Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAPACITAÇÃO PARA
ATENDIMENTO À DEPENDENTES
QUÍMICOS E FAMILIARES
1
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Coordenação e Organização:
AGRADECIMENTOS
ÍNDICE
Capítulo 1 5
Noções Básica sobre Dependência Química 6
Drogas Depressoras 16
Álcool 17
Anabolizantes - Esteróides 21
Ansiolíticos e Tranqüilizantes 24
Inalantes e Solventes 27
Ópio e Morfina 31
Heroína 35
Xarope 38
Drogas Estimulantes 40
Anfetaminas 41
Cafeína 44
Cocaína 47
Crack 54
Tabaco 56
Drogas Alucinógenos 60
Cogumelo 61
Êxtase 64
LSD 67
Maconha 70
Skank 74
Santo Daime 75
Capítulo 2 81
AA 82
NA 95
Al Anon 98
Ala teen 101
Amor Exigente 105
Capítulo 3 104
12 Passos 105
Capítulo 4 110
Tratamento 111
Capítulo 5 122
Entrevista Motivacional 123
Capítulo 6 131
Dependência Química e Família 132
Capítulo 7 148
Atendendo um Dependente Químico 149
Capítulo 8 154
Atendendo um Co – Dependente – Família 155
3
Capítulo 9 158
Página
ORAÇÃO DA SERENIDADE
ORACÃO
Eu seguro minha mão na sua e uno meu coração ao seu, para
que juntos, possamos fazer tudo aquilo que sozinho não foi
possível.
4
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
5
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Cérebro: Liso, simétrico e cheio – SEM DROGAS (figura 1) Cérebro visto de cima – saudável (figura 2)
Medicamentos;
Substâncias de aplicação na vida diária moderna;
Substâncias que se transformaram em hábitos sociais do ser humano;
Um grupo de drogas que ocasionam abuso e dependência e são ilegais.
Por outro lado, existem substâncias que não têm utilidade médica e são
ilegais. Em geral, são substâncias que mudam mais intensamente o comportamento
das pessoas e por serem ilegais podem alterar também a forma de vida dos
indivíduos.
DROGA
Álcool;
Canabinóides – Maconha;
Alucinógenos;
Tabaco;
Solventes voláteis
Drogas Lícitas – são aquelas comercializadas de forma legal, podendo ou não estar
submetidos a algum tipo de restrição. Como por exemplo, álcool (venda proibida
para menores de 18 anos) e alguns medicamentos que só podem ser adquiridos por
meio de prescrição médica especial.
Calmantes álcool
São drogas que fazem com que o cérebro funcione desordenadamente. Agem
não só sobre os neurotransmissores químicos, que transmitem as mensagens
nervosas, como também sobre os neurônios ou células cerebrais. Portanto,
provocam anomalias, desvios, distúrbios da atividade mental, principalmente
alucinações e desvios.
Maconha Cogumelo
9
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Ecstasy LSD
ESTIMULANTES
Há aumento da vigília, da atenção, aceleração do pensamento e euforia.
São elas:
Cocaína Crack
BARBÍTURICOS
10
Seu uso inicial foi dirigido ao tratamento da insônia, porem a dose para causar
os efeitos terapêuticos desejáveis não esta muito distante da dose tóxica ou letal.
O sono produzido por essas drogas, assim como aquele provocado por todas
as drogas indutoras de sono, é muito diferente do sono natural – fisiológico.
BENZODIAZEPÍNICOS
Diminuição da ansiedade;
Indução ao sono;
Relaxamento muscular;
As doses tóxicas dessas drogas são bastante altas, mas pode ocorrer
intoxicação se houver uso concomitante de outros depressores da atividade mental,
principalmente, álcool ou barbitúricos. O quadro de intoxicação é muito semelhante
ao causado por barbitúricos.
OPIÓIDES
Torpor e sonolência.
Náuseas;
Cólicas intestinais;
Lacrimejamento;
Corrimento nasal;
12
Cãibras;
Página
Vômitos;
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Diarreia.
ANFETAMINAS
Como fatores de risco entende-se aqueles que ocorrem antes do uso indevido de
13
Dentro desta concepção, não é mais possível isolar a prevenção do uso indevido de
drogas da prevenção da AIDS ou da prevenção de outros agressores à saúde.
Para que uma educação preventiva, circunscrita à qualidade de vida, surta efeitos
amplos e contínuos, deve fundamentalmente, não se limitar à situações extremas,
com riscos já acentuados.
Para que este progresso seja verdadeiro, tem que se basear no respeito à diferença
e na recusa a toda e qualquer discriminação - princípio democrático elementar.
Por fim, para se concretizar uma efetiva valorização da vida, a educação preventiva
deve incluir o respeito permanente aos valores culturais e às necessidades e
aspirações de uma determinada população, independente do seu nível sócio-
econômico. Visa, portanto, disseminar uma verdadeira "cultura preventiva" que
possa influenciar as opções que se apresentam nos diversos segmentos da vida.
DROGAS
DEPRESSORAS
ÁLCOOL
ANABOLIZANTES – ESTERÓIDES
ANSIOLITICOS E TRANQUILIZANTES
INALANTES OU SOLVENTES
ÓPIO – MORFINA – HEROÍNA
XAROPES
16
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ALCOOL
Aspectos Históricos
Registro arqueológico revelam que os primeiros indícios sobre o consumo de
álcool pelo ser humano datam de aproximadamente 6000 a C., sendo, portanto, um
costume extremamente antigo e que tem persistido por milhares de anos. A noção
de álcool como uma substância divina, por exemplo, pode ser encontrada em
inúmeros exemplos na mitologia, sendo talvez um dos fatores responsáveis pela
manutenção do hábito de beber, ao longo do tempo.
Aspectos Gerais
Apesar do desconhecimento por parte da maioria das pessoas, o álcool
também é considerado uma droga psicotrópica, pois atua no sistema nervoso
17
O álcool é uma das poucas psicotrópicas que tem seu consumo admitido e
até incentivado pela sociedade. Este é um dos motivos pelos quais ele é encarado
de forma diferenciada, quando comparado com as demais drogas.
Efeitos Agudos
A ingestão de álcool provoca diversos efeitos, que aparecem em duas fases
distintas: um estimulante e outra depressora.
Nos primeiros momentos após a ingestão de álcool, podem aparecer os efeitos
estimulantes, como euforia, desinibição e loquacidade (maior facilidade para falar).
Com o passar do tempo, começam a surgir os efeitos depressores, como falta de
coordenação motora, descontrole e sono. Quando o consumo é muito exagerado, o
efeito depressor fica exarcebado, podendo até mesmo provocar o estado de coma.
Álcool e Transito
A ingestão de álcool, mesmo em pequenas quantidades, diminui a
coordenação motora e reflexos, comprometendo a capacidade de dirigir veículos ou
operar outras máquinas. Pesquisas revelam que grande parte dos acidentes é
provocada por motoristas que haviam bebido antes de dirigir. Nesse sentido,
segundo a legislação brasileira (Código Nacional de Trânsito, que passou a vigorar
em janeiro de 1998), deverá ser penalizado todo motorista que apresentar mais 0,6g
18
de álcool por litro de sangue. A quantidade de álcool necessária para atingir essa
Página
Alcoolismo
Como já citado neste texto, a pessoa que consome bebida alcoólicas de
forma excessiva, ao longo do tempo, pode desenvolver dependência, condição
conhecida como alcoolismo. Os fatores que podem levar ao alcoolismo são variados,
envolvendo aspectos de origem biológica, psicológica e sociocultural. A dependência
do álcool é condição frequente, atingindo cerca de 10% da população adulta
brasileira.
Durante a gravidez
O consumo de bebidas alcoólicas durante a gestação pode trazer
consequências para o recém-nascido e, quanto maior o consumo, maior o risco de
prejudicar o feto. Dessa forma, é recomendado que toda gestante evite o consumo
19
período de amamentação, pois o álcool pode passar para o bebê através do leite
materno.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
20
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ANABOLIZANTES – ESTERÓIDES
Definição
se.
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
No Brasil, não se tem estimativa desse uso ilícito, mas sabe-se que o
consumidor preferencial está entre 18 e 34 anos de idade e, em geral, é do sexo
masculino.
Efeitos adversos
Outros efeitos:
23
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ANSIOLÍTICOS ou TRANQUILIZANTES
Benzodiazepínicos
Definição
Existem medicamentos que tem a propriedade de atuar quase exclusivamente
sobre a ansiedade e a tensão. Essas drogas já foram chamadas de tranquilizantes,
por tranquilizar a pessoa estressada, tensa e ansiosa. Atualmente, prefere-se
designar esses tipos de medicamentos pelo nome de ansiolíticos, ou seja, que
―destroem‖ a ansiedade. De fato, esse é o principal efeito terapêutico desses
medicamentos: diminuir ou abolir a ansiedade das pessoas, sem afetar em demasia
as funções psíquicas e motoras.
Efeitos no cérebro
Todos os benzodiazepínicos são capazes de estimular os mecanismos do
cérebro que normalmente combatem estados de tensão e ansiedade. Assim,
quando, devido às tensões do dia-a-dia ou por causas mais sérias, determinadas
áreas do cérebro funcionam exageradamente, resultado em estado de ansiedade, os
24
Efeitos tóxicos
Do ponto de vista orgânico ou físico, os benzodiazepínicos são drogas
bastante seguras, pois são necessárias grandes doses (20 a 40 vezes mais altas
que as habituais), para trazer efeitos mais graves como:
1. A pessoa fica com hipotonia muscular (―mole‖);
2. Grande dificuldade para ficar em pé e andara;
3. Baixa pressão sanguínea e
4. Suscetibilidade a desmaios.
Outro aspecto importante quanto aos efeitos tóxicos refere-se ao uso dessas
substâncias por mulheres grávidas, Suspeita-se que essas drogas tenham um poder
teratogênico razoável, isto é, podem, produzir lesões ou defeitos físicos na criança
por nascer.
25
Aspectos gerais
Página
Situação no Brasil
Como já foi relatado, existem dezenas de remédios no Brasil à base de
ansiolíticos benzodiazepínicos. Até recentemente, era comum os médicos,
chamados de obesologistas (que tratam das pessoas obesas em busca de
tratamento para emagrecer), colocarem nas receitas esses benzodiapínicos para
atenuar o nervosismo produzido pelas drogas que tiram o apetite. Atualmente, a
legislação não permite essa mistura.
Além disso, há um verdadeiro abuso por parte dos laboratórios nas indicações
desses medicamentos para todos os tipos de ansiedade, mesmo aquelas
consideradas normais, isto é, causadas pelas tensões da vida cotidiana. Assim,
certas propagandas mostram uma mulher com um largo sorriso, feliz, pois tomou
certo remédio que corrigiu a ansiedade gerada pelo três bilhetes recebidos: um do
marido, avisando que chegará tarde para o jantar; outro do filho, dizendo que
chegará com o time de basquete para o lanche; e o terceiro da empregada, avisando
que faltou ao trabalho porque foi ao médico. Ainda existem exemplos de indicação
dos benzodiazepínicos para as moças sorrirem mais (pois à tensão evita o riso), ou
para evitar as rugas, que envelhecem (uma vez que ansiedade faz as pessoas a
franzirem a testa, criando rugas). Não é, portanto, surpreendente que, em um
levantamento sobre o uso não-médico de drogas psicotrópicas por estudantes me
dez capitais brasileiras, em 1997, os ansiolíticos estivessem em terceiro lugar na
preferência geral, sendo esse uso muito mais intenso entre meninas do que em
meninos.
INALANTE ou SOLVENTES
Cola de sapato, Esmalte, Lança-perfume e Acetona
Definição
A palavra solvente significa substância capaz de dissolver coisas, e inalante é
toda substância que pode ser inalada, isto é, introduzida através da aspiração pelo
nariz ou pela boca. Em geral, todo solvente é uma substância altamente volátil, ou
seja, evapora-se muito facilmente, por esse motivo pode ser facilmente inalado.
Outra característica dos solventes ou inalantes é que muitos deles (mas não todos)
são inflamáveis, quer dizer, pegam fogo facilmente.
fabricado não por estabelecimento legal, mas, sim, por pessoas do submundo), à
Página
base de clorofórmio, mais éter, utilizado somente pra fins de abuso. Mas já se sabe
que, quando esses ―fabricantes‖ não encontram uma daquelas substâncias, eles
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Lança-Perfume
A Trip
Abstinência
Efeitos no cérebro
O inicio dos efeitos, após a aspiração, é bastante rápido – de segundos a
minutos no máximo – e em 15 a 40 minutos já desapareceram; assim o usuário
repete as aspirações várias vezes para que as sensações durem mais tempo.
Os efeitos dos solventes vão desde uma estimulação inicial até depressão,
podendo também surgir processos alucinatórios. Vários autores dizem que os efeitos
dos solventes (quaisquer que sejam) lembram os dos álcool, entretanto este não
produz alucinações, fato bem descrito para os solventes. Entre os efeitos, o
predominante é a depressão, principalmente a do funcionamento cerebral. De
acordo com ao aparecimento desses efeitos, após inalação de solventes, foram
divididos em quatro fases:
Primeira fase – a chamada fase de excitação, que é a desejada, pois a pessoa fica
eufórica, aparentemente excitada, sentindo tonturas e tendo perturbações auditivas
e visuais. Mas podem também aparecer náuseas, espirros, tosse, muitas salivação e
as faces podem ficar avermelhadas.
aumentarem. Essa adrenalina é liberada toda vez que temos de exercer um esforço
extra, como por exemplo, correr, praticar certos esportes, etc. Assim, se uma pessoa
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
inala um solvente e logo depois faz esforço físico, seu coração pode sofrer, pois ele
esta muito sensível à adrenalina liberada por causa do esforço. A literatura medica já
cita vários casos de mortes por arritmia cardíaca (batidas irregulares do coração),
principalmente em adolescentes.
Efeitos tóxicos
Os solventes quando inalados cronicamente podem levar a lesões da medula
óssea, dos rins, do fígado e dos nervos periféricos que controlam os músculos. Por
exemplo, verificou-se, em outros países que em fabricas de sapato ou oficinas de
pintura os operários, com o tempo, acabavam por apresentar doenças renais e
hepáticas. Em decorrência, nesses países passou a vigorar uma rigorosa legislação
sobre as condições de ventilação dessas fabricas, e o Brasil também tem leis a
respeito. Em alguns casos, principalmente quando existe no solvente uma impureza,
o benzano, mesmo em pequenas quantidades, pode levar a diminuição de produtos
de glóbulos brancos e vermelhos pelo organismo.
Aspectos Gerais
A dependência entre aqueles que abusam cronicamente de solventes é
comum, sendo os componentes psíquicos da dependência os mais evidentes, tais
como desejo de usar a substância, perda de outros interesses que não seja o
solvente. A síndrome de abstinência, embora de pouca intensidade, esta presente
na interrupção abrupta do uso dessas drogas, sendo comum a ansiedade, agitação,
tremores, cãibras nas pernas e insônia.
ÓPIO E MORFINA
Papoula do oriente
Definição e histórico:
Muitas substâncias com grande atividade farmacológica podem ser extraídas
de uma planta chamada Papaver somniferum, conhecida popularmente com o nome
de “Papoula do Oriente‖. Ao se fazer cortes na cápsula da papoula, quando ainda
verde, obtêm-se um suco leitoso, o ópio (a palavra ópio em grego quer dizer ―suco‖).
Quando seco, esse suco passa a se chamar pó de ópio. Nele existem várias
substâncias com grande atividade. A mais conhecida é a morfina, palavra que vem
do deus da mitologia grega Morfeu, o deus dos sonhos.
Efeitos no cérebro:
Todas as drogas tipo opiáceo ou opióde têm basicamente os mesmos efeitos
no sistema nervoso central: diminuem sua atividade. As diferenças ocorrem mais em
sentido quantitativo, isto é, são mais ou menos eficientes em produzir os mesmos
efeitos; tudo fica, então, sendo principalmente uma questão de dose. Assim, temos
que todas essas drogas produzem analgesia e hipnose (aumenta o sono), daí
receberam também o nome de narcóticos, que são exatamente as drogas capazes
de produzir esses dois efeitos; sono e diminuição da dor. Recebem também, por
isso, o nome de drogas hipnoanalgésicas. Agora, para algumas drogas a dose
necessária para esse efeito é pequena, ou seja, são bastante potentes, como, por
exemplo, a morfina e a heroína; outras, por sua vez, necessitam de doses 5 a 10
vezes maiores para produzir os mesmos efeitos, como a codeína e a mepiridina.
Algumas drogas podem ter, ainda, ação mais especifica, por exemplo, de
deprimir os acessos de tosse. É por essa razão que a codeína é tão usada como
antitussígeno, ou seja, é muito boa para diminuir a tosse. Outras apresentam a
característica de levar a uma dependência mais facilmente; daí serem muito
perigosas, como é o caso da heroína.
Efeitos tóxicos:
Os narcóticos usados por meio de injeções, ou em doses maiores por via oral,
podem causar grande depressão respiratória e cardíaca. A pessoa perde a
consciência e fica com uma cor meio azulada porque a respiração muito fraca quase
não oxigena o sangue e a pressão arterial cai a ponto de o sangue não mais circular
normalmente: é o estado de coma que, se não tiver atendimento necessário, pode
levar à morte. Literalmente, centenas ou mesmo milhares de pessoas morrem todo
ano na Europa e nos Estados Unidos intoxicadas por heroína ou morfina. Além
disso, como muitas vezes esse uso é feito por injeção, com freqüência os
dependentes acabam também por adquirir infecções como hepatites e mesmo AIDS.
Aqui no Brasil, uma dessa drogas foi utilizada com alguma freqüência por injeção
venosa: é o propoxifeno (principalmente o Algafan).
Para se ter uma idéia de como os médicos temem os efeitos tóxicos dessas
drogas, basta dizer que eles relutam muito em receitar a morfina (e outros
narcóticos) para cancerosos, que geralmente tem dores extremamente fortes. E
assim milhares de doentes de câncer padecem de um sofrimento muito cruel, pois a
única substância capaz de aliviar a dor, a morfina ou outro narcótico, tem também
esses efeitos indesejáveis. Atualmente, a própria Organização Mundial de Saúde
tem aconselhado os médicos de todo o mundo que, nesses casos, o uso contínuo
de morfina é plenamente justificado.
34
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Além disso, sabe-se que é perigoso dirigir após fazer uso da heroína, pois
causa sonolência, reduzem à coordenação, as reações ficam mais retardadas e a
visão pode ser afetada.
A heroína pode causar aborto, parto prematuro, baixo peso fetal e morte do
feto ao nascimento.
37
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Definição
Os xaropes são formulações farmacêuticas que contem grande quantidade de
açúcar, fazendo com que o líquido fique ―viscoso, ―meio grosso‖, (―xaroposo‖). Nesse
veiculo ou liquido, coloca-se a substância medicamentosa que vai trazer o efeito
benéfico desejado pelo médico que a receitou. Assim, existem xaropes para tosse
em que o medicamento ativo é a codeína.
A codeína este entre os remédios mais ativos para combater a tosse, e por
isso é chamada de antitussígena ou béquica (nome bobo que a medicina inventou
para complicar as coisas).
Existem ainda muitos xaropes para tratar a tosse que contem certas plantas
em sua fórmula, como por exemplo, o agrião, o guaco, etc. Esses medicamentos,
chamados de fitoterápicos, não tem os efeitos tóxicos da codeína nem causam
dependência.
centro da tosse, mesmo que haja um estimulo para ativá-lo, o centro, estando
bloqueado pela droga, não reage, ou seja, não dá mais a ―ordem‖ para a pessoa
Página
Mas a codeína age em outras regiões no cérebro. Assim, outros centros que
comandam as funções dos órgãos são também inibidos; com a codeína, a pessoa
sente menos dor (ela é um bom analgésico), pode ficar sonolentas, e a pressão
sanguínea, o número de batimentos do coração e a respiração podem ficar
diminuídos.
Efeitos tóxicos
A codeína quando tomada em doses maiores que a terapêutica produz
acentuada depressão das funções cerebrais. Como conseqüências, a pessoa fica
apática, a pressão do sangue cai muito, o coração funciona com grande lentidão e a
respiração torna-se muito fraca. Como conseqüências, a pele fica fria (a temperatura
do corpo diminui) e meio azulada (―cianose‖) por causa da respiração insuficiente. A
pessoa pode ficar em estado de coma, inconsciente, e se não for tratada pode
morrer. Por exemplo, em um pronto-socorro na cidade de São Paulo, em um período
de 10 meses, 17 crianças de 20 dias até 2 anos de idade foram tratadas por
intoxicação por causa de xaropes ou gotas para tosse tomadas em excesso. (Setux,
Belpar, Belacodid, Espasmoplus). Todas essas crianças apresentaram dificuldade
respiratória, pele fria e meio azulada, pupilas contraídas, mal conseguiam chorar e
não tinham forças para mamar.
Aspectos gerais
A codeína leva rapidamente o organismo a um estado de tolerância. Isso
significa que a pessoa vem tomando xarope à base de codeína, por ―vício‖, acaba
por aumentar cada vez mais a dose diária. Assim, não é incomum saber-se de casos
de pessoas que tomam vários vidros de xaropes ou de gotas para continuar sentido
o mesmo efeito. E se elas deixam de tomar a droga, estando já dependentes,
surgem sintomas da chamada síndrome de abstinência. Calafrios, cãimbras, cólicas,
coriza, lacrimejamento, inquietação, irritabilidade e insônia são os sintomas mais
comuns de abstinência.
Situação no Brasil
Os xaropes e as gotas á base de codeína podem ser vendidos nas farmácias
brasileiras somente com a apresentação da receita do médico, que fica retida para
posterior controle. Infelizmente, isso nem sempre acontece, pois algumas farmácias
desonestas que, para ganhar mais dinheiro, vendem essas substâncias por ―baixo
do pano‖. Contudo, os proprietários desses estabelecimentos podem ser punidos
39
DROGAS
ESTIMULANTES
ANFETAMINAS
CAFEÍNA
COCAÍNA
CRACK
TABACO
40
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ANFETAMINAS
Bolinhas
Definição
As anfetaminas são drogas estimulantes da atividade do sistema nervoso
central, isto é, fazem o cérebro trabalhar mais depressa, deixando as pessoas mais
―acesas‖, ―ligadas‖, com ―menos sono‖, ―elétricas‖, etc.
Efeitos no cérebro:
As anfetaminas agem de maneira ampla afetando vários comportamentos do
ser humano. A pessoa sob sua ação tem insônia (isto é, fica com menos sono),
inapetência (perde o apetite), sente-se cheia de energia e fala mais rápido, ficando
―ligada‖.
Assim, o motorista que tem o ―rebite‖ para não dormir, o estudante que ingere
―bola‖ para varar a noite estudando, um gordinho que as engole regularmente para
emagrecer ou, ainda, uma pessoa que injeta com uma ampola de Pervitin ou com
comprimidos dissolvidos em água para ficar ―ligadão‖ ou ter um ―baque‖ estão na
realidade tomando drogas anfetamínicas.
Efeitos tóxicos:
Se uma pessoa exagera na dose (toma vários comprimidos de uma só vez),
todos os efeitos anteriormente descritos ficam mais acentuados e podem surgir
comportamentos diferentes do normal: fica mais agressiva, irritadiça, começa a
suspeitar de que outros estão tramando contra ela (delírio persecutório).
Dependendo do excesso da dose e da sensibilidade da pessoa, pode ocorrer um
verdadeiro estado de paranóia e até alucinações. É a psicose anfetamínicas. Os
sinais físicos ficam também muito evidentes: midríase acentuada, pele pálida (devido
à contração dos vasos sanguíneos) e taquicardia. Essas intoxicações são graves, e
a pessoa geralmente precisa ser internada até a desintoxicação completa. Às vezes
42
Aspectos gerais:
Quando uma anfetamina é continuadamente tomada por uma pessoa, esta
começa a perceber, com o tempo, que a cada dia a droga produz menos efeito;
assim, para obter o que deseja, precisa tomar a cada dia doses maiores. Há até
casos que de 1 a 2 comprimidos a pessoa passou a tomar até 40 a 60 comprimidos
diariamente. Esse é o fenômeno de tolerância, ou seja, o organismo acaba por se
acostumar ou ficar tolerante a droga. Por outro lado, o tempo prolongado de uso
também pode trazer uma sensibilização do organismo aos efeitos desagradáveis
(paranóia, agressividade, etc.), ou seja, com pequenas doses o individuo já
manifesta esses sintomas.
Discute-se até hoje se uma pessoa que vinha tomando anfetamina há tempos
e para de tomar apresentaria sinais dessa interrupção da droga, ou seja, se teria
uma síndrome de abstinência. Ao que se sabem, algumas podem ficar nessas
condições em um estado de grande depressão, difícil de ser suportada. Entretanto,
não é regra geral.
CAFEÍNA
A cafeína causa um hábito onde é possível a sua parada lenta e gradual, sem
qualquer problema. A parada brusca da ingestão de cafeína por uma pessoa
acostumada e tolerante a grandes quantidades pode causar manifestações tais
como dor de cabeça, apatia ou irritabilidade, dificuldade de concentração e
ansiedade. A tolerância é um estado de adaptação caracterizado por uma
diminuição da resposta e dos efeitos a uma mesma quantidade do fármaco ou
tóxico, o que gera a necessidade de uma dose maior para provocar o mesmo grau
de efeito.
Chocolate ................................................................... 2 - 20 mg
Mecanismo de ação
A xantina por sua vez é uma substância química derivada da purina: é uma
dioxipurina, estruturalmente relacionada com o ácido úrico. As purinas do organismo
são a adenina e a guanina, que juntamente com as pirimidinas (uracil, timina e
citosina), formam compostos heterocíclicos que fazem parte dos nucleotídeos,
elementos estruturais do ADN e ARN. É possível imaginar-se que a cafeína possa
servir como substrato para a formação de um metabólito - as purinas - para a síntese
das nucleoproteínas, tendo a cafeína um papel semelhante a uma vitamina. Esta
substância que após ser avidamente absorvida pelo trato intestinal entra na corrente
sangüínea, é distribuída a todas as células do organismo, onde penetra livremente.
Atravessa ainda a placenta em gestantes e está presente no leite materno em
lactantes que fazem uso de bebidas que a contém.
COCAÍNA
Definição
A cocaína é uma substância natural, extraída das folhas de uma planta
encontrada exclusivamente na América do Sul, a Erythroxylon coca, conhecida como
coca ou epadu, este último nome dado pelos índios brasileiros.
Também sob a forma base, a merla (mela, mel ou melado) um produto ainda
sem refino e muito contaminado com as substâncias utilizadas nas extrações, é
preparada de forma diferente do crack, mas também é fumada. Enquanto o crack
ganhou popularidade em São Paulo, Brasília foi à cidade vitima da merla. De fato,
pesquisas mostram que mais de 50% dos usuários de drogas da Capital Federal
fazem uso de merla, e apenas 2% de crack.
195 oC; por esse motivo o crack e a merla podem ser fumados e o ―pó‖ não.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Todo mundo comenta que vivemos hoje em dia uma epidemia de uso de
cocaína, como se isso estivesse acontecendo pela primeira vez. Mesmo nos
Estados Unidos, onde sem dúvida, houve uma explosão de uso nesses últimos
anos, já existiu fenômeno semelhante no passado. E no Brasil, há cerca de 60 ou 70
anos utilizou-se aqui muita cocaína. Tanto que o jornal O Estado de São Paulo
publicava esta noticia em 1914. Há hoje em nossa cidade muitos filhos de família
cujo grande prazer é tomar cocaína e deixar-se arrastar até aos declives mais
perigosos deste vicio.
duração dos efeitos faz com que o usuário volte a utilizar a droga com mais
frequência que as outras vias. (praticamente de 5 em 5 minutos), levando-o á
dependência muito mais rapidamente que os usuários da cocaína por outras vias
(nasal, endovenosa) e a um investimento monetário muito maior.
Logo após a ―pipada‖, o usuário tem uma sensação de grande prazer, intensa
euforia e poder. É tão agradável que, logo após o desaparecimento desse efeito (e
isso ocorre muito rapidamente, em 5 minutos), ele volta a usar a droga, fazendo isso
inúmeras vezes, até acabar todo o estoque que possui ou o dinheiro para consegui-
la. A essa compulsão para utilizar a droga repetidamente dá-se o nome popular de
―fissura‖, que é uma vontade incontrolável de sentir os efeitos de ―prazer‖ que a
droga provoca. A ―fissura‖ no caso do crack e da merla é avassaladora, já que os
efeitos da droga são muito rápidos e intensos.
Efeitos Tóxicos
A tendência do usuário é aumentar a dose da droga na tentativa de sentir
efeitos mais intensos. Porem essas quantidades maiores acaba por levar o usuário a
comportamento violento, irritabilidade, tremores e atitudes bizarras devido ao
aparecimento de paranóia (chamada entre eles de ―nóia‖). Esse efeito provoca um
grande medo nos craqueiros, que passam a vigiar o local onde usam a droga e a ter
uma grande desconfiança uns dos outros, o que acaba levando-os a situações
extremas de agressividade. Eventualmente, podem ter alucinações e delírios. A esse
conjunto de sintomas dá-se o nome de ―psicose cocaínica‖. Além dos sintomas
descritos, o craqueiro e o usuário de merla perdem de forma muito marcante o
interesse sexual.
chega a produzir parada cardíaca por fibrilação ventricular. A morte também pode
ocorrer devido à diminuição de atividades cerebrais que controlam a respiração.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Aspectos Gerais
Como ocorrem com as anfetaminas (cujos efeitos são em parte semelhantes
aos da cocaína) as pessoas que abusam da cocaína relatam a necessidade de
aumentar a dose para sentir os mesmos efeitos iniciais de prazer, ou seja, a cocaína
induz tolerância. E como se o cérebro se ―acomodasse‖ aquela quantidade de droga,
necessitando de uma dose maior para produzir os mesmos efeitos prazerosos.
Porem, paralelamente a esse fenômeno, os usuários de cocaína também
desenvolve sensibilização, ou seja, para alguns efeitos produzidos pela cocaína,
ocorre o inverso da tolerância, e com uma dose pequena os efeitos já surgem. Mas
para a angústia do usuário os efeitos produzidos com pouca quantidade de droga
são exatamente aqueles considerados desagradáveis, como por exemplo, a
paranoia. Dessa forma, com o passar do tempo, o usuário necessita aumentar cada
vez mais a dose de cocaína para sentir os efeitos de prazer, porém seu cérebro esta
sensibilizado para os efeitos desagradáveis, ocorrendo como consequências do
aumento da dose uma intensificação de efeitos indesejáveis, como paranoia,
agressividade, desconfiança, etc.
e 1996 com 701 UDIs, envolvendo vários centros do País, e coordenado pelo
Instituto de Estudos e Pesquisas em AIDS de Santos (lepas), as taxas de
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
No âmbito nacional, 21,3% dos casos de AIDS registrados até maior de 1997
referiam-se à categoria de usuários de drogas injetáveis. As campanhas do
Ministério da Saúde, por meio da Coordenação nacional de DST / AIDS, têm
reduzido muito o numero de infectados por essa via. Porém, iniciam-se agora
campanhas que venham coibir a transmissão de DST / AIDS por crack.
Ação da cocaína
Ação da Dopamina
sinapse, mas ele se acumula no cérebro por seus sítios recaptadores estarem
bloqueados pela cocaína. Acredita-se que a presença anormalmente longa de
Página
53
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
CRACK
Cinco a sete vezes mais potentes do que a cocaína, o crack é também mais
cruel e mortífero do que ela. Possui um poder avassalador para desestruturar a
personalidade, agindo em prazo muito curto e criando enorme dependência
psicológica. Assim como a cocaína, não causa dependência física, o corpo não
sinaliza a carência da droga.
Demoram mais para falar, andar e ir ao banheiro sozinho e têm imensa dificuldade
Página
de aprendizado.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Do cachimbo ao cérebro
1. O crack é queimado e sua fumaça aspirada passa pelos alvéolos pulmonares;
2. Via alvéolos o crack cai na circulação e atinge o cérebro;
3. No sistema nervoso central, a droga age diretamente sobre os neurônios. O
crack bloqueia a recaptura do neurotransmissor dopamina, mantendo a
substância química por mais tempo nos espaços sinápticos. Com isso as
atividades motoras e sensoriais são superestimuladas. A droga aumenta a
pressão arterial e a freqüência cardíaca. Há risco de convulsão, infarto e
derrame cerebral;
4. O crack é distribuído pelo organismo por meio da circulação sanguínea
5. No fígado, ele é metabolizado;
6. A droga é eliminada pela urina.
DO CACHIMBO AO CÉREBRO
TABACO
Definição e Histórico
O tabaco é uma planta cujo nome científico é Nicotiana tabacum, da qual é
extraída uma substancia chamada nicotina. Começou a ser utilizada
aproximadamente no ano 1.000 a. C., nas sociedades indígenas da América Central,
em rituais mágico – religioso, com o objetivo de purificar, contemplar, proteger e
fortalecer os ímpetos guerreiros, além disso, esses povos acreditavam que essa
substância tinha o poder de predizer o futuro. A planta chegou ao Brasil
provavelmente pela migração de tribos tupis – guaranis. A partir do século XVI, seu
uso foi introduzido na Europa, por Jean Nicot, diplomata francês vindo de Portugal,
após ter-lhe cicatrizado uma úlcera na perna, até então incurável.
No século XIX, surgiu o charuto que veio da Espanha e atingiu toda a Europa,
Estados Unidos e demais continentes, sendo utilizado para demonstração de
ostentação. Por volta de 1840 e 1850, surgiram as primeiras descrições de homens
e mulheres fumando cigarros, porém somente após a Primeira Guerra Mundial (1914
a 1918), seu consumo apresentou grande expansão.
Seu uso espalhou-se por todo o mundo a partir de meados do século XX, com
a ajuda de técnicas avançadas de publicidade e marketing que se desenvolveram
nessa época.
atividade econômica que envolve milhões de dólares. Apesar dos males que o
Página
hábito de fumar provoca, a nicotina é uma das drogas mais consumidas no mundo.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Efeitos no Cérebro
Quando o fumante dá uma tragada, a nicotina é absorvida pelos pulmões,
chegando ao cérebro aproximadamente em nove segundos.
Entre outros efeitos tóxicos provocado pela nicotina, podemos destacar ainda,
náuseas, dores abdominais, diarréias, vômitos, cefaléia, braquicárdia e fraqueza.
Sofrimento para a Família Cigarro leva envelhecimento precoce levar a uma gangrena
58
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Tabagismo e Gravidez
Quando a mãe fuma durante a gravidez, ―o feto também fuma‖, recebendo as
substâncias tóxicas do cigarro através da placenta. A nicotina provoca aumento do
batimento cardíaco no feto, redução de peso no recém-nascido, menor estatura,
além de alterações neurológicas importantes. O risco de abortamento espontâneo,
entre outras complicações na gestação, é maior nas gestantes que fumam.
Tabagismo passivo
Aspectos Gerais
O hábito de fumar é muito frequente na população. A associação do cigarro
com imagens de pessoas bem sucedidas, jovens, esportistas no passado foi uma
constante nos meios de comunicação. Esse tipo de propaganda foi um dos
principais fatores que estimularam o uso do cigarro. Por outro lado, o programa de
controle do tabagismo vem recebendo um destaque cada vez maior em diversos
países, ganhando apoio de grande parte da população.
DROGAS
ALUCINÓGENOS
COGUMELO
ÊXTASE
LSD
MACONHA
SKANK – A SUPER MACONHA
SANTO DAIME
60
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Definição e histórico:
A palavra alucinação significa, em linguagem médica, percepção sem
objeto; isto é, a pessoa em processo de alucinação percebe coisas sem que elas
existam. Assim, quando uma pessoa ouve sons imaginários ou vê objetos que não
existem, ela está tendo uma alucinação auditiva ou visual.
Efeitos no cérebro:
Já foi acentuado que os cogumelos e as plantas analisados anteriormente são
alucinógenos, isto é, induzem a alucinações e delírios. É interessante ressaltar que
esses efeitos são muito maleáveis, ou seja, dependem de várias condições, como
sensibilidade e personalidade do individuo, expectativa que a pessoa tem sobre os
efeitos, ambiente, presença de outras pessoas etc., como a bebida do Santo Daime.
Tanto as ―boas‖ como as ―más‖ viagens podem ser conduzidas pelo ambiente,
pelas preocupações anteriores (o usuário freqüente sabe quando não está de
―cabeça boa‖ para tomar o alucinógeno) ou por outra pessoa. Esse é o papel do
―guia‖ ou ―sacerdote‖ nos vários rituais religiosos folclóricos, que, no ambiente do
templo, os cânticos e etc., são capazes de conduzir os efeitos mentais para o fim
desejado.
Aspectos gerais:
Como ocorre com quase todas as substâncias alucinógenas, praticamente
não há desenvolvimento de tolerância; também comumente não induzem
dependência e não ocorre síndrome de abstinência com o cessar do uso. Um dos
problemas preocupantes em relação ao consumo desses alucinógenos é a
possibilidade, felizmente rara, de a pessoa desenvolver delírios persecutórios, de
grandeza ou acessos de pânico e, em virtude disso, tomar atitudes prejudiciais a si e
aos outros.
63
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ÊXTASE – ECSTASY
1) Agudos: aqueles que acontecem até 24 horas após a ingestão, incluem por
ansiedade, insônia, flashbacks, ataques de pânico e psicose; ou
2) Subagudos: de 24 horas até um mês após o uso e incluem depressão,
tonturas, ansiedade e irritação.
3) Crônicos: após um mês de uso, podem aparecer: distúrbios de pânico,
psicose, depressão, flashbacks e distúrbios da memória. O êxtase, em longo
prazo causa toxicidade em neurônios serotonérgicos, incluindo danos
permanentes no Sistema Nervoso Central, cérebro, e desordens
neuropsiquiátricas.
Os efeitos residuais, que podem persistir por até 2 semanas incluem: insônia, fadiga,
tontura, dores musculares, depressão, ansiedade, pânico, insônia e flashback.
66
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
LSD – 25 (ácido)
Definição e histórico
Perturbadores ou alucinógenos sintéticos são substâncias fabricadas
(sintetizadas) em laboratório, não sendo, portanto, de origem natural, e que são
capazes de provocar alucinações no ser humano. Vale à pena recordar um pouco o
significado de alucinação: ―é uma percepção sem objeto‖. Isso significa que, mesmo
sem ter um estimulo (objeto), a pessoa pode sentir, ver, ouvir. Como por exemplo, se
uma pessoa ouve uma sirene tocando e há mesmo uma sirene perto, ela esta
normal; agora se ela ouve a sirene e não existe nenhuma tocando, então esta
alucinando ou tendo uma alucinação auditiva. Da mesma maneira, sob a ação de
uma droga alucinógena, ela pode ver um animal na sala (por exemplo, um elefante0
sem que, logicamente, exista o elefante, ou seja, a pessoa tem uma alucinação
visual.
Efeitos tóxicos
O perigo do LSD não esta tanto em sua toxicidade para o organismo, mas sim
no fato de que, pela perturbação psíquica, há perda da habilidade de perceber e
avaliar situações comuns de perigo. Isso ocorre, por exemplo, quando a pessoa com
delírio de grandiosidade se julga com capacidade ou forças extraordinárias, sendo
capaz de, por exemplo, voar, atirando-se de janelas, com força mental suficiente
para parar um carro em uma estrada, ficando na sua frente, andar sobre as águas,
avançando mar adentro.
Aspectos gerais
O fenômeno da tolerância desenvolve-se muito rapidamente com lSD, mas
também há desaparecimento rápido com a interrupção do uso. O LSD não leva
comumente a estados de dependência e não há descrição de síndrome de
abstinência se um usuário crônico para de consumir a droga.
Situação no Brasil
Esporadicamente se tem noticias acerca do consumo de LSD no Brasil,
principalmente por pessoas das classes mais favorecidas. Embora raramente, a
polícia apreende, vez por outra, parte das drogas trazidas do exterior.
69
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
MACONHA
THC – Tetraidrocanabinol
Hashishi, Bang, Ganja, Diamba, Marijuana, Marihjan
Definição e histórico:
A maconha é o nome dado aqui no Brasil a uma planta cientificamente de
Cannabis sat iva. Em outros países, ela recebe diferentes nomes, como os
mencionados no título. Já era conhecida há pelo menos 5000anos, sendo utilizada
quer para fins medicinais, quer para ―produzir risos‖. Talvez a primeira menção da
maconha em nossa língua tenha sido em um escrito de 1548, no qual está dito no
português daquela época: ―e já ouvi a muitas mulheres que, quando hião ver algum
homem, para estar choquareiras e graciosas a tomavão”.
Efeitos da maconha:
Para o bom entendimento, é melhor dividir os efeitos que a maconha produz
sobre o homem em físicos (ação sobre o próprio corpo ou partes dele) e psíquicos
(ação sobre a mente). Esses efeitos sofrerão mudanças de acordo com o tempo de
uso que se considera, ou seja, os efeitos são agudos (isto é, quando decorrem
apenas algumas horas após fumar) e crônicos (conseqüências que aparecem após
o uso continuado por semanas, ou meses ou mesmo anos).
qual a pessoa faz um juízo errado do que vê ou ouve; por exemplo, sob a ação da
maconha uma pessoa ouve a sirene de uma ambulância e julga que é a polícia que
vem prendê-la; ou vê duas pessoas conversando e pensa que ambas estão falando
mal ou mesmo tramando um atentado contra ela. Em ambos os casos, essa mania
de perseguição (delírios persecutórios) pode levar ao pânico e, conseqüentemente,
a atitudes perigosas (―fugir pela janela‖, agredir como forma de ―defesa‖ antecipada
contra a agressão que julga estar sendo tramada). Já a alucinação é uma
percepção sem objeto, isto é, a pessoa pode ouvir a sirene da policia ou ver duas
pessoas conversando quando não existe nem sirene nem pessoas. As alucinações
podem também ter fundo agradável ou terrificante.
valor.
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
73
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
O que é
O Skank é uma espécie de maconha (Cannabis sativa), cultivada em
laboratório, com efeito concentrado. Não chega a ser uma maconha transgênica,
porque a estrutura molecular da semente não é modificada. A diferença está no
cultivo, feito em estufas com tecnologia hidropônica — plantação em água, como
ocorre com algumas espécies de alface.
As diferenças
O que diferencia o Skank da maconha comum é a capacidade entorpecente.
Em ambos, o princípio psicoativo é o tetra-hidro-canabinol (THC). Na maconha, a
concentração percentual nas folhas, flores e frutos prensados fica em torno de 2,5%.
No Skank, estudos apontam que o índice de THC pode ser de até 17,5%. Com isso,
a quantidade necessária para a planta modificada produzir a mesma sensação da
normal é muito menor.
Como age
Em geral, a droga é fumada e processada pelo fígado até que o THC seja
absorvido pelo cérebro e aparelho reprodutor. Pesquisas recentes apontam ainda
que o alto teor de THC usa uma substância produzida pelos neurônios (a
anandamina) para se fixar no organismo.
Conseqüências
Da mesma forma como o TCH é potencializado, os efeitos do Skank no
organismo também são. O entorpecente provoca os mesmos distúrbios da maconha:
altera o funcionamento dos neurônios e diminui a concentração. As alterações de
cerotonina e dopamina no organismo provocam lapsos de memória e de
coordenação motora. Os usuários desenvolvem ansiedade e a possibilidade de
dependência é bem maior, se comparado com a maconha comum.
74
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Seu uso se expandiu pela América do Sul e outras partes do mundo com o
crescimento de movimentos religiosos organizados, sendo os mais significativos o
Santo Daime, A Barquinha, e a União do Vegetal, além de dissidências destas e
grupos (centros, núcleos ou igrejas) independentes que o consagram em seus
rituais.
ameríndias entre 1.500 e 2,000 a.C. estando entre os principais estudos dessa
datação os realizados pelo etnógrafo equatoriano Plutarco Naranjo que sumariou a
Página
Sinonímia
O nome ayahuasca designa tanto o cipó como a bebida dele preparada entre
as traduções para esse nome estão ―cipó do homem morto‖ (aya significando
espírito, morto ou ancestral, e huasca significa vinha ou corda) liana das almas', cipó
dos espíritos, cipó da pequena morte', vinho da alma'. Os nomes além do significado
literal referem-se à elementos de sua significação cultural a exemplo de 'professor
dos professores', planta professora, entre outros. Nas religiões ayahuasqueiras o
cipó é conhecido como mariri ou jagube e a folhas do arbusto da família das
Psychotria como chacrona ou rainha e a bebida como hoasca, daime ou vegetal.
Preparo
Efeitos
humano, Rick Strassman especulou que a Glândula pineal seja o seu produtor no
corpo humano, contudo, não existem estudos clínicos que o comprovem de fato. O
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Está associado a práticas religiosas e parece ser utilizada por tribos indígenas
da Amazônia há séculos e por curandeiros ou vegetalistas em toda Amazônia
peruana [16]. As principais religiões que utilizam a ayahuasca no Brasil são o Santo
Daime , a Barquinha e a UDV. O Santo Daime criado por Raimundo Irineu Serra
(Mestre Irineu) em 1930; Centro Espírita e Culto de Oração Casa de Jesus Fonte de
Luz (Barquinha) em 1945 por Daniel Pereira de Matos (Mestre Daniel) e o Centro
Espírita União do Vegetal criado em 1961 por José Gabriel da Costa
respectivamente os dois primeiros em Rio Branco no Acre e o segundo em Porto
Velho, Rondônia.
Uso em rituais
Legalidade
Freedom Restoration Act, aprovado pelo congresso em 1993, e que foi peça
Página
Não há dados científicos que indiquem riscos em relação à saúde física. Há,
contudo, constantes relatos de vômitos e sudorese em alto percentual dos que a
experimentam, o que sugere tentativas do corpo em expelir a substância. O uso
contínuo, entretanto, parece favorecer uma tolerância química ao princípio ativo e
conseqüente diminuição da intensidade dos sintomas.
GRUPOS ANÔNIMOS
CAPÍTULO 2
81
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Grupos anônimos
Antes de se conhecerem, Bill e o Dr. Bob tinham tido contato com o Grupo
Oxford, uma sociedade composta, em sua maior parte, por pessoas não alcoólicas,
que defendia a aplicação de valores espirituais universais na vida diária. Naquela
época, os Grupos Oxford da América eram dirigidos pelo renomado clérigo episcopal
Dr. Samuel Shoemaker. Sob sua influência espiritual, e com a ajuda de seu velho
amigo, Ebby T. Bill havia conseguido sua sobriedade e vinha mantendo sua
recuperação trabalhando com outros alcoólicos, apesar do fato de que nenhum de
seus "candidatos" haver se recuperado. Entretanto, o fato de ser membro do Grupo
Oxford não havia oferecido ao Dr. Bob a suficiente ajuda para alcançar a
sobriedade.
paciente alcançou sua sobriedade. Apesar de ainda não existir o nome Alcoólicos
Anônimos, esses três homens constituíram o núcleo do primeiro Grupo de A.A. No
outono de 1935, o segundo Grupo foi tomando forma gradualmente em Nova Iorque.
O terceiro Grupo iniciou-se em Cleveland, em 1939. Havia-se gasto mais de quatro
anos para conseguir 100 alcoólicos sóbrios, nos três Grupos iniciais.
Não obstante, no início de 1946, já era possível tirar algumas conclusões bem
razoáveis sobre as atitudes, costumes e funções que se ajustariam melhor aos
objetivos de A.A. Esses princípios, que haviam surgido a partir das árduas
experiências dos Grupos, foram codificados por Bill, sendo hoje conhecidos pelo
nome de As Doze Tradições de Alcoólicos Anônimos. Em 1950, o caos dos anos
anteriores quase havia desaparecido. Havia-se conseguido enunciar e por em
prática, com êxito, uma fórmula segura para a unidade e o funcionamento de A.A.
(Ver a Estrutura de Serviços Gerais dos EUA/Canadá.).
Durante essa frenética década, o Dr. Bob dedicava seus esforços ao assunto
da hospitalização dos alcoólicos e à tarefa de incutir-lhes os princípios de A.A. Os
alcoólicos chegavam à grande número a Akron para obter cuidados médicos no
Hospital Saint Thomas, uma instituição administrada pela Igreja Católica. O Dr. Bob
se integrou ao corpo médico desse hospital e ele e a irmã Ignatia, também do
pessoal do hospital, prestaram cuidados médicos e indicaram o programa a cerca de
5.000 alcoólicos internados. Após a morte do Dr. Bob, em 1950, a irmã Ignatia
seguiu trabalhando no Hospital da Caridade, em Cleveland, onde contava com a
ajuda dos Grupos de A.A. locais e onde outros 10.000 alcoólicos internados
encontraram Alcoólicos Anônimos pela primeira vez. Esse trabalho foi um grande
exemplo de boa vontade, que permitiu comprovar que A.A. cooperava eficazmente
com a medicina e a religião.
Não obstante, esses serviços vitais estavam ainda em mãos de uma isolada
Junta de Custódios, cujo único vínculo com a Irmandade havia sido Bill e o Dr. Bob.
Como os co-fundadores haviam previstos alguns anos atrás, era imperativo vincular
os Custódios dos Serviços Mundiais de A.A. (hoje a Junta de Serviços Gerais de
A.A.) à Irmandade a qual serviam. Para isso, convocou-se uma reunião de
Delegados de todos os estados e províncias dos EUA/Canadá. Assim constituído,
esse organismo de serviços mundiais se reuniu pela primeira vez em 1951. Apesar
de certa apreensão suscitada pela proposta, a assembléia teve grande êxito. Pela
primeira vez, os Custódios, anteriormente isolados, eram diretamente responsáveis
perante A.A. na sua totalidade. Havia-se criado a Conferência de Serviços Gerais de
A.A. e dessa maneira assegurado o funcionamento global de A.A. para o futuro.
Se não fosse pela ajuda dos amigos de A.A. nos seus primeiros dias, é
provável que Alcoólicos Anônimos nunca tivessem existido. E se não contasse com
a multidão de amigos que, desde então, têm contribuído com seu tempo e sua
energia - especialmente nossos amigos da medicina, da religião e dos meios de
comunicações - A.A. nunca poderia ter crescido e prosperado. A Irmandade
expressa sua perene gratidão pela amistosa ajuda.
Talvez o exemplo mais conhecido deste grupo de ajuda - mútua para apoiar a
abordagem de abstinência seja o de Alcoólicos Anônimos.
O apoio social tem sido descrito como uma meta-conceito que inclui várias
facetas. Embora o apoio social possa ser definido como um processo pelo qual o
auxílio é trocado com outras pessoas, a fim de facilitar metas de adaptação, ele
apresenta um conceito complexo que deve ser dividido em várias dimensões.
Como sugerido pela literatura do apoio social, este trabalho faz diferença
entre estrutura e função. O apoio estrutural quantifica a composição do apoio social
individual e pode incluir elementos como o número, a interconectividade e os
diferentes tipos de relacionamentos. Por outro lado, o apoio funcional avalia à
medida que membros da rede provêem significativo e útil auxílio uns aos outros. No
que se refere às relações entre os aspectos estruturais e funcionais, redes sociais
que são maiores e que oferecem mais relacionamentos de suporte, podem promover
uma recuperação mais efetiva.
87
Aqueles que recebem mais apoio geral apresentam níveis mais elevados de
bem-estar subjetivo, que é ligado ao resultado do pós-tratamento do abuso de
substâncias. Em contrapartida, o efeito social específico depende que o
relacionamento promova um encorajamento positivo específico para a
abstinência/recuperação ou encorajamento negativo específico para o uso de álcool.
Por exemplo, Zywiak et al. verificaram que as pessoas que permaneceram em
contato com a rede social de pré-tratamento que estimulava o uso de álcool estavam
mais propensas a recaídas. No entanto as pessoas cuja rede social refletia menor
uso, tinham mais propensão a manter abstinência.
Este trabalho revê a literatura sobre o apoio social e variável da rede social
em Alcoólicos Anônimos. Uma revisão desse tipo não foi publicada previamente e é
importante para o campo da psicologia clínica por diversas razões.
-me
"Rio de Janeiro, Brasil, 19 de junho de 1946.
Ao Secretário do A.A. Cosmopolitan Club
Nova Iorque
Prezado Secretário:
Quarenta e sete foi o ano dos acontecimentos que culminaram com o início
efetivo de A.A. no Brasil. No mês de julho, Herb recebeu endereço de outro AA
residente no Rio de Janeiro e alguns panfletos em espanhol e, em outubro, a
Fundação expressa sua felicidade pelo início de um Grupo de A.A. no Brasil.
Alguns pontos, inclusive a data do início do "A.A. Rio Nucleus" ou Grupo A.A.
do Rio de Janeiro, durante tempos foram envoltos em mistério e em controvérsias.
Vamos agora fazer uma parada na dissertação e dar uma olhada num fato sobre a
formação desse Grupo.
"Data - aniversário.
A referida data ficará, por tradição, como a data oficial da fundação do Grupo.
Fernando, secretário."
O mais provável é que nessa data deu-se o encontro de Herb com o primeiro
brasileiro que conseguiu manter-se sóbrio em A.A., o companheiro Antônio P.,
falecido em meados de 1951, quando tentava recuperar-se de um acidente de
trabalho.
na divulgação: "... por todos os meios, prossigam com os planos de levar Alcoólicos
Anônimos ao conhecimento público. Muitos Grupos têm achado que são de grande
Página
ajuda os artigos nos jornais e não há contra - indicações quanto a isso, contando
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Baseando-se, talvez, nessa sugestão, foi que Herb encaminhou uma carta ao
Jornal O Globo. O editor ficou muito entusiasmado e o artigo apareceu na primeira
página da edição de 16 de outubro de 1949.
Depois, Herb e sua esposa - que parece ter sido a redatora da maioria das
cartas - noticiaram o fato à secretária da Fundação do Alcoólico que, posteriormente,
transmitiu as boas novas a Bill W. Nesta mesma correspondência Herb demonstra
preocupação em registrar a Irmandade junto ao governo brasileiro e informa ter
encontrado Douglas C., com quem já havia feito algumas reuniões.
governo brasileiro. Bill acha que vocês podiam explicar às pessoas daí que A.A. não
é uma incorporação, mas é simplesmente uma organização sem fins lucrativos cujo
Página
Aqui cabe uma pausa. Nesse trecho podemos notar o que Bill W. pensava
quando dizia que ele e Dr. Bob eram o elo entre os Grupos e os Custódios da
Fundação. No caso desse registro brasileiro, vemos como Alcoólicos Anônimos
ainda carecia de uma estrutura e como Bill W. era o consultor direto da Fundação do
Alcoólico.
Nesse mesmo mês, o livrete (ou folheto) de A.A. estava quase totalmente
traduzido e a Associação Cristã de Moços (ACM) emprestou uma de suas Caixas
Postais a Alcoólicos Anônimos, fato noticiado de pronto à Nova Iorque.
"LINGUAGEM DO CORAÇÃO”
em nossa língua. Até mesmo Herb, já há dois anos no Rio, pouco dava "colorido"
aos seus depoimentos em português - como ele mesmo mencionou. Hoje
entendemos que só através da linguagem do coração, aquela que acontece quando
um alcoólico fala com outro, é que esses membros se comunicavam. A recuperação,
mesmo no Grupo, tornava-se quase um desafio. Sentia-se muito a falta da tradução
do livro Alcoólicos Anônimos; em virtude disso, alguém traduzia uma pequena parte
e lia a cada reunião. Com esse quadro de dificuldades, era premente a necessidade
de receberem membros que falassem fluentemente os dois idiomas. Talvez por isso,
deu-se tanta importância à chegada de Harold, mesmo sendo Antônio P. o primeiro
brasileiro a chegar. Vamos relembrar um pouco do encontro entre Herb e o valoroso
Harold, numa carta escrita por ele mesmo e publicada na Grapevine em novembro
de 1990.
94
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
NA – NARCÓTICOS ANÔNIMOS
PROGRAMA
Narcóticos Anônimos acredita que uma das chaves do seu sucesso seja o
valor terapêutico de adictos trabalhando com outros adictos. Nas reuniões, cada
95
membro partilha experiências pessoais com os outros buscando ajuda, não como
Página
Mais uma coisa precisa ser dita sobre o programa de Narcóticos Anônimos.
Página
97
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
AL-ANON
1. Se o alcoólico de sua vida ainda está bebendo, aprender o que não fazer é
uma parte importante do programa.
2. Não trate o alcoólico como uma criança; você não faria isso se ele sofresse
de alguma outra doença.
3. Não fique controlando para ver quanto o alcoólico está bebendo.
4. Não procure bebidas escondidas.
5. Não jogue bebida fora; o alcoólico sempre encontra uma maneira de
conseguir mais.
6. Não aborreça o alcoólico sobre a bebida. E jamais discuta quando ele estiver
sob os efeitos do álcool.
7. Não faça sermões, censure, repreenda ou entre em discussões.
Se você puder evitar essas coisas, estará no caminho certo para uma
disposição mental mais satisfatória. Todos esses "não faça" têm boas e sólidas
razões que surgiram da experiência de muitas pessoas.
98
acontecer durante o remorso de uma ressaca, ou pode ser precipitado por uma crise
que o faz cair em si.
APRENDA E AJUDE
ALATEEN
Cada Grupo Alateen deve ser apadrinhado por dois membros adultos e
experientes do Al- Anon.
Para encontrar um grupo alateen em sua região, visite o site do al-anon brasil
101
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
AMOR EXIGENTE
"O Amor-Exigente são grupos de apoio e ajuda mútua que encoraja a pessoa
a agir em vez de só falar; constrói a cooperação familiar e comunitária e desencoraja
a agressividade e a violência."
AJUDE-ME!
―Por favo há alguém aí?
Alguém, qualquer um?
―DEUS‖
Me ajuda, por favor.
EU quero ser aceito.
Estou tão cansado de chorar, sonhar.
Estou muito, muito só.
Não há ninguém aí?
Por favor ajude-me!
Telefones úteis
Central de AA – 3515-9333 – www.alcoolicosanonimos.org.br
NA – 3101-9626
Amor Exigente – 2952-0217 / 4474-1885
AA na Av. Inconfidência Mineira -
Central de Alanon – 3337-0408 / 3331-8799
12 PASSOS
Capítulo 3
104
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
OS 12 PASSOS
105
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Os 12 Passos são
literalmente um programa.
É um programa
de Ação.
Eles não
formulam um
código de
conduta a ser
interpretado.
OS 12 PASSOS
1. Rendição e Aceitação
2. Esperança
3. Fé
4. Coragem
5. Dignidade
6. Disposição/Prontidão
7. Humildade
8. Responsabilidade Social
9. Reparação/Restituição
10. Disciplina Perseverante
11. Consciência Espiritual
12. Amor
106
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
12º Outros e eu
COBERTURA
E
S
T
ESTRU
6º - Deus e eu R 9º - Eu e outros
5º - Eu e eu U 8º - Outros e eu
4º - Eu e eu T 7º - Eu e Deus
U
R
A
BASE
3º - Se eu deixar
2º - Alguém pode
1º - Eu não posso
Princípio: Esperança
3. Decidimos entregar nossa vontade e nossa vida aos cuidados de Deus, como
nós O concebíamos.
Solte-se p/Deus - Levantar os olhos;
Força amorosa interior + sentido transcendente.
107
Princípio: Fé
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Princípio: Coragem
5. Admitimos para Deus, para nós, e para um outros ser humano a natureza
exata de nossas falhas.
Confissão – Peso inútil - Solidão e Pertencer;
Tamanho da doença, vergonha, destruir máscaras.
Princípio: Dignidade
Princípio: Disposição.
Princípio: Humildade.
Auto-observação;
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Prática diária.
Princípio: Perseverança.
Princípio: AMOR.
109
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
TRATAMENTO
Capítulo 4
110
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Tratamento
As primeiras abordagens terapêuticas para o tratamento da dependência
química os datam do século XIX, embora existam relatos de quadro de alcoolismo
de a antiguidade. Por isso, ainda hoje, são realizadas pesquisas que buscam avaliar
quais tratamentos realmente funcionam.
Os profissionais que trabalham com usuários de substâncias psicoativas
[SPA] precisam, inicialmente, conhecer os efeitos agudos e crônicos das drogas de
abuso, suas forma de uso, a prevalência, e os padrões de uso mais típicos.
Atualmente, considera-se que os indivíduos apresentam problemas com
drogas compõem grupos heterogêneos e necessitam de tratamentos diferentes.
Isso acontece porque a dependência química resulta da interação de vários
aspectos da vida das pessoas: biológico, psicológico e social. Desse modo, as
intervenções devem ser diferenciadas para cada individuo e deve consideram todas
as áreas envolvidas.
Assim, torna-se fácil entender porque existem tantos tipos de tratamento, mas
em todos eles devem ser considerados alguns fatores, como por exemplo, a
motivação para mudança.
Um modelo conhecido por ― estágio de mudança ‖, descrito primeiramente
por Prochascka Di Clemente [1983], tem sido bastante discutido entre os técnicos
que trabalham com dependência química [DQ]. Esse modelo propõe que os usuários
de SPA apresentam ―fase de motivação‖ para o tratamento, e proporcionam aos
profissionais um melhor entendimento de suas mudanças de comportamento, lapsos
e recaídas.
Os estágios de mudanças não são necessariamente seqüenciais, e os
indivíduos usualmente passam por eles várias vezes durante o tratamento, em
ordem aleatória. Na Tabela 1 encontra-se uma descrição sucinta de cada estágio e
algumas estratégias que podem ser aplicadas nos diferentes momentos,
acompanhe:
111
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
TABELA 1
ESTÁGIO DESCRIÇÃO ABORDAGEM
PRÉ-CONTEMPLAÇÃO O individuo não percebe os Convidar o indivíduo a
prejuízos relacionados ao reflexão, evitar
uso de substâncias confrontação, remover
psicoativas. Segue com o barreiras ao tratamento.
uso e não pensa em parar
nos próximos 6 meses.
CONTEMPLAÇÃO O indivíduo percebe os Discutir os prós e contra do
problemas relacionado ao uso, desenvolver a
uso, mas não toma discrepância, levando a
nenhuma atitude em refletir: “ É possível atingir
direção à abstinência. os objetivos que busco na
Pensa em parar nos vida se continuar com o
próximos 6 meses. uso”.
PREPARAÇÃO Utiliza SPA, porém já fez Remover barreiras ao
uma tentativa de parar por tratamento, ajudar
24 horas, no ultimo ano. ativamente e demonstrar
Pensa entrar em interesse e apoio à atitude
abstinência nos próximos do individuo.
30 dias.
AÇÃO Conseguiu parar o uso Implementar o plano
completamente com uso terapêutico.
nos últimos 6 meses.
MANUTENÇÃO Está em abstinência há Colaborar na construção de
mais de 6 meses. um novo estilo de vida,
mais responsável e
autônomo.
RECAÍDA Retornou à utilização da Reavaliar o estágio
droga. motivacional do individuo.
drogas não tenha sido interrompido. Para estes indivíduos deve ser reforçada a
adesão ao tratamento e deve ser proposta uma estratégia de redução de danos, que
permita diminuir as conseqüências negativas do consumo.
Fazem parte desta estratégia, entre outras, a prevenção e o tratamento de
doenças clínicas [como HIV, Hepatite e psíquicas como: depressão e psicose].
PREVENÇÃO DE RECAÍDA
Os indivíduos que aceitam a abstinência completa como meta devem ser
preparados para a possibilidade de recaídas. É importante que estejam cientes da
natureza crônica e reincidente da dependência química.
significativos e com baixo custo de maneira que essas técnicas vêm sendo
amplamente difundidas.
Página
DESINTOXICAÇÃO
A desintoxicação pode ser realizada em três níveis com complexidade
crescente: tratamento ambulatorial, internação domiciliar e internação hospitalar.
114
outros].
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
COMUNIDADE TERAPÊUTICA
As comunidades terapêuticas e as fazendas para tratamento de dependentes
químicos disponíveis no nosso meio possuem as mais variadas orientações
teóricas, em geral, utilizam uma filosofia terapêutica baseada em disciplina, trabalho
e religião. Esse recurso deve ser reservado para indivíduos que necessitam de um
ambiente altamente estruturado e para aqueles com necessidade de controle
externo [nenhuma capacidade de manter abstinência sem auxilio]. Algumas
disponibilizam atendimento médico e devem ser preferidas quando houver a
possibilidade da indicação de uso de medicação por comorbidade ou por
dependência grave.
TRATAMENTO FARMACOLÓGICO
O tratamento farmacológico para a dependência química funciona com a
prescrição de medicamentos, por profissionais da área médica, tanto em
hospitalizações, para tratar sintomas de intoxicação e abstinência, quando no
tratamento ambulatorial.
As estratégias medicamentosas aceitas eficazes têm como finalidade:
TRATAMENTOS PSICOSSOCIAIS
Entre os vários tipos de tratamento, os psicossociais são os mais amplamente
utilizados. Costumam estar disponíveis em diversos níveis do sistema de saúde: m
postos de saúde, em Centros de Atenção Psicossocial – Álcool e Drogas [CAPS-ad],
e serviços terciários
ACONSELHAMENTO
É a intervenção psicossocial mais amplamente utilizada em dependência
química e contribui para uma evolução positiva do tratamento. Consiste,
fundamentalmente, de apoio, proporcionando estrutura, monitoramento,
acompanhamento da conduta e encorajamento da abstinência.
Proporciona, também, serviços ou tarefas concretas tais como
encaminhamento para emprego, serviços médico e auxilio com questões legais.
INTERVENÇÃO BREVE
A Intervenção Breve é uma técnica mais estruturada que o aconselhamento.
Possui um formato claro e simples, e também pode ser utilizado por qualquer
profissional.
Quando tais intervenções são estruturadas em uma até quatro sessões
produzem um impacto igual ou maior que tratamentos mais extensivos para a
dependência de álcool. Terapias fundamentadas na entrevista motivacional
produzem bons resultado no tratamento e podem ser utilizadas na forma de
intervenções breves.
As intervenções breves utilizam técnicas comportamentais para alcançar a
abstinência ou a moderação do consumo. Ela começa pelo estabelecimento de uma
meta. Em seguida desenvolve-se a automonitoramento, identificação das situações
de risco e estratégias para evitar o retorno ao padrão de consumo problemático. O
espectro de problemas
AMBIENTES DE TRATAMENTO
116
• Comunidades terapêuticas;
• Grupos de auto-ajuda;
• Hospitais gerais;
• Hospital-dia;
• Moradia assistida;
• Hospitais psiquiátricos;
• Sistema judiciário;
• Empresas;
COMUNIDADES TERAPÊUTICAS:
– surgiram em 1953 com observação do psiquiatra inglês
Maxwell Jones.
– 1960 – para álcool e drogas;
– No Brasil = ―fazendas ou sítios‖;
– Modelo de Minnesota, preceitos religiosos ou ambos;
118
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
manter os pacientes.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
monitorado continuamente.
Lapsos de uso de drogas podem ocorrer durante o tratamento.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
121
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ENTREVISTA MOTIVACIONAL
Capítulo 5
122
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ENTREVISTA MOTIVACIONAL – [ EM ]
Motivação
É um processo mental positivo que estimula a iniciativa.
É quando se tem um motivo para agir.
Significa ter um desejo por trás da suas ações.
Origem da Motivação
Externa – pressões, ações coercitivas.
Interna – motivação que vem da própria pessoa.
4. Fluir com a resistência – não se deve impor novas visões ou metas, mas
convidar o individuo a vislumbrar novas perspectivas que lhe são oferecidas.
5. Estimular a auto - eficácia – a auto- eficácia e a crença do próprio individuo
na sua habilidade de executar uma tarefa ou resolver um problema e deve
sempre ser estimulada.
Manutenção
Ação
Preparação
Ação
Recaída
Pré Contemplação
A EM consiste em 5 estágios:
1. Pré – contemplação
2. Contemplação
3. Preparação
4. Ação
5. Manutenção
do processo para chegar ao término, isto é, uma mudança mais duradoura. Daí, os
autores passarem a ilustrar o processo de mudança como uma espiral, que
pressupõe movimento.
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
8 ESTRATÉGIAS DE MOTIVAÇÃO
12 BARREIRAS
10. Consolar;
11. Questionar ou interrogar;
12. Retrair, mudar de assunto, distrair.
RESISTÊNCIA
Escuta reflexiva – é uma maneira de verificar, em vez de pressupor que você sabe
o que o outro quis dizer.
pessoa quanto ao que certamente é a verdade: que, no fim das contas, é a pessoa
quem, determina o que acontece.
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ESTRATÉGIAS INICIAIS
BALANÇA DECISÓRIA
Caso – Um fotógrafo de 38 anos que buscou tratamento por causa da bebida. Ele
nunca havia procurado ajuda devido a problemas com álcool antes e estava no início
do estágio contemplação. Ele não tinha certeza de que precisava de ajuda ou de
uma mudança, mas dois eventos precipitaram sua vida. O 1º foi um check-up com o
seu médico, devido a dores de estômago. O 2º foi que, ao discutir o
129
BALANÇA DECISÓRIA
― Quando as pessoas que ser modificam sozinhas são indagadas sobre porque e
como o fizeram, elas geralmente respondem que simplesmente tomaram uma
decisão.
131
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Co-dependência - Família
Quer que as coisas se resolvam e sejam da sua maneira e não percebe que
muitas vezes os seus desejos e até os seus sonhos não são seus, mas da outra
Página
pessoa a quem está tentando controlar. A realidade é tão distorcida que dentro da
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
sua ilusão acredita que a sua felicidade depende dos outros. Passa a ser um
escravo, emocionalmente falando, das outras pessoas.
Tem dificuldade para se relacionar consigo mesmo, com os outros e até com
Deus, a quem dá uma conotação humana devido aos abusos emocionais sofridos.
O co-dependente não pode ver uma pessoa com problemas que lá está ele
pronto para resolvê-los, no fundo, não para buscar uma solução para o outro, mas
para si mesmo como uma recompensa. Desdobra-se nessa ajuda (tudo pelo
reconhecimento), mas com certeza irá cobrar depois, e que cobrança, como se o
outro tivesse a obrigação de retribuir, mas do seu modo e da sua maneira.
O que precisa ser ressaltado é que a co-dependência pode sim ser o início
para que a pessoa desenvolva a dependência por drogas. Devido às compulsões
que domina o co-dependente que as usam para aliviar as suas dores emocionais, o
risco do uso do álcool ou de outras drogas é muito grande.
133
Por isso é necessário que o adicto não só trate da sua adicção, mas também
Página
da sua co-dependência.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Muitas vezes falam e fazem o que não querem só para agradar os outros, se
anulando com isso.
Outro ponto que precisa ser trabalhado é o preconceito que acompanha a co-
dependência. A pessoa deixa de ir a uma terapia, a um grupo, a cuidar de si porque
―a ligam‖ com dependência química (drogas).
Por à pessoa dependente e/ou para tornar a sua vida mais suportável, os
familiares adotam comportamentos que na maioria das vezes mantêm o problema e
por vezes até o acentuam.
Medo – Uma família que luta com dificuldades imprevisíveis, vive um clima de stress
e de medo. Medo que o dependente químico regresse á noite, de novo embriagado,
usado, arriscando-se a um acidente de condução ou irritado e violento. Medo de que
a família se divida.
comportamento vexante sempre que bebe ou faz uso, o que perturba profundamente
a sua família. Esta vergonha vai também impedir a procura de ajuda no exterior.
Estes papéis são muitas vezes uma adaptação inconsciente da família a uma
situação demasiadamente pesada. Eles trazem todos, benefícios a curto prazo. Mas
a longo prazo, prolongam e reforçam os comportamentos de dependência, é por isso
que é importante reconhecer estes papéis, a fim de poder ultrapassar. O sistema
familiar pode assim reencontrar, com muita paciência e persistência, a sua
serenidade.
Cada pessoa pode modificar alguma coisa na sua própria vida para não sofrer
todas as consequências desta doença.
Assim, o processo de ajuda não começa por proibir ou impedir, mas pela
tomada de consciência do poder que as drogas representa sobre o seu próprio
comportamento e pela necessária libertação.
O distanciamento fará a mudança possível, mas ela não implica que se retire
o afeto à pessoa dependente.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Andar em círculo – Assim durante o longo tempo em que o sistema familiar foi
dominado pelas drogas ficarão preso a um circulo vicioso. O grande consumo da
pessoa dependente vai induzir no seu meio familiar comportamentos que a seu
tempo incitarão a cada vez mais. Só as pessoas exteriores a este sistema familiar
poderão quebrar este circulo vicioso.
Cada um é responsável pelos seus atos – Logo que família deixa de proteger o
dependente do abuso que ele não controla, dos excessos e das eventuais
abstinências, ela passa a desculpabilizar-se e atribui à pessoa em causa a inteira
responsabilidade dos seus atos. Porque cada um faz a sua vida e deve ser livre para
fazer. A família pode, por isso, legitimamente distanciar-se do dependente para não
se sentir responsável pela sua dependência. Assim todos ganham em autonomia.
Concentrar-se nas suas próprias necessidades – Logo que a família deixa de ser
influenciada pela doença do dependente, começam então a resolução de uma parte
do problema. Dando prioridade às necessidades de cada um, os membros da
família, dão um passo decisivo em direção a uma vida mais livre e de melhor
qualidade. Só se pode ajudar o outro quando se é forte e equilibrado.
―lei do silêncio‖ que fazia do problema um tabu. Agir e querer mudar as coisas, não é
fácil. Ajuda, suporte e compreensão vindas do exterior, serão mais uma vez de
Página
grande utilidade.
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Grupos de Auto-Ajuda – Estes grupos são compostos por pessoas que vivem ou
viveram o mesmo problema, ou seja, dependência na família. Tais grupos dirigem-se
não só aos familiares de dependnetes, mas também a pessoas que crescem numa
família de dependência, sofrendo por isso as respectivas consequências. Estes
grupos oferecem um clima de confiança, calor humano, apoio para ultrapassar os
problemas das drogas no seio familiar, facilitando também as trocas de experiência.
A Família do alcoolista
Neliana Buzi Figlie
Se você tem um amigo, um familiar, um colega de trabalho que é dependente
de álcool, você tem o que fazer!
139
Quem é Família?
A primeira idéia que nos vem a mente quando falamos em família é: casal
heterossexual, com dois filhos, um animal de estimação, o homem como chefe da
família e a mulher como dona de casa.
Quando temos esta estrutura, torna-se fácil definir a família. Mas nem sempre
isso é real. Por família, devemos entender várias formas de relacionamento com
compromisso. Por exemplo: um alcoólatra solteiro que mantém uma relação amigável
com a família do vizinho, casais homossexuais, irmãos de criação, entre outros. A
família pode ser aquela que tem acesso ao dependente, sem ser necessariamente a
família consangüínea.
TIPOS DE FAMÍLIA
Esconder Assumir
O alcoolismo é visto com um desgosto e a família A família assume o familiar alcoolista tentando
tende a esconder o alcoolista ajuda-lo
A família não tem controle sobre o beber do alcoólatra, mas este beber acaba
afetando a vida da família.
Existem falsas noções sobre alcoolismo. É importante sabermos quais são elas
Página
por esta experiência, sabem que a afirmação acima nem sempre é verdadeira.
Buscando soluções
A solução ideal seria a ―cura do alcoolismo‖, mas esta solução depende da
motivação do dependente e do familiar. Se o dependente não tem esta motivação, a
melhor solução para a família seria efetuar algumas modificações nos
comportamentos dos familiares, objetivando a interrupção ou pelo menos dificultar, o
curso do alcoolismo.
2 - Pensar mais em você – Só podemos ajudar alguém quando estamos bem, caso
contrário, como oferecer algo que não temos para dar? O dependente causa um
abalo na vida do familiar e este tende a abandonar algumas de suas atividades.
Retomar, cumprir suas responsabilidades e cuidar mais de si mesmo. Quando o
alcoólatra passa a perceber que o familiar não está mais seguindo o ritmo dele, ele
começa a pensar: ―o que está acontecendo?‖.
144
básicos para poder entender e ajudar o alcoólatra. Por exemplo: nos primeiros dias
em que o dependente fica sem beber, é comum um hálito alcoólico, que dá a
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ATENÇÃO: Nem sempre o que é melhor para a família, é melhor para o dependente.
Página
FAMÍLIA IDEAL
2. Apesar de você não ser responsável pela dependência do seu familiar, você é
o responsável pelo se próprio comportamento. Você tem a escolha de ajudar
o seu familiar a evitar o consumo de substâncias, através do adequado
estabelecimento de limites, acolhimento, orientações e tratamento.
7. Não faça ―jogo de culpa‖ para o individuo dependente. Por exemplo, dizer que
―se você realmente gostasse de mim, você pararia de usar drogas‖ realmente
146
10. Não ignore formas de manipulação realizada pelo adicto. Não estabeleça
conluio com o individuo dependente para manter segredos sobre o consumo
de drogas. Isso apenas aumentará a evasão de responsabilidade por parte do
adicto;
14. Não espere que o individuo dependente em recuperação seja ―legal‖ o tempo
todo. Às vezes, ele pode ficar irritado, triste ou de mau humor, sem que isso
esteja relacionado ao uso de drogas;
16. Não se iluda pensando que o individuo dependente esta ―curado‖ e nunca
mais usará substância. A Síndrome de Dependência é uma crônica que
requer tratamento crônico;
ATENDENDO UM DEPENDENTE
QUÍMICO
Capítulo 7
148
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ROTEIRO
Atendimento individual
Entrevista inicial de encaminhamento Motivacional
Feita por uma pessoa treinada para atendê-lo, motivando-o a
Buscar tratamento.
Utilize a ficha de encaminhamento. (anexo 1).
Utilize uma ―Cartilha par Atendimento ao DQ‖ (anexo 2) – adaptado pela
Iracema.
Z – Olá André que bom que você esta aqui, veio sozinho?
DQ – Oi, vim com a minha mãe.
Z – Você usa o que?
DQ – Cocaína.
Z – Com quantos anos você começou?
DQ – com 17 anos.
Z – Começou usando o que?
DQ – Maconha e depois Cocaína.
Z – Vocês costuma usar com alguém ou sozinho?
DQ – No começo usava com os amigos, hoje mais sozinho.
Z – Você costuma usar muito, pouco, todos os dias, às vezes, como é o seu uso?
DQ – Todos os dias, toda hora, sempre que posso, e muito, muito, muito.
Profissional
Z – André você trabalha?
DQ – Atualmente não, mas já trabalhei, todos meus empregos perdi por conta da
droga.
Z – E como você consegue dinheiro para comprar a droga?
DQ – Eu roubo dentro de casa, na rua, troco qualquer coisa por droga, até as
minhas roupas.
Suicídio
Z – Você já tentou o suicídio?
DQ – 2 vezes e as duas não morri.
Z – Deus foi muito bacana com você, esta dando oportunidades para você e, além
disso, não é a sua hora.
Tratamento
Z – André só o fato de você estar aqui, já é um passo importante, você ainda não
desistiu de você, vamos começar um tratamento aqui? Esta disposto?
DQ – Não, não quero.
Z – Vamos tentar pelo menos por um período, vamos conhecer o grupo de
dependentes, eles têm os mesmos problemas, as mesmas dificuldades que você?
Não custa dar uma chance para você, só mais uma? E o local que vou te
encaminhar é muito bom.
DQ – Talvez, é vou só conhecer, dar uma olhada.
Z – Então, André mostrarei a cartilha de encaminhamento para você?
DQ – Vai demorar muito?
Z – Não veja só, a primeira coisa você já fez, esta aqui, e como você disse que usou
droga ontem pela última vez, então você já fez a sua despedida, sua saideira, vamos
parar com todas de uma vez, o que você acha?
DQ – muito difícil, não vou conseguir.
Z – Vamos, você irá conseguir. Você sabia que a vontade de usar, essa vontade
dura 20 minutos e depois irá passar?
DQ – 20 minutos não, dura 1 hora ou mais.
Z – André, dura 20 minutos e se você ocupar sua cabeça com outra coisa, uma
atividade, lavar uma louça, arrumar a cama, arrumar alguma coisa para fazer em
151
Z – Sei disso André, você não pode, eles podem, então será mais fácil se você não
estiver com eles, e sim longe e em outro local.
DQ – Ah, mas eles me chamam, batem no meu portão?
Z – Ai entra a sua perseverança de ficar limpo, você decide dizer a eles a verdade,
que esta em tratamento, ou diz qualquer outra coisa, que esta doente, com
caganeira, não sei, qualquer coisa serve, desde que você fique longe das pessoas e
dos locais onde tem drogas.
Z – No dia do tratamento é importante você estar limpo, combinado.
Z – Você já ouviu falar dos grupos de AA ou NA?
DQ – Lá na clínica eu soube deles, cheguei até a frequentar um, mas é muito chato?
Z – André, sabe quando precisamos tomar remédio e nem sempre ele é bom, pois é,
os grupos de AA ou NA, é um remédio que você precisa tomar todos os dias, é
imprescindível para seu tratamento, para que você consiga permanecer limpo, lá
você irá ouvir relatos parecidos ou completamente diferentes que o seu, o mais
importante é você frequentar, todos os dias.
DQ – Todos os dias eu não aguento?
Z – Ok, André vamos combinar 3 vezes por semana e você pede para carimbar
nesta cartilha e semana que vem, eu gostaria de ver e conversar novamente com
você.
DQ – Onde tem um grupo?
Z – Aqui na cartilha tem o telefone que você pode ligar e perguntar onde tem um
perto da sua casa, entretanto na cartilha tem o telefone da Central de AA, e perto da
sua casa tem um AA ou NA, e as reuniões são todos os dias.
Z – O importante é você freqüentar os grupos anônimos e ir ao Grupo que temos
aqui na Igreja Torre Forte, na 3ª feira, às 20:00 horas. E aí posso contar com você?
DQ – É, estou pensando, acho que sim.
Z – Claro, André o importante é você querer, e somente querendo faz a diferença.
Z – Durante esta semana, evite locais e pessoa, não desista, persevere, lembre-se a
vontade virá, mas também irá passar, ocupe o seu tempo, com o que você puder.
Z – André você aprendeu na clínica, no grupo que primeiro, segundo, terceiro,
quarto, quinto, você?
DQ – É primeiro EU
Z – André você reza, ora?
DQ – Não, não sei o que é isto, faz anos.
Z – Ok, podemos começar, mesmo que seja, Deus dá uma força. Na cartilha tem a
oração da Serenidade.
DQ – Será que Deus quer saber de mim, irá me ouvir, Deus não quer saber de
pessoas como eu?
Z – André, Deus não desampara seus filhos, nunca, apenas você se afastou dele.
ELE esta triste com você, mas extremamente feliz por você ter tomado esta atitude
de estar aqui, acredite.
152
Z – Aqui esta meu telefone, se precisar me ligue, mas antes de usar, pois a vontade
irá passar enquanto você conversa comigo, se não quiser falar comigo, ligue para
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
qualquer amigo, nos grupos você irá conhecer pessoas que poderá trocar o telefone.
Posso te ligar para saber como você esta?
DQ – Ah, tá bom, pode ligar.
Z – André, só por hoje você esta limpo, só por este momento você não usou, não
faça planos para o futuro neste momento, faça planos para que hoje você não use.
153
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ATENDENDO UM CO-DEPENDENTE
FAMÍLIA
Capítulo 8
154
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
ROTEIRO
Atendimento individual
Entrevista inicial de encaminhamento Motivacional
Feita por uma pessoa treinada para atende-lo, motivando-o a
Buscar tratamento.
Utilize a ficha de encaminhamento. (anexo 1).
Utilize uma ―Cartilha para Atendimento ao DQ‖ (anexo 2) – adaptado pela
Iracema.
OBJETIVO DA ENTREVISTA
Utilizamos: Ficha de Evolução e Cartilha da Família
Levar o CO-DEPENDENTE a focalizar a si mesmo;
Como modificar-se e não ao DQ;
Perceber mudanças de suas vidas em função do DQ;
Impotência sobre o uso de álcool / drogas;
Controle da vida do outro.
Explicamos o que será feito pelo DQ.
155
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
CO: Ah... eu sou filha de alcoólatra também. Mas não consigo entender porque
aconteceu justo com o meu menino.
Z: Ele é o seu único filho?
CO: Não. Tenho mais dois, um tem 25 e a outra tem 18. Estes nunca me deram
trabalho.
Z: E qual o nome deles?
CO: Leandro e Ana. Com eles estou tranqüila. Às vezes nem me lembro deles.
Z: Esta é uma característica do co dependente, só tem olhar para o DQ. Concorda?
CO: Sabe... É que eu preciso ajudar o Thiago!
Z: Srª Iracema, um doente não pode curar outro doente, por isso eu convido a Srª
também buscar auxílio para si mesmo, antes até de interná-lo, se for o caso. Muitas
vezes os familiares apresentam-se muito mais comprometidos com a dependência
do outro do que o próprio DQ. Isto traz outras doenças para o co dependente, e
muitas levam a morte também.
CO: Mas meu filho vai morrer!
Z: Está morrendo, e por enquanto a escolha é dele. Não está em suas mãos e sim
nas de Deus e do Thiago. E mais uma vez reforço a importância do seu tratamento
para fortalecer-se e depois... Quando Thiago pedir ajuda, a Srª estará pronta e forte
para ajudá-lo.
CO: Eu faço qualquer coisa para ajuda-lo...
Z: Então comece por você. Foque suas forças de mudança em você. Mude seus
hábitos, principalmente os de ―Salvadora‖. Procure fazer algo por você. E então
estará pronta para ajudá-lo.
CO: Apresentação da cartilha e encaminhamentos para AL-anon, DQ LUZ.
ANEXOS
Anexo 1 – Modelo de Cartilha para Atendimento ao Familiar
Anexo 2 – Ficha Evolução para Atendimento ao Familiar
157
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Capitulo 9
158
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
DQ LUZ
HISTÓRICO DQ LUZ
Nosso grupo nasceu em março de 2004, após o curso aprimoramento de DQ
no CE Caminho da Luz.
Nossa equipe é formada por 15 voluntários treinados em dependência
química.
Contamos com 15 trabalhadores no atendimento espiritual / religioso.
EQUIPE DQ LUZ
Somos uma equipe multidisciplinar de profissionais voluntários.
Atuamos no espaço cedido pelo C. E MEIMEI (Zona Leste).
Pertencemos ao quadro de Saúde Mental do C.E. Bezerra de Menezes.
NOSSA EQUIPE
07 psicólogos;
02 D.Q. em recuperação;
01 assistente social;
02 terapeutas;
02 co-dependente em recuperação;
01 médico – faltando;
2011 201 18
TOTAL 1.159 68
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
Dificuldades
Não aceitação do rotulo religioso;
Pessoas não capacitadas para o atendimento;
Soluções
Palestra morais – passes
Meditação – preparação
Musica e relaxamento.
ACOLHIMENTO
Dificuldade
Ansiedade, fuga;
Familiar e DQ juntos.
Soluções
Terapeuta simpático
Ambiente agradável
ESTATÍSTICA DA FAMÍLIA
ANO N DE FAMÍLIARES ATENDIDOS
2005 Não tínhamos
2006 Iniciamos
2007 Sem registro
2008 289
2009 259
2010 225
2011 278
TOTAL 1051
GRUPO DE CO-DEP.
Apresentação do CO - deq. ao grupo;
Depoimentos;
Palestras;
Trabalho com Os Doze Passos e trabalhado o tema;
Meditação;
Dinâmicas.
Grupo de Família
162
Página
INPAVI – INTERVENÇÃO PARA VIVER
BIBLIOGRAFIA
www.wikipedia.org
www.amorexigente.org.br
www.brasilescola.com.br/drogas/cocaina
www.psicoativas.ufcspa.edu.br
www.drauziovarela.com.br
www.unifesp.br
www.imesc.sp.gov.br/infodrogas/fatores.htm
www.epub.org.br/cm/n08/doencas/drugs/anim1.htm
www.apps.einstein.br/alcooledrogas/novosite/atualizacoes/as_266.htm
www.sobredrogadicao.blogspot.com.br/2009/06/entrevista-motivacional.html
Anjos Caídos, Içami Tiba. Editora Gente, 6ª edição – Fonte Globo Ciência / 1996 –
Ano 55 – nº 58.