[1] O documento discute a cosmologia de Aristóteles, incluindo seu modelo geocêntrico do universo com a Terra imóvel no centro e esferas celestes em movimento circular perfeito impulsionadas por Deus, o Primeiro Motor Imóvel. [2] Aristóteles via o universo hierarquizado com um mundo supralunar perfeito de éter e um mundo sublunar terrestre sujeito a mudança. [3] Sua teoria das quatro causas (material, formal, eficiente e final) explica o mov
[1] O documento discute a cosmologia de Aristóteles, incluindo seu modelo geocêntrico do universo com a Terra imóvel no centro e esferas celestes em movimento circular perfeito impulsionadas por Deus, o Primeiro Motor Imóvel. [2] Aristóteles via o universo hierarquizado com um mundo supralunar perfeito de éter e um mundo sublunar terrestre sujeito a mudança. [3] Sua teoria das quatro causas (material, formal, eficiente e final) explica o mov
[1] O documento discute a cosmologia de Aristóteles, incluindo seu modelo geocêntrico do universo com a Terra imóvel no centro e esferas celestes em movimento circular perfeito impulsionadas por Deus, o Primeiro Motor Imóvel. [2] Aristóteles via o universo hierarquizado com um mundo supralunar perfeito de éter e um mundo sublunar terrestre sujeito a mudança. [3] Sua teoria das quatro causas (material, formal, eficiente e final) explica o mov
A observação do movimento dos astros é muito antiga. Povos
como os babilônios já manifestavam esse interesse dois ou três mil anos antes de Cristo. Com frequência esses conhecimentos eram usados na astrologia para prever o destino, fundamentados na relação entre os astros e o comportamento humano. São os gregos que, pela primeira vez, explicam racionalmente o movimento dos astros e procuram entender a natureza do cosmo. Apesar da ênfase grega na razão, persistiu ainda certa mística nessas explicações, porque a cosmologia grega se sustenta na concepção estática do mundo, que associa a perfeição ao repouso. Enquanto na física prevalece a noção de movimento como imperfeição, o mesmo não ocorre com os corpos celestes, que são perfeitos. Além disso, os gregos privilegiavam o círculo como forma perfeita, diferente do movimento retilíneo dos corpos terrestres. O movimento circular não tem início nem fim, porque volta sobre si mesmo e continua sempre, é movimento sem mudança. Acrescente- se a isso a concepção do Universo finito, limitado pela esfera do Céu, fora do qual não há lugar, nem vácuo, nem tempo. Contudo, de onde vem o movimento inicial? Só pode ser de Deus, o Primeiro Motor Imóvel e Ato Puro e que determina o movimento da última esfera, a esfera da estrelas fixas, transmitido por atrito às esferas contíguas, até a Lua, na última esfera interna. No centro acha-se a Terra, também esférica, mas imóvel.
O MODELO GEOCÊNTRICO E A HIERARQUIZAÇÃO DO COSMO
Na astronomia da Antiguidade e da Idade Média, prevaleceu o
modelo geocêntrico, da Terra imóvel no centro do Universo. Essa tradição começou com Eudoxo (séc. IV a.C.), um dos discípulos de Platão. Foi confirmada por Aristóteles emais tarde por Cláudio Ptolomeu (séc. II). Além do geocentrismo, outra característica importante na cosmologia aristotélica é a hierarquização do cosmo: o Céu tem uma natureza superior à da Terra. Sob essa perspectiva, o Universo está dividido em: • Mundo Supralunar – Constituído pelos Céus, que incluem, na ordem, a Lua, Mercúrio, Vênus, Sol, Marte, Júpiter, Saturno e, finalmente, a esfera das estrelas fixas: esses corpos são formados por uma substância desconhecida por nós, o éter cristalino, inalterável, imperecível, transparente e imponderável (que não se confunde com a substância química hoje conhecida); o éter é também chamado de quinta-essência, em contraposição aos quatro elementos; os corpos celestes são incorruptíveis, perfeitos, não sujeitos a transformações; o movimento das esferas é circular, o movimento perfeito; • Mundo sublunar: corresponde à região da Terra que, embora imóvel, é o local dos corpos em constante mudança, portanto perecíveis, corruptíveis, sujeitos a movimentos imperfeitos, como o retilíneo para baixo e para cima; os elementos constitutivos são os quatro elementos (terra, água, ar e fogo). A TEORIA DAS QUATRO CAUSAS
De acordo com Aristóteles: “Tudo o que se move é
necessariamente movido por outro”. O Devir consiste na tendência que todo ser tem de realizar a forma que lhe é própria. Há quatro sentidos para causa: material, formal, eficiente e final. Por exemplo, numa estátua:
A causa material é aquilo de que a coisa é feita (o mármore);
A causa eficiente é aquela que dá impulso ao movimento (o escultor que a modela); A causa formal é aquilo que a coisa tende a ser (a forma que a estátua adquire); A causa final é aquilo para o qual a coisa é feita (a finalidade de fazer a estátua: a beleza, a glória, a devoção religiosa etc.).
Essas são as causas que explicam o movimento, que para Aristóteles
é eterno.
DEUS: PRIMEIRO MOTOR IMÓVEL
Toda a estrutura teórica da filosofia aristotélica desemboca no
divino, numa teologia. A descrição das relações entre as coisas leva ao reconhecimento da existência de um ser superior e necessário, ou seja, Deus. Porque, as coisas são contingentes – pois não têm em si mesmas a razão de sua existência –, é preciso concluir que são produzidas por causas exteriores a elas. Ou seja, todo ser contingente, e assim por diante. Para não ir ao infinito na sequência de causas, é preciso admitir uma primeira causa, por sua vez incausada, um ser necessário (e não contingente). Esse Primeiro Motor Imóvel (por não ser movido por nenhum outro) é também um puro ato (sem nenhuma potência). Segundo Aristóteles, Deus é Ato Puro, Ser Necessário, Causa Primeira de todo existente. No entanto, com Deus pode mover, sendo imóvel? Porque Deus não é o primeiro motor como causa eficiente, mas sim como causa final. Deus move por atração, ele tudo atrai, como “perfeição” que é.