Você está na página 1de 7

18 mulheres negras que lutaram contra a

escravidão
Autor: Redação Nossa Política Data da postagem: 10:00 14/03/2019 Visualizacões: 322
Curta a nóticia:
Curta o CEERT:

Aqualtune seria mãe de Ganga Zumba e avó materna de Zumbi dos Palmares / Foto:
Divulgação - Reprodução - Nossa Política
De Dandara dos Palmares a Nzinga, a luta de mulheres negras
contra a escravidão no Brasil resultou em conquistas históricas e
desafios para as futuras gerações.
Confira os perfis de 18 mulheres negras que lutaram contra a
escravidão no Brasil:
1. Dandara dos Palmares
É uma das líderes mais conhecidas no Brasil. Lutou contra a
escravidão em Palmares. Foi contra a proposta da Coroa Portuguesa
em condicionar as reivindicações dos quilombolas. A guerreira
morreu durante a disputa no Quilombo dos Macacos pertencente ao
Quilombo de Palmares, onde vivia também seu marido, Zumbi dos
Palmares.
2. Anastácia
Ajudou escravos quando eram castigados, ou facilitando a fuga. Certa
vez, lutou contra a violência física e sexual de um homem branco, por
isso, recebeu o castigo de usar um mordaça de folha de flandres e uma
gargantilha de ferro. Apesar de viver na Bahia e em Minas Gerais foi
levada para o Rio de Janeiro no fim da vida, lá atribuíram vários
milagres durante sua estadia.
3. Luiza Mahin
Luísa Mahin, também grafada como Luíza Mahin, ou ainda Luíza
Mahim , nascida no início do século XIX, foi uma personagem da
história do Brasil, uma ex-escrava de origem africana, radicada
no Brasil, que tomou parte na articulação de todas as revoltas e
levantes de escravos que sacudiram a Província da Bahia nas
primeiras décadas do século XIX.
Sua origem é incerta, não se sabe se teria nascido na Costa da Mina,
na África, ou na Bahia. Membro do povo Mahi, de onde vem seu
sobrenome, Luisa Mahin comprou sua alforria em 1812. Livre,
tornou-se quituteira em Salvador. Ela teve um filho, o poeta e
abolicionista Luís Gama, que a descreveu como uma mulher baixa,
magra, bonita, de dentes “alvíssimos, como a neve”, altiva, generosa,
sofrida e vingativa.
Luísa esteve envolvida na articulação de todas as revoltas e levantes
de escravos que sacudiram a então Província da Bahia nas primeiras
décadas do século XIX. De seu tabuleiro, eram distribuídas as
mensagens em árabe, através dos meninos que pretensamente com ela
adquiriam quitutes. Desse modo, esteve envolvida na Revolta dos
Malês(1835) e na Sabinada (1837-1838).
4. Tereza de Benguela
No Brasil, dia 25 de julho é comemorado o Dia de Tereza de Benguela
em homenagem a líder quilombola. Era mulher do líder do Quilombo
de Quarterê ou do Piolho, no Mato Grosso. Por lá, foram abrigados até
índios bolivianos incomodando autoridades das Coroas espanhola e
portuguesa. Tereza foi presa em um dos confrontos e como não
aceitou a condição de escravizada suicidou-se.
5. Aqualtune
Aqualtune é, segundo a tradição, a mãe de Ganga Zumba e avó
materna de Zumbi dos Palmares. Ela seria uma princesa africana, filha
de um rei do Congo, Garcia II, cujo nome nativo era Nkanga a Lukeni
a Nzenze a Ntumba, que governou entre 1641 e 1661.
Conta-se que Aqualtune ficara desesperada ao desembarcar no Recife
e que teria tentado correr para o mar, uma tentativa desesperada para
voltar à sua terra natal. Foi então levada para uma fazenda em Porto
Calvo, no sul da Capitania de Pernambuco (atual estado de Alagoas),
onde foi estuprada para dar origem a novos cativos de acordo com o
interesse de seus donos. A fazenda onde ficara era especializada em
gado e os senhores logos perceberam sua proximidade com outros
escravos,por isso deixaram-na nas mãos dos piores homens do lugar.
Contudo, isso não foi suficiente para intimidá-la e deixar sua força de
lado. Ao ouvir falar da resistência negra no país, formada por
quilombos, Aqualtune sentiu-se atraída pelo movimento e juntou-se a
outros negros. Fugiu da fazenda onde estava sendo escrava e foi lutar
pela sua liberdade e de outros.
Com o passar do tempo tornou-se mãe de Ganga Zumba e logo depois
avó de Zumbi dos Palmares. Já o fim de sua vida e data de sua morte
são incertos, mas relatos apontam que seu falecimento veio ocorrer
após anos como forte resistência da luta local. Há boatos de que
Aqualtune morreu durante uma emboscada paulista para destruir
o Quilombo dos Palmares, em um incêndio. Ainda existem outras
vertentes que dizem que a guerreira teve seus últimos dias em paz
descansando em outra comunidade.
6. Zeferina
Zeferina, segundo Maria Inês Cortes de oliveira no livro “O liberto: o
seu mundo e os outros” tinha origem angolana e foi trazida criança
ainda, uma vunje em desassossego de viagem transatlântica, na
primeira metade do século XIX, encolhida nos braços da sua mãe
Amália, para Salvador.
Registros dizem que ela foi uma importante liderança, responsável
pelas estratégias de luta do quilombo. Assim, ela organizava índios e
escravizados que fugiam. Mas, Zeferina tinha grandes planos e
acreditava que era necessário se unir com os nagôs, invadir a cidade e
matar os brancos escravocratas para constituir uma liberdade plena
para todo o povo negro.
Planejava a invasão da cidade para o dia 25 de dezembro de 1826, no
entanto, um acontecimento fez com que a revolta tivesse o seu início
antecipado. Alguns capitães do mato tentaram surpreender, pensando
que havia poucas pessoas na mata do Urubu, e se depararam com
cinquenta mulheres e homens aquilombados com espingardas, facas,
arcos e flechas e fações, que sobre o comando de Zeferina os
derrotaram. Assim, três capitães do mato foram mortos e outros três
saíram gravemente feridos. Após muita luta, Zeferina foi capturada e
assassinada.
7. Maria Felipa de Oliveira
Foi líder na Ilha de Itaparica, Bahia. Aprendeu a jogar capoeira para se
defender. Tinha como missão principalmente libertar seus
descendentes e avós. Ficava escondida na Fazenda 27, em Gameleira
(Itaparica), para acompanhar, durante a noite, a movimentação das
caravelas lusitanas. Em seguida, tomava uma jangada e ia para
Salvador, passar as informações para o Comando do Movimento de
Libertação.
Foi uma mulher marisqueira, pescadora e trabalhadora braçal.
8. Acotirene dos Palmares
Acotirene ou Arotirene (registrado em diversos documentos) deu
nome a um importante mocambo situado no Quilombo dos Palmares,
instalado no litoral dos Estados de Pernambuco e Alagoas, em
homenagem a uma das primeiras mulheres que habitou o Quilombo
dos Palmares e que exerceu grande influência na vida dos negros
quilombolas. Como houve poucos registros documentais, segundo a
oralidade perpassada de pais para filhos que contavam a história do
Quilombo que resistiu por quase um século, ela foi uma das primeiras
mulheres a habitar os povoados quilombolas da Serra da Barriga (AL),
antes de Ganga-Zumba assumir o poder. Matriarca do Quilombo do
Palmares, exercia a função de mãe e conselheiras dos/as primeiros/as
negros/as refugiados na Cerca Real do Macacos. Era consultada para
todos os assuntos, desde questões familiares até questões político-
militares.
9. Adelina Charuteira
Era uma das líderes no Maranhão. Era filha de uma escravizada com
um senhor, por isso, sabia ler e escrever. Apesar do pai, não foi
libertada aos 17 anos, mas era ativamente parte da sociedade
abolicionista de rapazes, o Clube dos Mortos. Para arrecadar dinheiro
vendia charutos fabricados pelo pai, com essa articulação descobria
vários planos de perseguição aos escravos.
10. Rainha Tereza do Quariterê
Foi guerreira no Quilombo do Quariterê, em Cuiabá. Comandou toda
a estrutura política, econômica e administrativa do quilombo.
Mantinha até um sistema de defesa com armas trocadas com homens
brancos ou resgatadas pelos escravizados.
Ajudou na ampliação de outros quilombos no Mato Grosso.
11. Mariana Crioula
Era mucama em Vila das Vassouras, Rio de Janeiro. Se juntou com
escravizados na maior fuga de escravos da história fluminense em 5
de novembro de 1838. Liderou a fuga e um quilombo com Manuel
Congo.
12. Esperança Garcia
Esperança Garcia era escravizada confiscada aos padres jesuítas, que,
com a expulsão destes pelo Marquês de Pombal, passaram-na à
administração do governo do Piauí. Esperança Garcia foi levada à
força da Fazenda Algodões, perto de Floriano, para uma fazenda em
Nazaré do Piauí. Em 6 de setembro de 1770, a escravizada dirigiu uma
petição ao Presidente da Província de São José do Piauí, Gonçalo
Lourenço Botelho de Castro, denunciando os maus-tratos físicos de
que era vítima, ela e seu filho, por parte do feitor da Fazenda
Algodões.
13. Maria Firmina dos Reis
Negra, filha de mãe branca e pai negro, registrada sob o nome de um
pai ilegítimo e nascida na Ilha de São Luis, no Maranhão, Maria
Firmina dos Reis (1822 – 1917) fez de seu primeiro
romance, Úrsula (1859), algo até então impensável: um instrumento
de crítica à escravidão por meio da humanização de personagens
escravizados.
“Em sua literatura, os escravos são nobres e generosos. Estão em pé
de igualdade com os brancos e, quando a autora dá voz a eles, deixa
que eles mesmos contem suas tragédias. O que já é um salto imenso
em relação a outros textos abolicionistas”, conta a professora Régia
Agostinho da Silva, professora da Universidade Federal do Maranhão
e autora do artigo “A mente, essa ninguém pode escravizar: Maria
Firmina dos Reis e a escrita feita por mulheres no Maranhão”.
14. Eva Maria de Bonsucesso
Eva Maria do Bonsucesso, mulher negra no século 19, se envolveu em
uma briga com um homem branco e rico, dono de escravos, mas
acabou inocentada do caso depois de conseguir testemunhas a seu
favor.
15. Maria Felipa Aranha
Possivelmente proveniente da Costa da Mina, Felipa Maria Aranha
nasceu entre os anos de 1720 e 1730. Teria sido capturada, ainda na
juventude, por volta de 1740, e vendida como escrava para a praça
de Santa Maria de Belém do Grão Pará.
Enviada a Cametá, foi trabalhar em uma fazenda escravagista, de
plantação de cana-de-açúcar. Não se sabe como conseguiu escapar,
porém, com centenas de outros negros, conseguiu formar um dos
maiores e mais bem estruturados quilombos do Brasil, o Mola, nas
cabeceiras do igarapé Itapocu, no território de Cametá.
Sua liderança militar conseguiu expulsar as forças portuguesas e as
várias incursões de capitães do mato. Detinha também grande
capacidade política, pois conseguiu estruturar uma entidade composta
por cinco quilombos, a Confederação do Itapocu, que empreendeu
severas derrotas às forças escravagistas.
Maria Felipa Aranha, liderou o quilombo do Mola, no Tocantins. O
quilombo, fundado na segunda metade do século XVIII, era
constituído por mais de 300 negros. Sob a liderança de Maria Aranha,
viveram ali por vários anos sem serem ameaçados.
16. Nã Agontimé
Pesquisas realizadas por Pierre Verger sugerem que Nã Agontimé
teria sido enviada como escrava a São Luís do Maranhão – onde foi
renomeada como Maria Jesuína – e seria a fundadora da célebre Casa
das Minas. Ao chegar em São Luís do Maranhão, na costa brasileira,
Maria Jesuína – mãe do herdeiro do trono do Dahomé – conseguiu
dinheiro para comprar a liberdade e resolveu construir, mesmo em
terras estrangeiras, um reino para que seu filho pudesse governar
soberano.
Ná Agontime fundou o “Querebentã de Zomadunu” – conhecida como
Casa das Minas-Jeje – e, construindo os altares, os templos e o estilo
de vida que levava em sua terra natal, conforme suas tradições e
preceitos, manteve-se à espera de que, um dia, seu filho, o príncipe
Ghezo, pudesse receber o seu verdadeiro legado.
17. Tia Simoa
A Preta “Tia Simoa” foi uma negra liberta que, ao lado de seu marido
(José Luís Napoleão) liderou os acontecimentos de 27, 30 e 31 de
janeiro de 1881 em Fortaleza, Ceará, episódio que ficou conhecido
como a “Greve dos Jangadeiros”, onde se decretou o fim do embarque
de escravizados naquele porto, definindo os rumos para a abolição da
escravidão na então Província do Ceará, que se efetivaria três anos
mais tarde.
18. Zacimba Gaba
Era princesa angolana e acabou no Espírito Santo. Provocou uma
revolta das pessoas escravizadas contra a Casa Grande e liderou um
quilombo onde foi rainha. Comandou durante anos ataques aos
navios, surgindo no meio da noite em canos precárias para resgatar os
negros escravos, a referência à sua morte seja em um desses
enfrentamentos.
19. Nzinga
Hábil guerreira, Nzinga foi uma líder carismática, rainha que passou a
vida combatendo e morreu sem nunca ter sido capturada. Enviada a
Luanda (Angola) pelo seu meio-irmão e rei Ngola Mbandi, para
negociar com os portugueses, foi recebida pelo governador-geral e
pediu a devolução de territórios em troca da sua conversão para o
cristianismo, recebendo o nome de D. Anna de Sousa. Não
conseguindo a paz com os portugueses, fundou o modelo de
resistência e de guerra que resultou nos quilombos. A sua história
virou peça de teatro: ‘A comida de Nzinga’.

Você também pode gostar