices de desenvolvimento estejam sempre em crescimento, o município de Cruz-CE
passou a investir na gestão pedagógica promovendo um processo formativo com o objetivo de
construir a identidade desse profissional, por meio de um intenso diálogo entre teoria e prática
e a problematização da realidade.
1

1
Aluno (a) do Curso de Especialização em Coordenação Pedagógica da Universidade Federal do Ceará - UFC.
2

Desta forma, para atingir as metas projetadas pelo Governo Federal, o município de
Cruz vem desenvolvendo um trabalho de fortalecimento da gestão, com a definição clara dos
papéis dentro da escola permitindo assim, que cada membro da equipe, consciente de sua
função, desenvolva melhor suas potencialidades e se esforce para superar suas dificuldades.
Neste contexto, o município atribui como função do coordenador pedagógico o
acompanhamento à sala de aula, ao planejamento e a formação continuada a partir das
dificuldades encontradas nas práticas pedagógicas. O coordenador pedagógico deve observar
e analisar as práticas pedagógicas tendo assim subsídios para fazer as mediações necessárias
para com os professores, não cabendo a ele dominar conteúdos de ensino, mas conhecer
competências e habilidades a serem desenvolvidas nas disciplinas, bem como conhecer as
diretrizes curriculares, os programas e as metas de aprendizagem de cada etapa/nível de
ensino.
De acordo com Paulo Freire (1982), o coordenador pedagógico é, primeiramente, um
educador, o qual deve atentar-se ao caráter pedagógico das relações de aprendizagem no
interior da escola. Os professores, a partir do papel do coordenador, devem ser levados a
transformar suas práticas, resgatando sua autonomia e procurando não se distanciar do
trabalho coletivo.
Portanto, o coordenador deve ter consciência da necessidade da sua própria formação
e as dos professores. A esse respeito Placco ressalta que:

Uma função fundamental do coordenador pedagógico é cuidar da


formação e do desenvolvimento profissional do professor. É
fundamental pensar a formação como superação da fragmentação
entre teoria e prática, entre escola e prática docente, de modo que as
dimensões da sincronicidade possam se revelar e integrar, na
compreensão ampliada de si mesmo e aprendizagem e das relações
sociais e na escola. (PLACCO, 2009, p. 57-58)

O referido município defende uma política em que o coordenador pedagógico


constitui-se num profissional de extrema relevância para garantir a articulação e a efetividade
das ações educativas, de promover no chão da escola um ambiente favorável para que os
processos de ensino e aprendizagem sejam satisfatórios.
Portanto, diante das atribuições pontuadas a partir das ações educacionais do
município pode-se questionar: O coordenador pedagógico vem contribuindo com o trabalho
do professor em sala de aula a partir dos acompanhamentos e das formações continuadas?
3

Partindo da necessidade de encontrar respostas para esse questionamento


acompanhei o trabalho do coordenador pedagógico dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental
da Escola Filomena Martins dos Santos que está localizada no Município de Cruz-CE, na Rua
Tancredo Neves, situada no bairro de Canema. Atualmente oferece o Ensino Fundamental
com aproximadamente 298 alunos, sendo 127 no turno da manhã e 171 no turno da tarde.
Destes, 124 estão nas turmas de 1º ao 5º ano.
A escola conta atualmente com 31 funcionários, sendo dezoito (18) professores, uma
(01) diretora, dois (02) coordenadores pedagógicos, uma (01) secretária, nove (09) auxiliares
de serviço. Possui uma estrutura física boa, pois tem oito (8) salas de aulas no tamanho
padrão, uma (01) diretoria, uma (01) secretaria, uma (01) sala de professores, uma (01)
cozinha/cantina, quatro (04) banheiros, uma (01) biblioteca, uma (01) quadra poliesportiva,
um (01) pequeno auditório e um (01) laboratório de informática.
Assim, essa pesquisa tem como objetivo geral investigar a visão do coordenador
pedagógico na perspectva das políticas educacionais do município de Cruz, analisando o
processo de acompanhamento do coordenador pedagógico a sala de aula e suas contribuições
no processo de formação continuada, verificando se a atuação desse profissional encontra-se
pautada em um planejamento.
Por isso, na intenção de compreender o contexto e a complexidade do trabalho do
coordenador pedagógico nesta escola fez-se necessário realizar um estudo de caso com
abordagem qualitativa, por ser a mais adequada, já que permite ao pesquisador uma maior
aproximação do objeto de investigação, levando-o a compreender as ações dos sujeitos.
Segundo Minayo:

A pesquisa qualitativa responde a questões muito particulares. Ela se ocupa,


nas Ciências Sociais, com um nível de realidade que não pode ser
quantificado. Ou seja, ela trabalha com o universo de significados, motivos,
aspirações, crenças, valores e atitudes. (…) O universo da produção humana
que pode ser resumido no mundo das relações, das representações e da
intencionalidade e é objeto da pesquisa qualitativa dificilmente pode ser
traduzido em números e indicadores quantitativos (MINAYO, 2009, p. 21).

Para tanto, optou-se por realizar a investigação tendo como procedimento


metodológico a pesquisa bibliográfico-científica como também a pesquisa de campo, através
de observações da realidade estudada, de entrevista para captar as explicações e interpretações
do que acontece para aprofundamento desta realidade.
Para Lakatos e Marconi:

Pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir


informações e/ou conhecimentos acerca de um problema para o qual se
4

procura uma resposta, ou de uma hipótese que se queira comprovar, ou


ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações ente eles (LAKATOS e
MARCONI, 2008, p. 69).

Para a seleção da referida escola considerou-se como critério, a atuação desafiadora e


participativa da coordenadora pedagógica como também por ser de fácil acesso para a
pesquisadora. Os sujeitos desta pesquisa foram 01 (um) coordenador pedagógico que
acompanha as turmas de 1º ao 5º ano do Ensino Fundamental e 07 (sete) professores das
referidas turmas, totalizando 08 (oito) sujeitos.
O levantamento das informações foi feito por técnicas de observação e entrevistas.
Foram realizadas visitas a escola com o intuito de encontrar informações para analisar durante
o período da pesquisa e, assim, ter uma compreensão da ação pedagógica do coordenador.

UM ESTUDO DE CASO NA ESCOLA FILOMENA MARTINS DOS


SANTOS

A investigação permeia o trabalho pedagógico conforme aborda Freire, (1996, p. 32)


ao dizer que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. Para o autor, “o professor
tem que ser pesquisador. Faz parte da natureza da prática docente a indagação, a busca, a
pesquisa. É preciso pesquisar para se conhecer o que ainda não se conhece e comunicar ou
anunciar novidades”.
A partir desse estudo de caso, procurou-se analisar a experiência e o tipo de relação
que o coordenador pedagógico tem com o corpo docente da escola, se contribuem ou não,
para a eficiência da práxis do professor e se o modelo de gestão que ele vivencia tem reflexo
positivo ou negativo sobre o processo de ensino-aprendizagem.
Conforme a pesquisa realizada evidenciou-se que o trabalho do coordenador
pedagógico vem norteando o desenvolvimento de toda a prática pedagógica no cotidiano
escolar. Como profissional responsável pela articulação e motivação da equipe escolar, o
coordenador pedagógico, nesse contexto, está sempre atento às necessidades dos professores,
proporcionando meios teóricos e metodológicos para inovar e promover o ensino.
A prática de acompanhar e promover ações de formação continuada, de observar as
aulas ministradas pelos professores e de acompanhar os planejamentos estão difundindo-se no
ambiente escolar. Entende-se que esse trabalho contribui para que o coordenador pedagógico
5

possa apreender melhor se as ações docentes estão se pautando pelas formações continuadas e
intervenções que receberam, favorecendo o aperfeiçoamento da prática de sala de aula e
consequentemente o desenvolvimento da aprendizagem dos alunos.
Placco afirma que:

É importante que o coordenador pedagógico concretize sua ação no


acompanhamento das atividades dos professores em sala de aula, pois isto
lhe dá oportunidade de discutir e analisar os problemas decorrentes desse
contexto, com uma perspectiva diferenciada e abrangente ((PLACCO,
2009, p. 95).

Esta dimensão da coordenação está voltada para o objetivo primordial da escola que
é o processo de ensino-aprendizagem, em que todas as demais dimensões da gestão
educacional devem estar voltadas para ela.
Nesse sentido, o coordenador pedagógico desta escola trabalha na perspectiva de
oferecer condições para que os professores trabalhem as propostas curriculares, em função da
realidade dos alunos, o que não é fácil, mas possível. Desenvolve habilidade comunicativa
para ser o elo entre os diferentes professores, turmas, disciplinas e demais segmentos que
estão presentes no trabalho da escola. Contribui também na formação continuada de
professores, através de estudos e análise das práticas pedagógicas.
Este estudo oportunizou o conhecimento das metodologias de facilitação da
aprendizagem no cotidiano escolar do lócus da pesquisa, percebeu-se um comprometimento
consistente da coordenação pedagógica com o processo de ensino-aprendizagem.
De acordo com as informações obtidas a partir da entrevista realizada com o
coordenador pedagógico concluiu-se que na sua rotina de trabalho está atento ao que acontece
na sala de aula, fazendo acompanhamentos mensais ou sempre que necessário, acompanha os
planejamentos semanais, oportunizando um atendimento individual sugerindo novas
estratégias de ensino, principalmente após observar as práticas pedagógicas em sala de aula.
Reúne-se mensalmente com todos os professores para discutir sobre o rendimento das turmas,
conhecer o desempenho da escola em avaliações internas e externas, conhecer as escalas de
desempenho, as matrizes de referência e os mecanismos de avaliação. Também proporciona
momentos para estudos sobre os assuntos mais pertinentes detectados nos acompanhamentos
de sala e planejamentos fornecendo base teórica para nortear a reflexão sobre as práticas
pedagógicas de sala de aula. Outra ação que é pertinente ressaltar são as visitas semanais às
turmas do 2º e do 5º ano com atividades diferenciadas para trabalhar os descritores
6

fragilizados e assim preparar melhor os alunos para as avaliações externas, dentre elas o
SPAECE.
O acompanhamento se dá de forma contínua, indagando os professores sobre a
turma, que dificuldades estão sentido, que aluno está precisando de um acompanhamento
diferenciado. “Quando é detectado dificuldades é pensado em alternativas para mudar o atual
quadro em que a turma se encontra” diz a coordenadora. Ressaltou que é importante a
participação ativa do coordenador no processo de formação, pois favorece momento de
aprendizado e integração com os professores.
Segundo o relato da coordenadora, a mesma está sempre determinada a buscar algo
novo e diferenciado para auxiliar o professor no seu trabalho. Esse acompanhamento
enriquece suas atividades pedagógicas e contribui para o bom andamento da aprendizagem
dos alunos.

Para Libâneo, (2004) a:

coordenação é um aspecto da direção, significa a articulação e a


convergência do esforço de cada integrante de um grupo visando a atingir os
objetivos. Quem coordena tem a responsabilidade de integrar, reunir
esforços, liderar, concatenar o trabalho de diversas pessoas (LIBÂNEO,
2004, p.179).

Concluindo a entrevista com a coordenadora, a mesma ressalta que esse trabalho


desenvolvido na escola com as turmas de 1º ao 5º ano tem contribuído sim para o crescimento
na qualidade do ensino, pois de acordo com os resultados das avaliações externas a escola
atingiu o IDEB de 5,5 em 2013 onde ultrapassa a meta projetada para 2019 que é 5,4 como
mostra o quadro abaixo:

Ideb observado Metas projetadas


2005 2007 2009 2011 2013 2007 2009 2011 2013 2015 2017 2019 2021
3,5 3,5 - 5,2 5,3 3,5 3,9 4,3 4,6 4,8 5,1 5,4 5,7
Fonte: INEP

Dando continuidade ao processo de pesquisa, foi confrontado as observações e os


resultados das entrevistas com as 07 (sete) professoras. Concluiu-se que todas elas mostraram
que existe uma satisfação em relação ao trabalho desempenhado pelo coordenador pedagógico
confirmando que a forma como esse profissional planeja e executa suas ações vem
contribuindo para o crescimento e desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem dos
alunos.
7

É necessário refletir que o papel do coordenador face ao acompanhamento a sala de


aula e a formação continuada implica ter claro que sua atuação deve pautar-se no
desenvolvimento de uma postura crítica e reflexiva e numa prática transformadora.
A função do coordenador pedagógico é essencialmente pedagógica: é ele que deve
responder pela “viabilização, integração e articulação do trabalho pedagógico-didático em
ligação direta com os professores em função da qualidade do ensino” (LIBÂNEO, 2008, p.
219).
As informações obtidas a partir de entrevistas realizadas com o corpo docente de 1º
ao 5º ano permitiram compreender como o coordenador vem desenvolvendo o seu trabalho na
escola e até que ponto este trabalho está sendo válido na perspectiva do ensino-aprendizagem.
Quando questionadas sobre o papel do coordenador pedagógico na escola, as
professoras disseram que é um profissional que vem contribuindo para a melhoria do trabalho
do corpo docente e consequentemente do aprendizado dos alunos, pois num espírito de
parceria e coletividade, conduz o processo, participa, discute, ouve, orienta, propõe, informa,
assume e partilha responsabilidades com o corpo docente, indica ações e exerce uma posição
natural de liderança.
Refletindo sobre as colocações das professoras Vieira (2008) diz que, possuir um
cargo de coordenação não equivale mais a ocupar uma função, mas exercer, em um
determinado lugar ou em vários lugares abertos à existência contemporânea, a interlocução
entre pares.
Em relação ao questionamento sobre as contribuições do acompanhamento a sala de
aula concluiu-se que o coordenador possibilita que o professor reflita sobre sua prática
pedagógica de sala de aula dando suporte para que o mesmo possa construir e/ou reconstruir
de forma a contribuir para o processo ensino-aprendizagem. Resumindo as palavras dos
professores pode-se dizer que é o ponto de partida para reflexão conjunta sobre a prática
docente.
A terceira pergunta questiona sobre o acompanhamento ao planejamento. Os
professores relataram que o coordenador sempre se faz presente realizando estudo,
esclarecendo dúvidas e trazendo sugestões de atividades para serem desenvolvidas na sala de
aula de acordo com os níveis de aprendizagem dos alunos. Segundo eles não se deve
considerar esse momento como fiscalização e sim como um trabalho coletivo em prol de um
único objetivo que é a qualidade do ensino na sala de aula.
8

O coordenador na intenção da mediação pedagógica auxilia o professor a ampliar a


visão das dimensões de sua ação, para que possa ressignificar sua prática docente, revendo
atitudes e posturas daí decorrentes (ORSOLON, 2006).
No relato das professoras quando interrogadas sobre a formação continuada
observou-se que a coordenação está sempre centrada na formação dos professores, voltando a
atenção para os problemas ocorridos na sala de aula, seja com os próprios professores ou
outras questões mais amplas, inter e/ou extra escolares, tomando consciência das mudanças
sociais e educacionais, trazendo perspectiva de mudança e possibilitando a experiência do
novo, auxiliando assim no desenvolvimento e prática educacional.
Observa-se ainda que a função formadora do coordenador, segundo eles, fica bem
compreendida quando professores e coordenadores atuam em parceria, e isto acontece quando
se observa, discute e planeja de forma coletiva.
Entende-se que um trabalho coletivo pode servir de apoio aos professores, gerando
grande produtividade e, quando coordenado eficazmente pelos gestores traz resultados
grandiosos para a instituição, podendo levar a um aprendizado de qualidade.
Quando a coordenação organiza capacitações para os professores, fornecendo-lhes os
meios necessários para introdução e complementação do conteúdo, faz atendimento a pais e
alunos, consequentemente criará um ambiente propício para processo educacional e social da
escola.
Nesse sentido, segundo Madeira a coordenação visa:

[...] não somente desafiar práticas estabelecidas, mas fornecer subsídios para
as transformações, não somente questionar saberes, mas estimular
experimentação e inovação das formas de trabalho pedagógico, instigar
mudança, mas respeitar tempos individuais e coletivos, inovar, mas
reconhecer especificidades do conhecimento didático-pedagógico já
produzido. Enfim, uma realidade repleta de zonas de sentidos, onde as
certezas não são definitivas, as necessidades, processuais e os cenários a
serem coletivamente construídos (MADEIRA, 2008, p.16).

Ao indagar as professoras sobre o incentivo por parte da coordenação para


modificação das práticas pedagógicas, relataram que, essa motivação parte das orientações
recebidas nos planejamentos, nas mediações como também nos momentos de estudos
coletivos com sugestões de como planejar aulas que atendam as reais necessidades dos
alunos.
Sabe-se que a motivação deve está incluída no ambiente que estimula o organismo e
que oferece o objeto de satisfação. Uma das grandes virtudes da motivação é melhorar a
9

atenção e a concentração, nessa perspectiva pode-se dizer que a motivação é a força que move
o sujeito a realizar atividades. Assim, ao sentir-se motivado tem vontade de fazer alguma
coisa e se torna capaz de manter o esforço necessário durante o tempo necessário para atingir
os objetivos traçados, nesse caso, a aprendizagem dos alunos.
Segundo Fernandes (2007), o coordenador deve ir além do conhecimento teórico,
pois para acompanhar o trabalho pedagógico e estimular os professores é preciso percepção e
sensibilidade para identificar as necessidades dos alunos e professores, tendo que se manter
sempre atualizado, buscando fontes de informação e refletindo sobre sua prática. Com esse
pensamento ainda é importante destacar que o trabalho deve acontecer com a colaboração de
todos, assim o coordenador deve estar preparado para mudanças e sempre pronto a motivar
sua equipe.
Para Placco (2008) no papel do coordenador pedagógico como formador de
professores ressalta-se a possibilidade de, por meio do trabalho formativo do coordenador,
auxiliar o professor a tomar consciência das dimensões envolvidas na sua prática.
O coordenador deve orientar o desenvolvimento do trabalho docente em sala de aula
e suas devidas articulações com o planejamento escolar, de modo que a prática seja
redimensionada pelas reflexões embasadas nos conhecimentos teóricos e que as teorias
estudadas e refletidas nas formações continuadas ganhem significado novo, através da prática.
Segundo Ferreira:

A despeito das dificuldades conceituais, é importante estabelecer o


significado último do trabalho de supervisão, qual seja, oferecer orientação e
assistência aos professores nas dificuldades que enfrentam no seu cotidiano
escolar, mantendo com eles um relacionamento próximo num ambiente de
colaboração e respeito mútuo. (FERREIRA, 2006, p. 171).

Finalizando a entrevista foi questionado sobre a contribuição da formação continuada


realizada na escola. Os professores foram convincentes em dizer que a formação continuada
tem contribuído muito para rever e analisar as práticas pedagógicas, pois o professor precisa
está preparado para os novos e crescentes desafios em busca de uma prática pedagógica
satisfatória para lidar com o processo de ensino-aprendizagem.
Portanto, diante do que foi exposto e das observações realizadas, percebe-se que o
grupo, professores e coordenador, estão sempre buscando meios para efetivar as orientações
recebidas, trabalham na coletividade compartilhando experiências, procurando soluções para
10

os conflitos e buscando refletir sobre a prática tendo como subsídios os estudos de textos de
autores renomados na área educacional.
Esses profissionais entendem que só há melhoria no processo ensino-aprendizagem
se houver reflexão sobre a ação docente, descartando equívocos da prática educativa e
traçando metas e ações que desencadeiem intervenções individuais e coletivas, que atendam
as reais necessidades dos alunos naquele determinado período educacional. Essa talvez seja
uma das principais atribuições do coordenador, ou seja, constantemente possibilitar momentos
de reflexão sobre a ação educativa com base no acompanhamneto da prática docente, com o
objetivo de convidar esse profissional a repensar suas estratégias de ensino melhorando a
qualidade do ensino para alcançar as metas projetadas para o ano letivo.
Libâneo (2003) vem reforçar que, acompanhar a formação continuada, dentro da
jornada de trabalho, é uma tarefa que envolve o setor pedagógico da escola, ou seja, o
coordenador pedagógico: “[...] é na escola, no contexto de trabalho, que os professores
enfrentam e resolvem problemas, elaboram e modificam procedimentos, criam e recriam
estratégias de trabalho e, com isso, vão promovendo mudanças pessoais e profissionais”.
(LIBÂNEO, 2003, p. 189)
À medida que o coordenador pedagógico dedica-se com mais cuidado e rigor ao
planejamento de suas atribuições, a tendência é que o corpo docente reconheça este
profissional como uma conquista para o fortalecimento da sua identidade e competência
profissional.
Nessa perspectiva, a partir do estudo realizado, o coordenador pedagógico dialoga
com os docentes, pois a realização do trabalho coletivo na escola depende de todos os
envolvidos no espaço escolar, e ele tem papel de destaque nesse trabalho, uma vez que
supervisiona, acompanha, assessora, apoia e avalia as atividades pedagógicas.
Observou-se também que o coordenador tem um papel de liderança no ambiente
escolar, tendo ainda uma visão direcionada para investir na formação do grupo, favorecendo a
efetivação dos trabalhos em sala de aula.
Segundo Vasconcelos (2008, p. 57), a esse respeito diz que “é tarefa intransferível da
equipe comprometer-se com as melhorias das condições de trabalho dos profissionais da
educação. Sem isto todo o resto corre o risco de ser remendo novo sobre o tecido velho”.
Conjecturando, a coordenação favorece e incentiva momentos de formação
continuada, construindo um espaço de participação coletiva, em um espaço de reflexão, e
busca uma prática significativa priorizando a boa qualidade. Assim, o coordenador
pedagógico está agindo como ator social, agente facilitador e problematizador do papel
11

docente, primando pelas intervenções e encaminhamentos mais viáveis ao processo de ensino-


aprendizagem.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo vem demonstrando, a partir dos dados obtidos, a importância do


coordenador pedagógico na escola, em apreender ou lidar com as relações de poder no interior
da instituição, onde se torna cada vez maior a participação de todos os segmentos que
compõem o ambiente escolar, numa perspectiva em que emergem os conflitos situados entre
as concepções de autoridade e autoritarismo dentre outras questões.
A Secretaria de Educação do Município de Cruz-CE insiste no trabalho do
coordenador pedagógico considerando que esse profissional é a peça chave para garantir a
elevação dos índices de aprendizagem já que a atual legislação tende a valorizar cada vez
mais o tempo de formação continuada docente, visto a Lei 11738 (BRASIL, 2008).
O texto da referida Lei recomenda que 1/3 do tempo de trabalho docente deva ser
dedicado às atividades extraclasse como o planejamento, porém priorizando a formação
continuada dos professores. No referido município, essa Lei já é garantida a todos os
professores da rede pública municipal, onde as reuniões, planejamentos e formação com os
docentes são realizados dentro de um horário em que os alunos estão com outros professores
de áreas específicas.
Justifica-se então a preocupação da Secretaria em valorizar o trabalho do
coordenador pedagógico junto aos professores, de forma a fortalecer o trabalho pedagógico
desenvolvido na escola adotando estratégias de gestão que revertem em efetivas melhorias no
desenvolvimento dos projetos pedagógicos da escola que resultem em crescimento
profissional dos docentes e do desempenho dos discentes das escolas públicas do município
de Cruz.
Aos poucos se percebe que, ao cultivar esse espaço, o coordenador tende a
desenvolver competências como transformar o seu olhar, ampliando a sua escuta e
modificando a sua fala, quando a leitura da realidade assim o requer. Aprender a respeitar a
consciência coletiva, a ponto de se flebilizar mais os planejamentos e que os mesmos sejam
sempre construídos do e a partir do olhar coletivo. Desenvolve a capacidade de perceber o que
está acontecendo na sua relação com o professor e deste com o seu grupo de alunos. Percebe
12

também os pedidos que estão emergindo, quais os conhecimentos demandados e,


consequentemente, necessários para o momento e poder auxiliar o professor.
Observa-se com a pesquisa uma tendência marcante e reconhecida pelos professores,
quase que constantemente uma atuação com planejamento que concretiza metas e objetivos de
sua ação já que o planejamento se converte na etapa primeira da construção da ação
educativa. Constata-se também, uma organização, clareza e direcionamento nas atividades
propostas, onde faz-se presente o questionamento de que esse profissional estaria preparado
para desempenhar o seu papel de maneira crítica e comprometida com a transformação da
realidade.
Verifica-se um trabalho colaborativo entre coordenador pedagógico e professores
onde os resultados encontrados na pesquisa mostram que os objetivos da escola estão em
consonância com as políticas da Secretaria de Educação do Município proporcionando e
favorecendo a aprendizagem dos alunos, evidenciados a partir dos resultados das avaliações
externas.
Portanto, fica clara a relevância em enfatizar o papel representativo do coordenador
pedagógico, sua importância no contexto educacional e a necessidade que sua atuação seja
dinâmica para a evolução do processo de ensino-aprendizagem.
13

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
BRASIL. Lei nº 11738 de julho de 2008. Disponível em:
<http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-2010/2008/lei/l11738.htm> Acesso em 11 de jan de
2015.

________. IDEB: Indice de Desenvolvimento da Educação Básica. Disponível em:


http://ideb.inep.gov.br/resultado/ Acessado em 06/012015.

FERNANDES, Maria José da Silva. O professor coordenador pedagógico, a articulação do


coletivo e as condições de trabalho docente nas escolas públicas estaduais paulistas, afinal, o que
resta a essa função. Ed. Cadernos ANPAE n. 4. Unesp – Campus, São Paulo, 2007.

FERREIRA, Eliza Bartolozzi. Políticas no Brasil em tempo da crise. IN: Ferreira, Eliza Bartolozzi;
OLIVEIRA, Dalila Andrade. Crise da escola e políticas educativas. Belo Horizonte: Autêntica editora,
2009.

FREIRE, Paulo. Educação: sonho possível. In: Brandão, Carlos Rodrigues (Org.) O educador: vida e
morte. 2. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1982.

LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. A. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de


pesquisas, amostras e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São
Paulo: Atlas, 2008.

LIBÂNEO, J. C. Organização e Gestão da Escola. Goiânia: Alternativa, 2004.

MADEIRA, Cristina M. Coordenação pedagógica e o papel do coordenador. Módulo 1: Área 1.


Brasília: Editora UnB, 2008.

MINAYO, Cecília de Sousa (organizadora). Pesquisa, método e criatividade. Petrópolis, RJ: Vozes,
2009.

ORSOLON, Luzia Angelina Marino. O coordenador/formador como um dos agentes de


transformação da/na escola. In: ALMEIDA, Laurinda Ramalho. PLACCO, Vera Maria Nigro de
Souza. O Coordenador Pedagógico e o Espaço de Mudança. São Paulo: Loyola, 2006.
14

PLACCO, Vera Maria Nigro de Sousa.; ALMEIDA, Laurinda Ramalho de (Org.). O coordenador
pedagógico no confronto com o cotidiano da escola. São Paulo: Edições Loyola, 2009.

VASCONCELLOS, Celso dos Santos. Coordenação do trabalho pedagógico: do projeto


pedagógico ao cotidiano da sala de aula.12. ed. São Paulo: Libertad Editora, 2009.

VIEIRA, S. L. Educação básica: política e gestão da escola. Fortaleza: Liber Livro, 2008.
15

APÊNDICE 1

ROTEIRO DE ENTREVISTA-COORDENADOR

Nome:_____________________________________
Escola:__________________________________Localidade:__________________
Data:______/_________/________

1. Descreva as atividades que você realiza na escola e quais exigem mais determinação.
________________________________________________________________________

2. Como se dá o processo de acompanhamento à sala de aula?


_________________________________________________________________________

3. Qual é o papel do coordenador pedagógico na gestão do processo de formação continuada


docente na escola? Como você desempenha esta função?
________________________________________________________________________

4. Que critérios você utiliza para elencar os temas a serem trabalhados nas formações
continuadas que são realizadas mensalmente com os professores?
_________________________________________________________________________

5. As formações e orientações ofertadas pela Secretaria da Educação têm contribuído com


sua prática na escola? Justifique.
________________________________________________________________________

6. Comente sobre o grau de satisfação em exercer a função de coordenador pedagógico.


________________________________________________________________________
16

APÊNDICE 2

ROTEIRO DE ENTREVISTA – PROFESSOR

Nome do(a) professor(a):_______________________________________________


Escola:__________________________________Localidade:__________________
Ano/Turma:__________________________________________________________
Data:______/_________/________

1. Como você define o papel do coordenador pedagógico na sua escola?


________________________________________________________________________

2. Quais as contribuições do acompanhamento a sala de aula realizado pelo coordenador


pedagógico?
________________________________________________________________________

3. O coordenador pedagógico sempre se faz presente ao planejamento de seu trabalho,


realizando estudo, sugerindo atividades que apoiam e orientam sua prática em sala de aula?
Justifique.
________________________________________________________________________

4. Como você vê a prática da formação continuada ofertada pela gestão da escola? Você
considera os temas abordados relevantes para sua atuação e para seu desenvolvimento
profissional? Justifique.
________________________________________________________________________

5. Existem incentivos, por parte do coordenador pedagógico, para que você modifique sua
prática pedagógica visando o ensino-aprendizagem? Exemplifique.
________________________________________________________________________

6. A formação continuada, realizada na sua escola, tem contribuído para a melhoria do


processo de ensino-aprendizagem? Justifique.
________________________________________________________________________

Você também pode gostar