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Criminalística

Professores:
Sérgio Márcio Costa Ribeiro – Perito Criminal Oficial – PCMG
João Bosco Silvino Júnior – Perito Criminal Oficial - PCMG
UNIDADE III - A Ciência aplicada
à investigação criminal: os
principais ramos da
Criminalística
Professores:
Sérgio Márcio Costa Ribeiro – Perito Criminal Oficial – PCMG
João Bosco Silvino Júnior – Perito Criminal Oficial – PCMG
Aula 7 – Química Forense
Seção Técnica de Química e Física Legal
Ø A Química Forense atua em exames em produtos químicos ou que
demandem técnicas químicas para sua realização

Ø A maioria da demanda dos laboratórios de Química Forense está


relacionada às constatações de drogas, tanto com exames
preliminares quanto com exames definitivos

Ø Também são realizados exames de identificação de substâncias,


análise de resíduos de tiros, etc
Seção Técnica de Química e Física Legal
Ø Os exames preliminares de drogas são feitos por análises
morfológicas para maconha e haxixe e por exames químicos
para cocaína, crack, merla, LSD e extasy, dentre outros

Ø Para os exames preliminares da cocaína e seus derivados são


utilizados basicamente dois reagentes
§ Tiocianato de Cobalto
§ Reagente Meyer
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§ Tiocianato de Cobalto: líquido cor de rosa que em contato
com o cloridrato de cocaína se torna azul.

Resultado Resultado
Negativo Positivo
Seção Técnica de Química e Física Legal
§ É um exame rápido, que pode ser feito em poucos minutos
com a utilização de kits de constatação previamente
montados ou comprados

§ O exame com Tiocianato de Cobalto pode apresentar falso


positivo com lidocaína

§ Pode também apresentar resultado falso negativo ou


demorar a reagir caso a concentração de cocaína seja
pequena
Seção Técnica de Química e Física Legal
§ Reagente Meyer: Este reagente é um líquido incolor que
reage com o sal cloridrato de cocaína, resultando em um
líquido esbranquiçado e leitoso

Resultado Resultado
Negativo Positivo
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§ O reagente Meyer apresenta maior sensibilidade do que o
Tiocianato de Cobalto, entretanto o exame é um pouco mais
complexo
§ A reação do Meyer se dá com o cloridrato de cocaína na
forma de sal. No caso do crack, que é uma base, é utilizado
ácido clorídrico em baixa concentração para a formação do
sal Cloridrato de Cocaína e assim possibilitar o exame com o
reagente meyer
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Ø Para os exames definitivos são utilizados
equipamentos que identificam as substâncias
presentes e fazem, inclusive, determinação
quantitativa dos elementos químicos presentes

Ø Atualmente os exames definitivos são realizados no


Instituto de Criminalística e em algumas cidades do
interior
TIPOS DE TÓXICOS
Droga Consumo Nocividade Dependência Crise de Modo de usar
Brasil Mundo abstinência
Maconha Grande Grande Relativa Não Não Aspiração
Morfina e Pouco Grande Elevada Sim Sim Injeção
derivados
Cocaína Grande Pouco Elevada Sim Não Aspiração ou fricção
gengival
Ópio Pouco Nulo Relativa Sim Sim Aspiração
LSD Pouco Nulo Elevada Não Não Ingestão oral
Psicoestimulantes Grande Grande Relativa Sim Pode Injeção ou ingestão
determinar
Soníferos Grande Grande Relativa Sim Relativa Injeção ou ingestão

Crack Grande Grande Elevada Sim Sim Aspiração


TIPOS DE TÓXICOS - MACONHA
• É extraída de certas partes das
folhas da Cannabis sativa.
• Seu odor é forte e quando em
forma de planta seca se parece
com o orégano ou com o chá
grosseiramente picado.
• É a droga mais consumida no
mundo inteiro. Trata-se de um
excitante de graves perturbações
psíquicas e leva o viciado a associar
outro tipo de droga.
TIPOS DE TÓXICOS - MACONHA
• Os efeitos imediatos do uso são a lassidão, o olhar perdido a
distância, um comportamento excêntrico, uma memória afetada e
uma falta de orientação no tempo e no espaço, perda da ambição,
valoração apenas o presente, ilusão de prolongamento de vida e
sensação de flutuar entre nuvens.
• Seu mecanismo de ação não está ainda bem explicado e se conhece
pouco sobre seus efeitos apesar dos avanços das investigações
científicas.
• A ação do princípio ativo do tetrahidrocanabinol (THC), tudo faz crer,
limita-se aos centros nervosos superiores.
TIPOS DE TÓXICOS - MORFINA
• É um alcaloide derivado do ópio e
apresenta-se em forma de líquido
incolor.
• Esse narcótico é utilizado sob a forma
de injeção intramuscular, aplicada nas
mais diferentes regiões do corpo,
principalmente nos braços, no abdome
e nas coxas.
• No início do uso da droga, o paciente
sente-se eufórico, disposto,
extrovertido, loquaz e alegre. Esta fase
é chamada de “lua-de-mel da morfina”.
TIPOS DE TÓXICOS – HEROÍNA
• É um produto sintético (éter diacético
da morfina – diacetilmorfina). Tem a
forma de pó branco e cristalino. Após
a diluição, ele é injetado. Pode, ainda,
ser misturado ao fumo do cigarro.
• O aspecto do intoxicado é semelhante
ao da morfina. Sua decadência é
maior e mais rápida, pois a heroína é
cinco vezes mais potente que a
morfina.
TIPOS DE TÓXICOS – COCAÍNA
• É um alcaloide de ação estimulante,
extraído das folhas da coca. Esse
vegetal é um arbusto sul-americano.
Apresenta-se na forma de pó branco
para ser aspirado como rapé, por
fricção da mucosa gengival ou
diluído e aplicado como injeção.
• Colocado na mucosa nasal por
aspiração, é esse alcaloide absorvido
rapidamente para o organismo.
TIPOS DE TÓXICOS – COCAÍNA
• A continuação do uso da cocaína por via nasal termina perfurando o
septo nasal, lesão esta muito significativa para o diagnóstico da
cocainomania.
TIPOS DE TÓXICOS – LSD 25

• É uma droga eminentemente


alucinógena, um produto
semissintético, extraído da ergotina
do centeio (dietilamina do ácido
lisérgico).

• Consome-se em tabletes de açúcar


ou em um fragmento de cartolina
manchado sutilmente da droga,
dissolvido na água e ingerido.
TIPOS DE TÓXICOS – BARBITÚRICOS
• São drogas muito usadas pelos viciados, na
falta de outro tóxico.
• Quando utilizadas em doses adequadas e por
indicação médica, estas drogas não chegam a
trazer incômodos e são benéficas ao paciente.
• Quando ingeridas de forma imoderada e sem
controle médico, acarretam sérios distúrbios
ao organismo.
• A embriaguez barbitúrica caracteriza-se por
tremores, perturbação da marcha, disartria,
sonolência, estado confusional, apatia e
bradipsiquia.
TIPOS DE TÓXICOS – ÓPIO
• É extraído das cápsulas de papoula Papaver
somniferum.
• Como tóxico é consumido sob a forma de cigarros.
Seu processo de obtenção e industrialização é
muito difícil, por isso é um tóxico pouquíssimo
usado no Brasil.
• O viciado em ópio tem uma fase de excitação
geral, principalmente sobre o aparelho
circulatório, daí sua hiperatividade funcional com
estímulos, entre outros, das funções psíquicas.
• Em seguida, passa o drogado para uma fase de
depressão, de indiferença e de abatimento que o
impede de qualquer movimentação ou esforço.
TIPOS DE TÓXICOS – ANFETAMINAS

• Drogas desenvolvidas para serem usadas para aliviar


fadiga, alargar as passagens nasais e bronquiais e
estimular o sistema nervoso central.
• A intoxicação aguda pelas anfetaminas caracteriza-se
pela inquietação psicomotora, incapacidade de
atenção, obnubilação da consciência, estado de
confusão com manifestações delirantes.
• Seu uso é por ingestão com água, dissolvidas em
bebidas alcoólicas ou dissolvidas e injetadas na veia.
TIPOS DE TÓXICOS – CRACK
• Tem um efeito muito semelhante
ao da cocaína, entretanto
percebido mais rapidamente e com
poder maior de viciar e produzir
danos.
• Praticamente ele é constituído da
pasta base da cocaína, como um
subproduto, e por isso é muito
mais usado entre os viciados de
poder aquisitivo reduzido.
• Seu uso é através da aspiração em
cachimbos improvisados.
TIPOS DE TÓXICOS – CRACK
• Os efeitos tóxicos e os efeitos sobre o
cérebro são muito parecidos com os
da cocaína: dilatação das pupilas,
irritabilidade, agressividade, delírios
e alucinações.
• Com o tempo, o usuário de crack
começa a apresentar uma sensação
de profundo cansaço e de grande
ansiedade.
TIPOS DE TÓXICOS – OXI
• Droga produzida a partir de restos do refino das
folhas de coca adicionados ao querosene ou
gasolina, cal e ácido sulfúrico.
• Tal denominação é derivada do termo “oxidado”.
• O crack, por sua vez, é o resultado da pasta de
cocaína com bicarbonato de sódio e solventes.
• Conhecida como a “droga da morte”, o oxi é mais
letal e mais barata que o crack, por isso, torna-se
mais perigoso pela fácil aquisição e gravíssimos
efeitos que produz.
• Ambas assumem a forma de pedras, sendo que oxi
tem a cor amarelada
TIPOS DE TÓXICOS – COGUMELOS
• Certos cogumelos de alta toxicidade,
pertencentes ao grupo de
alucinógenos naturais, são capazes
de provocar reações as mais
variadas, inclusive levando ao delírio
e às alucinações.
• Seus usuários referem percepção de
sons incomuns e cores mais vivas e
brilhantes.
• Seu uso é através da infusão
proposital ou pela ingestão acidental
ou ainda de forma comestível.
TIPOS DE TÓXICOS – COLA
• É constituída de hidrocarbonetos
de efeitos muito rápidos sobre o
sistema nervoso, embora de pouca
duração.

• Pode levar à euforia e à alucinação.

• Em uma fase mais avançada, a cola


pode causar lesões graves na
medula, nos rins, fígado e nervos
periféricos. Seu uso é por inalação
TIPOS DE TÓXICOS – MERLA
• Opção mais barata do crack, obtida a partir
da pasta de coca, fabricada em
laboratórios improvisados, com a ajuda de
produtos químicos, como benzina,
querosene, gasolina, ácido sulfúrico, éter e
metanol.
• Apresenta uma consistência pastosa,
tonalidade que varia do amarelo ao
marrom e um cheiro muito ativo.
• Seu uso é através de cigarros ou
cachimbos, misturados com fumo ou puro.
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• Outro exame também realizado pelo laboratório de Química
Forense é o exame residuográfico, erroneamente chamado
de exame de resíduo de PÓLVORA

• Na verdade, o exame analisa os resíduos de combustão da


ESPOLETA e não da pólvora

• Outro nome que pode ser empregado é exame para resíduo


de TIRO
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Os componentes da espoleta convencional, a partir da
década de 70 do século passado são:

• Estifnato de Chumbo
• Nitrato de Bário
• Trissulfeto de Antimônio
• Tetrazeno
• Alumínio em pó
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Ø Antigamente era utilizado o reagente Rodizonato de Sódio,


que permitia a identificação do chumbo e, em alguns casos
do antimônio

Ø Para a realização do exame com Rodizonato de Sódio era


utilizada uma fita adesiva semitransparente e papel filtro
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Ø O resultado positivo para a presença de Chumbo revelava


pontos cor de rosa. Para o Bário, que raramente acontecia,
pontos alaranjados. O Antimônio não era detectado por este
exame

Ø O grande problema do exame com Rodizonato de Sódio


consistia nos frequentes falsos positivos em virtude da
contaminação com chumbo
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Ø Atualmente o Instituto de Criminalística de Minas
Gerais realiza os exames residuográficos por meio de
Espectrofotometria por Absorção Atômica

Ø Utiliza um aparelho que detecta metais, calibrado


especialmente para detectar chumbo, bário e
antimônio
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Ø É mais robusto em relação aos falsos positivos, pois é


extremamente difícil encontrar os três elementos juntos em
outras substâncias

Ø A coleta é feita por meio de cotonetes embebidos em ácido


nítrico, que são esfregados nas mãos do suspeito e depois a
amostra é inserida no espetrofotômetro
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Independentemente do método utilizado, os exames
residuográficos possuem algumas limitações:

ØNO VIVO, as coletas devem ser feitas em, no máximo,


05 (cinco) horas depois do fato, pois a sudorese e a
própria descamação da pele eliminam as substâncias,
aumentando as chances de falsos negativos
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Atualmente há um novo tipo de espoleta desenvolvida pela
CBC que não utiliza metais pesados em sua composição,
objetivando reduzir a contaminação produzida pelos mesmos.
Seus compontentes são:

•Diazodinitrofenol (DDNP),
•Tetrazeno
•Nitrocelulose
•Nitrato de Potássio
•Alumínio em pó
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Essas munições apresentam a inscrição ”NTA” na base, que significa
Non Toxic Ammunition (Munição Não Tóxica) e a espoleta apresenta as
letras ”CR”, que significa Clean Range (Linha de tiro limpa)

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