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Capítulo 8.

Análise do risco de viés de


Estudos de Acurácia Diagnóstica com
a ferramenta QUADAS 2

 CAPÍTULO 8

 Análise do Risco de Viés de Estudos de Acurácia Diagnóstica com a Ferramenta


QUADAS-2

Eliete Neves Silva Guerra, Juliana Amorim dos Santos, Graziela De Luca Canto

1. Introdução

Revisões Sistemáticas (RS) de diagnóstico são importantes ferramentas de estudo para


identificar as aplicações de novos testes e métodos usados por profissionais de saúde a fim
de discriminar se um indivíduo tem determinada doença ou condição em populações
consideradas suspeitas para aquela doença.1 Os estudos primários incluídos em uma RS de
diagnóstico têm como principal objetivo determinar a acurácia de testes índices, utilizando
um padrão de referência (antigo “padrão-ouro”) como comparador.

Duas são as medidas principais para avaliar a acurácia: a sensibilidade e a especificidade.


Sensibilidade é a razão do número de avaliações positivas verdadeiras pelo número de todas
as avaliações positivas, o que significa a capacidade de discriminar, entre os suspeitos,
aqueles que estão efetivamente doentes. A especificidade é a razão do número de avaliações
negativas verdadeiras por número de todas as avaliações negativas, ou seja, a capacidade de
um mesmo teste ser negativo em pacientes não doentes.2

Assim, a RS de estudos de acurácia diagnóstica permite investigar a validade e a consistência


do desempenho de um teste índice entre diferentes delineamentos de estudos diagnósticos e
em perfis populacionais distintos.3 No entanto, esse tipo de RS é frequentemente
caracterizado por resultados, marcadamente heterogêneos, originados de diferenças no
desenho e condução dos estudos incluídos, o que torna essencial a avaliação criteriosa da
qualidade dos estudos primários incluídos.

A ferramenta QUADAS, do inglês Quality Assessment of Studies of Diagnostic Accuracy


Included in Systematic Reviews, com tradução livre para o português Avaliação da Qualidade
dos Estudos de Precisão Diagnóstica Incluídos em Revisões Sistemáticas, foi desenvolvida em
2003, por meio de um projeto colaborativo entre o Centro de Revisões e Divulgação da
Universidade de York e o Centro Médico Acadêmico da Universidade de Amsterdã. O grupo foi
composto por cinco pesquisadores, sendo Whiting e Kleijnen oriundos da Universidade de
York (Inglaterra) e Rutjes, Reitsma e Bossuyt, da Universidade de Amsterdã (Holanda). O
desenvolvimento da ferramenta foi financiado pelo programa NHS R&D Health Technology
Assessment (HTA).

Whiting et al.4 organizaram um procedimento Delphi para desenvolver a ferramenta de


avaliação de qualidade refinando uma lista inicial de potenciais itens para o checklist do
QUADAS, obtendo-a com os resultados de três Revisões Sistemáticas de diagnóstico
conduzidas anteriormente.  Na primeira versão, um total de nove especialistas na área de
diagnóstico participaram do procedimento Delphi, que consistiu em quatro rodadas, após as
quais se chegou a um acordo sobre os itens a serem incluídos na ferramenta. A lista inicial de
28 itens foi reduzida para 14, no instrumento final, estes avaliam o risco de viés, fontes de
variação (aplicabilidade) e qualidade dos relatórios, sendo cada item classificado como “Sim”,
“Não” ou “Incerto”. Assim, o primeiro projeto do QUADAS produziu uma ferramenta de
avaliação da qualidade baseada em evidências para ser usada em Revisões Sistemáticas de
estudos de diagnóstico.

Posteriormente, em 2011, o feedback de usuários e da Colaboração Cochrane sugeriram


melhorias no documento original. Os usuários relataram problemas de classificação de certos
itens (particularmente, aqueles no espectro do paciente, resultados de testes não
interpretáveis ou intermediários e desistência dos participantes), possível sobreposição entre
eles (por exemplo, viés de verificação parcial e desistência dos participantes) e situações em
que o QUADAS é difícil de ser aplicado (por exemplo, tópicos para os quais o padrão de
referência envolve acompanhamento). A ferramenta foi aprimorada e redesenhada, dando
origem à criação do QUADAS-2, que se baseia tanto na experiência com o uso da ferramenta
original, quanto em novas evidências sobre fontes de viés e variação em estudos de precisão
diagnóstica.5

Nessa atualização, o grupo foi composto por nove pesquisadores, especialistas na área de
pesquisa diagnóstica, a maioria participou do desenvolvimento da ferramenta QUADAS
original. O grupo concordou com as características-chave do escopo desejado do QUADAS-25
e a principal decisão foi de separar “qualidade” em “risco de viés” e “preocupações com
relação à aplicabilidade”.

Na nova versão, qualidade foi definida tanto como o risco de viés quanto a aplicabilidade de
um estudo. O risco de viés pode ocorrer se falhas sistemáticas ou limitações no desenho ou
condução de um estudo distorcem os resultados. A evidência de um estudo primário pode ter
aplicabilidade limitada para a revisão se, em comparação com a questão da revisão, o estudo
tenha sido conduzido em um grupo de pacientes com características demográficas e clínicas
diferentes, o teste índice aplicado e interpretado de forma diferente ou se a definição da
condição alvo era diferente.
Outras decisões incluíram limitar o QUADAS-2 a um pequeno número de domínios-chave com
sobreposição mínima e com o objetivo de estender o QUADAS-2 para avaliar estudos
comparando múltiplos testes índice e aqueles envolvendo padrões de referência com base no
acompanhamento, mas não estudos abordando questões de prognóstico. Além disso, foi
proposto alterar a classificação de “Sim”, “Não” ou “Incerto”, usada na ferramenta QUADAS
original, para “baixo risco de viés” ou “alto risco de viés”, conforme utilizado para avaliar o
risco de viés nas revisões da Cochrane de estudos de intervenções.6

O uso do QUADAS e do QUADAS-2 pode ser consultado em diferentes RS escritas pelos


autores deste capítulo.7-13

2. Aplicação

A ferramenta QUADAS-2 compreende quatro domínios: 1) Seleção de paciente; 2) Teste índice;


3) Padrão/teste de referência e; 4) Fluxo dos pacientes e tempo dos testes índice e de
referência. Todos eles são avaliados em termos de risco de viés e os três primeiros domínios
também são avaliados em termos de preocupações em relação à aplicabilidade. É importante
destacar que essa ferramenta foi projetada para avaliar a qualidade dos estudos primários de
precisão diagnóstica; não se destina a substituir o processo de extração de dados da revisão e
deve ser aplicado além deste (por exemplo, desenho do estudo e resultados) para uso na
revisão. Perguntas sinalizadoras foram incluídas para ajudar a julgar o risco de viés; elas
sinalizam aspectos do desenho do estudo relacionados ao potencial de viés e visam ajudar os
revisores a julgarem o risco de viés.

2.1. Risco de viés

A primeira parte de cada domínio diz respeito ao viés e compreende três seções: informações
usadas para apoiar o julgamento de risco de viés, questões de sinalização e julgamento de
risco de viés. Ao registrar as informações usadas para chegar ao julgamento (suporte para o
julgamento), pretende-se tornar a classificação transparente e facilitar a discussão entre os
autores da revisão que completam as avaliações de forma independente.6 As perguntas de
sinalização adicionais são incluídas para auxiliar nos julgamentos, sendo respondidas como
“Sim”, “Não” ou “Incerto”. A resposta “Sim” indica baixo risco de viés.

O risco de viés é julgado como “Baixo”, “Alto” ou “Incerto”. Se as respostas a todas as


perguntas de sinalização para um domínio forem “Sim”, o risco de viés será considerado
baixo. Se pelo menos uma pergunta de sinalização for respondida “Não”, existe potencial para
viés, considerando o estudo com alto risco de viés. A categoria “Incerto” deve ser usada
somente quando são relatados dados insuficientes para permitir um julgamento.

2.2. Aplicabilidade
As seções de aplicabilidade são estruturadas de maneira semelhante às seções de risco de
viés, mas não incluem as perguntas sinalizadoras. Os autores da revisão registram as
informações sobre as quais o julgamento de aplicabilidade é feito e, em seguida, classificam
sua preocupação de que o estudo não corresponda à questão da revisão.

As preocupações sobre a aplicabilidade são classificadas como “Baixa”, “Alta” ou “Incerta”. Os


julgamentos de aplicabilidade referem-se à fase 1, onde a questão da revisão foi registrada.
Novamente, a categoria “Incerta” deve ser usada somente quando dados insuficientes são
relatados.

As seções a seguir explicam resumidamente as questões de sinalização e risco de parcialidade


ou preocupações sobre questões de aplicabilidade para cada domínio.

A ferramenta na versão mais atual e idioma original (inglês), conforme apresentada por
Whiting et al.5, está representada no Quadro 1 e será aprofundada posteriormente (em
português).

Quadro 1. Ferramenta QUADAS-2 no idioma original (inglês)

Domains Prompting items Ratings

Patient Selection

Yes: The study ideally enrolled a


a. Was a consecutive or random sample
consecutive or random sample of eligible
of patients enrolled?
patients with suspected disease.

b. Was a case–control design avoided?


Could the selection of patients have No: The study made inappropriate
exclusions (for example, not including
introduced bias? c. Did the study avoid inappropriate “difficult-to-diagnose” patients), resulting in
exclusions? overestimation of diagnostic accuracy.

Unclear: There is not enough data to


permit a judgment.

Low bias: The answer to all signaling questions for a domain is “YES”.

Risk of bias High bias: The answers to any signaling questions for a domain are “NO”.

Unclear bias: There is not enough data to permit a judgment.

Applicability: are there concerns that the Low bias: The patients included in the study do not differ from those targeted by the
included patients and setting do not review question in terms of severity of the target condition, demographic features,
match the review question? presence of differential diagnosis or comorbid conditions, setting of the study, and
previous testing protocols.
High bias: The patients included in the study differ from those targeted by the review
question in terms of severity of the target condition, demographic features, presence of
differential diagnosis or comorbid conditions, setting of the study, and previous testing
protocols.

Unclear: There is not enough data to permit a judgment.

Index Test

Yes: The index test is always conducted


and interpreted before the reference
standard.
a. Were the index test results interpreted
without knowledge of the results of the No: There is subjectivity of interpreting
index test, and the order of testing is
reference standard? inadequate.

Could the conduct or interpretation of the Unclear: There is not enough data to
permit a judgment.
index test have introduced bias?

Yes: The study selects a threshold.

b. If a threshold was used, was it No: The study does not select a threshold.
prespecified?
Unclear: There is not enough data to
permit a judgment.

Low bias: The answer to all signaling questions for a domain is “YES”.

Risk of Bias High bias: The answers to any signaling questions for a domain are “NO”.

Unclear bias: There is not enough data to permit a judgment.

Low bias: There are no concerns in this regard.


Applicability: are there concerns that the
index test, its conduct, or its High bias: The index test methods vary from those specified in the review question.
interpretation differ from the review
question? Unclear: There is not enough data to permit a judgment.

Reference Standard

Could the reference standard, its conduct, a. Is the reference standard likely to Yes: Estimates of test accuracy are based
or its interpretation have introduced bias? correctly classify the target condition? on the assumptions that the reference
standard is 100% sensitive and that specific
disagreements between the reference
standard and index test result from
incorrect classification by the index test.

No: Estimates of test accuracy are not


based on the assumptions that the
reference standard is 100% sensitive and
that specific disagreements between the
reference standard and index test result
from incorrect classification by the index
test.

Unclear: There is not enough data to


permit a judgment.

Yes: The reference standard test is always


conducted and interpreted blindly from
the index test.
b. Were the reference standard results
interpreted without knowledge of the No: There is a potential influence of
results of the index test? previous knowledge of index test results.

Unclear: There is not enough data to


permit a judgment.

Low bias: The answer to all signaling questions for a domain is “YES”.

Risk of bias High bias: The answers to any signaling questions for a domain are “NO”.

Unclear bias: There is not enough data to permit a judgment.

Low bias: There are no concerns in this regard.


Applicability: are there concerns that the
target condition as defined by the High bias: The target condition that the reference standard test defines may differ from
the target condition specified in the review question.
reference standard does not match the
question? Unclear: There is not enough data to permit a judgment.

Flow and Timing

Could the patient flow have introduced Yes: The index test and reference standard
bias? are ideally collected on the same patients
a. Was there an appropriate interval at the same time.
between the index test and reference
standard? No: A delay occurs, or treatment begins
between the index test and the reference
standard.

Unclear: There is not enough data to


permit a judgment.

b. Did all patients receive the same Yes: All patients receive the same
reference standard? reference standard.

No: Only a proportion of the study group


receives confirmation of the diagnosis by
the reference standard, or some patients
receive a different reference standard.

Unclear: There is not enough data to


permit a judgment.
Yes: All participants recruited into the
study are included in the analysis.

No: The number of patients enrolled


c. Were all patients included in the differs from the number of patients
included in the 2×2 table of results,
analysis? because patients lost to follow-up differ
systematically from those who remain.

Unclear: There is not enough data to


permit a judgment.

Low bias: The answer to all signaling questions for a domain is “YES”.

Risk of Bias High bias: The answers to any signaling questions for a domain are “NO”.

Unclear bias: There is not enough data to permit a judgment.

Fonte:  adaptado de Whiting et al.5

2.3. Domínios

2.3.1. Domínio 1: Seleção de Paciente

Risco de viés: A seleção de pacientes poderia ter introduzido viés?

Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: A avaliação será classificada como baixo risco de viés quando a resposta a
todas as perguntas sinalizadoras para o domínio forem “Sim”. Por outro lado, será
considerada como alto risco de viés quando a resposta a pelo menos uma pergunta
sinalizadora for “Não” e “Incerto” quando não houver dados suficientes para permitir um
julgamento.

Pergunta sinalizadora 1: Foi uma amostra consecutiva ou aleatória de pacientes selecionados?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Para receber a resposta “Sim”, o estudo deve ser composto por amostra
consecutiva ou aleatória de pacientes elegíveis com suspeita de doença, o que evitará
potencial de viés. Estudos que fazem exclusões inadequadas podem resultar em
superestimação ou subestimação da precisão do diagnóstico, por exemplo, quando não
incluem pacientes de difícil diagnóstico ou excluem aqueles considerados “bandeira
vermelha” para a condição-alvo. Dessa forma, a pergunta sinalizadora resultará em “Não”. A
resposta “Incerto” será aplicada quando não houver dados suficientes em relação a seleção
da amostra.

Pergunta sinalizadora 2: O desenho de caso-controle foi evitado?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Para receber a resposta “Sim”, o estudo deverá incluir amostra com diagnóstico
ainda desconhecido, em que serão aplicados tanto o teste índice quanto o padrão de
referência. Quando um estudo apresenta desenho do tipo caso-controle, ou seja, a inclusão
dos participantes é feita com conhecimento prévio dos seus diagnósticos, dividindo-os em
dois grupos (um grupo de doentes e o outro de não doentes), a resposta para essa pergunta
será “Não”, uma vez que estudos envolvendo participantes com doença conhecida e um
grupo de controle sem a doença podem superestimar a precisão do diagnóstico. A pergunta
receberá resposta “Incerto” quando não houver dados suficientes para determinar se esse
desenho de estudo foi evitado.

Pergunta sinalizadora 3: O estudo evitou exclusões inadequadas?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Como mencionado na interpretação da pergunta sinalizadora dois, estudos


com exclusões inadequadas podem resultar em superestimação ou subestimação do teste
diagnóstico. Dessa forma, a pergunta sinalizadora receberá resposta “Sim” quando os
pacientes não são excluídos do estudo sem justificativas pautadas em critérios de inclusão
bem definidos. Caso a exclusão aconteça, é necessário apresentar a explicação. Portanto,
receberá “Não”, se o estudo não apresentar critérios de inclusão/exclusão bem definidos ou
quando fizer exclusões inadequadas e sem justificativas. Além disso, poderá receber “Incerto”
quando não houver dados suficientes para julgar se as exclusões foram realizadas de forma
adequada.

Preocupações com relação à aplicabilidade: Há dúvidas de que os pacientes incluídos e os


parâmetros não correspondem à pergunta de revisão?

Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: A seleção dos participantes pode apresentar preocupações quanto à


aplicabilidade quando os pacientes incluídos não corresponderem ao direcionamento da
pergunta de pesquisa da revisão, considerando a gravidade da condição alvo, as
características demográficas, a presença de diagnóstico diferencial ou comorbidades, o
cenário do estudo e os protocolos de testes anteriores, uma vez que pacientes com condições
mais fáceis de detectar podem elevar a estimativa de sensibilidade inadequadamente. Dessa
forma, a preocupação quanto à aplicabilidade receberá julgamento “Baixo” quando os
pacientes incluídos no estudo não diferirem daqueles inicialmente almejados pela pergunta
da revisão. O julgamento será “Alto” quando a amostra não corresponder ao direcionamento
da pergunta e “Incerto” quando houver dados insuficientes para definir a preocupação em
relação a esse tópico.

2.3.2. Domínio 2: Teste Índice

Exemplos de teste índice: busca por novos biomarcadores, exames novos de imagens ou
testes diagnósticos experimentais em geral.

Risco de viés: A conduta ou interpretação do teste índice pode ter introduzido viés?

Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: O risco de viés será classificado como “Baixo” quando a resposta a todas as
perguntas sinalizadoras para o domínio forem “Sim”. Por outro lado, será considerado “Alto”
quando a resposta a pelo menos uma pergunta sinalizadora for “Não” e “Incerto” quando não
houver dados suficientes para permitir um julgamento.

Pergunta sinalizadora 1: Os resultados do teste índice foram interpretados sem o


conhecimento dos resultados do padrão de referência?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Esse tópico pode ser comparado ao “cegamento” de estudos de intervenção,


sendo que, nesse caso, o conhecimento dos resultados do teste padrão de referência pode
influenciar na interpretação do teste índice. Portanto, a pergunta sinalizadora receberá
classificação “Sim” quando o estudo mencionar que o teste índice foi sempre conduzido e
interpretado antes do teste padrão de referência ou cegado em relação aos resultados. Caso
a condução e interpretação do teste índice seja realizada quando já se tem conhecimento dos
resultados do teste padrão de referência, a pergunta receberá julgamento “Não”. Se o estudo
não mencionar e/ou explicar como esse processo ocorreu, será julgada como “Incerto”.

Pergunta sinalizadora 2: Se um limite de magnitude (cut-off) foi usado, ele foi pré-
especificado?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.


Interpretação: O cut-off pode aumentar o risco de viés quando o limite é definido para
otimizar a sensibilidade e/ou especificidade, levando a uma superestimativa dos resultados.
Portanto, é importante que esse limite seja pré-especificado utilizando o mesmo parâmetro
em amostras independentes. Quando for relatado que o cut-off foi preestabelecido, a
resposta para a pergunta sinalizadora será “Sim”, entretanto, quando isso não ocorrer, a
resposta será “Não”.

Muitas vezes, os estudos não relatam se definem ou não os limites dos exames, gerando
“Incerto” como resposta.

Preocupações com relação à aplicabilidade: Há preocupações de que o teste índice, sua


conduta ou interpretação difere da questão da revisão?

Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: Quando os métodos do teste índice diferem daqueles definidos pela pergunta
de pesquisa da revisão, a aplicabilidade pode gerar preocupações, porque as variações na
tecnologia, execução e interpretação do teste podem alterar a estimativa de precisão do
diagnóstico. No geral, a preocupação quanto à aplicabilidade receberá resposta “Baixo”
quando os critérios de inclusão e exclusão da RS forem bem aplicados em relação ao teste em
análise. Mas, se os métodos de teste de índice diferirem daqueles especificados na pergunta
da revisão, o estudo receberá julgamento “Alto” em relação a esse tópico. Se o estudo não
especificar esse padrão, será julgado como “Incerto”.

2.3.3. Domínio 3: Padrão de referência

Exemplos de padrão de referência: biópsia e exame histopatológico, exames de sangue,


radiografia, entre outros exames já padronizados e bem conhecidos.

Risco de viés: O padrão de referência, sua conduta ou sua interpretação poderiam ter
introduzido viés?

Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: O risco de viés será classificado como “Baixo” quando a resposta a todas as
perguntas sinalizadoras para o domínio forem “Sim”. Por outro lado, será considerado “Alto
risco de viés” quando a resposta a pelo menos uma pergunta sinalizadora for “Não” e “Incerto”
quando não houver dados suficientes para permitir um julgamento.

Pergunta sinalizadora 1: É provável que o padrão de referência classifique corretamente a


condição-alvo?
Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: As estimativas da precisão do teste são baseadas nas suposições de que o


padrão de referência é 100% sensível, sendo as divergências entre o padrão e o teste índice
resultado da imprecisão do teste em análise. Dessa forma, a resposta a essa pergunta
sinalizadora será “Sim” quando o padrão de referência, como o histológico, for um teste
obrigatório para confirmação do diagnóstico. Por outro lado, poderá receber “Não” quando o
teste padrão de referência não for estabelecido como adequado para classificar corretamente
a condição-alvo. Quando não houver dados suficientes para permitir um julgamento, a
resposta será “Incerto”.

Pergunta sinalizadora 2: Os resultados do padrão de referência foram interpretados sem o


conhecimento dos resultados do teste de índice?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Assim como mencionado para a avaliação do teste índice, esse tópico pode ser
comparado ao cegamento de estudos de intervenção, sendo que, nesse caso, o conhecimento
dos resultados do teste índice pode influenciar na interpretação do teste padrão de
referência. Portanto, a pergunta sinalizadora receberá classificação “Sim” quando o estudo
mencionar que os testes foram conduzidos e interpretados de forma cega, em relação aos
resultados. Caso a condução e interpretação seja realizada quando já se tem conhecimento
dos resultados do teste índice, a pergunta receberá julgamento “Não”. No geral, os estudos
não mencionam se foi realizado cegamento e/ou não explicam como esse processo ocorreu,
recebendo “Incerto”.

Preocupações com relação à aplicabilidade: Há preocupação de que a condição-alvo definida


pelo padrão de referência não corresponda à pergunta da revisão?

Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: O padrão de referência pode estar livre de viés quando define a condição-alvo
correspondente àquela especificada na pergunta de pesquisa da revisão. Na maioria das
vezes, a resposta será “Baixo”, não havendo problema em o profissional saber se o paciente é
doente ou controle. Entretanto, quando a condição-alvo a ser diagnosticada for diferente da
condição-alvo especificada na questão da revisão, a preocupação quanto à aplicabilidade
receberá “Alto” como classificação. Quando não houver dados suficientes para permitir um
julgamento, a resposta será “Incerto”.

2.3.4. Domínio 4: Fluxo e Tempo

Risco de viés: O fluxo do paciente poderia ter introduzido viés?


Possibilidade de respostas: “Baixo”, “Alto” e “Incerto”.

Interpretação: O risco será classificado como “Baixo” quando a resposta a todas as perguntas
sinalizadoras para o domínio forem “Sim”. Por outro lado, será considerado “Alto” quando a
resposta a pelo menos uma pergunta sinalizadora for “Não” e “Incerto” quando não houver
dados suficientes para permitir um julgamento.

Pergunta sinalizadora 1: Houve um intervalo apropriado entre o(s) teste(s) de índice e o


padrão de referência?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Idealmente, os testes índice e padrão de referência devem ser realizados para
coletar resultados nos mesmos pacientes, ao mesmo tempo. O intervalo entre as coletas
pode resultar em classificação incorreta, considerando a possibilidade de recuperação ou
deterioração da condição em estudo. Entretanto, a preocupação sobre esse intervalo é
variável de uma condição para outra, uma vez que o atraso de alguns dias pode não interferir
no diagnóstico de doenças crônicas, mas alterar o resultado para doenças infecciosas agudas,
por exemplo. Além disso, um padrão de referência que envolve acompanhamento pode exigir
um período mínimo para avaliar se a condição-alvo está presente.

Dessa forma, a interpretação torna-se subjetiva de acordo com a condição em estudo. A


pergunta sinalizadora receberá “Sim” como resposta quando os exames forem coletados ao
mesmo tempo ou quando o intervalo não representar preocupação significativa para a
condição. Por outro lado, receberá “Não” quando o intervalo entre as coletas puder, de
alguma forma, resultar em alterações de diagnóstico pelo tempo de atraso. Quando não
houver dados suficientes sobre o intervalo de coleta para permitir um julgamento, a resposta
será “Incerto”.

Pergunta sinalizadora 2: Todos os pacientes receberam o mesmo padrão de referência?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Esse tópico diz respeito à padronização do teste padrão de referência para
todos os pacientes. O viés ocorre quando apenas uma parcela do grupo de estudo recebe a
confirmação do diagnóstico pelo padrão de referência ou se padrões de referência diferentes
são aplicados entre os pacientes, o que poderia resultar em alterações das estimativas de
sensibilidade e especificidade. Assim, a pergunta sinalizadora receberá “Sim” quando o
mesmo padrão for aplicado para todos os participantes do estudo. Como esse critério
costuma ser estabelecido na pergunta de pesquisa da RS, essa é a classificação mais comum.
Entretanto, quando o padrão diferir entre os pacientes ou não for aplicado para todos, a
resposta será “Não”. Quando não houver dados suficientes sobre essa padronização para
permitir um julgamento, a resposta será “Incerto”.

Pergunta sinalizadora 3: Todos os pacientes foram incluídos na análise?

Possibilidade de respostas: “Sim”, “Não” e “Incerto”.

Interpretação: Todos os participantes recrutados para o estudo devem ser incluídos na


análise. Existe um potencial para viés se o número de pacientes considerados diferir do
número de pacientes incluídos na tabela de resultados 2×2, porque os pacientes perdidos no
acompanhamento diferem sistematicamente daqueles que permanecem. Quando não houver
exclusão de pacientes, a resposta para a pergunta sinalizadora será “Sim”. Porém, quando se
observa que alguns pacientes foram desconsiderados para a análise, a resposta será “Não”.
Quase sempre a resposta é “Sim”, pois, no geral, não há exclusão de pacientes. Se não houver
dados suficientes para permitir um julgamento, a resposta será “Incerto”.

A aplicação da ferramenta QUADAS-2 segue o passo a passo disposto no Capítulo 1 deste


livro.

3. Interpretação

Ao final da avaliação, se um estudo for classificado como “Baixo” em todos os domínios


relacionados a viés ou aplicabilidade, considera-se apropriado o julgamento geral de “baixo
risco de viés” ou “pouca preocupação com relação à aplicabilidade” para esse estudo. Se um
estudo for considerado “Alto” ou “Incerto” em um ou mais domínios, ele pode ser julgado em
“alto risco de viés” ou como tendo “preocupações em relação à aplicabilidade”.

O site do QUADAS (www.quadas.org) contém a ferramenta QUADAS-2, informações sobre


treinamento, um banco de perguntas adicionais de sinalização, orientação mais detalhada
para cada domínio, exemplos de avaliações QUADAS-2 concluídas e recursos para download,
incluindo um banco de dados para extração de dados, uma planilha do Excel (Microsoft Office,
Microsoft® Corporation, Redmond, Washington, EUA) para produzir exibições gráficas dos
resultados e modelos para tabelas do Word para resumir os resultados.

 4. Apresentação dos resultados

Os resultados da avaliação QUADAS-2, para todos os estudos incluídos, devem ser reportados
no artigo de Revisão Sistemática, o que pode resumir o número de estudos que tiveram um
risco baixo, alto ou incerto de viés ou preocupações sobre a aplicabilidade de cada domínio.
Os autores podem escolher destacar questões de sinalização específicas, nas quais, os
estudos consistentemente classificam bem ou mal. As exibições tabulares (Tabela 1) e gráficas
(Figura 1) ajudam a resumir as avaliações do QUADAS-2.

Os resultados da análise do QUADAS-2 podem ser apresentados por meio de tabelas e/ou
figuras, conforme exemplo abaixo. O Quadro 2 traz um exemplo de como resumir as
avaliações do QUADAS-2.

Quadro 2. Exemplo de apresentação do resultado da avaliação do risco de viés com a


ferramenta QUADAS-2

Achalli Almadori Bahar Garcia Ishikawa Ishikawa


Asai et Chen et
Item et al. et al. et al. et al. et al. et al.
al. 2018 al. 2018
2017 2007 2007 2018 2016 2017

Was a
consecutive or
random
U Y U U U U U U
sample of
patients
enrolled?

Was a case-
control design N N N N N N N N
avoided?

Did the study


avoid
Y N N N Y N N N
inappropriate
Domain 1:
exclusions?

Patient
Could the
Selection selection of
patients have H H H H H H H H
introduced
bias?

Concerns
regarding
applicability:
Is there
concern that
L L L L L L L L
the included
patients do not
match the
review
question?
Domain 2: Were the index U U U U U U U U
test results
Index Test interpreted
without
knowledge of
the results of
the reference
standard?

If a threshold
was used, was
N N N N N N N N
it pre-
specified?

Could the
conduct or
interpretation
of the index H H H H H H H H
test have
introduced
bias?

Concerns
regarding
applicability:
Is there
concern that
the index test, L L L L L L L L
its conduct, or
interpretation
differ from the
review
question?

Domain 3: Is the
reference
Reference standard likely
Standard
to correctly Y Y Y U U U Y Y
classify the
target
condition?

Were the Y Y Y U U U U U
reference
standard
results
interpreted
without
knowledge of
the results of
the index test?

Could the
reference
standard, its
conduct, or its
L L L U U U U U
interpretation
have
introduced
bias?

Concerns
regarding
applicability:
Is there
concern that
the target
condition as L L L U U U U U
defined by the
reference
standard does
not match the
review
question?

Domain 4: Was there an


appropriate
Flow and interval
Timing
between index U U U U U U U U
test(s) and
reference
standard?

Did patients
receive the
same Y Y Y U U U U U
reference
standard?

Were all
patients
Y Y Y Y Y Y N Y
included in the
analysis?

Could the U U U U U U H U
patient flow
have
introduced
bias?

Fonte: adaptado de Assad et al.8

No entanto, também é possível apresentar os resultados por meio de gráfico com julgamento
domínio a domínio para cada estudo incluído com o sumário dos resultados do QUADAS-2,
que podem ser gerados acessando o site do QUADAS (http://www.bristol.ac.uk/population-
health-sciences/projects/quadas/resources/), onde há também um modelo para exibição
gráfica por uma planilha do Excel disponível para download.

A planilha pode ser editada para incluir os resultados de suas avaliações QUADAS-2,
produzindo um resumo gráfico dos resultados. O passo a passo para o desenvolvimento
dessa representação gráfica é apresentado a seguir:

Passo 1: Acessar o site

http://www.bristol.ac.uk/population-health-sciences/projects/quadas/resources.

Passo 2: Identificar as opções de download na tela principal do site e baixar o arquivo do


tópico “Template for graphical display”:
Passo 3: Abrir o arquivo baixado, onde constam tabelas preenchidas e gráficos construídos.
Identificar a tabela numérica no canto esquerdo inferior na planilha de dados. Essa tabela
está programada para alterar os gráficos de acordo com o preenchimento.
Passo 4: Substituir os dados da tabela pelos resultados da análise de risco de viés com a
ferramenta QUADAS-2.

Passo 5: De forma semelhante, substituir os dados da tabela numérica inferior. Deve-se


preencher o número de respostas “Yes”, “No” ou “Unclear”. Assim, os gráficos à direita serão
automaticamente alterados.
Passo 6: Abrir a planilha “Applicability” e repetir os passos supracitados com as informações
do julgamento final para essa seção do QUADAS-2. Dessa forma, o gráfico modelo estará
pronto de acordo com os dados de risco de viés.
Gráficos para representação da análise do risco de viés com o QUADAS-2 também podem ser
gerados no programa Review Manager (RevMan)14, cujo passo a passo segue abaixo.

Passo 1: Acessar o site https://training.cochrane.org/online-learning/core-software-


cochrane-reviews/revman e baixar o programa, conforme descrito no Capítulo 15.

Passo 2: Após o download, abrir o programa. Nessa fase, é possível acessar uma Revisão
Sistemática já desenvolvida no programa ou iniciar uma nova. Para iniciar uma nova, clicar em
“File”.

Passo 3: Na sequência, clicar em “New”.


Passo 4: Inserir as informações sobre a revisão que está em desenvolvimento. Para isso: 1.
Apertar “Next”; 2. Selecionar “Diagnostic test accuracy review” e “Next”; 3. Preencher as
informações da Revisão Sistemática e apertar “Next”; 4. Selecionar “Full review” e apertar
“Finish”.
Passo 5: Na barra de ferramentas à esquerda, selecionar “Studies and references” para listar
os estudos incluídos na revisão.
Passo 6: Localizar o tópico “Characteristics of studies” e clicar ao lado, com o botão direito do
mouse.

Passo 7: Selecionar “Add study”.


Passo 8: Listar todos os estudos incluídos na revisão. Para isso: 1. Selecionar “Included
studies”; 2. Inserir a identificação do estudo e clicar quatro vezes em “Next”; 3. Selecionar “Add
another study to the same section” para adicionar os demais estudos; 4. Repetir os passos até
listar todos os estudos e, depois, clicar em “Finish”.
Passo 9: Todos os estudos aparecerão listados com tabelas pré-definidas. Essas tabelas
correspondem à ferramenta QUADAS-2 para risco de viés e deverão ser preenchidas de
acordo com o julgamento final dos autores. Ao lado de cada pergunta, haverá uma caixa de
seleção para a resposta (seleção em vermelho).
Passo 10: Preencher todos os domínios para cada um dos estudos incluídos.
Passo 11: Após preencher as tabelas para todos os estudos, localizar a barra de ferramentas à
esquerda e clicar em “Figures”.

Passo 12: Localizar o tópico “Figures”, na tela principal, e clicar ao lado, com o botão direito do
mouse. Em seguida, selecionar “Add Figure” para criar a figura do risco de viés.
Passo 13: O programa oferece duas opções de figura para risco de viés. 1. Selecionar a opção
que preferir (“Graph” ou “Summary”). 2. Apertar “Finish”.

Passo 14: Ao apertar “Finish”, de acordo com o passo anterior, a figura selecionada aparecerá
automaticamente (Modelo Graph para risco de viés).
Passo 15: Para salvar a figura como arquivo, clicar duas vezes em cima da figura, com o botão
esquerdo do mouse (Modelo summary para risco de viés).

Passo 16: Clicar no disquete, no canto superior direito, para salvar a figura.
Passo 17: Selecionar a opção de arquivo mais adequada. Editar o nome da forma que desejar
e salvar.
Alternativamente, o Capítulo 15  disponibiliza o passo a passo para a construção de gráficos
de “semáforo” e “barras ponderadas” utilizando a ferramenta online robvis (visualization tool
for risk of bias assessments in a systematic review)15, que possui um template específico para
a ferramenta QUADAS-2.

6. Considerações finais

Apesar da multiplicidade de desenhos metodológicos possíveis em estudos de diagnóstico,


independentemente do desenho dos estudos incluídos na Revisão Sistemática, o QUADAS-2
deverá ser a ferramenta adotada para a análise do risco de viés

A avaliação cuidadosa da qualidade dos estudos incluídos é essencial para Revisões


Sistemáticas de estudos de precisão diagnóstica. Um processo rigoroso e baseado em
evidências foi usado para desenvolver o QUADAS-2 a partir do QUADAS. Portanto, a
ferramenta oferece recursos adicionais e foi aprimorada, incluindo a distinção entre viés e
aplicabilidade, identificando quatro domínios principais apoiados por questões de sinalização
para auxiliar o julgamento sobre risco de viés, classificação de risco de viés e preocupações
sobre aplicabilidade como “Alto”, “Baixo” ou “Incerto”, e estudos de manuseio, nos quais o
padrão de referência consiste em acompanhamento.

O QUADAS-2 teve uma melhoria considerável em relação à ferramenta original. Seria


desejável estender o QUADAS-2 para permitir a avaliação de estudos comparando múltiplos
testes índices, mas concluiu-se que a base de evidências para tais critérios é, atualmente,
insuficiente, por isso, planejam-se trabalhos futuros sobre esse tópico. O grupo QUADAS está
desenvolvendo uma nova extensão do QUADAS-2 para avaliar estudos comparativos de
precisão (ou seja, estudos que comparam a precisão de dois ou mais testes índices).

Tendo isso posto, cabe destacar que o uso do QUADAS-2 na análise do risco de viés das
Revisões Sistemáticas de diagnóstico contribui para compor uma base de evidências robusta
para RS de testes e procedimentos diagnósticos.

Referências

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