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PRIMEIROS

SOCORROS –
intoxicação e
envenenamento
INTOXICAÇÕES E
ANIMAIS PEÇONHENTOS
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Existem duas classes de intoxicações exógenas ou envenenamentos:


• Intencionais (tentativas de suicídio)
• Acidentais
• Crianças
• Adultos

• Os cuidados são semelhantes nas duas classes de intoxicações


exógenas.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Principais produtos envolvidos em intoxicações:


• medicamentos,
• plantas,
• produtos químicos,
• Álcool,
• substâncias corrosivas.
• Vias de contato mais comuns e que são capazes de
gerar intoxicações:
• Ingestão,
• inalação,
• exposição cutânea,
• contato ocular.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Outras causas de intoxicação:


• Abuso de um medicamento. Consiste em utilizar dose
mais alta de um produto, para obter um efeito mais
rápido.
• Ex: benzodiazepínicos, para dormir mais rápido.
• Intoxicação aguda em pacientes que usam múltiplas
medicações ou que tem metablização diminuída.
• Ex: digoxina, em pacientes com insuficiência renal.
• Inalação de monóxido de carbono.
• Ex: incêndio.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Sintomas mais comuns:


• queimaduras nos lábios e boca,
• hálito da substância ingerida,
• vômitos, alteração da pulsação,
• perda da consciência,
• parada cárdio-respiratória.

• Situações mais comuns: tentativas de suicídio,


através de ingestão de medicamentos por via oral.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Se a vítima estiver inconsciente ou com convulsões,


NUNCA provocar vômitos.
• NUNCA provocar vômitos se a vítima estiver
consciente e a substância ingerida for:
• corrosiva ou derivada de petróleo (gasolina, querosene, óleo
diesel, querosene, etc.)
• ácida ou básica
• polidores,
• graxas,
• amônia,
• água sanitária,
• soda cáustica, etc.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Porque não provocar vômito nas situações citadas:


• Esse produtos causam queimadura e corrosão quando
são ingeridos e podem provocar novas lesões durante o
vômito ou liberar gases tóxicos para os pulmões.
• Nas demais intoxicações, só provocar o vômito se
não houver assistência médica disponível nas
proximidades.
• Estimular a garganta com o dedo
• Ministrar 1 colher de sopa de ipeca em 1 copo de 100
ml de água.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
• Importante:
• Sempre tentar identificar o tipo e quantidade de veneno
ingerido, com o paciente ou sua família:
• nome da droga e dosagem,
• número de cartelas vazias.
• Identificar todos os medicamentos disponíveis na casa do
paciente, líquidos e outras substâncias suspeitas.
• Descobrir hora e dia da ingestão, os mais precisos
possíveis.
• Descobrir se a ingestão acidental ou intencional
• Lembrar que frequentemente existe mais de uma substância
química envolvida.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Mais importante ainda:


• As medidas anteriores não devem nunca retardar o
encaminhamento do paciente para o serviço de
pronto socorro mais próximo.
• As intoxicações exógenas são potencialmente letais!
• Algumas vezes nada se sabe do histórico do paciente,
que pode estar confuso, agitado ou em coma.
• Iniciar antes da chegada ao pronto socorro as
medidas de suporte à vida (RCP).
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Principais tóxicos associados ao • drogas ilícitas,


óbito: • pesticidas,
• antidepressivos • monóxido de carbono,
• sedativo-hipnóticos
• anticonvulsivantes,
• álcool, • aminofilina,
• nerolépticos, • medicações cardiovasculares
• produtos químicos,
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
• Prevenção de absorção dos tóxicos: são medidas
que visam a diminuir a absorção dos tóxicos.
• Pele:
• retirar toda a roupa do paciente,
• retirar quaisquer resíduos do tóxico,
• lavar abundantemente a pele.
• Olhos:
• lavar olhos com SF.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• A maior parte dos casos que chegam ao PS se deu por via


gastrointestinal.
• Podem ser utilizados os seguintes recursos para minimizar os danos:
• carvão ativado,
• lavagem gástrica,
• irrigação intestinal.
• Raramente a diálise é necessária.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Lavagem gástrica
• Sonda orogástrica de grosso calibre.
• Administrar pequenos volumes de SF (100 a 250 ml) e
esperar o retorno do líquido.
• Parar quando o SF voltar limpo.
• Eficácia depende do tempo de ingestão:
• após 5’, recupera-se 90%,
• após 10’, recupera-se 45%,
• Após 19’, recupera-se 30%.
• Após 60’ raramente indica-se a lavagem gástrica.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Não se indica a lavagem gástrica de rotina, por risco de


complicações:
• aspiração,
• lesão esofágica,
• mediastinite, etc.
• Usa-se mais com intoxicações recentes, de substâncias muito tóxicas
ou desconhecidas
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Carvão ativado
• tem grande capacidade de adsorver várias
substâncias e diminuir a sua absorção sistêmica.
• Eficácia:
• ministrado após 5’, reduziu absorção em 73%,
• ministrado após 30, reduziu em 51%,
• ministrado após 60’, reduziu em em 36%.
• Após 2 horas geralmente é ineficaz.
• Complicações:
• vômitos, obstrução intestinal.
• Apresenta o mesmo nível de eficiência que a
lavagem gástrica.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Carvão ativado: indicado para:


• fenobarbital,
• ácido valpróico,
• carbamazepina,
• teofilina,
• substâncias de liberação entérica ou
• substâncias de liberação prolongada.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Irrigação intestinal:
• Administrar uma solução por sonda nasogástrica no
intestino.
• Utiliza-se também uma sonda retal para recuperação
do material.
• Objetivo: limpeza “mecanica”do trato gastrointestinal.
• Pouco indicada para diminuir absorção de
tóxicos.
• Útil para expelir pacotes ingeridos por pessoas para o
tráfico de drogas ou
• após ingestão de grandes doses de ferro ou outros
metais pesados.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Outras medidas terapêuticas:


• Diálise
• Manter o doente bem hidratado aumenta a excreção renal
de muitas substâncias.
• Indicado em intoxicações graves ou potencialmente graves.
• Lembrar dos tóxicos com início de ação retardado:
• o indivíduo está bem mas em poucas horas evolui mal,
podendo ir a óbito.
• Isso ocorre com tóxicos de liberação prolongada ou que
necessitam ser metabolizados antes de produzir uma
sindrome.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Principais agentes tóxicos • Principais agentes tóxicos de


liberação lenta:
após metabolização:
• teofilina,
• antitumorais,
• carbamazepina,
• digoxina,
• fenitoína,
• metais pesados,
• lítio.
• paracetamol,
• tetracloreto de carbono,
• colchicina,
• etilenoglicol,
• metamol,
• salicilatos.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS
• Intoxicação alcoólica
• No Brasil taxa de dependência é de 24% em
homens jovens (18 a 24 anos).
• Cidades brasileiras com mais de 200 mil
habitantes: 11% de dependentes (pop. geral).
• Na cidade de São Paulo, mais de 50% das vítimas
fatais de acidentes de trânsito apresentavam álcool
no sangue.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• O álcool é absorvido rapidamente no estomago e


intestino.
• O ritmo de absorção depende do teor alcoólico da
bebida, da presença de alimentos no estômago.
• O pico de concentração no sangue ocorre 30
minutos após a ingestão.
• O álcool é muito difusível, distribuindo-se de
forma semelhante à água corporal.
• 10% do álcool é excretado sem sofrer
metabolização, pelo suor, respiração, urina.
• Fisiopatologia: o álcool reduz a gliconeogênese
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Sintomas da intoxicação alcoólica: da agitação até o


coma. Pode ocorrer amnésia.
• Casos leves e moderados:
• manifestações cerebelares (ataxia, nistagmo, alteração da
fala),
• naúseas,
• taquicardia,
• labilidade do humor.
• Casos graves;
• estupor, altenando com agressividade,
• discurso incoerente,
• olhar não conjugado.
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• Hipoglicemia
• Ocorre quando o jejum é associado ao álcool.
• Há alteração do nível de consciência,
• liberação simpática (ansiedade, tremores, sudorese,
palpitações),
• podendo haver hipotermia.
• Glicemia capilar menor que 40 mg/dl.
• Ministrar glicose a 50%, 100 ml.
• Importante: o uso indiscriminado da glicose na
intoxicação alcoólica é questionável.
• Se o paciente estiver consciente, é melhor oferecer
alimentação oral (glicose).
INTOXICAÇÕES EXÓGENAS

• No Brasil existe uma rede de Centros de Assistência


Toxicológica.
• Esses Centros fornecem informações de como proceder frente
às intoxicações.
• Seguem-se os endereços de alguns desses Centros.
Acidentes com animais peçonhentos
ACIDENTES COM ANIMAIS
PEÇONHENTOS
• São os acidentes produzidos por picadas, mordeduras
ou contato com animais produtores de substâncias
venenosas.
• O que NÃO deve ser feito:
• Torniquetes no membro acometido
• Favorece necrose e gangrena, infecções e amputações
• Colocar produtos diversos no local da picada
• Pó de café, terra, fezes, fumo, etc.
• Cortar o local da picada
• Alguns venenos podem provocar hemorragias
• Ministrar bebidas alcoólicas à vítima
• Altera o estado de consciência e dificulta o diagnóstico do tipo
de acidente.
• Sucção do local da lesão
ACIDENTES POR ANIMAIS
PEÇONHENTOS
• Primeiros socorros
• Manter o paciente deitado, em repouso e evitar que ele
ande ou corra
• A locomoção favorece a absorção do veneno e, em alguns
casos, os ferimentos podem se agravar.
• Acalmar o paciente.
• O stress favorece a absorção do veneno.
• Administrar analgésicos. Ex: paracetamol 750 mg ou
ibuprofeno 600 mg (adulto)
• Evitar drogas que deprimam o SNC (compromete o
diagnóstico diferencial entre acidente botrópico e crotálico
ACIDENTES COM ANIMAIS
PEÇONHENTOS
• Lavar cuidadosamente o local com água e sabão.
• Manter o paciente hidratado.
• Tentar capturar o animal agressor, para posterior
identificação no centro de atendimento
especializado.
• Levar o acidentado imediatamente para o serviço de
saúde mais próximo.
• Retirar anéis, pulseiras ou qualquer outro objeto que
possa impedir a circulação do sangue
• Mais tarde a retirada pode ficar dificultada, em
decorrência de edema.
ACIDENTES COM ANIMAIS
PEÇONHENTOS

• Pode ocorrer uma acidente ofídico e não se


identificar na pele uma lesão característica pelo
animal.
• O próprio paciente pode não ter visto uma cobra ou
inseto picá-lo.
• É importante o profissional da saúde, a partir da
epidemiologia e do quadro clínico do paciente,
lembrar da possibilidade de se tratar de um
acidente ofídico.
• O quadro clínico é muito importante na
identificação do animal causador do acidente.
ACIDENTES POR ANIMAIS
PEÇONHENTOS
• Programa Nacional de Ofidismo: criado em 1987.
• Aperfeiçoamento do diagnóstico e terapias por acidentes com animais
peçonhentos
• Padronização da produção de antivenenos
• Educação e comunicação a profissionais da saúde e população
• Mapeamento e identificação de serpentes e outros animais peçonhentos.
ACIDENTES POR ANIMAIS
PEÇONHENTOS

• Desde então, a notificação desses acidentes é compulsória.


• A distribuição de soros pelo Ministério da Saúde às Secretarias de
Saúde dos estados é vinculada à troca por informações
epidemiológicas.
• Após a implantação desse Programa, a taxa de letalidade por ofidismo
no Brasil caiu em mais de 50%.
ACIDENTES OFÍDICOS

• As 70 espécies de serpentes peçonhentas do Brasil estão distribuidas


em 2 famílias:
• Viperidae
• Elapidae.

• Família Viperidae
• São melhores inoculadoras de veneno (mais eficazes).
ACIDENTES OFÍDICOS
• Família Viperidae
• Gênero Bothrops (jararaca, jararacuçu, urutu e outras).
• 90% dos acidentes.
• Gênero Crotalus (cascavel, maracambóia e outras).
• Mais comuns no cerrado e regiões de clima quente e seco.
• Gênero Lachesis (surucucu, pico-de-jaca e outras).
• Animais de grande porte, causam poucos acidentes.
• Podem inocular grande quantidade de veneno numa só picada.
• Vivem em regiões de floresta úmida tropical e Mata Atlântica).
Gênero Bothrops
Gênero
Bothrops
Gênero Bothrops
Gênero Lachesis
Gênero Crotalus
ACIDENTES OFÍDICOS
• Família Elapidae
• Conhecidas popularmente como corais verdadeiras.
• Isso porquê suas representantes do gênero Micrurus são serpentes pequenas e de cor
vermelho forte.
• São menos eficientes para inocular veneno que as da família Viperidae.
Gênero Micrurus
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

• No Brasil, há três espécies de escorpiões do gênero Tityus,


responsabilizadas pela maioria dos acidentes humanos:
• T. serrulatus (escorpião amarelo),
• maior parte dos casos mais graves
• T. bahiensis (escorpião marrom),
• T. stigmurus.
Escorpião amarelo
(T. serrulatus)
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

• 97 a 99% dos casos são de quadro clínico leve


• Até os 7 anos de idade, 80% dos casos são leves.

• Quadro clinico:
• Dor local de início imediato e intensidade variável.
• A dor é em queimação, agulhadas ou latejante, podendo
irradiar para o membro acometido.
• Podem haver parestesias.
• O ponto de inoculação do veneno pode não ser visível, ou
pode haver edema local.
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

• Casos graves: a liberação de acetilcolina causa aumento das


secreções das glândulas lacrimais, nasais, sudoríparas, mucosa
gástrica e pâncreas, provocando:
• lacrimejamento,
• rinorréia,
• sudorese,
• vômitos.
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

• Podem haver também, nos casos mais graves:


• tremores,
• espamos musculares,
• bradicardia,
• hipotensão arterial,
• priapismo e
• hipotermia.
• Pela liberação de catecolaminas podem ocorrer:
• midríase,
• arritmias (respiratória e/ou cardíaca)
• taquicardia,
• falência cardiocirculatória e edema agudo de
pulmões.
ACIDENTES ESCORPIÔNICOS

• Tratamento
• Todos os casos pedem internação por 4 a 6 horas
após o acidente, principalmente crianças.
• Casos mais graves, 24 a 48 horas de observação.
• Tratar a dor.
• Analgésicos via oral ou EV.
• Anestésico (licodaína), no local da picada ou como
bloqueio regional
• Infiltrações locais repetidas de hora em hora, até 3 vezes.
• Soro antiescorpiônico.
• Somente nos casos graves.
• Nos caso moderados, apenas em crianças abaixo de
7 anos.
ACIDENTES POR OUTROS INSETOS

• Lagartas: taturana, mandarová, lagarta-de-fogo,


• Sintomas: ardência ou edema local.
• Pode haver febre ou cefaléia.
• No Sul e Sudeste as lagartas do gênero Lonomia
são responsáveis por graves acidentes.
• Sintomas do acidente por Lonomia:
• hemorragias após algumas horas (pele, gengivas, urina),
• insuficiencia renal,
• sangramentos graves (pulmões, cérebro).
• Tratamento: soro antilonômico.
• Sempre tratar dor local (para Lonomia e outras
lagartas).
Alguns tipos de lagartas
ACIDENTES POR OUTROS INSETOS

• Uma só picada de um inseto pode provocar um


choque anafilático.
• Picadas múltiplas e simultâneas são perigosas.
• Mais de 100 picadas por formigas, abelhas, vespas:
• Síndrome do envenenamento:
• taquicardia,
• distúrbio da coagulação,
• Insuficiência renal.

• Tratamento geral
• Compressas frias.
ACIDENTES POR OUTROS INSETOS

• IMPORTANTE
• Nos acidentes provocados por animais que deixam
o ferrão no corpo (abelhas, por exemplo), NÃO
usar pinça para retirar os ferrões (pode inocular
mais veneno)
• Retirar os ferrões usando um aparelho de barbear!

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