Aula 5 Estrutras de Madeiras

Curso de Pós-Graduação em Engenharia
Estrutural
Prof. Esp. Igor Leite

Estruturas de madeira para telhados
Estruturas para coberturas residenciais
O emprego das telhas cerâmicas para coberturas de

residências condicionam o projeto do telhado à
inclinação de menos 26° ou 22°. Pelo princípio da
isostática, quanto maior for a inclinação do telhado
tanto menor será a solicitação dos esforços nas barras
principais de uma tesoura.
Um fato a ser considerado é que, usualmente, os vãos
teóricos não são grandes, pois dificilmente excedem
8,00 metros e as bitolas comerciais empregas
satisfazem com folga os esforços solicitantes nas
barras, desde que sejam respeitados os seguintes
espaçamentos:
 Ripas – aproximadamente a cada 0,35 m, dependendo

naturalmente da dimensão das telhas;
 Caibros – espaçamento variando de 0,40 a 0,60 m,
permitindo a passagem de um homem entre as ripas e
caibros.
 Terças – A distância entre terças deverá ser no máximo
1,50 m, para se evitar flechas pronunciadas nos caibros
e, consequentemente, um aspecto à cobertura ou seu
comprometimento.
Entre a infinidade de tipos de treliças ou tesouras

existentes, o que mais se emprega no Brasil para
estruturas de madeira dos telhados residenciais, é a
tesoura tipo Howe.
A tesoura tipo Howe nos permite executar a ligação das diagonais

(barras comprimidas) com os banzos (empena ou linha) da maneira
mais natural, que é a sambladura (ou entalhe). As barras verticais,
trabalhando à tração podem ser ligadas por intermédio de parafusos
ou pregos.
Considerações gerais do projeto e da execução
De uma maneira geral, para se calcular e executar

rigorosamente uma treliça, deve-se ter presente
algumas das recomendações a seguir:
a) Eixos geométricos das barras devem concorrer no

mesmo ponto (nó ou junta), como também os centros
de gravidades das seções das barras devem coincidir
com o eixo geométrico da estrutura.
b) Deve ser evitada a introdução de número de barras

redundantes, de modo a tornar a estrutura
hiperestática, barras essas muitas vezes colocadas a
sentimento durante a construção. Esse recurso, em
certos casos, poderá até comprometer as demais
barras da estrutura.
c) As cargas devem ser aplicadas diretamente nos nós da
treliça (posição das terças), evitando-se assim
momentos fletores que não haviam sido previstos no
cálculo estático.
d) Manter as condições de apoio estabelecidas no

cálculo.
e) Para se evitar as flechas, a escolha da altura da treliça

deve estar compreendida entre 1/6 e 1/8 do vão
teórico. Além do mais, na execução deve ser dada
contraflecha para vãos maiores que 10 m.
Contraventamentos de tesouras
A ação do vento as vezes é transmitida as treliças em

direções não contidas no plano. Assim se faz
necessário uma estrutura auxiliar (contraventamento).
O contraventamento é necessário para resistir às
forças laterais e para manter as treliças alinhadas.
Para construções abertas e sem forro, deve-se

providenciar um contraventamento no plano horizontal,
que contém os banzos inferiores das treliças, de forma
semelhante ao contraventamento no plano da trama.
Um grande problema é a insuficiência de parede de
frente e de fundo para receber carregamentos
horizontais (descarregados pela terça ou
contraventamento verticais).
Neste caso adotam-se treliças no plano da trama que
absorverá a carga F e transmitirá para as paredes
laterais.
Em geral observa-se nos projetos e obras são

contraventamentos nos moldes das treliças isostáticas
simplesmente apoiadas, isto é, o contraventamento
dando vinculação apenas nos nós do banzo superior,
como se somente nestes ocorrem barras comprimidas.
Para sanar o problema, recomenda-se como regra
geral sempre a colocação de mãos-francesas nas
terças, vinculando tanto os nós superiores como os nós
inferiores.
Projeto da armação de um telhado para coberturas
com telha cerâmica
Dados:
 Cobertura – Telhas cerâmicas tipo marselha
 Materiais – Todas as peças serão de madeira serrada
de 2ª categoria dicotiledônea, Classe de Resistência
C30, carregamentos de longa duração, classes de
umidade 3 a 4. Parafusos de aço (fyk = 240 MPa).
 Forro – Eucatex isolante, espessura 12 mm (peso das
chapas de Eucatex, 0,4 kN/m²), tarugamento de
conífera classe C25 (ρ = 550 kg/m³, peso específico
5,5 kN/m³)
com telha cerâmica
Esquema estrutural e especificações:

 Espaçamento entre as tesouras, a = 2,5 m
 Vão teórico das tesouras. L = 6 painéis de 1,40 m =
8,40 m
 Inclinação 26° = 49% h = L/4
 Telhas: peso = 0,028 kN/unidade

◦ Quantidade = 15 unidades m/²
◦ Madeira dicotiledônea C30
com telha cerâmica
Cargas:
 Carga permanente – composição e fórmula de Howe
para estimativa do peso próprio
 Carga de vento – conforme NBR 6123
 Cargas acidentais – conforme NBR 6120
Localização: terreno situado na região urbana do Rio de

Janeiro, RJ
Cálculos preliminares:
Elementos geométricos
Cálculo das cargas unitárias:
a) Carga permanente:
1) peso próprio da tesoura e contraventamento:
Fórmula de Howe: gr = 0,0245(1 + 0,33.L) em kN/m²
gr = 0,0245(1 + 0,33 x 8,40) = 0,1 kN/m²
2) Cobertura, composição
Telhas = 15 un/m² x 0,28 kN/un = 0,42 kN/m²
Ripas (1,5 x 5 cm) = 0,015 x 0,05 x 8 x 3 (ripas / m) = 0,02 kN/m²
Caibros (5 x 6 cm) = 0,05 x 0,06 x 8 x 2 (caibros / m) = 0,05 kN/m²
Absorção da água pluvial (30% do peso telhas) = 0,12 kN/m²
gt = 0,61 kN/m² (na superfície inclinada)
Cálculo das cargas unitárias:
Carga equivalente em projeção horizontal
gc = gt / cos α = 0,61 / 0,90 = 0,665 kN/m²
Forro – composição
Chapas (catálogo) = 0,4 kN/m²
Tábuas (2,5 x 22) = 0,22 x 0,025 x 5,5 x 2 (tábuas / m) = 0,6 kN/m²
Sarrafos (2 x 5) = 0,05 x 0,02 x 5,5 x 3 (sarrafos / m) = 0,3 kN/m²
Travessas (2 x 10) = 0,10 x 0,023 x 5,5 x 1 (travessa / m) = 0,2 kN/m²
Total = gf = 1,5 kN/m²
Cálculo da carga de vento:
Utilizar o software Ciclone.
Observações:
No caso particular da cobertura com telhas cerâmicas, quando não

amarradas ou fixadas por meio de pregos na estrutura da armação
do telhado, a ação da sucção não tem significado.
Cálculo da carga de vento:
O que poderá acontecer durante uma forte ventania é um

destelhamento parcial, permitindo a saída do fluxo de ar, sem que a
estrutura seja afetada.
A NBR 6120 diz que todo elemento isolado de cobertura (ripas,

terças e barras do banzo superior de treliças) deve ser projetado
para receber, na posição mais desfavorável, uma carga vertical de 1
kN, além da carga permanente”. Carga uniforme equivalente: no
meio da terça ou do banzo superior: P = 1 kN
p = P / área de influência = 1 / (1,4 x 2,5) = 0,28 kN/m²
Adotado: p = 0,30 kN/m²
Carga acidental – sobrecarga
Verificação dos elementos estruturais:

Ripas
(1) Seção adotada: 1,5 x 5 cm
(2) Distância entre as ripas: 0,33 m, vão entre caibros, L = 0,5 m
Carga por metro linear de ripa:
1) Carga permanente: g = g0 + gc
Peso próprio – g0 = 0,015 x 0,05 x 8 kN/m³ = 0,006 kN/m
Telhas – gc = 0,38 x 0,42 kN/m² = 0,1596 kN/m
Total = 0,1656 kN/m
2) Carga acidental:
q = 0,30 kN/m² x 0,38 = 0,11 kN/m
Componentes:
gx = g . cos α
gy = g . sen α
qx = q . cos α
qy = q . sen α
Adotando-se um mesmo coeficiente de ponderação para
carregamentos permanentes e acidentais com o valor de 1,4 tem-se
Mx,d = 1,4 (gx + qx)L² / 8

My,d = 1,4 (gy + qy)L² / 8
Verificação de flexão oblíqua (kM = 0,5 para seções retangulares):
OBS.: Verificar as flechas

Verificação dos caibros:
Na realidade, tanto os caibros como as ripas deveriam ser
calculados estaticamente como vigas contínuas. Para simplificação
do cálculo e a favor da segurança, iremos considerar como viga
simplesmente apoiada. Leva-se em consideração o esforço normal
(solicitação a flexocompressão)
Dados:
1) Distância entre caibros: t = 0,50 m
2) Distância entre terças: e = 1,55 m
Cargas:
gc = 0,665 kN/m² (peso próprio)
p = 0,30 kN/m²
Sen α = 0,43 ; cos α = 0,90
Seção (5 x 6 cm) – Calcular a esbeltez do perfil.

Carga por metro linear:
q = (p + qc) x t = 0,965 x 0,50 = 0,4825 kN/m
Componentes:
qN = q . cos α = 0,4825 x 0,90 = 0,4342 kN/m
qT = q . sen α = 0,4825 x 0,43 = 0,2075 kN/m
Esforços solicitantes:
M = qN x 1,55² / 8 x 100 = M = 13,04 kN.cm = M1d = 18,256 kN.cm
Q = qN x 1,55 / 2 = 0,3355 kN
N = qT x 1,55 / 2 = 0,15 = Nd = 0,224 kN
Verificações
(1) Flexão composta
Calcular a verificação de compressão e flexão e fazer a verificação
de flexo compressão dada em norma.
(2) Cisalhamento
(3) Flecha
Verificação das terças:
Considera-se a verificação de uma terça intermediária, por ser a
mais solicitada. Num cálculo rigoroso, deveríamos considerar as
terças como contínuas ou Gerber, apoiadas sobre as tesouras. Para
simplificação, consideraremos como simplesmente apoiadas.
Dados:
a) Seção (6 x 16 cm)
b) Distância entre as terças = 1,55 m
c) Distância entre as tesouras = 2,5 m
d) Carga permanente – g = 0,665 kN/m²
e) Carga acidental – q = 0,30 kN/m²
f) sen α = 0,43; cos α = 0,90
Carga por metro linear de terça:
1) Peso próprio – g0 = 0,06 x 0,16 x 8 = 0,08 kN/m
2) Cobertura – gc = 0,665 x 1,4 = 0,93 kN/m
Total – g = 1,01 kN/m
3) Sobrecarga – q = 0,30 x 1,4 = 0,42 kN/m
Total – gt = 1,43 kN/m
Componentes:
qN = q x cos α
qT = q x sen α
Esforços solicitantes:
1) Momentos fletores em x e y
2) Esforço cortante em x e y
Verificações:
1) Flexão oblíqua
2) Cisalhamento
3) Flecha
Obrigado!

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O emprego das telhas cerâmicas para coberturas de

 Ripas – aproximadamente a cada 0,35 m, dependendo

Entre a infinidade de tipos de treliças ou tesouras

A tesoura tipo Howe nos permite executar a ligação das diagonais

De uma maneira geral, para se calcular e executar

a) Eixos geométricos das barras devem concorrer no

b) Deve ser evitada a introdução de número de barras

d) Manter as condições de apoio estabelecidas no

e) Para se evitar as flechas, a escolha da altura da treliça

A ação do vento as vezes é transmitida as treliças em

Para construções abertas e sem forro, deve-se

Em geral observa-se nos projetos e obras são

Esquema estrutural e especificações:

 Telhas: peso = 0,028 kN/unidade

Localização: terreno situado na região urbana do Rio de

No caso particular da cobertura com telhas cerâmicas, quando não

O que poderá acontecer durante uma forte ventania é um

A NBR 6120 diz que todo elemento isolado de cobertura (ripas,

Verificação dos elementos estruturais:

Mx,d = 1,4 (gx + qx)L² / 8

Verificação de flexão oblíqua (kM = 0,5 para seções retangulares):

OBS.: Verificar as flechas

Seção (5 x 6 cm) – Calcular a esbeltez do perfil.

N = qT x 1,55 / 2 = 0,15 = Nd = 0,224 kN

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